Avaliação da prevalência do bruxismo infantil e sua relação ... - Unicid
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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO<br />
CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA<br />
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DO BRUXISMO INFANTIL E<br />
SUA RELAÇÃO COM O PLANO TERMINAL DOS<br />
SEGUNDOS MOLARES DECÍDUOS<br />
TATIANA HELENA JUNQUEIRA<br />
São Paulo<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> à Universi<strong>da</strong>de<br />
Ci<strong>da</strong>de de São Paulo, como parte <strong>do</strong>s<br />
requisitos para obtenção <strong>do</strong> título de<br />
Mestre em Orto<strong>do</strong>ntia.<br />
2009
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO<br />
CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA<br />
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DO BRUXISMO INFANTIL E<br />
SUA RELAÇÃO COM O PLANO TERMINAL DOS<br />
SEGUNDOS MOLARES DECÍDUOS<br />
TATIANA HELENA JUNQUEIRA<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> à Universi<strong>da</strong>de<br />
Ci<strong>da</strong>de de São Paulo, como parte <strong>do</strong>s<br />
requisitos para obtenção <strong>do</strong> título de<br />
Mestre em Orto<strong>do</strong>ntia.<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Prof.ª Dra. Ana Carla<br />
Raphaelli Nahás Scocate.<br />
São Paulo<br />
2009
Ficha elabora<strong>da</strong> pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID<br />
J95a<br />
Junqueira, Tatiana Helena<br />
<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong><br />
<strong>infantil</strong> e <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com o plano terminal <strong>do</strong>s<br />
segun<strong>do</strong>s molares decíduos / Tatiana Helena<br />
Junqueira --- São Paulo, 2009.<br />
102 p.; anexos.<br />
Bibliografia<br />
Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) - Universi<strong>da</strong>de<br />
Ci<strong>da</strong>de de São Paulo. Orienta<strong>do</strong>ra Profª. Dra.<br />
Ana Carla Raphaelli Nahás Scocate<br />
1.Maloclusão. 2. Bruxismo. 3.<br />
Epidemiologia . I. Nahás-Scocate, Ana<br />
Carla Raphaelli. II. Titulo.<br />
Black 4
FOLHA DE APROVAÇÃO<br />
Junqueira, T. H. <strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> e <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com o<br />
plano terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos [Dissertação de Mestra<strong>do</strong>]. São<br />
Paulo: Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São Paulo; 2009.<br />
São Paulo, ____/____/_______<br />
Banca Examina<strong>do</strong>ra<br />
1) ...........................................................................<br />
Julgamento: ......................................... Assinatura: .......................................<br />
2) ...........................................................................<br />
Julgamento:.......................................... Assinatura: .......................................<br />
3) ..........................................................................<br />
Julgamento:........................................... Assinatura: .......................................<br />
Resulta<strong>do</strong>: .............................................................................................................
Dedicatória<br />
Dedico este trabalho aos meus pais<br />
Que são meu exemplo e meu porto seguro,<br />
E ao meu mari<strong>do</strong> e minha filha,<br />
Que são o que tenho em minha vi<strong>da</strong>, de mais precioso.<br />
“O essencial é invisível aos olhos; só se vê bem com o coração” ·<br />
Saint Exupéry
Agradecimentos<br />
“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que<br />
se sonha junto é reali<strong>da</strong>de.”<br />
em reali<strong>da</strong>de.<br />
Raul Seixas<br />
Obriga<strong>da</strong> por sonharem comigo, me aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a transformar esse sonho<br />
Agradeço, ao Exemplo de meus pais, que nunca pouparam esforços, e<br />
sempre foram meus maiores incentiva<strong>do</strong>res para que eu chegasse ao fim dessa<br />
etapa.<br />
Ao Companheirismo e Cumplici<strong>da</strong>de de meu mari<strong>do</strong> Marcelo, sempre<br />
com paciência e entendimento, não me deixou desanimar pelo caminho.<br />
meu la<strong>do</strong>.<br />
amizade.<br />
A Torci<strong>da</strong> de meus irmãos e de to<strong>da</strong> família, que sempre estiveram ao<br />
A Dedicação <strong>da</strong> minha orienta<strong>do</strong>ra Ana Carla, pelo seu profissionalismo e<br />
Ao Apoio e Compreensão <strong>da</strong>s professoras Doutoras Karyna e Ana<br />
Cláudia, pelas orientações valiosas durante a realização desse trabalho.<br />
Ao Brilhantismo de to<strong>do</strong> o corpo <strong>do</strong>cente, que participou dessa jorna<strong>da</strong>,<br />
pelos conhecimentos transmiti<strong>do</strong>s.<br />
E, principalmente a Deus, afinal,<br />
“Ele está presente, quan<strong>do</strong> a solidão nos pesa.<br />
Ele nos ouve, quan<strong>do</strong> o silêncio nos responde.<br />
Ele nos ama, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s nos aban<strong>do</strong>nam.”<br />
Santo Agostinho.
Junqueira, T. H. <strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> e <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com o<br />
plano terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos [Dissertação de Mestra<strong>do</strong>]. São<br />
Paulo: Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São Paulo; 2009.<br />
RESUMO<br />
O <strong>bruxismo</strong> é uma ativi<strong>da</strong>de parafuncional <strong>do</strong> sistema mastigatório que se<br />
caracteriza em apertar ou ranger os dentes, com contrações rítmicas musculares,<br />
sen<strong>do</strong> mais freqüente durante o sono. Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na dentadura decídua e verificar a associação entre este<br />
hábito parafuncional e a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos. Para<br />
tanto, foram avalia<strong>do</strong>s 1.011 prontuários <strong>do</strong> arquivo de <strong>do</strong>cumentações <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São Paulo, UNICID, sen<strong>do</strong> que 74 prontuários foram<br />
excluí<strong>do</strong>s por não atenderem aos critérios de inclusão. Logo, 937 crianças de ambos<br />
os sexos, na faixa etária de 2 a 6 anos de i<strong>da</strong>de, procedentes a seis EMEI<br />
localiza<strong>da</strong>s no bairro Tatuapé, zona leste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Paulo, compuseram a<br />
amostra deste estu<strong>do</strong>. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s no ano de 2005 por meio de<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis e exames clínicos, realiza<strong>do</strong>s em<br />
ambiente escolar, para a obtenção <strong>da</strong>s características oclusais no senti<strong>do</strong> ântero-<br />
posterior. Foram utiliza<strong>do</strong>s os testes estatísticos t de Student e o Exato de Fisher,<br />
com grau de significância de 0,05%. Mediante os resulta<strong>do</strong>s, a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> foi de 29,3% <strong>do</strong> total <strong>da</strong> amostra e as <strong>prevalência</strong>s<br />
quanto à <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos foi de 17,3 % para o<br />
Degrau Mesial, 10,5 % para o Degrau Distal e 72,3 % para o Plano Terminal Reto.<br />
Quanto à associação <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> com o tipo de <strong>relação</strong> terminal, não foram<br />
encontra<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s significantes. Verificou-se também que crianças com sono<br />
agita<strong>do</strong> apresentaram 2,4 vezes mais chances de terem <strong>bruxismo</strong> e que as com <strong>do</strong>r
de cabeça, 1,6 vezes. Pôde-se concluir, basea<strong>do</strong>s nos resulta<strong>do</strong>s desta pesquisa,<br />
que a <strong>relação</strong> oclusal no senti<strong>do</strong> ântero-posterior não apresentou <strong>relação</strong> com o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Palavras-Chave: Má oclusão; Bruxismo; Epidemiologia.
Junqueira, T. H. Evaluation of the prevalence of <strong>infantil</strong>e bruxism and its relationship<br />
with the terminal plan of second deciduous molars [Dissertação de Mestra<strong>do</strong>]. São<br />
Paulo: Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São Paulo; 2009.<br />
ABSTRACT<br />
Bruxism is a parafunctional activity of the masticatory system that is characterized by<br />
teeth-clenching or grinding, with rhythmic muscular contractions, being more frequent<br />
during sleep. This research aimed at assessing the prevalence of bruxism in the<br />
deciduous teeth and verifies the association between this parafunctional habit with<br />
the terminal relationship of second deciduous molars. Therefore, 1.011 record cards<br />
from the <strong>do</strong>cumentation files of the City University of São Paulo, UNICID, from which<br />
74 record cards were excluded because they did not meet the inclusion criteria.<br />
Therefore, 937 children of both sexes, in the age group between 2 to 6 years, from<br />
six EMEI located in Tatuapé neighborhood, eastern zone of São Paulo, constituted<br />
the sample of this study. The <strong>da</strong>ta were collected in the year of 2005 by means of<br />
questionnaires answered by the parents/guardians and clinical exams, performed in<br />
the school environment, to obtain the occlusal characteristics in the antero-posterior<br />
direction. The statistical tests, Student’s-t and Exact Fisher were used, with a 5%<br />
level of significance. In the view of the results, the prevalence of the parafunctional<br />
habit of bruxism was of 29.3% of the total sample and the prevalence with regard to<br />
the terminal relationship of the second deciduous molars was of 17.3% for the mesial<br />
degree, 10.5% for the distal degree and 72.3% for the straight terminal plane. With<br />
regard to the association of bruxism with the type of terminal relationship, significant<br />
results were not found. It was also verified that children who sleep restlessly<br />
presented 2.4 times more chances of having bruxism and the ones with hea<strong>da</strong>che,<br />
1.6 times. It could be concluded, established in the results of this research, that the
oclusal relationship in the anteroposterior direction <strong>do</strong>es not present relation with the<br />
parafunctional habit of the bruxism.<br />
Key words: Malocclusion; Bruxism; Epidemiology.
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1.1 – Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong><br />
(Visão intrabucal frontal) ........................................................................2<br />
Figura 1.2 – Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong><br />
(Visão intrabucal superior) .....................................................................3<br />
Figura 1.3 – Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong><br />
(Visão intrabucal inferior) .......................................................................3<br />
Figura 4.4 – Plano terminal reto ...............................................................................54<br />
Figura 4.5 – Degrau mesial......................................................................................54<br />
Figura 4.6 – Degrau distal........................................................................................55<br />
p.
LISTA DE GRÁFICOS<br />
Gráfico 4.1 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> sexo .........................................51<br />
Gráfico 4.2 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> raça..........................................51<br />
Gráfico 5.1 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> a variável ranger de<br />
dentes ..................................................................................................58<br />
Gráfico 5.2 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> à variável sono agita<strong>do</strong>............59<br />
Gráfico 5.3 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> à variável <strong>do</strong>r de cabeça..........59<br />
Gráfico 5.4 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> a variável<br />
sobressaliência ....................................................................................60<br />
Gráfico 5.5 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> planos terminais <strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> molar decíduo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito ................................................61<br />
Gráfico 5.6 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> planos terminais <strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> molar decíduo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> ...........................................61<br />
Gráfico 5.7 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de caninos <strong>do</strong><br />
la<strong>do</strong> direito............................................................................................63<br />
Gráfico 5.8 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de caninos <strong>do</strong><br />
la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> ......................................................................................63<br />
p.
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 5.1 – Relação de i<strong>da</strong>de na amostra total.......................................................58<br />
Tabela 5.2 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em numero (n) e porcentagem<br />
(%), na <strong>relação</strong> entre la<strong>do</strong>s direito e esquer<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> os<br />
planos terminais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> molar decíduo........................................62<br />
Tabela 5.3 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%)<br />
segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de caninos entre os la<strong>do</strong>s direito e esquer<strong>do</strong> ...........63<br />
Tabela 5.4 – Teste Exato de Fisher – Ranger de dentes x variáveis ........................64<br />
Tabela 5.5 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total para a <strong>relação</strong> entre a i<strong>da</strong>de e o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> ........................................................65<br />
Tabela 5.6 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre o sexo e o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>...............................................................................................66<br />
Tabela 5.7 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre a raça e o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>...............................................................................................66<br />
Tabela 5.8 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre a variável sobressaliência e o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> ...................................................................66<br />
Tabela 5.9 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo<br />
esquer<strong>do</strong> e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>...................................67<br />
Tabela 5.10 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo<br />
direito e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>........................................67<br />
Tabela 5.11 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> <strong>do</strong>s caninos decíduos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito e o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> ...................................................................67<br />
Tabela 5.12 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> <strong>do</strong>s caninos decíduos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> e o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> ........................................................68<br />
p.
Tabela 5.13 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre o sono agita<strong>do</strong> e o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>...............................................................................................68<br />
Tabela 5.14 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%)<br />
para a <strong>relação</strong> entre a <strong>do</strong>r de cabeça e o hábito parafuncional<br />
<strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>..........................................................................................68<br />
Tabela 5.15 - Modelo de regressão logística múltipla multivaria<strong>da</strong> para a<br />
associação <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong> e to<strong>da</strong>s as covariáveis<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s..............................................................................69
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................1<br />
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................5<br />
3 PROPOSIÇÃO ......................................................................................................47<br />
4 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................49<br />
4.1 Seleção <strong>da</strong> Amostra......................................................................................50<br />
4.1.1 Critérios de Inclusão .............................................................................51<br />
4.2 Méto<strong>do</strong>s.........................................................................................................52<br />
4.2.1 Calibração <strong>do</strong> Examina<strong>do</strong>r....................................................................53<br />
4.2.2 Exames Clínicos ...................................................................................53<br />
4.2.3 Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s................................................................................55<br />
5 RESULTADOS.....................................................................................................57<br />
5.1 Associação entre Bruxismo e as Demais Características Avalia<strong>da</strong>s .....64<br />
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................70<br />
6.1 Considerações sobre o tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong>....................................................71<br />
6.2 Aspectos <strong>da</strong> amostra e meto<strong>do</strong>logia........................................................76<br />
6.3 Interpretação e discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s...............................................77<br />
6.4 Considerações finais .................................................................................81<br />
7 CONCLUSÃO ......................................................................................................84<br />
REFERÊNCIAS.........................................................................................................86<br />
ANEXOS ...................................................................................................................91<br />
Anexo A ...............................................................................................................92<br />
Anexo B ...............................................................................................................99<br />
APÊNDICE .............................................................................................................103<br />
p.
1 INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO<br />
O <strong>bruxismo</strong> é uma ativi<strong>da</strong>de parafuncional <strong>do</strong> sistema mastigatório que se<br />
caracteriza em apertar ou ranger os dentes, com contrações rítmicas musculares,<br />
sen<strong>do</strong> mais freqüente durante o sono (SHINKAI et al., 1998). Segun<strong>do</strong> o dicionário<br />
Dorland´s Ilustrade Medical Dictionary, a palavra <strong>bruxismo</strong> provém <strong>do</strong> grego<br />
Brychein, que significa “ranger de dentes” (MACEDO, 2008).<br />
Verifica-se certa controvérsia na Literatura quanto aos fatores etiológicos<br />
deste hábito parafuncional na infância, caracterizan<strong>do</strong>-o como multifatorial quanto à<br />
origem, envolven<strong>do</strong> fatores hereditários, psicológicos, comportamentais bem como<br />
interferências oclusais e certas patologias (SHINKAI et al., 1998; LIU et al., 2005a).<br />
Um exame clínico minucioso, na fase de dentadura decídua, deve ser bem<br />
executa<strong>do</strong> no afã de, não só diagnosticar cáries, mas avaliar a oclusão e a<br />
musculatura mastigatória e cervical, poden<strong>do</strong> prevenir ou mesmo diagnosticar a<br />
presença de um hábito funcional deletério (Fig. 1.1, 1.2, 1.3).<br />
Figura 1.1 - Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo<br />
hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong> (Visão<br />
intrabucal frontal).<br />
2
Figura 1.2 - Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo<br />
hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong>. (Visão<br />
intrabucal superior).<br />
Figura 1.3 - Desgastes provoca<strong>do</strong>s pelo hábito<br />
parafuncional <strong>bruxismo</strong>. (Visão intrabucal<br />
inferior).<br />
Introdução 3<br />
Denota-se uma escassez de trabalhos literários que avaliam a <strong>prevalência</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong>, dificultan<strong>do</strong> o estabelecimento de parâmetros científicos e<br />
também a <strong>sua</strong> associação com os fatores etiológicos como, por exemplo, as más<br />
oclusões dentárias. Alguns autores relatam, em <strong>sua</strong>s pesquisas, que os fatores<br />
oclusais como overjet, overbit, <strong>relação</strong> molar e de caninos, mordi<strong>da</strong>s abertas e<br />
mordi<strong>da</strong>s cruza<strong>da</strong>s podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento<br />
deste hábito em crianças (VANDERAS; MANETAS, 1995).<br />
O <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> também é diagnostica<strong>do</strong> em crianças com sintomas<br />
<strong>do</strong>lorosos <strong>da</strong> Disfunção Temporomandibular (DTM), poden<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> como
Introdução 4<br />
um possível fator causal <strong>da</strong> mesma (SANTOS et al., 2006). Adicionalmente,<br />
cefaléias freqüentes e agitação noturna se associam ao referi<strong>do</strong> hábito (ANGELES<br />
et al., 2003).<br />
Neste trabalho, relacionaremos o <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> a fatores oclusais, mais<br />
especificamente à <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos, objetivan<strong>do</strong><br />
delimitar um fator causal isola<strong>do</strong>, pois várias nuances se fazem presentes nas<br />
pesquisas científicas sobre este tema.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2 REVISÃO DA LITERATURA<br />
Lindqvist (1974) objetivou analisar a influência <strong>da</strong> hereditarie<strong>da</strong>de no<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Para isto, formou uma<br />
amostra que consistia de 117 pares de gêmeos (homozigotos e heterozigotos), na<br />
faixa etária <strong>do</strong>s 14 aos 19 anos de i<strong>da</strong>de, na ci<strong>da</strong>de de Vasterbatten, Suécia. To<strong>do</strong>s<br />
os participantes nasceram entre 1957 e 1960. Foram feitos moldes de to<strong>da</strong>s as<br />
arca<strong>da</strong>s dentárias para análise <strong>da</strong>s facetas de desgaste e <strong>sua</strong> localização. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
foram coleta<strong>do</strong>s por meio de exames clínicos, questionários e exames sanguíneos<br />
(para análise <strong>do</strong>s pares de gêmeos). O teste estatístico usa<strong>do</strong> foi o Qui-quadra<strong>do</strong><br />
(p< 0,05). Foram observa<strong>do</strong>s 54% <strong>da</strong> amostra com facetas de desgaste causa<strong>da</strong>s<br />
pelo hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, sen<strong>do</strong> significante a diferença entre meninos<br />
(61%) e meninas (47%). Nenhuma <strong>da</strong>s crianças apresentou sintomas de DTM.<br />
Interferências oclusais foram observa<strong>da</strong>s em 32% <strong>da</strong>s crianças e uma <strong>prevalência</strong><br />
significante <strong>da</strong>s facetas de desgaste relaciona<strong>da</strong>s ao <strong>bruxismo</strong>, entre os gêmeos<br />
homozigotos e heterozigotos, foi evidencia<strong>da</strong>. Houve uma freqüência mais eleva<strong>da</strong><br />
de desgastes nas facetas intrapares <strong>do</strong>s gêmeos homozigotos, indican<strong>do</strong> que a<br />
herança pode influenciar o movimento mastigatório. Os <strong>do</strong>is grupos apresentaram a<br />
mesma <strong>prevalência</strong> de interferências oclusais. O autor concluiu que os resulta<strong>do</strong>s<br />
não são garantia de uma influência hereditária no desgaste causa<strong>do</strong> pelo <strong>bruxismo</strong>,<br />
porém a pesquisa mostrou que a hereditarie<strong>da</strong>de é um fator importante para o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
6
Revisão <strong>da</strong> literatura 7<br />
Reimão, Lefèvre e Diament (1983) objetivaram, em seu estu<strong>do</strong>, verificar a<br />
<strong>prevalência</strong> de distúrbios <strong>do</strong> sono como sonambulismo, <strong>bruxismo</strong>, enurese e<br />
pesadelos noturnos.em 2.022 crianças, de i<strong>da</strong>des entre 3 e 10 anos, na ci<strong>da</strong>de de<br />
São Paulo e ci<strong>da</strong>des vizinhas como Santo André, São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo e<br />
Diadema. Propuseram também associar esses distúrbios <strong>do</strong> sono com as variáveis:<br />
i<strong>da</strong>de, sexo e classe sócio-econômica. As crianças seleciona<strong>da</strong>s abrangiam to<strong>da</strong>s as<br />
classes sócio-econômicas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de questionários<br />
preenchi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o Qui-<br />
quadra<strong>do</strong> e o de Fisher (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 8<br />
com má oclusão morfológica e outro grupo com má oclusão funcional. Vários artigos<br />
estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s mostraram resulta<strong>do</strong>s significantes na <strong>relação</strong> de más oclusões com o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> como, por exemplo, estu<strong>do</strong>s que relacionavam o<br />
<strong>bruxismo</strong> com a <strong>relação</strong> molar de Classe II e III, mordi<strong>da</strong> profun<strong>da</strong> e trespasse<br />
horizontal acentua<strong>do</strong>. No entanto, outros artigos não demonstraram nenhum<br />
resulta<strong>do</strong> significante. A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s transversais desta revisão mostrou<br />
uma <strong>relação</strong> significante entre os grupos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s e o hábito <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, o que<br />
não se confirmou nos estu<strong>do</strong>s longitudinais. Os autores sugeriram que este<br />
resulta<strong>do</strong> se deve ao pequeno espaço de tempo estu<strong>da</strong><strong>do</strong> na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> amostra e, também, porque as correlações significantes foram encontra<strong>da</strong>s em<br />
grupos de i<strong>da</strong>des diferentes, nos estu<strong>do</strong>s transversais. Com base nesta revisão, os<br />
autores concluíram que as más oclusões não aumentam a probabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
aparecimento <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e que o tratamento precoce <strong>da</strong>s<br />
más oclusões para prevenção <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> não está comprova<strong>do</strong> cientificamente.<br />
Como há uma grande variação <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong><br />
relata<strong>da</strong> na literatura (5% a 81%) dificultan<strong>do</strong> o estabelecimento de parâmetros<br />
comparativos, Shinkai et al. (1998) objetivaram determinar a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> excêntrico noturno (BEN) e <strong>sua</strong>s características em 213 crianças de 2 a 11<br />
anos de i<strong>da</strong>de. Destas, 130 foram atendi<strong>da</strong>s na clínica de O<strong>do</strong>ntologia <strong>infantil</strong> <strong>da</strong><br />
FOP – Unicamp e 83 atendi<strong>da</strong>s em consultório particular. Coletaram-se os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
mediante entrevista dirigi<strong>da</strong> aos pais/responsável <strong>da</strong> criança. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram<br />
analisa<strong>do</strong>s pelos testes Qui-quadra<strong>do</strong> e de Kruskal-Wallis (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 9<br />
dentadura, 39,34% <strong>da</strong>s crianças com <strong>bruxismo</strong> apresentaram-se em fase de<br />
dentadura decídua e 24,34% em fase de dentadura mista. Entre as crianças com<br />
<strong>bruxismo</strong>, 27,87% eram crianças ansiosas, 31,15% hiperativas e 51% com<br />
problemas respiratórios e\ou alérgicos. Observou-se uma maior <strong>prevalência</strong> de BEN<br />
em crianças de 2 a 5 anos e de 10 a 11 anos de i<strong>da</strong>de. Os autores concluíram que o<br />
BEN não pode ser correlaciona<strong>do</strong> às seguintes variáveis: fator econômico, sexo,<br />
problemas de saúde de ordem geral, presença de outros hábitos bucais<br />
parafuncionais e grau de má oclusão.<br />
Pavarina, Bussa<strong>do</strong>ri e Alencar Jr. (1999) objetivaram, em <strong>sua</strong> revisão de<br />
literatura, chamar a atenção <strong>do</strong> cirurgião-dentista a respeito <strong>da</strong> alta <strong>prevalência</strong> de<br />
hábitos parafuncionais como o <strong>bruxismo</strong> e também a <strong>sua</strong> etiologia multifatorial. De<br />
acor<strong>do</strong> com os autores, as estruturas <strong>do</strong> sistema estomatognático estão intimamente<br />
inter-relaciona<strong>da</strong>s e as ativi<strong>da</strong>des básicas <strong>do</strong> sistema estão agrupa<strong>da</strong>s em duas<br />
categorias: a funcional e a parafuncional. A primeira permite que o organismo realize<br />
funções necessárias com <strong>da</strong>nos mínimos às estruturas, como mastigar, falar e<br />
deglutir. Já a ativi<strong>da</strong>de parafuncional não apresenta um propósito defini<strong>do</strong>, não<br />
estan<strong>do</strong> associa<strong>da</strong> a nenhuma outra função <strong>do</strong> organismo. Os autores revisaram<br />
vários artigos e concluíram que os fatores etiológicos <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> podem ser<br />
desencadea<strong>do</strong>s no indivíduo pela interação de três fatores: psicológico, muscular e<br />
dentário, poden<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> incluir o fator ocupacional e emocional. Neste artigo, é<br />
enfatiza<strong>do</strong> que o <strong>bruxismo</strong> está relaciona<strong>do</strong> com a frustração, a ansie<strong>da</strong>de, a raiva e<br />
que estes, quan<strong>do</strong> interagin<strong>do</strong> com o estresse, promovem um aumento <strong>do</strong> tônus<br />
muscular em to<strong>do</strong>s os músculos voluntários. As interferências oclusais não foram<br />
classifica<strong>da</strong>s por vários autores como fator desencadeante <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, mas sim<br />
como fator coadjuvante. Os fatores sistêmicos, como a Síndrome de Down e alguns
Revisão <strong>da</strong> literatura 10<br />
retar<strong>do</strong>s mentais, demonstram apresentar uma <strong>prevalência</strong> maior deste hábito<br />
parafuncional que em indivíduos normais. O tratamento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, segun<strong>do</strong> os<br />
autores, ain<strong>da</strong> é um grande problema nos dias atuais, pois o mesmo é um hábito de<br />
difícil controle. Com <strong>relação</strong> à <strong>prevalência</strong> deste hábito, de maneira geral, a literatura<br />
aponta uma <strong>prevalência</strong> de 5 a 80%, demonstran<strong>do</strong> que os méto<strong>do</strong>s de avaliação<br />
nas pesquisas científicas são varia<strong>do</strong>s, bem como são diferentes as i<strong>da</strong>des<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, o que denota ausência de padronização. O que pode ser considera<strong>do</strong><br />
normal em uma faixa etária estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, pode não ser em outra. Os autores puderam<br />
concluir, basea<strong>do</strong>s na revisão literária, que o <strong>bruxismo</strong> apresenta uma etiologia<br />
multifatorial, que o estresse emocional apresenta influência mais significativa que o<br />
fator oclusal e que a correção oclusal simplesmente não garante cura para o<br />
<strong>bruxismo</strong>, sen<strong>do</strong> necessárias terapias coadjuvantes.<br />
Vanderas et al (1999) realizaram um estu<strong>do</strong> com o intuito de investigar a<br />
<strong>relação</strong> entre as catecolaminas urinárias, como a epinefrina, a nor-epinefrina e a<br />
<strong>do</strong>pamina com o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. A amostra foi composta por 314<br />
crianças, sen<strong>do</strong> 161 meninos e 153 meninas. As crianças pertenciam a 5 escolas<br />
públicas, com i<strong>da</strong>des entre 6 e 8 anos. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de<br />
exames clínicos e entrevista com os pais/responsáveis, para a obtenção de um<br />
diagnóstico ver<strong>da</strong>deiro <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. O grau de significância<br />
utiliza<strong>do</strong> foi de (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 11<br />
<strong>do</strong>pamina representam uma significante influência na probabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
desenvolvimento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Os autores concluíram que a epinefrina e a <strong>do</strong>pamina<br />
tem uma forte cor<strong>relação</strong> com o <strong>bruxismo</strong>, confirman<strong>do</strong> assim que o fator emocional<br />
e o stress são fatores proeminentes de desenvolvimento <strong>do</strong> mesmo.<br />
Manzano, Salazar e Manzano F (1999) realizaram um estu<strong>do</strong> com o<br />
objetivo de identificar patologias bucais intrínsecas em crianças que apresentavam<br />
<strong>do</strong>enças como Síndrome de Down, Autismo, Paralisia Cerebral, Deficiência vi<strong>sua</strong>l,<br />
auditiva e de fala. Compôs-se a amostra com 133 crianças (59 <strong>do</strong> sexo feminino e<br />
74 <strong>do</strong> masculino) entre 3 e 14 anos de i<strong>da</strong>de, seleciona<strong>da</strong>s de um total de 789<br />
crianças <strong>do</strong> Instituto Educacional na ci<strong>da</strong>de de Maracaibo, Venezuela. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
foram coleta<strong>do</strong>s por exame clínico minucioso e por entrevista com os<br />
pais/responsável. A análise estatística utiliza<strong>da</strong> foi o teste Qui-quadra<strong>do</strong>, com um<br />
nível de significância de p
Revisão <strong>da</strong> literatura 12<br />
continuar os estu<strong>do</strong>s com fatores externos que agudizam o quadro clínico de<br />
crianças excepcionais e contribuem para a aparição de outras patologias<br />
bucodentais existentes nestas deficiências.<br />
Laberge et al. (2000) observaram, em seu estu<strong>do</strong>, o desenvolvimento e a<br />
<strong>prevalência</strong> de hábitos parafuncionais em crianças na pré-a<strong>do</strong>lescência e <strong>sua</strong><br />
<strong>relação</strong> com a ansie<strong>da</strong>de e com problemas familiares. O estu<strong>do</strong> longitudinal<br />
apresentou uma amostra representativa de crianças <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Quebec (Canadá)<br />
tanto <strong>da</strong> área urbana quanto <strong>da</strong> área rural. Foram estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, por 15 anos, 644<br />
meninos e 689 meninas com i<strong>da</strong>de inicial entre 6 e 16 anos. Coletaram-se os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
por meio de questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis, com o objetivo de<br />
se verificar os níveis de ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças e a presença de hábitos<br />
parafuncionais. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o Qui-quadra<strong>do</strong>, o de<br />
McNemar e o “t” Student´s. Observou-se que, dentre os hábitos parafuncionais, o de<br />
falar <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> e o <strong>bruxismo</strong> foram os mais freqüentes e que mais se relacionaram<br />
com problemas familiares. O <strong>bruxismo</strong> se mostrou significante entre as i<strong>da</strong>des de 11<br />
e 13 anos, e denotou-se associação significante entre os hábitos <strong>bruxismo</strong> e falar<br />
<strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong> esta <strong>relação</strong> ser justifica<strong>da</strong> pelo stress emocional que envolve<br />
esses <strong>do</strong>is hábitos parafuncionais. Verificou-se que há uma grande <strong>prevalência</strong> de<br />
<strong>bruxismo</strong> na primeira infância e uma que<strong>da</strong> progressiva entre a infância e a pré-<br />
a<strong>do</strong>lescência.<br />
Ferreira et al. (2000) determinaram a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> ronco e <strong>sua</strong><br />
associação com distúrbios <strong>do</strong> sono, problemas clínicos e problemas<br />
comportamentais em crianças de 5 a 11 anos de i<strong>da</strong>de, na ci<strong>da</strong>de de Coimbra,<br />
Portugal. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de um questionário envia<strong>do</strong> aos
Revisão <strong>da</strong> literatura 13<br />
pais/responsáveis de 1.381 crianças, com o retorno de apenas 976 questionários<br />
(496 meninos e 480 meninas). O ronco foi diagnostica<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> a primeira<br />
manifestação <strong>da</strong> Síndrome Obstrutiva <strong>do</strong> Sono. O questionário continha perguntas a<br />
respeito <strong>do</strong> desempenho escolar, hábitos noturnos e distúrbios comportamentais. A<br />
avaliação <strong>do</strong> ronco foi feita em uma escala de 1(nunca apresentaram ronco) a 4<br />
(sempre apresentam episódios de ronco). O estu<strong>do</strong> não ressaltou nenhuma<br />
diferença significante entre i<strong>da</strong>de, sexo, fator sócio-econômico, duração <strong>do</strong> sono,<br />
enurese e desempenho escolar. Os autores observaram ronco freqüente em 84<br />
crianças (8,6%), ocasionalmente em 299 crianças (30,6%) e nunca roncam em 593<br />
crianças (60%). Uma vez que no adulto o ronco pode conduzir a um número maior<br />
de hábitos parafuncionais, como o caso <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, pode-se estender esta<br />
observação, por meio deste estu<strong>do</strong>, para as crianças. A incidência de hábitos<br />
parafuncionais em crianças com ronco foi encontra<strong>da</strong> em quase igual porcentagem<br />
que aquela de crianças com Síndrome Obstrutiva <strong>do</strong> Sono. Os hábitos mais<br />
prevalentes foram pesadelos, sonambulismo e <strong>bruxismo</strong>. Os autores concluíram que<br />
roncar é um sintoma comum em crianças portuguesas e a associação com<br />
problemas de comportamento e distúrbios <strong>do</strong> sono foi significante. Eles salientaram<br />
que crianças que roncam alto e com freqüência podem ser beneficia<strong>da</strong>s com<br />
avaliação e intervenção precoces.<br />
Ângeles et al. (2000) estu<strong>da</strong>ram a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em pacientes<br />
que passaram em consulta pela primeira vez no Instituto Nacional de Pediatria, na<br />
ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> México. Foram examina<strong>da</strong>s 710 crianças com o intuito de observar:<br />
desgastes oclusais <strong>do</strong>s dentes anteriores e posteriores, linha média facial e dentária,<br />
e problemas <strong>da</strong> Articulação Temporomandibular (ATM). Para coletar os <strong>da</strong><strong>do</strong>s, as<br />
crianças foram dividi<strong>da</strong>s em três grupos: GI – com problemas neurológicos; GII –
Revisão <strong>da</strong> literatura 14<br />
com problemas alérgicos; e GIII – com outros tipos de problemas. Crianças com<br />
mais de dez dentes perdi<strong>do</strong>s foram excluí<strong>da</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s foram<br />
examina<strong>do</strong>s estatisticamente pelo teste two-tailed (p=0,05). Os resulta<strong>do</strong>s, obti<strong>do</strong>s<br />
com <strong>relação</strong> a <strong>prevalência</strong>s <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, foram: GI – 107 crianças, GII – 51 crianças<br />
e GIII – 152 crianças, totalizan<strong>do</strong> 310 crianças <strong>da</strong>s 710 examina<strong>da</strong>s. O número de<br />
pacientes com <strong>bruxismo</strong> no grupo GI era mais que o <strong>do</strong>bro se compara<strong>do</strong> ao número<br />
de crianças <strong>do</strong> grupo GII. O desgaste dentário na região posterior foi encontra<strong>do</strong> em<br />
uma grande porcentagem, ou seja, em 46% <strong>do</strong>s pacientes pertencentes ao grupo<br />
GI. Já, o desvio <strong>da</strong> linha média facial e dentária foi encontra<strong>do</strong>, respectivamente, em<br />
20% e 33% no GI e 14% e 31%, no GII. Apenas 15% <strong>do</strong>s pacientes <strong>do</strong> grupo GI e<br />
21% <strong>do</strong> grupo GII apresentaram alterações na ATM. Os autores sugeriram novos<br />
estu<strong>do</strong>s para investigar os aspectos psicológicos, <strong>do</strong> convívio familiar e social como<br />
fatores desencadeantes <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, o que possibilitaria estu<strong>da</strong>r o paciente de um<br />
ponto de vista multidisciplinar, evitan<strong>do</strong> situações que predispõem a este hábito<br />
nocivo.<br />
Cirano, Rodrigues e Oliveira (2000) estu<strong>da</strong>ram a <strong>prevalência</strong> de sintomas<br />
relaciona<strong>do</strong>s à disfunção <strong>da</strong> ATM, bem como a <strong>sua</strong> cor<strong>relação</strong> com fatores<br />
predisponentes como: <strong>bruxismo</strong>, aspecto psicológico <strong>da</strong> criança, histórico de trauma<br />
na face, hábitos de onicofagia, de sucção de de<strong>do</strong> ou chupeta e tipo de respiração.<br />
Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 180 crianças entre 4 e 7 anos de i<strong>da</strong>de, estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s<br />
escolas municipais <strong>do</strong> município de São Paulo. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s através de<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. A opção por um questionário<br />
conten<strong>do</strong> perguntas sobre sintomas e fatores predisponentes à disfunção foi<br />
executa<strong>da</strong> para se evitar a indução de respostas, que geralmente se verifica em<br />
entrevistas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s ao teste de Cor<strong>relação</strong> de Pearson
Revisão <strong>da</strong> literatura 15<br />
(r) e ao teste para diferença de duas proporções, denomina<strong>do</strong> de “Teste Z“. A<br />
<strong>prevalência</strong> de fatores predisponentes foi de 80,55%. A respiração bucal foi relata<strong>da</strong><br />
por 41,11% <strong>da</strong> amostra, o <strong>bruxismo</strong> por 33,88%, a onicofagia por 25,55% e a sucção<br />
de de<strong>do</strong>/chupeta por 21,66%. O índice de crianças tensas/nervosas foi de 26,11%.<br />
Não se comprovou aumento ou redução <strong>da</strong> incidência de sintomas ou de fatores<br />
predisponentes à disfunção em <strong>relação</strong> à faixa etária. Adicionalmente, não houve<br />
cor<strong>relação</strong> entre qualquer fator predisponente e a <strong>prevalência</strong> de disfunção, apesar<br />
<strong>da</strong> clara <strong>relação</strong> entre o número de sintomas e o número de fatores, principalmente<br />
para o sexo masculino.<br />
Ruela et al. (2001) investigaram a <strong>prevalência</strong> de <strong>bruxismo</strong> em 277<br />
pacientes com sintomas de DTM, com i<strong>da</strong>des entre 8 e 73 anos de i<strong>da</strong>de, que eram<br />
atendi<strong>do</strong>s no PIT (Programa Intensivo de Treinamento em Diagnóstico e Tratamento<br />
<strong>da</strong>s Desordens Têmporo-Mandibulares) <strong>do</strong> Curso de O<strong>do</strong>ntologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
Estadual de Minas Gerais, Campus Lavras, e na Clínica de Dores Crânio-<br />
Mandibulares <strong>do</strong> Curso de Especialização em Prótese Dental <strong>da</strong> UNINCOR, no<br />
perío<strong>do</strong> de 1996 a 1998. Foram avalia<strong>do</strong>s os aspectos psicológicos, a saúde geral e<br />
o padrão oclusal de to<strong>do</strong>s os pacientes. Estes foram dividi<strong>do</strong>s em 4 faixas etárias (8<br />
a 18 anos de i<strong>da</strong>de, 19 a 25 anos de i<strong>da</strong>de, 26 a 40 anos de i<strong>da</strong>de e 41 a 73 anos de<br />
i<strong>da</strong>de). Os pacientes passaram por um exame clínico minucioso. O teste estatístico<br />
utiliza<strong>do</strong> foi o <strong>do</strong> qui-quadra<strong>do</strong>. Dos 277 pacientes porta<strong>do</strong>res de DTM, 209 eram <strong>do</strong><br />
sexo feminino e 68 <strong>do</strong> masculino. Essa diferença entre os sexos se explica pelas<br />
mulheres procurarem mais tratamento. Este fato é menos evidente na faixa etária<br />
até os 18 anos e mais acentua<strong>da</strong> entre 41 e 73 anos de i<strong>da</strong>de. As condições<br />
psicológicas desfavoráveis, ou seja, aquelas que poderiam influenciar o <strong>bruxismo</strong><br />
apresentaram-se mais freqüentes no sexo feminino, entre 26 e 40 anos de i<strong>da</strong>de e
Revisão <strong>da</strong> literatura 16<br />
entre 41 e 73 anos, sen<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> maior, nesta última, a freqüência de condição<br />
desfavorável. Entre os homens, a condição psicológica desfavorável prevaleceu na<br />
faixa etária de 41 a 73 anos de i<strong>da</strong>de, entretanto, na faixa etária de 26 a 40 anos,<br />
essa situação se inverteu, prevalecen<strong>do</strong> a condição psicológica favorável. Levan<strong>do</strong>-<br />
se em consideração a proporção de pacientes nas diferentes faixas etárias, a melhor<br />
condição de saúde geral em ambos os sexos, foi encontra<strong>da</strong> na faixa etária de 26 a<br />
40 anos de i<strong>da</strong>de. Nesta pesquisa, os pacientes que apresentaram saúde debilita<strong>da</strong><br />
relataram cardiopatias, hipertensão, reumatismo e alergias. Foi observa<strong>da</strong> alta<br />
<strong>prevalência</strong> de <strong>bruxismo</strong> (42,86%) nos pacientes <strong>do</strong> sexo masculino com i<strong>da</strong>de até<br />
os 18 anos e, quan<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong> estava associa<strong>do</strong> à síndrome <strong>do</strong>lorosa por<br />
disfunção miofascial, a porcentagem era de 57,14%. Quanto ao sexo feminino, na<br />
mesma faixa etária, prevaleceu a disfunção miofascial associa<strong>da</strong> ao <strong>bruxismo</strong> em<br />
100% <strong>do</strong>s casos. Os pacientes <strong>do</strong> sexo masculino apresentaram uma <strong>prevalência</strong><br />
alta de <strong>bruxismo</strong>, independente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, ao passo que, no sexo feminino, a maior<br />
<strong>prevalência</strong> foi a de <strong>bruxismo</strong> associa<strong>do</strong> à síndrome <strong>do</strong>lorosa <strong>da</strong> disfunção<br />
miofascial. Com <strong>relação</strong> a patologias encontra<strong>da</strong>s, concluiu-se que o fator oclusão<br />
está envolvi<strong>do</strong> na etiologia de to<strong>do</strong>s os casos (100%); o fator psicológico na grande<br />
maioria (53,4 %); e o trauma agu<strong>do</strong> apenas em alguns casos associa<strong>do</strong>s ao fator<br />
oclusão e psicológico. Dos 277 pacientes examina<strong>do</strong>s, apenas 2 não apresentavam<br />
desvio <strong>da</strong> posição de <strong>relação</strong> cêntrica (RC) para a máxima intercuspi<strong>da</strong>ção habitual<br />
(MIH), o que confirma a importância <strong>do</strong> fator oclusal no desenvolvimento de DTM.<br />
Restrepo et al (2001) investigaram a efetivi<strong>da</strong>de de algumas técnicas<br />
psicológicas utiliza<strong>da</strong>s no tratamento de crianças com hábito de <strong>bruxismo</strong>. A amostra<br />
foi composta por 33 crianças, de 3 a 6 anos de i<strong>da</strong>de, que estu<strong>da</strong>vam na pré-escola<br />
em Medellin, na Colômbia. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de exames clínicos
Revisão <strong>da</strong> literatura 17<br />
minuciosos e questionários. Os resulta<strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s estatisticamente pelo<br />
teste de Wilcoxon, com grau de significância de (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 18<br />
investiga<strong>do</strong>s, somente o <strong>bruxismo</strong> e a agitação noturna ocorrem em maior<br />
freqüência entre as crianças <strong>do</strong> grupo “com queixa freqüente de cefaléia“. A<br />
ocorrência de <strong>bruxismo</strong> nesta população é compatível com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
epidemiológicos de norte-americanos e de brasileiros, pois vários estu<strong>do</strong>s já<br />
mostraram alta <strong>prevalência</strong> de <strong>bruxismo</strong> em pacientes com cefaléia.<br />
Convertini et al. (2003) estu<strong>da</strong>ram os distúrbios <strong>do</strong> sono em 203 crianças<br />
<strong>do</strong> setor <strong>infantil</strong> <strong>do</strong> Hospital Posa<strong>da</strong>s, na Argentina, por meio de questionário para<br />
pais e acompanhantes. As crianças foram dividi<strong>da</strong>s em três grupos: 2 a 3 anos de<br />
i<strong>da</strong>de; 4 a 5 anos de i<strong>da</strong>de; e 6 a 11 anos de i<strong>da</strong>de com o objetivo de avaliar a<br />
<strong>prevalência</strong> de sono contínuo e distúrbios <strong>do</strong> mesmo, além de relacionar estas<br />
<strong>prevalência</strong>s com o fato de a criança <strong>do</strong>rmir na cama <strong>do</strong>s pais ou de outro adulto, 3<br />
vezes ou mais por semana (durante o último mês). Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s estatísticos foram<br />
realiza<strong>do</strong>s pelo programa Epi Info 6 e o teste estatístico aplica<strong>do</strong> foi o Qui-quadra<strong>do</strong><br />
(p
Revisão <strong>da</strong> literatura 19<br />
Clínicas <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Medicina <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo. As crianças<br />
foram classifica<strong>da</strong>s em três grupos: 1 – indivíduos com rinite alérgica; 2 – indivíduos<br />
com hiperplasia de adenóide; e 3 – indivíduos com hiperplasia <strong>da</strong>s amíg<strong>da</strong>las<br />
associa<strong>da</strong> à adenóide. Os pais/responsáveis responderam a um questionário<br />
padroniza<strong>do</strong> sobre os sintomas noturnos e a caracterização <strong>da</strong> presença de apnéia<br />
<strong>do</strong> sono. Os autores observaram que a respiração bucal é mais freqüente em<br />
meninos e que a hiperplasia <strong>da</strong>s amíg<strong>da</strong>las e a adenóide foram mais freqüentes nas<br />
crianças se compara<strong>da</strong>s aos pré-a<strong>do</strong>lescentes. Adicionalmente, estas crianças<br />
apresentaram maior freqüência de <strong>bruxismo</strong>, enurese e agitação noturna. Conclui-se<br />
que o <strong>bruxismo</strong>, a enurese, a agitação noturna e a cefaléia estão relaciona<strong>do</strong>s com a<br />
apnéia <strong>do</strong> sono, e são mais freqüentes em crianças com adenóide e hiperplasia <strong>da</strong>s<br />
amíg<strong>da</strong>las. Assim, a investigação <strong>da</strong> apnéia <strong>do</strong> sono em crianças com respiração<br />
bucal é fun<strong>da</strong>mental para a determinação <strong>do</strong>s fatores causais <strong>da</strong> sonolência diurna,<br />
cefaléia, agitação noturna, enurese, problemas escolares e <strong>bruxismo</strong>.<br />
Demir et al (2004) investigaram a <strong>relação</strong> entre os fatores oclusais e o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em 965 crianças, de ambos os sexos, na ci<strong>da</strong>de<br />
de Konya, na Turquia. A amostra foi composta por 472 meninos e 493 meninas, com<br />
i<strong>da</strong>des entre 7 e 19 anos, e foi dividi<strong>da</strong> entre crianças com e sem o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de exames clínicos e<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. O teste estatístico utiliza<strong>do</strong> foi o<br />
Qui-quadra<strong>do</strong>, com grau de significância de (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 20<br />
o <strong>bruxismo</strong> e o fator oclusal. Também não se observaram diferenças significantes<br />
entre os sexos na amostra estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Os autores sugeriram novos estu<strong>do</strong>s<br />
longitudinais, com grandes amostras, por perío<strong>do</strong>s mais longos e abrangen<strong>do</strong><br />
diversas faixas etárias, para se observar possível associação entre os fatores<br />
oclusais e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Jaime (2004), em seu estu<strong>do</strong>, objetivou avaliar a <strong>relação</strong> entre os hábitos<br />
parafuncionais e a freqüência <strong>da</strong>s más oclusões em <strong>relação</strong> à i<strong>da</strong>de. Foram<br />
avalia<strong>da</strong>s 135 crianças (67 meninos e 68 meninas) de 6 a 12 anos de i<strong>da</strong>de, em fase<br />
de dentadura mista. As crianças eram mexicanas e o estu<strong>do</strong> utilizou como<br />
ferramentas de investigação: modelos de gesso e questionários respondi<strong>do</strong>s pelos<br />
pais. As análises <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram efetua<strong>da</strong>s pelo teste Qui-quadra<strong>do</strong> (p>0,05), no<br />
programa SPSS. Observou-se que o sexo feminino apresentou mais hábitos bucais<br />
parafuncionais, com pre<strong>do</strong>minância <strong>da</strong> onicofagia (41%) e respiração bucal (20%). O<br />
<strong>bruxismo</strong> foi detecta<strong>do</strong> em 6% <strong>da</strong> população feminina e 1,5%, <strong>da</strong> masculina (não<br />
sen<strong>do</strong> um hábito parafuncional significativo nesse estu<strong>do</strong>). A <strong>relação</strong> molar de<br />
Classe I foi observa<strong>da</strong> em 37% <strong>da</strong>s crianças, na faixa etária de 6 a 8 anos de i<strong>da</strong>de;<br />
de Classe II em 16% na faixa etária de 9 a 10 anos de i<strong>da</strong>de; e de Classe III em<br />
2,2% na faixa etária de 11 a 13 anos de i<strong>da</strong>de. Observou-se uma predisposição de<br />
<strong>relação</strong> molar de Classe I para o sexo feminino, com o hábito parafuncional de<br />
onicofagia em 41% <strong>da</strong>s meninas. O autor concluiu que a prevenção e o tratamento<br />
<strong>do</strong>s problemas bucais devem ser realiza<strong>do</strong>s multidisciplinarmente, consideran<strong>do</strong> que<br />
estes problemas são influencia<strong>do</strong>s por fatores familiares, sociais e ambientais. É<br />
importante que o dentista trate não apenas as conseqüências, mas procure<br />
diagnosticar e tratar as causas.
Revisão <strong>da</strong> literatura 21<br />
Agargun et al. (2004) estu<strong>da</strong>ram a <strong>prevalência</strong> de distúrbios <strong>do</strong> sono em<br />
crianças de 7 a 11 anos de i<strong>da</strong>de, na Turquia. A Turquia, por ser localiza<strong>da</strong> entre a<br />
Ásia e a Europa, representa uma mistura de diferentes culturas e raças. A amostra<br />
foi composta por crianças de 4 ci<strong>da</strong>des (Van, Ankara, Trabzon e Konya), no total de<br />
472 meninos e 499 meninas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de questionários<br />
respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o exato<br />
de Fisher e o Qui-quadra<strong>do</strong>, com grau de significância de p
Revisão <strong>da</strong> literatura 22<br />
familiares, animal, brinque<strong>do</strong>, ou luz acesa durante o sono e existência de<br />
perturbações <strong>do</strong> sono como enurese, <strong>bruxismo</strong>, sonambulismo, terrores noturnos e<br />
pesadelos. Antecedentes patológicos ativos passíveis à perturbação <strong>do</strong> sono<br />
estavam presentes em 22% <strong>da</strong> amostra. As patologias encontra<strong>da</strong>s foram às<br />
seguintes: otorrinolaringologia em 12% <strong>da</strong>s crianças, asma em 9 % e eczema<br />
atópico em 1 %. Para o grupo etário estu<strong>da</strong><strong>do</strong>, foram considera<strong>do</strong>s três tempos de<br />
sono noturno: adequa<strong>do</strong> entre 9 e 10 horas; excessivo se superior ou igual a 11<br />
horas; e deficiente quan<strong>do</strong> inferior ou igual a 8 horas. Verificou-se que 89% <strong>da</strong>s<br />
crianças tinham um tempo de sono noturno adequa<strong>do</strong>, 11% excessivo e nenhuma<br />
criança tinha tempo insuficiente de sono noturno. Constatou-se, ain<strong>da</strong>, que 17% <strong>da</strong>s<br />
crianças <strong>da</strong> amostra <strong>do</strong>rmiam na cama <strong>do</strong>s pais e 41% destas tinham me<strong>do</strong> de<br />
<strong>do</strong>rmir sozinhas. O hábito de <strong>do</strong>rmir com a companhia de um animal foi descrito por<br />
três crianças e com um objeto por 25. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s relativos a pesadelos, <strong>bruxismo</strong>,<br />
sonambulismo, terrores noturnos, enurese e insônia foram considera<strong>do</strong>s apenas<br />
quan<strong>do</strong> ocorriam pelo menos uma vez por mês. Os despertares noturnos ocorreram,<br />
sobretu<strong>do</strong>, em crianças de 5 a 7 anos e as parassonias mais freqüentes foram os<br />
pesadelos (46%). Em 24% <strong>da</strong>s crianças, detectou-se o <strong>bruxismo</strong>, em 12% os<br />
terrores noturnos, em 10% o sonambulismo e em 2% a enurese noturna (emissão de<br />
urina no perío<strong>do</strong> noturno em crianças com i<strong>da</strong>de igual ou superior a 6 anos). O<br />
sonambulismo foi a variável mais freqüente com outras perturbações <strong>do</strong> sono, tais<br />
como os terrores noturnos, os pesadelos e o <strong>bruxismo</strong>. Os autores concluíram que a<br />
educação para a saúde <strong>infantil</strong> deve incluir uma educação sobre os processos<br />
básicos relaciona<strong>do</strong>s ao sono, deven<strong>do</strong> haver melhoria <strong>da</strong> higiene <strong>do</strong> sono e<br />
modificações comportamentais.
Revisão <strong>da</strong> literatura 23<br />
Ng et al. (2005) avaliaram a <strong>prevalência</strong> de apnéia <strong>do</strong> sono, <strong>bruxismo</strong> e<br />
enurese noturna em um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em 6.020 estu<strong>da</strong>ntes de 10 escolas<br />
primárias de Hong Kong. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de cartas, no total<br />
6.020 cartas envia<strong>da</strong>s aos pais/responsáveis, pedin<strong>do</strong> o consentimento <strong>do</strong>s<br />
mesmos. Destas 6.020, 4.432 foram respondi<strong>da</strong>s e, no final <strong>da</strong> seleção, 3.047 cartas<br />
foram seleciona<strong>da</strong>s. A pesquisa foi complementa<strong>da</strong> por meio de questionários<br />
respondi<strong>do</strong>s pelo telefone, após o consentimento <strong>do</strong>s pais/responsáveis. As crianças<br />
tinham i<strong>da</strong>des entre 6 e 12 anos de i<strong>da</strong>de. O teste estatístico utiliza<strong>do</strong> foi o “t” de<br />
Student e o Qui-quadra<strong>do</strong>, com nível de significância de p
Revisão <strong>da</strong> literatura 24<br />
Whitney. O estu<strong>do</strong> obteve o seguinte resulta<strong>do</strong>: 42,7% <strong>da</strong>s crianças apresentaram<br />
vários problemas para <strong>do</strong>rmir e hábitos noturnos; 29,1% apenas um simples<br />
problema para <strong>do</strong>rmir; 9,7% <strong>do</strong>is problemas para <strong>do</strong>rmir; e 3,8% mais de <strong>do</strong>is<br />
problemas para <strong>do</strong>rmir. O hábito de <strong>do</strong>rmir com os pais é comum na Índia e foi<br />
detecta<strong>do</strong> em 93% <strong>da</strong>s crianças analisa<strong>da</strong>s. A enurese noturna se apresentou em<br />
18,4% <strong>da</strong>s crianças e 11,6% apresentaram <strong>bruxismo</strong>. Também foi observa<strong>do</strong> que o<br />
<strong>bruxismo</strong> não se apresenta com diferença significante entre meninos e meninas.<br />
Este estu<strong>do</strong> mostrou certas limitações e não pôde ser generaliza<strong>do</strong> para to<strong>da</strong>s as<br />
populações, porém a <strong>prevalência</strong> de problemas <strong>do</strong> sono verifica<strong>da</strong> na amostra<br />
sugere a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s pediatras em observar com cui<strong>da</strong><strong>do</strong> esse tipo de<br />
problema <strong>infantil</strong>.<br />
Liu et al. (2005a) realizaram um estu<strong>do</strong> com o objetivo de avaliar a<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>da</strong>s desordens <strong>do</strong> sono em crianças de 2 a 12 anos de i<strong>da</strong>de na ci<strong>da</strong>de<br />
de Pequim, na China. Foram envia<strong>do</strong>s 6.600 questionários para os pais, <strong>do</strong>s quais<br />
90,6% foram respondi<strong>do</strong>s. As crianças foram dividi<strong>da</strong>s em quatro grupos: crianças<br />
com 2 anos de i<strong>da</strong>de; de 3 a 5 anos de i<strong>da</strong>de; de 6 a 10 anos de i<strong>da</strong>de; e de 11 a 12<br />
anos de i<strong>da</strong>de.O teste estatístico escolhi<strong>do</strong> foi o Qui-quadra<strong>do</strong> com p
Revisão <strong>da</strong> literatura 25<br />
dentição permanente, sen<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong> um desses distúrbios. Os autores<br />
concluíram que as desordens <strong>do</strong> sono são bem comuns na infância, mas são<br />
necessários mais estu<strong>do</strong>s para correlacioná-las à i<strong>da</strong>de, à alimentação e às <strong>sua</strong>s<br />
causas. Os efeitos físicos provenientes <strong>do</strong> sono insuficiente também devem ser<br />
estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s para melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> sono <strong>da</strong>s crianças.<br />
Fukumizu et al. (2005) buscaram identificar os fatores associa<strong>do</strong>s ao<br />
“Jonaki” (choro noturno de crianças japonesas). Foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s 426 crianças entre<br />
3 a 6 anos de i<strong>da</strong>de, 452 entre 18 a 21 meses de i<strong>da</strong>de e 440 entre 36 a 41 meses<br />
de i<strong>da</strong>de. As crianças estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s foram atendi<strong>da</strong>s na Clínica de Desenvolvimento<br />
Pediátrico na ci<strong>da</strong>de de Higashimurayama em Tókio, no Japão, entre os meses de<br />
outubro de 2001 e março de 2002. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram reuni<strong>do</strong>s por meio de<br />
questionários, respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis, nos quais não se identificavam<br />
a família e a criança. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o Qui-quadra<strong>do</strong> e o de<br />
Fisher, para analisar as freqüências entre os grupos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, e Mann-Whitney,<br />
Kruskal-Wallis e Friedman para analisar as diferenças entre os grupos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s.<br />
Durante a observação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, não foram verifica<strong>da</strong>s diferenças entre<br />
meninas e meninos e foi identifica<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong> em to<strong>da</strong>s as crianças na primeira<br />
infância, com história de choro noturno (Jonaki). Os autores concluíram que as<br />
crianças com história de choro noturno têm mais <strong>bruxismo</strong> <strong>do</strong> que as crianças sem<br />
história de choro noturno e que este distúrbio também é um hábito parafuncional<br />
relativamente comum na infância, associa<strong>do</strong> a grandes níveis de ansie<strong>da</strong>de.<br />
Liu et al. (2005b) compararam duas amostras de crianças culturalmente<br />
diferentes, buscan<strong>do</strong> demonstrar que problemas <strong>do</strong> sono não são causa<strong>do</strong>s apenas<br />
por fatores biológicos e psicológicos, mas também por fatores culturais e sociais.
Revisão <strong>da</strong> literatura 26<br />
Foram seleciona<strong>da</strong>s duas amostras: uma com 517 crianças chinesas, entre as<br />
i<strong>da</strong>des de 7 e 13 anos e outra com 499 crianças americanas de 7,5 anos de i<strong>da</strong>de.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>s duas amostras foram coleta<strong>do</strong>s através de questionários respondi<strong>do</strong>s<br />
pelos pais/responsáveis <strong>da</strong>s crianças. O teste estatístico utiliza<strong>do</strong> foi o de<br />
MANCOVA, com grau de significância de p
Revisão <strong>da</strong> literatura 27<br />
noite e que tinha problemas respiratórios, de alergia e que não possuía refluxo<br />
gastro-esofágico. A mãe afirmou que a criança era tími<strong>da</strong> e introspectiva e que eles<br />
moravam em um lugar bem violento. Em decorrência disto, a criança se mostrava<br />
preocupa<strong>da</strong> e ansiosa. Já o segun<strong>do</strong> caso era de um menino de 7 anos de i<strong>da</strong>de,<br />
cuja mãe relatou que ele apresentava pesadelos noturnos e que o <strong>bruxismo</strong> havia<br />
surgi<strong>do</strong> há <strong>do</strong>is anos, antes <strong>da</strong> separação <strong>do</strong>s pais. Ele não apresentava má oclusão<br />
dentária e se mostrava extroverti<strong>do</strong> e interessa<strong>do</strong>. Os autores observaram que o<br />
fator emocional estava presente em ambos os casos e acreditaram que esta seria a<br />
causa principal <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Observaram que o desgaste dentário observa<strong>do</strong> estava<br />
relaciona<strong>do</strong> diretamente ao <strong>bruxismo</strong> e não à alimentação e ao refluxo gastro-<br />
esofágico. A <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> foi estima<strong>da</strong> em torno de 7 a 15%, e<br />
poucos estu<strong>do</strong>s mostraram uma <strong>prevalência</strong> maior em meninas que em meninos.<br />
Denotou-se que o <strong>bruxismo</strong> está associa<strong>do</strong> a características de personali<strong>da</strong>de como<br />
agressivi<strong>da</strong>de, ansie<strong>da</strong>de e hiperativi<strong>da</strong>de (fatores psicológicos) e a fatores locais e<br />
sistêmicos, poden<strong>do</strong>, também, estar relaciona<strong>do</strong> à imaturi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sistema<br />
mastigatório neuromuscular. Os autores concluíram que novos estu<strong>do</strong>s<br />
epidemiológicos devem ser realiza<strong>do</strong>s para se entender as causas <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong><br />
<strong>infantil</strong>, e que a alta <strong>prevalência</strong>, encontra<strong>da</strong> nos últimos estu<strong>do</strong>s, é considera<strong>da</strong> um<br />
problema intrínseco <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des modernas e tem se torna<strong>do</strong> uma condição<br />
comum <strong>da</strong>s crianças nos dias de hoje.<br />
Serra-negra (2006) em <strong>sua</strong> tese de Doutora<strong>do</strong> objetivou avaliar a<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e os fatores psicossociais no desencadeamento <strong>do</strong> hábito<br />
em 652 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária <strong>do</strong>s 7 aos 10 anos,<br />
pertencentes a 9 escolas públicas e particulares na ci<strong>da</strong>de de Belo Horizonte, Brasil.<br />
A coleta <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s ocorreu entre março e julho <strong>do</strong> ano de 2006, por meio de
Revisão <strong>da</strong> literatura 28<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. A análise estatística utilizou o<br />
teste Qui-quadra<strong>do</strong> e a regressão logística binária, com o nível de significância de<br />
5%. A <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> encontra<strong>da</strong> foi de 35,3% e não houve associação<br />
entre o estresse, o sexo, a i<strong>da</strong>de, a vulnerabili<strong>da</strong>de social e o <strong>bruxismo</strong>. Observou-se<br />
que crianças com altos índices de neuroticismo (irritabili<strong>da</strong>de, ansie<strong>da</strong>de e raiva) e<br />
responsabili<strong>da</strong>de (cumprimento de deveres e tarefas), que são características <strong>da</strong><br />
personali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> indivíduo, apresentavam duas vezes mais chances de<br />
apresentarem o <strong>bruxismo</strong>, denotan<strong>do</strong> uma associação entre estes <strong>do</strong>is fatores. A<br />
autora sugeriu um acompanhamento psicológico durante a infância, conceden<strong>do</strong><br />
uma oportuni<strong>da</strong>de à criança em aprender a li<strong>da</strong>r com a <strong>sua</strong> forma de enfrentar<br />
conflitos e tensões, refletin<strong>do</strong> no controle <strong>do</strong> hábito <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Tosato e Caria (2006) objetivaram verificar a <strong>prevalência</strong> de sinais e<br />
sintomas de DTM em crianças e em universitários. A amostra foi composta por 90<br />
crianças, entre 3 e 7 anos de i<strong>da</strong>de, e por 107 universitários, com i<strong>da</strong>des entre 17 e<br />
38 anos. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de questionários respondi<strong>do</strong>s pelos<br />
pais/responsáveis ou pelos próprios universitários. Os entrevista<strong>do</strong>s foram dividi<strong>do</strong>s<br />
em <strong>do</strong>is grupos: - Grupo I, crianças de uma escola pública e uma particular; e -<br />
Grupo II, composto por universitários de uma universi<strong>da</strong>de pública e uma particular.<br />
O grau de significância utiliza<strong>do</strong> foi de p< 0,05%. Observou-se uma maior<br />
<strong>prevalência</strong> de DTM em mulheres <strong>do</strong> grupo II. Dentre as ativi<strong>da</strong>des parafuncionais<br />
<strong>do</strong> sistema mastigatório, evidenciou-se neste estu<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong>. Foi observa<strong>da</strong> no<br />
grupo I uma <strong>prevalência</strong> de 24,48% de <strong>bruxismo</strong> e 26,53% de cefaléia, já no grupo II<br />
foi de 60% e 54,66% respectivamente para os mesmo <strong>do</strong>is fatores. Os autores<br />
observaram sinais e sintomas de DTM em crianças e universitários, sen<strong>do</strong> que a
Revisão <strong>da</strong> literatura 29<br />
<strong>prevalência</strong> de <strong>bruxismo</strong> e <strong>do</strong>r na musculatura mastigatória foram bem mais<br />
evidentes no grupo II. Os autores sugeriram que se diagnostica<strong>da</strong>s precocemente,<br />
as disfunções temporomandibulares, podem ser trata<strong>da</strong>s evitan<strong>do</strong> maior<br />
comprometimento na fase adulta.<br />
Rodrigues et al (2006) objetivaram, em seu trabalho de revisão de<br />
literatura, verificar os aspectos clínicos <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, etiologia, classificação,<br />
diagnóstico e terapêutica. Os autores descreveram o <strong>bruxismo</strong> como um contato<br />
estático ou dinâmico entre os dentes, que não ocorrem durante funções normais de<br />
mastigação ou deglutição, estan<strong>do</strong> sempre associa<strong>do</strong> a um esta<strong>do</strong> emocional<br />
altera<strong>do</strong> <strong>do</strong> paciente, ou seja, o stress. Eles classificaram o <strong>bruxismo</strong> em modera<strong>do</strong><br />
e severo, já com evidências de <strong>da</strong>nos às estruturas <strong>do</strong> sistema estomatognático. Os<br />
principais <strong>da</strong>nos cita<strong>do</strong>s foram: efeitos nos dentes, no perio<strong>do</strong>nto, nos músculos<br />
mastigatórios, na ATM, <strong>do</strong>res de cabeça, efeitos comportamentais e psicológicos. Os<br />
autores sugeriram que o tratamento deva ser realiza<strong>do</strong> de forma multidisciplinar, e<br />
por ser o <strong>bruxismo</strong> uma parafunção multifatorial, não há uma forma de tratamento<br />
capaz de eliminá-lo permanentemente. Sugeriram ain<strong>da</strong> que o profissional deva<br />
analisar a etiologia <strong>da</strong> disfunção para determinar o tratamento que elimine os fatores<br />
causais. Por fim, os autores relataram que não há uma padronização <strong>do</strong>s<br />
experimentos realiza<strong>do</strong>s que tornem confiável a a<strong>do</strong>ção de novas terapêuticas.<br />
Pizzol et al., em 2006, basea<strong>do</strong>s em uma revisão de literatura,<br />
objetivaram demonstrar os fatores etiológicos, as conseqüências e os possíveis<br />
tratamentos para o <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong>. Verificou-se que o <strong>bruxismo</strong> é uma ativi<strong>da</strong>de<br />
parafuncional <strong>do</strong> sistema estomatognático e que o aumento <strong>da</strong>s forças oclusais
Revisão <strong>da</strong> literatura 30<br />
gera<strong>da</strong>s pelo <strong>bruxismo</strong> resulta em cargas extras não só na dentição, mas também<br />
em to<strong>do</strong> o sistema estomatognático. De acor<strong>do</strong> com os artigos seleciona<strong>do</strong>s, a<br />
etiologia <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> é multifatorial, sen<strong>do</strong> seus principais fatores os locais, os<br />
sistêmicos, os psicológicos, os ocupacionais, os neurológicos e a hereditarie<strong>da</strong>de.<br />
Dentre as possíveis conseqüências deste hábito estão o desgaste dentário<br />
excessivo com per<strong>da</strong> de dimensão vertical, sensibili<strong>da</strong>de e mobili<strong>da</strong>de dentária,<br />
trauma de teci<strong>do</strong>s moles, <strong>do</strong>res de cabeça, sensibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s músculos <strong>da</strong><br />
mastigação, progressão <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal e distúrbios <strong>da</strong> ATM. Este hábito<br />
ain<strong>da</strong> pode estar relaciona<strong>do</strong> a desordens envolven<strong>do</strong> a tuba auditiva, como os<br />
casos de otite média crônica. Os autores concluíram que a forma de tratamento mais<br />
indica<strong>da</strong> depende <strong>do</strong> fator etiológico, bem como <strong>do</strong>s sinais e sintomas apresenta<strong>do</strong>s,<br />
sen<strong>do</strong>, portanto fun<strong>da</strong>mental o diagnóstico correto. Destacaram-se os tratamentos<br />
psicológicos, os medicamentosos, os procedimentos restaura<strong>do</strong>res, o uso de placa<br />
de mordi<strong>da</strong> e o ajuste oclusal, deven<strong>do</strong> ser usa<strong>do</strong>s em conjunto e de preferência de<br />
forma multidisciplinar, envolven<strong>do</strong> profissionais como os Pediatras, O<strong>do</strong>ntopediatras,<br />
Psicólogos e Otorrinolaringologistas.<br />
Herrera et al. (2006) pesquisaram sobre o sono de crianças com<br />
<strong>bruxismo</strong>, a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> refluxo gastro-esofágico nesses pacientes e também a<br />
associação <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> com o comportamento <strong>infantil</strong>. A amostra foi composta por<br />
10 crianças de i<strong>da</strong>des entre 5 e 15 anos que foram atendi<strong>da</strong>s no Hospital St.<br />
Christopher, na Filadélfia. Crianças que apresentavam o diagnóstico de “ranger os<br />
dentes” por 3 vezes ou mais por semana, durante 6 meses, eram convi<strong>da</strong><strong>da</strong>s a<br />
participar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. O teste estatístico utiliza<strong>do</strong> para a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foi o<br />
teste two-tailed (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 31<br />
diagnosticar as alterações comportamentais <strong>do</strong>s pacientes <strong>da</strong> amostra. Os autores<br />
verificaram que apenas <strong>do</strong>is pacientes apresentaram Doença <strong>do</strong> Refluxo Gastro-<br />
esofágico (GERD) e neles os episódios de ranger os dentes não coincidiam com<br />
episódios <strong>da</strong> GERD. Os demais participantes não apresentaram o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Foi observa<strong>do</strong> que os pacientes afeta<strong>do</strong>s apresentavam<br />
de 5 a 6 episódios de <strong>bruxismo</strong> por hora e ca<strong>da</strong> episódio durava em torno de 4<br />
segun<strong>do</strong>s, ocorren<strong>do</strong> mais na fase <strong>do</strong> sono REM. O estu<strong>do</strong> revelou uma modera<strong>da</strong><br />
cor<strong>relação</strong> entre o <strong>bruxismo</strong> e os problemas somáticos e de comportamento <strong>infantil</strong> e<br />
nenhuma cor<strong>relação</strong> entre episódios de <strong>bruxismo</strong> e GERD. Adicionalmente, não foi<br />
verifica<strong>da</strong> nenhuma diferença <strong>do</strong> sono nas crianças com o <strong>bruxismo</strong>, compara<strong>do</strong><br />
com as crianças sem <strong>bruxismo</strong>.<br />
Em 2006, Serra Negra et al. estu<strong>da</strong>ram o relacionamento entre os hábitos<br />
bucais <strong>da</strong>s mães e os hábitos bucais <strong>do</strong>s filhos, observan<strong>do</strong> adicionalmente as<br />
atitudes <strong>da</strong>s famílias perante os hábitos viciosos <strong>do</strong>s filhos. A amostra foi composta<br />
por 208 mães de pacientes trata<strong>do</strong>s na clínica de O<strong>do</strong>ntopediatria e Orto<strong>do</strong>ntia <strong>da</strong><br />
FOUFMG, cujas i<strong>da</strong>des variaram entre 24 e 55 anos de i<strong>da</strong>de. A faixa etária <strong>da</strong>s<br />
crianças variou de 2 a 12 anos de i<strong>da</strong>de. Coletaram-se os <strong>da</strong><strong>do</strong>s por meio de<br />
questionários entregues às mães. No entanto, não houve boa compreensão por<br />
parte <strong>da</strong>s mesmas, optan<strong>do</strong>-se por entrevistá-las pessoalmente, não haven<strong>do</strong><br />
nenhum tipo de pressão e interferência por parte <strong>da</strong>s pesquisa<strong>do</strong>ras. O teste<br />
estatístico utiliza<strong>do</strong> foi o <strong>do</strong> qui-quadra<strong>do</strong>. Observou-se que a chupeta foi o hábito<br />
mais prevalente na infância, tanto <strong>da</strong>s mães como <strong>da</strong>s crianças, e a onicofagia o<br />
hábito atual mais prevalente, nos <strong>do</strong>is grupos. Os hábitos deletérios de morder<br />
objetos, ranger de dentes e <strong>do</strong>rmir com a mão sob o rosto, aparecem na vi<strong>da</strong> atual<br />
<strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s mães e <strong>da</strong>s crianças. Verificou-se que os filhos de mães, que
Revisão <strong>da</strong> literatura 32<br />
utilizaram a chupeta na infância, apresentavam um risco 3,4 vezes maior de também<br />
apresentarem o hábito de sucção de chupeta compara<strong>do</strong> aos filhos de mães que<br />
não apresentaram este hábito. Já, os filhos de mães com hábitos de onicofagia<br />
apresentavam 4 vezes mais chances de apresentarem este costume. Logo, denotou-<br />
se uma associação entre os hábitos bucais <strong>da</strong>s mães e <strong>da</strong>s crianças, haven<strong>do</strong> uma<br />
tendência de repetição destes pelos filhos. A maioria <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s tentou<br />
aconselhar o filho a aban<strong>do</strong>nar o hábito, uma vez que apresentavam certo<br />
conhecimento que os hábitos bucais deletérios trazem prejuízos à conformação <strong>da</strong>s<br />
arca<strong>da</strong>s dentárias.<br />
Cariola, em 2006, objetivou determinar se crianças que apresentavam<br />
<strong>bruxismo</strong> manifestavam problemas emocionais. Analisou-se a personali<strong>da</strong>de de 22<br />
crianças, com diagnóstico o<strong>do</strong>ntológico de <strong>bruxismo</strong>, na faixa etária de 5 anos de<br />
i<strong>da</strong>de completos a 12 anos e 11 meses, de ambos os sexos, to<strong>do</strong>s pacientes <strong>da</strong><br />
Clínica O<strong>do</strong>ntológica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Marília/SP e de uma creche municipal <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de de Nhandeara/SP, por meio <strong>da</strong> Técnica Projetiva Gráfica <strong>do</strong> Desenho <strong>da</strong><br />
Figura Humana (DFH). Os pais assinaram o “termo de consentimento livre”,<br />
permitin<strong>do</strong> a participação de seu filho no estu<strong>do</strong>. Procurou-se avaliar os conflitos<br />
internos e as motivações subjetivas através <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res emocionais infantis. O<br />
desenho tem si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> a técnica mais natural e agradável para refletir o<br />
conteú<strong>do</strong> latente e a psicodinâmica <strong>infantil</strong>. Na fase que as crianças seleciona<strong>da</strong>s se<br />
encontravam, o ato de desenhar é inerente aos interesses <strong>da</strong> criança, o que garantia<br />
a cooperação <strong>do</strong> sujeito na realização <strong>do</strong> teste. O instrumento utiliza<strong>do</strong> foi aplica<strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> a técnica de Koppitz (1966), que elaborou duas escalas de índices gráficos:<br />
os Indica<strong>do</strong>res Maturacionais e os Emocionais. A lista <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>res se deu em:<br />
integração pobre <strong>da</strong>s partes; sombreamento <strong>do</strong> rosto, corpo, membros e <strong>da</strong>s mãos
Revisão <strong>da</strong> literatura 33<br />
e/ou pescoço; assimetria grosseira <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des; figura inclina<strong>da</strong> (15° ou mais)<br />
e/ou pequena (5 cm ou menos) ou grande (23 cm ou mais); transparências; cabeça<br />
pequena; olhos estrábicos; dentes; braços curtos, compri<strong>do</strong>s ou cola<strong>do</strong>s ao corpo;<br />
mãos grandes e/ou corta<strong>da</strong>s; pernas aperta<strong>da</strong>s; genitais; monstro ou figura grotesca;<br />
desenho espontâneo de três ou mais figuras; nuvens/chuva/neve; omissão <strong>do</strong>s<br />
olhos, nariz, boca, corpo, braços, pernas, pés e/ou pescoço. A aplicação <strong>do</strong> DFH foi<br />
realiza<strong>da</strong> individualmente em sala própria para o exame psicológico e a avaliação<br />
<strong>do</strong>s desenhos foi realiza<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is psicólogos. Após a análise, 63,7% <strong>da</strong>s crianças<br />
com <strong>bruxismo</strong> apresentaram uma quanti<strong>da</strong>de de <strong>do</strong>is ou mais indica<strong>do</strong>res,<br />
dificul<strong>da</strong>des emocionais e conflitos latentes (timidez, dificul<strong>da</strong>de de relacionamento<br />
social e insegurança). Outro <strong>da</strong><strong>do</strong> relevante é que o indica<strong>do</strong>r de conflitos latentes<br />
foi encontra<strong>do</strong> nos desenhos de 72,7% <strong>da</strong>s crianças com <strong>bruxismo</strong>, poden<strong>do</strong> ser<br />
considera<strong>do</strong> típico dessa patologia. A ausência <strong>da</strong>s mãos e a omissão <strong>do</strong> nariz<br />
apareceram em 22,7% <strong>da</strong>s crianças e, segun<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, a criança que omite o<br />
nariz pode estar expressan<strong>do</strong> um sentimento de imobili<strong>da</strong>de, falta de defesa e<br />
incapaci<strong>da</strong>de para progredir na direção de seus objetivos. A autora concluiu que a<br />
etiologia <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> ain<strong>da</strong> não está suficientemente defini<strong>da</strong> entre os<br />
pesquisa<strong>do</strong>res e que existe muita controvérsia a esse respeito, visto que este hábito<br />
é multifatorial, sen<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> em diferentes especiali<strong>da</strong>des nas áreas de<br />
O<strong>do</strong>ntologia, Psicologia e Medicina. Entretanto, os fatores psicológicos, de maneira<br />
especial os emocionais, têm si<strong>do</strong> os mais cita<strong>do</strong>s entre os estu<strong>do</strong>s.<br />
Santos et al. (2006) realizaram um estu<strong>do</strong> com a finali<strong>da</strong>de de avaliar a<br />
freqüência <strong>do</strong>s sinais e sintomas <strong>do</strong>s hábitos parafuncionais e as características<br />
oclusais <strong>do</strong> paciente, consideran<strong>do</strong> a <strong>relação</strong> molar, a existência de mordi<strong>da</strong> cruza<strong>da</strong><br />
anterior e posterior, mordi<strong>da</strong> topo a topo, mordi<strong>da</strong> aberta e mordi<strong>da</strong> profun<strong>da</strong>. O
Revisão <strong>da</strong> literatura 34<br />
estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em 80 crianças de 5 a 12 anos de i<strong>da</strong>de, pré-seleciona<strong>da</strong>s para<br />
tratamento ortodôntico e pacientes <strong>da</strong> clínica de Orto<strong>do</strong>ntia Preventiva <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de<br />
de O<strong>do</strong>ntologia de Araçatuba – UNESP. To<strong>da</strong>s as crianças possuíam má oclusão<br />
pre<strong>do</strong>minantemente de origem dentária, de acor<strong>do</strong> com a análise facial e relações<br />
oclusais no senti<strong>do</strong> sagital. O exame clínico constituiu-se de avaliação <strong>da</strong>s<br />
características oclusais <strong>do</strong> paciente e observação <strong>da</strong> presença de hábitos<br />
parafuncionais, submeten<strong>do</strong> as crianças a uma entrevista supervisiona<strong>da</strong> pelos pais.<br />
To<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram registra<strong>do</strong>s em fichas específicas e individuais e os<br />
resulta<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s à análise estatística descritiva. Observou-se que os<br />
hábitos parafuncionais mais prevalentes foram os hábitos de ranger os dentes (35%)<br />
e onicofagia (47,5%). As características oclusais mais prevalentes foram: mordi<strong>da</strong><br />
aberta anterior (56%), mordi<strong>da</strong> cruza<strong>da</strong> posterior (38,7%), segui<strong>da</strong>s de mordi<strong>da</strong><br />
cruza<strong>da</strong> anterior dentária (7,5%), mordi<strong>da</strong> profun<strong>da</strong> (6,2%) e mordi<strong>da</strong> topo a topo<br />
(2,5%). A <strong>relação</strong> sagital de Classe I foi verifica<strong>da</strong> em 62,5% <strong>do</strong>s casos e de Classe<br />
II em 37,5%. O <strong>bruxismo</strong> foi o sinal mais encontra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> com a maioria<br />
<strong>do</strong>s sintomas <strong>do</strong>lorosos <strong>da</strong> DTM, juntamente com o hábito <strong>da</strong> onicofagia que<br />
também foi muito prevalente neste estu<strong>do</strong>. Assim, os autores concluíram que os<br />
hábitos parafuncionais (<strong>bruxismo</strong> e onicofagia) podem ser considera<strong>do</strong>s fatores<br />
causais para o desenvolvimento <strong>da</strong> disfunção temporomandibular.<br />
Galvão, Menezes e Nemr (2006) estu<strong>da</strong>ram os tipos e a freqüência de<br />
hábitos orais deletérios mais encontra<strong>do</strong>s em crianças de 4 a 6 anos de i<strong>da</strong>de,<br />
pertencentes a escolas públicas e particulares, na ci<strong>da</strong>de de Manaus/AM e, também,<br />
comparar a presença destes hábitos entre as crianças <strong>da</strong>s escolas. A amostra foi<br />
composta por 36 crianças de escolas particulares (Grupo A) e 70 de escolas<br />
públicas (Grupo B), de ambos os sexos. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de
Revisão <strong>da</strong> literatura 35<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis, entre os meses de março e<br />
novembro de 2005. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram Qui-quadra<strong>do</strong>, de Fischer<br />
e de Pearson, com nível de significância de 5%. Observaram-se os seguintes<br />
resulta<strong>do</strong>s: com <strong>relação</strong> ao uso de mamadeira, 94,4% pertenciam ao grupo A e 84%<br />
ao grupo B; com <strong>relação</strong> ao uso de chupeta, 52% pertenciam ao grupo A e 63,2%,<br />
ao grupo B. Com <strong>relação</strong> aos hábitos deletérios, 25% que pertenciam ao grupo A<br />
apresentavam o hábito de onicofagia, contra 38,5% pertencentes ao grupo B. Com<br />
<strong>relação</strong> ao <strong>bruxismo</strong>, obteve-se uma <strong>prevalência</strong> de 22% no grupo A e 24,3% no<br />
grupo B. Contu<strong>do</strong>, 12,5% <strong>da</strong>s crianças <strong>do</strong> grupo A apresentaram o hábito por um<br />
perío<strong>do</strong> menor ou igual à 36 meses e 87,5%, por um perío<strong>do</strong> superior a 36 meses.<br />
Já no grupo B, 5,9% apresentaram o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> por um<br />
perío<strong>do</strong> abaixo de 36 meses e 94,1% o mantiveram por tempo maior que 36 meses.<br />
Os autores concluíram que os hábitos orais deletérios mais prevalentes e<br />
significantes foram a mamadeira e a chupeta e que o <strong>bruxismo</strong> e a onicofagia,<br />
mesmo sen<strong>do</strong> prevalentes, não se mostraram significantes entre os grupos.<br />
Petit et al. (2007), em uma pesquisa com crianças na primeira infância,<br />
com i<strong>da</strong>des entre 2 e 6 anos, tiveram como objetivo determinar a <strong>prevalência</strong> de<br />
hábitos parafuncionais, como o <strong>bruxismo</strong>, e distúrbios <strong>do</strong> sono ,como sonambulismo,<br />
pesadelos noturnos e enurese noturna, e associá-los a to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de<br />
uma criança, consideran<strong>do</strong> a <strong>sua</strong> rotina. O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em Quebec, Canadá,<br />
com 2.223 crianças nasci<strong>da</strong>s entre os anos de 1.997 e 1.998, por meio de<br />
questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis. A análise estatística utiliza<strong>da</strong> foi<br />
o teste <strong>do</strong> Qui-quadra<strong>do</strong> para a análise <strong>da</strong> variação <strong>do</strong>s hábitos parafuncionais,<br />
McNemar para a comparação <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des e “t” de Student para a comparação <strong>do</strong>s<br />
grupos. Foram obti<strong>da</strong>s as seguintes <strong>prevalência</strong>s: quanto ao hábito parafuncional,
Revisão <strong>da</strong> literatura 36<br />
45% apresentaram <strong>bruxismo</strong>; quanto aos distúrbios <strong>do</strong> sono, 14,5% apresentaram<br />
sonambulismos, 25% enurese e 39,8% pesadelos noturnos. O pesadelo noturno foi<br />
o distúrbio mais freqüente nas i<strong>da</strong>des entre 2,5 e 3,5 anos. Não foram encontra<strong>da</strong>s<br />
diferenças significantes entre pesadelo noturno, sonambulismo e <strong>bruxismo</strong>. O<br />
<strong>bruxismo</strong> foi o hábito parafuncional mais observa<strong>do</strong> em crianças que <strong>do</strong>rmiam com<br />
os pais, considera<strong>do</strong> um costume muito comum na infância. A <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> diminuiu com o aproximar <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência, sen<strong>do</strong> o oposto entre 2,5 e 6<br />
anos de i<strong>da</strong>de, em que houve uma alta <strong>prevalência</strong>. Verificou-se que o<br />
sonambulismo está mais relaciona<strong>do</strong> com a hiperativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças e os<br />
pesadelos noturnos com o fato <strong>do</strong>s pais terem se separa<strong>do</strong> recentemente. A<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, encontra<strong>da</strong> neste estu<strong>do</strong>, foi bem maior que a relata<strong>da</strong> em<br />
estu<strong>do</strong>s anteriores, ten<strong>do</strong> como causa a ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças em <strong>do</strong>rmirem<br />
sozinhas. Constatou-se também que se o <strong>bruxismo</strong> persistir na fase adulta, está<br />
relaciona<strong>do</strong> à presença <strong>da</strong> criança na cama <strong>do</strong>s pais, no perío<strong>do</strong> noturno.<br />
Velez et al. (2007), em seu estu<strong>do</strong>, compararam a posição natural <strong>da</strong><br />
cabeça e os desgastes dentários em crianças com e sem o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>. To<strong>da</strong>s as crianças seleciona<strong>da</strong>s apresentavam a dentadura decídua<br />
completa e foram classifica<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong> com o nível de ansie<strong>da</strong>de. A amostra,<br />
inicialmente, foi composta por 72 crianças pertencentes a uma clínica <strong>do</strong> serviço<br />
sanitário colombiano e a Universi<strong>da</strong>de de Sabaneta. No entanto, apenas 53 crianças<br />
foram incluí<strong>da</strong>s no estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> 33 com o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> (14<br />
meninas e 19 meninos) e 20 sem o hábito (grupo controle: 9 meninas e 11 meninos).<br />
To<strong>da</strong>s elas apresentavam-se saudáveis e sem má oclusão dentária. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram<br />
coleta<strong>do</strong>s por meio de um questionário sobre antecedentes familiares respondi<strong>do</strong>s<br />
pelos pais/responsáveis. Para a análise <strong>do</strong>s desgastes dentários, foram
Revisão <strong>da</strong> literatura 37<br />
confecciona<strong>do</strong>s modelos dentários que, posteriormente, foram processa<strong>do</strong>s<br />
digitalmente. Houve também uma avaliação radiográfica, com traça<strong>do</strong>s<br />
cefalométricos para a análise <strong>da</strong> posição natural <strong>da</strong> cabeça, nos <strong>do</strong>is grupos<br />
estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s. A ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças foi mensura<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> escala de<br />
avaliação de Conners e os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o t de Student e o de<br />
Mann-Whitney. Os autores relataram que como o sistema de mastigação, garganta e<br />
ombros são conecta<strong>do</strong>s anatomicamente, o <strong>bruxismo</strong> pode afetar to<strong>da</strong>s as<br />
estruturas acima descritas, poden<strong>do</strong> interferir na posição natural <strong>da</strong> cabeça.<br />
Relataram, também, que durante a fase de dentadura decídua as dimensões <strong>do</strong>s<br />
arcos são mais estáveis e se houver mu<strong>da</strong>nças, na postura natural <strong>da</strong> cabeça e <strong>da</strong><br />
coluna cervical, estas podem ser devi<strong>do</strong> a outros fatores que não o <strong>da</strong> oclusão.<br />
Mediante os resulta<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s, a localização <strong>do</strong>s desgastes dentários no grupo<br />
com <strong>bruxismo</strong> estava mais na zona anterior (incisivos) e, para o grupo controle, na<br />
região <strong>do</strong>s molares. A posição natural <strong>da</strong> cabeça nas crianças que apresentavam o<br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> foi significantemente mais para anterior e para<br />
baixo quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> ao grupo controle. As crianças com <strong>bruxismo</strong> também<br />
apresentaram um nível eleva<strong>do</strong> de ansie<strong>da</strong>de. Os autores concluíram que é sempre<br />
importante fazer um diagnóstico multifatorial para estabelecer as causas <strong>do</strong> hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, em ca<strong>da</strong> caso, e determinar a melhor alternativa<br />
terapêutica para ca<strong>da</strong> criança. Concluíram, também, que mais trabalhos são<br />
necessários para compreender se a posição natural <strong>da</strong> cabeça altera<strong>da</strong> é uma<br />
causa ou uma conseqüência <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Perez et al. (2007) objetivaram determinar a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em<br />
uma comuni<strong>da</strong>de mexicana de crianças com síndrome de Down e avaliar a<br />
associação <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> com o tipo <strong>da</strong> trissomia 21 (regular,
Revisão <strong>da</strong> literatura 38<br />
mosaicismo ou translocação), a i<strong>da</strong>de, o sexo e a capaci<strong>da</strong>de intelectual <strong>da</strong> ca<strong>da</strong><br />
criança. A amostra foi composta por 57 crianças entre 3 e 14 anos de i<strong>da</strong>de, sen<strong>do</strong><br />
que as mesmas pertenciam à Fun<strong>da</strong>ção John Lang<strong>do</strong>n. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s<br />
por meio de questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis e de exames<br />
clínicos, acresci<strong>do</strong>s de impressões dentais. O teste estatístico utiliza<strong>do</strong> foi o Qui-<br />
quadra<strong>do</strong>, com grau de significância de p
Revisão <strong>da</strong> literatura 39<br />
com exposição pulpar e de dentina secundária. A análise estatística utiliza<strong>da</strong> foi o<br />
teste <strong>do</strong> Qui-quadra<strong>do</strong>, com nível de significância de 0,05%. Dos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s,<br />
124 crianças apresentaram desgastes nos incisivos anteriores, 278 nos caninos e<br />
145 nos molares. Foi observa<strong>do</strong> mais desgaste nos caninos em to<strong>da</strong> a amostra<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Houve uma <strong>relação</strong> significante entre problemas <strong>do</strong> estômago, presença<br />
de <strong>bruxismo</strong> e desgaste nos incisivos e nos molares, porém houve maior desgaste<br />
nos caninos em crianças que apresentavam o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Os<br />
autores concluíram que poucas etiologias foram investiga<strong>da</strong>s para relacionar o<br />
desgaste dentário neste estu<strong>do</strong>, conseqüentemente, outros fatores devem ser<br />
considera<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s futuros, como por exemplo, a quanti<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
saliva ou a composição <strong>da</strong> dentina.<br />
Merighi et al. (2007) objetivaram verificar a <strong>prevalência</strong> <strong>da</strong> disfunção<br />
temporomandibular em crianças <strong>do</strong> município de Monte Negro/RO e correlacionar<br />
esses acha<strong>do</strong>s com a presença de hábitos orais deletérios. Os hábitos orais<br />
deletérios foram dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos: de hábitos de sucção (de mamadeira,<br />
chupeta e digital) e de mastigação (onicofagia, morder objetos, <strong>bruxismo</strong> e<br />
apertamento dentário). A amostra foi composta por 79 crianças na faixa etária <strong>do</strong>s 6<br />
aos 11 anos de i<strong>da</strong>de, sen<strong>do</strong> 41 meninos e 38 meninas matricula<strong>do</strong>s em escolas <strong>da</strong><br />
zona urbana <strong>do</strong> município. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram obti<strong>do</strong>s por meio de uma entrevista<br />
realiza<strong>da</strong> por uma fonoaudióloga com os pais/responsáveis, em um consultório<br />
particular. A análise estatística utiliza<strong>da</strong> foi o teste Qui-quadra<strong>do</strong> (p
Revisão <strong>da</strong> literatura 40<br />
a <strong>prevalência</strong> de crianças com sintomas de DTM. Os autores puderam concluir que<br />
os resulta<strong>do</strong>s com <strong>relação</strong> ao grupo estu<strong>da</strong><strong>do</strong> de hábitos orais deletérios <strong>da</strong><br />
mastigação, coincide com os altos índices encontra<strong>do</strong>s na literatura em crianças de<br />
4 a 6 anos de i<strong>da</strong>de. Um terço <strong>da</strong> amostra, ou seja, 34% apresentaram sinais de<br />
DTM, não haven<strong>do</strong> associação significativa entre DTM e a presença de hábitos orais<br />
deletérios nesta população.<br />
Barbosa et al. (2008) fizeram uma extensa revisão bibliográfica sobre a<br />
possível <strong>relação</strong> <strong>da</strong> disfunção temporomandibular e o <strong>bruxismo</strong> em crianças e<br />
a<strong>do</strong>lescentes, em um total de 64 registros. Definiu-se o <strong>bruxismo</strong> como um contato<br />
vigoroso involuntário não funcional entre o dente e o plano oclusal, que pode ocorrer<br />
durante o dia e/ou noite. As complicações deste hábito parafuncional relata<strong>da</strong>s<br />
incluem o atrito dentário, <strong>do</strong>res de cabeça e disfunção temporomandibular. A<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> diurno em geral, na população, foi de aproxima<strong>da</strong>mente<br />
20%, enquanto que a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> noturno foi de 8%. Verificou-se que<br />
as queixas de <strong>bruxismo</strong> durante o sono diminuem com o passar <strong>do</strong>s anos (14% nas<br />
crianças, 8% nos adultos e 3% nos pacientes acima de 60 anos de i<strong>da</strong>de). A i<strong>da</strong>de<br />
de início <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em crianças saudáveis é por volta de 1 ano de i<strong>da</strong>de, logo<br />
após a erupção <strong>do</strong>s incisivos decíduos. A <strong>prevalência</strong> relata<strong>da</strong> nas crianças varia<br />
entre 7% e 15,1% afetan<strong>do</strong>, aparentemente, com maior freqüência as meninas. Os<br />
autores relataram que a etiologia <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> é ain<strong>da</strong> muito controversa, com causa<br />
multifatorial. Nas crianças mais novas, o <strong>bruxismo</strong> pode estar relaciona<strong>do</strong> a uma<br />
imaturi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sistema mastigatório e <strong>do</strong> sistema neuromuscular. Denotou-se que o<br />
fator psicológico, como a ansie<strong>da</strong>de, também contribui para o <strong>bruxismo</strong>; no entanto,<br />
o fator oclusal, mesmo considera<strong>do</strong> um fator etiológico, tem si<strong>do</strong> contesta<strong>do</strong> na<br />
literatura, com uma controvérsia considerável sobre a co-<strong>relação</strong> entre o <strong>bruxismo</strong> e
Revisão <strong>da</strong> literatura 41<br />
a má oclusão. Os autores concluíram que o <strong>bruxismo</strong> pode estar associa<strong>do</strong> às<br />
desordens musculares, porém evidências sobre a associação com desordens<br />
articulares não <strong>do</strong>lorosas foram pouco percebi<strong>da</strong>s. Os autores sugeriram que os<br />
estu<strong>do</strong>s devem ser interpreta<strong>do</strong>s com cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, pois o relacionamento entre o<br />
<strong>bruxismo</strong> e a DTM parece ser controverso e obscuro até os dias atuais.<br />
Vendrame et al (2008) objetivaram, em seu estu<strong>do</strong>, caracterizar a <strong>relação</strong><br />
existente entre a <strong>do</strong>r de cabeça, em seus vários níveis, e os distúrbios <strong>do</strong> sono por<br />
meio de polissonografias. A amostra foi composta por 90 crianças que pertenciam a<br />
uma clínica neurológica em Philadelphia e que apresentavam sintomas de <strong>do</strong>r de<br />
cabeça. As i<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s pacientes variavam entre 5 e 19 anos de i<strong>da</strong>de. As crianças<br />
foram dividi<strong>da</strong>s em 4 grupos de acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>da</strong> <strong>do</strong>r de cabeça: enxaqueca, <strong>do</strong>r<br />
de cabeça causa<strong>da</strong> por tensão, <strong>do</strong>r de cabeça crônica e <strong>do</strong>r de cabeça com causa<br />
não específica. A <strong>do</strong>r de cabeça crônica foi diagnostica<strong>da</strong> naqueles pacientes que<br />
reclamavam de <strong>do</strong>r de cabeça por mais de 15 dias por mês e não faziam uso de<br />
medicação. O grupo que apresentava <strong>do</strong>r de cabeça com causa não específica era<br />
constituí<strong>do</strong> por crianças que exibiam <strong>do</strong>r de cabeça ao amanhecer. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram<br />
coleta<strong>do</strong>s por meio de polissonografias realiza<strong>da</strong>s nos pacientes. As análises<br />
estatísticas utiliza<strong>da</strong>s foram o teste <strong>do</strong> Qui-quadra<strong>do</strong> e Kruskal-Wallis (p=0,05). De<br />
532 pacientes avalia<strong>do</strong>s na clínica neurológica por um ano, com queixa de <strong>do</strong>r de<br />
cabeça, 152 apresentavam distúrbios <strong>do</strong> sono. Destes, somente 90 concor<strong>da</strong>ram em<br />
submeter-se a polissonografia. A <strong>prevalência</strong>, de acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s<br />
encontra<strong>do</strong>s, foi de 66,6% de casos afeta<strong>do</strong>s com enxaqueca; 12% com <strong>do</strong>r de<br />
cabeça crônica; 7% com <strong>do</strong>r de cabeça causa<strong>da</strong> pela tensão e 14,5% com <strong>do</strong>r de<br />
cabeça com causa não específica. Verificou-se que as crianças com <strong>do</strong>r de cabeça<br />
crônica tenderam a exibir um tempo de sono total mais curto compara<strong>da</strong>s aos outros
Revisão <strong>da</strong> literatura 42<br />
grupos. Dos pacientes com <strong>do</strong>r de cabeça causa<strong>da</strong> por tensão, 50% manifestaram<br />
<strong>bruxismo</strong>. Logo, os pacientes com <strong>do</strong>r de cabeça por tensão demonstraram ter duas<br />
vezes mais risco para apresentar o <strong>bruxismo</strong> <strong>do</strong> que pacientes com outros tipos de<br />
<strong>do</strong>r de cabeça. Os autores concluíram que existe uma pre<strong>do</strong>minância aumenta<strong>da</strong> de<br />
distúrbios <strong>do</strong> sono em crianças com queixa de <strong>do</strong>r de cabeça.<br />
Gregório et al. (2008) investigaram os sintomas mais freqüentes<br />
encontra<strong>do</strong>s em crianças com diagnóstico poliossonográfico de síndrome <strong>da</strong> apnéia-<br />
hipopnéia obstrutiva <strong>do</strong> sono (SAHOS). Os principais sintomas <strong>da</strong> SAHOS são:<br />
ronco, respiração bucal força<strong>da</strong>, movimentação intensa durante o sono, enurese e<br />
su<strong>do</strong>rese noturna, além de alterações cognitivas e comportamentais com déficit de<br />
atenção e hiperativi<strong>da</strong>de, poden<strong>do</strong> gerar prejuízo <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> e baixo rendimento<br />
escolar. A amostra foi composta por 38 crianças encaminha<strong>da</strong>s ao laboratório <strong>do</strong><br />
sono com suspeita de SAHOS no perío<strong>do</strong> de junho de 2.003 a dezembro de 2.004<br />
na ci<strong>da</strong>de de Salva<strong>do</strong>r, na Bahia, com i<strong>da</strong>des que variavam entre 2 e 15 anos. Os<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de um questionário pré-sono e também com a<br />
obtenção <strong>da</strong> polissonografia. Os responsáveis legais de to<strong>da</strong>s as crianças incluí<strong>da</strong>s<br />
no estu<strong>do</strong> assinaram o termo de consentimento livre e esclareci<strong>do</strong>. Utilizou-se o<br />
teste Qui-quadra<strong>do</strong>, t de Student e de Mann-Whitney, com nível de significância de<br />
5%. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram os seguintes: os pacientes não apnéicos<br />
corresponderam a 7,9%; 42,1% <strong>do</strong>s pacientes apresentaram distúrbio obstrutivo <strong>do</strong><br />
sono de <strong>sua</strong>ve intensi<strong>da</strong>de; o distúrbio modera<strong>do</strong> ocorreu em 28,9% e o grave em<br />
21,1%. O <strong>bruxismo</strong> e a sonolência excessiva ocorreram, respectivamente, em 34,3%<br />
e 29,4% <strong>do</strong>s pacientes. A cefaléia ao acor<strong>da</strong>r esteve presente em 6,7% <strong>da</strong> amostra<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> enquanto a <strong>do</strong>ença <strong>do</strong> refluxo em apenas 3,1%. To<strong>da</strong>s as crianças que<br />
apresentaram distúrbios obstrutivos de sono grave apresentavam queixa de ronco e
Revisão <strong>da</strong> literatura 43<br />
<strong>bruxismo</strong>. Ao analisar a influência <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de sobre a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> SAHOS, observou-<br />
se que to<strong>do</strong>s os casos graves ocorreram em crianças de até 6 anos de i<strong>da</strong>de. Os<br />
autores concluíram que os sintomas mais graves <strong>do</strong> SAHOS coincidem com o pico<br />
<strong>do</strong> crescimento linfóide, ou seja, até 6 anos de i<strong>da</strong>de. Desta forma, a avaliação <strong>do</strong>s<br />
distúrbios <strong>do</strong> sono em crianças que apresentam sintomas como ronco e obstrução<br />
nasal torna-se necessária, visto o impacto negativo que estas alterações podem<br />
exercer no desenvolvimento fisiológico e neurocognitivo durante a primeira infância.<br />
Potaz et al (2008) objetivaram averiguar os hábitos <strong>do</strong> sono, a <strong>prevalência</strong><br />
<strong>do</strong>s distúrbios <strong>do</strong> sono (DS) e a <strong>relação</strong> destes distúrbios com o comportamento de<br />
crianças. A amostra foi composta por 55 crianças de ambos os sexos, com i<strong>da</strong>des<br />
entre 3 e 14 anos. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de questionários respondi<strong>do</strong>s<br />
pelos pais/responsáveis. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s foram o t de Student e o<br />
Qui-quadra<strong>do</strong>, com o grau de significância de 5%. Observaram uma <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong><br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> de 18,1% na amostra total. Não foram encontra<strong>da</strong>s<br />
diferenças significativas entre DS e sexo. Segun<strong>do</strong> a avaliação <strong>do</strong>s pais sobre os<br />
comportamentos de seus filhos, 47,2% <strong>da</strong>s crianças apresentavam problemas de<br />
concentração, 43,6% foram descritas como agita<strong>da</strong>s e 34,5% choravam com<br />
facili<strong>da</strong>de. Da amostra total, 16 crianças eram ronca<strong>do</strong>ras (29% <strong>da</strong> amostra) e<br />
destas, 5 apresentavam sono agita<strong>do</strong>. Já na amostra total, 63,6% <strong>da</strong>s crianças<br />
apresentavam sono agita<strong>do</strong>. A <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> se mostrou maior em<br />
crianças com menores i<strong>da</strong>des. Os autores concluíram que crianças com distúrbios<br />
<strong>do</strong> sono apresentam mais dificul<strong>da</strong>de de concentração, agitação, choro fácil, hábito<br />
de roer unhas, timidez e agressivi<strong>da</strong>de.
Revisão <strong>da</strong> literatura 44<br />
Vila et al. (2008) verificaram, em seu estu<strong>do</strong>, a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong>s distúrbios<br />
<strong>do</strong> sono em uma amostra com TDAH (Transtorno <strong>do</strong> Déficit de Atenção e<br />
Hiperativi<strong>da</strong>de). A amostra foi composta por 887 indivíduos de i<strong>da</strong>des entre 2 e 18<br />
anos, na ci<strong>da</strong>de de Gandía, na Espanha, durante os anos escolares de 2005 e 2006.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de um questionário respondi<strong>do</strong> pelos<br />
pais/responsáveis, distribuí<strong>do</strong> no mês de janeiro de 2006. O questionário continha<br />
18 perguntas dirigi<strong>da</strong>s ao diagnóstico de TDAH. Os testes estatísticos utiliza<strong>do</strong>s<br />
foram o Qui-quadra<strong>do</strong> e o Exato de Fischer, com p
Revisão <strong>da</strong> literatura 45<br />
se que os pesadelos noturnos e a enurese são influencia<strong>do</strong>s pela i<strong>da</strong>de e são mais<br />
comuns em crianças. A sonolência diurna e o distúrbio de “falar <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>” foram<br />
mais freqüentes em meninas. Já o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e também a<br />
enurese foram mais freqüentes em meninos. O <strong>bruxismo</strong> foi observa<strong>do</strong> em 13,3% <strong>do</strong><br />
total <strong>da</strong> amostra, sen<strong>do</strong> 14,8% em crianças menores de <strong>do</strong>ze anos de i<strong>da</strong>de e 11,1%<br />
em crianças entre 12 e 17 anos de i<strong>da</strong>de. Os autores concluíram que os resulta<strong>do</strong>s<br />
foram similares a outros estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s e verificaram a dificul<strong>da</strong>de de se fazer<br />
uma pesquisa padroniza<strong>da</strong>, devi<strong>do</strong> a varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e também a<br />
varie<strong>da</strong>de de questionários utiliza<strong>do</strong>s em ca<strong>da</strong> uma delas.<br />
Mace<strong>do</strong> (2008) publicou uma revisão de literatura intitula<strong>da</strong> “Bruxismo <strong>do</strong><br />
sono - o que há de novo na O<strong>do</strong>ntologia”. A autora pôde observar que o <strong>bruxismo</strong> é<br />
caracteriza<strong>do</strong> pelo ranger ou apertar <strong>do</strong>s dentes durante o sono e que, geralmente,<br />
está associa<strong>do</strong> com os microdespertares que apresentam uma duração de 3 a 15<br />
segun<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong>, em geral. Observou-se que, embora o termo <strong>bruxismo</strong> origine-se <strong>do</strong><br />
grego brychen que significa ranger de dentes, outros nomes têm si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s<br />
como: neurose <strong>do</strong> hábito oclusal, neuralgia traumática, bruxomania, briquismo,<br />
apertamento e parafunção oral. A <strong>prevalência</strong> exata <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na população é<br />
imprecisa e subestima<strong>da</strong>, devi<strong>do</strong> a estu<strong>do</strong>s epidemiológicos basea<strong>do</strong>s em<br />
população e meto<strong>do</strong>logias diferentes. Contu<strong>do</strong>, estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> uma taxa de<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional, em crianças maiores de 11 anos de i<strong>da</strong>de, de<br />
14 a 20%; nos adultos jovens, entre 18 e 19 anos de i<strong>da</strong>de, de 13% e diminuin<strong>do</strong>, ao<br />
longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, para 3% em indivíduos acima de 60 anos de i<strong>da</strong>de. Os estu<strong>do</strong>s<br />
avalia<strong>do</strong>s relataram que não há dimorfismo sexual e vários são os fatores de risco<br />
associa<strong>do</strong>s a este hábito: i<strong>da</strong>de, tabaco, álcool, cafeína, ansie<strong>da</strong>de, estresse,<br />
transtornos psiquiátricos e <strong>do</strong> sono, drogas e disfunção temporomandibular. A
Revisão <strong>da</strong> literatura 46<br />
etiologia ain<strong>da</strong> não está completamente esclareci<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> que nenhum marca<strong>do</strong>r<br />
genético foi encontra<strong>do</strong> para a transmissão desta condição. Várias hipóteses têm<br />
surgi<strong>do</strong> como os fatores morfológicos, psicológicos e modulação de<br />
neurotransmissores. No passa<strong>do</strong>, os fatores morfológicos como as características<br />
oclusais e a anatomia <strong>da</strong>s estruturas ósseas <strong>da</strong> região facial eram considera<strong>da</strong>s as<br />
principais causas <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, porém, estu<strong>do</strong>s com rigor meto<strong>do</strong>lógico não<br />
confirmaram isto. O diagnóstico é basea<strong>do</strong> geralmente nos relatos de “ranger de<br />
dentes” associa<strong>do</strong>s a <strong>do</strong>res ou tensão nos músculos <strong>da</strong> face ao acor<strong>da</strong>r. O desgaste<br />
anormal <strong>do</strong>s dentes e a hipertrofia <strong>do</strong> masseter também são sinais que aju<strong>da</strong>m no<br />
diagnóstico, sen<strong>do</strong> a polissonografia útil como complemento deste diagnóstico. A<br />
autora afirmou que, atualmente, não existe nenhuma estratégia específica, um<br />
tratamento único ou uma cura para o <strong>bruxismo</strong>. Contu<strong>do</strong>, existem várias linhas de<br />
tratamento como: farmacológicos, psicológicos e o<strong>do</strong>ntológicos. Assim, ela concluiu<br />
sobre a necessi<strong>da</strong>de de novos estu<strong>do</strong>s com meto<strong>do</strong>logias específicas e<br />
padroniza<strong>da</strong>s para se testar a efetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s tratamentos <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>do</strong> sono.
3 PROPOSIÇÃO
3 PROPOSIÇÃO<br />
Com base na revisão preliminar <strong>da</strong> Literatura, evidencia-se uma escassez<br />
de trabalhos relaciona<strong>do</strong>s à <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na fase de dentadura decídua<br />
e <strong>sua</strong> possível <strong>relação</strong> com as más oclusões existentes. Deste mo<strong>do</strong>, esta pesquisa<br />
teve como objetivos:<br />
• Avaliar a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na dentadura decídua, em crianças<br />
de 2 anos e 1 mês a 6 anos e 11 meses de i<strong>da</strong>de;<br />
• Analisar a associação entre este hábito parafuncional e a <strong>relação</strong><br />
terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos.<br />
48
4 MATERIAL E MÉTODOS
4 MATERIAL E MÉTODOS<br />
Este estu<strong>do</strong> clínico foi desenvolvi<strong>do</strong> em conformi<strong>da</strong>de com as normas e<br />
os preceitos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela Comissão de Ética em Pesquisa <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo – UNICID, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> sob o protocolo n. 13355774<br />
(Apêndice).<br />
4.1 Material - Seleção <strong>da</strong> amostra<br />
Neste trabalho, foram examina<strong>do</strong>s prontuários clínicos pertencentes ao<br />
banco de <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Departamento de Orto<strong>do</strong>ntia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo – UNICID, referentes a crianças brasileiras, de ambos os sexos, na faixa<br />
etária de 2 anos e 1 mês a 6 anos e 11 meses de i<strong>da</strong>de, matricula<strong>da</strong>s em escolas<br />
municipais de educação <strong>infantil</strong> <strong>da</strong> zona leste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Paulo. A amostra<br />
inicial era de 1011 crianças. No entanto, foram excluí<strong>do</strong>s 74 prontuários por não<br />
atenderem aos critérios de inclusão, restan<strong>do</strong> uma amostra final de 937 crianças<br />
composta por ambos os sexos. A média de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças era de 57,4 meses (4<br />
anos e 8 meses) com desvio padrão de 10,3 meses. A i<strong>da</strong>de mínima era de 25<br />
meses (2 anos e 1 mês) e a máxima de 83 meses (6 anos e 11 meses). A amostra<br />
se balanceou com <strong>relação</strong> ao sexo, pois os meninos compõem 51,1% <strong>da</strong> amostra e<br />
as meninas 48,9% (Gráfico 4.1). A raça pre<strong>do</strong>minante era a feoderma (57,6%),<br />
segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s leucodermas com 35,0%, <strong>do</strong>s melanodermas com 6,8% e <strong>do</strong>s<br />
xantodermas com 0,5% (havia apenas 5 crianças declara<strong>da</strong>s xantodermas) (Gráfico<br />
4.2).<br />
50
%<br />
%<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
51,1<br />
Material e Méto<strong>do</strong>s 51<br />
48,9<br />
Masculino Feminino<br />
sexo<br />
Gráfico 4.1 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> sexo.<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
Leucoderma<br />
35,0<br />
Feoderma<br />
57,6<br />
Melanoderma<br />
cor<br />
6,8<br />
Xantoderma<br />
Gráfico 4.2 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> raça.<br />
4.1.1 Critérios de inclusão<br />
Os prontuários <strong>da</strong>s crianças que foram incluí<strong>do</strong>s nesta amostra<br />
atenderam aos seguintes critérios de inclusão:<br />
1. termos de consentimento assina<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis;<br />
2. questionários total e adequa<strong>da</strong>mente respondi<strong>do</strong>s;<br />
0,5
Material e Méto<strong>do</strong>s 52<br />
3. criança com i<strong>da</strong>de de 2 anos e 1 mês a 6 anos e 11 meses;<br />
4. dentadura decídua completa, sem a presença de dentes<br />
permanentes irrompi<strong>do</strong>s ou em irrupção;<br />
5. ausência de lesões de cárie extensas ou per<strong>da</strong> de estrutura<br />
coronária que comprometessem a oclusão;<br />
6. ausência de per<strong>da</strong>s precoces de dentes decíduos;<br />
7. ausência de qualquer tipo de trauma;<br />
8. ausência de deficiência vi<strong>sua</strong>l e/ou auditiva e/ou mental;<br />
9. ausência de tratamento ortodôntico e/ou fonoaudiológico.<br />
Foram avalia<strong>da</strong>s na época somente crianças presumivelmente saudáveis,<br />
que não apresentaram características sugestivas de fissuras lábios-palatais ou<br />
quaisquer outras anomalias que poderiam contribuir para o estabelecimento de más<br />
oclusões. Durante o preenchimento <strong>do</strong>s questionários, não houve qualquer<br />
interferência <strong>do</strong> examina<strong>do</strong>r.<br />
4.2 Méto<strong>do</strong>s<br />
Mediante a explanação detalha<strong>da</strong> acerca <strong>do</strong>s objetivos e delineamento <strong>do</strong><br />
levantamento de <strong>da</strong><strong>do</strong>s nas escolas, enviou-se, na época, um termo de<br />
consentimento livre e esclareci<strong>do</strong> aos pais/responsáveis, informan<strong>do</strong>-os a respeito<br />
<strong>da</strong> pesquisa, <strong>sua</strong> importância e seus objetivos, juntamente com um questionário<br />
sobre hábitos parafuncionais e outras características relativas à saúde geral <strong>da</strong>s<br />
crianças. Convém salientar que, embora as informações <strong>do</strong>s questionários já
Material e Méto<strong>do</strong>s 53<br />
houvessem si<strong>do</strong> coleta<strong>da</strong>s anteriormente, ain<strong>da</strong> não tinham si<strong>do</strong> avalia<strong>da</strong>s com o<br />
enfoque proposto.<br />
4.2.1 Calibração <strong>do</strong> examina<strong>do</strong>r<br />
Previamente ao início <strong>da</strong> fase de exame clínico, foi realiza<strong>do</strong> um<br />
treinamento para calibração de três examina<strong>do</strong>res. A calibração incluiu o exame de<br />
oclusão em 24 crianças, por duas vezes, com intervalo de 15 dias entre as<br />
avaliações. Esse procedimento foi efetua<strong>do</strong> com pré-escolares <strong>da</strong>s EMEI envolvi<strong>da</strong>s<br />
no estu<strong>do</strong>, em ambiente escolar, para simulação <strong>do</strong> levantamento epidemiológico. A<br />
calibração teve como finali<strong>da</strong>des esclarecer as principais dúvi<strong>da</strong>s em <strong>relação</strong> aos<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s clínicos analisa<strong>do</strong>s e padronizar o méto<strong>do</strong> de avaliação e anotação <strong>da</strong>s<br />
informações referentes a ca<strong>da</strong> indivíduo. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> calibração<br />
foram submeti<strong>do</strong>s à estatística Kappa (K) para análise <strong>da</strong> reprodutibili<strong>da</strong>de. Foi<br />
calcula<strong>do</strong> um índice K superior a 0,81 (K: 0,80-1,00) e um coeficiente de cor<strong>relação</strong><br />
de Pearson (Rs > 0,90) indican<strong>do</strong> ótima concordância intra e inter-examina<strong>do</strong>res<br />
4.2.2 Exame clínico<br />
Somente foram avalia<strong>da</strong>s as crianças que devolveram o termo de<br />
consentimento livre e esclareci<strong>do</strong> com a assinatura <strong>do</strong>s pais/responsáveis, atestan<strong>do</strong><br />
que estavam cientes <strong>do</strong>s procedimentos a serem realiza<strong>do</strong>s e que consentiam a<br />
participação de seus filhos neste projeto.<br />
Para o exame clínico, foram utiliza<strong>do</strong>s: espátulas de madeira<br />
descartáveis, lápis, caneta e fichas clínicas, especialmente elabora<strong>da</strong>s para futuros
Material e Méto<strong>do</strong>s 54<br />
projetos. Os exames clínicos foram realiza<strong>do</strong>s por três dentistas, no próprio<br />
ambiente escolar, com a criança como<strong>da</strong>mente senta<strong>da</strong> e direciona<strong>da</strong> para uma<br />
fonte abun<strong>da</strong>nte de luz artificial. To<strong>do</strong>s os exames foram inicia<strong>do</strong>s pedin<strong>do</strong>-se às<br />
crianças que executassem abertura bucal máxima. Posteriormente, solicitou-se que<br />
ocluíssem em máxima intercuspi<strong>da</strong>ção habitual (MIH), para coleta <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s.<br />
A classificação, <strong>do</strong> relacionamento <strong>da</strong>s superfícies distais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s<br />
molares decíduos, foi feita pelos critérios propostos por Baume (1950) (Fig. 4.4, 4.5<br />
e 4.6):<br />
• plano terminal reto: as superfícies distais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares<br />
decíduos coincidem em um mesmo plano vertical;<br />
Figura 4.4 – Plano terminal reto.<br />
• degrau mesial: A superfície distal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> molar decíduo inferior<br />
localiza-se mais para mesial em <strong>relação</strong> à superfície distal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />
molar decíduo superior;<br />
Figura 4.5 – Degrau mesial.
Material e Méto<strong>do</strong>s 55<br />
• degrau distal: A superfície distal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> molar decíduo inferior<br />
localiza-se mais para distal em <strong>relação</strong> à superfície distal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />
molar decíduo superior.<br />
Figura 4.6 – Degrau distal.<br />
Para classificação <strong>do</strong> trespasse horizontal, a sobressaliência foi dividi<strong>da</strong><br />
em sobressaliência normal (de +1 mm até +2 mm), aumenta<strong>da</strong> (maior que +2 mm),<br />
nula (0) e negativa (-1mm ou mais), respectivamente.<br />
A <strong>relação</strong> caninos decíduos foi também classifica<strong>da</strong> pelo critério proposto<br />
por Baume (1950) em : Classe 1, Classe 2, Classe 3.<br />
4.2.3 Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />
To<strong>da</strong>s as informações retira<strong>da</strong>s <strong>do</strong> banco de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, neste estu<strong>do</strong>, foram<br />
armazena<strong>da</strong>s em um arquivo de <strong>da</strong><strong>do</strong>s com a utilização de Recursos Técnicos<br />
Informatiza<strong>do</strong>s – Plataforma Win<strong>do</strong>ws XP e tabelas <strong>do</strong> programa Excel.<br />
Efetuou-se a análise estatística descritiva, abrangen<strong>do</strong> o cálculo e a<br />
tabulação <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong>s tipos de relacionamento <strong>da</strong>s superfícies distais <strong>do</strong>s<br />
segun<strong>do</strong>s molares decíduos e <strong>sua</strong>s relações com o <strong>bruxismo</strong>. Em uma segun<strong>da</strong>
Material e Méto<strong>do</strong>s 56<br />
etapa, utilizou-se o teste t Student para avaliar se há diferença significativa com<br />
<strong>relação</strong> à média de i<strong>da</strong>de entre os grupos de interesse (com e sem a presença de<br />
ranger <strong>do</strong>s dentes). Para avaliar se há associação entre as variáveis “ranger de<br />
dentes” com as demais (exceto i<strong>da</strong>de), foi aplica<strong>do</strong> o teste Exato de Fisher. No final<br />
foi ajusta<strong>do</strong> um modelo de regressão logística, no qual foi apresenta<strong>do</strong> o “odds ratio”<br />
(OR) ou Razão de Chances. O nível de significância a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi de 5%, ou seja, os<br />
resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s testes só serão estatisticamente significativos se o p-valor<br />
apresenta<strong>do</strong> for menor ou igual a 0,05. Os softwares utiliza<strong>do</strong>s foram o Stata 8.0 e o<br />
Microsoft Excel 2003.
5 RESULTADOS
5 RESULTADOS<br />
Neste capítulo, serão apresenta<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s quantitativos e estatísticos<br />
referentes à distribuição <strong>da</strong>s características <strong>do</strong>s planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s<br />
molares decíduos, <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com o hábito parafuncional <strong>bruxismo</strong> e as outras<br />
variáveis estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s na amostra total avalia<strong>da</strong>. A média de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra total<br />
está representa<strong>da</strong> na tabela 5.1.<br />
Tabela 5.1 – Relação de i<strong>da</strong>de na amostra total.<br />
variável n média desvio padrão mínimo máximo<br />
I<strong>da</strong>de (meses) 937 57,4 10,3 25 83<br />
Com <strong>relação</strong> à <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, 27,3%<br />
<strong>da</strong>s crianças apresentaram o hábito durante a noite e 2,0% durante o dia,<br />
representan<strong>do</strong> um total de 29,3% <strong>da</strong> amostra com o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> (Gráfico 5.1).<br />
%<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
70,7<br />
2,0<br />
27,3<br />
Não Durante o dia Durante a noite<br />
Gráfico 5.1 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> a variável ranger de dentes.<br />
58
(Gráfico 5.2).<br />
Resulta<strong>do</strong>s 59<br />
Do total <strong>da</strong> amostra, 34,9% <strong>da</strong>s crianças apresentaram sono agita<strong>do</strong><br />
%<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
65,1<br />
34,9<br />
Não Sim<br />
Sono agita<strong>do</strong><br />
Gráfico 5.2 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> à variável sono agita<strong>do</strong>.<br />
Com <strong>relação</strong> à presença de <strong>do</strong>r de cabeça, 78,3% não apresentaram <strong>do</strong>r<br />
de cabeça, 14,4% reclamaram de <strong>do</strong>r de cabeça durante o dia, 2,9% durante à noite<br />
e 4,4% às vezes (Gráfico 5.3).<br />
%<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
78,3<br />
14,4<br />
2,9<br />
4,4<br />
Não Durante o dia Durante a noite Às vezes<br />
Dor de cabeça<br />
Gráfico 5.3 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> à variável <strong>do</strong>r de cabeça.
Resulta<strong>do</strong>s 60<br />
Na amostra total, a maioria <strong>da</strong>s crianças (54,5%) apresentou<br />
sobressaliência normal (de +1 mm até +2 mm) e 40,2% sobressaliência aumenta<strong>da</strong><br />
(maior que +2 mm). Apenas 2,4% e 2,9% <strong>da</strong> amostra apresentaram,<br />
respectivamente, sobressaliência nula e mordi<strong>da</strong> cruza<strong>da</strong> anterior (Gráfico 5.4).<br />
%<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
2,4<br />
54,5<br />
40,2<br />
2,9<br />
Nula Normal Aumenta<strong>da</strong> M. C. A.<br />
sobressaliência<br />
Gráfico 5.4 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> a variável sobressaliência.<br />
Sobre a <strong>relação</strong> <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos, tanto para o la<strong>do</strong> direito<br />
(D) quanto para o esquer<strong>do</strong> (E), a <strong>prevalência</strong> foi de 72,1 (D) e 72,2% (E) para o<br />
degrau reto; 15,4% (D) e 17,3% (E) para o degrau mesial; e 12,5% (D) e 10,5% (E),<br />
para o degrau distal (Gráficos 5.5, 5.6). Para avaliar se houve associação entre a<br />
característica <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito com o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, foi aplica<strong>do</strong> o Teste Exato de<br />
Fisher. O p-valor encontra<strong>do</strong> foi menor que 0,001. Observou-se que 90,2% <strong>da</strong>s<br />
crianças que apresentaram degrau reto, 72,2% <strong>da</strong>s crianças que apresentaram<br />
degrau mesial e 73,5% que apresentaram degrau distal <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, também<br />
apresentaram a mesma característica <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito.
%<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
72,1<br />
15,4<br />
Resulta<strong>do</strong>s 61<br />
12,5<br />
Reto Mesial Distal<br />
Gráfico 5.5 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> planos terminais <strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> molar decíduo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito.<br />
%<br />
80,0<br />
70,0<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
72,2<br />
17,3<br />
10,5<br />
Reto Mesial Distal<br />
Gráfico 5.6 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> planos terminais <strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> molar decíduo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>.
Resulta<strong>do</strong>s 62<br />
Tabela 5.2- Distribuição <strong>da</strong> amostra total em numero (n) e porcentagem (%), na <strong>relação</strong> entre la<strong>do</strong>s<br />
direito e esquer<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> os planos terminais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> molar decíduo.<br />
Relação Terminal <strong>do</strong><br />
2º molar decíduo<br />
direito<br />
Relação Terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo -<br />
esquer<strong>do</strong><br />
Reto Mesial Distal<br />
Total<br />
n % n % n % n %<br />
Reto 611 90,2 41 25,3 24 24,5 676 72,1<br />
Mesial 25 3,7 117 72,2 2 2,0 144 15,4<br />
Distal 41 6,1 4 2,5 72 73,5 117 12,5<br />
Total 677 100,0 162 100,0 98 100,0 937 100,0<br />
Em respeito à <strong>relação</strong> <strong>do</strong>s caninos, para os la<strong>do</strong>s direito e esquer<strong>do</strong><br />
respectivamente, pre<strong>do</strong>minou a Classe 1 (49,6% e 52,0%). As percentagens de<br />
Classe 2 foram (45,5% e 42,4%), Classe 3 (4,1% e 5,1%), e Topo a Topo (0,9% e<br />
0,5%) (Gráfico 5.7, 5.8). Aplicou-se o teste Exato de Fisher para avaliar a associação<br />
<strong>da</strong> <strong>relação</strong> <strong>do</strong>s caninos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito com o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>. O p-valor encontra<strong>do</strong> foi<br />
menor que 0,001, o que mostra significância estatística no nível de 5%. Comparou-<br />
se o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> com o direito e observou-se que, <strong>do</strong>s que apresentaram Classe<br />
1 <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, 78,9% também apresentaram <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito. Essa mesmo<br />
<strong>relação</strong> foi observa<strong>da</strong> para a Classe 2 (82,4%), para a Classe 3 (54,2%) e para Topo<br />
a Topo (80,0%).
%<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
49,6<br />
45,5<br />
4,1<br />
0,9<br />
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Topo a Topo<br />
Relação de caninos -dir.<br />
Resulta<strong>do</strong>s 63<br />
Gráfico 5.7 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de caninos <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
direito.<br />
%<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
52,0<br />
42,4<br />
5,1<br />
0,5<br />
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Topo a Topo<br />
Relação de caninos -esq.<br />
Gráfico 5.8 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de caninos <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
esquer<strong>do</strong>.<br />
Tabela 5.3 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%) segun<strong>do</strong> <strong>relação</strong> de<br />
caninos entre os la<strong>do</strong>s direito e esquer<strong>do</strong>.<br />
Relação<br />
canino<br />
direito<br />
Relação canino esquer<strong>do</strong><br />
Classe I Classe II Classe III<br />
Topo a<br />
Topo<br />
Total<br />
n % n % n % n % n %<br />
Classe I 384 78,9 64 16,1 16 33,3 1 20,0 465 49,63<br />
Classe II 94 19,3 327 82,4 5 10,4 0 0,0 426 45,46<br />
Classe III 7 1,4 5 1,3 26 54,2 0 0,0 38 4,06<br />
Topo a<br />
Topo<br />
2 0,4 1 0,2 1 2,1 4 80,0 8 0,85<br />
Total 487 100,0 397 100,0 48 100,0 5 100,0 937 100,0
Resulta<strong>do</strong>s 64<br />
5.1 Associação entre o <strong>bruxismo</strong> e as demais características avalia<strong>da</strong>s.<br />
Tabela 5.4 – Teste Exato de Fisher –<br />
Ranger de dentes x variáveis.<br />
Comparações p-valor<br />
Sexo 0, 071<br />
Cor 0, 387<br />
Sobressaliência 0, 376<br />
Molar direito 0, 595<br />
Molar esquer<strong>do</strong> 0, 052<br />
Canino direito 0, 602<br />
Canino esquer<strong>do</strong> 0, 703<br />
Sono agita<strong>do</strong> 0, 000<br />
Dor de cabeça 0, 003<br />
A associação entre a i<strong>da</strong>de e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> foi<br />
dividi<strong>da</strong> em <strong>do</strong>is grupos: crianças que apresentaram o hábito independente <strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong> e as que não apresentaram o hábito. Foi aplica<strong>do</strong> o teste t de Student para<br />
avaliar se houve diferença na média de i<strong>da</strong>de entre os <strong>do</strong>is grupos. O p-valor<br />
encontra<strong>do</strong> foi de 0,2895 (> 0,05). Portanto, não há diferença estatística significante,<br />
ao nível de 5%, na média de i<strong>da</strong>de entre as crianças que apresentaram o hábito de<br />
ranger dentes e as que não apresentaram o hábito. A média de i<strong>da</strong>de para os <strong>do</strong>is<br />
grupos foi de 57,9 e 57,2 meses, respectivamente (desvio padrão 10,3 e 10,3<br />
meses) (tabela 5.5).
Resulta<strong>do</strong>s 65<br />
Tabela 5.5 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total para a <strong>relação</strong> entre a i<strong>da</strong>de e o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
I<strong>da</strong>de ( meses)<br />
dentes n média desvio padrão mínimo máximo<br />
Não 662 57,2 10,3 25 83<br />
Sim 275 57,9 10,3 22 83<br />
As tabelas, a seguir, apresentam a <strong>relação</strong> de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s<br />
características pesquisa<strong>da</strong>s com o <strong>bruxismo</strong>. O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste Exato de Fisher é<br />
mostra<strong>do</strong> na Tabela 5.4. Só houve associação significativa com o <strong>bruxismo</strong>, ao nível<br />
de 5%, as variáveis sono agita<strong>do</strong> (Tabela 5.13) e <strong>do</strong>r de cabeça (Tabela 5.14). As<br />
crianças que apresentaram sono agita<strong>do</strong> – 38,8% - apresentavam o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> durante a noite e 4,0% durante o dia, enquanto entre as<br />
que não apresentaram sono agita<strong>do</strong> esses percentuais foram 21,1% e 1,0%,<br />
respectivamente. Das crianças que não apresentaram <strong>do</strong>r de cabeça, 1,6%<br />
apresentavam o hábito de ranger os dentes durante o dia e 24,6% durante a noite.<br />
Das crianças que apresentaram <strong>do</strong>r de cabeça durante o dia, 4,4% apresentavam o<br />
<strong>bruxismo</strong> durante o dia e 35,6% durante a noite. Para o grupo de crianças que<br />
reclamaram de <strong>do</strong>r de cabeça apenas durante a noite, esses percentuais foram 0% e<br />
48,1% e para o grupo de crianças que reclamaram <strong>do</strong>r de cabeça de vez em<br />
quan<strong>do</strong>, sem um horário estabeleci<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s foram 2,4% durante o dia e<br />
34,2% no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> noite.
Tabela 5.6 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%) para<br />
a <strong>relação</strong> entre o sexo e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Sexo<br />
Masculino Feminino<br />
n % n %<br />
Não 325 67,8 337 73,6<br />
Durante o dia 8 1,7 11 2,4<br />
Durante a noite 146 30,5 110 24,0<br />
Total 479 100,0 458 100,0<br />
*p.valor = 0,071 p > 0,05<br />
Resulta<strong>do</strong>s 66<br />
Tabela 5.7 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%) para a <strong>relação</strong> entre a<br />
raça e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Cor<br />
Branco Par<strong>do</strong> Negro Amarelo<br />
n % n % n % n %<br />
Não 241 73,5 375 69,4 42 65,6 4 80,0<br />
Durante o dia 4 1,2 15 2,8 0 0,0 0 0,0<br />
Durante a noite 83 25,3 150 27,8 22 34,4 1 20,0<br />
Total 328 100,0 540 100,0 64 100,0 5 100,0<br />
* p.valor = 0, 387 p > 0,05<br />
Tabela 5.8- Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%) para a <strong>relação</strong><br />
entre a variável sobressaliência e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Sobressaliência<br />
Nula Normal Aumenta<strong>da</strong> M. C. A.<br />
n % n % n % n %<br />
Não 16 72,7 376 73,6 251 66,6 19 70,4<br />
Durante o dia 0 0,0 9 1,8 10 2,6 0 0,0<br />
Durante a noite 6 27,3 126 24,6 116 30,8 8 29,6<br />
Total 22 100,0 511 100,0 377 100,0 27 100,0<br />
* p.valor = 0, 376 p > 0,05
Resulta<strong>do</strong>s 67<br />
Tabela 5.9 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%) para a<br />
<strong>relação</strong> entre a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo esquer<strong>do</strong> e o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Relação terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo - direito<br />
Reto Mesial Distal<br />
n % n % n %<br />
Não 472 69,8 107 74,3 83 70,9<br />
Durante o dia 17 2,5 1 0,7 1 0,9<br />
Durante a noite 187 27,7 36 25,0 33 28,2<br />
Total 676 100,0 144 100,0 117 100,0<br />
* p.valor = 0, 595 p > 0,05<br />
Tabela 5.10 - Distribuição <strong>da</strong> amostra em número (n) e porcentagem (%) para a <strong>relação</strong><br />
entre a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo direito e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Relação terminal <strong>do</strong> 2º molar decíduo - esquer<strong>do</strong><br />
Reto Mesial Distal<br />
n % n % n %<br />
Não 464 68,5 126 77,8 72 73,5<br />
Durante o dia 18 2,7 0 0,0 1 1,0<br />
Durante a noite 195 28,8 36 22,2 25 25,5<br />
Total 677 100,0 162 100,0 98 100,0<br />
* p.valor = 0, 052 p > 0,05<br />
Tabela 5.11 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%) para a<br />
<strong>relação</strong> <strong>do</strong>s caninos decíduos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Relação <strong>do</strong>s caninos - direito<br />
Classe I Classe II Classe III Topo a Topo<br />
n % n % n % n %<br />
Não 332 71,4 294 69,0 28 73,7 8 100,0<br />
Durante o dia 8 1,7 10 2,4 1 2,6 0 0,0<br />
Durante a noite 125 26,9 122 28,6 9 23,7 0 0,0<br />
Total 465 100,0 426 100,0 38 100,0 8 100,0<br />
* p.valor = 0, 602 p > 0,05
Resulta<strong>do</strong>s 68<br />
Tabela 5.12 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%) para a <strong>relação</strong><br />
<strong>do</strong>s caninos decíduos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Relação <strong>do</strong>s caninos - esquer<strong>do</strong><br />
Classe I Classe II Classe III Topo a Topo<br />
n % n % n % n %<br />
Não 349 71,7 272 68,5 36 75,0 5 100,0<br />
Durante o dia 10 2,1 9 2,3 0 0,0 0 0,0<br />
Durante a noite 128 26,2 116 29,2 12 25,0 0 0,0<br />
Total 487 100,0 397 100,0 48 100,0 5 100,0<br />
* p.valor = 0, 703 p > 0,05<br />
Tabela 5.13 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%) para<br />
a <strong>relação</strong> entre o sono agita<strong>do</strong> e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Sono agita<strong>do</strong><br />
Não Sim<br />
n % n %<br />
Não 475 77,9 187 57,2<br />
Durante o dia 6 1,0 13 4,0<br />
Durante a noite 129 21,1 127 38,8<br />
Total 610 100,0 327 100,0<br />
* p. valor = 0,000 p < 0,05<br />
Tabela 5.14 - Distribuição <strong>da</strong> amostra total em número (n) e porcentagem (%) para a<br />
<strong>relação</strong> entre a <strong>do</strong>r de cabeça e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
Range os<br />
dentes<br />
Não<br />
Dor de cabeça<br />
Durante o<br />
dia<br />
Durante a<br />
noite<br />
Às vezes<br />
n % n % n % n %<br />
Não 540 73,8 81 60,0 14 51,9 26 63,4<br />
Durante o dia 12 1,6 6 4,4 0 0,0 1 2,4<br />
Durante a noite 180 24,6 48 35,6 13 48,1 14 34,2<br />
Total 732 100,0 135 100,0 27 100,0 41 100,0<br />
* p.valor = 0,003 p < 0,05
Resulta<strong>do</strong>s 69<br />
A Tabela 5.14 apresenta 935 no total de crianças, pois duas crianças não<br />
especificaram em seu questionário o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>r de cabeça, apenas constan<strong>do</strong><br />
que apresentaram <strong>do</strong>r de cabeça.<br />
A Tabela 5.15 apresenta o modelo de regressão logística para a<br />
característica “ranger de dentes”. A partir <strong>do</strong> modelo ajusta<strong>do</strong>, observou-se que a<br />
odds ratio (OR) para a característica sono agita<strong>do</strong> é 2,4 vezes, ou seja, crianças com<br />
sono agita<strong>do</strong> apresentam 2,4 vezes mais chances de apresentarem <strong>bruxismo</strong>,<br />
compara<strong>da</strong>s às crianças que não apresentaram sono agito. Com <strong>relação</strong> à <strong>do</strong>r de<br />
cabeça, as crianças que reclamaram de <strong>do</strong>r de cabeça apresentaram 1,6 mais<br />
chances de terem o hábito de ranger os dentes, compara<strong>da</strong>s às crianças que não<br />
apresentaram quadros de <strong>do</strong>r de cabeça.<br />
Tabela 5.15 – Modelo de regressão logística múltipla multivaria<strong>da</strong> para a associação <strong>do</strong> hábito<br />
parafuncional <strong>bruxismo</strong> e to<strong>da</strong>s as co-variáveis estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Característica<br />
Sono agita<strong>do</strong><br />
Ranger de Dentes<br />
sim não<br />
n % n %<br />
sim 140 50,9 187 28,2<br />
OR p-valor IC 95%<br />
não 135 49,1 475 71,8 2,4 0,000 1,8 ; 3,3<br />
sim 83 30,2 122 18,4<br />
Dor de cabeça não 192 69,8 540 81,6 1,6 0,006 1,1 ; 2,2
Discussão 70<br />
6 DISCUSSÃO
6 DISCUSSÃO<br />
Discussão 71<br />
Dividiu-se este capítulo em tópicos, nos quais se discorrerá sobre: a<br />
importância <strong>do</strong> tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong>, aspectos <strong>da</strong> amostra e meto<strong>do</strong>logia, interpretação e<br />
discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e considerações finais.<br />
6.1 Considerações sobre o tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong><br />
Considera-se <strong>bruxismo</strong> uma ativi<strong>da</strong>de parafuncional <strong>do</strong> sistema<br />
mastigatório de origem multifatorial (PAVARINA; BUSSADORI; ALENCAR JR., 1999;<br />
PIZZOL et al., 2006; RODRIGUES et al., 2006; RIOS et al., 2007). Geralmente, esta<br />
ativi<strong>da</strong>de parafuncional está associa<strong>da</strong> com despertares noturnos curtos, com<br />
duração de 3 a 15 segun<strong>do</strong>s (MACEDO, 2008; HERRERA et al., 2006). Muitas<br />
controvérsias existem na literatura, quan<strong>do</strong> se refere aos fatores etiológicos que<br />
predispõem a este hábito (BARBOSA et al., 2008), sen<strong>do</strong> os fatores sociais,<br />
sistêmicos, hereditários, psicológicos, locais e fisiológicos (ANTONIO; PIERRO;<br />
MAIA, 2006; PIZZOL et al.; 2006; MACEDO, 2008).<br />
Entre os fatores etiológicos existentes, observa-se o fator social quan<strong>do</strong><br />
relacionamos o <strong>bruxismo</strong> com a cultura de um local. Vários autores sugerem que a<br />
<strong>prevalência</strong> deste hábito varia de acor<strong>do</strong> com o local <strong>da</strong> amostra pesquisa<strong>da</strong> e com<br />
os hábitos existentes no cotidiano de uma família (ÂNGELES et al., 2000; NG et al.,<br />
2005; LIU et al., 2005a).<br />
O fator sistêmico abrange síndromes e algumas <strong>do</strong>enças sistêmicas <strong>do</strong>
Discussão 72<br />
organismo, como rinite alérgica, asma, hipertrofia de amíg<strong>da</strong>la e adenóide, sen<strong>do</strong><br />
bastante pesquisa<strong>da</strong>s e associa<strong>da</strong>s ao <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> (MANZANO; SALAZAR;<br />
MANZANO, 1999; PAVARINA; BUSSADORI; ALENCAR JR., 1999; PEREZ et<br />
al.,2007). Shinkai et al. (1998) citaram em seu trabalho que uma criança ficou livre<br />
<strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> imediatamente após a cirurgia de desobstrução<br />
<strong>da</strong>s vias aéreas superiores. Já Francesco et al. (2004) concluíram que o <strong>bruxismo</strong> se<br />
relaciona com a apnéia <strong>do</strong> sono, sen<strong>do</strong> muito prevalente em crianças com<br />
hiperplasia de adenóide e amíg<strong>da</strong>la. Vale lembrar que Manzano, Salazar e Manzano<br />
(1999) e Perez et al. (2007) pesquisaram crianças com Síndrome de Down,<br />
concluin<strong>do</strong> que existe uma <strong>relação</strong> significante entre esta síndrome e o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Este resulta<strong>do</strong> está de acor<strong>do</strong> com Pavarina, Bussa<strong>do</strong>ri e<br />
Alencar Jr. (1999), relatan<strong>do</strong> em <strong>sua</strong> revisão bibliográfica, que crianças com<br />
síndrome de Down e retar<strong>do</strong>s mentais possuem maior índice de <strong>bruxismo</strong> que<br />
indivíduos sem estas características especiais.<br />
A <strong>relação</strong> <strong>do</strong> fator hereditário com o <strong>bruxismo</strong> foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Lindqvist,<br />
em 1974, que por meio de <strong>sua</strong> pesquisa em 117 pares de gêmeos homozigotos e<br />
heterozigotos, mostrou a importância <strong>da</strong> hereditarie<strong>da</strong>de para o desenvolvimento <strong>do</strong><br />
hábito. Relatou-se uma <strong>prevalência</strong> mais eleva<strong>da</strong> de desgastes <strong>da</strong>s facetas<br />
dentárias intrapares <strong>do</strong>s gêmeos homozigotos, o que indicou que a herança genética<br />
pode influenciar nos movimentos mastigatórios e, em conseqüência, na <strong>prevalência</strong><br />
<strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Contrariamente a isto, Mace<strong>do</strong> (2008) afirmou<br />
em <strong>sua</strong> revisão bibliográfica que nenhum marca<strong>do</strong>r genético foi encontra<strong>do</strong> para a<br />
transmissão desse hábito.
Discussão 73<br />
Considera-se o fator psicológico o fator mais determinante na <strong>prevalência</strong><br />
<strong>do</strong> hábito <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. A associação entre o stress e a ansie<strong>da</strong>de é extremamente<br />
referencia<strong>da</strong> na literatura, de acor<strong>do</strong> com vários autores (SHINKAI et al., 1998;<br />
PAVARINA; BUSSADORI; ALENCAR JR., 1999; NG et al.,2005; BHARTI; MALHI;<br />
KASHYAP, 2005; ANTONIO; PIERRO; MAIA, 2006; PETIT et al., 2007). É muito<br />
enfatiza<strong>do</strong> que o <strong>bruxismo</strong> está relaciona<strong>do</strong> com a frustração, ansie<strong>da</strong>de, raiva e que<br />
estes, quan<strong>do</strong> interagi<strong>do</strong> com o estresse, promovem um aumento <strong>do</strong> tônus muscular<br />
em to<strong>do</strong>s os músculos voluntários, poden<strong>do</strong> causar este hábito parafuncional<br />
(PAVARINA; BUSSADORI; ALENCAR JR., 1999). Cariola, em 2006, realizou uma<br />
pesquisa com 22 crianças bruxômonas, de 5 anos de i<strong>da</strong>de, com o objetivo de<br />
observar se as mesmas apresentavam problemas emocionais. Por meio de análises<br />
de desenhos, a autora pode concluir que em 72,7% <strong>do</strong>s casos, os desenhos <strong>da</strong>s<br />
crianças indicavam conflitos latentes. Concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com este ponto de vista,<br />
Vanderas et al. (1999) demonstraram, por meio de uma interessante investigação,<br />
que a epinefrina e a <strong>do</strong>pamina apresentam uma forte cor<strong>relação</strong> com o hábito <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>, confirman<strong>do</strong> assim que o fator emocional e o stress são fatores<br />
proeminentes de desenvolvimento <strong>do</strong> mesmo. Restrepo et al. (2001) sugeriram duas<br />
técnicas psicológicas para o tratamento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> – capaci<strong>da</strong>de de reação e<br />
relaxamento muscular –, sen<strong>do</strong> as duas bastante efetivas na redução <strong>do</strong>s sinais de<br />
<strong>bruxismo</strong>, em crianças na fase de dentadura decídua. De acor<strong>do</strong> com vários autores,<br />
o fator emocional também pode ser expresso pelo hábito de crianças <strong>do</strong>rmirem<br />
juntos aos pais, (MENDES; FERNANDES; GARCIA, 2004; BHARTI; MALHI;<br />
KASHYAP, 2005), pelas crianças com stress (LIU et al., 2005b) e pelas crianças<br />
ansiosas (PETIT et al.,2007; FUKUMIZIU et al., 2005; SERRA-NEGRA, 2006).
Discussão 74<br />
Quanto ao fator etiológico local, existem controvérsias entre os<br />
pesquisa<strong>do</strong>res. As más oclusões já foram considera<strong>da</strong>s fatores principais para o<br />
estabelecimento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> (PAVARINA; BUSSADORI; ALENCAR JR., 1999).<br />
Contu<strong>do</strong>, nos dias atuais, sabe-se que as más oclusões têm um papel coadjuvante,<br />
sen<strong>do</strong> o fator psicológico já cita<strong>do</strong>, bem mais influente (PAVARINA; BUSSADORI;<br />
ALENCAR JR.,1999; SHINKAI et al., 1998; NG et al., 2005; ANTONIO; PIERRO;<br />
MAIA, 2006; PETIT et al., 2007). Vanderas e Manetas (1995), em uma extensa<br />
revisão, afirmaram que as más oclusões não aumentam a probabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
aparecimento <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e que o tratamento precoce <strong>da</strong>s<br />
más oclusões para a prevenção <strong>do</strong> mesmo não se justifica cientificamente. Estes<br />
resulta<strong>do</strong>s também estão de acor<strong>do</strong> com Jaime (2004) e Santos et al. (2006).<br />
Com <strong>relação</strong> ao fator fisiológico, Liu et al., (2005b), afirmaram que a<br />
<strong>prevalência</strong> de <strong>bruxismo</strong> em crianças de 3 a 10 anos de i<strong>da</strong>de pode estar<br />
relaciona<strong>da</strong> com a fase <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> dentição permanente e, segun<strong>do</strong><br />
Antonio, Pierro e Maia, em 2006, com a imaturi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sistema mastigatório<br />
neuromuscular. O distúrbio <strong>do</strong> sono, fenômeno que ocorre exclusivamente durante o<br />
sono, também é considera<strong>do</strong> um fator etiológico <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong><br />
O hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, ocorri<strong>do</strong> em diversas i<strong>da</strong>des, pode<br />
causar vários <strong>da</strong>nos ao sistema estomatognático como os desgastes dentários, as<br />
disfunções temporomandibulares, o posicionamento de cabeça e as cefaléias<br />
(PIZZOL et al., 2006; RODRIGUES et al., 2006).<br />
Os desgastes dentários são um importante sinal <strong>do</strong> hábito parafuncional<br />
<strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, porém eles também podem indicar outras patologias pré-existentes.<br />
Rios et al, em 2007, objetivaram na <strong>sua</strong> pesquisa avaliar a <strong>prevalência</strong> de fatores
Discussão 75<br />
etiológicos envolvi<strong>do</strong>s nos desgastes de dentes decíduos, em 356 crianças,<br />
atendi<strong>da</strong>s na FOB-USP. Os autores concluíram que houve uma <strong>relação</strong> significante<br />
entre problemas <strong>do</strong> estômago, presença de <strong>bruxismo</strong> e desgastes dentários nos<br />
incisivos e nos molares, porém o desgaste na região de caninos foi mais prevalente<br />
em crianças com o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Ângeles et al., (2000)<br />
encontraram uma <strong>prevalência</strong> de 46% de desgastes dentários posteriores em<br />
pacientes com problemas neurológicos e com <strong>bruxismo</strong>.<br />
Na literatura existente, há controvérsias quanto à <strong>relação</strong> entre as<br />
disfunções temporomandibulares e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> (SANTOS et<br />
al., 2006; TOSATO; CARIOLA, 2006). Ruela et al., em 2001, investigaram a<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em 277 pacientes com sintomatologia de disfunção<br />
temporomandibular. Foi observa<strong>da</strong> uma alta <strong>prevalência</strong> (42,86%) em pacientes<br />
masculinos, com i<strong>da</strong>de até 18 anos. Quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> à sintomatologia <strong>do</strong>lorosa,<br />
esta <strong>prevalência</strong> aumentou para 57,14%, mostran<strong>do</strong> assim uma grande <strong>relação</strong><br />
entre o <strong>bruxismo</strong> e as DTM. Do mesmo mo<strong>do</strong>, Santos et al., em 2006, avaliaram<br />
sinais e sintomas <strong>da</strong> DTM em crianças e concluíram que o sinal e o sintoma mais<br />
freqüentes foram o <strong>bruxismo</strong> e as <strong>do</strong>res de cabeça. Em contraparti<strong>da</strong>, Cirano,<br />
Rodrigues e Oliveira (2000), avalian<strong>do</strong> a <strong>prevalência</strong> de sintomas e fatores<br />
predisponentes à disfunção <strong>da</strong> ATM em 180 crianças, de 4 a 7 anos de i<strong>da</strong>de,<br />
afirmaram que não houve cor<strong>relação</strong> entre qualquer fator predisponente e a<br />
<strong>prevalência</strong> de DTM. Com o mesmo ponto de vista, Merighi et al. (2007) concluíram<br />
que não houve associação significativa entre DTM e a presença de hábitos orais<br />
deletérios na população estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com os <strong>do</strong>is últimos autores<br />
cita<strong>do</strong>s, Barbosa et al., em 2008, concluíram em uma revisão bibliográfica que o<br />
<strong>bruxismo</strong> pode estar associa<strong>do</strong> às desordens musculares, porém foram denota<strong>da</strong>s
Discussão 76<br />
poucas evidências sobre a associação com desordens articulares não <strong>do</strong>lorosas.<br />
Eles sugeriram que os estu<strong>do</strong>s devem ser interpreta<strong>do</strong>s com cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, pois o<br />
relacionamento entre o <strong>bruxismo</strong> e a DTM parece ain<strong>da</strong> controverso e obscuro até<br />
os dias atuais.<br />
Outra conseqüência recentemente estu<strong>da</strong><strong>da</strong> foi à <strong>relação</strong> <strong>da</strong> posição<br />
natural <strong>da</strong> cabeça com o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Vélez et al., no ano de<br />
2007, relataram que o <strong>bruxismo</strong> interfere na posição natural <strong>da</strong> cabeça, por estar<br />
relaciona<strong>do</strong> às estruturas <strong>do</strong> sistema de mastigação, incluin<strong>do</strong> músculos <strong>do</strong> pescoço<br />
e ombros, sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s conecta<strong>do</strong>s anatomicamente. Os autores observaram, em 72<br />
crianças, que durante a fase <strong>da</strong> dentadura decídua as dimensões <strong>do</strong>s arcos são<br />
mais estáveis, caracterizan<strong>do</strong> uma estabilização <strong>da</strong> oclusão nesta fase. Portanto, se<br />
houver mu<strong>da</strong>nças na postura natural <strong>da</strong> cabeça e <strong>da</strong> coluna cervical, estas podem<br />
ser devi<strong>do</strong> a outros fatores que não o <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> oclusão. Os<br />
pesquisa<strong>do</strong>res encontraram uma <strong>relação</strong> significante entre a posição <strong>da</strong> cabeça para<br />
anterior e inferior e o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>.<br />
As <strong>do</strong>res de cabeça também são cita<strong>da</strong>s como conseqüências <strong>do</strong> hábito<br />
<strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>. Gorayeb e Gorayeb (2002) e Vemdrame et al. (2008) mostraram<br />
claramente esta associação em seus trabalhos, concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> atual<br />
pesquisa, que serão explana<strong>do</strong>s posteriormente.<br />
6.2 Aspectos <strong>da</strong> amostra e meto<strong>do</strong>logia<br />
Ten<strong>do</strong> em vista os aspectos comenta<strong>do</strong>s anteriormente, o atual estu<strong>do</strong> se<br />
propôs avaliar a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com
Discussão 77<br />
os planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos. Para isto, foram avalia<strong>da</strong>s 937<br />
crianças, com a dentadura decídua completa, sen<strong>do</strong> o número de componentes <strong>da</strong><br />
amostra considera<strong>do</strong> expressivo em <strong>relação</strong> a outros trabalhos na mesma linha de<br />
pesquisa, geran<strong>do</strong> maior credibili<strong>da</strong>de e confiabili<strong>da</strong>de aos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> atual<br />
estu<strong>do</strong> (GORAYEB; GORAYEB, 2002; CONVERTINI et al., 2003; JAIME, 2004;<br />
MENDES; FERNANDES; GARCIA, 2004).<br />
Os méto<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s para a coleta e a análise <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s seguiram<br />
um padrão semelhante aos critérios utiliza<strong>do</strong>s por outros pesquisa<strong>do</strong>res,<br />
relacionan<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong> com o fator local (SANTOS et al., 2006; JAIME, 2004;<br />
SHINKAI et al.,1998; VANDERAS; MANETAS, 1995). No entanto, a maioria <strong>do</strong>s<br />
trabalhos não relacionou estatisticamente a presença <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> com os planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos (MANZANO;<br />
SALAZAR; MANZANO, 1999; BHARTI; MALHI; KASHYAP, 2005; LIU et al., 2005a;<br />
VENDRAME et al., 2008). Nesta pesquisa, além de se relacionar o hábito <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> com os planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos, também se<br />
avaliou a <strong>relação</strong> deste hábito com a i<strong>da</strong>de, cor, sexo, <strong>relação</strong> de caninos, sono<br />
agita<strong>do</strong> e <strong>do</strong>r de cabeça.<br />
A utilização de prontuários clínicos, envolven<strong>do</strong> os exames clínicos, bem<br />
como, questionários respondi<strong>do</strong>s pelos pais/responsáveis, estão de acor<strong>do</strong> com a<br />
meto<strong>do</strong>logia encontra<strong>da</strong> na literatura para a avaliação <strong>da</strong> <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e <strong>sua</strong> <strong>relação</strong> com os fatores etiológicos. Para este<br />
trabalho, os prontuários avalia<strong>do</strong>s são pertencentes ao banco de <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Disciplina<br />
de Orto<strong>do</strong>ntia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Ci<strong>da</strong>de de São Paulo – UNICID.
6.3 Interpretação e discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
Discussão 78<br />
É sabi<strong>do</strong> que a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na<br />
dentadura decídua tem si<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong>s epidemiológicos mais recentes.<br />
Contu<strong>do</strong>, a falta de uniformi<strong>da</strong>de e padronização <strong>do</strong>s critérios para a avaliação <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong> tem resulta<strong>do</strong> em uma grande variação de <strong>sua</strong> <strong>prevalência</strong><br />
(SHINKAI et al., 1998; PIZZOL et al., 2006; RODRIGUES et al., 2006). De acor<strong>do</strong><br />
com alguns estu<strong>do</strong>s, a i<strong>da</strong>de em que este hábito se inicia, em crianças saudáveis, é<br />
por volta <strong>do</strong> primeiro ano de vi<strong>da</strong>, logo após a erupção <strong>do</strong>s incisivos decíduos<br />
(BARBOSA et al., 2008). Segun<strong>do</strong> Shinkai et al.(1998), a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> em crianças varia de 5 a 81% e, segun<strong>do</strong> Vanderas e Manetas (1995), de<br />
7 a 15%.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nesta pesquisa evidenciaram uma <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong><br />
hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na amostra total de 29,3%, sen<strong>do</strong> 2% com o hábito<br />
diurno e 27,3% com o noturno. Assim, os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho foram similares<br />
aos verifica<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s (REIMÃO; LEFEVRE; DIAMENT, 1983; NG et al.,<br />
2005; MENDES; FERNANDES; GARCIA, 2004; VILA et al., 2008a; GREGÓRIO et<br />
al., 2008). Porém, alguns trabalhos apresentaram freqüências mais eleva<strong>da</strong>s, em<br />
torno de 45% (PETIT et al., 2007; SERRA-NEGRA, 2006). De maneira divergente,<br />
também há pesquisas que aferiram freqüências bem menores, <strong>da</strong> ordem de 6,4% na<br />
Turquia (AGARGUN et al., 2004) e 11% na Índia (BHARTI; MALHI; KASHYAP,<br />
2005). Presume-se que a origem destas diferenças, quanto à <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong>, esteja possivelmente relaciona<strong>da</strong> com a falta de uniformi<strong>da</strong>de<br />
meto<strong>do</strong>lógica nas pesquisas, diferenças culturais existentes entre países, ou mesmo<br />
pela grande varie<strong>da</strong>de de faixas etárias estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Segun<strong>do</strong> Pavarina, Bussa<strong>do</strong>ri e
Discussão 79<br />
Alencar Jr. (1999), o que pode ser considera<strong>do</strong> normal em uma faixa de i<strong>da</strong>de, pode<br />
não ser na outra.<br />
Na atual pesquisa, embora não apresente diferenças significantes quanto<br />
à i<strong>da</strong>de, Laberge et al. (2006), em um estu<strong>do</strong> longitudinal, relataram que a<br />
<strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> diminui progressivamente até a fase de a<strong>do</strong>lescência.<br />
Contrariamente, Reimão, Lefevre, Diament, em 1983, e Petit et al, em 2007,<br />
observaram que a <strong>prevalência</strong> aumentou <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is aos 6 anos de i<strong>da</strong>de, haven<strong>do</strong> um<br />
decréscimo desta <strong>prevalência</strong> no início <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência. Recentemente, Vila et al.<br />
(2008b) denotaram uma <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> de 14,8%<br />
em crianças menores de 12 anos e de 11,1% em a<strong>do</strong>lescentes acima de 12 anos. A<br />
ausência de resulta<strong>do</strong> significante nesta pesquisa, de acor<strong>do</strong> com o progredir <strong>da</strong><br />
i<strong>da</strong>de, pode ser explica<strong>da</strong> pelo fato <strong>da</strong>s crianças terem si<strong>do</strong> avalia<strong>da</strong>s somente em<br />
fase de dentadura decídua, até os 6 anos de i<strong>da</strong>de, não atingin<strong>do</strong> a fase puberal.<br />
Com <strong>relação</strong> ao sexo, alguns trabalhos têm mostra<strong>do</strong> que o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> em crianças tem prevaleci<strong>do</strong> para o masculino (NG et al.,<br />
2005; LIU et al., 2005b). No entanto, Jaime, no ano de 2004, realizou uma pesquisa<br />
em crianças mexicanas e detectou a presença <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong><br />
em 6% na população feminina, contra 1,5% na masculina. Nossa pesquisa não<br />
encontrou diferenças significantes quanto ao dimorfismo sexual, concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com<br />
Ferreira et al. (2000), Bharti, Malhi e Kashyap (2005), Fukumizu et al., (2005) e<br />
Shinkai et al. (1998).<br />
Quanto aos tipos de planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos, os<br />
resulta<strong>do</strong>s mostraram uma <strong>prevalência</strong> de 72,3% para o plano terminal reto, 16%<br />
para o degrau mesial e 11,5% para o distal. Quan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> o hábito
Discussão 80<br />
parafuncional com as relações terminais <strong>do</strong>s molares decíduos, a atual pesquisa não<br />
expressou nenhuma <strong>relação</strong> estatisticamente significante. Não foi possível<br />
correlacionar os atuais resulta<strong>do</strong>s com outros trabalhos literários, uma vez que não<br />
se encontraram estu<strong>do</strong>s similares correlacionan<strong>do</strong> estes <strong>do</strong>is aspectos, na faixa<br />
etária estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Portanto, sugere-se que o fator local “oclusão” não se relaciona com<br />
o hábito <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, em fase de dentadura decídua, concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com as<br />
conclusões de Vanderas e Manetas (1995), Demir et al. (2004), Jaime (2004),<br />
Santos et al. (2006) e Pizzol et al. (2006), embora não tenham avalia<strong>do</strong> apenas a<br />
dentadura decídua. O mesmo raciocínio segue para trespasse horizontal e <strong>relação</strong><br />
de caninos.<br />
Resumi<strong>da</strong>mente, não foram evidencia<strong>da</strong>s diferenças, estatisticamente<br />
significantes, entre sexos, i<strong>da</strong>des, planos terminais <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares decíduos,<br />
trespasses horizontais e relações de caninos. Contu<strong>do</strong>, evidenciaram-se resulta<strong>do</strong>s<br />
significantes quanto aos fatores <strong>do</strong>r de cabeça e sono agita<strong>do</strong>.<br />
Obteve-se uma <strong>prevalência</strong> para a variável <strong>do</strong>r de cabeça de 21,7% para<br />
a amostra total. Quan<strong>do</strong> associa<strong>da</strong> ao hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, evidenciou-<br />
se uma <strong>relação</strong> estatisticamente significante (p=0,003). Esta associação com<br />
significância também pôde ser observa<strong>da</strong> na pesquisa realiza<strong>da</strong> por Gorayeb e<br />
Gorayeb (2002) em 374 crianças de escolas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Ribeirão Preto – SP.<br />
Sugere-se que o <strong>bruxismo</strong> e a agitação noturna ocorrem com maior <strong>prevalência</strong><br />
entre as crianças que apresentam queixa de cefaléia freqüente. Adicionalmente, de<br />
acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de nossa pesquisa, pode-se afirmar que crianças que sofrem<br />
de cefaléia apresentam 1,6 vezes mais chances de apresentarem o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, que crianças sem história. Vendrame et al. (2008),
Discussão 81<br />
estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> 90 crianças, relacionaram os vários tipos de <strong>do</strong>r de cabeça com os<br />
distúrbios <strong>do</strong> sono. A <strong>do</strong>r de cabeça causa<strong>da</strong> por tensão agrupava 50% <strong>do</strong>s<br />
pacientes com o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e estes pacientes apresentaram 2<br />
vezes mais chances de somatizarem o hábito em <strong>relação</strong> a crianças com outros<br />
tipos de <strong>do</strong>r de cabeça. Logo, evidencia-se que o fator emocional é realmente de<br />
grande influência para o estabelecimento <strong>do</strong> hábito <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, o que é também<br />
enfatiza<strong>do</strong> em vários trabalhos (SHINKAI et al., 1998; PAVARINA; BUSSADORI;<br />
ALENCAR JR., 1999; NG et al., 2005; BHARTI; MALHI; KASHYAP, 2005;<br />
ANTONIO; PIERRO; MAIA, 2006; PETIT et al., 2007).<br />
Outra importante variável estu<strong>da</strong><strong>da</strong> foi o sono agita<strong>do</strong>, com uma<br />
<strong>prevalência</strong> encontra<strong>da</strong> de 34,9% para a amostra total. Quan<strong>do</strong> o <strong>bruxismo</strong> foi<br />
associa<strong>do</strong> ao sono agita<strong>do</strong>, este apresentou o maior grau de significância estatística<br />
(p=0,000), observan<strong>do</strong> também que crianças com história de sono agita<strong>do</strong><br />
apresentaram 2,4 vezes mais chances de expressarem o hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong>. Recentemente Potaz et al., em 2008, realizaram um estu<strong>do</strong> em crianças<br />
de 3 a 14 anos de i<strong>da</strong>de e puderam observar que 63,6% <strong>da</strong> amostra total<br />
apresentaram sono agita<strong>do</strong>. Na faixa de i<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s 3 aos 7 anos de i<strong>da</strong>de, 26,7%<br />
demonstraram o hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, o que se assemelha com os<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> nossa pesquisa.<br />
6.4 Considerações finais<br />
Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s desta atual pesquisa, bem como os de outros<br />
trabalhos aqui cita<strong>do</strong>s, afirmaram que há uma <strong>relação</strong> direta entre o hábito
Discussão 82<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> com a <strong>do</strong>r de cabeça e com o sono agita<strong>do</strong>, evidencian<strong>do</strong><br />
uma ligação <strong>do</strong>s fatores emocionais à etiologia deste hábito. A maioria <strong>da</strong>s opiniões<br />
e evidências científicas aqui esplana<strong>da</strong> converge para a etiologia multifatorial <strong>do</strong><br />
mesmo. O estresse emocional apresenta influência mais significativa que outros<br />
fatores, dentre eles o oclusal, e a correção oclusal simplesmente não garante cura<br />
completa, precisan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> de terapias coadjuvantes (PAVARINA; BUSSADORI;<br />
ALENCAR JR., 1999).<br />
Contu<strong>do</strong>, é incorreto afirmar que o fator emocional é o único fator<br />
desencadeante <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>, pois pesquisas anteriores relataram que, normalmente,<br />
a combinação de vários fatores etiológicos, presentes em um único indivíduo,<br />
aumenta muito a probabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> surgimento <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> <strong>infantil</strong>. Antônio, Pierro e<br />
Maia (2006) afirmaram que a alta <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong>,<br />
encontra<strong>da</strong> nos últimos estu<strong>do</strong>s, está sen<strong>do</strong> considera<strong>da</strong> um problema intrínseco<br />
<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des modernas e que tem se torna<strong>do</strong> uma condição comum <strong>da</strong>s crianças<br />
nos dias de hoje.<br />
Até o presente momento, o tratamento <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong><br />
<strong>bruxismo</strong> é indefini<strong>do</strong>. Não há apenas um méto<strong>do</strong> que o elimine definitivamente, mas<br />
sim um conjunto de medi<strong>da</strong>s terapêuticas, visto que o <strong>bruxismo</strong> é de etiologia<br />
varia<strong>da</strong>. Vale ressaltar novamente que não pode esquecer-se <strong>da</strong> grande influência<br />
<strong>do</strong> fator emocional, deven<strong>do</strong> o cirurgião-dentista optar sempre por um tratamento<br />
multidisciplinar, envolven<strong>do</strong> profissionais como Pediatras, Psicólogos,<br />
O<strong>do</strong>ntopediatras e Otorrinolaringologistas.<br />
Para a obtenção de melhores resulta<strong>do</strong>s em pesquisas futuras,<br />
aconselha-se a realização de estu<strong>do</strong>s epidemiológicos longitudinais, a fim de se
Discussão 83<br />
avaliar a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> nas diversas i<strong>da</strong>des e a<br />
padronização de meto<strong>do</strong>logias, como populações estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, questionários,<br />
entrevistas e exames clínicos utiliza<strong>do</strong>s, contribuin<strong>do</strong> para confiabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s e comparações futuras com demais pesquisas.
7 CONCLUSÃO
7 CONCLUSÃO<br />
Com base nos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, de acor<strong>do</strong> com a amostra e a<br />
meto<strong>do</strong>logia emprega<strong>da</strong>s, julga-se lícito concluir que:<br />
• a <strong>prevalência</strong> <strong>do</strong> hábito parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> na amostra total<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong> foi de 29,3%; e<br />
• não houve <strong>relação</strong> estatisticamente significante entre o hábito<br />
parafuncional <strong>do</strong> <strong>bruxismo</strong> e a <strong>relação</strong> terminal <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s molares<br />
decíduos.<br />
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Gandía. An pediatr (barc). 2008b may;69(3):251-7.
ANEXOS
ANEXO A<br />
92
Anexos 93
Anexos 94
Anexos 95
Anexos 96
Anexos 97
Anexos 98
ANEXO B<br />
Anexos 99
Anexos 100
Anexos 101
Anexos 102
APÊNDICE
104