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ALINE CARLA ARAJO CARVALHO - Unicid

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<strong>ALINE</strong> <strong>CARLA</strong> ARAÚJO <strong>CARVALHO</strong><br />

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES<br />

E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:<br />

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO<br />

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO<br />

UNICID<br />

SÃO PAULO<br />

2011


<strong>ALINE</strong> <strong>CARLA</strong> ARAÚJO <strong>CARVALHO</strong><br />

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES<br />

E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:<br />

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO<br />

Dissertação apresentada ao<br />

Programa de Mestrado em<br />

Fisioterapia da Universidade Cidade<br />

de São Paulo como requisito exigido<br />

para a obtenção do título de Mestre<br />

sob orientação do Prof. Dr.<br />

Alexandre Dias Lopes.<br />

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO<br />

UNICID<br />

SÃO PAULO<br />

2011


Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID<br />

C331<br />

a<br />

Carvalho, Aline Carla Araújo.<br />

Alinhamento anatômico dos membros inferiores<br />

e lesões musculoesqueléticas em corredores:<br />

descrição, associações e taxas de lesão. / Aline<br />

Carla Araújo Carvalho. --- São Paulo, 2011.<br />

95 p.; anexos.<br />

Bibliografia<br />

Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade<br />

de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Alexandre<br />

Dias Lopes.<br />

1. Traumatismo em atletas. 2. Lesões. 3.<br />

Medicina esportiva. 4. Exercícios. 5. Corrida. I.<br />

Lopes, Alexandre Dias, orient. II. Título.<br />

CDD 615.823


<strong>ALINE</strong> <strong>CARLA</strong> ARAÚJO <strong>CARVALHO</strong><br />

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES E<br />

LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:<br />

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO<br />

Dissertação apresentada ao<br />

Programa de Mestrado em<br />

Fisioterapia da Universidade Cidade<br />

de São Paulo como requisito exigido<br />

para a obtenção do título de Mestre<br />

sob orientação do Prof. Dr.<br />

Alexandre Dias Lopes.<br />

Área de concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia.<br />

COMISSÃO EXAMINADORA:<br />

Prof.º Dr. Alexandre Dias Lopes ____________________<br />

Universidade Cidade de São Paulo<br />

Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre ____________________<br />

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho<br />

Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Pena Costa ____________________<br />

Universidade Cidade de São Paulo


AGRADECIMENTOS<br />

Quero agradecer a Deus pelo amparo e força nos momentos de dificuldades e<br />

dúvidas. A Ti devo a perseverança para superar todas as dificuldades.<br />

A minha família e amigos que me deram o suporte e sustento para que eu não<br />

desanimasse nos momentos de desolação e dúvidas. Amo todos vocês!<br />

Ao professor e amigo Alexandre Lopes pelo incentivo, insistência, generosidade e<br />

amizade. Não sei se conseguiria concluir minha missão sem o seu apoio e<br />

dedicação. A você minha gratidão, carinho e amizade! Sou uma fã sua!<br />

Ao amigo Luiz por toda força e apoio. Você foi um sustento, suporte e alento nas<br />

horas difíceis. Nossa amizade foi construída em meio às adversidades! Adoro você!<br />

Ao Centro Universitário Cesmac, a empresa da qual faço parte e que me<br />

proporcionou a oportunidade de cursar o meu mestrado em Fisioterapia. Muito<br />

obrigada!


RESUMO<br />

INTRODUÇÃO: Muito se especula sobre a influência de fatores como o alinhamento<br />

dos membros inferiores e o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em<br />

praticantes de corrida, porém poucas evidências sustentam esta hipótese. Objetivo:<br />

Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros inferiores,<br />

verificar a prevalência e incidência das lesões musculoesqueléticas relacionadas à<br />

corrida, analisar as associações entre as características de alinhamento anatômico e<br />

estas lesões, assim como descrever as principais lesões entre os corredores e as<br />

regiões anatômicas mais acometidas. Método: Estudos transversal e de coorte<br />

prospectivo composto por 89 corredores recreacionais que foram submetidos à<br />

avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do arco plantar e<br />

discrepância de comprimento dos membros inferiores e foram acompanhados por<br />

um período de 12 semanas. Foram realizadas análises descritivas e verificação da<br />

associação entre as características de alinhamento anatômico dos corredores e as<br />

lesões apresentadas. A incidência de lesões foi calculada através de análise de<br />

sobrevivência e a associação entre possíveis fatores de risco e tempo de lesão foi<br />

determinada através do modelo de regressão de Cox. Resultados: Participaram do<br />

estudo corredores com idade média de 44 (DP=10) anos, sem grandes alterações<br />

no alinhamento dos membros inferiores e que apresentaram associação entre a<br />

discrepância de ângulos Q e o histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas<br />

à corrida nos últimos 12 meses. Não houve associação entre as novas lesões<br />

apresentadas pelos corredores e as características de alinhamento anatômico dos<br />

membros inferiores. A prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à<br />

corrida foi de 61,8%, a incidência das mesmas foi de 27%, sendo as tendinopatias e<br />

as lesões musculares as lesões mais comuns e o joelho e a perna as regiões mais<br />

acometidas. Conclusões: Foi possível identificar a associação entre a discrepância<br />

de ângulos Q com as lesões em corredores, que apresentaram a tendinopatia e as<br />

lesões musculares com as principais lesões e o joelho e a perna como as regiões<br />

anatômicas mais acometidas.<br />

PALAVRAS – CHAVES: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.


ABSTRACT<br />

INTRODUCTION: There has been much speculation about the influence of factors<br />

such as upper limb alignment and the development of musculoskeletal injuries in<br />

runners; however, there is little evidence to support this hypothesis. Objectives: To<br />

describe the characteristics of lower limb alignment, to verify the prevalence and<br />

incidence of running-related musculoskeletal injuries, to analyze the associations<br />

between anatomical alignment and these injuries and to describe the main injuries<br />

among the runners and the most affected anatomical regions. Methods: This was a<br />

cross-sectional prospective cohort study with a twelve-week follow-up period<br />

including 89 recreational runners who were submitted to a bilateral evaluation of the<br />

Q angle, subtalar angle, plantar arch index and lower limb length discrepancy.<br />

Descriptive analyses were carried out as well as investigation of the association<br />

between the runners’ anatomical alignment and the injuries presented. The incidence<br />

of injuries was calculated using survival analysis, and the association between<br />

possible risk factors and the time of injury was determined with the Cox regression<br />

model. Results: Runners with a mean age of 44 (SD=10), without severe alterations<br />

in lower limb alignment and presenting an association between the discrepancy of Q<br />

angle and history of running-related musculoskeletal injuries in the last 12 months<br />

participated in the study. There was no association between the runners’ new injuries<br />

and lower limb alignment characteristics. The prevalence of musculoskeletal injuries<br />

from running was 61.8%, and their incidence was of 27%; the most common injuries<br />

were tendinopathies and muscle injuries, with the legs being the most affected<br />

region. Conclusions: an association between Q angle discrepancy and the runners’<br />

injuries was identified; tendinopathies and muscle injuries were the main injuries, and<br />

the knee and leg were the most affected anatomical regions.<br />

KEYWORDS: Running, Sport Injuries, Physical Therapy, Physical Exercise.


SUMÁRIO<br />

CAPÍTULO 1 5<br />

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 6<br />

1.1.1 Apresentação dos estudos envolvidos na dissertação 9<br />

1.2 REFERÊNCIAS 10<br />

CAPÍTULO 2 12<br />

2.1 RESUMO 14<br />

2.2 INTRODUÇÃO 16<br />

2.3 MATERIAL E MÉTODO 18<br />

2.3.1 Desenho do estudo e participantes 18<br />

2.3.2 Formulário 18<br />

2.3.3 Procedimentos de Avaliação 19<br />

2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 19<br />

2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 20<br />

2.3.3.3 Avaliação do Índice do Arco Plantar 20<br />

2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores 21<br />

2.3.4 Análise estatística 22<br />

2.4 RESULTADOS 23<br />

2.5 DISCUSSÃO 27<br />

2.6 CONCLUSÃO 32<br />

2.7 AGRADECIMENTOS 33<br />

2.8 CONFLITO DE INTERESSEES 33<br />

2.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA 33<br />

2.10 REFERÊNCIAS<br />

34<br />

ANEXO<br />

37<br />

CAPÍTULO 3 39<br />

3.1 AGRADECIMENTOS 42<br />

3.2 RESUMO 43<br />

3.3 INTRODUÇÃO 45<br />

3.4 MATERIAL E MÉTODO 46


3.4.1 Desenho do estudo e participantes 46<br />

3.4.2 Formulário 47<br />

3.4.3 Procedimentos de Avaliação 47<br />

3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 47<br />

3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 48<br />

3.4.3.3 Avaliação do índice do Arco Plantar 49<br />

3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento do Membros Inferiores 50<br />

3.4.4 Análise Estatística 50<br />

3.5 RESULTADOS 51<br />

3.6 DISCUSSÃO 55<br />

3.7 REFERÊNCIAS<br />

ANEXO<br />

CAPÍTULO 4 64<br />

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 65<br />

4.2 REFERÊNCIAS 68<br />

MATERIAL SUPLEMENTAR 70<br />

Suplemento 1 – Avaliação do ângulo Q 71<br />

Suplemento 2 – Avaliação do ângulo subtalar 72<br />

Suplemento 3 – Avaliação do índice do arco plantar<br />

Suplemento 4 – Avaliação da discrepância de comprimento dos membros<br />

73<br />

Inferiores<br />

Suplemento 5 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for<br />

74<br />

Physical Therapy in Sports<br />

Suplemento 6 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for<br />

75<br />

Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 87<br />

Suplemento 7 – Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) 95<br />

59<br />

63


- CAPÍTULO 1 -<br />

CONTEXTUALIZAÇÃO<br />

5


1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO<br />

A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior<br />

popularidade no mundo 1 e com número crescente de adeptos 2 . Porém, pode<br />

apresentar taxas de incidência de lesões musculoesqueléticas que pode atingir entre<br />

19,4% e 92,4% dos seus praticantes 3, 4 e taxas de prevalência destas lesões que<br />

oscilam entre 25% e 46% entre os corredores 2, 5-7 .<br />

Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores<br />

extrínsecos, como as características de treinamento, e intrínsecos, como as<br />

características de alinhamento anatômico dos corredores 8-10 no surgimento das<br />

lesões durante a prática da corrida, sendo que os principais fatores de risco<br />

apontados pela literatura para essas lesões são a quilometragem semanal superior a<br />

64 km e o histórico de lesão musculoesquelética prévia em membros inferiores 3, 11 .<br />

Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se que a<br />

discrepância de comprimento dos membros inferiores (MMII), as alterações de<br />

ângulo Q e a discrepância entre ângulos Q dos joelhos possam ser fatores<br />

associados ao desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores 9, 12 . A<br />

altura do arco longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são<br />

apontadas, em alguns estudos, como possíveis fatores que se associam com essas<br />

lesões, contudo poucas evidências sustentam tal hipótese 10, 11, 13 .<br />

Atualmente, se estima para a população brasileira uma taxa de 5% de<br />

corredores, principalmente de rua 14 , o que representa aproximadamente 10 milhões<br />

de brasileiros praticando a corrida como esporte. No entanto, no Brasil, apenas um<br />

estudo prospectivo 15 desenvolvido com 18 corredores e com período de<br />

acompanhamento de 12 meses foi realizado até o momento. Este estudo teve como<br />

o objetivo analisar a incidência de lesões osteomioarticulares em corredores<br />

amadores e detectar os principais fatores extrínsecos e intrínsecos associados às<br />

lesões encontradas. Para tanto, os pesquisadores avaliaram a amplitude articular do<br />

tornozelo, ângulo Q e encurtamento muscular dos isquiostibiais e quadríceps, mas<br />

não observaram como resultado nenhuma associação da ocorrência de lesões<br />

musculoesqueléticas relacionadas à corrida.<br />

Apesar da existência de dez estudos de coorte prospectivo 9-13, 15-19 que<br />

verificaram a associação entre as características de alinhamento anatômico com o<br />

desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas, existem poucas evidências sobre a<br />

6


associação de cada tipo de alteração do alinhamento anatômico e o surgimento de<br />

lesões. Dentre estes estudos, um 16 foi desenvolvido com uma população de 532<br />

corredores recreacionais, acompanhados por 8 semanas e encontrou associação<br />

entre o movimento excessivo do osso navicular, avaliado em posição ortostática,<br />

com o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores. Outro<br />

estudo 13 , envolvendo 66 corredores recreacionais durante um período de 4 meses,<br />

avaliou a mobilidade do osso navicular e o alinhamento do ângulo Q, avaliados a<br />

partir da posição ortostática, e do retropé, avaliado na posição pronada, entre outras<br />

medidas e encontrou associação, apenas, entre a mobilidade do osso navicular e o<br />

desenvolvimento de síndrome do estresse tibial medial em corredores. Um terceiro<br />

estudo 15 foi realizado com 18 corredores recreacionais por um período de 12 meses<br />

e avaliou entre outras medidas, o ângulo Q, a partir da posição ortostática, e a<br />

mobilidade para dorsiflexão e flexão plantar, em posição pronada e supinada, e não<br />

encontrou associação essas características estudadas e o surgimento de lesões<br />

musculoesqueléticas entre os corredores.<br />

Já dois outros estudos 9,12 , realizados com 23 corredores de cross-country,<br />

durante a temporada de 1996 e que tiveram como objetivos analisar a associação<br />

entre o ângulo Q 9,12 , avaliado em posição ortostática, e a discrepância de<br />

comprimento dos MMII 9 , avaliada a partir da posição supinada, com as lesões em<br />

corredores, encontraram associação apenas entre as alterações de ângulo Q e a<br />

discrepância de ângulo Q maior que 3º com estas lesões na corrida. Um outro<br />

estudo 17 envolvendo 8 clubes de corredores de cross-country, acompanhados por<br />

um período de 13 semanas, avaliou a associação entre a altura do osso navicular,<br />

avaliado a partir da posição ortostática, com as lesões na corrida, e não encontrou<br />

associação entre estas duas variáveis.<br />

Um dos estudos 10 foi realizado com 153 corredores recreacionais durante 6<br />

meses e avaliou, entre outras características de alinhamento anatômico dos MMII, o<br />

ângulo Q e a discrepância de comprimento dos MMII, avaliados em posição<br />

supinada, arco longitudinal medial, avaliado em posição ortostática, e ângulo<br />

subtalar, avaliado com o corredor posicionado em prono, contudo estabeleceu<br />

associação apenas entre as alterações de angulação subtalar e as lesões<br />

musculoesqueléticas relacionada à corrida.<br />

Um estudo desenvolvido com maratonistas 11 acompanhados por 32 semanas<br />

e que avaliou as medidas de ângulo Q, alinhamento do retropé, ângulo subtalar e<br />

7


comprimento dos MMII, encontrou associação entre as alterações de ângulo Q e a<br />

discrepância de comprimento dos MMII com as lesões musculoesqueléticas em<br />

corredores.<br />

Dois estudos desenvolvidos com militares 18, 19 em treinamento para a<br />

academia militar, apresentaram como objetivo analisar a associação entre a<br />

prescrição de tênis especial de corrida baseado na avaliação da altura do arco<br />

longitudinal medial, realizada em ortostatismo, e as lesões musculoesqueléticas<br />

relacionadas à corrida, e concluíram que a prescrição destes tênis especiais de<br />

corrida, a partir da avaliação da altura do arco longitudinal medial, não reduz a<br />

incidência de lesões nos recrutas.<br />

Sendo assim e tomando como referência as evidências conflitantes presentes<br />

nos estudos que se propõem a identificar as possíveis associações entre as<br />

principais características de alinhamento anatômico com o aumento da incidência de<br />

lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais, os objetivos desta<br />

dissertação são: 1) descrever as características pessoais e de alinhamento<br />

anatômico de corredores recreacionais; 2) determinar qual a prevalência de lesões<br />

musculoesqueléticas presentes nos últimos 12 meses entre os corredores<br />

participantes do estudo; 3) verificar se existe associação entre as características de<br />

alinhamento anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e 4)<br />

determinar a incidência de lesões musculoesqueléticas ocorridas durante os 3<br />

meses de acompanhamento do estudo; 5) observar se há influência das<br />

características de alinhamento anatômico dos membros inferiores sobre a incidência<br />

de lesões musculoesqueléticas entre os corredores participantes.<br />

A partir destes objetivos, pretendemos contribuir para um melhor<br />

entendimento dos fatores envolvidos com as lesões musculoesqueléticas em<br />

corredores, auxiliando não somente a população de praticantes de corrida na<br />

identificação de fatores predisponentes destas lesões, mas também aos treinadores<br />

na elaboração de programas de treinamento diferenciados e beneficiará os<br />

fisioterapeutas que compõem as equipes multidisciplinares do esporte a prestarem<br />

melhor atenção primária à saúde, uma vez que é o profissional melhor qualificado<br />

para desenvolver programas de prevenção de lesões, especialmente esportivas.<br />

8


1.1.1Apresentação dos Estudos Envolvidos na Dissertação<br />

O capítulo 2 desta dissertação apresenta um estudo do tipo transversal que<br />

teve os seguintes objetivos: descrever as características pessoais e de alinhamento<br />

anatômico de uma amostra de 89 corredores recreacionais; determinar qual a<br />

prevalência de lesões musculoesqueléticas dos últimos 12 meses entre esses<br />

corredores; verificar se existe associação entre as características de alinhamento<br />

anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e descrever as<br />

principais lesões ocorridas e suas localizações anatômicas nesse grupo de<br />

corredores. Este capítulo foi formatado segundo as normas da Revista Physical<br />

Therapy in Sports e submetido a este periódico (suplemento 5). Os resultados deste<br />

capítulo apontam para a associação entre a discrepância de ângulos Q com o<br />

histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, uma prevalência nos<br />

últimos 12 meses de 61,8% de lesões entre os corredores, o joelho como a região<br />

anatômica mais acometida por estas lesões e as lesões musculares e as<br />

tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores.<br />

O capítulo 3 trata de um estudo de coorte prospectivo cujos objetivos foram<br />

apresentar a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida em<br />

uma população de corredores recreacionais, verificar as associações entre as<br />

características de alinhamento anatômicos dos membros inferiores e o surgimento<br />

de lesões em corredores e descrever as principais lesões ocorridas durante o<br />

período de acompanhamento do estudo, assim como as regiões anatômicas mais<br />

acometidas. O estudo foi conduzido com 89 corredores envolvidos nos resultados do<br />

capítulo 2, que foram acompanhados a cada duas semanas por um período de 12<br />

semanas através do preenchimento de um formulário online e da realização de uma<br />

avaliação das medidas de ângulo Q, ângulo da articulação subtalar, de discrepância<br />

de comprimento dos membros inferiores e de altura do arco longitudinal medial. Os<br />

resultados do capítulo 3 apresentam a não associação entre as características de<br />

alinhamento anatômico dos MMII com o surgimento de lesões musculoesqueléticas<br />

relacionadas à corrida, uma incidência de 27% de lesões entre os corredores, ou 6<br />

lesões por 1000 horas de exposição à corrida, a perna e o joelho como as regiões<br />

anatômicas mais acometidas por estas lesões e as lesões musculares e as<br />

tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores. Este<br />

capítulo foi formatado segundo as normas da revista Journal of Orthopaedic & Sports<br />

Physical Therapy (JOSPT) e submetido a este periódico (suplemento 6).<br />

9


1.2 REFERÊNCIAS<br />

1. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes BW.<br />

Course and predicting factors of lower-extremity injuries after running a marathon.<br />

Clin J Sport Med. 2007;17(1):25-30.<br />

2. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua:<br />

características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Rev bras<br />

cineantropom desempenho hum 2008;10(3):277-82.<br />

3. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,<br />

Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long<br />

distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.<br />

4. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.<br />

Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.<br />

Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.<br />

5. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.<br />

Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to<br />

compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.<br />

6. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters<br />

runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.<br />

7. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de<br />

rua no momento em que precede o inicio da prova. Cadernos de Formação RBCE.<br />

2011;33(2): 475-482.<br />

8. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De<br />

Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a<br />

prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.<br />

9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of<br />

musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.<br />

2006;163(2):151-9.<br />

10. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running<br />

injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.<br />

2004;38(5):576-80.<br />

11. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of<br />

alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.<br />

10


12. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle<br />

and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys<br />

Ther. 2007;37(12):725-33.<br />

13. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between<br />

lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among nonprofessional<br />

athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.<br />

14. Instituto Ipsos Marplan. Esporte na vida do brasileiro. In: Dossiê Esporte, Um<br />

estudo sobre o esporte na vida do brasileiro. 2ª Parte; 2006.<br />

15. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.<br />

Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um<br />

estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.<br />

16. Buist I, Bredeweg SW, Bessem B, van Mechelen W, Lemmink KA, Diercks RL.<br />

Incidence and risk factors of running-related injuries during preparation for a 4-mile<br />

recreational running event. Br J Sports Med. 2010;44(8):598-604.<br />

17. Plisky MS, Rauh MJ, Heiderscheit B, Underwood FB, Tank RT. Medial tibial<br />

stress syndrome in high school cross-country runners: incidence and risk factors. J<br />

Orthop Sports Phys Ther. 2007;37(2):40-7.<br />

18. Knapik JJ, Brosch LC, Venuto M, Swedler DI, Bullock SH, Gaines LS, et al.<br />

Effect on injuries of assigning shoes based on foot shape in air force basic training.<br />

Am J Prev Med. 2010;38(9):1759-67.<br />

19. Knapik JJ, Trone DW, Swedler DI, Villasenor A, Bullock SH, Schmied E, et al.<br />

Injury reduction effectiveness of assigning running shoes based on plantar shape in<br />

Marine Corps basic training. Am J Sports Med. 2010;38(9):1759-67.<br />

11


- CAPÍTULO 2 -<br />

ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO<br />

DOS MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE<br />

LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES<br />

RECREACIONAIS: UM ESTUDO TRANSVERSAL<br />

12


ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO DOS<br />

MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE LESÕES<br />

MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS: UM ESTUDO<br />

TRANSVERSAL<br />

<strong>ALINE</strong> <strong>CARLA</strong> ARAÚJO <strong>CARVALHO</strong> 1-3 *, LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR 1,2 ,<br />

LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA 1,2,4 , ALEXANDRE DIAS LOPES 1,2<br />

1- Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID,<br />

São Paulo (SP), Brasil.<br />

2- São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo (SP), Brasil.<br />

3- Centro Universitário CESMAC, Maceió (AL), Brasil.<br />

4- Musculoskeletal Division, The George Institute for Global Health, Sydney, Australia<br />

Autor correspondente: <strong>ALINE</strong> <strong>CARLA</strong> ARAÚJO <strong>CARVALHO</strong>*, tel (11) 2178.1563<br />

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, alinecca@hotmail.com<br />

LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR<br />

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,<br />

luca_hespanhol@hotmail.com<br />

LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA<br />

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, lcosta@edu.unicid.br<br />

ALEXANDRE DIAS LOPES<br />

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,<br />

aledlopes@yahoo.com.br<br />

13


2.1 RESUMO<br />

Objetivos: Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros<br />

inferiores e o histórico de lesões de corredores recreacionais, a prevalência de<br />

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, além de verificar a associação<br />

entre as características de alinhamento e o histórico de lesões prévias relacionadas<br />

à corrida nos últimos 12 meses. Desenho: Estudo transversal composto por 89<br />

corredores recreacionais que responderam questões sobre características de<br />

treinamento de corrida e histórico de lesões dos últimos 12 meses. Método: Os<br />

corredores foram avaliados para as seguintes características: ângulo Q<br />

bilateralmente, ângulo subtalar, arco longitudinal medial e discrepância de<br />

comprimento dos membros inferiores. Foram realizadas análises descritivas das<br />

características de alinhamento anatômico dos membros inferiores e verificação da<br />

associação do alinhamento com histórico de lesões através do teste de Qui-<br />

quadrado. A regressão logística univariada foi realizada para verificação da<br />

associação entre histórico de lesões e medidas lineares de ângulo Q. Resultados:<br />

Participaram do estudo corredores com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos. Na<br />

avaliação do alinhamento anatômico apenas a discrepância entre ângulos Q foi<br />

associada com a história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x 2 = 4,95;<br />

p=0,03). A prevalência de lesões relacionadas à corrida foi de 61,8%, sendo as<br />

tendinopatias e as lesões musculares as principais lesões, e o joelho a região<br />

anatômica mais acometida. Conclusão: A prevalência de lesões<br />

musculoesqueléticas nos últimos doze meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e<br />

se identificou associação entre a discrepância de ângulos Q com a história<br />

14


pregressa de lesões musculoesqueléticas, sendo as tendinopatias e as lesões<br />

musculares as principais lesões e o joelho a região mais acometida.<br />

Palavras Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.<br />

15


2.2 INTRODUÇÃO<br />

A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior<br />

popularidade no mundo (Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, &<br />

Koes, 2007) sendo considerada uma atividade física eficaz para o incremento da<br />

capacidade cardiorrespiratória e melhora da composição corporal (Jakobsen, Kroner,<br />

Schmidt, & Kjeldsen, 1994). Contudo, apresenta taxa de incidência de lesões<br />

musculoesqueléticas que podem variar entre 19,4% e 92,4% (Van Gent et al., 2007;<br />

Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, & Koes, 2008), assim<br />

como apresentar valores de prevalência de dor musculoesquelética prévia à<br />

participação em uma corrida de aproximadamente 25% (Lopes et al., 2011; Yamato,<br />

Saragiotto, & Lopes, 2011).<br />

Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores<br />

extrínsecos e intrínsecos dos corredores (Lun, Meeuwisse, Stergiou, & Stefanyshyn,<br />

2004; Rauh, Koepsell, Rivara, Margherita, & Rice, 2006) no desenvolvimento das<br />

lesões na corrida, sendo que os principais fatores de risco descritos são:<br />

quilometragem semanal superior a 64 km e histórico de lesão musculoesquelética<br />

prévia em membros inferiores (MMII) (Van Gent, et al., 2007; Wen, Puffer, &<br />

Schmalzried, 1998). Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se<br />

que a discrepância de comprimento dos MMII e a diferença de ângulo Q entre os<br />

joelhos possam ser fatores associados com o desenvolvimento de lesões<br />

musculoesqueléticas em corredores (Lun, et al., 2004; Rauh, et al., 2006; Rauh,<br />

Koepsell, Rivara, Rice, & Margherita, 2007; Wen, et al., 1998). A altura do arco<br />

longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são apontadas<br />

como possíveis fatores de risco de lesões em corredores, apesar das evidências não<br />

16


sustentarem tais hipóteses (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010;<br />

Lun, et al., 2004; Raissi, Cherati, Mansoori, & Razi, 2009; Wen, et al., 1998). Esses<br />

estudos realizaram avaliações em posicionamento sem aplicação de carga para<br />

medidas de ângulo subtalar (Lun, et al., 2004), ou foram realizados com militares<br />

(Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010), que apresentam<br />

características muito distintas dos corredores recreacionais.<br />

O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores<br />

recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais<br />

que atuam na área da fisioterapia esportiva. Desta forma, os objetivos deste estudo<br />

foram descrever as características de alinhamento anatômico dos membros<br />

inferiores, além de verificar as associações entre as características de alinhamento<br />

dos membros inferiores e o histórico de lesões prévias relacionadas à corrida nos<br />

últimos 12 meses. Também foram analisadas a prevalência das lesões nos últimos<br />

12 meses e descrição das principais lesões musculoesqueléticas pregressas.<br />

17


2.3.1 Desenho do estudo e participantes<br />

2.3 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Este estudo foi do tipo transversal, composto por 89 corredores sócios de<br />

uma entidade promotora e organizadora de eventos de corrida na cidade de São<br />

Paulo – SP, Brasil (CORPORE-Brasil), que responderam a um formulário online que<br />

continha questões sobre histórico de corrida, características de treinamento e<br />

histórico de lesões relacionadas à prática da corrida nos últimos 12 meses. Todos os<br />

participantes foram submetidos a uma avaliação do alinhamento dos membros<br />

inferiores, que consistiu da mensuração dos ângulos Q (Rauh, et al., 2007) e<br />

subtalar (Eng & Pierrynowski, 1994; McPoil & Cornwall, 1996), índice do arco plantar<br />

(Cavanagh & Rodgers, 1987; Nakhaee, Rahimi, Abaee, Rezasoltani, & Kalantari,<br />

2008), além da mensuração da discrepância de comprimento dos membros<br />

inferiores (Rauh, et al., 2006; Santili, Waisberg, Akkari, Fávaro, & Prado, 1998).<br />

Participaram da pesquisa corredores com idade igual ou superior a 18 anos, que<br />

praticavam corrida há pelo menos seis meses. Esse estudo obteve a aprovação do<br />

Comitê de Ética da Universidade Cidade de São Paulo (Protocolo 13506583/2010 –<br />

suplemento 7).<br />

2.3.2 Formulários<br />

Um formulário online auto-aplicável foi preenchido pelos corredores<br />

participantes. O formulário apresentava três partes, sendo que a primeira parte<br />

continha informações sobre dados pessoais; a segunda parte era composta por<br />

perguntas sobre algumas características do treinamento, como quilometragem<br />

semanal percorrida; e a terceira parte questionava os participantes quanto ao seu<br />

18


histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida nos últimos 12<br />

meses (informação das lesões coletada pelo corredor através de opções de<br />

sintomas ou diagnósticos derivado de um estudo anterior) (Alonso et al., 2009).<br />

2.3.3 Procedimentos de avaliação<br />

2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q<br />

O ângulo Q, ou ângulo de tração do quadríceps, foi mensurado com o<br />

corredor trajando roupa esportiva e descalço. O corredor foi posicionado<br />

ortostaticamente de frente para o examinador, se mantendo apoiado sobre os dois<br />

pés, permitindo a demarcação com uma caneta especial dos seguintes pontos<br />

anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), centro de ambas as patelas e<br />

as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q (Rauh, et al., 2007). Todas<br />

as marcações foram feitas pelo mesmo examinador. Foi traçada uma reta utilizando<br />

fita métrica da EIAS até o centro da patela e uma segunda reta do centro da patela<br />

até a tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas<br />

constituiu o ângulo Q, que foi medido por um goniômetro universal posicionado com<br />

seu eixo no centro da patela (suplemento 1). Os valores entre 10° e 15° para esta<br />

angulação foram considerados normais para ambos os sexos (Rauh, et al., 2007).<br />

Após esta mensuração, foi verificada a diferença de angulação entre os valores<br />

obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado como discrepância normal uma<br />

variação de até 3º (Rauh, et al., 2007). A estimativa do coeficiente de correlação<br />

intra-classe para a medida do ângulo Q já foi analisada por outros autores e<br />

observado que apresenta boa correlação (Shultz et al., 2006).<br />

19


2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar<br />

Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma<br />

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar<br />

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a<br />

tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo<br />

referente a linha média entre os maléolos utilizando etiquetas adesivas. Após as<br />

marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando<br />

uma câmera fotográfica digital. A câmera foi posicionada sobre um tripé, disposta<br />

posteriormente ao corredor avaliado, centralizada em relação ao participante e<br />

nivelada em relação à plataforma. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o<br />

software AutoCAD 2005®, que permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois<br />

pontos demarcados com as etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada<br />

verticalmente, estando esta perpendicular (90º) em relação ao solo (suplemento 2).<br />

A intersecção dos prolongamentos de ambas as retas resultou em um ângulo<br />

(McPoil & Cornwall, 1996) que foi mensurado e classificado da seguinte maneira:<br />

ângulo subtalar normal (para valores entre 0-5º), varo (valores 6º) (Eng & Pierrynowski, 1994). O ICC intra-classe para a medida do ângulo<br />

subtalar já foi verificado por outros autores e observado que apresenta boa<br />

correlação (McPoil & Cornwall, 1996).<br />

2.3.3.3 Índice do Arco Plantar<br />

Os participantes foram posicionados sobre um podoscópio com os pés<br />

descalços e separados por uma distância que equivaleu a uma fina placa com<br />

largura de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera<br />

digital que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio 1 . Para analisar<br />

20


as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005® para traçar três retas: uma que<br />

foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto<br />

equivalente na face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé;<br />

a segunda reta foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os<br />

pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com<br />

base nos pontos mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior.<br />

Após traçadas essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé,<br />

mediopé e retropé (suplemento 3). As três áreas foram medidas pelo software citado<br />

anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas<br />

mensuradas, tendo como resultado o índice do arco (Nakhaee, et al., 2008) para<br />

cada um dos pés avaliados 2, 3 . O índice do arco plantar foi classificado de acordo<br />

com os seguintes parâmetros: arco longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco<br />

longitudinal normal (índice entre 0,22 e 0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26)<br />

4 . O coeficiente de correlação intra-classe para a medida da altura do arco<br />

longitudinal medial já foi mensurada por outros autores e considerada como<br />

apresentando boa correlação (Queen, Mall, Hardaker, & Nunley, 2007).<br />

2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores<br />

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os<br />

participantes em posição supina e orientados a manter os membros inferiores<br />

relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma<br />

caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.<br />

Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII, medindo o<br />

comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo medial<br />

ipsilateral de ambos os MMII (suplemento 4). A discrepância de comprimento dos<br />

21


MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior a 1,0 cm (Rauh, et<br />

al., 2006; Santili, et al., 1998). A estimativa do coeficiente de correlação intra-classe<br />

para a medida de discrepância de comprimento dos MMII já foi analisada por outros<br />

autores e observado que apresenta bom índice de correlação (Rondon, Gonzalez,<br />

Agreda, & Millan, 1992).<br />

2.3.4 Análise Estatística<br />

O tamanho da amostra foi estimado tendo como base 26% da frequência de<br />

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida na população de corredores<br />

(Buist et al., 2010), com uma precisão da estimativa de 35% e um nível de<br />

significância de 5%, sendo sugerido que 89 corredores participassem do estudo.<br />

Foram realizadas análises descritivas das características pessoais, do<br />

treinamento de corrida, da localização anatômica, do tipo de lesões prévias referidas<br />

pelos corredores e das características de alinhamento anatômico dos membros<br />

inferiores. Foi realizada a verificação da associação do alinhamento anatômico dos<br />

MMII com histórico de lesões através do teste de Qui-quadrado. A regressão<br />

logística univariada foi realizada para verificação da associação entre histórico de<br />

lesões e medidas contínuas de ângulo Q. A comparação de médias de idade entre<br />

os grupos com histórico de lesão e sem histórico de lesão foi realizado através do<br />

teste t de Student, após a verificação da normalidade da amostra, realizada através<br />

da análise de inspeção de histogramas. Todas as análises foram realizadas pelo<br />

software SPSS versão 17,0 adotando-se um α = 0,05.<br />

22


2.4 RESULTADOS<br />

Dos 89 corredores participantes do estudo, a maioria era do sexo masculino<br />

(77,5%, n = 69), com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos de idade. O índice de<br />

massa corporal (IMC) observado classificou a maioria dos corredores como saudável<br />

e com experiência de corrida de até 5 anos, assim como relataram correr uma<br />

quilometragem semanal entre 20 e 40 km. A descrição completa das características<br />

pessoais e do treinamento dos participantes pode ser observada na tabela 1.<br />

Tabela 1. Descrição e verificação da associação das características pessoais e de treinamento<br />

com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.<br />

Variável<br />

Gênero<br />

Todos<br />

% (n=89)<br />

Com Histórico de<br />

Lesão % (n=55)<br />

Sem Histórico<br />

de<br />

Lesão % (n=34)<br />

p<br />

Masculino 77,5 (69) 49,4 (44) 28,1 (25)<br />

Feminino<br />

IMC<br />

22,5 (20) 12,4 (11) 10,1 (9) 0,48<br />

Saudável 62,9 (56) 38,2 (34) 24,7 (22)<br />

Sobrepeso 34,8 (31) 22,5 (20) 12,4 (11)<br />

Obeso<br />

Experiência de corrida<br />

2,2 (2) 1,1 (1) 1,1 (1) 0,88<br />

Até 5 anos 65,2 (58) 36,0 (32) 29,2 (26)<br />

De 5 a 15 anos 20,2 (18) 13,5 (12) 6,7 (6)<br />

Mais de 15 anos<br />

Km / sem<br />

14,6 (13) 12,4 (11) 2,3 (2) 0,13<br />

Até 20km 24,7 (22) 15,7 (14) 9,0 (8)<br />

De 20 a 40km 41,6 (37) 24,7 (22) 16,9 (15)<br />

De 40 a 60km 19,1 (17) 11,2 (10) 7,9 (7)<br />

Mais de 60km 14,6 (13) 10,1 (9) 4,5 (4) 0,92<br />

O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado.<br />

A tabela 2 apresenta os resultados das avaliações das características de<br />

alinhamento anatômico, em que apenas a variável de discrepância entre ângulos Q<br />

apresentou alteração para a maioria dos participantes sendo possível observar a<br />

associação entre discrepância de ângulos Q categorizados (até 3º ou maior que 3º<br />

de discrepância) e história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x 2 = 4,95;<br />

p=0,03). Os valores das medidas de ângulo Q podem ser observados na tabela 3.<br />

Não foi possível observar associação entre as medidas contínuas de discrepância<br />

23


dos ângulos Q com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores<br />

(Odds Ratio=1,14; IC 95%=0,98 a 1,32; p=0,09).<br />

Tabela 2. Descrição e verificação da associação das características de alinhamento anatômico<br />

com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.<br />

Variável<br />

Todos<br />

% (n=89)<br />

Com Histórico de<br />

Lesão % (n=55)<br />

Sem Histórico de<br />

Lesão % (n=34)<br />

Arco Longitudinal Medial<br />

Esquerdo<br />

Neutro 66,3 (59) 63,6 (35) 70,6 (24)<br />

Alto 13,5 (12) 16,4 (9) 8,8 (3)<br />

Baixo 20,2 (18) 20,0 (11) 20,6 (7) 0,59<br />

Direito<br />

Neutro 67,4 (60) 67,3 (37) 67,6 (23)<br />

Alto 15,7 (14) 18,2 (10) 11,8 (4)<br />

Baixo 16,9 (15) 14,5 (8) 20,6 (7) 0,60<br />

Ângulo Subtalar<br />

Esquerdo<br />

Neutro 77,5 (69) 74,5 (41) 82,4 (28)<br />

Varo 4,5 (4) 5,5 (3) 2,9 (1)<br />

Valgo 18,0 (16) 20,0 (11) 14,7 (5) 0,67<br />

Direito<br />

Neutro 79,8 (71) 76,4 (42) 83,5 (29)<br />

Varo 0 0 0<br />

Valgo 20,2 (18) 23,6 (13) 14,7 (5) 0,31<br />

Discrepância de<br />

comprimento<br />

dos MMII<br />

Até 1cm 88,8 (79) 89,1 (49) 88,2 (30)<br />

Maior que 1cm 11,2 (10) 10,9 (6) 11,8 (4) 0,90<br />

Discrepância entre Ângulos<br />

Q<br />

Até 3º 47,2 (42) 38,2 (21) 61,8 (21)<br />

Maior que 3º 52,8 (47) 61,8 (34) 38,2 (13) 0,03*<br />

O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado. *valor estatisticamente significante.<br />

Tabela 3. Descrição das medidas contínuas de ângulo Q com o histórico de lesões<br />

prévias referidas pelos corredores.<br />

Discrepância Todos Com Histórico de Sem Histórico de<br />

entre Ângulos Q % (n=89) Lesão % (n=55) Lesão % (n=34)<br />

0 7,9 (7) 5,4 (3) 11,7 (4)<br />

1° 16,8 (15) 16,3 (9) 17,6 (6)<br />

2° 12,3 (11) 9,1 (5) 17,6 (6)<br />

3° 10,1 (9) 7,3 (4) 14,7(5)<br />

4° 15,7 (14) 21,8 (12) 5,9 (2)<br />

5° 13,5 (12) 18,2 (10) 5,9 (2)<br />

6° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1)<br />

7° 6,7 (6) 3,6 (2) 5,9 (2)<br />

8° 1,1 (1) 1,8 (1) 0 (0)<br />

9° 4,5 (4) 1,8 (1) 5,9 (2)<br />

10° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1)<br />

11° 5,6 (5) 7,3 (4) 5,9 (2)<br />

12° 1,1 (1) 0 (0) 2,9 (1)<br />

24<br />

p


A prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias dos últimos 12 meses<br />

relatadas pelos participantes do estudo foi de 61,8% (n = 55), sendo as<br />

tendinopatias e as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos<br />

musculares) as afecções mais comumente referidas. A região anatômica com maior<br />

ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi o joelho, seguida pelo pé e<br />

pernas. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões<br />

musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser<br />

observadas na tabela 4.<br />

Tabela 4. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores.<br />

Tipo de lesão % (n) Região da lesão % (n)<br />

Tendinopatia 16,4 (9) Joelho 40,0 (22)<br />

Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 16,4 (9) Pé 12,7 (7)<br />

Entorse (lesão da articulação e/ou 12,7 (7) Perna 10,9 (6)<br />

ligamentos) Tornozelo 9,1 (5)<br />

Fasciite Plantar 9,1 (5) Coluna Vertebral 5,4 (3)<br />

Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 1,8 (1) Coxa 9,1 (5)<br />

Lesão de Meniscos ou Cartilagem 10,9 (6) Quadril / Virilha 7,3 (3)<br />

Fratura por Estresse (sobrecarga) 3,6 (2) Tendão Aquiles<br />

Hérnia de Disco 3,6 (2) (Calcâneo) 3,6 (2)<br />

Outros 25,3 (13) Pélvis / Sacro / Nádega 1,8 (1)<br />

Entre os participantes do estudo que apresentavam discrepância entre<br />

ângulos Q superior a 3º, a prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias foi de<br />

85,4% (n = 47), sendo as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos<br />

musculares) e as tendinopatias as afecções mais comumente referidas. A região<br />

anatômica com maior ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi a do<br />

joelho, seguida pela perna, coxa e pé. A descrição e a distribuição de frequência dos<br />

tipos de lesões musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas<br />

acometidas nos participantes que apresentavam discrepância entre ângulos Q<br />

superior a 3º podem ser observadas na tabela 5.<br />

25


Tabela 5. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores que<br />

apresentaram discrepância de ângulo Q superior a 3º.<br />

Tipo de lesão % (n = 47) Região da lesão % (n = 47)<br />

Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 12,8 (6) Joelho 31,9 (15)<br />

Tendinopatias 12,8 (6) Perna 8,5 (4)<br />

Entorse (lesão da articulação e/ou Coxa 6,4 (3)<br />

ligamentos) 6,4 (3) Pé 6,4 (3)<br />

Fasciite plantar 6,4 (3) Coluna lombar 4,2 (2)<br />

Lesão de Meniscos ou Cartilagem 6,4 (3) Quadril 4,2 (2)<br />

Contusão / hematoma / equimose 4,2 (2) Tendão de Aquiles 4,2 (2)<br />

Ruptura ligamentar 2,1 (1) Tornozelo 4,2 (2)<br />

Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 2,1 (1) Pelve 2,1 (1)<br />

Fratura por Estresse (sobrecarga) 2,1 (1)<br />

Hérnia de disco 2,1 (1)<br />

Artrite/sinovite/bursite 2,1 (1)<br />

Outros 12,8 (6)<br />

26


2.5 DISCUSSÃO<br />

Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q dos<br />

joelhos com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores<br />

recreacionais que participaram do estudo (p=0,03). Dentre as características de<br />

alinhamento anatômico dos MMII, a maioria dos corredores apresentou índice do<br />

arco plantar e ângulo subtalar classificados como neutros para ambos os pés e<br />

discrepâncias menores que 1 cm para a medida de comprimento real dos MMII.<br />

Porém, em mais da metade do total de corredores que participaram do estudo foi<br />

observado discrepância maior que 3º para as medidas dos ângulos Q entre os<br />

joelhos. A prevalência de lesão musculoesquelética nos últimos 12 meses foi de<br />

61,8%, assim como a prevalência de lesão musculoesquelética prévia do estudo<br />

para os corredores com discrepância entre ângulos Q foi de 85,4%. As lesões<br />

musculoesqueléticas predominantes foram as tendinopatias e lesões musculares e a<br />

região do corpo mais acometida foi o joelho. As características dos corredores<br />

participantes desse estudo no que se refere à faixa etária, experiência de corrida e<br />

quilometragem semanal percorrida foram ligeiramente diferentes de outros estudos<br />

que tiveram um delineamento semelhante (Lun, et al., 2004; Pazin, Duarte, Poeta, &<br />

Gomes, 2008), e que também se preocuparam em verificar a associação de<br />

características de treino e/ou de alinhamento dos membros inferiores com as lesões<br />

na corrida.<br />

As análises do índice do arco plantar e do ângulo subtalar apresentaram<br />

predominância de medidas dentro das faixas de normalidade adotadas nesse<br />

estudo, evidenciando distribuição muito semelhante entre o grupo com histórico de<br />

lesão e aquele sem história de lesão prévia, apesar de outros estudos terem<br />

27


encontrado predomínio de alterações do tipo de pé e do ângulo subtalar em<br />

corredores (Lee, Hertel, & Lee, 2010; Lun, et al., 2004). Não foi observada a<br />

associação entre o histórico de lesão e as características de alinhamento da<br />

articulação subtalar e do índice do arco plantar entre os participantes desse estudo,<br />

o que corrobora os resultados de outros estudos (Lun, et al., 2004; Nakhaee, et al.,<br />

2008; Pileggi et al., 2010; Raissi, et al., 2009).<br />

A não associação entre o histórico de lesão e as características de<br />

alinhamento da subtalar e do índice do arco plantar observada nesse estudo<br />

contradiz uma das premissas que a indústria de calçados esportivos constantemente<br />

emprega, afirmando que existe a necessidade de se controlar eventuais alterações<br />

de alinhamento e posicionamento do pé como forma de prevenção de lesões,<br />

estimulando grande parte dos corredores a adquirirem um “tênis com características<br />

especiais para a corrida”. A utilização de tênis de corrida já foi motivo de uma<br />

revisão sistemática (Richards, Magin, & Callister, 2009), que demonstrou que a<br />

prescrição de calçado especial para corredores não era baseada em evidência<br />

científica até o momento da publicação do estudo. Após a publicação desta revisão<br />

sistemática, alguns estudos (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010)<br />

foram realizados com o objetivo de verificar se a prescrição de calçado baseado na<br />

avaliação do arco longitudinal medial seria eficaz na prevenção das lesões<br />

musculoesqueléticas em militares. Esses estudos encontraram que a utilização<br />

desses calçados tem pouca influência no surgimento de lesões, não sendo indicado<br />

utilizá-los para prevenir lesões musculoesqueléticas. Assim, entende-se a<br />

necessidade urgente da realização de estudos que tenham como objetivo analisar a<br />

eficácia do “tênis especial de corrida” na prevenção de lesão em corredores<br />

recreacionais, apesar da indústria de calçado estar há mais de três décadas apenas<br />

28


preocupada em anunciar possíveis efeitos dos calçados especiais, sem se<br />

preocupar em divulgar para a comunidade científica estudos prospectivos que<br />

verificam a eficácia do calçado para prevenção de lesão musculoesquelética.<br />

Quanto à discrepância entre os ângulos Q, foi possível observar a associação<br />

entre diferenças de angulação maiores que 3º e o histórico de lesões prévias<br />

relacionadas à prática da corrida. Resultados semelhantes foram observados em um<br />

estudo de coorte prospectivo com corredores de cross-country, que verificou a<br />

associação da alteração do ângulo do quadríceps com o surgimento de lesões<br />

musculoesqueléticas (Rauh, et al., 2007). Acredita-se que a relação entre essa<br />

variável e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas encontradas nesse estudo se<br />

deva ao fato de que a assimetria entre as angulações dos joelhos, assim como<br />

também o simples desalinhamento em valgo dos mesmos possa alterar o<br />

deslizamento patelar no sulco troclear e produzir níveis significativos de sobrecarga<br />

nas estruturas dos MMII durante a corrida, podendo provocar lesões (Rauh, et al.,<br />

2006; Rauh, et al., 2007). Além disso, tal associação encontrada por ter ocorrido<br />

devido ao fato de se ter realizado essa medição na posição ortostática, que segundo<br />

alguns autores (Livingston & Mandigo, 1999; Woodland & Francis, 1992) leva a um<br />

aumento do ângulo Q, quando comparado com a medição na posição supina.<br />

Contudo, entende-se que esse posicionamento em ortostase se mostra mais<br />

relevante para este tipo de amostra, que pratica sua atividade com carga axial. A<br />

respeito da discrepância de ângulos Q, quando analisada através de suas medidas<br />

contínuas, foi observado que praticamente metade dos corredores apresentou<br />

discrepância superior a três graus, não se identificando associação dessa variável<br />

com o histórico de lesão prévia.<br />

29


Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo, se<br />

destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, fato que corrobora os dados<br />

encontrados em um estudo retrospectivo realizado com corredores (McKean,<br />

Manson, & Stanish, 2006). O joelho, pé e perna foram as regiões mais acometidas,<br />

assim como observado em outros estudos (Buist et al., 2008; Taunton et al., 2002).<br />

A corrida, assim como qualquer esporte ou atividade física quando praticada em<br />

demasia, pode favorecer ao desenvolvimento de lesões por sobrecarga, já que é<br />

comum os atletas manterem a intensidade e até mesmo o volume de treino, mesmo<br />

durante a ocorrência de dor, queixa ou lesão musculoesquelética (Lopes, et al.,<br />

2011). Essas mesmas características de lesões relatadas e região anatômica mais<br />

acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram encontradas entre os<br />

corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º, e entende-se que estas<br />

frequências possam ser decorrentes da sobrecarga local aplicada sobre os tecidos<br />

moles que compõem o complexo articular do joelho.<br />

Sugere-se que sejam realizados estudos de acompanhamento prospectivo<br />

para verificar a influência do alinhamento anatômico com o surgimento de lesões<br />

musculoesqueléticas em corredores. Diante do aumento expressivo de praticantes<br />

de corrida, tem se observado cada vez mais fisioterapeutas compondo as equipes<br />

de treinamento de corrida, ou assessorias de corridas, como também são chamadas.<br />

Os resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem<br />

algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico<br />

com a história de lesões pregressas em corredores.<br />

Este estudo apresentou algumas limitações, pois utilizou um delineamento<br />

transversal, cujos dados do formulário auto-aplicável relacionados à história de lesão<br />

pregressa na corrida se referia a informações retrospectivas, permitindo associações<br />

30


apenas de caráter exploratório. Outra limitação se deve ao fato que as avaliações do<br />

índice do arco e ângulo subtalar foram realizadas de maneira estática. Porém, os<br />

métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados neste estudo<br />

representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por fisioterapeutas e<br />

outros profissionais da área da saúde, visto ser uma avaliação de baixo custo e de<br />

fácil execução. Ainda sobre essas medidas de alinhamento anatômico, o ângulo Q<br />

foi mensurado orientando-se o corredor a se posicionar de forma confortável, sem<br />

estabelecer seu posicionamento plantar, fato que pode ter influenciado os valores<br />

encontrados para esta variável do estudo.<br />

31


2.6 CONCLUSÃO<br />

Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q com<br />

a história pregressa de lesões musculoesqueléticas nos últimos 12 meses em<br />

corredores recreacionais. A prevalência de lesões musculoesqueléticas nos últimos<br />

12 meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e de corredores com discrepância<br />

entre ângulos Q superior a 3º foi de 85,4%, sendo as tendinopatias e as lesões<br />

musculares as lesões mais comumente referidas, e o joelho a região anatômica mais<br />

acometida.<br />

32


2.7 AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida,<br />

que nos auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim<br />

como aos integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial<br />

aos colegas Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio<br />

nesse estudo. Agradecemos, também ao Centro Universitário Cesmac pelo apoio<br />

durante a execução desta pesquisa.<br />

interesses.<br />

2.8 CONFLITO DE INTERESSES<br />

Declaramos que o presente manuscrito encontra-se isento de conflitos de<br />

2.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA<br />

Declaramos que o presente manuscrito não obteve financiamento para a<br />

execução de sua pesquisa.<br />

33


2.10 REFERÊNCIAS<br />

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34


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35


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corredores de rua no momento em que precede o inicio da prova. Cadernos<br />

de Formação RBCE. 2011, 33(2), 475-482.<br />

36


ANEXO 1<br />

FORMULÁRIO DE REGISTRO DA ROTINA DE TREINAMENTO<br />

Parte I - Dados Pessoais<br />

1. Qual a sua idade? _____anos<br />

2. Qual o seu peso aproximado? ____kg<br />

3. Qual a sua estatura? _____m<br />

4. Há quanto tempo você pratica corrida? _____ano(s)<br />

Parte II - Histórico de Corrida<br />

1. Qual é a metragem (km) semanal média: _________km/semana<br />

Parte III – Histórico de Lesões<br />

1. Já teve (NO PASSADO) alguma(s) lesão(ões) musculoesquelética(s)<br />

relacionada(s) à prática da corrida, localizada no membro inferior e/ou na coluna?<br />

( ) sim, apenas uma lesão<br />

( ) sim, duas lesões<br />

( ) sim, três lesões<br />

( ) não<br />

Caso tenha tido mais de três lesões, favor descrever as três lesões mais<br />

graves<br />

1.1 Descrição da lesão musculoesquelética<br />

1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose<br />

2 fratura (traumática) 12 tendinopatia<br />

3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite<br />

4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica<br />

5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto<br />

6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele<br />

7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental<br />

8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular<br />

9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos<br />

10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros<br />

37


1.2 Região do corpo lesionada<br />

Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior<br />

1 face (incluindo olhos, orelha e<br />

nariz)<br />

11 ombro / clavícula 21 quadril<br />

2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal<br />

3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior)<br />

4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior)<br />

5 esterno / costelas 14 a/p antebraço<br />

(anterior/posterior)<br />

24 m/l joelho (medial/lateral)<br />

6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior)<br />

7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo<br />

8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral)<br />

18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)<br />

38


-CAPÍTULO 3-<br />

INCIDÊNCIA E ASSOCIAÇÃO ENTRE ALINHAMENTO ANATÔMICO<br />

DOS MEMBROS INFERIORES E LESÕES<br />

MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS:<br />

UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO<br />

39


Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a Incidência de<br />

Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais: Um Estudo de Coorte<br />

Prospectivo<br />

Aline Carla Araújo Carvalho, PT, Ms 1,2<br />

Luiz Carlos Hespanhol Junior, PT, Ms 1,2<br />

Leonardo Oliveira Pena Costa, PT, PhD 1,2,3<br />

Alexandre Dias Lopes, PT, PhD 1,2<br />

1<br />

Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo -<br />

UNICID, São Paulo, Brasil,<br />

2<br />

São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo, Brazil.<br />

3<br />

Senior Research Fellow, Musculoskeletal Division, The George Institute for Global<br />

Health, Sydney, Australia.<br />

Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento<br />

com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados<br />

apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de<br />

interesse quanto aos resultados aqui apresentados.<br />

O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa<br />

da Universidade Cidade de São Paulo.<br />

Endereço de correspondência para Aline Carla Araújo Carvalho, Universidade<br />

Cidade de São Paulo, Rua Cesário Galeno, 448, São Paulo/SP, CEP 03971-000,<br />

Brasil.<br />

E-mail: aline.carvalho@sprunig.net / alinecca@hotmail.com<br />

40


Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a<br />

Incidência de Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais:<br />

Estudo de Coorte Prospectivo<br />

Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento<br />

com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados<br />

apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de<br />

interesse quanto aos resultados aqui apresentados.<br />

41


3.1 AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida, que nos<br />

auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim como aos<br />

integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial aos colegas<br />

Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio nesse estudo.<br />

Agradecemos também ao Centro Universitário Cesmac, pelo apoio durante a<br />

execução desta pesquisa.<br />

42


3.2 RESUMO<br />

Desenho do estudo: Estudo de coorte prospectivo.<br />

Objetivos: Descrever a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à<br />

corrida em um grupo de corredores recreacionais ocorridas num período de 12<br />

semanas, verificar a associação entre as características de alinhamento dos<br />

membros inferiores e a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à<br />

corrida e descrever a principiais lesões desenvolvidas durante o período de<br />

acompanhamento, assim como as regiões anatômicas mais acometidas.<br />

Contexto: O alinhamento anatômico dos membros inferiores em corredores tem<br />

sido objeto de estudos em que se especula sobre sua influência no surgimento de<br />

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Essa informação é importante<br />

para os profissionais de saúde que trabalham com esporte e para os fisioterapeutas<br />

que atuam na prevenção de lesões esportivas.<br />

Métodos: Estudo de coorte prospectivo composto por 89 corredores recreacionais<br />

que foram submetidos à avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do<br />

arco plantar e discrepância de comprimento dos membros inferiores. Esses<br />

corredores responderam, a cada duas semanas, questões sobre suas características<br />

de treinamento de corrida e sobre eventuais lesões em cada período. Análises<br />

descritivas das características de alinhamento anatômico dos membros inferiores<br />

foram realizadas. A incidência de lesões musculoesqueléticas foi calculada através<br />

de análise de sobrevivência. A verificação da associação entre o alinhamento dos<br />

membros inferiores com tempo decorrido até a lesão foi calculada através de<br />

modelos de regressão de Cox.<br />

Resultados: A partir dos resultados dos modelos de regressão de Cox, nenhuma<br />

variável de alinhamento anatômico apresentou alteração entre os participantes e<br />

43


nem se associou com as lesões relacionadas à corrida, assim como as<br />

características de treinamento também não se associaram ao desenvolvimento de<br />

lesões na corrida. A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida<br />

foi de 27%, sendo as lesões musculares e as tendinopatias as principais lesões, e a<br />

perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.<br />

Conclusões: A incidência de lesões foi de 27% e não foi verificada associações<br />

entre as características de alinhamento anatômico com as lesões na corrida. As<br />

lesões musculares e as tendinopatias foram as principais lesões apresentadas pelos<br />

corredores e a perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.<br />

Palavras-Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.<br />

44


3.3 INTRODUÇÃO<br />

A corrida se caracteriza como uma atividade física que pode ser realizada em<br />

diversos lugares e que proporciona aos seus praticantes vários benefícios à saúde 1 .<br />

A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) tem sido<br />

objeto de diversos estudos 2-12 que se preocuparam em investigar quais são os<br />

principais fatores associados ao desenvolvimento de lesões.<br />

Os fatores associados às lesões musculoesqueléticas em corredores mais<br />

comumente citados na literatura são o alto volume de treinamento semanal (superior<br />

a 64 km/sem) e a existência de histórico de lesões prévias 6, 13, 14 . Outros potenciais<br />

fatores também foram investigados, destacando-se principalmente as características<br />

de alinhamento anatômico dos membros inferiores (MMII) 3-6, 8-12, 15 , dentre as quais a<br />

discrepância de comprimento dos MMII, o ângulo Q e a discrepância de ângulo Q<br />

têm sido apresentadas como prováveis fatores associados ao desenvolvimento<br />

dessas lesões em populações de maratonistas 6 , corredores recreacionais 5 e<br />

corredores de cross-country 3, 4 .<br />

O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores<br />

recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais<br />

que atuam na área da fisioterapia esportiva, assim como de outros profissionais<br />

envolvidos com a prática da corrida,. Diante das evidências conflitantes sobre a<br />

influência do alinhamento anatômico no desenvolvimento de lesões e a escassez de<br />

estudos envolvendo corredores recreacionais, este estudo teve como objetivo<br />

verificar a associação entre as características de alinhamento dos MMII e a<br />

incidência de LMRC, descrevendo quais as principais lesões desenvolvidas durante<br />

o período de acompanhamento.<br />

45


3.4 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

3.4.1 Desenho do estudo e participantes<br />

Este estudo de coorte prospectivo teve a participação de 89 corredores<br />

recreacionais que responderam a cada 14 dias questões relacionadas aos hábitos<br />

de treinamento de corrida através de formulários online por um período de 12<br />

semanas. Todos os participantes foram submetidos a uma avaliação bilateral do<br />

ângulo Q do joelho, ângulo subtalar do tornozelo, índice do arco plantar e<br />

mensuração da discrepância do comprimento dos MMII.<br />

Foram incluídos neste estudo corredores com idade igual ou superior a 18<br />

anos, que praticavam corrida há pelo menos seis meses. Foram excluídos os<br />

corredores que referiram estar com alguma lesão musculoesquelética (músculo,<br />

tendão, articulação, ligamento e/ou osso) no início do período do acompanhamento<br />

da pesquisa. A definição para LMRC adotada nesse estudo foi a seguinte: “qualquer<br />

dor de origem musculoesquelética, que estivesse relacionada à prática da corrida e<br />

que tenha sido severa o suficiente para impedir o corredor de realizar pelo menos<br />

um treino de corrida” 2, 14, 16, 17 .<br />

Os corredores foram convidados a participar do estudo através do envio de<br />

email aos sócios corredores cadastrados em uma entidade organizadora de eventos<br />

de corrida da cidade de São Paulo (CORPORE). Os corredores que responderam o<br />

convite e que contemplavam os critérios de inclusão e de exclusão foram incluídos.<br />

Esse estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Cidade de São<br />

Paulo (Protocolo 13506583/2010).<br />

46


3.4.2 Formulário Online de Acompanhamento<br />

A coleta de dados foi composta por um formulário de acompanhamento que<br />

continha informações sobre o volume de treinamento de corrida e o surgimento de<br />

uma nova LMRC sofrida no período de acompanhamento em questão, além da<br />

intensidade da dor que essa lesão estava provocando, que foi avaliada pela escala<br />

numérica de dor (END) composta por 10 pontos (1-10). A descrição da lesão<br />

musculoesquelética sofrida e a localização anatômica da mesma foram auto-<br />

reportadas 18 (Anexo 1). O formulário de acompanhamento foi enviado para os<br />

corredores a cada 14 dias, via email, durante todo o período do estudo (12<br />

semanas). No início de cada período bissemanal foi enviado um email aos<br />

corredores, com a finalidade de comunicar sobre o início do novo período de<br />

acompanhamento bissemanal que se iniciava, além de lembrar os participantes da<br />

necessidade do preenchimento do formulário referente ao período em questão.<br />

Quando os formulários não eram preenchidos, um novo email era enviado<br />

relembrando a necessidade de seu preenchimento, porém em oito casos apenas foi<br />

necessário contatar os participantes por telefone ou carta.<br />

3.4.3 Procedimentos de avaliação<br />

3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q<br />

O ângulo Q do joelho foi mensurado com o participante trajando roupa<br />

esportiva e descalço. O corredor foi posicionado em posição ortostática apoiado<br />

sobre os dois pés de frente para o examinador. Foram realizadas demarcações por<br />

meio de caneta nos seguintes pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores<br />

(EIAS), no centro de ambas as patelas e nas tuberosidades tibiais 4 . Foi traçada uma<br />

reta da EIAS até o centro da patela, e uma segunda reta do centro da patela até a<br />

47


tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas constituiu<br />

o ângulo Q do joelho, que foi mensurado através de goniômetro posicionado com<br />

seu eixo no centro da patela. Os valores entre 10° e 15° para esta angulação foram<br />

considerados normais para ambos os gêneros 4 . Também foi verificada a diferença<br />

de angulação entre os valores obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado<br />

como discrepância normal uma variação de até 3º 4 . Todas as marcações foram<br />

feitas pelo mesmo examinador. O coeficiente de correlação intra-classe para a<br />

medida de ângulo Q já foi verificada por outros autores, que observaram que a<br />

mesma apresenta uma boa correlação 19 .<br />

3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar<br />

Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma<br />

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos, realizando<br />

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. A tuberosidade posterior do<br />

calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo referente a linha média entre os<br />

maléolos foram demarcadas utilizando-se etiquetas adesivas. Após as marcações foi<br />

tirada uma foto do terço póstero-distal dos MMII. A câmera foi posicionada sobre um<br />

tripé centralizado atrás do participante. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado<br />

um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®, Autodesk Inc., USA), que<br />

permitiu ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as<br />

etiquetas adesivas, assim como traçar uma segunda linha orientada verticalmente e<br />

perpendicular ao solo. Com a intersecção dos prolongamentos de ambas as retas se<br />

formou um ângulo 20 , que foi mensurado e classificado: ângulo subtalar normal (para<br />

valores entre 0-5º), varo (valores 6º) 21 . O ICC intra-classe<br />

48


para a medida do ângulo subtalar já foi analisada por outros autores, que<br />

observaram que a mesma apresenta bom índice de correlação 20 .<br />

3.4.3.3 Índice do Arco Plantar<br />

Para avaliar o índice do arco plantar os participantes foram posicionados<br />

sobre um podoscópio com os pés descalços e separados por uma distância de<br />

aproximadamente 7,5 cm, permitindo uma padronização do posicionamento dos<br />

participantes 22 . A imagem da impressão plantar foi adquirida com uma câmera digital<br />

que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio. Para analisar as<br />

imagens foi utilizado um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®,<br />

Autodesk, Inc., USA). Inicialmente foram traçadas três retas, uma que foi traçada do<br />

ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto equivalente na<br />

face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta<br />

foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais<br />

salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com base nos pontos<br />

mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior. Após traçada<br />

essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé, mediopé e<br />

retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado anteriormente. A área do<br />

médiopé foi dividida pela área total das três áreas mensuradas, tendo como<br />

resultado o índice do arco plantar para cada um dos pés avaliados 23, 24 . O índice do<br />

arco plantar foi classificado de acordo com os seguintes parâmetros: arco<br />

longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco longitudinal normal (índice entre 0,22 e<br />

0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26) 25 . O ICC intra-classe para a medida do<br />

índice do arco plantar, foi descrita por alguns autores como tendo boa correlação 23 .<br />

49


3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores<br />

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os<br />

participantes em posição supina, solicitando aos participantes que mantivesse os a<br />

musculatura dos membros inferiores relaxada. A EIAS e os centros dos maléolos<br />

mediais de cada membro inferior foram demarcados utilizando uma caneta. Com<br />

uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII. A discrepância de<br />

comprimento dos MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior ou<br />

igual a 1,0 cm 3, 26 . A estimativa do ICC intra-classe para a medida de discrepância<br />

de comprimento dos MMII já foi apresentada por outros autores como apresentando<br />

bom índice de correlação 27 .<br />

3.4.4 Análise Estatística<br />

O cálculo amostral foi realizado com base na incidência de 26% de LMRC<br />

descrita em um estudo realizado com população e tempo de acompanhamento<br />

semelhantes 15 . A precisão de estimativa de lesão foi de 35% e o nível de<br />

significância adotado neste estudo foi de 5%, o que sugeriu 89 corredores para<br />

compor a amostra do estudo.<br />

A estatística descritiva foi utilizada para apresentar as características dos<br />

participantes, sendo descritas por meio dos valores de média e desvio padrão<br />

(dados paramétricos), mediana e intervalo interquartil (dados não paramétricos) e<br />

porcentagem de corredores (variáveis categóricas). A incidência de LMRC por 1000<br />

horas de exposição foi calculada utilizando-se o tempo médio de exposição dos<br />

corredores desde o início do estudo até o momento da ocorrência da lesão<br />

(corredores lesionados), ou então, até o término do período de acompanhamento do<br />

estudo (12 semanas) para os corredores que não sofreram lesão. Foi realizada a<br />

50


análise de sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier para averiguar o tempo até<br />

um novo evento de LMRC, foi possível determinar a incidência de LMRC para cada<br />

período de acompanhamento. Para determinar as possíveis associações entre as<br />

características analisadas e as LMRC foi realizada inicialmente uma análise de<br />

regressão univariada de Cox. As variáveis que apresentaram um p≤0,20 na<br />

regressão univariada de Cox foram selecionadas para serem incluídas no modelo de<br />

regressão multivariado de Cox. Os resultados da análise de regressão de Cox foram<br />

expressos em Hazard Ratios (HR) com seus respectivos intervalos de confiança a<br />

95%. Todas as análises foram realizadas pelo software SPSS versão 17.0.<br />

3.5 RESULTADOS<br />

Participaram desse estudo 89 corredores que responderam ao formulário de<br />

acompanhamento da rotina de treinamento e foram submetidos às avaliações de<br />

alinhamento do membro inferior. A maioria dos participantes foi do gênero<br />

masculino, com proporção de 76,4% (n=68) de homens e 23,6% (n=21) de<br />

mulheres. A idade média dos participantes foi de 44,0 (DP=10,0) anos. O índice de<br />

massa corporal (IMC) observado em 62,9% dos corredores foi de até 25 kg/m 2 e a<br />

mediana da experiência de corrida predominante entre os participantes do estudo foi<br />

de 4,0 (IQ=4,5) anos. O volume de treinamento semanal apresentou uma mediana<br />

de 35,0 (IQ=15,0) km/sem.<br />

Os resultados das avaliações das características de alinhamento anatômico<br />

mostraram predominância de corredores com arco plantar alterado e com medidas<br />

de ângulo subtalar, discrepância de comprimento dos MMII, ângulos Q e<br />

discrepância de ângulos Q dentro das faixas de normalidade adotadas nesse<br />

estudo. Não foram observadas associações entre as medidas de alinhamento<br />

51


anatômico dos MMII e as LMRC após realizada a análise de regressão de Cox<br />

(tabela 1). A descrição completa das características pessoais, treinamento de corrida<br />

e alinhamento anatômico dos MMII dos participantes deste estudo pode ser<br />

observada na tabela 1. De acordo com a regressão multivariada de Cox nenhuma<br />

das características avaliadas associou-se com as LMRC entre os corredores. Os<br />

resultados da análise do modelo de regressão multivariada de Cox estão<br />

apresentados na tabela 2.<br />

52


Tabela 1. Descrição das características pessoais, treinamento de corrida e alinhamento anatômico dos MMII.<br />

Todos Com Lesão Sem Lesão HR IC (95%) p<br />

Variável<br />

(n=89) (n=24) (n=65)<br />

Gênero*<br />

Masculino 76,4 (68,0) 87,5 (21,0) 72,3 (47,0) 1 - -<br />

Feminino 23,6 (21,0) 12,5 (3,0) 27,7 (18,0) 2,3 0,69 a 7,74 0,17<br />

Idade (anos)<br />

IMC (%)<br />

44 (10,0) 44 (9) 45 (11) 1,0 0,96 a 1,03 0,77<br />

Até 25 kg/m 2 62,9 (56,0) 58,3 (14,0) 64,6 (42,0) 1 - -<br />

> que 25 kg/m 2<br />

37,1 (33,0) 41,7 (10,0) 35,4 (23,0) 0,8 0,34 a 1,75 0,54<br />

Experiência de corrida (anos) †* 4,0 (4,5) 7,0 (13,0) 4,0 (4,0) 1,0 0,99 a 1,06 0,20<br />

Volume de treino/sem (km/sem) † Arco longitudinal medial<br />

35,0 (15,0) 38,0 (39,0) 35,0 (27,0) 1,0 0,99 a 1,02 0,70<br />

‡<br />

Sem alteração 47,2 (42) 45,8 (11) 47,7 (31) 1 - -<br />

Com alteração<br />

Ângulo subtalar (<br />

52,8 (47) 54,1 (13) 52,3 (34) 0,9 0,42 a 2,11 0,89<br />

o )<br />

Direito 4,0 (3,1) 3,4 (4,1) 4,1 (2,7) 0,9 0,80 a 1,07 0,33<br />

Esquerdo<br />

Ângulo Q (<br />

3,5 (3,0) 3,0 (2,6) 3,7 (3,2) 0,9 0,82 a 1,08 0,41<br />

o )<br />

Direito 10,9 (5,8) 10,7 (5,7) 11,0 (5,8) 1,0 0,93 a 1,06 0,86<br />

Esquerdo 11,5 (5,6) 11,2 (6,4) 11,7 (5,3) 1,0 0,92 a 1,07 0,85<br />

Discrepância de ângulo Q † ( o ) 3,0 (2,0) 3,5 (3,0) 3,0 (4,0) 1,0 0,90 a 1,15 0,80<br />

Discrepância de comprimento dos MMII † (cm) 0,5 (0,5) 1,0 (1,0) 0,5 (1,0) 1,5 0,77 a 3,15 0,22<br />

* diferença considerada para que a variável entrasse no modelo de regressão multivariada de Cox.<br />

† os dados contínuos que apresentaram distribuição não - paramétrica estão expressos em mediana e intervalo interquartil.<br />

‡ medida do arco longitudinal medial está categorizada em “sem alteração” (índice entre 0,22 e 0,26) e “com alteração” (índices inferiores a 0,21<br />

ou superiores a 0,26).<br />

Os dados categóricos estão expressos em porcentagem e número de corredores.<br />

Os dados contínuos que apresentaram distribuição paramétrica estão expressos em valores de média e desvio padrão.<br />

Associações entre as variáveis estudadas e a incidência de LMRC foram realizadas através da regressão univariada de Cox.<br />

53


Tabela 2. Análise do modelo de regressão multivariada de Cox<br />

para os participantes do estudo.<br />

HR IC (95%) P<br />

Gênero<br />

Masculino 1 - -<br />

Feminino 2,25 0,67 a 7,54 0,19<br />

Experiência de corrida 1,02 0,98 a 1,06 0,23<br />

A incidência de LMRC durante as 12 semanas do estudo foi de 27,0% (n=24),<br />

ou 6 lesões por 1000 horas de exposição à corrida. A análise de sobrevivência pelo<br />

método de Kaplan-Meier (figura 1) mostrou que entre os 89 corredores participantes<br />

do estudo, 8 corredores (9,0%) desenvolveram LMRC no primeiro período de<br />

acompanhamento, 4 no segundo (4,9%), 2 corredores se lesionaram no terceiro<br />

período (2,6%), 1 no quarto período (1,3%), 5 no quinto período (6,7%) e 4<br />

corredores desenvolveram LMRC no sexto período de acompanhamento (5,8%).<br />

Figura 1. Gráfico demonstrativo da curva de sobrevivência dos corredores do<br />

estudo. LMRC: lesão musculoesquelética relacionada à corrida.<br />

54


Entre as lesões musculoesqueléticas apresentadas pelos corredores, as<br />

tendinopatias (14,3%, n=6), as lesões musculares (14,3%, n=6) foram as lesões<br />

mais comumente referidas. A perna (26,2%, n=12), o joelho (21,4%, n=10) e o pé<br />

(16,7%, n=7) foram as regiões anatômicas com maior ocorrência das lesões<br />

relacionadas à corrida. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões<br />

musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser<br />

melhor observadas na tabela 3.<br />

Tabela 3. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões apresentadas pelos corredores.<br />

Tipo de Lesão % (n) Região da Lesão % (n)<br />

Lesões Musculares 14,3 (6) Perna 26,2 (12)<br />

Tendinopatia 14,3 (6) Joelho 21,4 (10)<br />

Dor Lombar / Lombalgia / Dor nas Costas 9,5 (4) Pé 16,7 (7)<br />

Contusão / Hematoma / Equimose 4,8 (2) Coluna Vertebral 14,3 (6)<br />

Cãimbra / Espasmo Muscular 2,4 (1) Coxa 9,5 (4)<br />

Laceração / Abrasão / Lesão de pele 2,4 (1) Tornozelo 7,1 (4)<br />

Artrite / Sinovite / Bursite 2,4 (1) Tendão de Aquiles (calcâneo) 4,8 (2)<br />

Lesão de Meniscos ou Cartilagem 4,8 (2) Pélvis / Sacro / Nádega -<br />

Fratura por Estresse (sobrecarga) 4,8 (2) Quadril -<br />

Luxação / Subluxação 11,9 (5)<br />

Outros 28,6 (12)<br />

3.6 DISCUSSÃO<br />

Não foi observada associação entre as características de alinhamento<br />

anatômico dos MMII e as características de treinamento de corrida com as LMRC<br />

dos corredores recreacionais que participaram deste estudo. A incidência de lesão<br />

musculoesquelética relacionada à corrida foi de 27,0%, ou 6 lesões por 1000 horas<br />

de exposição á corrida. A maioria dos corredores se lesionou durante o primeiro<br />

período de acompanhamento, sendo as tendinopatias e as lesões musculares as<br />

lesões musculoesqueléticas predominantes, e a perna e o joelho as regiões<br />

corporais mais acometidas por essas lesões.<br />

55


A não associação das características de alinhamento anatômico dos MMII<br />

mensuradas com o surgimento de lesões musculoesqueléticas observada nesse<br />

estudo pode ser decorrente do curto período de acompanhamento dessa pesquisa,<br />

o qual pode ter sido insuficiente para o registro de algumas lesões que poderiam<br />

revelar associação com algumas das características de alinhamento anatômico dos<br />

corredores, assim como da ausência de uma proposta de intervenção durante o<br />

desenvolvimento deste estudo. Além disso, os estudos que encontraram associação<br />

entre o alinhamento anatômico dos MMII (ângulo Q, discrepância de ângulo Q,<br />

discrepância de comprimento dos MMII e ângulo subtalar) foram realizados com<br />

maratonistas, acompanhados por um período de 32 semanas 6 e com corredores de<br />

cross-country 3, 4 acompanhados durante uma temporada de provas de atletismo,<br />

porém que apresentam características de treinamento distintas dos corredores<br />

recreacionais. Da mesma forma, as evidências a respeito da associação entre as<br />

alterações do ângulo subtalar e lesões em corredores estão apresentadas em<br />

estudos com maratonistas 6 e com corredores recreacionais 5, 11 , que realizaram<br />

avaliações em situação de ausência de carga sobre os MMII, fato que não reproduz<br />

a situação de lesões na corrida; e os estudos que evidenciaram a não associação<br />

entre alteração da altura do arco longitudinal medial e lesões musculoesqueléticas 9,<br />

10 foram desenvolvidos em populações de militares, que apresentam características<br />

distintas daquelas apresentadas por corredores recreacionais.<br />

Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo se<br />

destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, assim como descrito em<br />

outros estudos com corredores 28, 29 e entende-se que a corrida, assim como qualquer<br />

esporte ou atividade física quando desempenhada em excesso pode favorecer o<br />

surgimento de lesões por sobrecarga, especialmente nos MMII que contém os<br />

56


grandes grupos musculares envolvidos com a mecânica da corrida e que são muito<br />

solicitados durante a prática da corrida.<br />

As taxas de tendinopatia encontradas neste estudo colocaram esta lesão<br />

como a mais frequente entre os corredores estudados, achado que está de acordo<br />

com a literatura. Porém, as lesões musculares também foram relatas como um dos<br />

principais tipos de lesão. Isso pode ter ocorrido devido à definição de lesão<br />

musculoesquelética utilizada neste estudo, que adotou para caracterizar como lesão<br />

qualquer dor de origem musculoesquelética que impedisse o corredor de realizar um<br />

treino de corrida. A presença da dor muscular tardia, que é freqüente durante um<br />

processo de treinamento físico 32 , foi considerada uma lesão neste estudo caso o<br />

corredor perdesse um treino de corrida, e isso pode ter aumentado a incidência das<br />

lesões musculares entre os seus participantes.<br />

Dentre as regiões anatômicas mais acometidas pelas lesões<br />

musculoesqueléticas, se destacaram a perna, o joelho e o pé, assim como reportado<br />

por outros autores 33, 34 , o que pode ser decorrente da presença, nestas áreas, dos<br />

grandes grupos musculares envolvidos diretamente com a mecânica da corrida, bem<br />

como altas forças de impacto sobre os membros inferiores no momento da corrida 38 .<br />

Diante do aumento expressivo do número de praticantes de corrida, observa-<br />

se o aumento da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com equipes de<br />

treinamento de corrida (assessorias de corridas). Os resultados desse estudo<br />

auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem algumas dúvidas sobre a<br />

associação entre alterações do alinhamento anatômico e o surgimento de lesões<br />

musculoesqueléticas em corredores. .<br />

Algumas limitações podem ser observadas nesse estudo, como o curto<br />

período de acompanhamento, o que pode não ter sido suficiente para identificar<br />

57


associações entre as características de alinhamento anatômico e o surgimento de<br />

LMRC entre os corredores. Outra limitação se deve ao fato de que as avaliações do<br />

índice do arco do pé e ângulo subtalar foram realizados estaticamente, porém<br />

entendemos que os métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados<br />

neste estudo representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por<br />

fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde no dia-a-dia, pois se trata de<br />

avaliações de baixo custo, boa reprodutibilidade e fácil execução.<br />

Como conclusão desse estudo, não foi possível identificar a associação do<br />

alinhamento anatômico dos MMII com o desenvolvimento de lesões<br />

musculoesqueléticas nos corredores recreacionais. A incidência de lesões<br />

musculoesqueléticas relacionadas à corrida foi de 27%, sendo as tendinopatias e as<br />

lesões musculares as lesões mais comumente referidas, e a perna e o joelho as<br />

regiões anatômicas mais acometidas.<br />

58


3.7 REFERÊNCIAS<br />

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Injury reduction effectiveness of assigning running shoes based on plantar shape in<br />

Marine Corps basic training. Am J Sports Med. 2010;38(9):1759-67.<br />

11. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between<br />

lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among non-<br />

professional athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.<br />

12. Plisky MS, Rauh MJ, Heiderscheit B, Underwood FB, Tank RT. Medial tibial<br />

stress syndrome in high school cross-country runners: incidence and risk factors. J<br />

Orthop Sports Phys Ther. 2007;37(2):40-7.<br />

13. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,<br />

Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long<br />

distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.<br />

14. Macera CA, Pate RR, Powell KE, Jackson KL, Kendrick JS, Craven TE.<br />

Predicting lower-extremity injuries among habitual runners. Arch Intern Med.<br />

1989;149(11):2565-8.<br />

15. Buist I, Bredeweg SW, Bessem B, van Mechelen W, Lemmink KA, Diercks RL.<br />

Incidence and risk factors of running-related injuries during preparation for a 4-mile<br />

recreational running event. Br J Sports Med. 2010;44(8):598-604.<br />

16. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.<br />

Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.<br />

Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.<br />

60


17. Bovens AM, Janssen GM, Vermeer HG, Hoeberigs JH, Janssen MP,<br />

Verstappen FT. Occurrence of running injuries in adults following a supervised<br />

training program. Int J Sports Med. 1989;10(S186-90.<br />

18. Alonso JM, Junge A, Renstrom P, Engebretsen L, Mountjoy M, Dvorak J.<br />

Sports injuries surveillance during the 2007 IAAF World Athletics Championships.<br />

Clin J Sport Med. 2009;19(1):26-32.<br />

19. Shultz SJ, Nguyen AD, Windley TC, Kulas AS, Botic TL, Beynnon BD.<br />

Intratester and intertester reliability of clinical measures of lower extremity anatomic<br />

characteristics: implications for multicenter studies. Clin J Sport Med.<br />

2006;16(2):155-61.<br />

20. McPoil TG, Cornwall MW. Relationship between three static angles of the<br />

rearfoot and the pattern of rearfoot motion during walking. J Orthop Sports Phys<br />

Ther. 1996;23(6):370-5.<br />

21. Eng JJ, Pierrynowski MR. The effect of soft foot orthotics on three-dimensional<br />

lower-limb kinematics during walking and running. Phys Ther. 1994;74(9):836-44.<br />

22. Ribeiro A, Trombini-Souza F, Iunes D, Monte-Raso V. Confiabilidade Inter e<br />

Intra-Examinador da Fotopodometria e Intra-Examinador da Fotopodoscopia. Rev<br />

bras fisioter. 2006;10(4):435-9.<br />

23. Queen RM, Mall NA, Hardaker WM, Nunley JA, 2nd. Describing the medial<br />

longitudinal arch using footprint indices and a clinical grading system. Foot Ankle Int.<br />

2007;28(4):456-62.<br />

24. Cavanagh PR, Rodgers MM. The arch index: a useful measure from footprints.<br />

J Biomech. 1987;20(5):547-51.<br />

25. Sacco IdCN, Bacarin TdA, Watari R, Suda EY, Canettieri MG, Souza LC, et al.<br />

Envelhecimento, atividade física, massa corporal e arco plantar longitudinal<br />

61


influenciam no equilíbrio funcional de idosos? Rev bras Educ Fís Esp<br />

2008;22(3):183-91.<br />

26. Santili C, Waisberg G, Akkari M, Fávaro T, Prado JCL. Avaliação das<br />

discrepâncias de comprimento dos membros inferiores. Rev Bras Ortop<br />

1998;33(1):41-4.<br />

27. Rondon CA, Gonzalez N, Agreda L, Millan A. Observer agreement in the<br />

measurement of leg length. Rev Invest Clin. 1992;44(1):85-9.<br />

28. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters<br />

runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.<br />

29. Jakobsen BW, Kroner K, Schmidt SA, Kjeldsen A. Prevention of injuries in<br />

long-distance runners. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 1994;2(4):245-9.<br />

30. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.<br />

Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to<br />

compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.<br />

31. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de<br />

rua no momento em que precede o inicio da prova. Cadernos de Formação RBCE.<br />

2011;33(2): 473-482.<br />

32. Desgorces FD, Senegas X, Garcia J, Decker L, Noirez P. Methods to quantify<br />

intermittent exercises. Appl Physiol Nutr Metab. 2007;32(4):762-9.<br />

33. Buist I, Bredeweg SW, van Mechelen W, Lemmink KA, Pepping GJ, Diercks<br />

RL. No effect of a graded training program on the number of running-related injuries<br />

in novice runners: a randomized controlled trial. Am J Sports Med. 2008;36(1):33-9.<br />

34. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, McKenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo<br />

BD. A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries. Br J Sports Med.<br />

2002;36(2):95-101.<br />

62


3.8 ANEXO 1<br />

ACOMPANHAMENTO DA ROTINA DE TREINAMENTO<br />

*TODAS as perguntas a seguir são referentes às duas últimas semanas (14 dias).<br />

1- Qual foi a metragem total nas últimas duas semanas? _______________km<br />

2- Apresentou alguma lesão musculoesquelética nas últimas duas semanas?<br />

_____ Não _____ Sim<br />

(Responda as questões 2.A, 2.B e 2.C apenas se respondeu SIM na questão 2)<br />

2.A- Qual foi a intensidade da dor?<br />

2.B- Descrição da lesão musculoesquelética _____________________________<br />

1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose<br />

2 fratura (traumática) 12 tendinopatia<br />

3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite<br />

4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica<br />

5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto<br />

6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele<br />

7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental<br />

8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular<br />

9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos<br />

10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros<br />

2.C- Região do corpo lesionada<br />

_____________________________________________<br />

Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior<br />

1 face (incluindo olhos, orelha e nariz) 11 ombro / clavícula 21 quadril<br />

2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal<br />

3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior)<br />

4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior)<br />

5 esterno / costelas 14 a/p ante-braço (anterior/posterior) 24 m/l joelho (medial/lateral)<br />

6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior)<br />

7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo<br />

8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral)<br />

18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)<br />

63


- CAPÍTULO 4 -<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

64


4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Baseado nos dados apresentados nesta dissertação, observamos que o<br />

capítulo 2 apresentou a prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à<br />

corrida (LMRC) nos últimos 12 meses de 61,8%, o que representa a maioria dos<br />

corredores apresentando lesão no último ano e contradiz os dados de alguns<br />

estudos que apresentaram uma prevalência de LMRC com taxas entre 25% 1, 2 e<br />

46% 3, 4 . O capítulo 3, por sua vez, apresentou a incidência de LMRC com uma taxa<br />

de 27%, reforçando as informações de alguns estudos que apresentam uma<br />

incidência geral de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) com<br />

valores entre 19,4% e 92,4% 5, 6 . Estes dados podem ser considerados preocupantes<br />

para os corredores e que merecem atenção por parte dos profissionais de saúde<br />

que se dedicam à prevenção de lesões na corrida, evidenciando a necessidade de<br />

implantação de estratégias de prevenção dessas lesões.<br />

Entre as características de alinhamento anatômico dos MMII, o capítulo 2<br />

apresentou a discrepância entre ângulos Q (com os dados categorizados) como a<br />

característica de alinhamento anatômico que se associou com a história pregressa<br />

de lesões musculoesqueléticas entre os corredores, corroborando os resultados de<br />

alguns autores 7 que também encontraram associação desta variável de alinhamento<br />

dos MMII com lesões em corredores cross-country. O capítulo 3, por sua vez,<br />

apresentou que nenhuma das características de alinhamento avaliadas se associou<br />

com as LMRC apresentadas pelos corredores participantes durante as 12 semanas<br />

de acompanhamento propostas no estudo, o que contradiz alguns dados apontados<br />

pela literatura, os quais apresentam a discrepância de comprimento dos membros<br />

inferiores (MMII) 8 , as alterações de ângulo Q 7, 9 e a discrepância entre ângulos Q 7<br />

como fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em corredores, mas, em<br />

contrapartida, também corrobora outros autores 10, 11 que não encontraram<br />

associações entre as alterações de alinhamento anatômico estudadas e as lesões<br />

musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Tal achado pode ser decorrente do<br />

limitado período de acompanhamento deste estudo, o qual pode ter sido insuficiente<br />

para o registro de algumas lesões que poderiam revelar associação com algum<br />

desses fatores (alinhamento anatômico) classificados como não modificáveis 12, 13 , o<br />

que sugere a necessidade de desenvolvimento de estudo com acompanhamento<br />

65


mais longo, a fim de mensurar e avaliar com mais exatidão a influência destas<br />

características anatômicas sobre as lesões relacionadas à corrida.<br />

As tendinopatias são frequentemente reportadas 7, 10, 12 como um dos tipos de<br />

lesão mais referidos entre os corredores, fato que corrobora os resultados<br />

encontrados nos capítulos 2 e 3 desta dissertação que verificaram a prevalência e<br />

incidência de lesões musculoesqueléticas dos seus participantes e encontrou as<br />

tendinopatias como o tipo de lesão mais frequente entre os corredores junto com as<br />

lesões musculares. Embora estes achados se contraponham ao que é descrito pela<br />

literatura, que expõem que as tendinopatias são mais incidentes que as lesões<br />

musculares, a proporção de lesão muscular encontrada pode ser explicada pela<br />

definição de LMRC utilizada neste estudo, pois se o corredor apresentasse uma dor<br />

muscular tardia e reportasse que esta foi a causa dele ter deixado de realizar pelo<br />

menos um treino de corrida, esta era classificada como lesão muscular, fato que<br />

pode ter superestimado a incidência de lesões musculares nos participantes deste<br />

estudo.<br />

Outro achado desta dissertação, e apresentado no capítulo 2, foi que o joelho<br />

se apresentou como a região anatômica mais acometida pelas LMRC, o que<br />

corrobora os dados de vários outros estudos que indicam o joelho como a região<br />

anatômica mais acometida entre os corredores 3, 5, 12, 14-16 . Já o capítulo 3 apresentou<br />

a perna seguida do joelho como as regiões anatômicas mais acometidas pelas<br />

lesões na corrida, provavelmente devido as lesões musculares terem sido uma das<br />

principais lesões encontradas neste estudo e alguns dos principais grupos<br />

musculares envolvidos com a execução da corrida estarem localizados na perna,<br />

como também devido às forças de impacto incidentes sobre os membros inferiores<br />

no momento da corrida. Essas mesmas características de lesões relatadas e região<br />

anatômica mais acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram<br />

encontradas entre os corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º<br />

(capítulo 2), e entendemos que estas frequências possam ser decorrentes da<br />

sobrecarga local aplicada sobre os tecidos moles que compõem o complexo articular<br />

do joelho.<br />

De acordo com as informações apresentadas por esta dissertação, bem como<br />

nos estudos que abordam as lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida 7-10,<br />

12<br />

, entende-se a necessidade de estudos de acompanhamento mais longo e que<br />

66


tenham por objetivo esclarecer qual a influência das características de alinhamento<br />

anatômico dos membros inferiores sobre as lesões em corredores e que utilizem<br />

medidas de avaliação que padronizem características como posicionamento plantar<br />

para a avaliação do ângulo Q, uma vez que mudanças deste posicionamento podem<br />

influenciar o resultado final.<br />

Também fica exposta a necessidade do estabelecimento de uma definição<br />

padronizada para as lesões musculoesqueléticas da corrida, a fim de possibilitar<br />

análises comparativas entre as taxas de incidência e prevalência de lesões em<br />

corredores. Outra necessidade urgente na literatura atual, após o esclarecimento<br />

sobre qual a influência das características de alinhamento anatômico dos membros<br />

inferiores sobre as LMRC, é a avaliação da influência da utilização dos “tênis<br />

especiais de corrida” sobre o surgimento de lesões musculoesqueléticas<br />

relacionadas à corrida, com o objetivo de esclarecer a real eficácia destes<br />

dispositivos na prevenção destas lesões, visto que até o momento não há evidências<br />

que suportem a utilização desses calçados para evitar lesões em corredores 17, 18 .<br />

Por fim, sugerimos também a realização de estudos controlados aleatorizados que<br />

proponham estratégias de prevenção e meçam o efeito destas intervenções<br />

propostas, visto que até o momento da conclusão desta dissertação não foi<br />

identificada nenhuma estratégia eficaz e com alto nível de evidência para a<br />

prevenção dessas lesões 18 .<br />

Dessa forma e diante do aumento expressivo do número de praticantes de<br />

corrida, e da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com assessorias de<br />

corridas, entendemos que o conhecimento das características de alinhamento<br />

anatômico de corredores recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande<br />

valia para os profissionais que atuam na área da fisioterapia esportiva, visto que os<br />

resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem<br />

algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico e o<br />

surgimento de lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais sendo que<br />

os fisioterapeutas são considerados um dos principais profissionais que atuam na<br />

promoção da atividade física 19, 20 .<br />

67


4.2 REFERÊNCIAS<br />

1. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de<br />

rua no momento em que precede o inicio da prova. Revista Brasileira de Ciências do<br />

Esporte. 2011;33(2).<br />

2. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.<br />

Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to<br />

compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.<br />

3. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters<br />

runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.<br />

4. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua:<br />

características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Rev bras<br />

cineantropom desempenho hum 2008;10(3):277-82.<br />

5. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,<br />

Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long<br />

distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.<br />

6. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.<br />

Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.<br />

Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.<br />

7. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle<br />

and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys<br />

Ther. 2007;37(12):725-33.<br />

8. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of<br />

alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.<br />

9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of<br />

musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.<br />

2006;163(2):151-9.<br />

10. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.<br />

Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um<br />

estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.<br />

11. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between<br />

lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among nonprofessional<br />

athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.<br />

68


12. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running<br />

injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.<br />

2004;38(5):576-80.<br />

13. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De<br />

Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a<br />

prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.<br />

14. Fallon KE. Musculoskeletal injuries in the ultramarathon: the 1990 Westfield<br />

Sydney to Melbourne run. Br J Sports Med. 1996;30(4):319-23.<br />

15. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, McKenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo<br />

BD. A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries. Br J Sports Med.<br />

2002;36(2):95-101.<br />

16. Buist I, Bredeweg SW, van Mechelen W, Lemmink KA, Pepping GJ, Diercks<br />

RL. No effect of a graded training program on the number of running-related injuries<br />

in novice runners: a randomized controlled trial. Am J Sports Med. 2008;36(1):33-9.<br />

17. Richards CE, Magin PJ, Callister R. Is your prescription of distance running<br />

shoes evidence-based? Br J Sports Med. 2009;43(3):159-62.<br />

18. Yeung SS, Yeung EW, Gillespie LD. Interventions for preventing lower limb<br />

soft-tissue running injuries. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(7):CD001256.<br />

19. Verhagen E, Engbers L. The physical therapist's role in physical activity<br />

promotion. Br J Sports Med. 2009;43(2):99-101.<br />

20. Shirley D, van der Ploeg HP, Bauman AE. Physical activity promotion in the<br />

physical therapy setting: perspectives from practitioners and students. Phys Ther.<br />

2010;90(9):1311-22.<br />

69


- MATERIAL SUPLEMENTAR-<br />

70


Método de avaliação:<br />

Suplemento 1<br />

Avaliação do Ângulo Q<br />

O corredor foi posicionado ortostaticamente de frente para o examinador, se<br />

mantendo apoiado sobre os dois pés, permitindo a demarcação dos seguintes<br />

pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores, centro de ambas as patelas<br />

e as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q. A partir das demarcações<br />

anatômicas, foi traçada uma reta utilizando fita métrica da EIAS até o centro da<br />

patela e uma segunda reta do centro da patela até a tuberosidade tibial. O ângulo<br />

formado pela intersecção destas duas linhas constituiu o ângulo Q, que foi medido<br />

por um goniômetro universal posicionado com seu eixo no centro da patela.<br />

71


Método de avaliação:<br />

Suplemento 2<br />

Avaliação do Ângulo Subtalar<br />

Para avaliar o ângulo subtalar, os indivíduos foram posicionados sobre uma<br />

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar<br />

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a<br />

tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo<br />

referente a linha média entre os maléolos utilizando-se etiquetas adesivas. Após as<br />

marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando<br />

uma câmera fotográfica digital.<br />

Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o software AutoCAD 2005®, que<br />

permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as<br />

etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada verticalmente, estando esta<br />

perpendicular (90º) em relação ao solo. A intersecção dos prolongamentos de<br />

ambas as retas resultou no ângulo subtalar.<br />

72


Método de Avaliação:<br />

Suplemento 3<br />

Avaliação do índice do Arco Plantar<br />

Os indivíduos foram posicionados sobre um podoscópio com os pés<br />

descalços e separados por uma distância que equivaleu à largura de uma fina placa<br />

de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera digital.<br />

Para analisar as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005®, através do qual se<br />

traçou três retas: uma que foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação<br />

metatarsofalangeana até o ponto equivalente na face posterior do calcâneo, sendo<br />

denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta foi traçada perpendicularmente<br />

ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e<br />

uma terceira reta foi traçada com base nos pontos mais salientes do calcâneo medial<br />

e lateral, em sua porção anterior.<br />

Após traçada essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas):<br />

antepé, mediopé e retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado<br />

anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas<br />

mensuradas, tendo como resultado o Índice do Arco para cada um dos pés<br />

avaliados.<br />

73


Suplemento 4<br />

Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores<br />

Método de Avaliação:<br />

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os<br />

indivíduos em posição supina e orientados a manter os membros inferiores<br />

relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma<br />

caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.<br />

Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII,<br />

medindo o comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo<br />

medial ipsilateral de ambos os MMII.<br />

74


Suplemento 5<br />

Instruction for authors for preparation of manuscripts for Physical Therapy in<br />

Sports<br />

The editor, Zoe Hudson, PhD, welcomes the submission of articles for<br />

publication in the journal.<br />

Submission to this journal proceeds totally online. Use the following guidelines<br />

to prepare your article via http://ees.elsevier.com/yptsp you will be guided stepwise<br />

through the creation and uploading of the various files. The system automatically<br />

converts source files to a single Adobe Acrobat PDF version of the article, which is<br />

used in the peer-review process. Please note that even though manuscript source<br />

files are converted to PDF at submission for the review process, these source files<br />

are needed for further processing after acceptance. All correspondence, including<br />

notification of the Editor's decision and requests for revision, takes place by e-mail<br />

and via the Author's homepage, removing the need for a hard-copy paper trail.<br />

The above represents a very brief outline of this form of submission. It can be<br />

advantageous to print this "Guide for Authors" section from the site for reference in<br />

the subsequent stages of article preparation.<br />

Submission of an article implies that the work described has not been<br />

published previously (except in the form of an abstract or as part of a published<br />

lecture or academic thesis), that it is not under consideration for publication<br />

elsewhere, that its publication is approved by all authors and tacitly or explicitly by the<br />

responsible authorities where the work was carried out, and that, if accepted, it will<br />

not be published elsewhere in the same form, in English or in any other language,<br />

without the written consent of the Publisher.<br />

Manuscripts reporting the results of studies involving human participants will<br />

only be accepted for publication if it is made clear within the text that 'appropriate<br />

ethical approval had been granted prior to the commencement of the study'.<br />

Photographs of human participants are acceptable if the authors have received<br />

appropriate permission for publication of the photographs, or taken appropriate<br />

measures to disguise the individual's identity.<br />

75


TYPES OF PAPERS<br />

Original Research: Provide a full length account of original research and will not<br />

normally exceed 4000 words.<br />

Review Papers: Provide an in-depth and up to date critical review of a related topic<br />

and will not normally exceed 4000 words.<br />

Case Studies: A case report providing clinical findings, management and outcome<br />

with reference to related literature.<br />

Masterclasses: Usually a commissioned piece by an expert in their field. If you would<br />

like to submit a non-commissioned article, please check with the editorial office<br />

beforehand.<br />

Clinical Approaches: These include clinical approaches or opinions which may be<br />

novel or practiced with minimal evidence available in the literature.<br />

Professional Issues: An occasional series which aims to highlight changes in<br />

guidelines or other professional issues.<br />

Research Without Tears: An occasional series dedicated to the process of research.<br />

Authorship<br />

All authors should have made substantial contributions to all of the following:<br />

(1) the conception and design of the study, or acquisition of data, or anaylsis and<br />

interpretation of data, (2) drafting the article or revising it critically for important<br />

intellectual content, (3) final approval of the version to be submitted.<br />

Changes to authorship<br />

This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author names<br />

in the authorship of accepted manuscripts:<br />

Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to<br />

add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to the<br />

Journal Manager from the corresponding author of the accepted manuscript and<br />

must include: (a) the reason the name should be added or removed, or the author<br />

names rearranged and (b) written confirmation (e-mail, fax, letter) from all authors<br />

that they agree with the addition, removal or rearrangement. In the case of addition or<br />

removal of authors, this includes confirmation from the author being added or<br />

removed. Requests that are not sent by the corresponding author will be forwarded<br />

76


y the Journal Manager to the corresponding author, who must follow the procedure<br />

as described above. Note that: (1) Journal Managers will inform the Journal Editors of<br />

any such requests and (2) publication of the accepted manuscript in an online issue<br />

is suspended until authorship has been agreed.<br />

After the accepted manuscript is published in an online issue: Any requests to<br />

add, delete, or rearrange author names in an article published in an online issue will<br />

follow the same policies as noted above and result in a corrigendum.<br />

Acknowledgements<br />

All contributors who do not meet the criteria for authorship as defined above<br />

should be listed in an acknowledgements section. Examples of those who might be<br />

acknowledged include a person who provided purely technical help, writing<br />

assistance, or a department chair who provided only general support. Authors should<br />

disclose whether they had any writing assistance and identify the entity that paid for<br />

this assistance.<br />

Conflict of interest<br />

At the end of the text, under a subheading "Conflict of interest statement" all<br />

authors must disclose any financial and personal relationships with other people or<br />

organizations that could inappropriately influence (bias) their work. Examples of<br />

potential conflicts of interest include employment, consultancies, stock ownership,<br />

honoraria, paid expert testimony, patent applications/registrations, and grants or<br />

other funding.<br />

Role of the funding source<br />

All sources of funding should be declared at the end of the text. Authors<br />

should declare the role of study sponsors, if any, in the study design, in the collection,<br />

analysis and interpretation of data; in writing of the manuscript; and in the decision to<br />

submit the manuscript for publication. If the study sponsors had no such involvement,<br />

the authors should so state.<br />

77


PRESENTATION OF MANUSCRIPTS<br />

Authors are required to submit manuscripts according to the requirements of<br />

the Instructions to Authors. Please note that papers not formatted in this manner will<br />

be returned to the author for amendment before entering into the editorial and peer<br />

review process. In particular please take care to follow the instructions for the<br />

formatting of references.<br />

Reviewer suggestion<br />

Please supply the names of two potential reviewers for your manuscript.<br />

Please provide their full name, position and e-mail address. Please do not suggest<br />

reviewers from your own institution, previous or current collaborators. Please note,<br />

the final choice of reviewers is that of the Editor and the journal reserves the right not<br />

to use reviewers which have been suggested by the authors.<br />

Your article should be typed on A4 paper, double-spaced with margins of at<br />

least 3cm. Number all pages consecutively beginning with the title page. Papers<br />

should be set out as follows, with each section beginning on a separate sheet:<br />

Title page<br />

Provide the following data on the title page (in the order given).<br />

Title. Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval systems.<br />

Avoid abbreviations and formulae where possible.<br />

Author names and affiliations. Present the authors' affiliation addresses (where the<br />

actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a lower-case<br />

superscript letter immediately after the author's name and in front of the appropriate<br />

address. Provide the full postal address of each affiliation, including the country<br />

name, and, if available, the e-mail address of each author.<br />

Corresponding author. Clearly indicate who is willing to handle correspondence at all<br />

stages of refereeing and publication, also post-publication. Ensure that telephone<br />

and fax numbers (with country and area code) are provided in addition to the e-mail<br />

address and the complete postal address.<br />

Present/permanent address. If an author has moved since the work described in the<br />

article was done, or was visiting at the time, a 'Present address' (or 'Permanent<br />

address') may be indicated as a footnote to that author's name. The address at which<br />

78


the author actually did the work must be retained as the main, affiliation address.<br />

Superscript Arabic numerals are used for such footnotes.<br />

Abstract<br />

An abstract of your manuscript, summarizing the content in no more than 200<br />

words, should be provided. Abstracts should follow a structured format. For empirical<br />

studies, this will usually involve these headings: Objectives, Design, Setting,<br />

Participants, Main Outcome Measures, Results, Conclusions. For other types of<br />

study, contributors may adapt this format, but should retain the idea of structure and<br />

headings.<br />

Keywords<br />

Include three or four keywords. The purpose of these is to increase the likely<br />

accessibility of your paper to potential readers searching the literature. Therefore,<br />

ensure keywords are descriptive of the study. Refer to a recognised thesaurus of<br />

keywords (e.g. CINAHL, MEDLINE) wherever possible.<br />

Text<br />

Headings should be appropriate to the nature of the paper. The use of<br />

headings enhances readability. Three categories of headings should be used:<br />

•major headings should be typed in capital letters in the centre of the page and<br />

underlined;<br />

•secondary headings should be typed in lower case (with an initial capital letter) at<br />

the left-hand margin and underlined; and<br />

•minor headings should be typed in lower case and italicized.<br />

Do not use 'he', 'his' etc. where the sex of the person is unknown; say 'the<br />

participant', etc. Avoid inelegant alternatives such as 'he/she'. Avoid sexist language.<br />

•Any acknowledgements should be included at the end of the text.<br />

References<br />

Authors are responsible for verifying the accuracy and completeness of<br />

references. Citations in the text should follow the referencing style used by the<br />

American Psychological Association. You are referred to the Publication Manual of<br />

79


the American Psychological Association, Fifth Edition, ISBN 1-55798-790-4, copies of<br />

which may be ordered from<br />

http://www.apa.org/books/4200061.html or APA Order Dept., P.O.B. 2710,<br />

Hyattsville, MD 20784, USA or APA, 3 Henrietta Street, London, WC3E 8LU, UK.<br />

Details concerning this referencing style can also be found<br />

at http://linguistics.byu.edu/faculty/henrichsenl/apa/apa01.html.<br />

Text<br />

Single author (Graham, 2001)<br />

Two authors (Geyer & Braff, 1999)<br />

Three to six authors (Lehman, Stohr, & Feldon, 2000) for the first citation and<br />

(Lehman et al., 2000) for subsequent citations.<br />

More than six authors (Karper et al., 1996)<br />

Separate references in the text in parentheses by using a semi-colon.<br />

List<br />

References should be arranged first alphabetically and then further sorted<br />

chronologically if necessary. More than one reference from the same author(s) in the<br />

same year must be identified by the letters "a", "b", "c" etc., placed after the year of<br />

publication.<br />

Reference to a journal publication:<br />

Shelbourne, K.D., & Trumper, R.V. (1997). Preventing anterior knee pain after<br />

anterior cruciate ligament reconstruction. American Journal of Sports Medicine, 25,<br />

41-47.<br />

Reference to a book:<br />

Magee, D.J. (1997). Orthopaedic physical assessment. (3rd ed.). Philadelphia:<br />

Saunders.<br />

80


Reference to a chapter in an edited book:<br />

Hudson, Z., & Brown, A. (2003). Athletes with disability. In: G. S. Kolt, & L. Snyder-<br />

Mackler (Eds.), Physical therapies in sport and exercise(pp. 521-304). Edinburgh:<br />

Churchill Livingstone.<br />

Citing and listing of Web references. As a minimum, the full URL should be given.<br />

Any further information, if known (Author names, dates, reference to a source<br />

publication, etc.), should also be given. Web references can be listed separately<br />

(e.g., after the reference list) under a different heading if desired, or can be included<br />

in the reference list; in square brackets in line with the text.<br />

Tables, Illustrations and Figures<br />

A detailed guide on electronic artwork is available on our<br />

website: http://www.elsevier.com/authors.<br />

Preparation of supplementary data. Elsevier now accepts electronic<br />

supplementary material (e-components) to support and enhance your scientific<br />

research. Supplementary files offer the Author additional possibilities to publish<br />

supporting applications, movies, animation sequences, high-resolution images,<br />

background datasets, sound clips and more. Supplementary files supplied will be<br />

published online alongside the electronic version of your article in Elsevier Web<br />

products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In order to<br />

ensure that your submitted material is directly usable, please ensure that data is<br />

provided in one of our recommended file formats. Authors should submit the material<br />

in electronic format together with the article and supply a concise and descriptive<br />

caption for each file. For more detailed instructions please visit our artwork instruction<br />

pages at: http://www.elsevier.com/authors<br />

Illustrations and tables that have appeared elsewhere must be accompanied by<br />

written permission to reproduce them from the original publishers. This is necessary<br />

even if you are an author of the borrowed material. Borrowed material should be<br />

acknowledged in the captions in the exact wording required by the copyright holder. If<br />

not specified, use this style: Reproduced by kind permission of (publishers) from<br />

81


(reference).' Identifiable clinical photographs must be accompanied by written<br />

permission from the patient.<br />

Ethics<br />

Work on human beings that is submitted to Physical Therapy in Sport should<br />

comply with the principles laid down in the declaration of Helsinki; Recommendations<br />

guiding physicians in biomedical research involving human subjects. Adopted by the<br />

18th World Medical Assembly, Helsinki, Finland, June 1964, amended by the 29th<br />

World Medical Assembly, Tokyo, Japan, October 1975, the 35th World Medical<br />

Assembly, Venice, Italy, October 1983, and the 41st World Medical Assembly, Hong<br />

Kong, September 1989. The manuscript should contain a statement that has been<br />

approved by the appropriate ethical committees related to the institution(s) in which it<br />

was performed and that subjects gave informed consent to the work. Studies<br />

involving experiments with animals must state that their care was in accordance with<br />

institution guidelines. Patients' and volunteers' names, initials, and hospital numbers<br />

should not be used.<br />

In a case report, the subject's written consent should be provided. It is the<br />

author's responsibility to ensure all appropriate consents have been obtained.<br />

PATIENT ANONYMITY<br />

Studies on patients or volunteers require ethics committee approval and<br />

informed consent which should be documented in your paper. Patients have a right<br />

to privacy. Therefore identifying information, including patients images, names,<br />

initials, or hospital numbers, should not be included in videos, recordings, written<br />

descriptions, photographs, and pedigrees unless the information is essential for<br />

scientific purposes and you have obtained written informed consent for publication in<br />

print and electronic form from the patient (or parent, guardian or next of kin where<br />

applicable). If such consent is made subject to any conditions, Elsevier must be<br />

made aware of all such conditions. Written consents must be provided to Elsevier on<br />

request. Even where consent has been given, identifying details should be omitted if<br />

they are not essential. If identifying characteristics are altered to protect anonymity,<br />

such as in genetic pedigrees, authors should provide assurance that alterations do<br />

not distort scientific meaning and editors should so note. If such consent has not<br />

82


een obtained, personal details of patients included in any part of the paper and in<br />

any supplementary materials (including all illustrations and videos) must be removed<br />

before submission.<br />

COPYRIGHT<br />

Upon acceptance of an article, authors will be asked to sign a "Journal<br />

Publishing Agreement'' (for more information on this and copyright<br />

see http://www.elsevier.com/copyright). Acceptance of the agreement will ensure the<br />

widest possible dissemination of information. An e-mail (or letter) will be sent to the<br />

corresponding author confirming receipt of the manuscript together with a 'Journal<br />

Publishing Agreement' form or a link to the online version of this agreement. If<br />

excerpts from other copyrighted works are included, the author(s) must obtain written<br />

permission from the copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier<br />

has preprinted forms for use by authors in these cases: contact Elsevier's Rights<br />

Department, Philadelphia, PA, USA: phone (+1) 215 239 3804, fax (+1) 215 239<br />

3805, e-mail healthpermissions@elsevier.com. Requests may also be completed<br />

online via the Elsevier homepage (http://www.elsevier.com/locate/permissions).<br />

Funding body agreements and policies<br />

Elsevier has established agreements and developed policies to allow authors<br />

whose articles appear in journals published by Elsevier, to comply with potential<br />

manuscript archiving requirements as specified as conditions of their grant awards.<br />

To learn more about existing agreements and policies please<br />

visit http://www.elsevier.com/fundingbodies<br />

Authors' rights<br />

As an author you (or your employer or institution) may do the following:<br />

•make copies (print or electronic) of the article for your own personal use, including<br />

for your own classroom teaching use<br />

•make copies and distribute such copies (including through e-mail) of the article to<br />

research colleagues, for the personal use by such colleagues (but not commercially<br />

or systematically, e.g., via an e-mail list or list server) •post a pre-print version of the<br />

article on Internet websites including electronic pre-print servers, and to retain<br />

83


indefinitely such version on such servers or sites<br />

•post a revised personal version of the final text of the article (to reflect changes<br />

made in the peer review and editing process) on your personal or institutional website<br />

or server, with a link to the journal homepage (on http://www.elsevier.com)<br />

•present the article at a meeting or conference and to distribute copies of the article<br />

to the delegates attending such a meeting<br />

•for your employer, if the article is a 'work for hire', made within the scope of your<br />

employment, your employer may use all or part of the information in the article for<br />

other intra-company use (e.g., training)<br />

•retain patent and trademark rights and rights to any processes or procedure<br />

described in the article<br />

•include the article in full or in part in a thesis or dissertation (provided that this is not<br />

to be published commercially)<br />

•use the article or any part thereof in a printed compilation of your works, such as<br />

collected writings or lecture notes (subsequent to publication of your article in the<br />

journal)<br />

•prepare other derivative works, to extend the article into book-length form, or to<br />

otherwise re-use portions or excerpts in other works, with full acknowledgement of its<br />

original publication in the journal<br />

PROOFS<br />

One set of page proofs in PDF format will be sent by e-mail to the<br />

corresponding author (if we do not have an e-mail address then paper proofs will be<br />

sent by post). Elsevier now sends PDF proofs which can be annotated; for this you<br />

will need to download Adobe Reader version 7 available free<br />

from http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html. Instructions on how<br />

to annotate PDF files will accompany the proofs. The exact system requirements are<br />

given at the Adobe<br />

http://www.adobe.com/products/acrobat/acrrsystemreqs.html#70win. If you do not<br />

wish to use the PDF annotations function, you may list the corrections (including<br />

replies to the Query Form) and return to Elsevier in an e-mail. Please list your<br />

corrections quoting line number. If, for any reason, this is not possible, then mark the<br />

corrections and any other comments (including replies to the Query Form) on a<br />

84


printout of your proof and return by fax, or scan the pages and e-mail, or by post.<br />

Please use this proof only for checking the typesetting, editing, completeness and<br />

correctness of the text, tables and figures. Significant changes to the article as<br />

accepted for publication will only be considered at this stage with permission from the<br />

Editor. We will do everything possible to get your article published quickly and<br />

accurately. Therefore, it is important to ensure that all of your corrections are sent<br />

back to us in one communication: please check carefully before replying, as inclusion<br />

of any subsequent corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your<br />

responsibility. Note that Elsevier may proceed with the publication of your article if no<br />

response is received.<br />

OFFPRINTS<br />

The corresponding author, at no cost, will be provided with a PDF file of the<br />

article via e-mail. The PDF file is a watermarked version of the published article and<br />

includes a cover sheet with the journal cover image and a disclaimer outlining the<br />

terms and conditions of use. Additional paper offprints can be ordered by the authors.<br />

An order form with prices will be sent to the corresponding author. For further<br />

information please consult http://www.elsevier.com/authors.<br />

Submission Checklist<br />

It is hoped that this list will be useful during the final checking of an article prior<br />

to sending it to the journal's Editor for review. Please consult this Guide for Authors<br />

for further details of any item.<br />

Ensure that the following items are present:<br />

• One Author designated as corresponding Author:<br />

• E-mail address<br />

• Full postal address<br />

• Telephone and fax numbers<br />

• All necessary fields have been uploaded<br />

• Keywords<br />

• All figure captions<br />

• All tables (including title, description, footnotes)<br />

85


At the end of the paper, but before the references, please provide three statements:<br />

• Ethical Approval: The organisation providing ethical approval and ethics protocol<br />

reference number where appropriate.<br />

• Funding: any sources of funding should be stated.<br />

• Conflict of Interest: Disclosed conflicts will be published if they are believed to be<br />

important to readers in judging the manuscript. If there are no conflicts of interest,<br />

authors should state that there are none.<br />

Further considerations<br />

• Manuscript has been "spellchecked"<br />

• References are in the correct format for this journal<br />

• All references mentioned in the Reference list are cited in the text, and vice versa<br />

• Permission has been obtained for use of copyrighted material from other sources<br />

(including the Web)<br />

86


Suplemento 6<br />

Instruction for authors for preparation of manuscripts for Journal of<br />

Orthopaedic & Sports Physical Therapy<br />

The following is a guide to the way in which the JOSPT formats articles in MS Word.<br />

The closer an author can approximate the below formatting, the easier it is for the<br />

JOSPT to prepare the article for the printer.<br />

I. Title Page: Arial 12 pt, single space, no indent, 1 return separating the following<br />

sections (Appendix 1)<br />

A. Title<br />

1. Title case<br />

a. All prepositions, conjunctions, and articles under 4 letters lowercase<br />

b. Do not capitalize second part of hyphenated compound if it is a prefix or<br />

suffix<br />

B. Author names<br />

1. Title case<br />

2. Period after initials<br />

3. Commas separating degrees<br />

4. "PT" first in list of degrees<br />

5. Superscript number referring to affiliation footnote<br />

C. Affiliations<br />

1. Title case<br />

2. Order: superscript number, position, institution, city, state (2-letter<br />

abbreviation), period<br />

D. Study information<br />

1. Disclaimer, IRB approval, notice of author title changes after completion of<br />

study, etc<br />

E. Correspondence information<br />

1. Author address and email<br />

II. Abstract: Arial 12 pt, double-space, no indent (Appendix 2)<br />

A. No section title<br />

B. Structured abstract: section headings in title case, bold, and separated by a<br />

colon at the start of each paragraph<br />

87


C. JOSPT publication reference at the end of the last paragraph in italics<br />

eg, J Orthop Sports Phys Ther 2004;34(4):xxx-xxx.<br />

D. Key words<br />

1. Key words in lower case, list in alphabetical order<br />

2. Whole section in italics<br />

III. Introduction: Arial 12, .5" indent, double space (Appendix 3)<br />

IV. Section Headings (Appendix 4)<br />

A. Level 1 heading, Arial 12 pt, bold, no indent, uppercase, double-space<br />

B. Level 2, Arial 12 pt, bold, no indent, title case, double-space<br />

C. Level 3, Arial 12 pt, italic, run into paragraph, title case, double-space<br />

V. References (Appendix 5)<br />

A. Journals<br />

Author. Title of journal. Publication. year;vol(no):pp-pp.<br />

B. Books Authors. Title of Book. City, State: Publisher; year.<br />

C. Organization as author and publisher<br />

Organization. Title of organization. City, State: Publisher; year.<br />

D. Book chapter<br />

Authors. Title of book chapter. In: Editor(s), ed(s). Book Title. City, State:<br />

Publisher; year:pp-pp.<br />

E. Master's or doctoral thesis<br />

Author. Title of Thesis [dissertation]. City, State: University or Institution; year.<br />

F. Published abstract of a paper presented at a conference<br />

Authors. Title of abstract [abstract]. In: Editor(s), ed(s). Conference Title, City,<br />

State/Country. City, State/Country: Publisher or Sponsoring Institution;<br />

year.<br />

G. Universal Resource Locator (URL)<br />

Publisher. Title of the URL. Available at: http://address.of.the.URL.htm.<br />

Accessed Month day, year.<br />

88


VI. Tables (Appendix 5)<br />

A. Table designator (eg, "TABLE 1.") bold, all caps and separated by a period<br />

B. Table caption sentence case following designator<br />

C. Font: Arial 12 pt, normal<br />

D. Borders on top, bottom and under column headings<br />

E. Column headings centered<br />

F. Text left aligned with a .25-inch hanging indent<br />

G. Numbers decimal aligned<br />

H. Abbreviations placed before the footnotes, punctuated as follows:<br />

Abbreviations: AB1, abbreviation 1; AB2, abbreviation 2; etc.<br />

I. Footnote symbols in the following order: * † ‡ § ║ # ** †† ‡‡<br />

VII. Figures (Appendix 5)<br />

A. Figure designator (eg, "FIGURE 1.") bold, all caps and separated by a period<br />

B. Graphs and/or charts<br />

1. Make data available either by clicking the chart or by providing spreadsheet<br />

C. Photos<br />

1. At least 300 dpi resolution<br />

89


APPENDIX 1<br />

Decision Making for a Painful Hip: A Case Requiring Referral<br />

Captain David A. Browder, DPT, MS, OCS 1<br />

Richard E. Erhard, PT, DC 2<br />

1 Staff Physical Therapist, 959th Medical Operations Squadron, Wilford Hall Medical<br />

Center, Lackland AFB, TX.<br />

2 Associate Professor, University of Pittsburgh, School of Health and Rehabilitation<br />

Sciences, Department of Physical Therapy, Pittsburgh, PA.<br />

This case was seen at the University of Pittsburgh Medical Center, Center for Sports<br />

Medicine, Physical Therapy Department, Pittsburgh, PA. At the time of the case,<br />

Capt Browder was completing a manual therapy fellowship under the mentorship of<br />

Dr Erhard. The opinions or assertions contained herein are the private views of the<br />

authors and are not to be construed as official or as reflecting the views of the US Air<br />

Force or Department of Defense.<br />

Address correspondence to Capt David A. Browder, 3604 Augusta Glade, San<br />

Antonio, TX 78154. E-mail: david.browder@lackland.af.mil<br />

90


APPENDIX 2<br />

Study Design: Resident's case problem.<br />

Background: The purpose of this resident's case problem is to describe a 39-yearold<br />

female patient with insidious onset of hip pain. This patient had discrete findings<br />

on subjective and physical examination that prompted referral for further imaging<br />

studies of the left hip and pelvis. Despite having seen multiple providers, no imaging<br />

of the involved hip or pelvis had been performed. A prolonged duration of symptoms,<br />

severe gait disturbance with an associated Trendelenburg sign, difficulty sleeping,<br />

and an empty end feel with passive range of motion increased concern that a<br />

pathological process might be present.<br />

Diagnosis: Imaging studies revealed a large destructive soft-tissue tumor later found<br />

to be non-Hodgkin's Lymphoma.<br />

Discussion: It is incumbent upon physical therapists to be aware of the potential for<br />

severe pathological conditions that mimic musculoskeletal complaints to exist and<br />

understand how to identify patients for whom further testing and/or referral may be<br />

appropriate. Existing guidelines for low back pain may assist with decision making in<br />

the absence of specific guidelines for when to request imaging in patients with<br />

nontraumatic hip and pelvis pain. Proficiency in screening for conditions not<br />

amenable to physical therapy treatment or that require consultation to other health<br />

care professionals is essential to physical therapy practice. J Orthop Sports Phys<br />

Ther 2005;11:xxx-xxx.<br />

Key-Words: cancer, pelvis, physical therapy, radiology, screening<br />

91


APPENDIX 3<br />

Proficiency in screening for conditions not amenable to physical therapy<br />

treatment or that require consultation with other health care professionals is essential<br />

to physical therapy practice. In addition to the history and physical examination,<br />

imaging and laboratory testing are frequently useful for this purpose. Extensive<br />

attention has been given to the question of when imaging studies should be ordered<br />

for patients with low back pain. 8,17,18 However, guidance is less clear for patients<br />

whose primary complaint is nontraumatic hip and pelvis pain, despite reports of<br />

delayed diagnosis of pelvic malignancies, 10,29,31,33 high incidence of radiological<br />

findings in first-time medical<br />

encounters for hip pain, 5 and difficulty making definitive diagnoses in this region from<br />

examination alone.<br />

While conditions such as degenerative joint disease of the hip and trochanteric<br />

bursitis are common and appropriate for physical therapy management, similar<br />

symptoms may occur in more serious conditions such as femoral neck stress<br />

fractures, 15 gluteus medius tendon tears, 4 metastatic tumors, 10,21,28 and lesions of the<br />

acetabular labrum or cartilage. 24 The expanded differential diagnosis of hip pain also<br />

includes other conditions such as an iliopsoas abscess, avascular necrosis, pelvic<br />

inflammatory disease, Crohn's disease, femoral hernia, Reiter's syndrome, and sickle<br />

cell anemia. 13<br />

92


APPENDIX 4<br />

FIRST-LEVEL HEADING<br />

Second-Level Heading<br />

Third-Level Heading The patient was in some distress and exhibited significant<br />

anxiety with any movement of her left lower extremity. She appeared fatigued but<br />

otherwise healthy. The patient was observed transitioning from sit to stand with<br />

difficulty. She used the arms of her chair and avoided pushing off with the left lower<br />

extremity. In static standing she avoided bearing weight on the left lower extremity by<br />

standing with the left knee flexed and bearing most of her weight on the right lower<br />

extremity. Her gait appeared very labored, with obvious disturbance of gait, but she<br />

denied using any assistive devices. Upon closer visual observation it was noted that<br />

she appeared to have a shortened stride length on the left side, accompanied by a<br />

severe right pelvic drop and compensatory trunk lean to the left during the left stance<br />

phase, commonly referred to as a Trendelenburg limp. 27<br />

93


APPENDIX 5<br />

TABLE 5. Subset of test items from physical examination, associated alignment or<br />

movement impairment assessed and reliability statistics. 25<br />

Abbreviations: L, left; R, right.<br />

* Reliability coefficients from a group of 5 clinicians trained in examination procedures<br />

and operational definitions. 25<br />

† Indicates an impairment of alignment. All others are impairments of movement.<br />

‡ Indicates impairment can occur with either or both lower extremities.<br />

FIGURE 1. Sudden, stop-directional change while running.<br />

94


Suplemento 7<br />

Carta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)<br />

95

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