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A inclusão de crianças com deficiência na educação infantil

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Revista Criança<br />

<strong>com</strong>pleta 25 anos <strong>de</strong> circulação<br />

A<strong>na</strong> Maria Orlandi<strong>na</strong> Tancredi Carvalho*<br />

O lançamento <strong>de</strong> uma revista<br />

é sempre um momento cheio <strong>de</strong><br />

expectativas. Po<strong>de</strong> ser entendido<br />

<strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> organizar <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da<br />

área do conhecimento. Em<br />

uma revista <strong>de</strong> caráter educacio<strong>na</strong>l,<br />

os trabalhos publicados representam,<br />

<strong>de</strong> modo geral, o pensamento<br />

político-pedagógico da<br />

época, divulgam a temática relativa<br />

a essa área, suscitam <strong>de</strong>bates<br />

que po<strong>de</strong>rão daí advir e supõe-se,<br />

ainda, que farão aumentar os referenciais<br />

para as práticas educacio<strong>na</strong>is,<br />

se lidos e <strong>de</strong>batidos<br />

pelo conjunto <strong>de</strong> professores e<br />

<strong>de</strong> professoras que a receberão.<br />

A Revista Criança inclui-se nesta<br />

perspectiva.<br />

Para melhor conhecer este<br />

periódico, precisamos remontar<br />

à época da ditadura iniciada no<br />

Brasil em 1964, <strong>com</strong> o golpe militar,<br />

visto que a Revista Criança<br />

<strong>na</strong>sceu em 1982, no fim <strong>de</strong>sse<br />

período, e gran<strong>de</strong> parte das políticas<br />

públicas daquela época ainda<br />

são reflexo do período anterior.<br />

Na Constituição <strong>de</strong> 1967, a <strong>educação</strong><br />

pré-escolar não é sequer<br />

mencio<strong>na</strong>da. A Lei n o 5.692/71<br />

<strong>de</strong>dica-lhe o parágrafo 2 o do art.<br />

19, cujo teor é o seguinte: “Os sistemas<br />

<strong>de</strong> ensino velarão para que<br />

as <strong>crianças</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> inferior a 7<br />

anos recebam conveniente <strong>educação</strong><br />

em escolas mater<strong>na</strong>is, jardins<br />

<strong>de</strong> infância e instituições equivalentes”<br />

(BOYNARD; GARCIA; RO-<br />

BERT, 1971, p. 34) e no artigo 61<br />

incentiva as empresas a organizar<br />

e manter a <strong>educação</strong> anterior ao<br />

ensino <strong>de</strong> 1 o grau, se tiverem <strong>com</strong>o<br />

força <strong>de</strong> trabalho mães <strong>com</strong> filhos<br />

menores <strong>de</strong> 7 anos.<br />

Segundo Rosemberg (1995),<br />

a forma vaga e o pequeno interesse<br />

contribuiu para não haver<br />

uma política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para esse<br />

nível <strong>de</strong> <strong>educação</strong>. É somente<br />

em 1975 que o MEC inclui<br />

no seu organograma um órgão<br />

responsável pela <strong>educação</strong> préescolar,<br />

que inicialmente chamava-se<br />

Sepre, 1 Co<strong>de</strong>pre, 2 <strong>de</strong>pois<br />

Coepre, 3 em seguida Coedi. 4<br />

* Doutora em Educação pela UNICAMP e professora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Pará (UFPA).<br />

1 Serviço <strong>de</strong> Educação Pré-escolar.<br />

2 Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> Educação Pré-escolar.<br />

3 Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>doria <strong>de</strong> Educação Pré-escolar.<br />

4 Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> Educação Infantil, hoje Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção Geral <strong>de</strong> Educação Infantil.<br />

artigo<br />

Todavia, organizações <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is<br />

e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is já insistiam<br />

que a <strong>educação</strong> pré-escolar incidia<br />

sobre o período mais sensível<br />

da vida <strong>de</strong> uma criança e que tinha<br />

funções próprias. Também,<br />

as pesquisas acadêmicas nessa<br />

área <strong>com</strong>eçavam a ganhar mais<br />

espaço. Como se constata, o<br />

<strong>de</strong>bate <strong>de</strong> que a <strong>educação</strong> préescolar<br />

se justificava já estava<br />

instalado <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

Assim diz Jobim e Souza (1984,<br />

p. 14), que as verda<strong>de</strong>iras razões<br />

para se implantar uma pré-escola<br />

encontram-se:<br />

[...] inicialmente, <strong>na</strong>s necessida<strong>de</strong>s<br />

próprias da criança e <strong>na</strong>s formas <strong>com</strong>o<br />

estas po<strong>de</strong>m ser satisfeitas pelo ambiente.<br />

Mesmo porque uma pré-escola que<br />

tenha <strong>com</strong>o objetivo prevenir o fracasso<br />

escolar da criança pobre <strong>de</strong>sloca injustamente<br />

para ela a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma in<strong>com</strong>petência que não está nela,<br />

mas sim no sistema educacio<strong>na</strong>l e <strong>na</strong><br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social.<br />

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