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REFLEXÕES SOBRE A FONTE HISTÓRIA DOS GODOS ... - Unesp

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égia foi de fundamental importância para o fortalecimento da figura do rei dentro de<br />

seu reino.<br />

No caso visigodo percebemos que sua história política esteve vinculada a sua<br />

história religiosa bem como as suas relações com o Império Romano. Visto que, uma<br />

vez estabelecidos no interior das fronteiras romanas conseguiram manter certa<br />

independência política e social, muito em virtude de terem-se convertido ao arianismo<br />

(AGUILERA, 1992, p. 13). Este fato, possibilitou a manutenção de certa autonomia,<br />

subtraindo mais facilmente a ação unificadora e centralizadora dos imperadores<br />

romanos e da Igreja oficial. Posteriormente, com o “desaparecimento” do Império<br />

Romano do Ocidente e a consolidação dos visigodos como povo independente,<br />

desenvolveu-se a última fase da conversão oficial. Esta se concretizou devido à<br />

necessidade de unidade do respectivo reino (VALVERDE CASTRO, 2000, p. 17-68).<br />

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é identificar como o ambiente do<br />

reino visigodo, no século VII, influenciou a construção de algumas das ideias políticas<br />

de Isidoro de Sevilha 2 na elaboração de sua obra História dos Godos 3 . Pois,<br />

acreditamos que este bispo procurou estabelecer, em alguns de seus trabalhos, uma<br />

conduta moral direcionada à monarquia visigoda. Ou seja, desenvolveu uma<br />

concepção teológica política vinculada ao princípio de que a realeza 4 está a serviço da<br />

Igreja, portanto, inserida no plano da salvação.<br />

A noção cristã de realeza no reino visigodo alcançou sua plena maturidade no<br />

século VII, tanto em virtude das definições da doutrina política isidoriana como da obra<br />

legislativa levada a término pelos concílios gerais de Toledo (VIVES, 1963). Todo esse<br />

processo se iniciou com o III Concílio de Toledo (589) – que foi uma iniciativa do rei<br />

Recaredo (568-601) e da Igreja –, episódio de fundamental importância para a<br />

compreensão dessas mudanças, pois, esse sínodo marcou a oficialização do<br />

catolicismo niceísta como religião oficial do reino visigodo. Além disso, percebemos<br />

que a essa conversão conferiu um novo caráter à Monarquia, contudo esta ainda não<br />

alcançou uma consolidação e estabilidade total no reino.<br />

2 Isidoro de Sevilha (560-636). Pertenceu a uma família católica de origem bizantina ou hispano-romana.<br />

Como bispo de Sevilha, o irmão de Isidoro, Leandro de Sevilha, foi o instrumento decisivo para conseguir<br />

a renúncia oficial ao arianismo dentro do reino visigodo, proclamada no III Concílio de Toledo. Isidoro<br />

sucedeu a Leandro como bispo por volta de 600 e, durante o seu bispado, Sevilha desfrutou de<br />

preeminência como centro intelectual do reino visigodo (LOYN, 1997).<br />

3 ISIDORO DE SEVILHA. Historia Gothorum, Vandalorum et Suevorum. Ed. Bilíngue (Latim-Espanhol) de<br />

C. Rodriguez Alonso. Leon: Centro de Estúdios y Investigación "San Isidoro", 1975.<br />

4 Uma boa noção de sacralidade é o verbete de V. Valeri, “Realeza”. Aqui, Valeri afirma que o que define<br />

a Realeza é o fato de que no exercício de suas prerrogativas, o rei encarnaria os valores fundamentais da<br />

sociedade sobre a qual ele reina, sendo considerado como um ser sagrado e às vezes divino: “Mesmo<br />

quando o rei não é sagrado stricto sensu, ele tem relações privilegiadas com aquilo que é sagrado: Deus<br />

ou clérigo que é seu intérprete” (VALERI, 1994, p. 415).<br />

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