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junta DOIS MIL - Associação de Fuzileiros

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26<br />

ao par dos meandros da operação.<br />

De qualquer forma, a Marinha Portuguesa,<br />

vendo que havia dificulda<strong>de</strong>s<br />

da nossa passagem do Malawi<br />

para Metangula, enviou duas<br />

lanchas, uma LFP, com fuzileiros a<br />

bordo que foi ao local e uma LDM,<br />

que transportou materiais que foram<br />

entregues ao Malawi. Quem<br />

comandou esta força foi o primeiro-tenente<br />

Ribeiro Ferreira (hoje<br />

almirante na reforma), que era o<br />

comandante da flotilha <strong>de</strong> lanchas<br />

e nos foi buscar.<br />

Des.: Foi tudo resolvido <strong>de</strong>pois com a<br />

passagem das lanchas para o Malawi?<br />

Cmdt. Preto: Sim. Foi tudo resolvido.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, foi aceite que haveria<br />

a transferência, que não foi feita<br />

da melhor maneira. Era para ser<br />

efectuada com um acto oficial em<br />

Blantyre, que foi cancelado, porque<br />

Portugal no mesmo dia cortou relações<br />

diplomáticas com o Malawi.<br />

Des.: Acabou <strong>de</strong>sse modo a sua comissão<br />

em Moçambique. O senhor<br />

comandante entrou <strong>de</strong>pois para a<br />

carreira <strong>de</strong> oficial fuzileiro, ocupou<br />

várias postos e funções, nomeadamente<br />

as <strong>de</strong> comandante da Escola<br />

<strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong> e da Base <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong><br />

e ainda da <strong>de</strong> segundo-comandante<br />

do Corpo <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong>. Teve, portanto,<br />

uma longa experiencia, antes<br />

e <strong>de</strong>pois do 25 <strong>de</strong> Abril. Consi<strong>de</strong>ra<br />

que a operacionalida<strong>de</strong> dos <strong>Fuzileiros</strong><br />

per<strong>de</strong>u força neste trajecto?<br />

Cmdt. Preto: Eu acho que os fuzileiros,<br />

para o contexto actual, estão,<br />

mais ou menos, preparados, mas,<br />

se compararmos com alguns anos<br />

atrás, para as missões que nós tínhamos,<br />

não estarão. Porque hoje<br />

as missões são mais difíceis <strong>de</strong><br />

concretizar, porque a operação <strong>de</strong><br />

apoio à paz ou outra que, à partida,<br />

parece ser fácil. Na realida<strong>de</strong>,<br />

temos <strong>de</strong> ter um controlo mais eficiente<br />

e sério <strong>de</strong> nós próprios. Ora<br />

antes, nós disparávamos quando<br />

víamos ou pensávamos que era o<br />

inimigo.<br />

Em geral, eu penso que os fuzileiros<br />

<strong>Associação</strong> <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong> | 2009<br />

Entrevista<br />

Instalações Navais <strong>de</strong> Matângula - Moçambique<br />

estão preparados mas, eu diria assim,<br />

se agora eu tivesse <strong>de</strong> ir com<br />

eles para uma missão humanitária<br />

ou <strong>de</strong> apoio à paz, eu teria um treino<br />

muito intenso, como nós fazíamos<br />

antes do 25 <strong>de</strong> Abril, quando<br />

íamos para África e quando lá nos<br />

adaptávamos. Isto não se <strong>de</strong>veria<br />

per<strong>de</strong>r. Nós precisamos <strong>de</strong>sse treino<br />

específico que existia então.<br />

Des.: Em certos meios militares e<br />

políticos, admite-se que as forças<br />

especiais militares <strong>de</strong>veriam ser<br />

centralizados, com um comando<br />

único e sem distinções <strong>de</strong> arma ou<br />

sector profissional. Concorda com<br />

esta posição?<br />

Cmdt. Preto: Eu acho que já houve<br />

tentativas <strong>de</strong> aglutinar as tropas<br />

especiais, mais do que uma vez. O<br />

único contra que eu vejo é: cada<br />

grupo tem missões muito específicas<br />

e tem <strong>de</strong> ser treinado, com especial<br />

acuida<strong>de</strong>, nessas missões. Se<br />

não o fizer, irá per<strong>de</strong>r qualida<strong>de</strong>s.<br />

O fuzileiro po<strong>de</strong> saltar <strong>de</strong> helicóptero<br />

ou <strong>de</strong> avião, ser paraquedista,<br />

mas se empenhar no treino <strong>de</strong> paraquedismo,<br />

naturalmente, per<strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>s no objectivo no qual se<br />

empenha que é o <strong>de</strong>sembarque.<br />

Como é do conhecimento <strong>de</strong> que<br />

anda nesta activida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>sembarque<br />

é a missão mais complicada<br />

que existe. Ora, se as forças especiais<br />

se estruturarem para fazerem<br />

tudo ao mesmo tempo, a situação<br />

tornar-se-á complicada. Não haverá<br />

maior preparação, características<br />

mais diferenciadas quando as<br />

precisamos. O fuzileiro, se <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> treinar com afinco e <strong>de</strong> maneira<br />

continuada, a sua especialização,<br />

irá fraquejar no momento essencial,<br />

vital. Repare-se que os norteamericanos,<br />

que estudam, com<br />

mais profundida<strong>de</strong>, a preparação<br />

das suas tropas, aten<strong>de</strong>ndo a sua<br />

evolução futura, salientam que os<br />

“marines” serão sempre “marines”.<br />

Veja-se ainda que os ingleses e os<br />

holan<strong>de</strong>ses, que têm uma gran<strong>de</strong><br />

preocupação com as operações<br />

das forças especiais, quando houve<br />

uma regressão das forças especiais<br />

no conjunto, eles aumentaram os<br />

seus fuzileiros.<br />

Des.: Os fuzileiros portugueses,<br />

presentemente, estão apetrechados?<br />

Cmdt. Preto: Eu penso que os fuzileiros<br />

estão bem apetrechados, tão<br />

bem ou melhor que todas as forças.<br />

O meu problema é, na realida<strong>de</strong>,<br />

não terem tido missões. As missões<br />

internacionais são fundamentais e<br />

os fuzileiros não as tem efectuado,<br />

o que restringe a sua capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> os obrigar a pensar no novo tipo<br />

<strong>de</strong> acções <strong>de</strong> combate, e a pensar<br />

no futuro. A sua aprendizagem<br />

consistente é feita com essa activida<strong>de</strong><br />

mais regular e contínua. Não<br />

é só fazer treinos. Elas, as missões,

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