junta DOIS MIL - Associação de Fuzileiros
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são a parte mais importante para<br />
uma rodagem mais eficaz e com a<br />
visão <strong>de</strong> se integrar nos combates<br />
futuros. Ora, os fuzileiros tem estado<br />
muito pouco integrados nessas<br />
missões internacionais.<br />
Des.: Os fuzileiros portugueses participaram,<br />
recentemente, numa acção<br />
integrada internacional ao largo<br />
da costa da Somália. Consi<strong>de</strong>ra que<br />
são estas missões que <strong>de</strong>vem merecer<br />
a participação <strong>de</strong> fuzileiros?<br />
Cmdt. Preto: Essas missões são,<br />
na realida<strong>de</strong>, sempre importantes.<br />
São o apoio ao navio. O fuzileiro,<br />
neste caso, não é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, é o<br />
apoio a uma equipa integrada num<br />
grupo mais complexo e importante.<br />
Acho que o fuzileiro <strong>de</strong>ve ser treinado<br />
nesse tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>, mas<br />
não se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o objectivo da<br />
companhia, e, eu direi - indo se calhar<br />
contra a orientação actual da<br />
Marinha - o objectivo do batalhão<br />
no futuro. Cumprir uma (ou a) missão<br />
internacional, pelo menos a nível<br />
<strong>de</strong> companhia, é essencial. Com<br />
comando próprio. E isto porque,<br />
num passado recente, os fuzileiros,<br />
quando se “isolavam” na sua acção,<br />
tornavam-se cada vez mais fortes,<br />
mais aglutinados e mais eficazes.<br />
Des.: Está a dizer que os fuzileiros,<br />
na actualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem agir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
<strong>de</strong> outras forças<br />
especiais?<br />
Cmdt. Preto: Devem, em <strong>de</strong>terminadas<br />
situações, actuar com outras<br />
forças especiais, mas, quando for<br />
necessário, <strong>de</strong>vem, essencialmente,<br />
treinar e ter missões específicas<br />
para eles, que <strong>de</strong>vem cumprir e saber<br />
que as têm <strong>de</strong> cumprir com comando<br />
próprio. Treinar comandos<br />
é fundamental. Esse tipo <strong>de</strong> comando<br />
será o futuro oficial <strong>de</strong> Estado-<br />
Maior e comando <strong>de</strong> corpo, que precisa<br />
<strong>de</strong> saber no país o que se passa<br />
no mundo. Saber o que se passa no<br />
Mundo significa que tem <strong>de</strong> entrar<br />
em missões internacionais.<br />
Des.: Uma questão <strong>de</strong>licada: os<br />
Entrevista<br />
fuzileiros <strong>de</strong>veriam separar-se da<br />
Marinha?<br />
Cmdt. Preto: Penso que não. Os<br />
fuzileiros estiveram sempre muito<br />
bem na Marinha. Houve momentos<br />
que a Marinha não viu essa necessida<strong>de</strong>.<br />
Mas, consi<strong>de</strong>ro que, hoje, a<br />
Marinha já compreen<strong>de</strong> muito mais<br />
os fuzileiros e, cada vez mais, já<br />
compreen<strong>de</strong>r a sua importância. A<br />
Marinha necessita dos seus fuzileiros.<br />
A Marinha e os <strong>Fuzileiros</strong> não<br />
são duas componentes, mas um<br />
grupo só, homogéneo, que precisam<br />
um do outro.<br />
Des.: Na sua opinião, então, já <strong>de</strong>veria<br />
estar ao serviço da Armada o<br />
navio polivalente?<br />
Cmdt. Preto: Há muitos anos. Sem<br />
o navio polivalente, a nossa Marinha<br />
tem perdido oportunida<strong>de</strong>s.<br />
Inclusive, já foram oferecidos pelos<br />
norte-americanos alguns navios,<br />
que estavam parados, e podiam ser<br />
aproveitados. A Marinha tem perdido<br />
uma quantida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> missões<br />
com os seus fuzileiros por não<br />
ter um navio polivalente logístico.<br />
Des.: Nos dias <strong>de</strong> hoje, os fuzileiros<br />
têm futuro?<br />
Cmdt. Preto: Os fuzileiros, como<br />
qualquer força especial, são, na actualida<strong>de</strong>,<br />
a base das Forças Armadas.<br />
Eu direi mesmo, o futuro das<br />
Forças Armadas passa pela existência<br />
e reforço das forças especiais.<br />
Se verificarmos, por exemplo, a robótica,<br />
ela imita o po<strong>de</strong>r das forças<br />
especiais e não uma força normal<br />
<strong>de</strong> quadrícula, que não é imitada.<br />
Porque são grupos pequenos, altamente<br />
treinados e equipados, que<br />
actuam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente e conseguem<br />
fazer missões <strong>de</strong> média e<br />
gran<strong>de</strong> envergadura.<br />
Esses são os fuzileiros. Hoje e amanhã.<br />
Presentemente, po<strong>de</strong>m não<br />
estar tão bem equipados, mas nós<br />
temos <strong>de</strong> projecta-los para o futuro<br />
para estarem totalmente prontos<br />
para actuar <strong>de</strong> noite, <strong>de</strong> dia, com<br />
bom e mau tempo. Ora, o treino<br />
tem <strong>de</strong> ser feito para que a sua ac-<br />
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tuação atinja todos os teatros <strong>de</strong><br />
operações.<br />
Des.: A força dos fuzileiro advêm<br />
também do papel <strong>de</strong>sempenhado<br />
pelos ex-fuzileiros?<br />
Cmdt. Preto: Os ex-fuzileiros são<br />
uma força anímica que está, por<br />
<strong>de</strong>trás <strong>de</strong> toda uma instituição e se<br />
transmite. E esta transmissão não<br />
<strong>de</strong>ve partir dos oficiais, mas dos<br />
oficiais, sargentos e praças. Porque<br />
muitas vezes os oficiais não<br />
viveram tanto intensamente, como<br />
o fizeram os sargentos e praças,<br />
<strong>de</strong>terminados períodos continuados<br />
<strong>de</strong> missões. Nós tínhamos uma<br />
coisa, que eu reputo <strong>de</strong> importante,<br />
nos fuzileiros no passado. Quando<br />
se ia para qualquer missão, esta<br />
era explicada a toda a gente, todos<br />
sabiam o que iam fazer, conheciase<br />
o que nos esperava no terreno<br />
e, como tal, muitos sargentos e<br />
muitas praças que viveram intensamente<br />
essas missões e que as<br />
contam muitas vez com mais calor,<br />
com mais “paladar” do que o próprio<br />
oficial do que as integrou.<br />
Des.: Esta a dizer que a <strong>Associação</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong> <strong>de</strong>veria meter mão<strong>de</strong>-obra<br />
e recolher esses <strong>de</strong>poimentos?<br />
Cmdt. Preto: Os relatos, as memórias,<br />
tudo isso, são parte integrante<br />
da História dos <strong>Fuzileiros</strong> e, per<strong>de</strong>rse<br />
isso, está a per<strong>de</strong>r-se parte do<br />
passado Fuzileiro. A <strong>Associação</strong><br />
po<strong>de</strong> fazer e <strong>de</strong>ve fazê-lo com afinco,<br />
po<strong>de</strong> <strong>junta</strong>r todos aqueles que<br />
estão dispostos a dar o seu contributo<br />
para aglutinar, forjar a unida<strong>de</strong><br />
das mais diversas experiências<br />
e comportamentos e nunca dividir.<br />
Fazer com que se conheça o passado,<br />
que existiu e faz parte do seu<br />
património e reviver as memórias<br />
que vivemos tão intensamente.<br />
Uma guerra cria sempre momentos<br />
especiais, marcantes, <strong>de</strong> tensão, e<br />
nós ficamos ficamos marcados, <strong>de</strong><br />
uma maneira ou <strong>de</strong> outra. E assim<br />
aconteceu em África e noutro locais<br />
<strong>de</strong> combate<br />
<strong>Associação</strong> <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong> | 2009