junta DOIS MIL - Associação de Fuzileiros
junta DOIS MIL - Associação de Fuzileiros
junta DOIS MIL - Associação de Fuzileiros
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Um país, uma empresa, uma instituição<br />
ou um Destacamento <strong>de</strong><br />
<strong>Fuzileiros</strong> Especiais, têm sempre a<br />
sua I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, o<br />
DFE 4 (965/967) não era nada. Não<br />
conseguia ter coesão para levar os<br />
seus elementos a transcen<strong>de</strong>remse,<br />
como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combate, nos<br />
ambientes e momentos difíceis que<br />
tiveram <strong>de</strong> enfrentar no TO da Guiné.<br />
A maioria dos fuzileiros que fizeram<br />
comissões no ex-ultramar,<br />
po<strong>de</strong>m não ter notado a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
do seu DFE, mas ela estava lá.<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> constrói-se com um<br />
“percurso” vivido. Começava na Escola<br />
<strong>de</strong> FZE, passava pelo período<br />
<strong>de</strong> treino operacional no TO, continuava<br />
durante toda a comissão<br />
e terminava com a chegada novamente<br />
à E. FZE.<br />
Na E. FZE aprendíamos a técnica<br />
básica para combatermos, ganhávamos<br />
robustez física, capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> sofrimento, e sobretudo, começávamos<br />
a sentir que precisávamos<br />
uns dos outros.<br />
No TO começámos a melhorar as<br />
técnicas <strong>de</strong> combate e a pressentir<br />
o que cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>via fazer<br />
antes <strong>de</strong> ser necessário actuar. Recor<strong>de</strong>mos<br />
que com 6 meses <strong>de</strong> comissão<br />
ainda fazíamos treino operacional<br />
na ilha <strong>de</strong> Bissau.<br />
Salpicos <strong>de</strong> Vida<br />
SPM 0468 Nº 2<br />
Cmg. Carvalho Rosado<br />
Voltando à construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
do DFE, ela conseguiu-se através<br />
da união dos seus elementos, sendo<br />
essa coesão baseada nos valores<br />
humanos e nas qualida<strong>de</strong>s dos<br />
seus homens.<br />
Especificando, a confiança nos camaradas,<br />
a lealda<strong>de</strong>, a humilda<strong>de</strong>,<br />
o carácter, o sentido do <strong>de</strong>ver, o<br />
ânimo tão necessário para vencer o<br />
cansaço, a doença e o mal estar, a<br />
solidarieda<strong>de</strong> inter membros, a disponibilida<strong>de</strong><br />
e generosida<strong>de</strong> para<br />
todas as tarefas, a disciplina livremente<br />
aceite no mato.<br />
A existência <strong>de</strong> um inimigo comum<br />
e o aparecimento <strong>de</strong> situações<br />
operacionais muito difíceis,<br />
levou, <strong>de</strong> uma forma consciente ou<br />
inconsciente, a que os valores e as<br />
qualida<strong>de</strong>s referidas fossem amassadas<br />
e melhoradas atingindo um<br />
nível que se tornou o paradigma<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do DFE 4. O chefe<br />
<strong>de</strong> esquadra tinha que fazer dos<br />
seus pupilos o prolongamento do<br />
seu corpo e do seu pensamento; o<br />
chefe <strong>de</strong> secção confiava nos seus<br />
doze homens para se movimentar<br />
em combate; todos tínhamos <strong>de</strong><br />
acreditar na chefia, e, só assim conseguíamos<br />
sobreviver e cumprir as<br />
missões atribuídas.<br />
Todos nós assimilámos a i<strong>de</strong>ia que<br />
29<br />
não cumprir uma missão era uma<br />
vergonha, não ter disciplina <strong>de</strong> fogo<br />
ou não saber andar no mato era<br />
não ganhar a confiança do grupo,<br />
não estar disponível para ajudar o<br />
camarada em combate era assunto<br />
para cartão vermelho, não ser solidário<br />
com os camaradas que perdiam<br />
o ânimo, por qualquer razão<br />
era levar o rotulo <strong>de</strong> egoísta <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um grupo altamente solidário.<br />
E foi assim que, durante um percurso<br />
<strong>de</strong> quase dois anos, todos transformámos<br />
um grupo <strong>de</strong> bons rapazes<br />
numa família <strong>de</strong> amigos coesa,<br />
constituindo uma eficiente unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> combate.<br />
Assim, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do DFE 4, estava<br />
exactamente neste paradigma<br />
<strong>de</strong> confiança inter pessoal e na capacida<strong>de</strong><br />
operacional atingida, sabendo<br />
que podíamos <strong>de</strong>sempenhar<br />
com êxito todas as missões que<br />
nos fossem atribuídas.<br />
Hoje, nos encontros que fazemos,<br />
transparece muito da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
que construímos há mais <strong>de</strong> 40<br />
anos e os sobreviventes continuam<br />
com orgulho e alegria a lembrar o<br />
que ficou na sua memória e que ficou<br />
escrito na placa do DFE 4, na<br />
Escola <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong>: “Pelo que somos<br />
e pelo que fomos”.<br />
<strong>Associação</strong> <strong>de</strong> <strong>Fuzileiros</strong> | 2009