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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
PROFESSORES: Anya Moura e Zé Bastos 3ª SÉRIE-E.M. UNIDADE III<br />
PORTUGUÊS – 01 A 15<br />
Tipos e * respectivamente<br />
1ª AVALIAÇÃO DA UNIDADE<br />
GABARITO DAS QUESTÕES<br />
UFMG (adaptada)<br />
Para responder às questões de 01/06 a 05/10, leia atentamente os textos 1 e 2.<br />
TEXTO 1<br />
5<br />
10<br />
De maneira geral, todos os avanços tecnológicos parecem coisas demoníacas. No interior do Brasil, as primeiras<br />
locomotivas que passavam pelos campos faziam a população se persignar: o barulho infernal, as fagulhas que saíam<br />
da chaminé e que frequentemente incendiavam os canaviais, tudo parecia coisa do demônio.<br />
Pulo das locomotivas para a internet, a criação mais estupenda da tecnologia desde que inventaram a roda. Pode<br />
ser encarada, ao menos no estágio em que se encontra, como uma criação divina e diabólica ao mesmo tempo.<br />
Divina, porque aproxima os homens de forma barata e imediata, cria condições de progresso e bem-estar que não se<br />
podiam imaginar até recentemente.<br />
Tem também seu lado diabólico. Num primeiro momento, ela pareceu abrir para qualquer um a possibilidade de<br />
melhor se informar e melhor se comunicar. Mas, pouco a pouco, de tal maneira ganha sofisticação, que, breve, será<br />
um instrumento dos mais fortes e dos mais sábios em operar seus mistérios e possibilidades.<br />
Pelo mundo todo, há uma geração jovem, pós-informática, que poderá deter o monopólio do novo instrumento<br />
que a técnica ofereceu à humanidade. Hoje, essa força tecnológica existe. O problema é saber se ela será manobrada<br />
por Deus ou pelo Demônio.<br />
CONY, Carlos Heitor. Folha online. Acesso: 12 jan. 2005. (Adaptado)<br />
TEXTO 2<br />
5<br />
10<br />
Eu tenho um filho de 1 ano e meio. Quando ele nasceu, minha mulher e eu ficamos acessando todo tipo de site<br />
médico associado a hospitais respeitados; queríamos nos tranquilizar sobre cada novidade. Esse tipo de recurso traz<br />
muito alívio. Mas a internet não dá refresco neste país, envia informação sem parar, 24 horas por dia. As histórias<br />
importantes são relativizadas, tudo se confunde. Eu não preciso saber que alguém levou um tiro num estacionamento<br />
no Arizona, mas eles vão me empurrar essa história e os psicólogos que aparecem e os comentários dos sociólogos e<br />
das testemunhas do crime – a coisa parece interminável, até o momento em que salta para o próximo assunto –<br />
alguém fabricou uma camiseta, no Texas, que virou um sucesso no mundo todo! E não acaba nunca.<br />
É a praga da popularidade. A internet substituiu a cultura popular pela cultura da popularidade. O principal<br />
critério de sucesso na internet é a popularidade. A cultura popular costumava atrair as pessoas para o que elas<br />
gostavam. A internet atrai as pessoas para o que os outros gostam.<br />
[...] É patético. E o que acontece com a reportagem sobre uma mulher negra idosa em Chicago, despejada no<br />
meio da noite? É claro que não vai ser popular nem sexy. Você vai ter que ler sobre a Britney Spears ou a Paris<br />
Hilton, e esse critério é devastador.<br />
SIEGEL, Lee. Trecho de entrevista. Estado de S. Paulo, São Paulo, 2 mar. 2008. (Adaptado)<br />
2010Salvador/3ªs/Gab/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
1
<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
01/06. É correto afirmar que, na opinião do autor do Texto 1, a internet se caracteriza como<br />
a) a invenção mais extraordinária de todos os tempos.<br />
b) um instrumento que pode vir a ser controlado por um dado grupo.<br />
c) uma criação demoníaca, tal como as primeiras locomotivas.<br />
d) uma força tecnológica, cujos aspectos positivos superam os negativos.<br />
e) uma força tecnológica mais demoníaca que divina.<br />
GABARITO: A<br />
02/07. Assinale a alternativa que não contém uma crítica do autor do texto 2 à Internet.<br />
a) a internet impõe ao público aquilo que escolhe noticiar.<br />
b) a internet limita-se a veicular o que é sexy ou popular.<br />
c) notícias veiculadas pela internet são exploradas à exaustão.<br />
d) questões de importância diferente são niveladas na internet.<br />
e) na internet o que importa é agradar ao outro para ganhar popularidade.<br />
GABARITO: B<br />
03/08. Com base na leitura dos textos 1 e 2, é CORRETO afirmar que, em ambos, os autores<br />
a) abordam aspectos positivos e negativos da internet.<br />
b) apresentam as mesmas críticas em relação à internet.<br />
c) sustentam seu ponto de vista com exemplos veiculados na rede.<br />
d) tratam da sofisticação que a internet alcançou na atualidade.<br />
e) mostram-se seguidores cegos da moderna tecnologia.<br />
GABARITO: A<br />
04/09. Assinale a alternativa cuja afirmação seja incorreta.<br />
a) “coisa do demônio”, (linha 3, texto 1) tem valor adjetivo.<br />
b) O termo “de melhor se informar e melhor se comunicar”, (linhas 8 e 9, Texto 1) estabelece relação sintática com<br />
um nome, complementando-lhe o significado.<br />
c) O uso do termo “por Deus ou pelo Demônio”, na linha 13, denota passividade.<br />
d) “O”, em “para o que elas gostavam”, (texto 2, linhas 9 e 10), funciona como pronome demonstrativo e equivale<br />
a “aquilo”.<br />
e) O termo “dos sociólogos e das testemunhas do crime” (linha 5 e 6, texto 2) completam o sentido do nome a que<br />
se referem.<br />
GABARITO: E<br />
05/10. Assinale a afirmativa incorreta.<br />
a) Em “que não se podiam imaginar” (linhas 6 e 7, texto 1) há uma estrutura passiva.<br />
b) “Será”, na linha 9 do texto 1, indica uma possibilidade no futuro.<br />
c) “no meio da noite”, no último parágrafo do texto 2, tem valor adverbial.<br />
d) Em “que não vai ser popular nem sexy”, no último parágrafo do texto 2, temos uma forma verbal indicativa de<br />
que algo acontecerá certamente no futuro.<br />
e) “para o que os outros gostam”, penúltimo parágrafo, texto 2, funciona como complemento verbal.<br />
GABARITO: B<br />
2010Salvador/3ªs/Gab/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
06/11. (UFF-2010)<br />
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada. Mergulho<br />
enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não<br />
sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu<br />
desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras mentalmente<br />
brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea<br />
visão sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de<br />
um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei. Clarice Lispector. Um sopro de vida.<br />
Assinale a opção que corresponde, no trecho, ao pensamento de Clarice Lispector sobre a criação literária.<br />
a) A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um<br />
piparote e adeus.<br />
b) Não colhas no chão o poema que se perdeu.<br />
c) Vozes da infância, contai a história da vida boa que nunca veio.<br />
d) Pensar é a concretização, materialização do que se pré-pensou.<br />
e) O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.<br />
GABARITO: D<br />
07/12. (UFF-2010)<br />
O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o momento histórico em que ela<br />
escreve. Em outros momentos históricos, outras relações ocorreram.<br />
Assinale a opção correta.<br />
a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a<br />
simplicidade e a métrica do pastoralismo.<br />
b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela era.<br />
c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e pelas<br />
aliterações.<br />
d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é.<br />
e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral.<br />
GABARITO: E<br />
QUESTÕES 08/13 e 09/14 (UFF 2010)<br />
5<br />
O PAVÃO<br />
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo<br />
livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas<br />
bolhas d’água em que a luz se fragmenta como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.<br />
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos.<br />
De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.<br />
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que suscita e esplende e estremece e delira<br />
em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glória e me faz magnífico.<br />
Rubem Braga<br />
08/13. No trecho da crônica de Rubem Braga, os elementos coesivos produzem a textualidade que sustenta o<br />
desenvolvimento de uma determinada temática.<br />
Com base nos princípios linguísticos da coesão e da coerência, pode-se afirmar que:<br />
a) na passagem, “Mas andei lendo livros” (linhas 1 e 2), o emprego do gerúndio indica uma relação de<br />
proporcionalidade.<br />
b) o pronome demonstrativo “este” (linha 4) exemplifica um caso de coesão anafórica, pois seu referente textual<br />
vem expresso no parágrafo seguinte.<br />
2010Salvador/3ªs/Gab/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
c) o articulador temporal “por fim” (linha 6) assinala, no desenvolvimento do texto, a ordem segundo a qual o<br />
assunto está sendo abordado.<br />
d) a expressão “oh! minha amada”(linha 6) é um termo resumitivo que articula a coerência entre a beleza do pavão<br />
e a simplicidade do amor.<br />
e) o pronome pessoal “ele”(linha 7), na progressão textual, faz uma referência ambígua a “pavão”.<br />
GABARITO: C<br />
09/14. Não só conectores mas também pausas, marcadas pelos sinais de pontuação, assinalam diferentes tipos de<br />
relações sintático-semânticas.<br />
Em “Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos”<br />
(linhas 1 e 2), a pausa marcada pelo ponto final no primeiro período estabelece com o segundo período uma relação de:<br />
a) explicação. d) conformidade.<br />
b) temporalidade. e) comparação.<br />
c) condicionalidade.<br />
GABARITO: A<br />
10/15. (UFF 2010)<br />
dizem que<br />
INIMIGO OCULTO<br />
em nossa direção<br />
em algum ponto do cosmos<br />
e quaisquer que sejam os desvios<br />
(Le silence éter nel de ces espaces infinis m’effraie)* 15 e extravios<br />
um pedaço negro de rocha<br />
de seu curso<br />
5 do tamanho de uma cidade<br />
deles resultará<br />
voa em nossa direção<br />
matematicamente<br />
perdido em meio a muitos milhares de asteroides<br />
a inevitável colisão<br />
impelido pelas curvaturas do 20 não se sabe se quarta-feira próxima<br />
espaço-tempo<br />
ou no ano quatro bilhões e cinquenta e dois<br />
10 extraviado entre órbitas<br />
da era cristã<br />
e campos magnéticos<br />
voa<br />
Ferreira Gullar<br />
*(O silêncio eterno desses espaços infinitos me assusta)<br />
Identifique a opção que apresenta a explicação adequada para o efeito de sentido resultante do uso linguístico<br />
especificado.<br />
a) Nos versos “um pedaço negro de rocha” / “voa em nossa direção” (versos 4-6), o uso do pronome possessivo<br />
“nossa” rompe o vínculo entre o eu lírico e os leitores.<br />
b) Em “dizem que” (verso 1), a expressão do sujeito gramatical, na terceira pessoa do plural, sem antecedente<br />
textual claro, evidencia que o eu lírico se vale de uma outra voz para expressar o fato.<br />
c) Nos versos “e quaisquer que sejam os desvios / e extravios / de seu curso” (versos 14-16), o pronome possessivo<br />
“seu” se reporta ao verso “em algum ponto do cosmos”. (verso 2)<br />
d) O apagamento do objeto direto oracional em “não se sabe se” (verso 20) inviabiliza a referência a “inimigo<br />
oculto”. (título)<br />
e) A combinação da preposição “de” com o pronome “eles”, empregado como pronome possessivo em “deles<br />
resultará” (verso 17), encaminha textualmente as consequências das “curvaturas do espaço-tempo” (versos 8-9)<br />
GABARITO: B<br />
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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
11/05. (UEM /CVU/2007) Leia os fragmentos a seguir.<br />
“[...] O senhor me crê? E foi então que eu acertei com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim,<br />
produzida, era minha sem outro dono, como coisa solta e cega. As pessoas não tinham culpa de naquela hora eu<br />
estar passeando pensar nelas. Hoje, que enfim eu medito mais nessa agenciação encoberta da vida, fico me<br />
indagando: será que é a mesma coisa com a bebedice de amor? Toleima. O senhor ainda me releve. Mas, na<br />
ocasião, me lembrei dum conselho que Zé Bebelo, na Nhanva, um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece<br />
de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de<br />
alguém, é a mesma coisa de autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir<br />
da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.”<br />
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas.)<br />
“Oh como era bom rever tudo arrumado e sem poeira, tudo limpo pelas suas próprias mãos destras, e tão<br />
silencioso, e com um jarro de flores, como uma sala de espera. Sempre achara lindo uma sala de espera, tão<br />
respeitoso, tão impessoal. Como era rica a vida comum, ela que enfim voltava da extravagância. Até um jarro de<br />
flores. Olhou-o. [...] Eram algumas rosas perfeitas, várias no mesmo talo. Em algum momento tinham trepado com<br />
ligeira avidez umas sobre as outras, mas depois, o jogo feito, haviam se imobilizado tranquilas. Eram algumas rosas<br />
perfeitas na sua miudez, não de todo desabrochadas, e o tom rosa era quase branco. [...]<br />
Como são lindas, pensou Laura surpreendida. Mas, sem saber por que, estava um pouco constrangida, um<br />
pouco perturbada. Oh, nada de mais, apenas acontecia que a beleza extrema a incomodava.”<br />
(LISPECTOR, Clarice. A imitação da rosa. In: Laços de família.)<br />
Tendo em vista esses fragmentos, as obras dos autores, bem como as afirmações I, II e III que seguem, assinale a<br />
alternativa correta.<br />
I. Considerado uma das grandes tendências da literatura brasileira, o regionalismo recebe nova roupagem na obra<br />
de Guimarães Rosa. De um lado, está a experimentação com a linguagem, por meio da incorporação de termos<br />
regionais, da criação de neologismos e pelo emprego de uma nova sintaxe; de outro, está a personagem<br />
regional, ultrapassando a problemática decorrente do próprio espaço físico e adentrando a seara dos<br />
questionamentos universais, como bem se pode verificar no fragmento transcrito.<br />
II. Inaugurando a principal vertente da terceira geração do Modernismo brasileiro, a prosa psicológica, Clarice<br />
Lispector confere ao texto literário a tão reivindicada linearidade narrativa.<br />
Apesar de interessarem à escritora as narrativas baseadas na memória e na emoção, portanto no fluxo de<br />
consciência e no monólogo interior, tais estratégias são construídas de tal modo que seja respeitada a ordem<br />
cronológica. No conto cujo fragmento transcrevemos, o leitor não encontra dificuldades em reconhecer o<br />
começo, o meio e o fim.<br />
III. Ambos os autores dos textos em destaque representam os principais idealizadores da chamada narrativa<br />
universalizante, uma importante marca da terceira geração modernista. No cerne da linguagem revolucionária<br />
que engendra, Guimarães Rosa traz à tona as indagações universais do homem, como o sentido da vida e da<br />
morte, a existência ou não de Deus e do diabo, o significado do amor, do ódio etc. Já a literatura produzida por<br />
Clarice Lispector surpreende por definir-se pela busca da compreensão da consciência individual, marcada pela<br />
introspecção da personagem.<br />
a) Apenas I está correta.<br />
b) Apenas I e II estão corretas.<br />
c) Apenas I e III estão corretas.<br />
d) Apenas II e III estão corretas.<br />
e) I, II e III estão corretas.<br />
GABARITO: C<br />
2010Salvador/3ªs/Gab/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
12/04. (UFES 2009)<br />
[...]<br />
– Não, não... Não pode bater em Mamãe, não pode... Diante do pai, que se irava feito um fero, Miguilim não<br />
pôde falar nada, tremia e soluçava; e correu para a mãe, que estava ajoelhada encostada na mesa, as mãos tapando o<br />
rosto. Com ela se abraçou. Mas dali já o arrancava o pai, batendo nele, bramando.<br />
[...] Quando pôde respirar, estava posto sentado no tamborete, de castigo. [...] O Dito vinha, desfazendo de<br />
conta. Quando um estava de castigo, os outros não podiam falar com esse. Mas o Dito dizia tudo baixinho, e virado<br />
para outro lado, se alguém visse não podiam exemplar por isso, conversando com Miguilim até que ele não estava.<br />
– Vai chover. O vaqueiro Jê está dizendo que já vai dechover chuva brava, porque o tesoureiro, no curral, está<br />
dando cada avanço, em cima das mariposas!...<br />
[...] Miguilim não respondia. De castigo, não tinha ordem de dar resposta, só aos mais velhos. Sim sorria para<br />
o Dito, quando ele olhava – só o rabo-do-olho.<br />
O tesoureiro era um pássaro imponente de bonito, pedrês cor-de-cinza, bem as duas penas compridas da cauda,<br />
pássaro com mais rompante do que os outros.<br />
Gostava de estar vendo aquilo no curral.[...]<br />
2010Salvador/3ªs/Gab/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
(ROSA, João Guimarães. “Campo geral”. In: ____ . Manuelzão e Miguilim. 11.<br />
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 36 e 38.)<br />
Em relação à novela “Campo Geral”, da qual o texto é um fragmento, é INCORRETO afirmar:<br />
a) Seguindo a herança do modernismo brasileiro, mesmo sendo narrada em terceira pessoa, a novela capta a<br />
sensibilidade infantil de Miguilim, produzindo uma identificação entre o narrador e o personagem.<br />
b) Predomina, na narrativa, o tempo psicológico, que parte da emoção, expectativas e impressões dos personagens.<br />
c) Ultrapassando uma visão maniqueísta, o universo patriarcal da narrativa, em que a violência do mais forte<br />
predomina, convive com a fé, o amor e a amizade, fazendo emergir personagens esféricos.<br />
d) É uma narrativa em primeira pessoa, e o neologismo da linguagem de Guimarães Rosa não se inspira na<br />
linguagem popular, mas só no conhecimento que o autor tem da língua latina e grega.<br />
e) Partindo de um cenário regional, a narrativa não exclui o universal, motivo pelo qual a infância de Miguilim não<br />
pode ser interpretada como exótica.<br />
GABARITO: D<br />
13/03. Brasil<br />
O Zé Pereira chegou de caravela<br />
E preguntou pro guarani da mata virgem<br />
– Sois cristão?<br />
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte<br />
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!<br />
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!<br />
O negro zonzo saído da fornalha<br />
Tomou a palavra e respondeu<br />
– Sim pela graça de Deus<br />
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!<br />
E fizeram o Carnaval<br />
(ANDRADE, Oswald de. Primeiro Caderno do Aluno de Poesia<br />
Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1991, p. 41.)<br />
O poema de Oswald de Andrade encena a base da formação social brasileira, referindo-se ao carnaval como símbolo<br />
da miscigenação e marca da nacionalidade. Com base em tal proposição e no poema, é CORRETO afirmar que:<br />
a) a construção da identidade nacional brasileira foi um projeto das elites coloniais para garantir a unidade do<br />
território, indicado pela caravela portuguesa, no primeiro verso, e pela rima em A/B/A/B.<br />
b) a miscigenação não teve importância ideológica, a partir do século XX, para a explicação da convivência<br />
harmônica do povo brasileiro, chamada de democracia racial, cantada no poema pelas onomatopéias do sexto verso.<br />
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<strong>COLÉGIO</strong> <strong>OFICINA</strong><br />
c) o verso sete aponta para o trabalho escravo, no qual se origina a inserção precária de grande parte da população<br />
negra na economia e na sociedade atuais.<br />
d) o desmatamento da amazônia, ocorrido nos dias atuais, é denunciado no poema ao referir-se à mata virgem e aos<br />
guaranis, com o seu canto de morte retirado do poema indianista de castro alves.<br />
e) a extensão do território nacional foi fixada pelo carnaval, preconizado pela miscigenação e interpretado no<br />
poema como a razão da conquista e cristianização dos indígenas pelos portugueses.<br />
GABARITO: C<br />
14/02. No discurso que pronunciou na noite de 15 de fevereiro, Menotti del Picchia, entre outras coisas, dizia:<br />
Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminé de fábricas,<br />
sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte! E que o rufo de um automóvel, nos trilhos de dois versos, espante da<br />
poesia o último deus homérico, que ficou, anacronicamente, a dormir e sonhar, na era do “jazz-band” e do cinema,<br />
com a flauta dos pastores da Arcádia e os seios divinos de Helena!<br />
No discurso, observamos nítida influência<br />
a) do surrealismo, pela referência a “sonho”.<br />
b) do dadaísmo, pela irreverência de “e que o rufo de um automóvel ...espante da poesia...”<br />
c) do cubismo, pela fragmentação do texto.<br />
d) do futurismo, pela exaltação das tecnologias do mundo moderno.<br />
e) do expressionismo, pela expressão da angústia que o mundo moderno proporciona.<br />
GABARITO: D<br />
15/01. O decênio de 1930 teve como característica própria um grande surto do romance, tão brilhante quanto o que se<br />
verificou entre 1880 e 1910, e que apenas em pequena parte dependeu da estética modernista. Mas sem ela, e<br />
sobretudo sem o movimento que lhe correspondeu, os novos romancistas não teriam tido provavelmente a<br />
oportunidade de se exprimir e serem aceitos, desde logo, com o maior entusiasmo.<br />
Retomando e complementando o trecho acima, pode-se afirmar que:<br />
a) romancistas como José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Érico Veríssimo beneficiaram-se das conquistas<br />
estéticas do modernismo, já no decênio de 1930.<br />
b) romances como Grande Sertão: Veredas, os sertões e terras do sem fim são exemplos da qualidade da ficção que<br />
despontou no decênio de 1930.<br />
c) romancistas como Clarice Lispector, Otávio de Faria e Lúcio Cardoso obtiveram, graças ao modernismo, êxito<br />
imediato com a publicação de suas obras, no referido surto do romance.<br />
d) romances como Senhora e Memórias póstumas de Brás Cubas tiveram influência fundamental no surto do<br />
romance que se verificou em plena eclosão do movimento modernista.<br />
e) romancistas como Rubem Fonseca, Chico Buarque de Holanda e João Ubaldo Ribeiro, em pleno surto do<br />
romance regionalista, puderam ver suas obras consagradas.<br />
GABARITO: A<br />
2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100908_Gabarito Comentado_1ª AVAL-Português_3ªUnid.doc/sps<br />
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