62 Figura 52 – Localização <strong>de</strong> galerias e nascentes na Ilha do <strong>Porto</strong> <strong>Santo</strong> (Lobo Ferreira et al., 1981).
Qualida<strong>de</strong> Química das Águas Um outro aspecto francamente <strong>de</strong>sfavorável para a utilização das águas subterrâneas tem a ver com a sua qualida<strong>de</strong>. De um modo geral, trata-se <strong>de</strong> águas excessivamente mineralizadas, alcalinas, <strong>de</strong> fácies cloretada sódica, po<strong>de</strong>ndo haver variações pontuais em função do tempo <strong>de</strong> residência e do tipo <strong>de</strong> formação geológica on<strong>de</strong> circula. De acordo com as análises mais recentes, efectuadas em 34 águas subterrâneas provenientes <strong>de</strong> nascentes, furos e noras da Ilha do <strong>Porto</strong> <strong>Santo</strong> (Mottconsult e Mott MacDonald, 1996; boletins <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> 2000 e 2001, inéditos, arquivados na IGA – Investimentos e Gestão <strong>de</strong> Água, S.A.) po<strong>de</strong>mos concluir que estas apresentam, em geral, fraca qualida<strong>de</strong> para consumo humano (Decreto-Lei 306/2007 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> Agosto). Os graves problemas <strong>de</strong> poluição orgânica <strong>de</strong>tectados até a década <strong>de</strong> 90, atribuídos ao elevado número <strong>de</strong> fossas sépticas, tem vindo a ser ultrapassado com a implementação do sistema actual <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> águas residuais. pH - Do ponto <strong>de</strong> vista físico-químico e em relação ao pH verifica-se que são todos superiores a 7.0, variando <strong>de</strong> 7, na zona do Pico do Castelo, a 8.78, indicando portanto uma água alcalina. O valor do pH <strong>de</strong> uma água <strong>de</strong>stinada ao abastecimento público é um parâmetro importante pois influencia o gosto da água e a eficácia <strong>de</strong> alguns tratamentos, como a cloragem, bem como o comportamento da água relativamente à tubagem <strong>de</strong> distribuição. No que respeita à cloragem verifica-se que é mais fácil <strong>de</strong>sinfectar as águas <strong>de</strong> baixo pH (inferior a 7.2) do que aquelas em que pH ultrapassa 7.6. O cloro residual livre, numa concentração <strong>de</strong> 0.05 mg/l, revela-se eficaz para a <strong>de</strong>sinfecção da água com um tempo <strong>de</strong> contacto <strong>de</strong> 10 minutos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o pH varie entre 7.0 e 8.5; para obter a mesma eficiência para um pH entre 8.0 e 9.0 é necessário duplicar o tempo <strong>de</strong> reacção. Verifica-se assim que o pH das águas do <strong>Porto</strong> <strong>Santo</strong> não é favorável do ponto <strong>de</strong> vista da <strong>de</strong>sinfecção. Por outro lado, o pH existente po<strong>de</strong> favorecer a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos calcários, por elevação da temperatura ou evaporação, o que é hidraulicamente inconveniente para o funcionamento das canalizações. Condutivida<strong>de</strong> eléctrica - Quanto aos valores <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> eléctrica das águas subterrâneas da Ilha do <strong>Porto</strong> <strong>Santo</strong> variam entre 1 170 e 15 500 S/cm. Analisando os resultados medidos, verifica-se que praticamente apenas na Fonte <strong>de</strong> Areia na nora Leacock se observam valores abaixo dos 2 500 µs/cm, po<strong>de</strong>ndo pois consi<strong>de</strong>rar-se a água subterrânea da ilha como não utilizável para abastecimento público segundo os critérios <strong>de</strong>finidos na legislação em vigor. 63