Relatório Parte 2 - Câmara Municipal de Porto Santo
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Cloretos - A análise dos teores em cloretos revelou que praticamente todas as águas da ilha são fortemente<br />
cloretadas, com valores compreendidos entre 284 e 5 325 mg/l. Os teores limites para abastecimento público<br />
referenciados pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> são no máximo 200 mg/l, em condições normais, e 600<br />
mg/l, em condições extremas.<br />
Contribuem para esta situação a intrusão marinha, o facto <strong>de</strong> a circulação se dar preferencialmente nas rochas<br />
eruptivas <strong>de</strong>positadas em meio submarino e a existência <strong>de</strong> aerossóis marinhos, os quais por acção da<br />
evaporação existente na ilha ten<strong>de</strong>m a aumentar a sua concentração em sais, nomeadamente em cloreto <strong>de</strong><br />
sódio.<br />
Um dos problemas que se manifesta na exploração <strong>de</strong> aquíferos costeiros, relaciona-se com a intrusão<br />
marinha. A existência <strong>de</strong> água salgada na formação aquífera subjacente ao fundo do mar provoca a formação<br />
<strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> contacto entre a água doce, menos <strong>de</strong>nsa que se dirige para o mar e a água salgada, mais<br />
<strong>de</strong>nsa. Esta zona <strong>de</strong> contacto <strong>de</strong>signa-se por interface água doce–água salgada. Uma vez que se tratam <strong>de</strong><br />
fluídos miscíveis, a zona <strong>de</strong> contacto entre eles constitui uma zona <strong>de</strong> mistura causada por dispersão<br />
hidrodinâmica. Em condições <strong>de</strong> não perturbação do aquífero costeiro mantém-se um estado <strong>de</strong> equilíbrio<br />
regulado pelas componentes do balanço hídrico, com uma interface estacionária e um fluxo <strong>de</strong> água doce, por<br />
cima <strong>de</strong>sta, para o mar (PRAM, 2003).<br />
Uma vez que a costa sul da ilha é constituída, na sua maior parte, por formações <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong>trítico, porosas e<br />
relativamente permeáveis, em contacto directo com o mar, não existindo barreiras naturais que impeçam a<br />
intrusão marinha, este fenómeno começa a verificar-se logo que as condições hidráulicas sejam compatíveis<br />
com o escoamento no sentido mar - terra. Admite-se assim que, do ponto <strong>de</strong> vista hidrogeológico, alguns dos<br />
elevados teores <strong>de</strong> cloretos possam ser <strong>de</strong>vidos a processos <strong>de</strong> intrusão marinha.<br />
Os locais on<strong>de</strong> as águas subterrâneas apresentam características hidroquímicas mais favoráveis são as<br />
captações (poços/nascentes) nos calcoarenitos, nomeadamente as captações da Fonte da Areia e a nora<br />
Leacock on<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> algumas insuficiências, é possível que apresentem características hidroquímicas<br />
aceitáveis.<br />
O teor excessivo <strong>de</strong> cloretos na água, para além <strong>de</strong> lhe comunicar um sabor <strong>de</strong>sagradável, apresenta outros<br />
inconvenientes, como por exemplo tornar a água imprópria para certos tipos <strong>de</strong> indústria e <strong>de</strong> agricultura, para<br />
a alimentação <strong>de</strong> gado, e po<strong>de</strong>r ainda originar a corrosão dos metais; no que respeita à saú<strong>de</strong> pública, quando<br />
as concentrações não são muito elevadas, consi<strong>de</strong>ra-se habitualmente não ser prejudicial; no entanto, se além<br />
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