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Versão PDF - CDI - Uneb

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Com a queda de Oyó e o aprisionamento dos ancestrais africanos nagôs, contínuos<br />

culturais chegaram ao Brasil trazendo as Iyás guerreiras como Iya Oba Tosi, descendente da<br />

linhagem dos Asipá, originária de Oyó, e membro de uma das sete famílias fundadoras do<br />

reino de Ketu cujo patrono era o orixá da caça Oxossi. Ressaltamos que Asipá foi um dos<br />

líderes do corpo de cavalaria de Oyó 2 que fundou Ketu. A função da cavalaria real, que era<br />

composta por membros de realeza, era proteger, guardar e prover alimento para a comunidade<br />

e procurar novos sítios ou territórios político-sociais para população em crescimento. Vem de<br />

Juana Elbein a contribuição sobre as referências históricas dos nossos ancestrais africanonagôs<br />

:<br />

A história de Kétu é preciosa como referência direta no que no concerne à<br />

herança afro-baiana. Foram os Kétu que implantaram com maior intensidade<br />

sua cultura na Bahia, reconstruindo suas instituições e adaptando-as ao novo<br />

meio, com tão grande fidelidade aos valores mais específicos de sua cultura<br />

de origem, que ainda hoje elas continuam o baluarte dinâmico dos valores<br />

afro-brasileiros. (SANTOS, J., 2002, p. 28).<br />

Retomando os versos do oriki, devemos dizer que esta luta é de povos que,<br />

violentamente retirados do seu solo de origem, Sul e Centro de Daomé e Sudoeste da Nigéria,<br />

“de uma vasta região que convenciona chamar de Yoru baland, são conhecidos no Brasil sob<br />

o nome genérico de Nagô.” (SANTOS, J., 2002, p. 29) foram transportados como “coisas”,<br />

“objetos” para servir à prepotência de uma hegemonia neocolonial. Destes povos herdamos,<br />

especialmente Salvador, na Bahia: “[...] costumes, suas estruturas hierárquicas, seus conceitos<br />

filosóficos e estéticos, sua língua, sua música, sua literatura oral e mitológica. E, sobretudo,<br />

trouxeram para o Brasil sua religião,” (SANTOS, J., 2002, p. 29).<br />

No oriki estão os códigos de religiosidade africano-nagô “Roguemos aos orixás. / Para<br />

que a alegria se expanda no mundo.”. Nestas expressões estão as forças de poderes míticosimbólicos<br />

dos orixás e dos ancestrais que as três africanas livres transplantaram da África à<br />

Bahia e no início do século XIX fundaram a primeira casa pública de culto africano do Brasil<br />

da nação Nagô na Bahia, o Ilê Iya Omi Ase Airá Intile, “[...] numa casa situada próxima à<br />

igreja da Barroquinha, na rua hoje chamada Visconde de Itaparica” (LUZ, M.A., 1995, p.<br />

503). Esta tradição é preservada por cinco gerações de Iyas.<br />

Vejamos outros versos do Oriki que homenageiam esta força guerreira feminina:<br />

2<br />

O corpo de cavalaria era o corpo de caçadores, os caçadores eram homens que pertenciam às famílias de<br />

linhagem, como é o caso do Axipá.<br />

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