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aplicac¸ ˜oes de métodos de topologia e geometria diferencial `a física

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04 (01 e 02): 177-195, 2006<br />

APLICAÇÕES DE MÉTODOS DE TOPOLOGIA E GEOMETRIA<br />

DIFERENCIAL À FÍSICA ∗<br />

Sebastião Alves Dias<br />

Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Física - CBPF<br />

Apresentamos alguns <strong>métodos</strong> matemáticos <strong>de</strong> amplo alcance na <strong>física</strong> atual. A partir <strong>de</strong><br />

uma apresentação elementar dos espaços quocientes, <strong>de</strong>screvemos a técnica do grupo <strong>de</strong><br />

homotopia. Mencionamos, ao final, as aplicações da teoria <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis à<br />

Física.<br />

I. INTRODUÇÃO<br />

A Física é uma ciência <strong>de</strong>scritiva. Por isto, queremos dizer que não é pretensão do físico<br />

encontrar a razão última da existência do mundo e <strong>de</strong> seus objetos, mas procurar enten<strong>de</strong>r,<br />

nos termos mais elementares possíveis (ou seja, com um mínimo <strong>de</strong> conceitos primitivos e pos-<br />

tulados), a forma como o mundo se organiza e evolui no tempo. Dito isto, é verda<strong>de</strong>iramente<br />

surpreen<strong>de</strong>nte que a Matemática tenha se tornado um instrumento tão fundamental para a<br />

<strong>de</strong>scrição da natureza. As leis <strong>física</strong>s, historicamente, conseguiram a sua expressão mais fiel<br />

através dos recursos matemáticos e, em muitas situações, até mesmo contribuíram para o <strong>de</strong>sen-<br />

volvimento <strong>de</strong> novos conceitos na Matemática. Tal interação remonta aos povos da Antiguida<strong>de</strong><br />

e continua viva e forte até os dias atuais.<br />

No início do século XX, com a criação da Relativida<strong>de</strong> Geral, os <strong>de</strong>senvolvimentos teóricos<br />

na Física <strong>de</strong> Partículas Elementares e o avanço da Física da Matéria Con<strong>de</strong>nsada, novos ramos<br />

da Matemática, que tinham encontrado pouca aplicação à Física até então, entraram no cenário.<br />

Objetos estudados com técnicas <strong>de</strong> Geometria Diferencial, como as varieda<strong>de</strong>s riemannianas e os<br />

espaços fibrados tornaram-se extremamente relevantes para a <strong>de</strong>scrição da Gravitação. Métodos<br />

como os grupos <strong>de</strong> homologia, co-homologia e homotopia encontraram suas aplicações ao estudo<br />

<strong>de</strong> fenômenos previstos pela Física <strong>de</strong> Altas Energias e pela Física da Matéria Con<strong>de</strong>nsada.<br />

∗ Este trabalho é oriundo da palestra apresentada pelo autor na IX Semana <strong>de</strong> Física da UEFS ocorrida no<br />

período <strong>de</strong> 18 a 22 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2006.<br />

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Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

Por outro lado, a Teoria das Cordas propiciou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas técnicas na área<br />

<strong>de</strong> Topologia Algébrica e as chamadas Teorias Topológicas <strong>de</strong> Campos foram fundamentais na<br />

resolução <strong>de</strong> problemas antigos num ramo da Matemática chamado <strong>de</strong> Teoria dos Nós.<br />

Este seminário visa apresentar, <strong>de</strong> maneira sucinta, algumas técnicas matemáticas que tem<br />

encontrado aplicações mo<strong>de</strong>rnas na Física, em todas as suas áreas. Vamos nos concentrar nos<br />

espaços quocientes (com maior <strong>de</strong>talhe), <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong>stes espaços serem o ponto <strong>de</strong> partida<br />

para uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>métodos</strong> matemáticos. A partir daí, apresentaremos o conceito<br />

<strong>de</strong> homotopia e <strong>de</strong> grupo fundamental, e apenas mencionaremos a <strong>de</strong>finição das varieda<strong>de</strong>s<br />

diferenciáveis e seu papel nas mo<strong>de</strong>rnas teorias das interações fundamentais. A maior parte<br />

dos assuntos que abordaremos aqui po<strong>de</strong>rá ser estudada em muito maior <strong>de</strong>talhe na bibliografia<br />

citada ao final <strong>de</strong>stas notas [1–3], on<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>rão ser encontradas muitas referências a<br />

mais, inclusive aos trabalhos originais.<br />

II. LEIS DE COMPOSIÇÃO, HOMOMORFISMOS E GRUPOS<br />

Começamos imaginando um conjunto X no qual esteja <strong>de</strong>finida uma operação (que chamare-<br />

mos <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> composição) que associa, a cada dois elementos <strong>de</strong> X, digamos a e b, um terceiro<br />

elemento que chamaremos <strong>de</strong> a ◦ b. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos tomar o conjunto <strong>de</strong> todas as<br />

matrizes n × n reais, com a seguinte lei <strong>de</strong> composição:<br />

a ◦ b = ab − ba = [a,b] ,<br />

on<strong>de</strong> ab refere-se ao produto <strong>de</strong> matrizes usual. Observe que a lei <strong>de</strong> composição acima não é<br />

necessariamente comutativa (a ◦ b = b ◦ a) nem associativa ((a ◦ b) ◦ c = a ◦ (b ◦ c)).<br />

Consi<strong>de</strong>re dois conjuntos, X e Y , on<strong>de</strong> sejam <strong>de</strong>finidas leis <strong>de</strong> composição. Vamos <strong>de</strong>notar<br />

a operação em X pelo símbolo ◦ e a operação em Y por ∗. Assim, estamos supondo que, se a<br />

e b pertencem a X, a ◦ b também pertence, e se u e v pertencem a Y , u ∗ v ∈ Y . Um mapa<br />

f : X → Y é chamado <strong>de</strong> homomorfismo se<br />

f (a ◦ b) = f (a) ∗ f (b).<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que a estrutura algébrica do espaço X é preservada em Y , ou seja, o que acontece<br />

em X entre a e b acontece em Y entre f (a) e f (b). Se, além disso, o mapa f for bijetivo<br />

(sobrejetivo e injetivo), o homomorfismo em questão é chamado <strong>de</strong> isomorfismo, os espaços X<br />

e Y são ditos isomorfos e este fato é <strong>de</strong>notado por X ∼ = Y .<br />

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

Um tipo particular <strong>de</strong> conjunto dotado <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> composição será muito importante para<br />

os nossos propósitos. Um grupo G é um conjunto dotado <strong>de</strong> uma lei <strong>de</strong> composição (que<br />

indicaremos por “·”) que associa a cada dois elementos um terceiro (po<strong>de</strong> ser um dos dois)<br />

pertencente ao mesmo conjunto (dizemos que o conjunto é fechado pela lei <strong>de</strong> composição em<br />

questão), <strong>de</strong> modo que os requisitos abaixo sejam satisfeitos:<br />

1. Existe um elemento, que chamaremos <strong>de</strong> e, tal que, se g ∈ G, g · e = e · g = g;<br />

2. Para todo g ∈ G, existe um elemento g −1 , tal que g · g −1 = g −1 · g = e;<br />

3. A associação <strong>de</strong> três elementos satisfaz (g1 · g2) · g3 = g1 · (g2 · g3).<br />

No que segue, adotaremos uma notação simplificada para a lei <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> um<br />

grupo: <strong>de</strong>notaremos g1 · g2 simplesmente por g1g2, quando não houver possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

confusão com outros tipos <strong>de</strong> leis <strong>de</strong> composição.<br />

Um subgrupo <strong>de</strong> um grupo G é um subconjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> G, fechado pela mesma<br />

lei <strong>de</strong> composição do grupo, contendo a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e e satisfazendo às <strong>de</strong>mais proprieda<strong>de</strong>s<br />

mencionadas acima. Há dois subgrupos especiais que aparecem imediatamente, quando con-<br />

si<strong>de</strong>ramos um homomorfismo f : G1 → G2 (G1 e G2 sendo grupos): o núcleo e a imagem. O<br />

núcleo (que <strong>de</strong>notaremos por ker f) é o conjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> G1 tais que, se g ∈ ker f ⊂ G1,<br />

f (g) = ē, on<strong>de</strong> ē é a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em G2. A imagem (que indicaremos por Imf) é o conjunto<br />

composto por todos os elementos <strong>de</strong> G2 tais que, se ¯g ∈ Im f, ¯g = f (g), para ao menos um<br />

g ∈ G1. Vamos mostrar que o núcleo e a imagem são subgrupos (<strong>de</strong> G1 e G2, respectivamente):<br />

tomemos dois elementos <strong>de</strong> ker f, g1 e g2; aplicando f ao seu produto,<br />

f (g1g2) = f (g1)f (g2) = ēē = ē.<br />

Isso mostra que g1g2 ∈ ker f. Tomemos, agora, g ∈ ker f e e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em G1. Po<strong>de</strong>mos<br />

escrever<br />

ē = f (g) = f (eg) = f (e) f (g)<br />

= f (e)ē = f (e) ,<br />

o que mostra que e ∈ ker f. Analogamente, se g ∈ ker f, ē = f gg −1 = f (g) f g −1 =<br />

f g −1 , o que mostra que g −1 ∈ ker f. A associativida<strong>de</strong> em ker f <strong>de</strong>corre da associativida<strong>de</strong><br />

em G1. Assim, vemos que ker f é um subgrupo <strong>de</strong> G1.<br />

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Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

Mostraremos agora que Imf é um subgrupo <strong>de</strong> G2: sejam ¯g1 e ¯g2 ∈ Im f. Então, ¯g1 = f (g1)<br />

e ¯g2 = f (g2), para pelo menos dois g1 e g2 ∈ G1. O produto <strong>de</strong> ¯g1 e ¯g2 po<strong>de</strong>, então, ser escrito<br />

como<br />

¯g1¯g2 = f (g1)f (g2) = f (g1g2) = f (g) ,<br />

com g = g1g2. Assim, se ¯g1 e ¯g2 ∈ Im f, ¯g1¯g2 ∈ Im f. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pertence a Im f, pois<br />

f (e) = f (ee) = f (e) f (e) .<br />

Multiplicando por (f (e)) −1 dos dois lados (lembre-se que G2 é um grupo!),<br />

f (e) = ē,<br />

o que diz que ē ∈ Im f (e, além disso, que é, pelo menos, a imagem da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> G1). Se ¯g<br />

pertence a Im f, e ¯g = f (g),<br />

f gg −1 = ē = f (g) f g −1<br />

= ¯gf g −1<br />

= f g −1 ¯g.<br />

Isso diz que f g −1 = ¯g −1 (a inversa é única, para cada elemento do grupo, tente mostrar!).<br />

A associativida<strong>de</strong> é novamente <strong>de</strong>corrente da proprieda<strong>de</strong> similar em G2, o que estabelece que<br />

Imf é um subgrupo <strong>de</strong> G2.<br />

Além disso, ker f é um subgrupo normal <strong>de</strong> G1 (um subgrupo H <strong>de</strong> um grupo G é dito<br />

normal se, para cada h ∈ H, ghg −1 ∈ H, para todo g ∈ G). Para ver isso, tomemos um<br />

h ∈ ker f e um g arbitrário em G1. Vemos que,<br />

f ghg −1 = f (g) f (h) f g −1 = f (g) ēf g −1<br />

= f (g) f g −1 = f gg −1<br />

= f (e) = ē.<br />

Portanto, ghg −1 ∈ ker f para todo g ∈ G.<br />

III. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA E CONJUNTOS QUOCIENTES<br />

Precisaremos, para explorar a relação entre os homomorfismos e os espaços conectados por<br />

eles, do conceito <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> equivalência: chamamos <strong>de</strong> relação R num conjunto X, um<br />

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

subconjunto <strong>de</strong> X × X ≡ X 2 . Se um ponto (a,b) <strong>de</strong> X 2 está em R, dizemos que a se relaciona<br />

com b pela relação R, ou ainda aRb. Um exemplo <strong>de</strong> relação é o subconjunto <strong>de</strong> R 2<br />

R = {(a,b) |a e b ∈ R e a < b} .<br />

A relação entre a e b é <strong>de</strong>notada, nesse caso, como a < b. Uma relação é dita <strong>de</strong> equivalência<br />

se satisfaz às seguintes proprieda<strong>de</strong>s<br />

1. (a,a) sempre pertence a R, para todo a ∈ X;<br />

2. Se (a,b) ∈ R, (b,a) ∈ R;<br />

3. Se (a,b) ∈ R e (b,c) ∈ R, então (a,c) ∈ R.<br />

Uma relação <strong>de</strong> equivalência (observe que o exemplo citado não satisfaz os requisitos acima)<br />

é usualmente <strong>de</strong>notada pelo símbolo “∼”. Assim, se (a,b) pertence à relação, escrevemos a ∼ b<br />

e lemos “a é equivalente a b”. Como exemplo, tomemos o conjunto X = {a,b,c}.<br />

ver que R = {(a,a) ,(b,b) ,(c,c) ,(a,b) ,(b,a)} é uma relação <strong>de</strong> equivalência sobre X.<br />

É simples<br />

A existência <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> equivalência num conjunto X faz com que ele se particione<br />

naturalmente em subconjuntos on<strong>de</strong>, em cada um, todos os elementos são equivalentes uns aos<br />

outros. Estes subconjuntos são chamados <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> equivalência. A classe <strong>de</strong> equivalência<br />

<strong>de</strong> um elemento a é <strong>de</strong>notada por [a]. O elemento a usado para <strong>de</strong>notar a classe <strong>de</strong> equivalência<br />

[a] (po<strong>de</strong>ria ser qualquer elemento equivalente a a) é chamado <strong>de</strong> representativo da classe. No<br />

exemplo dado acima temos duas classes <strong>de</strong> equivalência, [a] e [c]. Mostramos muito facilmente<br />

que:<br />

1. As classes <strong>de</strong> equivalência são disjuntas ou coinci<strong>de</strong>m (se duas classes têm interseção<br />

não nula, não po<strong>de</strong> haver elemento <strong>de</strong> uma que não pertença também à outra): <strong>de</strong> fato,<br />

suponha que a ∈ [a1] e a ∈ [a2] e que b ∈ [a1] e b /∈ [a2]. Então a ∼ a1, o que implica<br />

em a1 ∼ a. Como a ∼ a2, pela terceira proprieda<strong>de</strong>, a1 ∼ a2 e, então, [a1] = [a2]. Logo,<br />

b ∈ [a2], o que contraria a hipótese;<br />

2. Todo elemento <strong>de</strong> X está em uma e apenas uma classe <strong>de</strong> equivalência: como, para todo<br />

a ∈ X, a ∼ a, vemos que a ∈ [a]. Se ele pertencer a outra classe, ela coincidirá com [a],<br />

pelo que foi mostrado no ítem anterior.<br />

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Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

O conjunto formado por todas as classes <strong>de</strong> equivalência é chamado conjunto quociente <strong>de</strong><br />

X pela relação R (ou espaço quociente, ou grupo quociente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da estrutura que ele<br />

acomodar) e é <strong>de</strong>notado como X/ ∼.<br />

Teremos bastante interesse num tipo específico <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> equivalência, imposto sobre<br />

conjuntos que possuam a estrutura <strong>de</strong> grupo. Dado um subgrupo H ⊂ G, po<strong>de</strong>mos estabelecer<br />

a seguinte relação <strong>de</strong> equivalência em G: diremos que g1 ∼ g2 se g1 = g2h, on<strong>de</strong> h ∈ H<br />

(mostre você mesmo que esta é uma relação <strong>de</strong> equivalência!). A classe <strong>de</strong> equivalência <strong>de</strong> g<br />

é usualmente <strong>de</strong>notada por [g] ≡ gH, e é chamada <strong>de</strong> classe lateral à esquerda (em inglês,<br />

left coset). O conjunto quociente do grupo G por esta relação <strong>de</strong> equivalência é chamado<br />

G/ ∼≡ G/H. Um método sistemático para montar as classes <strong>de</strong> equivalência <strong>de</strong> G/H consiste<br />

em fixar um elemento g e multiplicá-lo por todos os elementos <strong>de</strong> H.<br />

se as outras classes <strong>de</strong> equivalência encontradas assim não são redundantes.<br />

É preciso, contudo, checar<br />

Em geral G/H não possui estrutura <strong>de</strong> grupo, exceto na circunstância em que H é um<br />

subgrupo normal. Po<strong>de</strong>-se mostrar isto, a partir <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> composição no<br />

conjunto quociente da seguinte forma<br />

(g1H)(g2H) := (g1g2) H.<br />

Com a lei <strong>de</strong> composição acima, é fácil mostrar que G/H é um grupo. Contudo, quando<br />

tratamos com classes <strong>de</strong> equivalência, <strong>de</strong>vemos mostrar que a lei <strong>de</strong> composição é válida in<strong>de</strong>-<br />

pen<strong>de</strong>nte do representativo, para obter consistência em nossas afirmações. Tomemos ¯g1 como<br />

representativo <strong>de</strong> g1H e ¯g2 representando g2H. Será que (¯g1H) (¯g2H) = (g1g2) H? Para isto,<br />

<strong>de</strong>vemos mostrar que (g1g2) H = (¯g1¯g2) H, ou seja, <strong>de</strong>vemos encontrar um h ∈ H tal que<br />

¯g1¯g2 = g1g2h.<br />

Mas, ¯g1 = g1h1 e ¯g2 = g2h2, com h1 e h2 ∈ H. Assim,<br />

¯g1¯g2 = g1h1g2h2<br />

= g1h1g2h2g −1<br />

2 g2.<br />

Como o subgrupo H é normal, g2h2g −1<br />

2 = h3 ∈ H. Prosseguindo na mesma linha,<br />

g1h1h3g2 = g1h4g2<br />

= g1g2g −1<br />

2 h4g2<br />

= g1g2h5,<br />

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

on<strong>de</strong> usamos que H é um subgrupo para que h4 = h1h3 ∈ H e o fato <strong>de</strong> H ser normal para<br />

<strong>de</strong>finir h5 = g −1<br />

2 h4g2 ∈ H. Mostramos, assim, que<br />

¯g1¯g2 = g1g2h5,<br />

com h5 = g −1<br />

2 h1g2h2, que era o que queríamos provar. Observe a importância crucial do fato<br />

<strong>de</strong> H ser subgrupo normal, na <strong>de</strong>monstração acima. Caso H não fosse normal, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

produto <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> equivalência seria <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do representativo e, portanto, não faria<br />

sentido.<br />

Observe ainda que sempre há uma classe <strong>de</strong> equivalência [h], formada pelos elementos <strong>de</strong><br />

H. Quando H é normal, esta classe <strong>de</strong>sempenha o papel <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no grupo quociente.<br />

Com isto, estamos prontos para mostrar o teorema fundamental do homomorfismo, que diz<br />

o seguinte: consi<strong>de</strong>re dois grupos G1 e G2 e um homomorfismo f : G1 → G2. Então,<br />

G1/ker f ∼ = Im f<br />

Para mostrar o teorema, vamos <strong>de</strong>finir um mapeamento φ : G1/ker f → Im f como<br />

φ([g]) = f (g). Como todo mapeamento envolvendo classes <strong>de</strong> equivalência, primeiro <strong>de</strong>ve-<br />

mos nos certificar <strong>de</strong> que ele seja bem <strong>de</strong>finido, ou seja, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do representativo. De<br />

fato, os elementos <strong>de</strong> uma classe [g] diferem entre si por produtos com elementos h ∈ ker f,<br />

Assim<br />

g ′ = gh.<br />

φ g ′ = f g ′ = f (gh)<br />

= f (g) f (h) = f (g) ē<br />

= f (g) = φ([g]) .<br />

Vamos mostrar que φ é um isomorfismo. Para isto, verificamos primeiro que ele é um homo-<br />

morfismo,<br />

φ([g1] [g2]) = φ([g1g2]) = f (g1)f (g2)<br />

= φ([g1])φ([g2]) ,<br />

on<strong>de</strong>, lembramos, pu<strong>de</strong>mos usar a lei <strong>de</strong> composição bem <strong>de</strong>finida no espaço quociente pelo<br />

fato <strong>de</strong> ker f ser um subgrupo normal <strong>de</strong> G1. Devemos mostrar que φ é injetivo e sobrejetivo<br />

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Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

agora. Suponha que φ[g1] = φ[g2]. Então f (g1) = f (g2) e<br />

(f (g1)) −1 f (g2) = f g −1<br />

1 f (g2)<br />

= f g −1<br />

1 g2<br />

= ē.<br />

Isso mostra que g −1<br />

1 g2 = h ∈ ker f, o que significa que g2 = g1h, ou seja, [g1] = [g2]. Logo, φ<br />

é injetivo. Consi<strong>de</strong>re agora qualquer elemento ¯g <strong>de</strong> Im f. Por <strong>de</strong>finição, ¯g = f (g), g ∈ G1, e<br />

assim, ¯g = φ([g]). Portanto, φ é sobrejetivo e está provado o teorema.<br />

A. Exemplos<br />

Vamos dar alguns exemplos, que preten<strong>de</strong>m ilustrar tanto o conceito <strong>de</strong> espaço quociente<br />

quanto a aplicação do teorema fundamental do homomorfismo.<br />

1. Em todo grupo G encontramos dois subgrupos naturais: aquele composto apenas pelo<br />

elemento i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ({e}) e o próprio G. Ambos são subgrupos normais (mostre!).<br />

Consi<strong>de</strong>remos H = {e}. As classes <strong>de</strong> equivalência neste caso têm apenas um elemento<br />

cada: [g] = {g}. Assim, G/H ∼ = G. Tomando agora H = G, observamos que qualquer g<br />

é equivalente a qualquer g ′ :<br />

g = g ′ h,<br />

h = g ′ −1 g ∈ H = G.<br />

Assim, se todos os elementos <strong>de</strong> G são equivalentes, há apenas uma classe <strong>de</strong> equivalência<br />

[g] = [e]. Assim, G/G ∼ = {e}.<br />

2. O conjunto dos inteiros, Z, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um grupo pela operação <strong>de</strong> adição<br />

usual: a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é o número 0, o elemento inverso <strong>de</strong> um elemento n é o elemento −n<br />

e a associativida<strong>de</strong> é conseqüencia natural da mesma proprieda<strong>de</strong> para a adição. Como<br />

nm = mn (n + m = m + n), ele é um exemplo do que chamamos <strong>de</strong> grupo abeliano,<br />

que se <strong>de</strong>fine pela comutabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quaisquer dos seus elementos.<br />

É claro que todo<br />

subgrupo <strong>de</strong> um grupo abeliano é imediatamente normal (pois ghg −1 = gg −1 h = h ∈ H<br />

por hipótese). O conjunto 2Z é <strong>de</strong>finido como o subconjunto <strong>de</strong> Z consistindo dos múl-<br />

tiplos <strong>de</strong> 2. Ele é um subgrupo (normal) <strong>de</strong> Z. Vamos calcular Z/2Z. A relação <strong>de</strong><br />

equivalência proposta é tal que n e n ′ são equivalentes se<br />

n = n ′ + 2k.<br />

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

Os elementos <strong>de</strong> Z po<strong>de</strong>m ser divididos em dois tipos: elementos do tipo n = 2j e do tipo<br />

n = 2j + 1. Cada elemento do primeiro tipo é equivalente a todos do mesmo tipo pois,<br />

se n = 2j e m = 2k, n − m = 2(j − k) = 2l. Analogamente, se n = 2j + 1 e m = 2k + 1,<br />

n ∼ m. Contudo, é imediato ver que n = 2j não é equivalente a nenhum m = 2k + 1,<br />

pela relação <strong>de</strong> equivalência proposta. Temos, assim, duas classes <strong>de</strong> equivalência, que<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>notadas pelos representativos [0] e [1]. Como antes, a lei <strong>de</strong> composição<br />

natural no espaço quociente será<br />

[a] + [b] = [a + b].<br />

Po<strong>de</strong>mos estabelecer explicitamente todas as composições possíveis, dado o número finito<br />

<strong>de</strong> elementos do grupo quociente:<br />

[0] + [0] = [0 + 0] = [0] ,<br />

[1] + [0] = [1 + 0] = [1] ,<br />

[1] + [1] = [1 + 1] = [2] = [0].<br />

Esta lei <strong>de</strong> composição é característica do chamado grupo cíclico <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 2, ou Z2. A<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é a classe [0] (que é a própria inversa) e a inversa da classe [1] também é ela<br />

mesma. Assim, concluímos que<br />

Z<br />

= Z2.<br />

2Z<br />

3. Vamos <strong>de</strong>notar por Z ⊕ Z o conjunto dos pares {(i,j) |i,j ∈ Z} 1 .<br />

É claro que Z ⊕ Z<br />

também é um grupo e que existe um subgrupo normal constituído pelos pares do tipo<br />

{(0,i) |i ∈ Z} ∼ = Z. Vamos <strong>de</strong>notá-lo por H. Preten<strong>de</strong>mos calcular o espaço quociente<br />

Z ⊕ Z<br />

H .<br />

Observamos que a relação <strong>de</strong> equivalência é a seguinte: dois elementos (a1,b1) e (a2,b2)<br />

são equivalentes se<br />

(a1,b1) = (a2,b2) + (0,i) ,<br />

1 A notação parece ser um pouco abusiva, pois Z não é um espaço vetorial; o conjunto em questão é, estritamente,<br />

Z 2 = Z × Z. Contudo, esta última notação não leva em conta o fato <strong>de</strong> que cada componente do par or<strong>de</strong>nado<br />

“herda” a operação <strong>de</strong> soma do seu Z correspon<strong>de</strong>nte<br />

(i, j) + (k, l) = (i + k, j + l) ,<br />

com o que os pares or<strong>de</strong>nados exibem o mesmo comportamento <strong>de</strong> vetores que pertencem a uma soma direta<br />

<strong>de</strong> espaços vetoriais. Assim, a notação Z ⊕ Z parece ser a mais a<strong>de</strong>quada, por evi<strong>de</strong>nciar esta proprieda<strong>de</strong>.<br />

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Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

para algum i ∈ Z. Os elementos equivalentes são, então, do tipo<br />

(a,b1) ∼ (a,b2), para todo bi ∈ Z.<br />

Claramente, (a,b1) não é equivalente a (a ′ ,b1) ou a (a ′ ,b2), se a = a ′ . As classes <strong>de</strong><br />

equivalência po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritas, então, como:<br />

[a] = {(a,b) |a ∈ Z é fixo e b ∈ Z é qualquer} .<br />

É imediato ver que a seguinte lei <strong>de</strong> composição po<strong>de</strong> ser imposta <strong>de</strong> forma não ambígua<br />

(in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do representativo)<br />

[a] + a ′ = a + a ′ = a ′ + [a].<br />

Também é imediato ver que as classes <strong>de</strong> equivalência estão em correspondência biunívoca<br />

com os inteiros. Isto, mais o fato <strong>de</strong> a lei <strong>de</strong> composição imitar a lei <strong>de</strong> composição <strong>de</strong><br />

Z, faz com que concluamos que<br />

Z ⊕ Z<br />

H ∼ = Z.<br />

Observe que, se houvessemos escolhido um outro subgrupo <strong>de</strong> Z⊕Z, igualmente isomorfo<br />

a Z, não necessariamente teríamos obtido o mesmo resultado. Consi<strong>de</strong>re o subgrupo<br />

H ′ = {(0,2i) |i ∈ Z} = 2Z. Ele é claramente isomorfo a Z. A relação <strong>de</strong> equivalência<br />

(a1,b1) ∼ (a2,b2) se (a1,b1) = (a2,b2) + (0,2i) ,<br />

implica na existência <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> equivalência:<br />

A lei <strong>de</strong> composição é<br />

[(a,0)] = {(a,2i) |a ∈ Z é fixo e i ∈ Z é qualquer} ,<br />

[(a,1)] = {(a,2i + 1) |a ∈ Z é fixo e i ∈ Z é qualquer}.<br />

[(a,0)] + [(b,0)] = [(a + b,0)] ,<br />

[(a,0)] + [(b,1)] = [(a,1)] + [(b,0)] = [(a + b,1)],<br />

[(a,1)] + [(b,1)] = [(a + b,0)] ,<br />

o que nos dá a estrutura abaixo para o espaço quociente<br />

Z ⊕ Z<br />

H ′<br />

186<br />

∼ = Z ⊕ Z2.


CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

4. Os três exemplos acima são conseqüencias triviais do teorema fundamental do homomor-<br />

fismo. No primeiro exemplo, consi<strong>de</strong>ramos primeiramente o homomorfismo f : G → G,<br />

f (g) = g (ker f = {e}, Im f = G) e, então, o outro homomorfismo f : G → G, f (g) = e<br />

(ker f = G, Im f = {e}). Para o segundo, o homomorfismo em questão é f : Z → Z2<br />

dado por f (n) = 0, se n = 2j e f (n) = 1 se n = 2j + 1, para algum j ∈ Z. O núcleo<br />

é ker f = 2Z e a imagem é Z2. No terceiro caso, primeiramente tomamos o homomor-<br />

fismo f : Z ⊕ Z → Z, dado por f (i,j) = i. Obviamente, ker f = {(0,j) |j ∈ Z} ∼ = H e<br />

Imf = Z. Para obter os resultados correspon<strong>de</strong>ntes a H ′ , o homomorfismo em questão<br />

é f : Z ⊕ Z → Z ⊕ Z2, dado por<br />

⎧<br />

⎨ (i,0) , se j for par,<br />

f (i,j) =<br />

⎩<br />

(i,1) , se j for ímpar.<br />

O núcleo <strong>de</strong> f é H ′ e a imagem é Z ⊕ Z2, o que mostra o resultado anterior.<br />

IV. HOMOTOPIA<br />

A existência <strong>de</strong> “buracos” num espaço é uma proprieda<strong>de</strong> topologicamente invariante, ou<br />

seja, que não muda quando consi<strong>de</strong>ramos espaços que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>formados continuamente<br />

no espaço em questão. Diversos meios <strong>de</strong> buscar invariantes topológicos partem da mesma<br />

idéia fundamental, que é a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>sses buracos. Po<strong>de</strong>mos citar os grupos <strong>de</strong> homologia<br />

e <strong>de</strong> homotopia como algumas das técnicas mais conhecidas para isso. Nas próximas duas<br />

subseções, vamos estudar os grupos <strong>de</strong> homotopia. Eles visam classificar mapeamentos <strong>de</strong><br />

algum espaço fixo (em geral as esferas S n ) em espaços arbitrários, <strong>de</strong> acordo com a proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>les serem continuamente <strong>de</strong>formáveis uns nos outros ou não. Essa “<strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong>” vai<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r fortemente das proprieda<strong>de</strong>s topológicas do espaço “alvo” (ou seja, aquele no qual<br />

chega o mapeamento) e tem, portanto, potencial para nos fornecer caracterizações <strong>de</strong>sse espaço.<br />

Vamos iniciar <strong>de</strong>finindo o conceito <strong>de</strong> espaço conexo: será um espaço topológico X que não<br />

possa ser escrito como<br />

X = X1 ∪ X2,<br />

com X1 e X2 sendo abertos em X, X1 ∩ X2 = ∅. Um caminho em X (não necessariamente<br />

um espaço conexo) conectando x0 e x1 ∈ X, é um mapeamento contínuo α : [0,1] → X, tal<br />

que α (0) = x0 e α (1) = x1. Um espaço topológico X é dito conexo por arcos, ou conexo<br />

187


Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

por caminhos, se dados dois pontos quaisquer do espaço, sempre existir um caminho α unindo<br />

os dois pontos. Todo espaço conexo por arcos é conexo, mas não necessariamente um espaço<br />

conexo é conexo por arcos (veja exemplo no livro <strong>de</strong> Nash e Sen, citado na bibliografia). Um<br />

laço é um caminho para o qual coinci<strong>de</strong>m os pontos inicial e final (que será chamado <strong>de</strong> ponto<br />

<strong>de</strong> base).<br />

É possível propor o conceito <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> caminhos (ou laços). Dados dois caminhos α e<br />

β, nos quais α (1) = β (0), <strong>de</strong>finimos o caminho produto dos dois como<br />

⎧<br />

⎨ α (2t) 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

α ∗ β (t) =<br />

⎩<br />

β (2t − 1) 1/2 ≤ t ≤ 1.<br />

A <strong>de</strong>finição acima satisfaz à condição <strong>de</strong> que α ∗ β seja um mapeamento contínuo entre [0,1]<br />

e X, sendo, assim, também ele um caminho. Intuitivamente, imaginando que temos o mesmo<br />

“tempo” (1 segundo) para percorrer os dois caminhos, temos que percorrê-los no dobro da<br />

“velocida<strong>de</strong>” cada um. A subtração <strong>de</strong> “−1” em β (2t − 1) assegura que o caminho β comece<br />

a ser percorrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início, β (0). O caminho resultante é tal que seu ponto <strong>de</strong> origem<br />

é α (0) e seu ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino é β (1). O produto <strong>de</strong> laços é <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> modo análogo, a partir<br />

da exigência <strong>de</strong> que seus pontos <strong>de</strong> base coincidam, α (0) = α (1) = β (0) = β (1).<br />

Po<strong>de</strong>ríamos perguntar se não seria possível dar uma estrutura <strong>de</strong> grupo para o conjunto<br />

dos laços (para os caminhos seria mais complexo, <strong>de</strong>vido aos seus pontos iniciais e finais não<br />

coincidirem). O laço (ou caminho) inverso a α (t) po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido com α −1 (t) = α (1 − t) (é<br />

α(t) “percorrido” no sentido inverso). O laço constante é c(t) = x0, 0 ≤ t ≤ 1. Entretanto,<br />

embora o laço α∗α −1 (t) = c(t), ele po<strong>de</strong> ser continuamente <strong>de</strong>formado em c(t), como ilustra a<br />

figura 1. Isto sugere que a estrutura <strong>de</strong> grupo possa ser buscada não entre os laços propriamente<br />

ditos, mas entre as classes <strong>de</strong> equivalência <strong>de</strong> laços relacionados por <strong>de</strong>formações contínuas.<br />

Para implementar essa idéia, vamos <strong>de</strong>finir o conceito <strong>de</strong> homotopia: dados dois laços α e β<br />

em x0 eles são ditos homotópicos (e tal fato é indicado por α ∼ β) se existe um mapeamento<br />

contínuo F : I × I → X, on<strong>de</strong> I = [0,1], tal que<br />

F (0,t) = α (t),<br />

F (1,t) = β (t),<br />

F (s,0) = F (s,1) = x0, 0 ≤ s ≤ 1.<br />

Mostraremos, agora, que a relação entre dois laços α e β que se dá quando α é homotópico a β<br />

(ou seja, existe uma homotopia conectando α e β) é uma relação <strong>de</strong> equivalência. F (s,t) = α(t)<br />

188


CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

Fig. 1: Deformação contínua da curva α ∗ α −1 (t) na curva c (t): numa primeira etapa, ela é <strong>de</strong>formada<br />

em α ∗ β −1 (t); em seguida, em δ ∗ γ −1 (t), on<strong>de</strong> as duas curvas unem x0 e x1. Esta última curva é<br />

homotópica a σ (t), a qual, por sua vez é homotópica ao laço constante. Supomos que a α ∗ α −1 (t)<br />

curcunda um buraco (indicado na figura), para <strong>de</strong>monstrar a generalida<strong>de</strong> do argumento.<br />

é uma homotopia entre α e α. Se F (s,t) é uma homotopia entre α e β, G(s,t) = F (1 − s,t)<br />

é uma homotopia entre β e α. Finalmente, seja F (s,t) uma homotopia entre α e β e G(s,t)<br />

uma homotopia entre β e γ. A homotopia entre α e γ é facilmente construída como<br />

⎧<br />

⎨ F (2s,t), 0 ≤ s ≤ 1/2,<br />

H (s,t) =<br />

⎩<br />

G(2s − 1,t) , 1/2 ≤ s ≤ 1.<br />

Vamos verificar que H (s,t) é, <strong>de</strong> fato, uma homotopia entre α e γ: H (0,t) = F (0,t) = α (t);<br />

189


Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

H (1,t) = G(1,t) = γ (t). Além disso,<br />

⎧<br />

⎨ F (2s,0) = x0, 0 ≤ s ≤ 1/2,<br />

H (s,0) =<br />

⎩ G(2s − 1,0) = x0, 1/2 ≤ s ≤ 1.<br />

com um cálculo similar sendo feito para H (s,1).<br />

= x0, 0 ≤ s ≤ 1,<br />

Naturalmente, o próximo passo será impor um produto no espaço quociente, gerado pela<br />

relação <strong>de</strong> homotopia. A proposta mais óbvia, baseada nas nossas consi<strong>de</strong>rações anteriores, é<br />

[α] ∗ [β] = [α ∗ β] .<br />

Contudo, antes <strong>de</strong> verificar se, com esta lei <strong>de</strong> composição, o espaço quociente se torna um<br />

grupo, <strong>de</strong>vemos garantir a in<strong>de</strong>pendência em relação ao representativo, como mencionamos na<br />

primeira aula. Se tomarmos outros laços representando as classes, α ′ e β ′ , a in<strong>de</strong>pendência do<br />

representativo estaria garantida se<br />

α ′ ∗ β ′ = [α ∗ β].<br />

Devemos, então, mostrar que α ′ ∗ β ′ é homotópico a α ∗ β. Suponha que A(s,t) seja uma<br />

homotopia entre α e α ′ , e B (s,t), uma homotopia entre β e β ′ . Veremos que<br />

⎧<br />

⎨ F (s,2t) , 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

C (s,t) =<br />

⎩<br />

G(s,2t − 1) , 1/2 ≤ t ≤ 1,<br />

é uma homotopia entre α ∗ β e α ′ ∗ β ′ . De fato,<br />

⎧<br />

⎨ A(0,t) , 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

C (0,t) =<br />

⎩<br />

B (0,2t − 1), 1/2 ≤ t ≤ 1,<br />

⎧<br />

⎨ α (t) , 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

=<br />

⎩<br />

β (2t − 1) , 1/2 ≤ t ≤ 1,<br />

Além disso,<br />

= α ∗ β (t).<br />

⎧<br />

⎨ A(1,t) , 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

C (1,t) =<br />

⎩<br />

B (1,2t − 1) , 1/2 ≤ t ≤ 1,<br />

⎧<br />

⎨ α<br />

=<br />

⎩<br />

′ (t), 0 ≤ t ≤ 1/2,<br />

β ′ (2t − 1) , 1/2 ≤ t ≤ 1,<br />

= α ′ ∗ β ′ (t),<br />

190


CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

e, C (s,0) = A(s,0) = x0 e C (s,1) = B (s,1) = x0. Daí, [α ′ ∗ β ′ ] = [α ∗ β], e o produto<br />

<strong>de</strong> classes <strong>de</strong> equivalência está bem <strong>de</strong>finido. Este produto induz uma estrutura <strong>de</strong> grupo no<br />

espaço quociente. Para ver isso, vamos verificar que as proprieda<strong>de</strong>s usuais que caracterizam<br />

um grupo estão satisfeitas. A candidata natural para i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é a classe <strong>de</strong> equivalência do<br />

laço constante. Para isso ocorrer, temos que mostrar que<br />

[α ∗ c] = [c ∗ α] = [α] .<br />

A homotopia entre α ∗ c e α é<br />

⎧<br />

⎨ α (2t/(1 + s)), 0 ≤ t ≤ (1 + s)/2<br />

F (s,t) =<br />

,<br />

⎩<br />

x0, (1 + s)/2 ≤ t ≤ 1<br />

enquanto a homotopia entre c ∗ α e α é<br />

⎧<br />

⎨ x0, 0 ≤ t ≤ (1 − s)/2<br />

F (s,t) =<br />

.<br />

⎩ α ((2t − 1 + s)/(1 + s)), (1 − s)/2 ≤ t ≤ 1<br />

Assim, vemos que [c] faz o papel <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no candidato a grupo. A homotopia<br />

⎧<br />

⎨ α(2t (1 − s)), 0 ≤ t ≤ 1/2<br />

F (s,t) =<br />

⎩ α(2(1 − t)(1 − s)) , 1/2 ≤ t ≤ 1<br />

interpola entre α ∗ α −1 e c. Daí, α ∗ α −1 = [c], e po<strong>de</strong>-se mostrar, analogamente, que<br />

α −1 ∗ α = [c], o que seleciona o elemento inverso como sendo [α] −1 = α −1 . A associativida<strong>de</strong><br />

segue do fato <strong>de</strong> que<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

α(4t/(1 + s)), 0 ≤ t ≤ (1 + s)/4<br />

F (s,t) = β (4t − s − 1) ,<br />

⎪⎩<br />

γ ((4t − s − 2) /(2 − t)),<br />

(1 + s)/4 ≤ t ≤ (2 + s)/4<br />

(2 + s)/4 ≤ t ≤ 1<br />

é uma homotopia entre (α ∗ β) ∗ γ e α ∗ (β ∗ γ). Com isso, está mostrado que o espaço das<br />

classes <strong>de</strong> equivalência por homotopia é um grupo, que recebe o nome <strong>de</strong> grupo fundamental<br />

(ou primeiro grupo <strong>de</strong> homotopia) <strong>de</strong> X no ponto x0, e é indicado por π1 (X,x0).<br />

Tal como foi exposto, pareceria, numa primeira vista, que o grupo fundamental teria que<br />

ser calculado em cada ponto do espaço X. Isso não é verda<strong>de</strong>. Tomemos um laço α que tenha<br />

x0 como ponto base, um outro laço β que seja baseado em x1 e um caminho γ saindo <strong>de</strong> x0 e<br />

chegando em x1. Usando γ e γ −1 , observamos que o laço γ −1 ∗α∗γ está baseado em x1, assim<br />

191


Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

Fig. 2: Correspondência entre laços baseados em x0 e em x1. O caminho γ sai <strong>de</strong> x0 e chega em x1.<br />

como γ ∗ β ∗ γ −1 é um laço baseado em x0. Assim, se o espaço é conectado por arcos, a cada<br />

laço em x0 po<strong>de</strong> ser associado um laço em x1 e vice versa (figura 2).<br />

Com isto, po<strong>de</strong>mos propor o seguinte mapeamento entre π1 (X,x0) e π1 (X,x1): se [α] é um<br />

elemento <strong>de</strong> π1 (X,x0),<br />

σγ ([α]) = γ −1 ∗ α ∗ γ .<br />

Da mesma forma, se β é um laço em x1, pertencente à classe [β] ∈ π1 (X,x1), existe outro<br />

mapeamento entre π1 (X,x1) e π1 (X,x0):<br />

σ γ −1 ([β]) = γ ∗ β ∗ γ −1 .<br />

Vamos mostrar que ambos são homomorfismos e que um é o inverso do outro, o que mostra<br />

que σγ é, na verda<strong>de</strong>, um isomorfismo entre π1 (X,x0) e π1 (X,x1). Para isso, precisamos <strong>de</strong><br />

um resultado auxiliar: vamos ver que o laço γ ∗ γ −1 em x0 é homotópico ao loop constante.<br />

192


CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

Este laço é escrito explicitamente como<br />

γ ∗ γ −1 ⎧<br />

⎨ γ (2t) , 0 ≤ t ≤ 1/2<br />

(t) =<br />

.<br />

⎩ γ (2(1 − t)) , 1/2 ≤ t ≤ 1<br />

A seguinte homotopia interpola entre γ ∗ γ−1 e c:<br />

⎧<br />

⎨ γ (2t (1 − s)), 0 ≤ t ≤ 1/2<br />

F (s,t) =<br />

⎩<br />

γ (2(1 − t)(1 − s)) , 1/2 ≤ t ≤ 1<br />

Po<strong>de</strong>mos, agora, ver facilmente que<br />

[α1 ∗ α2] = [α1] ∗ [α2]<br />

= [α1] ∗ [c] ∗ [α2]<br />

= [α1] ∗ γ ∗ γ −1 ∗ [α2]<br />

= α1 ∗ γ ∗ γ −1 <br />

∗ α2<br />

(imagine que, por exemplo, α1 circun<strong>de</strong> um buraco e α2 circun<strong>de</strong> outro; γ ∗ γ −1 não circunda<br />

buraco nenhum, pois, por <strong>de</strong>finição, vai e volta sobre si mesmo continuamente, o que faz<br />

com que possa ser continuamente contraído a um ponto, não contribuindo para a classe <strong>de</strong><br />

equivalência). Assim,<br />

<br />

σγ ([α1 ∗ α2]) = σγ α1 ∗ γ ∗ γ −1 <br />

∗ α2<br />

= γ −1 ∗ α1 ∗ γ ∗ γ −1 ∗ α2 ∗ γ <br />

= γ −1 ∗ α1 ∗ γ ∗ γ −1 ∗ α2 ∗ γ <br />

= σγ ([α1]) ∗ σγ ([α2]).<br />

De modo similar, vemos que σ γ −1 também é um homomorfismo, mas <strong>de</strong> π1 (X,x1) em π1 (X,x0).<br />

Vemos, então que<br />

e<br />

σγ<br />

<br />

σγ−1 [α] −1<br />

= σγ γ ∗ α ∗ γ <br />

= γ −1 ∗ γ ∗ α ∗ γ −1 ∗ γ <br />

= [α] ,<br />

σ γ −1 (σγ [β]) = σ γ −1<br />

γ −1 ∗ β ∗ γ <br />

= γ ∗ γ −1 ∗ β ∗ γ ∗ γ −1<br />

= [β].<br />

193


Sebastião Alves Dias CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006<br />

Então, σγ e σ γ −1 são mapeamentos que satisfazem σγ ◦σ γ −1 = id π1(X,x0) e σ γ −1 ◦σγ = id π1(X,x1).<br />

Então, σ γ −1 é a inversa <strong>de</strong> σγ, e os dois mapeamentos são isomorfismos. Mostramos então que,<br />

se X é conexo por arcos, π1 (X,x0) ∼ = π1 (X,x1), para quaisquer x0 e x1 ∈ X. Neste caso,<br />

po<strong>de</strong>mos omitir a indicação do ponto x0 na notação do grupo fundamental, para escrever<br />

simplesmente π1 (X).<br />

Po<strong>de</strong>-se mostrar que o grupo fundamental é um invariante topológico (ou seja, uma quanti-<br />

da<strong>de</strong> que não se altera para espaços conectados por homeomorfismos). Neste fato resi<strong>de</strong> a sua<br />

maior importância: ele po<strong>de</strong> ser usado como critério para distinguir globalmente entre espaços<br />

topológicos.<br />

V. UMA NOTA BREVE SOBRE VARIEDADES DIFERENCIÁVEIS<br />

As técnicas estudadas até agora, nestas notas, encontram gran<strong>de</strong> aplicação na abordagem<br />

<strong>de</strong> espaços chamados <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis. Uma varieda<strong>de</strong> diferenciável é um espaço<br />

que localmente (ou seja, apenas numa parte) se parece com R n e on<strong>de</strong>, portanto, po<strong>de</strong>mos<br />

fazer cálculo <strong>diferencial</strong> e integral. Estas partes po<strong>de</strong>m ser “costuradas” matematicamente<br />

(através <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificações feitas com funções <strong>de</strong> transição) <strong>de</strong> modo a formar um espaço com<br />

características topológicas mais complexas do que as <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus pedaços isolados. Por<br />

exemplo, imagine os gomos individuais <strong>de</strong> uma bola <strong>de</strong> futebol. Cada um <strong>de</strong>les é um pedaço<br />

<strong>de</strong> couro plano e, portanto, tem as mesmas proprieda<strong>de</strong>s topológicas <strong>de</strong> um pedaço <strong>de</strong> R 2 . Em<br />

particular, po<strong>de</strong> se imaginar uma <strong>de</strong>formação contínua <strong>de</strong>stes pedaços num ponto. No entanto,<br />

após termos terminado <strong>de</strong> costurar todos uns nos outros, <strong>de</strong> modo a formar a bola, não é mais<br />

possível <strong>de</strong>formá-los conjuntamente em um ponto.<br />

Em espaços como as varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis não é imediato <strong>de</strong>finir campos vetoriais (como<br />

fazemos a todo momento em R n ) e integrar. A estratégia para fazer isto é <strong>de</strong>finir vetores e<br />

formas diferenciais (que virão a ser os análogos dos elementos <strong>de</strong> integração) a partir das<br />

imagens em R n <strong>de</strong> curvas sobre a varieda<strong>de</strong>. Como em R n temos <strong>de</strong>finições sólidas para<br />

diferenciação e integração, estas <strong>de</strong>finições induzem localmente suas similares para as varieda-<br />

<strong>de</strong>s. Mesmo assim, novos conceitos <strong>de</strong>vem ser criados, como o conceito <strong>de</strong> transporte paralelo<br />

<strong>de</strong> um vetor e conexão, que possam permitir comparar vetores e formas diferenciais em pontos<br />

distintos da varieda<strong>de</strong>.<br />

As varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis tornaram-se profundamente importantes para a Física no início<br />

194


CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 04, (01 e 02): 177-195, 2006 Aplicações <strong>de</strong> Métodos <strong>de</strong> ...<br />

do século XX, quando Einstein <strong>de</strong>senvolveu a Teoria da Relativida<strong>de</strong> Geral. A conseqüência<br />

básica <strong>de</strong>sta teoria é o fato <strong>de</strong> que a distribuição <strong>de</strong> matéria numa região do espaço mod-<br />

ificava as suas proprieda<strong>de</strong>s geométricas e topológicas. A mais elementar <strong>de</strong>las é a <strong>de</strong> que<br />

não se po<strong>de</strong> mais, necessariamente, medir as distâncias da forma como sempre se mediu, nos<br />

espaços Eucli<strong>de</strong>anos (como o R 3 ). Novas maneiras, generalizadas, <strong>de</strong> medir distâncias <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas, o que nos conduz a espaços Riemannianos. Estes espaços têm a estrutura <strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis e nos levam a consi<strong>de</strong>rar as suas proprieda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>talhe. Atualmente<br />

as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sempenham papel fundamental na <strong>de</strong>scrição teórica <strong>de</strong> todas as interações fun-<br />

damentais, sem contar suas aplicações em outros ramos da Física.<br />

VI. AGRADECIMENTOS<br />

Gostaria <strong>de</strong> expressar os mais profundos agra<strong>de</strong>cimentos aos meus amigos, professores da<br />

UEFS, Antônio Vieira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Neto, Franz Peter Alves Farias, Germano Pinto Gue<strong>de</strong>s e<br />

Milton Souza Ribeiro, pelo convite para falar sobre <strong>métodos</strong> matemáticos e suas aplicações à<br />

Física, pela acolhida e pelo ambiente extremamente estimulante propiciado por eles, durante a<br />

IX semana <strong>de</strong> Física da UEFS. E também ao meu amigo, professor da UFRJ, Carlos Farina <strong>de</strong><br />

Souza, igualmente convidado para o evento, que me estimulou imensamente na redação <strong>de</strong>stas<br />

notas e <strong>de</strong> quem assisti aulas brilhantes sobre o papel do vetor <strong>de</strong> Runge-Lenz nos problemas<br />

<strong>de</strong> forças centrais, durante a mesma semana <strong>de</strong> Física. A todos vocês, muito obrigado!<br />

[1] M. Nakahara, Geometry, Topology and Physics, IOP, 1990, Bristol.<br />

[2] C. Nash e S. Sen, Topology and Geometry for Physicists, Aca<strong>de</strong>mic Press, 1983, Londres.<br />

[3] E. Lages Lima, Elementos <strong>de</strong> Topologia Geral, Ao Livro Técnico, 1970, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

SOBRE O AUTOR -<br />

Sebastião Alves Dias - Doutor em Física pelo CBPF, é Pesquisador Adjunto B II do Centro<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas.<br />

e-mail: tiao@cbpf.br<br />

195

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