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ESCUTANDO LAURA: O DESAFIO DE TREINAR A ESCUTA ...

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de acordo com Bion (1970), consiste em manter-se sem a aflitiva necessidade de<br />

encontrar explicações, interpretações e diagnósticos que fechem nossa mente para<br />

escutar o desconhecido, suportando ainda a fragmentação e desorganização dos<br />

conteúdos apresentados. É possível que tenhamos sido invadidos pela angústia<br />

frente à situação nova e desconhecida. O fato é que, assim como o terapeuta, nós<br />

também não conseguimos manter, durante este primeiro momento, o silêncio<br />

necessário para podermos escutar inconscientemente o material apresentado pela<br />

paciente (Bollas, 2003).<br />

Do segundo tempo: Construindo a nossa Laura<br />

À medida que fomos ouvindo a história de Laura fomos ficando irritados com<br />

Paul e nos identificando com a Laura vítima, abandonada, abusada e novamente<br />

abandonada por um terapeuta que não a compreendia.<br />

Percebemos a existência de assuntos recorrentes: morte, abandono,<br />

desamparo e desinvestimento. Em mais de um episódio ela chegou chorando,<br />

trouxe temas como abuso sexual, vida sexual promíscua, transferência erótica (Paul<br />

como centro da sua vida), cenas no banheiro (vômito, urina, vaso sanitário<br />

entupido), decisões impulsivas e abruptas, como aceitar casar em uma sessão e<br />

romper o relacionamento em outra.<br />

Em diferentes momentos a paciente pareceu sentir-se abandonada também<br />

pelo terapeuta, chegando a verbalizações do tipo: “Sinto como se eu tivesse vindo<br />

para cá numa escuridão e estivesse voltando para casa numa escuridão maior<br />

ainda”.

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