21.05.2013 Views

ações afirmativas e racismo: a política de cotas e suas ...

ações afirmativas e racismo: a política de cotas e suas ...

ações afirmativas e racismo: a política de cotas e suas ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software<br />

http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.<br />

6<br />

Rodrigues e Eucli<strong>de</strong>s da Cunha, que passam a ver a tese do branqueamento como<br />

solução para os problemas raciais no Brasil. (MOTA, 2003)<br />

Em se tratando da tese do branqueamento, consistia na crença pela qual a partir<br />

da mistura entre brancos e negros, a raça branca (como sendo uma raça superior)<br />

predominaria sobre a negra (inferior) e haveria um melhoramento genético. Já no<br />

Segundo Império e início da República havia a crença <strong>de</strong> que o Brasil estaria livre do<br />

problema relacionado ao preconceito racial e a solução encontrada para enfrentar essa<br />

situação voltou-se para o branqueamento da população, através da miscigenação<br />

seletiva e <strong>política</strong> <strong>de</strong> povoamento com a imigração européia.<br />

Para tanto, o processo <strong>de</strong> imigração <strong>de</strong> europeus para o Brasil fora articulado <strong>de</strong><br />

maneiras diversas, com múltiplas influências e leituras a respeito <strong>de</strong>ssa presença e <strong>de</strong><br />

sua importância para a formação da nação brasileira como mostra o autor André Mota:<br />

Com a idéia <strong>de</strong> que o individuo miscigenado, fruto do cruzamento <strong>de</strong><br />

brancos, negros e índios não se <strong>de</strong>senvolveriam racial e moralmente, os<br />

imigrantes, principalmente os europeus, seriam avaliados, na perspectiva <strong>de</strong><br />

muitos médicos, políticos e intelectuais como grupo capaz <strong>de</strong> aperfeiçoar a<br />

raça brasileira, branqueando-a, conferindo-lhe caracteres hereditários<br />

superiores e emprestando-lhe <strong>suas</strong> experiências no mundo do trabalho,<br />

especialmente no trabalho agrícola. Entretanto, os estudos referentes a<br />

chegada <strong>de</strong>sses e <strong>de</strong> outros imigrantes ao Brasil no final do século XIX nas<br />

primeiras décadas do XX, apontam a enorme complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

metas.(2003, P.70)<br />

Neste sentido, a busca pelo branqueamento da socieda<strong>de</strong> brasileira ficara cada<br />

vez mais distante, se consi<strong>de</strong>rando o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> extremamente miscigenada e<br />

livre da segregação racial institucionalizada, diferente daquela aplicada na África do Sul<br />

(Apartheid). Aqui no Brasil, principalmente na pós-abolição da escravatura, on<strong>de</strong><br />

teoricamente as três raças conviveram em aparente harmonia, a idéia <strong>de</strong> um “paraíso<br />

racial” fora muito disseminada por teóricos das ciências sociais, <strong>de</strong> acordo com Antônio<br />

Sérgio Alfredo Guimarães:<br />

A idéia <strong>de</strong> que o Brasil era uma socieda<strong>de</strong> sem “linha <strong>de</strong> cor”, ou seja, uma<br />

socieda<strong>de</strong> sem barreiras legais que impedissem a ascensão social <strong>de</strong> pessoas<br />

<strong>de</strong> cor a cargos oficiais ou a posições <strong>de</strong> riqueza ou prestígio, era já uma idéia<br />

bastante difundida no mundo, principalmente nos Estados Unidos e na<br />

Europa, bem antes do nascimento da Sociologia. Tal idéia, no Brasil<br />

mo<strong>de</strong>rno, <strong>de</strong>u lugar a construção mítica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> sem preconceitos e<br />

discrimin<strong>ações</strong> raciais. (2002, p.139)<br />

O surgimento da i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> uma “<strong>de</strong>mocracia racial”, construída na socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, contribuiu para silenciar o <strong>racismo</strong>, passando este a ser expresso <strong>de</strong> modo<br />

subjetivo, por meio <strong>de</strong> piadas, discursos, ou por <strong>ações</strong> <strong>de</strong>preciativas contra o negro. A<br />

obra “Casa Gran<strong>de</strong> & Senzala”, <strong>de</strong> Gilberto Freyre (2001), foi fundamental na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!