acordo ortográfico - Dohms Web

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capa | Língua Portuguesa
O que o acordo ortográfico
Professor fala sobre as mudanças na língua e dá dicas para escrever bem
no dia a dia (agora sem hífen)
Lediane Filus
Quando chegou a notícia que o
Acordo Ortográfico mudaria a forma
de escrever muitas das palavras
usadas no dia a dia, a frase mais comum
nos corredores de empresas e colégios foi:
“Eu já não sabia escrever direito antes, agora
é que não vou saber mesmo.”
Desde 2010, quando o Acordo passou a
ser incorporado no Brasil, todos tentam se
acostumar com as novas regras de acentuação,
a extinção do trema e as mudanças
mais complicadas com o hífen. Mas, na prática,
pouca coisa se transformou: apenas uma
a cada duzentas palavras sofreu alteração.
“Não mudam os sentidos das palavras, a organização
das frases (o sonho de ser considerado
certo o pronome oblíquo antes do verbo
ainda não é real: ‘Me deixe em paz’ continua
sendo ‘Deixe-me em paz’), muito menos a
forma de pronunciar acentos”, explica o professor
de língua portuguesa Tiago Cavalcanti.
Acabou o trema!
Paroxítonas (penúltima sílaba é
a tônica) terminadas em ditongo
aberto perderam o acento.
Hífen e as letras diferentes
Hífen e as letras iguais
competência
Por alterar especificamente a ortografia
e não a parte oral, o Acordo afeta principalmente
aqueles que trabalham diretamente
com a escrita. Jornalistas, pesquisadores,
publicitários, escritores e estudantes terão
que tomar mais cuidado com as novas regras
para não fazer feio na profissão.
o outro lado da reforma ortográfica
O Acordo resulta não apenas em mudanças
na forma de escrevermos um termo, mas
em questões mais abrangentes. Ele trouxe a
língua portuguesa para as mesas de discussão.
“Aqui no Brasil, talvez por não nos sentirmos
proprietários da língua que falamos
(importada de Portugal), não temos o costume
de refletir ou pensar a respeito do nosso
próprio idioma. Tanto é que não há julgamentos
diante de empréstimos linguísticos, nós
importamos ‘fest’, ‘personal’, ‘off’, mesmo
havendo ‘festival’, ‘particular’ e ‘liquidação’.”
E é por isso que, por mais que haja resis-
Regras que mudaram
tência do brasileiro em aderir às mudanças,
ainda assim há um processo de implantação
das novas regras. Mas, segundo o professor,
em Portugal não foi assim. O povo, que se vê
como dono exclusivo da língua, tem mostrado
resistência, propondo-se, inclusive, a não
seguir o Acordo. “Lá, a mudança ocorre em
1,42% das palavras, contra os 0,43% daqui,
e é considerada um abrasileiramento do português;
puro exagero”, explica Cavalcanti.
Apesar da relutância, o melhor do Acordo
foi trazer aos países falantes do idioma a noção
de nações irmãs. “Notamos, agora, que
a língua nasceu lá, mas já ganhou o mundo,
ela também nos pertence. Podemos discutir
as mudanças nela, debater e sugerir.”
como escrever corretamente e melhor?
A língua está sempre em processo de
transformação. Por isso, muitas vezes fica difícil
saber qual a melhor maneira – e mais cor-
Pinguim, cinquenta, frequência e consequência: essas palavras e todas as outras que tinham o sinal
gráfico agora estão livres dele!
Resumindo: ditongos ei e oi em paroxítonas não são mais acentuadas é
o caso de heroico, ideia, epopeico, assembleia.
Simplificando: serão unidas as palavras sem hífen quando o fim da primeira palavra tiver letra diferente do início
da palavra seguinte. exemplo? Semiárido, autoestima, infraestrutura.
em geral, quando a letra do fim da primeira palavra foi igual à letra que inicia a segunda, o hífen estará
lá. Confira isso na palavra micro-ondas.
Abril | 2011