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MÓIN-MÓIN - UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina ...

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Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s sobre Teatro <strong>de</strong> Formas Animadas<br />

<strong>MÓIN</strong>-<strong>MÓIN</strong><br />

marionetes, das figuras — da palavra latina “figura”, que significa<br />

“representação”. Pleonasmo? Certamente não, mas precisão bem<br />

útil e que significa que o teatro reencontra o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> signo, que<br />

nunca <strong>de</strong>veria ter perdi<strong>do</strong>, que no teatro tu<strong>do</strong> é signo — a palavra<br />

e o corpo, o espaço e o objeto, o movimento e a luz —, e o teatro<br />

que ignora essa linguagem simbólica é apenas uma <strong>de</strong>riva duvi<strong>do</strong>sa.<br />

Os prenúncios vieram pelo texto. Clau<strong>de</strong>l, Beckett e Genet<br />

mostraram o caminho <strong>de</strong> volta a uma linguagem sagrada — e não<br />

obrigatoriamente religiosa — reatan<strong>do</strong> diretamente com a tragédia<br />

grega, com Shakespeare e com o teatro <strong>do</strong> Extremo Oriente. A<br />

ritualização passa hoje pela imagem e pelo objeto, que prolongam<br />

o ator. Nessa corrente mo<strong>de</strong>rna e <strong>de</strong>terminante, o teatro <strong>de</strong><br />

marionete representa um papel ativo, pois, mais <strong>do</strong> que qualquer<br />

outro, manteve o contato com o teatro bruto, que ele re<strong>de</strong>scobre<br />

<strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que os cubistas re<strong>de</strong>scobriram a arte primitiva.<br />

Sim, o teatro vive o seu perío<strong>do</strong> cubista — e já estava mais <strong>do</strong> que<br />

na hora —, ajuda<strong>do</strong> nisso pela proliferação das pesquisas da dança<br />

e da música contemporânea. Re<strong>de</strong>scobrem-se os vestígios <strong>do</strong> que<br />

os futuristas italianos, a Bauhaus, Jarry, Anatole France e<br />

Maeterlinck haviam proposto, e as visões <strong>de</strong>sses precursores<br />

adquirem to<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> agora.<br />

Esse teatro <strong>do</strong> “ator em efígie”, para retomar a bela terminologia<br />

<strong>de</strong> Didier Plassard, permanece a única linguagem capaz <strong>de</strong> exorcizar<br />

o me<strong>do</strong> visceral da morte e <strong>do</strong> além, propon<strong>do</strong> um ritual <strong>de</strong> signos<br />

que não são nem palavras, nem cenários, nem atores. Já não se<br />

trata <strong>do</strong> teatro social, <strong>do</strong> teatro poético, <strong>do</strong> teatro realista, <strong>do</strong> teatro<br />

épico, <strong>do</strong> teatro <strong>do</strong> absur<strong>do</strong>, <strong>do</strong> teatro <strong>do</strong> quotidiano. Trata-se <strong>de</strong><br />

uma volta à tragédia, <strong>de</strong>spojada <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, ao serviço <strong>de</strong> uma<br />

celebração sagrada.<br />

Isso é o teatro <strong>de</strong> figura, o teatro <strong>do</strong> exorcismo, da encarnação,<br />

e da representação, teatro em que a forma se torna signo, o signo se<br />

torna figura, a figura se torna tensão, fluxo, força e pólo magnético.<br />

Para perceber essa corrente que se impõe no teatro oci<strong>de</strong>ntal,<br />

não <strong>de</strong>vemos limitar-nos apenas ao teatro ou apenas às marionetes.

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