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MÓIN-MÓIN - UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina ...

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Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s sobre Teatro <strong>de</strong> Formas Animadas<br />

<strong>MÓIN</strong>-<strong>MÓIN</strong><br />

pelo retrato fala<strong>do</strong>, comum na antropometria penal.<br />

O rosto é porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> semelhança, signos <strong>de</strong><br />

uma origem, <strong>de</strong> uma família, <strong>de</strong> uma linhagem, <strong>de</strong> uma etnia.<br />

Po<strong>de</strong>-se ler nele a personalida<strong>de</strong>, o caráter <strong>do</strong> indivíduo. É o<br />

elemento que se oferece clara e permanentemente, livro aberto da<br />

pessoa, indício principal e essencial <strong>de</strong> sua exteriorização.<br />

O rosto, no teatro, obe<strong>de</strong>ce a outras regras e a outras<br />

necessida<strong>de</strong>s. Ainda que permaneça o elemento principal da<br />

apreensão <strong>do</strong> ser, precisa <strong>de</strong> artifícios para ser vivo, percebi<strong>do</strong>,<br />

compreendi<strong>do</strong> pelo especta<strong>do</strong>r. No mínimo, o primeiro grau será o<br />

rosto maquila<strong>do</strong>, para absorver bem a luz, para evitar os brilhos<br />

nefastos à boa percepção; e, às vezes, maquilagem mais complexa,<br />

que leva o rosto para uma criação arquetípica — clown, macaco da<br />

Ópera <strong>de</strong> Pequim, etc. Des<strong>de</strong> esse primeiro grau po<strong>de</strong>-se falar não<br />

mais <strong>de</strong> rosto, mas <strong>de</strong> figura, e não mais <strong>de</strong> pessoa, mas <strong>de</strong><br />

personagem. Atinge-se uma forma universal que ultrapassa o ator<br />

que a serve, que vai além <strong>do</strong> seu rosto. O segun<strong>do</strong> grau é a máscara,<br />

que congela totalmente a característica da personagem, que está<br />

colada no rosto <strong>do</strong> ator, que existe por causa da vida que o ator lhe<br />

confere, mas que sobreviverá a ele, passan<strong>do</strong> para o rosto <strong>de</strong> outro<br />

ator. O terceiro grau é a marionete: <strong>de</strong>sta vez não é unicamente o<br />

rosto que é transforma<strong>do</strong> em figura, mas o corpo inteiro, e a<br />

preocupação com a representação não é a cópia <strong>do</strong> ser humano,<br />

mas a criação total <strong>de</strong> uma personagem — humana ou animal,<br />

pouco importa — totalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte pela forma, totalmente<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte por sua vida e por seu espaço.<br />

Do espaço realista <strong>do</strong> rosto, passamos ao espaço teatral, ao<br />

espaço sagra<strong>do</strong>, cósmico, universal, assim que nos afastamos <strong>do</strong><br />

rosto real e abordamos a figura transposta.<br />

“Pintar-se, tatuar-se, enfeitar-se com bijuterias — em suma se<br />

cosmetizar —, tu<strong>do</strong> isso possui um papel sacramental: tornar visível<br />

essa graça invisível que é o ser em conjunto; é isso a eficácia da<br />

aparência.” (Michel Maffesoli)

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