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MÓIN-MÓIN - UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina ...

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Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s sobre Teatro <strong>de</strong> Formas Animadas<br />

<strong>MÓIN</strong>-<strong>MÓIN</strong><br />

inferir que se trata aqui da segunda possibilida<strong>de</strong>, e que subjaz a<br />

pergunta: a prática teatral contemporânea (aquela que é exercida<br />

em uma mesma época: no caso, a nossa) <strong>de</strong>ixaria marcas, sulcos,<br />

gran<strong>de</strong>s linhas que se po<strong>de</strong>m reconhecer? Não me proponho fazer<br />

um trabalho <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> tal envergadura nos limites <strong>de</strong>ste artigo.<br />

No entanto, ao olharmos para o teatro pratica<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong><br />

século XX, po<strong>de</strong>remos encontrar certas constantes. Tem-se<br />

afirma<strong>do</strong>, <strong>de</strong> fato, que, no trabalho teatral, a novida<strong>de</strong> <strong>do</strong> século<br />

XX consiste em “re<strong>de</strong>scobrir o corpo”, ou seja, dar “primazia para<br />

a linguagem corporal <strong>do</strong> ator”. Ele passa então a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

como uma figura em três dimensões: <strong>de</strong> um gesto basea<strong>do</strong><br />

principalmente na utilização <strong>do</strong>s braços, das mãos e <strong>do</strong>s olhos,<br />

passa a um movimento que <strong>de</strong>ixa em primeiro plano o tronco, a<br />

massa <strong>do</strong> corpo (DECROUX, 1963). Além disso, a leveza aérea<br />

per<strong>de</strong> importância diante da lei da gravida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> vínculo com o<br />

chão. O rosto <strong>de</strong>scoberto e expressivo ce<strong>de</strong> lugar à utilização<br />

freqüente e significativa da máscara. O ator passa, enfim, <strong>de</strong> uma<br />

gestualida<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minantemente realista e <strong>de</strong>scritiva para uma<br />

gestualida<strong>de</strong> evocatória e simbólica, baseada em procedimentos <strong>de</strong><br />

abstração e estilização.<br />

Trata-se, portanto, <strong>de</strong> dar uma dimensão nova ao<br />

relacionamento entre o gesto e a palavra, entre a expressão física e<br />

a emoção. Nota-se na época, primeiramente, um interesse pelo<br />

artista como saltimbanco (acrobata, equilibrista, clown, mímico),<br />

como po<strong>de</strong>mos ver em certas pinturas <strong>de</strong> Picasso. Observa-se<br />

igualmente o interesse pela Commedia <strong>de</strong>ll´Arte como teatro basea<strong>do</strong><br />

na improvisação <strong>do</strong> ator e como uma expressão autêntica <strong>de</strong><br />

criativida<strong>de</strong> popular, coletiva, e até mesmo como uma concepção<br />

<strong>de</strong> vida. Po<strong>de</strong>-se constatar, por fim, o interesse pelo teatro oriental,<br />

um teatro não-literário, não-psicológico e não-realista,<br />

compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, mistério, fantasia e magia, e, por<br />

outro, convenções e técnicas extremamente codificadas. Esses três<br />

aspectos possuem um ponto comum: a presença <strong>de</strong> formas<br />

populares <strong>de</strong> teatro ou <strong>de</strong> espetáculo estranhas à tradição oci<strong>de</strong>ntal

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