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Genêro e Religião – ST 24 Maria Cristina Leite ... - Fazendo Gênero

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com o padre, contrária aos preceitos católicos, e mostravam “garotas de 14 anos que já perderam a<br />

virgindade”. Também é citada como indevida a reportagem sobre o processo de canonização de <strong>Maria</strong><br />

Goretti, publicada na revista Veja, cujo autor levantava dúvidas acerca dos propósitos de sua<br />

canonização e considerava a decisão um episódio oportunista na história da Igreja, forjado por Pio XII<br />

para se contrapor à decadência moral da época. Outro número da mesma revista é condenado por<br />

apresentar fotos de uma atriz nua, coberta de jóias, gerando a seguinte indagação por parte do padre:<br />

“Eis aí dois corpos de moças [...] Qual das duas merece o nosso apreço?”. A mídia é condenada por<br />

celebrar comportamentos considerados totalmente desprovidos de qualquer valor cristão, tais como a<br />

celebração de nascimentos fora do casamento e o homossexualismo. Diante desse cenário, a<br />

oficialização da santidade de Isabel serviria de estímulo a outros jovens para optar por uma conduta<br />

alternativa de vida, diferente daquela propagada pela grande mídia. Entretanto, nem todos na Igreja<br />

acreditam na eficácia dessa estratégia. Um dos relatores da Congregação para as Causas dos Santos,<br />

Yvon Berdoin, entrevistado por Woodward (1992), em seu trabalho sobre os processos de canonização,<br />

ao ser indagado sobre como os jovens de hoje viam os modelos de santidade, fez as seguintes<br />

observações:<br />

Os jovens, na verdade, não têm modelos, exceto talvez os da televisão. (...) A Igreja não tem a<br />

menor influência sobre eles. E os santos, certamente, nenhuma [...] a moral católica cai aos<br />

pedaços [...] uma vez que não há teólogos morais obedientes à linha da Igreja, o papa tenta fazer<br />

com que essa linha chegue ao povo fazendo mais santos. (BERDOIN, citado por<br />

WOORDWARD, 1992: 99-101).<br />

As iniciativas da Igreja, empreendidas sobretudo pelo padre Geraldo Cifani, para atrair jovens<br />

para a causa não se mostram muito convincentes. Nos boletins informativos da causa registra-se a<br />

iniciativa de um rapaz de Juiz de Fora (MG), que se dispôs a iniciar um movimento e organizar uma<br />

lista de 1 milhão de assinaturas em âmbito nacional, comprometidos a buscar a pureza “sob o exemplo<br />

e a égide da serva de Deus Isabel <strong>Cristina</strong>”. Essa lista seria enviada ao papa dei regazzi, como ficou<br />

conhecido João Paulo II. Além disso, a iniciativa, chamada de “Movimento dos jovens pela castidade”,<br />

propôs a realização de um megashow, em agosto de 2003, na cidade mineira, para o lançamento da<br />

campanha mencionada. Camisetas foram confeccionadas, com o retrato de Isabel <strong>Cristina</strong> e os dizeres<br />

“Papa pela castidade”, vendidas a R$10,00. Contudo, a iniciativa fracassou. Padre Cifani retirou o<br />

apoio inicial e o responsável por ela abriu um convento, passou a usar batina por conta própria e a<br />

vender artigos religiosos, alguns deles usando a imagem de Isabel <strong>Cristina</strong>, na rodoviária de Barbacena,<br />

à revelia da Igreja.<br />

As mensagens de João Paulo II, dirigidas à juventude, serviram de estímulo ao empenho na<br />

causa de Isabel <strong>Cristina</strong>. Num dos boletins, uma delas é reproduzida tal como divulgada nas

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