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Trigo: características e utilização na panificação - Deag.ufcg.edu.br

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etrograda gradualmente a um agregado<<strong>br</strong> />

semicristalino, diferente do grânulo inicial<<strong>br</strong> />

(Copeland et al., 2009).<<strong>br</strong> />

A gelatinização ocorre quando o amido é<<strong>br</strong> />

aquecido <strong>na</strong> presença de umidade suficiente; os<<strong>br</strong> />

grânulos absorvem água e incham e a<<strong>br</strong> />

organização cristali<strong>na</strong> é irreversivelmente<<strong>br</strong> />

rompida (Copeland et al., 2009). Retrogradação<<strong>br</strong> />

é um termo utilizado para descrever as mudanças<<strong>br</strong> />

que ocorrem no amido gelatinizado sujeito ao<<strong>br</strong> />

resfriamento e à estocagem, em que há um novo<<strong>br</strong> />

arranjo molecular favorecendo uma estrutura<<strong>br</strong> />

mais orde<strong>na</strong>da, podendo ser desenvolvida nova<<strong>br</strong> />

forma cristali<strong>na</strong>. O nome retrogradação é dado<<strong>br</strong> />

porque o amido volta à sua condição de<<strong>br</strong> />

insolubilidade em água fria (Mestres, 1996).<<strong>br</strong> />

As mudanças que ocorrem nos grânulos de<<strong>br</strong> />

amido durante a gelatinização e a retrogradação,<<strong>br</strong> />

são os principais determi<strong>na</strong>ntes do<<strong>br</strong> />

comportamento reológico desses amidos; elas<<strong>br</strong> />

têm sido medidas principalmente pelas<<strong>br</strong> />

mudanças de viscosidade durante aquecimento e<<strong>br</strong> />

resfriamento de dispersões de amido (Mestres,<<strong>br</strong> />

1996).<<strong>br</strong> />

Propriedades do amido<<strong>br</strong> />

a) Gelatinização<<strong>br</strong> />

A gelatinização ocorre a partir da absorção<<strong>br</strong> />

de água pelo amido que, com o aquecimento do<<strong>br</strong> />

sistema, perde sua birrefrigência. O<<strong>br</strong> />

prolongamento da ação térmica resulta numa<<strong>br</strong> />

viscosidade maior, proporcio<strong>na</strong>da pelo<<strong>br</strong> />

inchamento do grânulo, através da absorção de<<strong>br</strong> />

água. A continuidade deste processo leva à<<strong>br</strong> />

solubilização do amido. A gelatinização do<<strong>br</strong> />

amido do trigo ocorre em temperaturas entre 58<<strong>br</strong> />

e 66 º C.<<strong>br</strong> />

Após total solubilização do amido e<<strong>br</strong> />

resfriamento do sistema, observa-se um aumento<<strong>br</strong> />

considerável <strong>na</strong> viscosidade da pasta formada,<<strong>br</strong> />

estágio que termi<strong>na</strong> com a formação de um gel.<<strong>br</strong> />

b) Retrogradação<<strong>br</strong> />

Retrogradação consiste <strong>na</strong> cristalização<<strong>br</strong> />

das cadeias de amido gelatinizado.<<strong>br</strong> />

A pasta obtida no processo de<<strong>br</strong> />

gelatinização apresenta, quando resfriada, baixa<<strong>br</strong> />

<strong>Trigo</strong>: <strong>características</strong> e <strong>utilização</strong> <strong>na</strong> <strong>panificação</strong> Scheuer et al. 215<<strong>br</strong> />

energia <strong>na</strong>s cadeias de amido e fortalecimento<<strong>br</strong> />

<strong>na</strong>s pontes de hidrogênio, o que subsidia a<<strong>br</strong> />

formação de um corpo gelatinoso e firme.<<strong>br</strong> />

O envelhecimento do sistema resulta em<<strong>br</strong> />

uma interação mais energética das cadeias de<<strong>br</strong> />

amido que tendem a expulsar o excesso de água.<<strong>br</strong> />

A elimi<strong>na</strong>ção da água leva à formação de<<strong>br</strong> />

cristais.<<strong>br</strong> />

Proteí<strong>na</strong>s<<strong>br</strong> />

Em meados de 1900 Thomas Osborne<<strong>br</strong> />

classificou as proteí<strong>na</strong>s (Atwell, 2001), segundo<<strong>br</strong> />

a solubilidade (Osborne, 1924 apud Goesaert et<<strong>br</strong> />

al., 2005), em quatro categorias: albumi<strong>na</strong>s,<<strong>br</strong> />

globuli<strong>na</strong>s, prolami<strong>na</strong>s e gluteli<strong>na</strong>s<<strong>br</strong> />

(Hoseney,1991).<<strong>br</strong> />

No trigo, as proteí<strong>na</strong>s estão divididas em<<strong>br</strong> />

proteí<strong>na</strong>s solúveis (albumi<strong>na</strong>s e globuli<strong>na</strong>s) e<<strong>br</strong> />

proteí<strong>na</strong>s de reserva (gliadi<strong>na</strong> e gluteni<strong>na</strong>), ou<<strong>br</strong> />

seja, o gluten (Sgarbieri, 1966), o principal<<strong>br</strong> />

responsável pela funcio<strong>na</strong>lidade do trigo, a fonte<<strong>br</strong> />

de destaque das propriedades viscoelásticas da<<strong>br</strong> />

massa (Osborne, 1924, apud Goesaert et al.,<<strong>br</strong> />

2005).<<strong>br</strong> />

A propriedade viscoelástica do glúten<<strong>br</strong> />

hidratado é caracterizada a partir da atuação<<strong>br</strong> />

plastificante da gliadi<strong>na</strong> (Van der Borght et al.,<<strong>br</strong> />

2005), promovendo viscosidade, e da gluteni<strong>na</strong>,<<strong>br</strong> />

propiciando resistência à ruptura da massa<<strong>br</strong> />

(Sgarbieri, 1996) ou seja, a gliadi<strong>na</strong> tem boa<<strong>br</strong> />

extensibilidade e a gluteni<strong>na</strong>, melhor elasticidade<<strong>br</strong> />

(Cheftel et al., 1985, apud Chiang et al., 2006).<<strong>br</strong> />

É a presença das proteí<strong>na</strong>s do glúten <strong>na</strong><<strong>br</strong> />

farinha de trigo que a tor<strong>na</strong> apropriada à<<strong>br</strong> />

elaboração de produtos panificáveis levedados<<strong>br</strong> />

(Bushuk, 1998, apud Wang et al., 2007), pois é a<<strong>br</strong> />

rede proteica do glúten a responsável pela<<strong>br</strong> />

retenção de dióxido de carbono produzido<<strong>br</strong> />

durante o processo de fermentação, e de<<strong>br</strong> />

assamento <strong>na</strong>s massas levedadas (Goesaert et al.,<<strong>br</strong> />

2005); por isso, entender as propriedades<<strong>br</strong> />

mecânicas do glúten do trigo é entender o<<strong>br</strong> />

comportamento do processamento dos produtos<<strong>br</strong> />

elaborados com trigo (Belton, 2005).<<strong>br</strong> />

É a composição qualitativa e quantitativa<<strong>br</strong> />

das frações de gluteni<strong>na</strong> e de gliadi<strong>na</strong> que<<strong>br</strong> />

influenciam as propriedades reológicas da massa<<strong>br</strong> />

de trigo, mais especificamente a matriz<<strong>br</strong> />

Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campi<strong>na</strong> Grande, v.13, n.2, p.211-222, 2011

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