Revista Avisa-l. 14 ok - Avisala.org
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Faz-de-conta<br />
Na creche AMUNO, em Osasco, São Paulo,<br />
preparei os cantinhos na sala para que as<br />
crianças do Jardim II pudessem brincar de<br />
faz-de-conta.Trouxe os computadores usados<br />
para compor um canto de oficina, as<br />
máquinas, todas quebradas, conseguidas por<br />
meio de doação, estavam abertas. Havia<br />
várias placas para as crianças manusearem,<br />
e ainda monitor, mouse, fichas de arquivo<br />
para o controle dos clientes. Para enriquecer<br />
mais os cantos, havia também ferramentas,<br />
como chave de fenda, martelo, chave de<br />
boca.<br />
No outro canto, que seria o escritório,<br />
tinha outro computador com teclado,<br />
mouse e fichas de arquivo. Guilherme e Vicente<br />
não queriam sair do escritório, ficavam<br />
digitando o nome das crianças e os de-<br />
virava bagunça... E ficou surpresa com a<br />
resposta, pois a menina falou:“Mas prô,<br />
eu vou fazer uma nota fiscal!”<br />
Dentro dessa discussão, foi se esclarecendo<br />
qual era o papel do professor,<br />
que não se tratava de um momento<br />
absolutamente livre e espontâneo, e como<br />
sua intervenção era fundamental para<br />
o bom andamento da atividade.Além<br />
disso, a interação entre um canto é outro<br />
é possível.<br />
Propostas do canto<br />
de computador<br />
O contexto criado para a entrada<br />
do computador foi importante para assegurar<br />
que cada criança tivesse o tempo<br />
necessário para aprender a manejá-lo e<br />
conhecer melhor os aspectos dessa nova<br />
linguagem.<br />
No canto do computador as crianças<br />
podiam acessar todos os softwares<br />
do programa oferecido pela IBM, CD-<br />
ROMs variados, como passatempo e<br />
construção de hábito de uso do computador.<br />
Além disso, puderam usar editores<br />
de texto e de imagem. Organizaram<br />
pequenos grupos, construíram pla-<br />
les e, quando não sabiam, pediam as filipetas<br />
da lista de nomes da sala para servir de<br />
apoio. Já na oficina Ritchely pegava chave de<br />
fenda e parafusava uma peça do computador.<br />
Kaio bateu e bateu com o martelo no<br />
computador e parou para anunciar:<br />
– O Guilherme Aguiar vai vir buscar o<br />
computador mais tarde, tenho que arrumar<br />
logo – e voltou a se concentrar em seu trabalho.<br />
Surpreendi-me com o modo como vivenciaram<br />
aquela situação de faz-de-conta,<br />
pois não aconteceu uma separação entre<br />
meninas e meninos, como podia se esperar.<br />
Ao contrário, brincaram juntos com as<br />
ferramentas tentavam, consertar os computadores<br />
desmontados.<br />
Adriana Klysis<br />
cares, competiram entre si e se divertiram,<br />
sobretudo com os jogos.<br />
O computador também funcionava<br />
como um banco de dados, no qual as informações<br />
eram armazenadas e acessadas<br />
pelas crianças, com ou sem a ajuda<br />
do professor. A cada dia podiam conferir<br />
o que tinham feito no dia anterior, na<br />
semana passada, o que ainda faltava fazer<br />
etc. Os “ajudantes do dia” se responsabilizavam<br />
por ligar o computador,<br />
digitar o que era necessário, imprimir<br />
(quando possível) e colocar à disposição<br />
a agenda para todo o grupo. Também<br />
podiam escrever bilhetes aos pais, lembrando<br />
datas de reuniões, festas, pedidos<br />
de materiais etc. Os textos eram escritos<br />
pelas próprias crianças ou ditados<br />
para o professor,que se colocava como<br />
escriba do grupo. Essas ações ajudavam<br />
a <strong>org</strong>anizar o cotidiano e o trabalho<br />
do grupo.<br />
Em todos os momentos, o professor<br />
auxiliava e acompanhava as crianças, de<br />
diferentes maneiras:<br />
garantindo o cumprimento de regras<br />
e combinados que permitiam o acesso<br />
de um pequeno grupo ao computador,<br />
23<br />
Quando frutos<br />
viram ovos na<br />
barraca da feira<br />
enquanto as outras 20 ou 25 desenvolviam<br />
outras atividades;<br />
intervindo, ao ensinar como se joga<br />
um jogo, incentivando os alunos a escolher<br />
um canto, auxiliando aqueles<br />
com mais dificuldade;<br />
observando, para conhecer como as<br />
crianças pensam, o que representam<br />
nos jogos simbólicos, o que compreendem<br />
dessas interações etc.;<br />
mediando relações, conflitos que surgem<br />
entre as crianças, chamando-as a<br />
pensar sobre o problema e ajudando<br />
a buscar soluções;<br />
orientando para o uso do tempo e a<br />
composição de agrupamentos;<br />
<strong>org</strong>anizando o espaço dos cantos,compartilhando<br />
a tarefa no grupo;<br />
escolhendo materiais e planejando o<br />
espaço, atendendo a necessidades e interesses<br />
do coletivo da sala.<br />
Entre as atividades favoritas no canto<br />
do computador estavam: escrever cartões<br />
para enviar aos amigos, navegar em<br />
alguns CD-ROMs e jogar, fazer campeonatos<br />
de jogo das balas de goma, o favorito<br />
de muitas turmas, escrever histórias<br />
e pequenos casos no CD-ROM do Stan-