PROGRAMA do FESTIVAL 2006 em formato PDF - Companhia de ...
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04<br />
UM GRANDE ESPELHO - <strong>2006</strong><br />
B<strong>em</strong>-vin<strong>do</strong>s ao 23º Festival Internacional <strong>de</strong> Teatro.<br />
Há vinte e três anos que se realiza, ininterruptamente, <strong>em</strong> Almada esta Festa <strong>do</strong> Teatro.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma organização invulgar, conhecida e reconhecida por especialistas, observa<strong>do</strong>res<br />
nacionais e estrangeiros, atentos e conhece<strong>do</strong>res. Sólida <strong>em</strong> saber e responsabilida<strong>de</strong>, a organização <strong>do</strong><br />
Festival assenta sobretu<strong>do</strong> numa enorme competência e amor ao teatro, e numa relação institucional <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> compreensão e respeito mútuos entre a Câmara Municipal e a <strong>Companhia</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Almada.<br />
Sentimo-nos felizes e orgulhosos pelo caminho feito, por termos sabi<strong>do</strong>, conjuntamente, vencer<br />
dificulda<strong>de</strong>s e com entusiasmo erguer, ano após ano, este gran<strong>de</strong> projecto cultural que ambicionamos<br />
s<strong>em</strong>pre melhor.<br />
À <strong>Companhia</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Almada, principal responsável pela organização <strong>do</strong> Festival, e <strong>em</strong> particular<br />
ao seu Director Joaquim Benite e ao Director Adjunto Vítor Gonçalves, as felicitações pelo seu<br />
trabalho, pelo seu engenho e arte, pon<strong>do</strong> <strong>de</strong> pé uma festa que, <strong>em</strong> cada edição, alcança s<strong>em</strong>pre um novo<br />
êxito.<br />
Porque esta festa constitui um gran<strong>de</strong> espelho que nos encanta, reflectin<strong>do</strong> as diferentes sensibilida<strong>de</strong>s<br />
artísticas, culturais e estéticas que os actores, autores, técnicos e outros profissionais nos<br />
traz<strong>em</strong> das quatro partidas <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />
Além disso, este ano o Festival <strong>de</strong> Almada, oferece também ao mun<strong>do</strong> das artes, ao público fiel <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> duas décadas, a to<strong>do</strong>s quantos directa ou indirectamente o vão acompanhar, um novo palco,<br />
mo<strong>de</strong>rno e excepcionalmente b<strong>em</strong> apetrecha<strong>do</strong> – o novo Teatro Municipal.<br />
É o corolário <strong>de</strong> um trabalho persistente <strong>de</strong> quase três décadas <strong>em</strong> que a Cultura, a Educação e a<br />
Arte têm si<strong>do</strong> pilares fundamentais <strong>do</strong> projecto autárquico que Almada se orgulha <strong>de</strong> protagonizar.<br />
De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho vamos apreciar <strong>em</strong> palco realida<strong>de</strong>s culturais e sociais muito distintas, representadas<br />
por <strong>Companhia</strong>s Portuguesas e outras que chegam até nós vindas <strong>de</strong> países como Brasil,<br />
Espanha, França, Bélgica, Itália, Colômbia, República Checa, Reino Uni<strong>do</strong> e Senegal.<br />
A todas as <strong>Companhia</strong>s <strong>de</strong> Teatro e ao público <strong>do</strong> Festival <strong>2006</strong>, <strong>de</strong>sejo uma boa estadia entre<br />
nós. Sejam muito b<strong>em</strong>-vin<strong>do</strong>s ao Concelho <strong>de</strong> Almada.<br />
O nosso abraço fraterno.<br />
A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA<br />
MARIA EMÍLIA NETO DE SOUSA
E...<br />
Beckett, Tchecov, Ostrovski, Ionesco.<br />
Tirso <strong>de</strong> Molina, Molière, António José<br />
da Silva, Garrett.<br />
Arnold Wesker, Bernard-Marie Koltès, Carlo<br />
Terron, Howard Barker, Jesper Halle.<br />
Albert Boa<strong>de</strong>lla, Pippo Delbono.<br />
e<br />
Giorgio Strehler, Bernard Sobel.<br />
Ricar<strong>do</strong> Pais, Christine Laurent,<br />
Christiane Jatahy, Rogério <strong>de</strong> Carvalho, Franzisca Aarflot,<br />
Jorge Listopad, João Mota, Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota.<br />
e<br />
Giulia Lazzarini, Luís Miguel Cintra,<br />
Laurent Charpentier, Maria <strong>do</strong> Céu<br />
Guerra, Ramon Fontseré, Sidi Larbi,<br />
Akram Khan.<br />
e<br />
Piccolo Teatro di Milano, Théâtre<br />
<strong>de</strong> Gennevilliers, Comédie <strong>de</strong> Reims, Les Ballets<br />
C. <strong>de</strong> la B., Els Joglars,<br />
Teatro da Cornucópia.<br />
e<br />
José <strong>de</strong> Guimarães, Pedro Calapez, António Lagarto,<br />
Ezio Frigerio, Cristina Reis.<br />
e<br />
muitos outros nomes <strong>de</strong> Autores,<br />
<strong>de</strong> Actores, <strong>de</strong> Encena<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> Coreógrafos,<br />
<strong>de</strong> Cenógrafos, <strong>de</strong> <strong>Companhia</strong>s teatrais.<br />
e<br />
muitos outros<br />
quase anónimos<br />
que faz<strong>em</strong> este Festival<br />
e<br />
uma Cida<strong>de</strong>, um Município<br />
que oferec<strong>em</strong> ao teatro português<br />
um equipamento <strong>de</strong> excepção<br />
como se (já)<br />
fôss<strong>em</strong>os Europa.<br />
e<br />
tanta coisa<br />
tão estranha, tão rara<br />
que <strong>de</strong>veria<br />
e<br />
mereceria<br />
e<br />
precisaria<br />
e<br />
este espaço <strong>de</strong> vida<br />
estes dias <strong>de</strong> paz<br />
este encontro <strong>de</strong> gente<br />
para toda a gente<br />
este teatro múltiplo<br />
fugaz.<br />
JOAQUIM BENITE<br />
JUNHO DE <strong>2006</strong><br />
05
HOMENAGEM<br />
06<br />
OBSERVATÓRIO DAS ACTIVIDADES CULTURAIS<br />
A homenag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste ano <strong>do</strong> Festival não vai para uma personalida<strong>de</strong>, mas para uma instituição.<br />
No ano <strong>em</strong> que completa 10 anos <strong>de</strong> existência o Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais – um<br />
caso <strong>de</strong> investigação metódica na área da sociologia da cultura — foi a entida<strong>de</strong> escolhida para a mo<strong>de</strong>sta<br />
distinção que o Festival <strong>de</strong> Almada conce<strong>de</strong> anualmente.<br />
Com esta escolha o Festival preten<strong>de</strong>, por um la<strong>do</strong>, saudar o sério trabalho <strong>de</strong> pesquisa e análise,<br />
imprescindível para o estu<strong>do</strong> das Artes <strong>do</strong> Espectáculo e da sua recepção, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo<br />
Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais, mas também chamar a atenção, num País que atribui pouca<br />
importância à investigação, para o papel essencial que o registo, a estatística, a recolha <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e a sua<br />
interpretação <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha no <strong>de</strong>senvolvimento da relação <strong>do</strong>s produtos culturais com o público.<br />
Os estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s pelo Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais – <strong>de</strong>signadamente aquele<br />
<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos públicos <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada, <strong>em</strong> 2000 – constitu<strong>em</strong> preciosos el<strong>em</strong>entos para a reflexão<br />
<strong>do</strong>s artistas, <strong>do</strong>s produtores e <strong>do</strong>s gestores culturais no nosso País.<br />
Cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1996 como uma associação s<strong>em</strong> fins lucrativos, pelo Ministério da Cultura, pelo<br />
Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística, o<br />
Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais t<strong>em</strong> como presi<strong>de</strong>nte a Professora Doutora Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s<br />
Lima <strong>do</strong>s Santos e a comissão científica integra os Professores Doutores António Firmino da Costa, José<br />
Macha<strong>do</strong> Pais e José Madureira Pinto. Os vogais <strong>do</strong> Conselho Directivo são os Drs. António Berbereia<br />
Moniz, António Martinho Novo, José Farrajota Leal, Leonor Pereira, e pelo Observatório das Activida<strong>de</strong>s<br />
Culturais, Rui Telmo Gomes e José Soares Neves.<br />
Nos quase 10 anos <strong>de</strong> existência <strong>do</strong> Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais foram concluí<strong>do</strong>s 31<br />
projectos <strong>de</strong> investigação, publica<strong>do</strong>s 30 livros e 14 números da revista OBS. O Observatório das<br />
Activida<strong>de</strong>s Culturais t<strong>em</strong> procura<strong>do</strong> intensificar as sua relações com organizações internacionais<br />
(intercâmbio com outros observatórios na Europa e América <strong>do</strong> Sul) e colabora regularmente no<br />
projecto “Cultural policies in Europe: A compendium of basic facts and trends”, que integra mais <strong>de</strong><br />
30 países europeus.<br />
Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Lima <strong>do</strong>s Santos é licenciada <strong>em</strong> Letras pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong><br />
Clássica <strong>de</strong> Lisboa (Filologia Germânica), t<strong>em</strong> os cursos <strong>de</strong> Jornalismo e <strong>de</strong> Documentalista e possui um<br />
<strong>do</strong>utoramento <strong>em</strong> Sociologia da Cultura, pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Trabalho e da Empresa.<br />
É investiga<strong>do</strong>ra–coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra no Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa. É autora <strong>de</strong><br />
várias obras, entre as quais “Para uma Sociologia da Cultura Burguesa <strong>em</strong> Portugal no séc. XIX”,<br />
“Intelectuais Portugueses na primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oitocentos”, “Hábitos <strong>de</strong> Leitura <strong>em</strong> Portugal”. É autora<br />
<strong>de</strong> numerosos artigos e dirigiu um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> investigação no Observatório das<br />
Activida<strong>de</strong>s Culturais, IPAI, Instituto Português <strong>de</strong> Museus, etc.
08<br />
DON, MÉCÈNES ET ADORATEURS (DOM, MECENAS E ADORADORES)<br />
DE ALEXANDRE OSTROVSKI | TEATRO<br />
THÉÂTRE DE GENNEVILLIERS – CENTRE DRAMATIQUE NATIONAL<br />
ENCENAÇÃO DE BERNARD SOBEL, COM A COLABORAÇÃO<br />
DE MICHÈLE RAOUL-DAVIS<br />
FRANÇA<br />
Dom, Mecenas e A<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res é uma das<br />
últimas peças <strong>de</strong> Ostrovski (data <strong>de</strong> 1882) e a<br />
sua acção situa-se no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro: a sua<br />
heroína, Néguina, é uma actriz. Em seu torno<br />
gravitam: a outra jov<strong>em</strong> ve<strong>de</strong>ta <strong>do</strong> grupo, boa<br />
camarada mas s<strong>em</strong> as exigências intelectuais,<br />
morais e artísticas <strong>de</strong> Néguina; o dramaturgo,<br />
forçosamente alcoólico e indigente; o director <strong>do</strong><br />
teatro, verda<strong>de</strong>iro profissional mas submeti<strong>do</strong><br />
aos po<strong>de</strong>rosos da terra; o a<strong>de</strong>recista, um ancião<br />
culto, antigo proprietário <strong>do</strong> teatro que a sua<br />
paixão arruinou mas por cujos interesses ainda<br />
vela.<br />
Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>patia<br />
MICHÈLE RAOUL-DAVIS<br />
Da mesma forma que se diz “gostaria <strong>de</strong><br />
encenar o Shakespeare to<strong>do</strong>”, eu gostaria <strong>de</strong><br />
encenar to<strong>do</strong> o Ostrovski. E porque o meu encontro<br />
com o poeta Ostrovski foi essencial na minha<br />
vida, espero que possa também sê-lo para os<br />
especta<strong>do</strong>res. Ostrovski t<strong>em</strong> uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>patia com os seres humanos que lhe permite<br />
dar-se conta <strong>do</strong> seu sofrimento e não da sua<br />
<strong>de</strong>gradação. Neste teatro também há qualquer<br />
coisa <strong>de</strong> vital, que faz com que eu não tenha a<br />
impressão <strong>de</strong> estar a tratar apenas com fantasmas<br />
saí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cabeça <strong>do</strong> autor, s<strong>em</strong><br />
outra existência senão a literária. Estou a tratar<br />
com um hom<strong>em</strong> que observa os homens no<br />
próprio meio <strong>em</strong> que ele vive e trabalha — e<br />
trata-se <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> brutal — s<strong>em</strong> os julgar <strong>de</strong><br />
forma alguma, qualquer que seja a barbarida<strong>de</strong><br />
ou a ignomínia daquilo a que assiste, e qualquer<br />
que seja o seu ponto <strong>de</strong> vista sobre um mun<strong>do</strong><br />
on<strong>de</strong> tais coisas são possíveis.<br />
Nunca olha os outros <strong>de</strong> alto. E isto é essencial.<br />
Esta faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>patia com o ser mais<br />
COM A PARTICIPAÇÃO DO JEUNE THÉÂTRE NATIONAL<br />
COM O APOIO DO CONSEIL GÉNÉRAL DES<br />
HAUTS-DE-SEINE<br />
miserável, mais indigente, mais diferente <strong>de</strong> si,<br />
espanta-me. Quan<strong>do</strong> penso <strong>em</strong> Ostrovski, penso<br />
também nesse velho poeta chinês <strong>do</strong> século XIII,<br />
Kuan Han Chi. Ambos têm essa faculda<strong>de</strong> rara <strong>de</strong><br />
saber não julgar tu<strong>do</strong> e ter s<strong>em</strong>pre um ponto <strong>de</strong><br />
vista, <strong>de</strong> procurar s<strong>em</strong>pre o que é que cada ser<br />
humano, mesmo coloca<strong>do</strong> nas piores condições,<br />
po<strong>de</strong>rá ter <strong>de</strong> precioso. Talvez certos países, certas<br />
épocas <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a dureza, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a miséria,<br />
permitam a certos autores, certos poetas<br />
tocar no essencial, aquilo que s<strong>em</strong> eles seria<br />
in<strong>de</strong>finível. Mesmo que o teatro <strong>de</strong> Ostrovski nos<br />
mostre actos, situações e comportamentos sórdi<strong>do</strong>s,<br />
miseráveis, crápulas, nunca nos recusamos a<br />
partilhar da humanida<strong>de</strong> das suas personagens,<br />
sejam elas como for<strong>em</strong>.<br />
Alexandre Ostrovski<br />
BERNARD SOBEL<br />
Cont<strong>em</strong>porâneo <strong>de</strong> Dostoievski, Tourgueniev<br />
e Tolstoi, Alexandre Ostrovski, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1823<br />
<strong>em</strong> Moscovo, pertence à ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro da literatura<br />
russa. Des<strong>de</strong> 1847 até à sua morte, <strong>em</strong> 1886,<br />
<strong>de</strong>u ao teatro russo um repertório consi<strong>de</strong>rável<br />
(mais <strong>de</strong> sessenta peças).<br />
A sua obra consagra-se principalmente à<br />
pintura <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s comerciantes, uma espécie<br />
<strong>de</strong> burguesia <strong>de</strong>tentora <strong>do</strong> capital, atraída pelo<br />
lucro, pelo luxo e por uma alegria grosseira.<br />
Inscreve-se na tradição <strong>de</strong> um realismo crítico, o<br />
que lhe confere uma verda<strong>de</strong>ira mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Entre Gogol e Tchecov, Ostrovski é um autor s<strong>em</strong><br />
cujo conhecimento se torna impossível compreen<strong>de</strong>r<br />
a história <strong>do</strong> teatro russo, <strong>de</strong>signadamente<br />
os gran<strong>de</strong>s avanços teóricos e estéticos a<br />
que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> no principio <strong>do</strong> século XX, e que<br />
influenciaram to<strong>do</strong> o teatro mundial.<br />
Entre as suas peças mais famosas encon-
tram-se A Tormenta (1859), consi<strong>de</strong>rada a sua<br />
obra-prima, e A Floresta (1871), que atraiu o<br />
reconhecimento oficial para o seu trabalho. Em<br />
1885 torna-se director <strong>do</strong>s Teatros Imperiais <strong>de</strong><br />
Moscovo e propõe a criação <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />
Teatro Nacional Popular, acessível a todas as<br />
classes sociais. A morte impe<strong>de</strong>-o <strong>de</strong> concretizar o<br />
projecto, que só <strong>em</strong> 1898 dará orig<strong>em</strong> à fundação<br />
<strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> Moscovo.<br />
Bernard Sobel<br />
Bernard Sobel, uma das figuras mais<br />
respeitadas <strong>do</strong> teatro francês, é o cria<strong>do</strong>r e anima<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong> Gennevilliers, uma cida<strong>de</strong> da<br />
periferia <strong>de</strong> Paris, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveu a sua acção<br />
<strong>de</strong> director e encena<strong>do</strong>r durante 43 anos.<br />
Foi <strong>em</strong> 1963, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer a sua formação<br />
no Berliner Ens<strong>em</strong>ble, <strong>de</strong> Brecht, que Sobel se<br />
instalou <strong>em</strong> Gennevilliers. Começou por fundar o<br />
“Ens<strong>em</strong>ble Théâtral <strong>de</strong> Gennevilliers” (ETG), um<br />
grupo <strong>de</strong> jovens actores e investiga<strong>do</strong>res que<br />
a<strong>do</strong>ptou um estatuto ama<strong>do</strong>r, e cuja intenção era<br />
contribuir para o nascimento <strong>de</strong> uma forma<br />
teatral diferente das que existiam nessa época. Os<br />
primeiros espectáculos foram apresenta<strong>do</strong>s na<br />
sala <strong>de</strong> Grésillons, um clube <strong>de</strong> festas populares.<br />
Ao fim <strong>de</strong> alguns anos o ETG impôs-se como um<br />
laboratório <strong>de</strong> pesquisas teatrais e as necessida<strong>de</strong>s<br />
económicas obrigaram-no a profissionalizar-se,<br />
mas só <strong>em</strong> 1983 obtém <strong>do</strong> Ministro Jack Lang o<br />
estatuto <strong>de</strong> Centro Dramático Nacional. Em 1986<br />
a sala Grésillons é objecto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong><br />
r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lação e transforma-se no Teatro <strong>de</strong><br />
Gennevilliers. Em 43 anos Sobel montou mais <strong>de</strong><br />
oitenta peças, divulgan<strong>do</strong> <strong>em</strong> França o reportório<br />
russo e al<strong>em</strong>ão, s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com critérios<br />
<strong>de</strong> excelência. Entre os autores que apresentou<br />
<strong>em</strong> França contam-se Vichnevski, Koplov,<br />
Volokhov, Erdman, Heiner Müller, Kleist, Schiller,<br />
Lessing, Lenz, Heinrich Mann, Grabbe, e, naturalmente,<br />
Brecht. Mas é também um especialista <strong>de</strong><br />
Moliére, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> encenou várias obras, e o seu<br />
repertório inclui muitos outros autores clássicos e<br />
mo<strong>de</strong>rnos, como Eurípe<strong>de</strong>s, Marlowe ou Sarah<br />
Kane.<br />
Don, Mecenas e A<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res, consi<strong>de</strong>rada<br />
pelo Figaro “uma sublime celebração <strong>do</strong> teatro” e<br />
pelo Le Mon<strong>de</strong> “um melodrama magnifico”, é a<br />
última encenação <strong>de</strong> Sobel <strong>em</strong> Gennevilliers, uma<br />
vez que <strong>de</strong>ixará o cargo <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro, por ter<br />
atingi<strong>do</strong> o limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Em 2002 esteve presente no Festival <strong>de</strong><br />
Almada com o espectáculo O Refém, <strong>de</strong> Paul<br />
Clau<strong>de</strong>l.<br />
Intérpretes Éric Caruso, Éric Castex, Laurent<br />
Charpentier, François Clavier, Isabelle Duperray,<br />
Thomas Durand, Élizabeth Mazev, Vincent Minne,<br />
Jacques Pieiller, Chloé Réjon e Gaetan Vassart<br />
Tradução André Markowicz<br />
Cenografia Jacqueline Bosson<br />
Luz Jean-François Besnard<br />
Figurinos Mina Lee<br />
Maquilhag<strong>em</strong> Marie-Anne Hum<br />
Assistência <strong>de</strong> encenação Mirabelle Rousseau<br />
Língua francês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 2h30<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
Sala Principal<br />
(ALMADA)<br />
21h30 Quarta 5<br />
21h30 Quinta 6<br />
21h30 Sexta 7<br />
09
10<br />
ZERO DEGREES (ZERO GRAUS)<br />
DE AKRAM KHAN E SIDI LARBI | DANÇA<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE<br />
BELÉM<br />
LES BALLETS C DE LA B & AKRAM KHAN COMPANY<br />
ENCENAÇÃO DE AKRAM KHAN E SIDI LARBI<br />
REINO-UNIDO E BÉLGICA<br />
Akram Khan e Sidi Larbi conheceram-se<br />
<strong>em</strong> 2000 e rapidamente <strong>de</strong>scobriram fortes<br />
s<strong>em</strong>elhanças: eram ambos filhos <strong>de</strong> famílias<br />
islâmicas a viver<strong>em</strong> na Europa e, muito <strong>em</strong>bora<br />
cada um tenha <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a sua linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
movimento, esse encontro <strong>de</strong> culturas foi t<strong>em</strong>a<br />
permanente nos seus trabalhos.<br />
Zero Degrees obrigou estes artistas a uma<br />
viag<strong>em</strong> <strong>em</strong> busca <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> referência, da<br />
fonte, <strong>do</strong> “Zero”, <strong>do</strong> núcleo da vida. Inspira<strong>do</strong>s nas<br />
suas duplas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s os <strong>do</strong>is procuram este<br />
ponto central através <strong>de</strong> opostos como a<br />
vida/morte, claro/escuro, ord<strong>em</strong>/caos.<br />
Este trabalho acontece na presença <strong>de</strong> uma<br />
escultura <strong>do</strong> artista britânico Antony Gormley e<br />
da música <strong>do</strong> compositor Nitin Sawhney, cujo<br />
som celebra o encontro entre o Oci<strong>de</strong>nte e o<br />
Oriente.<br />
A peça Bearing, da autoria <strong>de</strong> Antony<br />
Gormley, pertencente à Colecção Berar<strong>do</strong>,<br />
será exposta nos dias 5 e 6 <strong>de</strong> Julho no Foyer<br />
<strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Auditório.<br />
Sidi Larbi e Akram Khan<br />
Sidi Larbi nasceu <strong>em</strong> 1976 <strong>em</strong> Antuérpia e<br />
estu<strong>do</strong>u dança na escola <strong>de</strong> Anne Teresa <strong>de</strong><br />
Keersmaeker, integran<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> 1995 a companhia<br />
Les Ballets C. <strong>de</strong> la B., <strong>de</strong> Alain Platel. A sua<br />
primeira coreografia, Rien <strong>de</strong> Rien, realizou uma<br />
digressão europeia (ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> apresentada no<br />
P.O.N.T.I. - Porto) e obteve o prémio para Melhor<br />
Jov<strong>em</strong> Coreógrafo <strong>do</strong>s Nijinski Awards <strong>de</strong> Monte<br />
Carlo. Sidi Larbi participou no festival <strong>de</strong> Avignon<br />
<strong>em</strong> 2002 (com it) e <strong>em</strong> 2004 (com T<strong>em</strong>pus Fugit).<br />
Em 2002 apresentou ainda D’avant na<br />
Schaubühne Am Lehniner Platz, <strong>de</strong> Berlim. A sua<br />
última coreografia, Loin, foi apresentada <strong>em</strong> 2005<br />
no Ballet du Grand Théâtre <strong>de</strong> Genebra.<br />
CO-PRODUÇÃO: SADLER’S WELLS LONDON, THÉÂTRE DE<br />
LA VILLE PARIS, DESINGEL ANTWERPEN,<br />
KUNSTENCENTRUM VOORUIT GENT, HEBBEL THEATER<br />
BERLIN, TANZHAUS NRW DÜSSELDORF, SCHOUWBURG<br />
AMSTERDAM, TEATRO COMUNALE DI FERRARA,<br />
TORINODANZA, WEXNER CENTER FOR THE ARTS OHIO,<br />
NATIONAL ARTS CENTRE OTTAWA, LES GRANDES<br />
TRAVERSÉES BORDEAUX<br />
Akram Khan é um coreógrafo/bailarino <strong>de</strong><br />
topo da cena inglesa, distinguin<strong>do</strong>-se pela convergência<br />
que efectua entre a sua formação<br />
europeia cont<strong>em</strong>porânea e o Kathak, um género<br />
clássico indiano. Ten<strong>do</strong> actua<strong>do</strong> um pouco por<br />
to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> ainda bastante jov<strong>em</strong>, participou<br />
no The Jungle Book, dirigi<strong>do</strong> por Pandit Ravi<br />
Shankar, e no Mahabharata, <strong>de</strong> Peter Brook.<br />
Em 2002 Akram Khan recebeu os prémios<br />
<strong>de</strong> Melhor Jov<strong>em</strong> Coreógrafo atribuí<strong>do</strong>s pelo<br />
Dance Critics’ Circle e pela revista Time Out.<br />
Recebeu ainda o prémio <strong>de</strong> Melhor Coreografia<br />
atribuí<strong>do</strong> pela Fundação Jerwood, e o prémio <strong>de</strong><br />
Melhor Coreografia Mo<strong>de</strong>rna 2003 pelo Dance<br />
Critics’ Circle. Em 2004 foi-lhe atribuí<strong>do</strong> o<br />
Doutoramento Honorário <strong>em</strong> Artes, pela<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> De Montfort, pelo seu contributo<br />
para a comunida<strong>de</strong> artística britânica.<br />
Interpretação Akram Khan e Sidi Larbi<br />
Dramaturgia Guy Cools<br />
Música Nitin Sawhney<br />
Escultura Antony Gormley<br />
Língua inglês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 1h10<br />
CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />
GRANDE AUDITÓRIO<br />
(LISBOA)<br />
21h00 Quarta 5<br />
21h00 Quinta 6
CONJUGADO<br />
DE CHRISTIANE JATAHY | TEATRO<br />
EM COLABORAÇÃO COM O <strong>FESTIVAL</strong> DE CÁDIS<br />
CIA VÉRTICE DE TEATRO<br />
ENCENAÇÃO DE CHRISTIANE JATAHY<br />
BRASIL<br />
Apego. Isolamento. Repetição.<br />
Que armadilhas criamos para nós mesmos?<br />
Pod<strong>em</strong>os fugir <strong>do</strong> <strong>em</strong>bate com os outros?<br />
Conjuga<strong>do</strong> fala da situação limite <strong>de</strong> solidão<br />
e isolamento a que se po<strong>de</strong> chegar nos gran<strong>de</strong>s<br />
centros urbanos. O t<strong>em</strong>a é apresenta<strong>do</strong> através <strong>de</strong><br />
uma personag<strong>em</strong> f<strong>em</strong>inina cujo quotidiano sintetiza<br />
as características <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> isolamento.<br />
Foram entrevistadas mulheres <strong>de</strong> distintas<br />
ida<strong>de</strong>s e níveis sociais. As <strong>de</strong>clarações foram<br />
gravadas <strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o digital e compõ<strong>em</strong> uma ví<strong>de</strong>o-<br />
-instalação integrada no espectáculo.<br />
No início o público é voyeur, assistin<strong>do</strong>,<br />
através <strong>de</strong> frestas <strong>de</strong> persianas que cercam o<br />
cenário, às noites <strong>de</strong> uma mulher… mas, pouco a<br />
pouco, as persianas são abertas e inicia-se um<br />
novo jogo. Um jogo que afectará profundamente<br />
essa mulher…<br />
Conjuga<strong>do</strong> foi apresenta<strong>do</strong> no Festival<br />
RioCenaCont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2003,<br />
obten<strong>do</strong> excelentes críticas <strong>em</strong> vários jornais<br />
(“Ousa<strong>do</strong> e b<strong>em</strong> produzi<strong>do</strong>, Conjuga<strong>do</strong> expõe o<br />
fazer teatral com carisma e extr<strong>em</strong>a precisão.<br />
Um espectáculo imperdível.”, in Folha <strong>de</strong> S.<br />
Paulo). Foi indica<strong>do</strong> para o Prémio Shell <strong>de</strong> 2004<br />
(melhor actriz e melhor cenário), e para o Prémio<br />
Qualida<strong>de</strong> Brasil nas categorias <strong>de</strong> melhor espectáculo,<br />
melhor encenação e melhor actriz. Foi<br />
igualmente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z melhores<br />
espectáculos <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2004 pelo jornal O Globo.<br />
Christiane Jatahy<br />
Christiane Jatahy, para além <strong>de</strong> encena<strong>do</strong>ra,<br />
é também dramaturga, actriz, professora e tradutora.<br />
Dirigiu espectáculos que obtiveram gran<strong>de</strong><br />
reconhecimento <strong>de</strong> crítica e <strong>de</strong> público, entre os<br />
quais M<strong>em</strong>orial <strong>do</strong> Convento, a partir <strong>do</strong> romance<br />
<strong>de</strong> José Saramago, Carícias, <strong>de</strong> Sergi Belbel,<br />
Trilogia da Iniciação, com o Grupo Tal, no Parque<br />
Lage, e adaptações <strong>do</strong>s textos literários Alice,<br />
Pinóquio e Peter Pan, espectáculos que tiveram<br />
mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> mil especta<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>ze prémios.<br />
Escreveu La cruzada <strong>de</strong> los niños <strong>de</strong> la calle,<br />
projecto que envolvia seis dramaturgos latino-<br />
-americanos e estreou no Centro Dramático<br />
Nacional <strong>de</strong> Madrid. Escreveu e dirigiu Monólogos<br />
<strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong> para a exposição <strong>do</strong> fotógrafo Sebastião<br />
Salga<strong>do</strong>.<br />
Intérprete Malu Galli<br />
Cenário Marcelo Lipiani<br />
Luz Afonso Tostes<br />
Música Marcelo Neves<br />
Documentário Márcia Derraik<br />
Língua português<br />
Duração 45 minutos<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
SALA DE ENSAIOS<br />
(ALMADA)<br />
17h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />
16h00 Domingo 9<br />
11
12<br />
ZONA PORTUÁRIA<br />
DE QUICO CADAVAL | TEATRO<br />
ENCENAÇÃO DE QUICO CADAVAL<br />
ESPANHA<br />
Zona Portuária é um espectáculo no qual,<br />
graças à voz aveludada <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r e à magia da<br />
palavra, se manifestam na cena dúzias <strong>de</strong> personagens:<br />
Ismael o negro, o filho <strong>de</strong> Parga, o<br />
carabineiro, o senhor Meio-Mun<strong>do</strong>, a senhora<br />
Carme a Carreirana, José o protestante, Carminha a<br />
pentea<strong>do</strong>ra, o senhor Arestim, o porteiro <strong>do</strong> cin<strong>em</strong>a<br />
Elma, Del Rio Rodriguez, o senhor Franco,<br />
Deus o mecânico, o <strong>do</strong> bar Santa Eugénia, António<br />
o <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, Ventim o taxista, etc.<br />
Quico Cadaval não interpreta todas estas<br />
personagens prodigiosas, e ainda b<strong>em</strong>.<br />
Simplesmente, l<strong>em</strong>bra-as.<br />
Ismael, o Negro é uma história que se passa<br />
nos anos 70 na zona portuária <strong>de</strong> uma pequena<br />
vila piscatória das rias baixas da Galiza. Trata-se<br />
<strong>de</strong> um exercício <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória que se manifesta<br />
num palco, s<strong>em</strong> <strong>do</strong>r n<strong>em</strong> sau<strong>do</strong>sismo, com o<br />
mesmo sorriso que exib<strong>em</strong> no circo os contorcionistas.<br />
Mas aqui os únicos músculos que se<br />
contorc<strong>em</strong> são as l<strong>em</strong>branças <strong>de</strong> Quico Cadaval.<br />
O texto será proferi<strong>do</strong> <strong>em</strong> galego-português<br />
ou português <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong>, ou <strong>em</strong><br />
galego que quer ser português s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser<br />
galego. Enfim, uma coisa muito mais simples <strong>do</strong><br />
que parece.<br />
QUICO CADAVAL<br />
Quico Cadaval<br />
Quico Cadaval, actor, encena<strong>do</strong>r e dramaturgo<br />
galego, t<strong>em</strong> participa<strong>do</strong> <strong>em</strong> diversos festivais<br />
<strong>de</strong> conta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> histórias tanto na Europa como<br />
na América Latina. T<strong>em</strong> integra<strong>do</strong> igualmente<br />
projectos escolares <strong>de</strong> narração <strong>de</strong> histórias na<br />
Galiza e <strong>em</strong> instituições penitenciárias espanholas<br />
e portuguesas. Como conferencista e conta<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
histórias participou <strong>em</strong> eventos nas universida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Trier, Varsóvia, Cracóvia, Salamanca, Berlim,<br />
Paris e Lisboa, b<strong>em</strong> como no pólo da Fundação<br />
Gulbenkian <strong>de</strong> Paris.<br />
Para além da sua activida<strong>de</strong> como actor e<br />
encena<strong>do</strong>r, Quico Cadaval publicou as seguintes<br />
obras <strong>de</strong> teatro: Um Códice Clan<strong>de</strong>stino, O<br />
Rouxinol da Bretanha, A Caza <strong>do</strong> snark, Se o<br />
Velho Sinbad Volvesse às Ilhas e O Ano <strong>do</strong><br />
Cometa (as duas últimas a partir <strong>do</strong> romance<br />
homónimo <strong>de</strong> Álvaro Cunqueiro).<br />
Língua galego | português<br />
Duração 1h10<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Domingo 9
VÁLKA MEZI ROZMARYNEM ´ A MAJORÁNKOU ´<br />
(GUERRAS DE ALECRIM E DE MANJERONA)<br />
DE ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA | TEATRO<br />
COM O APOIO DA EMBAIXADA CHECA EM LISBOA<br />
MESTSKE DIVADLO ZLÍN<br />
ENCENAÇÃO DE JORGE LISTOPAD<br />
REPÚBLICA CHECA<br />
A famosa peça <strong>de</strong> António José da Silva, o<br />
Ju<strong>de</strong>u, não merece ser conhecida apenas pelo<br />
seu público natural (isto é, o português). Por isso<br />
foi levada, pela primeira vez na íntegra, noutra<br />
língua, para fora <strong>do</strong> seu território. Foi montada<br />
<strong>em</strong> checo, com actores, músicos e bonecreiros<br />
checos, para o prazer <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas<br />
<strong>de</strong>sse país, on<strong>de</strong> se encontra <strong>em</strong> cena <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Junho passa<strong>do</strong>. O público <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada<br />
assistirá às Guerras <strong>de</strong> Alecrim e <strong>de</strong> Manjerona<br />
tal qual como esta peça foi produzida a mais <strong>de</strong><br />
3.000 quilómetros <strong>de</strong> distância.<br />
As diferenças naturais que surgirão <strong>do</strong> ponto<br />
<strong>de</strong> vista artístico e cenográfico <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se exactamente<br />
à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar a peça <strong>de</strong><br />
António José da Silva numa matéria teatral<br />
extraordinária <strong>em</strong> qualquer parte <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />
JORGE LISTOPAD<br />
António José da Silva<br />
António José da Silva, o Ju<strong>de</strong>u, um <strong>do</strong>s mais<br />
representativos autores dramáticos portugueses,<br />
viveu na primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> séc. XVIII, sen<strong>do</strong>-lhe<br />
geralmente atribuídas oito óperas joco-sérias. São<br />
elas: Vida <strong>de</strong> D. Quixote <strong>de</strong> la Mancha e <strong>do</strong> Gor<strong>do</strong><br />
Sancho Pança; Esopaida, ou Vida <strong>de</strong> Esopo; Os<br />
encantos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia; Anfitrião, ou Jupiter, e<br />
Alcmena; Labirinto <strong>de</strong> Creta; Guerras <strong>de</strong> Alecrim,<br />
e Mangerona; Varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteo; Precipício <strong>de</strong><br />
Faetonte. São-lhe ainda atribuídas uma Glosa ao<br />
soneto <strong>de</strong> Camões “Alma minha gentil, que te<br />
partiste”, na morte da infanta D. Francisca, b<strong>em</strong><br />
como as Obras <strong>do</strong> Diabinho da Mão Furada.<br />
Em 1737 foi preso pela Santa Inquisição, juntamente<br />
com a sua mãe e esposa (Leonor <strong>de</strong><br />
Carvalho, que era sua prima e também judia). Foi<br />
tortura<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scobriu-se que tinha si<strong>do</strong> circuncisa<strong>do</strong>.<br />
Uma escrava negra test<strong>em</strong>unhou que o<br />
dramaturgo observava o Sabbat.<br />
António José da Silva, nasci<strong>do</strong> no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro <strong>em</strong> 1705, foi estrangula<strong>do</strong> e queima<strong>do</strong><br />
num Auto-da-Fé <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 1739.<br />
Língua checo (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 2h30 (com intervalo)<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Terça 11<br />
13
14<br />
NA SOLIDÃO DOS CAMPOS DE ALGODÃO<br />
DE BERNARD-MARIE KOLTÈS | TEATRO<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM A CULTURGEST<br />
COMPAGNIE DU TOURNESOL<br />
ENCENAÇÃO DE PHILIP BOULAY<br />
FRANÇA<br />
O projecto <strong>de</strong> voltar a trabalhar A Solidão,<br />
<strong>de</strong>sta vez <strong>em</strong> versão portuguesa, pren<strong>de</strong>-se com<br />
este percurso <strong>em</strong> comum com o texto ao longo <strong>do</strong><br />
t<strong>em</strong>po e com os <strong>do</strong>is actores lusófonos que são<br />
Victor <strong>de</strong> Oliveira e Diogo Dória. As minhas idas e<br />
vindas a África também contaram. Koltès revela<br />
<strong>de</strong> forma perturbante algumas realida<strong>de</strong>s<br />
urbanas africanas. De mo<strong>do</strong> que ir<strong>em</strong>os também<br />
explorar as ressonâncias e <strong>de</strong>flagrações <strong>de</strong> senti<strong>do</strong><br />
da língua koltesiana <strong>em</strong> Moçambique (representações<br />
<strong>em</strong> Maputo e na Beira): provavelmente,<br />
algumas palavras <strong>do</strong> Dealer, sejam elas<br />
ditas <strong>em</strong> Lisboa ou na antiga colónia portuguesa<br />
– e claro, ou mesmo sobretu<strong>do</strong>, as respostas <strong>do</strong><br />
Cliente – serão ouvidas <strong>em</strong> toda a sua dimensão<br />
<strong>de</strong> uma troca (ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo) Norte / Sul. A<br />
menos que se trate <strong>do</strong> contrário: uma linha Sul /<br />
Norte que não seja forçosamente a <strong>do</strong> arame<br />
farpa<strong>do</strong> como <strong>em</strong> Mellila ou Ceuta.<br />
PHILIP BOULAY<br />
Philip Boulay<br />
Philip Boulay fez <strong>em</strong> 1995 a sua primeira<br />
encenação, com 27 anos. Montou textos <strong>de</strong><br />
Antonio Tabucchi, Molière, Elsa Solal, Mishima,<br />
Marivaux e Musset. Trabalhou <strong>em</strong> teatros como o<br />
Athénée / Louis Jouvet, Ferme du Buisson, Théâtre<br />
Gérard Philippe, Théâtre <strong>de</strong> Gennevilliers, Forum /<br />
Banc-Mesnil, e <strong>em</strong> países como a Finlândia, Chile,<br />
Roménia, Gabão, Camarões, Angola, Congo,<br />
Espanha, Turquia e Al<strong>em</strong>anha. De Koltès encenou<br />
ainda Tabataba, apresenta<strong>do</strong> primeiro nos subúrbios<br />
<strong>de</strong> Kinshasa (2003) e <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> Seine Saint-<br />
-Denis (2005), e Roberto Zucco, <strong>em</strong> 2004, também<br />
<strong>em</strong> Kinshasa, com uma equipa artística congolesa.<br />
EM CO-PRODUÇÃO COM CULTURGEST, <strong>FESTIVAL</strong> DE<br />
ALMADA, CENTRO CULTURAL FRANCO-MOÇAMBICANO<br />
(MAPUTO), COM A PARTICIPAÇÃO DO FORUM, SCÈNE<br />
CONVENTIONNÉE DE BLANC-MESNIL E DO SERVIÇO<br />
CULTURAL DA EMBAIXADA DE FRANÇA EM MOÇAMBIQUE<br />
Intérpretes Diogo Dória e Victor <strong>de</strong> Oliveira<br />
Tradução Nuno Júdice<br />
Cenografia Jean-Christophe Lanquetin<br />
Luzes Stéphane Loirat com a colaboração <strong>de</strong> Quito<br />
Timbe<br />
Responsável pela produção Jean-Christophe<br />
Boissonna<strong>de</strong><br />
Língua português<br />
Duração 1h30<br />
CULTURGEST<br />
GRANDE AUDITÓRIO<br />
LISBOA<br />
21h30 Terça 11<br />
21h30 Quarta 12<br />
21h30 Quinta 13<br />
21h30 Sexta 14<br />
21h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />
17h00 Domingo 16<br />
CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong>
ESODO (ÊXODO)<br />
DE PIPPO DELBONO | TEATRO<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE<br />
BELÉM<br />
COMPAGNIA PIPPO DELBONO<br />
ENCENAÇÃO DE PIPPO DELBONO<br />
ITÁLIA<br />
Com uma linguag<strong>em</strong> teatral que se aproxima<br />
cada vez mais da vida, com a procura <strong>de</strong> uma<br />
palavra simples, que mantenha uma forma <strong>de</strong><br />
resistência poética e combativa, Pippo Delbono<br />
realizou Eso<strong>do</strong>, uma abordag<strong>em</strong> à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
imigrantes extra-comunitários.<br />
Usan<strong>do</strong> as palavras <strong>de</strong> Brecht, <strong>de</strong> Primo<br />
Levi, da Bíblia, <strong>de</strong> Charlie Chaplin, <strong>de</strong> Pasolini, <strong>de</strong><br />
Nichiren Daishonin, o especta<strong>do</strong>r é convida<strong>do</strong> a<br />
reflectir sobre a guerra. É-lhe conta<strong>do</strong> o êxo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
qu<strong>em</strong> foi expulso da sua própria terra, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong><br />
fugiu <strong>de</strong> uma ditadura, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> a sua<br />
alma <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro corpo, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixou o<br />
manicómio, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> não sabe para on<strong>de</strong> vai, <strong>de</strong><br />
qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> me<strong>do</strong> da morte.<br />
Magda Poli, <strong>do</strong> Corriere <strong>de</strong>lla Sera, consi<strong>de</strong>rou<br />
Eso<strong>do</strong> um “retrato sarcástico e cruel <strong>de</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> vazia e obtusa, que não vê, n<strong>em</strong> quer ver,<br />
os que sofr<strong>em</strong>: uma socieda<strong>de</strong> que marginaliza<br />
aqueles que não têm esperança”.<br />
Valeria Ottolenghi, da revista italiana<br />
Sipario, consi<strong>de</strong>rou o espectáculo <strong>de</strong> uma<br />
“gran<strong>de</strong> beleza (graças às imagens, à <strong>de</strong>nsa<br />
unida<strong>de</strong>, à loucura, à graça, à comiseração) e <strong>de</strong><br />
uma riqueza teatral (entre o cómico e a tragédia,<br />
visões <strong>de</strong> sonho e <strong>de</strong> uma crua realida<strong>de</strong>) verda<strong>de</strong>iramente<br />
extraordinária)”.<br />
Franco Quadri, crítico <strong>do</strong> La Repubblica,<br />
apontou a “corrente súbita <strong>de</strong> aplausos” que se<br />
seguiu ao final <strong>do</strong> espectáculo a que assistiu.<br />
Pippo Delbono<br />
Pippo Delbono nasceu <strong>em</strong> Varazze <strong>em</strong> 1959<br />
e começou a estudar teatro numa escola tradicional,<br />
que aban<strong>do</strong>nou após conhecer o argentino<br />
Pepe Roble<strong>do</strong>. Com este, partiu para a Dinamarca,<br />
on<strong>de</strong> trabalhou sob a direcção <strong>de</strong> Iben Nagel<br />
Rasmussen. Segue-se um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> viagens no<br />
Oriente, on<strong>de</strong> toma contacto com o teatro e a<br />
EM CO-PRODUÇÃO COM EMÍLIA ROMAGNA TEATRO<br />
FONDAZIONE<br />
dança locais. De volta à Europa, trabalha com Pina<br />
Baush e apresenta espectáculos <strong>em</strong> Itália que<br />
também realizam digressões na América <strong>do</strong> Sul.<br />
O teatro <strong>de</strong> Delbono consiste num espaço<br />
aberto, para além das convenções teatrais, on<strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong> é revela<strong>do</strong> <strong>em</strong> cena, e sobretu<strong>do</strong> on<strong>de</strong> são<br />
abolidas as fronteiras entre actores e as pessoas<br />
<strong>do</strong> nosso dia-a-dia.<br />
Intérpretes Fa<strong>de</strong>l Abeid, Dolly Albertin, Gianluca<br />
Ballarè, Bobò, Enkeleda Cekani, Piero Corso,<br />
Pippo Delbono, Lucia Della Ferrera, Fausto<br />
Ferraiuolo, Gustavo Giacosa, Simone Goggiano,<br />
Elena Guerrini, Mario Intruglio, Nelson Lariccia,<br />
Maura Monzani, Akram Telawe, Giovanni<br />
Ricciardi e Pepe Roble<strong>do</strong><br />
Técnicos Sergio Tad<strong>de</strong>i, Fabio Berselli e Angelo<br />
Colonna<br />
Produção Letizia Sacchi<br />
Responsável <strong>de</strong> digressão Sandra Ghetti<br />
Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 1h25<br />
CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />
GRANDE AUDITÓRIO<br />
(LISBOA)<br />
21h00 Quinta 13<br />
21h00 Sexta 14<br />
15
16<br />
GIORNI FELICI (OS DIAS FELIZES)<br />
DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />
COM O APOIO DO INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA<br />
PICCOLO TEATRO DI MILANO<br />
ENCENAÇÃO DE GIORGIO STREHLER, REPOSTA POR<br />
CARLO BATTISTONI<br />
ITÁLIA<br />
Giorni Felici estreou-se <strong>em</strong> Maio <strong>de</strong> 1982<br />
com uma leitura dita “positiva”: um Beckett <strong>em</strong><br />
plena luz, quase priva<strong>do</strong> da aura niilista que<br />
muitas vezes caracterizava as interpretações cénicas.<br />
Para Strehler, Beckett era sobretu<strong>do</strong> um<br />
poeta e, explicava o encena<strong>do</strong>r, “quan<strong>do</strong>, como<br />
<strong>em</strong> Os Dias Felizes, a poesia grita com uma voz<br />
assim tão alta, o hom<strong>em</strong> não se nega: afirma-se”.<br />
Nascia <strong>de</strong>sta forma um espectáculo que<br />
teria interessa<strong>do</strong> o próprio Beckett, no qual, s<strong>em</strong><br />
se acrescentar palavras, mas através <strong>do</strong>s gestos,<br />
era sublinhada a vonta<strong>de</strong> da protagonista <strong>em</strong><br />
viver “até ao fim”.<br />
Franco Cor<strong>de</strong>lli, crítico <strong>do</strong> Corriere <strong>de</strong>lla<br />
Sera, escreveu o seguinte a propósito da interpretação<br />
<strong>de</strong> Giulia Lazzarini: “Trata-se <strong>de</strong> uma arte<br />
exorcista <strong>de</strong> afastar o mal, <strong>de</strong> o combater a<br />
golpes <strong>de</strong> florete. O chapéu encarna<strong>do</strong>, as costas<br />
possantes, os braços robustos, as maravilhosas,<br />
petulantes e fala<strong>do</strong>ras mãos. Ei-la. Giullia<br />
Lazzarini. Assim se perceberá o que é o teatro: um<br />
exercício <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória para combater o t<strong>em</strong>po,<br />
para não se ren<strong>de</strong>r nunca”.<br />
Samuel Beckett<br />
Assinala-se este ano o centenário <strong>do</strong> nascimento<br />
<strong>de</strong> Samuel Beckett (1906 – 1989: vi<strong>de</strong><br />
biografia na pág. 36), um <strong>do</strong>s maiores dramaturgos<br />
<strong>do</strong> século XX, cuja obra, inscrita na linha <strong>do</strong><br />
teatro <strong>do</strong> absur<strong>do</strong>, lança um olhar pessimista e<br />
<strong>de</strong>sencanta<strong>do</strong> (mas pleno <strong>de</strong> humor) sobre a<br />
condição humana. Peças como À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />
e Dias Felizes farão para s<strong>em</strong>pre parte <strong>do</strong> cânone<br />
da dramaturgia mundial, quer pela sua originalida<strong>de</strong>,<br />
quer pelo seu simbolismo, quer pela capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> abordar a essência humana, <strong>de</strong>sligada <strong>de</strong> um<br />
espaço e t<strong>em</strong>po específicos: as suas personagens, <strong>em</strong><br />
cenários inóspitos, limitam-se a esperar que o<br />
t<strong>em</strong>po passe, agarran<strong>do</strong>-se a tarefas rotineiras<br />
para continuar a viver, à espera <strong>de</strong>… nada.<br />
O Festival <strong>de</strong> Almada assinala este centenário<br />
com a apresentação <strong>de</strong> três peças <strong>de</strong><br />
Samuel Beckett (Os Dias Felizes, À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />
e To<strong>do</strong>s os que Ca<strong>em</strong>), uma peça <strong>de</strong> marionetas<br />
sobre a t<strong>em</strong>ática beckettiana (Nada, ou o Silêncio<br />
<strong>de</strong> Beckett) e uma exposição fotográfica <strong>de</strong>dicada<br />
ao dramaturgo irlandês.<br />
Giorgio Strehler<br />
Giorgio Strehler (1921 – 1997) diplomou-se<br />
na Accad<strong>em</strong>ia <strong>de</strong>i Filodrammatici <strong>em</strong> 1940, passan<strong>do</strong><br />
a integrar posteriormente algumas companhias<br />
itinerantes como actor. Realiza a sua<br />
primeira encenação <strong>em</strong> 1943, mas logo <strong>de</strong> seguida<br />
t<strong>em</strong> <strong>de</strong> procurar asilo político na Suíça, para<br />
escapar ao serviço militar. Aí estreia Calígula, <strong>de</strong><br />
Camus, <strong>em</strong> 1945. Em 1947 funda, juntamente<br />
com Paolo Grassi, o Piccolo Teatro di Milano, o<br />
primeiro teatro italiano <strong>de</strong> gestão pública e <strong>de</strong><br />
“teatro para to<strong>do</strong>s”. Renuncia à representação e<br />
chega a encenar <strong>de</strong>z espectáculos por ano. Quer<br />
dar a conhecer ao público italiano um repertório<br />
que este nunca conhecera, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à censura<br />
fascista. O enorme sucesso popular <strong>de</strong> Arlequim<br />
Servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Dois Amos, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, que se manterá<br />
<strong>em</strong> cartaz durante mais <strong>de</strong> quarenta anos,<br />
assegura o renome <strong>do</strong> Piccolo.<br />
A partir <strong>de</strong> 1955 Strehler apresenta<br />
gran<strong>de</strong>s encenações, que ficaram para a história<br />
<strong>do</strong> teatro cont<strong>em</strong>porâneo: O Ginjal, <strong>de</strong> Tchecov, A<br />
Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs, <strong>de</strong> Brecht, <strong>em</strong> 1955,<br />
Baroufe à Chioggia, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, <strong>em</strong> 1964, e Os<br />
Gigantes da Montanha, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo, <strong>em</strong> 1966.<br />
Colabora com gran<strong>de</strong>s cenógrafos como<br />
Luciano Damiani e Ezio Frigerio. Não renuncia à<br />
gran<strong>de</strong> tradição estética da cultura humanista<br />
europeia, levan<strong>do</strong>-a ao seu nível mais eleva<strong>do</strong>,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> o acusavam <strong>de</strong> praticar um<br />
realismo fora <strong>de</strong> moda.
Em 1972 Strehler afirma o Piccolo como<br />
um “teatro <strong>de</strong> arte”, e relega para segun<strong>do</strong> plano<br />
a vocação cívica das suas encenações. O teatro<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estar ao serviço <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, mas passa a<br />
ser o próprio Mun<strong>do</strong>. O teatro é, para Strehler,<br />
“o mo<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecimento da<br />
História”. Nesta altura monta Shakespeare (Rei<br />
Lear, 1972, A T<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>, 1978) e óperas no<br />
Scala <strong>de</strong> Milão e <strong>em</strong> Paris (Falstaff, <strong>de</strong> Verdi, As<br />
Bodas <strong>de</strong> Fígaro, <strong>de</strong> Mozart, etc.). Em 1978 monta<br />
a Trilogia da Vilegiatura, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, na Comédie<br />
Française.<br />
De 1983 a 1990 Jack Lang dá-lhe a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> criar e dirigir o Théâtre <strong>de</strong> l’Europe, o<br />
Ó<strong>de</strong>on, a “primeira instituição teatral europeia<br />
que um país da Europa ofereceu à Europa”.<br />
Em 1984 encena a Ilusão, <strong>de</strong> Corneille. Em<br />
1987 cria a sua sexta versão <strong>de</strong> Arlequim, no<br />
Piccolo Teatro, que realiza uma digressão mundial.<br />
O Piccolo entra na União <strong>de</strong> Teatros da Europa, e<br />
Strehler obtém uma nova sala para o seu teatro,<br />
mas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um <strong>de</strong>saguisa<strong>do</strong> com a Câmara da<br />
cida<strong>de</strong>, e aos atrasos das obras, o Nuovo Piccolo<br />
só será inaugura<strong>do</strong> após a morte <strong>do</strong> seu director,<br />
que ocorreu a 25 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1997.<br />
A sua concepção <strong>do</strong> teatro influenciaria<br />
vários encena<strong>do</strong>res da geração seguinte, como<br />
Ariane Mnouchkine, Patrice Chéreau, Lluis<br />
Pasqual, Roger Planchon, Peter Stein, etc.<br />
Giulia Lazzarini<br />
Giulia Lazzarini nasceu <strong>em</strong> Milão e formou-<br />
-se <strong>em</strong> Roma no Centro Sperimentale di<br />
Cin<strong>em</strong>atografia. Inicia ainda bastante jov<strong>em</strong> uma<br />
longa colaboração com o Piccolo Teatro di Milano,<br />
cujo director era Giorgio Strehler, que a dirigiu <strong>em</strong><br />
espectáculos que marcaram a história <strong>do</strong> teatro<br />
italiano, tais como: Arlequim, Servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Dois<br />
Amos, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni (espectáculo que realizou uma<br />
digressão mundial no 40º aniversário <strong>do</strong> Piccolo, e<br />
que foi apresenta<strong>do</strong> <strong>em</strong> Almada), O Egoísta, <strong>de</strong><br />
Bertolazzi, Platonov, <strong>de</strong> Tchecov, Galileu e A<br />
Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs, <strong>de</strong> Brecht, O Ginjal, <strong>de</strong><br />
Tchecov, O Balcão, <strong>de</strong> Genet, Os Dias Felizes, <strong>de</strong><br />
Beckett, A T<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Shakespeare, Elvira ou<br />
a Paixão Teatral, <strong>de</strong> Jouvet, Night Mother, <strong>de</strong><br />
Norman, Gran<strong>de</strong> e Pequeno, <strong>de</strong> Botho Strauss, A<br />
Entrevista, <strong>de</strong> Natália Ginzburg, Estamos<br />
Momentaneamente Ausentes, <strong>de</strong> Squarzina,<br />
Fausto – Fragmentos parte I e II, <strong>de</strong> Goethe (no<br />
papel <strong>de</strong> Margarida, com Strehler no papel <strong>de</strong><br />
Fausto), Os Gigantes da Montanha, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo,<br />
e Morte <strong>de</strong> um Caixeiro Viajante, <strong>de</strong> Miller.<br />
A sua interpretação <strong>de</strong> Winnie, <strong>em</strong> Os Dias<br />
Felizes, valeu-lhe os títulos <strong>de</strong> “Maravilhosa”<br />
(Corriere <strong>de</strong>lla Sera) e “Magistral” (Il T<strong>em</strong>po) na<br />
imprensa italiana.<br />
Intérpretes Giulia Lazzarini e Franco<br />
Sangermano<br />
Tradução Carlo Fruttero<br />
Cenário Ezio Frigerio<br />
Figurinos Luisa Spinatelli<br />
Música Fiorenzo Carpi<br />
Movimentos mímicos Marise Flach<br />
Luzes Gerar<strong>do</strong> Modica<br />
Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 1h40<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
SALA PRINCIPAL<br />
(ALMADA)<br />
21h30 Quinta 13<br />
21h30 Sexta 14<br />
17
18<br />
RHINOCÉROS (RINOCERONTE)<br />
DE EUGÈNE IONESCO | TEATRO<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />
LA COMÉDIE DE REIMS C. D. N.<br />
CO-PRODUÇÃO THÉÂTRE DE LA VILLE (PARIS)<br />
ENCENAÇÃO DE EMMANUEL DEMARCY-MOTA<br />
FRANÇA<br />
A história <strong>de</strong>sta peça po<strong>de</strong> resumir-se <strong>de</strong><br />
uma forma muito simples: trata-se <strong>de</strong> uma<br />
cida<strong>de</strong> cujos habitantes se metamorfoseiam <strong>em</strong><br />
rinocerontes. To<strong>do</strong>s menos um, o último hom<strong>em</strong>:<br />
Bérenger. Mas a simplicida<strong>de</strong> aparente <strong>de</strong>sta<br />
fábula mascara uma opacida<strong>de</strong> diabólica. Ao<br />
raspar o verniz <strong>de</strong>sse mun<strong>do</strong> tranquilo e civiliza<strong>do</strong><br />
surge uma humanida<strong>de</strong> surdamente arruinada<br />
pelo catrastofismo: to<strong>do</strong>s os animais foram<br />
dizima<strong>do</strong>s pela peste, o calor é abrasa<strong>do</strong>r, as<br />
paisagens são <strong>de</strong>sérticas, os nómadas não são<br />
recebi<strong>do</strong>s… mesmo os circos foram bani<strong>do</strong>s há<br />
muito. Parece-me claro que Ionesco partia da<br />
propagação e da a<strong>de</strong>são aos totalitarismos —<br />
tanto o nazismo como o estalinismo — mas via<br />
igualmente o hom<strong>em</strong> como capaz <strong>de</strong> revelar a<br />
sua monstruosida<strong>de</strong> noutras circunstâncias,<br />
como afirmou: “Tenho a sensação <strong>de</strong> me encontrar<br />
junto <strong>de</strong> pessoas extr<strong>em</strong>amente educadas,<br />
num mun<strong>do</strong> mais ou menos confortável, e <strong>de</strong><br />
repente qualquer coisa se <strong>de</strong>sfaz, se dilacera, e<br />
surge esse carácter monstruoso <strong>do</strong>s homens. É este,<br />
creio, o ponto <strong>de</strong> partida <strong>do</strong> Rinoceronte”.<br />
EMMANUEL DEMARCY-MOTA<br />
Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota<br />
Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota criou a Compagnie<br />
<strong>de</strong> Théâtre <strong>de</strong> Millefontaines <strong>em</strong> 1989, que reunia<br />
um grupo <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong> liceu Rodin. Estu<strong>do</strong>u filosofia<br />
na Université René Descartes, e <strong>em</strong> 1994, com 23<br />
anos, montou L’histoire du Soldat, um espectáculo<br />
que permaneceria <strong>do</strong>is anos <strong>em</strong> digressão.<br />
Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />
2002 director da Comédie <strong>de</strong> Reims (Centro<br />
Dramático Nacional), on<strong>de</strong> criou Le Diable en<br />
partage e L’Inatendu, <strong>de</strong> Fabrice Melquiot, Six personnages<br />
en quête d’auteur, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo (apresenta<strong>do</strong><br />
no 21º Festival <strong>de</strong> Almada), Ma Vie <strong>de</strong> chan<strong>de</strong>lle,<br />
e Marcia Hesse, <strong>de</strong> Fabrice Melquiot.<br />
COM O APOIO DA ASSOCIATION FRANÇAISE D’ACTION<br />
ARTISTIQUE<br />
Interpretação Hugues Quester, Serge Maggiani,<br />
Valérie Dashwood, Charles-Roger Bour, Sandra Faure,<br />
Gaelle Guillou, Stéphane Krahenbuhl, Ana das<br />
Chagas, Olivier Le Borgne, Gérald Maillet, Cyril Anrep,<br />
Pascal Vuill<strong>em</strong>ot, Jauris Casanova e Céline Carrère<br />
Assistente <strong>de</strong> encenação Christophe L<strong>em</strong>aire<br />
Músicos Jefferson L<strong>em</strong>beye, Walter N’Guyen e<br />
Arnauld Laurens<br />
Cenografia Yves Collet, com a colaboração <strong>de</strong><br />
Michel Bruguière<br />
Luzes Yves Collet, com a colaboração <strong>de</strong><br />
Sébastien Marrey<br />
Música Jefferson L<strong>em</strong>beye, com Walter N’Guyen<br />
e Arnaud Laurens<br />
Trabalho corporal Marion Lévy, com Anne<br />
Mousselet<br />
Figurinos Corinne Bau<strong>de</strong>lot, assistida por<br />
Annabelle Rambaud<br />
Máscaras Mirjam Fruttiger, com, para a realização,<br />
Mathil<strong>de</strong> Meignan e Audrey Duflot<br />
Maquilhag<strong>em</strong> Catherine Nicolas<br />
Acessórios Laurent Marquès-Pastor<br />
Colabora<strong>do</strong>r artístico François Regnault<br />
Conselheiro literário Marie-Amélie Robiliard<br />
Construcção <strong>do</strong> cenário Espace et compagnie<br />
Operação <strong>de</strong> luzes Régis Guyonnet<br />
Electricista Soizick Provost<br />
Técnico <strong>de</strong> palco Pascal Daubie<br />
Assistente <strong>de</strong> camarim Séverine Gohier<br />
Assistente <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços Mohamed Rezki<br />
Língua francês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração 2h00<br />
TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />
SALA GARRETT<br />
(LISBOA)<br />
21h30 Quinta 13<br />
21h30 Sexta 14
LA MIRADA DEL AVESTRUZ (O OLHAR DA AVESTRUZ)<br />
DE TINO FERNÁNDEZ | DANÇA<br />
EM COLABORAÇÃO COM O CELCIT<br />
L’EXPLOSE<br />
COREOGRAFIA E ENCENAÇÃO DE TINO FERNÁNDEZ<br />
COLÔMBIA<br />
Nove personagens s<strong>em</strong> nome, com histórias<br />
próximas e estranhas ao mesmo t<strong>em</strong>po, falam-<br />
-nos da sua própria marca, da sua exclusão e das<br />
suas contradições, numa peça <strong>de</strong> dança que<br />
procura reflectir sobre a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> país. Uma<br />
metáfora que preten<strong>de</strong>, num espaço cénico feito<br />
<strong>de</strong> terra negra, moldar sentimentos, <strong>em</strong>oções e<br />
vivências pessoais, relaciona<strong>do</strong>s com a evasão a<br />
que às vezes recorr<strong>em</strong>os para, como a avestruz,<br />
escapar à realida<strong>de</strong>.<br />
A metáfora que sustenta este trabalho<br />
propõe diferentes níveis <strong>de</strong> significação: o<br />
primeiro t<strong>em</strong> que ver com o olhar que to<strong>do</strong>s parec<strong>em</strong>os<br />
centrar na nossa vida individual, on<strong>de</strong> nos<br />
refugiamos <strong>em</strong> consequência <strong>de</strong> um mecanismo<br />
<strong>de</strong> evasão, <strong>de</strong> sobrevivência.<br />
Mas, o que suce<strong>de</strong> nesses espaços das vidas<br />
individuais? Aí mesmo é que estão presentes, sob<br />
formas muito subtis e profundas, os traços da<br />
violência.<br />
O espectáculo, apresenta<strong>do</strong> o ano passa<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> Almada, foi vota<strong>do</strong> pelo público como<br />
Espectáculo <strong>de</strong> Honra <strong>de</strong> <strong>2006</strong>.<br />
A companhia L’Explose foi fundada por Tino<br />
Fernán<strong>de</strong>z <strong>em</strong> Paris e posteriormente na<br />
Colômbia, fruto <strong>de</strong> um intenso trabalho <strong>de</strong> investigação<br />
<strong>em</strong> dança cont<strong>em</strong>porânea, e celebrou<br />
recent<strong>em</strong>ente o seu 14º ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>.<br />
O grupo surgiu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
própria, encontran<strong>do</strong> o seu caminho na ênfase <strong>do</strong><br />
aspecto <strong>em</strong>ocional, mais <strong>do</strong> que no movimento. O<br />
resulta<strong>do</strong> é que na realização <strong>do</strong> seu trabalho, e<br />
através <strong>de</strong> uma energia ru<strong>de</strong> e violenta, consegue<br />
expressar o seu encontro com a realida<strong>de</strong> e a<br />
recusa <strong>de</strong> codificar um imaginário íntimo numa<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> artifícios.<br />
Os seus objectivos essenciais são a promoção<br />
e a divulgação da dança cont<strong>em</strong>porânea.<br />
L’Explose é também um lugar <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong><br />
artistas <strong>de</strong> diferentes disciplinas para a realização<br />
<strong>de</strong> projectos coreográficos propostos pelo seu<br />
director.<br />
Intérpretes Angela Bello, Wilman Romero, Paola<br />
Escobar, Vladimir Rodríguez, John Henry Gerena,<br />
Leyla Castillo, Marvel Benavi<strong>de</strong>s, Natália Orozco e<br />
Tino Fernán<strong>de</strong>z<br />
Iluminação Humberto Hernán<strong>de</strong>z<br />
Figurinos Eunice García (Canesú)<br />
Fotografia Carlos L<strong>em</strong>a, Zoad Humar<br />
Imag<strong>em</strong> Iván Onatra<br />
Produção Zoad Humar<br />
Cenografia Victor Sánchez<br />
Ví<strong>de</strong>o Charles le Pick<br />
Dramaturgia Juliana Reyes<br />
Duração 1h10<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />
ESPECTÁCULO DE HONRA <strong>2006</strong><br />
19
20<br />
EN UN LUGAR DE MANHATTAN (NUM LUGAR DE MANHATTAN)<br />
DE ALBERT BOADELLA | TEATRO<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />
ELS JOGLARS<br />
ENCENAÇÃO DE ALBERT BOADELLA<br />
ESPANHA<br />
En un lugar <strong>de</strong> Manhattan centra-se no jogo<br />
entre a ficção e a realida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>senvolve-se <strong>em</strong><br />
<strong>do</strong>is planos que se vão inter-relacionan<strong>do</strong>.<br />
Por um la<strong>do</strong>, a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong><br />
teatro ultra-mo<strong>de</strong>rna e vanguardista, da qual<br />
se chegam a ver representadas algumas<br />
sequências. E por outro la<strong>do</strong> a chegada <strong>de</strong> um<br />
par <strong>de</strong> personagens peculiares e estranhas, que<br />
têm pouco que ver com os ensaios e a forma<br />
com que os actores representam com elas para<br />
fugir ao cansaço criativo <strong>em</strong> que se encontram.<br />
Quan<strong>do</strong> se procuram restos da irradiação<br />
quixotesca na nossa socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea, é<br />
assombroso constatar que não resta um único<br />
vestígio <strong>de</strong>sse passa<strong>do</strong>. Por mais que nos esforc<strong>em</strong>os<br />
a esquadrinhar as suas ruínas, <strong>de</strong>pressa<br />
chegar<strong>em</strong>os à conclusão <strong>de</strong> que <strong>em</strong> muito poucas<br />
décadas <strong>de</strong>sapareceram as marcas <strong>de</strong> algo que<br />
<strong>em</strong> Espanha havia perdura<strong>do</strong> durante séculos.<br />
Para mais, se actualmente alguém tentar levar a<br />
cabo activida<strong>de</strong>s imita<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> tal tessitura<br />
moral, ou é automaticamente marginaliza<strong>do</strong>, ou<br />
corre o risco <strong>de</strong> ser toma<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>ente mental.<br />
Aquela herança estilística e ética, mescla <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ais góticos e <strong>de</strong> cavalaria cristã, não só <strong>de</strong>ixou<br />
<strong>de</strong> ter vigência, como também já não é possível<br />
captar nenhuma analogia com o que nos ro<strong>de</strong>ia.<br />
Ante a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer paralelismos<br />
cont<strong>em</strong>porâneos, e afasta<strong>do</strong>s da i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> tentar recriar no palco a obra <strong>de</strong> arte literária,<br />
abordámos o Quixote reflectin<strong>do</strong> precisamente<br />
sobre o fracasso grotesco <strong>de</strong>sta quimera.<br />
Brincan<strong>do</strong> com o ridículo <strong>de</strong> qualquer pretensão<br />
“mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>ra” <strong>do</strong> mito literário, a obra inci<strong>de</strong><br />
também na incapacida<strong>de</strong> actual para reconhecer<br />
as virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um suposto Quixote no actual contexto<br />
<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os.<br />
ALBERT BOADELLA<br />
EM CO-PRODUÇÃO COM COMUNIDAD DE MADRID<br />
Intérpretes Xavier Boada, Xavi Sais, Dolors<br />
Tuneu, Jesus Agelet, Minnie Marx, Francesc Pérez,<br />
Pilar Sáenz, Ramon Fontseré e Pep Vila<br />
Assistentes <strong>de</strong> encenação Joan Roura e Gerard<br />
Guix<br />
Cenário Anna Alcubierre<br />
Figurinos Dolors Caminal<br />
Iluminação Cesc Barrachina<br />
Som Guillermo Mugular<br />
Direcção técnica e realização cenográfica<br />
Jordi Costa<br />
Produção executiva Josep M. Fontseré<br />
Assessor literário Rafael Ramos<br />
Coreografias Bebeto Cidra e Jordi Basora<br />
Técnico <strong>de</strong> palco Jesus Díaz-Pavón<br />
Língua castelhano<br />
Duração 2h05<br />
TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />
SALA GARRETT<br />
(LISBOA)<br />
21h30 Domingo 16<br />
21h30 Segunda 17<br />
21h30 Terça 18
SIMBAU (A DANÇA DO FALSO LEÃO)<br />
DE BABACAR DIENG | DANÇA<br />
EM COLABORAÇÃO COM O CELCIT<br />
N´DIENGOZ<br />
COREOGRAFIA DE BABACAR DIENG<br />
SENEGAL<br />
A Dança <strong>do</strong> Falso Leão, também conhecida<br />
como Simbau, é um espectáculo originário <strong>de</strong><br />
Walo, região situada no Norte <strong>do</strong> Senegal.<br />
Executada por jovens com disfarces e<br />
atavios aterra<strong>do</strong>res, a dança <strong>de</strong>senrola-se ao<br />
compasso <strong>de</strong> ritmos, cantos e palavras mágicas,<br />
capazes <strong>de</strong> <strong>do</strong>mar um verda<strong>de</strong>iro leão.<br />
Os jovens que tomam parte no espectáculo,<br />
isto é, falsos leões, são pessoas que pelo menos<br />
uma vez na sua vida conseguiram afugentar leões<br />
que tentaram atacar populações.<br />
Quan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>stes jovens se irrita, fica com<br />
o carácter e a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> “Gain<strong>de</strong>”, o leão. Para<br />
os acalmar, os artistas da povoação encarregam-<br />
-se <strong>de</strong> os entreter com cânticos e palavras mágicas<br />
chamadas “Yat”.<br />
O grupo N´Diengoz foi funda<strong>do</strong> por Babacar<br />
Dieng na sua cida<strong>de</strong> natal <strong>de</strong> Louga (Senegal), <strong>em</strong><br />
1989. Esta <strong>de</strong>nominação significa que to<strong>do</strong>s os<br />
seus m<strong>em</strong>bros faz<strong>em</strong> parte da mesma família,<br />
cujo apeli<strong>do</strong> é Dieng. Her<strong>de</strong>iros da tradição Griôt,<br />
tanto o avô <strong>de</strong> Babacar, como o seu pai foram,<br />
respectivamente, Gran<strong>de</strong> Tambor e Primeiro Griot<br />
<strong>do</strong> Senegal. O grupo começou por realizar festas<br />
na sua localida<strong>de</strong> e pouco a pouco <strong>de</strong>u espectáculos<br />
<strong>em</strong> todas as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país, para mais tar<strong>de</strong><br />
actuar <strong>em</strong> diferentes festivais <strong>de</strong> música <strong>em</strong><br />
França, Suíça e Espanha.<br />
O estilo da sua música s<strong>em</strong>pre consistiu<br />
essencialmente na percussão, dança e canto.<br />
Ainda que tenham varia<strong>do</strong> estilos, os Diengoz<br />
s<strong>em</strong>pre misturaram o estilo afro-oriental, o rap<br />
senegalês e a música tradicional própria da sua<br />
região.<br />
Intérpretes Babacar Dieng (percussão e voz),<br />
Ndiaga Dieng (percussão), Madior Dieng (percussão),<br />
Assane Dieng (percussão), Bekay<br />
Jorbatek (cora), Abou Dieng (baixo), Susane Kante<br />
(dança e coros) e Bontou Gueye (dança e coros)<br />
Duração 1h20<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Terça 18<br />
21
24<br />
NADA OU O SILÊNCIO DE BECKETT<br />
DE JOÃO PAULO SEARA CARDOSO | TEATRO DE MARIONETAS<br />
TEATRO DE MARIONETAS DO PORTO<br />
ENCENAÇÃO DE JOÃO PAULO SEARA CARDOSO<br />
PORTO<br />
Nada ou o Silêncio <strong>de</strong> Beckett é um espectáculo<br />
construí<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> impressões <strong>de</strong><br />
Samuel Beckett e nasce <strong>de</strong> uma forte contaminação<br />
<strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>res e actores pelas paisagens e<br />
personagens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> beckettiano.<br />
Este espectáculo é como um sonho difuso e<br />
amarela<strong>do</strong> no qual vagueamos com os Winnies,<br />
Didis, Gogos e toda essa galeria <strong>de</strong> homens e<br />
mulheres impregna<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um estranho silêncio<br />
vazio, s<strong>em</strong>pre tocan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong> leve na obscurida<strong>de</strong><br />
para nos fazer sentir, afinal, poeticamente a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> mais luminoso.<br />
Nada ou o Silêncio <strong>de</strong> Beckett venceu os<br />
prémios <strong>de</strong> Melhor Encena<strong>do</strong>r e Melhor<br />
<strong>Companhia</strong> <strong>do</strong> festival <strong>de</strong> marionetas World<br />
Festival <strong>de</strong> Praga, e colheu as seguintes reacções<br />
junto da imprensa portuguesa: “Um espectáculo<br />
notável: provavelmente um <strong>do</strong>s melhores<br />
espectáculos dirigi<strong>do</strong>s por João Paulo Seara<br />
Car<strong>do</strong>so. Indispensável ver, se possível.” (Carlos<br />
Porto, in Jornal <strong>de</strong> Letras); “É obrigatório assistir<br />
às transmutações, transfigurações, variações e<br />
<strong>de</strong>senvolvimentos que João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />
recriou a partir <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> Beckett.” (Manuel<br />
João Gomes, in Público); “Um espectáculo notável.”<br />
(Susana Oliveira, in Visão7).<br />
João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />
João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so t<strong>em</strong> formação nos<br />
<strong>do</strong>mínios da animação sócio-cultural, <strong>do</strong> teatro e<br />
<strong>do</strong> teatro <strong>de</strong> marionetas, frequentan<strong>do</strong> os cursos<br />
<strong>do</strong> Institut National d`Éducation Populaire e <strong>do</strong><br />
Institut International <strong>de</strong> la Marionnette, <strong>em</strong><br />
França. Trabalhou com João Coimbra, Marcel<br />
Violette, Jim Henson e Lopez Barrantes. Integrou o<br />
quadro nacional <strong>de</strong> forma<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Instituto da<br />
Juventu<strong>de</strong> e é professor <strong>de</strong> Interpretação <strong>do</strong> curso<br />
<strong>de</strong> Teatro no Balleteatro — Escola Profissional.<br />
Em 1982 iniciou o estu<strong>do</strong> e divulgação <strong>do</strong><br />
Teatro Dom Roberto, fantoches tradicionais por-<br />
tugueses, que efectuou já cerca <strong>de</strong> 1500 representações.<br />
É funda<strong>do</strong>r e director artístico <strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong><br />
Marionetas <strong>do</strong> Porto, ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> várias encenações.<br />
Com a companhia ou com espectáculos-<br />
-solo actua frequent<strong>em</strong>ente no estrangeiro, ten<strong>do</strong><br />
efectua<strong>do</strong> representações <strong>em</strong> festivais e<br />
digressões <strong>em</strong> Espanha, França, Itália, Bélgica,<br />
Suíça, Irlanda, Inglaterra, Israel, Al<strong>em</strong>anha, Brasil,<br />
Polónia, Cabo Ver<strong>de</strong>, República Checa e Holanda.<br />
Intérpretes Edgard Fernan<strong>de</strong>s, Sara Henriques e<br />
Sérgio Rolo<br />
Cenografia João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />
Marionetas e figurinos Júlio Vanzeler<br />
Música Roberto Neulichedl<br />
Desenho <strong>de</strong> luz António Real<br />
Produção Mário Moutinho<br />
Pintura <strong>de</strong> marionetas Emília Sousa<br />
Operação <strong>de</strong> som e luz Rui Pedro Rodrigues<br />
Assistente <strong>de</strong> produção Paula Anabela Silva<br />
Secretária <strong>de</strong> produção Sofia Carvalho<br />
Direcção <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> Igor Gandra<br />
Técnicos <strong>de</strong> construção Abílio Silva, Filipe<br />
Garcia e Vítor Silva<br />
Confecção <strong>de</strong> figurinos Branca Elíseo<br />
Colaboração Patrícia Falcão, Isabel Leite da Silva<br />
Fotografia <strong>de</strong> cena Henrique Delga<strong>do</strong><br />
Ilustração Júlio Vanzeler<br />
Língua português<br />
Duração 1h00<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Terça 4
A MATA<br />
DE JESPER HALLE | TEATRO<br />
COM O APOIO DA REAL EMBAIXADA DA NORUEGA EM LISBOA<br />
ARTISTAS UNIDOS<br />
ENCENAÇÃO DE FRANZISCA AARFLOT<br />
LISBOA<br />
A Mata aborda uma jornada comovente<br />
nas m<strong>em</strong>órias reprimidas <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> crianças<br />
que cresceram no mesmo bairro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> uma<br />
<strong>de</strong>las <strong>de</strong>sapareceu. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, a estrutura<br />
da peça ass<strong>em</strong>elha-se a um mistério sobre um<br />
crime que mantém os especta<strong>do</strong>res <strong>em</strong> suspenso<br />
até ao fim. O possível abuso e assassinato <strong>de</strong> uma<br />
rapariga pequena só se revela gradualmente. Este<br />
mistério não é totalmente esclareci<strong>do</strong>. Os<br />
especta<strong>do</strong>res esperam respostas no final, mas o<br />
caso não é resolvi<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> o assassino trava<strong>do</strong>. A<br />
peça centra-se no bairro, nas crianças que viv<strong>em</strong><br />
la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>. Como reag<strong>em</strong> aos vários acontecimentos,<br />
como sent<strong>em</strong> uma ameaça, s<strong>em</strong>, no<br />
entanto, a perceber<strong>em</strong> claramente. E, claro, como<br />
estas crianças consegu<strong>em</strong> lidar (ultrapassar ou<br />
reprimir) o facto.<br />
Jesper Halle<br />
Jesper Halle nasceu <strong>em</strong> 1956, <strong>em</strong> Oslo. Des<strong>de</strong><br />
1984 que escreve para teatro, rádio e televisão, já<br />
ten<strong>do</strong> escrito mais <strong>de</strong> vinte peças. Escreve s<strong>em</strong>pre<br />
materiais para ser<strong>em</strong> representa<strong>do</strong>s – letras para<br />
canções, sketches cómicos, monólogos, teatro<br />
radiofónico, peças para marionetas, séries para<br />
televisão e peças para teatro. Já viu mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />
das suas peças ser<strong>em</strong> representadas. Trabalhou<br />
como dramaturgo no Det Åpne Teater por vários<br />
perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. As suas principais peças são<br />
Life is a Sandy Beach (1990), Wild Ducks (1996),<br />
The Light of Days (1996) – que recebeu o Ibsen<br />
Award for Best New Norwegian Play <strong>em</strong> 1997, e<br />
foi nomeada para o Award for Best Nordic Play,<br />
<strong>em</strong> 1998 -, West of E<strong>de</strong>n (2000), 24 Unsuccessfull<br />
Norwegians, Little Woods – que recebeu o Prémio<br />
da Fundação Wilhelm Hansen para Melhor Nova<br />
Peça Nórdica e o Hedda Award – e Nora’s<br />
Children. Algumas das suas peças foram representadas<br />
fora da Noruega, na Suécia, e <strong>em</strong> Nova<br />
Iorque, estan<strong>do</strong> neste momento a ser planeadas<br />
produções na China e na Rússia. A Mata foi apresenta<strong>do</strong><br />
na Suécia, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América,<br />
Al<strong>em</strong>anha, Dinamarca e agora <strong>em</strong> Portugal.<br />
Intérpretes António Simão, Arman<strong>do</strong> Luís,<br />
Bernar<strong>do</strong> Chatillon, Cecília Henriques, Flávia<br />
Araújo, Heloise Ro, Jéssica Anne, João Delga<strong>do</strong>,<br />
Leogizy Mary Gaspar, Nikki, Pablo Malter, Pedro<br />
Carraca, Paulo Pinto, Ricar<strong>do</strong> Batista, Ricar<strong>do</strong><br />
Carolo, Rúdy Fernan<strong>de</strong>s, Sandra Roque, Sara<br />
Moura, Sérgio Conceição e Tinto<br />
Tradução Pedro Porto Fernan<strong>de</strong>s<br />
Cenografia Inger Astri Kobbevik Stephens<br />
Montag<strong>em</strong> Daniel Fernan<strong>de</strong>s, com o apoio <strong>de</strong><br />
Rita Lopes Alves<br />
Figurinos Rita Lopes Alves<br />
Luz Pedro Domingos<br />
Assistência <strong>de</strong> encenação Andreia Bento, João<br />
Meireles, Ricar<strong>do</strong> Carolo, Pedro Carraca e<br />
António Simão<br />
Língua português<br />
Duração 2h20 (com intervalo)<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
SALA EXPERIMENTAL<br />
(ALMADA)<br />
19h00 Quarta 5<br />
19h00 Quinta 6<br />
19h00 Sexta 7<br />
19h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />
17h00 Domingo 9<br />
19h00 Terça 11<br />
21h00 Quarta 12<br />
19h00 Quinta 13<br />
19h00 Sexta 14<br />
17h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />
17h00 Domingo 16<br />
17h00 Terça 18<br />
CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong><br />
CO-PRODUÇÃO COM O DET APNE TEATER E O CHAPITÔ<br />
CENOGRAFIA E FIGURINOS COM O APOIO DE JOAQUIM<br />
RAMALHO E FILIPE FAÍSCA E DOS ALUNOS DE OFÍCIOS<br />
DO SEGUNDO ANO DO CHAPITÔ<br />
25
ENSAIO PARA O GINJAL<br />
DE ANTON TCHECOV | TEATRO<br />
TEATRO DA CORNUCÓPIA<br />
ENCENAÇÃO DE CHRISTINE LAURENT<br />
LISBOA<br />
É como se, com os actores, partíss<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />
uma página <strong>em</strong> branco ou <strong>do</strong> silêncio total, <strong>do</strong><br />
esquecimento <strong>do</strong> sono, e <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>vagarinho,<br />
como se nos puséss<strong>em</strong>os a viver, ali, essa estranha<br />
e longa jornada fictícia, inventada por Tchekov,<br />
que se <strong>de</strong>senrola, a partir <strong>de</strong> uma aurora <strong>de</strong> primavera<br />
fria, através da <strong>de</strong>scida <strong>do</strong> crepúsculo <strong>de</strong><br />
um dia <strong>de</strong> verão, e <strong>de</strong> uma noite <strong>de</strong> baile trepidante,<br />
até a uma tar<strong>de</strong> gelada <strong>de</strong> outono.<br />
A aposta <strong>de</strong>ste trabalho, é ritmar a concordância<br />
<strong>de</strong>stes quatro t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> contraponto<br />
com a meteorologia afectiva e pessoal <strong>de</strong> cada<br />
uma das personagens. Algumas <strong>de</strong>las hão-<strong>de</strong><br />
verificar, à sua custa, como disse Vladimir<br />
Jankélévitch, que “qu<strong>em</strong> volta atrás no espaço,<br />
não volta atrás no t<strong>em</strong>po”<br />
CHRISTINE LAURENT<br />
Anton Tchecov<br />
Neto <strong>de</strong> um servo liberto, Anton Tchecov<br />
(Ucrânia, 1860 - Al<strong>em</strong>anha, 1904) publicou alguns<br />
contos <strong>em</strong> revistas enquanto estudava medicina. O<br />
sucesso <strong>de</strong> uma peça <strong>de</strong> teatro, Ivanov, <strong>em</strong> 1887, e<br />
<strong>de</strong> uma novela, A Estepe (1888), permitiu-lhe<br />
<strong>de</strong>dicar-se exclusivamente à literatura, apesar da<br />
tuberculose, que o forçava a permanecer longos<br />
perío<strong>do</strong>s no estrangeiro. Devi<strong>do</strong> ao agravamento da<br />
<strong>do</strong>ença, fixou residência <strong>em</strong> Ialta (1899), on<strong>de</strong><br />
escreveu algumas das suas melhores obras (como A<br />
dama <strong>do</strong> cachorrinho, <strong>em</strong> 1889, e A noiva, <strong>em</strong> 1903).<br />
Nos últimos anos da sua vida escreveu as suas<br />
maiores criações para o teatro: Tio Vânia (1897), As<br />
Três Irmãs (1901) e O Ginjal (1904). Ambientadas na<br />
província, as suas peças envolv<strong>em</strong> personagens da<br />
burguesia e da aristocracia <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte. Os diálogos<br />
tradicionais são substituí<strong>do</strong>s por monólogos paralelos,<br />
on<strong>de</strong> cada personag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixa entrever as suas<br />
mágoas, sentimentos mais profun<strong>do</strong>s, e principalmente<br />
a frustração e a impotência perante a vida.<br />
26<br />
Intérpretes Cleia Almeida, Dinarte Branco, Dinis<br />
Gomes, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra,<br />
Márcia Breia, Pedro Lacerda, Rita Durão, Rita<br />
Loureiro e Sofia Marques<br />
Tradução Nina Guerra e Filipe Guerra<br />
Adaptação e guião <strong>de</strong> espectáculo Christine<br />
Laurent<br />
Cenário e figurinos Cristina Reis<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Daniel Worm d’Assumpção<br />
Som Vasco Pimentel<br />
Língua português<br />
Duração 2h30<br />
TEATRO DO BAIRRO ALTO / CORNUCÓPIA<br />
(LISBOA)<br />
21h30 Quarta 5<br />
21h30 Quinta 6<br />
21h30 Sexta 7<br />
21h30 Sába<strong>do</strong> 8<br />
17h00 Domingo 9<br />
21h30 Terça 11<br />
21h30 Quarta 12<br />
21h30 Quinta 13<br />
21h30 Sexta 14<br />
21h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />
17h00 Domingo 16<br />
21h30 Terça 18
À PROCURA DE JÚLIO CÉSAR<br />
DE CARLOS J. PESSOA | TEATRO<br />
TEATRO DOS ALOÉS E TEATRO DA GARAGEM<br />
ENCENAÇÃO DE CARLOS J. PESSOA<br />
LISBOA<br />
À Procura <strong>de</strong> Júlio César é uma peça que<br />
apresenta duas partes distintas. Na primeira<br />
parte, as palavras <strong>de</strong> Shakespeare misturam-se<br />
com o barulho e as luzes da cida<strong>de</strong>. Na segunda<br />
parte <strong>de</strong> À Procura <strong>de</strong> Júlio César, assistimos a<br />
uma d<strong>em</strong>anda. João José, um actor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>,<br />
que habita as incertezas existenciais da casa<br />
<strong>do</strong>s cinquenta, procura Júlio César, ou melhor,<br />
procura um <strong>em</strong>prego como motorista <strong>de</strong> Júlio<br />
César.<br />
O probl<strong>em</strong>a é encontrá-lo porque, obviamente,<br />
Júlio César já não habita a Roma pré-<br />
-imperial, o Egipto, ou o texto <strong>de</strong> Shakespeare.<br />
Per<strong>de</strong>u-se talvez nas malhas ínvias <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><br />
global ou, o que é o mesmo, <strong>em</strong> todas as palavras<br />
e imagens que acerca <strong>de</strong>le fomos ouvin<strong>do</strong> e<br />
ven<strong>do</strong>, aqui e ali. O anúncio <strong>de</strong>ste Júlio César, que<br />
quer um motorista, não t<strong>em</strong> pois uma morada,<br />
porque ele não t<strong>em</strong> um lugar e será, <strong>de</strong> algum<br />
mo<strong>do</strong>, a procura errática <strong>de</strong> João José que <strong>de</strong>finirá<br />
a sua existência e o seu lugar, i. e., o lugar <strong>de</strong><br />
ambos. Mais <strong>do</strong> que encontrar Júlio César e apresentá-lo,<br />
trata-se, <strong>de</strong> facto, <strong>de</strong> o procurar.<br />
Perante a floresta imensa <strong>do</strong>s lugares, das<br />
imagens e das personagens, João José, é claro,<br />
não t<strong>em</strong> um plano para esta procura e, mais <strong>do</strong><br />
que encontrar alguém que o esclareça, é confronta<strong>do</strong><br />
pelos suspeitos <strong>do</strong> costume que lhe<br />
apontam um caminho, feito <strong>de</strong> surpresas, coincidências<br />
e teatro.<br />
Carlos J. Pessoa<br />
Carlos J. Pessoa nasceu <strong>em</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1966.<br />
T<strong>em</strong> o curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Actores da Escola<br />
Superior <strong>de</strong> Teatro e Cin<strong>em</strong>a e a licenciatura <strong>em</strong><br />
Teatro e Educação pela mesma escola, on<strong>de</strong> é professor<br />
e Director <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Teatro.<br />
Co-funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Teatro da Garag<strong>em</strong>, <strong>em</strong><br />
1989, escreveu e encenou a quase totalida<strong>de</strong> das<br />
peças que esta companhia t<strong>em</strong> apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
então. T<strong>em</strong> publicadas as peças Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fausto,<br />
Café Magnético, Pentateuco-Manual <strong>de</strong><br />
Sobrevivência para o Ano 2000 (ciclo <strong>de</strong> 5 peças)<br />
e A portageira da Brisa.<br />
Em 1993 recebeu o prémio Texto <strong>de</strong> Teatro,<br />
<strong>do</strong> Teatro na Década, <strong>do</strong> Clube Português <strong>de</strong> Artes<br />
e I<strong>de</strong>ias, pela peça Café Magnético; <strong>em</strong> 2000 foi-<br />
-lhe atribuí<strong>do</strong> o Prémio CyberKyoske99 – Género<br />
Drama, pela peça Desertos - evento didáctico<br />
segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> um po<strong>em</strong>a grátis.<br />
Intérpretes Ana Palma, Carla Carreiro Men<strong>de</strong>s,<br />
Diana Costa e Silva, Elsa Valentim, Fernan<strong>do</strong><br />
Nobre, Jorge Silva, José Peixoto, Leonor Cabral,<br />
Luís Barros, Maria João Vicente, Miguel Men<strong>de</strong>s,<br />
Tiago Mateus e Vitor d’Andra<strong>de</strong><br />
Música Daniel Cervantes<br />
Figurinos Maria João Vicente e Ana Palma<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Miguel Cruz<br />
Direcção <strong>de</strong> produção Elsa Valentim e Maria<br />
João Vicente<br />
Produção Bruno Coelho e Gislaine Peixoto<br />
Fotografia e ví<strong>de</strong>o Rodrigo Duarte<br />
Assistente <strong>de</strong> produção Iría Menut<br />
Operação técnica José Nuno Silva<br />
Estagiária Antonela Silva<br />
Língua português<br />
Duração 1h40<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Quinta 6<br />
27
28<br />
WAITING FOR GODOT (À ESPERA DE GODOT)<br />
DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />
TEATRO MERIDIONAL – ASSOCIAÇÃO MERIDIONAL DE<br />
CULTURA<br />
ENCENAÇÃO DE MIGUEL SEABRA<br />
LISBOA<br />
“Uma estrada no campo. Uma árvore. Ao<br />
anoitecer.” No que se tornou o cenário mais célebre<br />
<strong>do</strong> teatro cont<strong>em</strong>porâneo Didi e Gogo<br />
aguardam <strong>em</strong> <strong>do</strong>is actos a vinda <strong>de</strong> um incerto<br />
Go<strong>do</strong>t que Beckett s<strong>em</strong>pre se recusou a i<strong>de</strong>ntificar<br />
com a divinda<strong>de</strong>, para realçar, talvez, não a finalida<strong>de</strong><br />
da espera, mas o que se produz enquanto ela<br />
<strong>de</strong>corre. Logo na sua estreia, <strong>em</strong> 1952, foi perceptível<br />
a verda<strong>de</strong>ira dimensão <strong>de</strong> um texto que, à<br />
superfície, t<strong>em</strong> tanto <strong>de</strong> parábola bíblica como <strong>de</strong><br />
farsa clownesca, mas que o t<strong>em</strong>po se encarregou<br />
<strong>de</strong> transformar na mais po<strong>de</strong>rosa fábula <strong>do</strong> nosso<br />
t<strong>em</strong>po.<br />
Perguntam incessantes e curiosos: “O que<br />
pensam acrescentar no vosso espectáculo, <strong>de</strong>ste<br />
texto multiplamente feito e reinventa<strong>do</strong>, Waiting<br />
for Go<strong>do</strong>t, <strong>de</strong> Samuel Beckett?”.<br />
Respond<strong>em</strong>os, parafrasean<strong>do</strong> Beckett: “ O<br />
que quis dizer foi exactamente o que disse!”.<br />
Não quer<strong>em</strong>os acrescentar nada — não nos<br />
toma a preocupação obsessiva da originalida<strong>de</strong><br />
da obra. Quer<strong>em</strong>os, como as personagens <strong>de</strong><br />
Beckett, ser aqueles que não sab<strong>em</strong>, aqueles que<br />
não pod<strong>em</strong>. Quer<strong>em</strong>os cumprir o <strong>de</strong>lito indizível e<br />
maior, <strong>de</strong> termos nasci<strong>do</strong> e <strong>de</strong> nos repetirmos. E<br />
quer<strong>em</strong>os ser o veículo da palavra simples, brinca<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> numa dupla simulação: fingir<br />
o que se t<strong>em</strong> – como os actores, fingir o que não<br />
se t<strong>em</strong> – como as personagens.<br />
Quer<strong>em</strong>os ser simples, não <strong>de</strong>ixar a palavra<br />
“nutrir-se” <strong>de</strong> efeitos ou <strong>de</strong> intenções, não carregar<br />
o espectáculo <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a referencial<br />
signíco e dramatúrgico, não ilustrar pleonasticamente<br />
a mensag<strong>em</strong> ou a sua interdição.<br />
Quer<strong>em</strong>os dar forma e corpo e peso a essas personagens<br />
fantasmáticas e teatrais, que enquanto<br />
esperam se <strong>de</strong>slocam quietas num jogo<br />
aparent<strong>em</strong>ente el<strong>em</strong>entar da vida humana.<br />
Quer<strong>em</strong>os prosseguir o risco <strong>do</strong> texto que, tal<br />
como a existência, está cheio <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
CO-PRODUÇÃO CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />
caminho, <strong>de</strong> didascálias normativas. Quer<strong>em</strong>os<br />
experimentar a exigência da pausa e <strong>do</strong> silêncio,<br />
<strong>do</strong> jogo e da transgressão, da liberda<strong>de</strong> possível<br />
neste território <strong>em</strong> que experimentamos também<br />
a contingência.<br />
MIGUEL SEABRA E NATÁLIA LUÍZA<br />
Intérpretes António Fonseca, João Pedro Vaz,<br />
Miguel Seabra, Pedro Gil e Luís Martinho<br />
Tradução Francisco Luís Parreira<br />
Assistência artística Natália Luíza<br />
Cenografia e figurinos Ana Limpinho e Maria<br />
João Castelo<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Miguel Seabra<br />
Assistência <strong>de</strong> encenação Romeu Costa<br />
Programa Luís Vasco e Natália Luíza<br />
Fotografia <strong>de</strong> cena Rui Mateus e Patrícia Poção<br />
Realização <strong>de</strong> figurinos Pieda<strong>de</strong> Antunes<br />
Operação técnica Feliciano Branco<br />
Produção executiva Jorge Sousa<br />
Direcção <strong>de</strong> produção Mónica Almeida<br />
Língua português<br />
Duração 1h20<br />
PALCO GRANDE<br />
ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />
(ALMADA)<br />
22h00 Sába<strong>do</strong> 8
FIORE NUDO (FLOR NUA)<br />
ESPÉCIE DE ÓPERA A PARTIR DE CENAS DE DON GIOVANNI<br />
MÚSICA DE WOLFGANG AMADEUS MOZART<br />
LIBRETO DE LORENZO DA PONTE<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S.LUIZ<br />
TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />
ENCENAÇÃO DE NUNO M CARDOSO<br />
PORTO<br />
Como a morte (se a encararmos com exactidão)<br />
é o verda<strong>de</strong>iro objectivo da nossa vida, tenho-me<br />
familiariza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> há uns anos a esta parte, com essa<br />
verda<strong>de</strong>ira e excelente amiga <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, a ponto <strong>de</strong><br />
o seu rosto já nada ter <strong>de</strong> aterroriza<strong>do</strong>r para mim,<br />
parecen<strong>do</strong>-me, pelo contrário, tranquilizante e<br />
muito consola<strong>do</strong>r. […] De noite, nunca me <strong>de</strong>ito s<strong>em</strong><br />
pensar que no dia seguinte (por muito jov<strong>em</strong> que eu<br />
ainda seja) talvez já cá não esteja e, no entanto,<br />
nenhuma das pessoas que me conhec<strong>em</strong> e me frequentam<br />
po<strong>de</strong> dizer que eu an<strong>de</strong> magoa<strong>do</strong> ou<br />
triste.<br />
WOLFGANG AMADEUS MOZART<br />
(Carta a seu pai, Leopold Mozart, 4 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1787.)<br />
Lorenzo da Ponte<br />
Lorenzo da Ponte nasceu <strong>em</strong> Treviso <strong>em</strong> 1749<br />
e faleceu <strong>em</strong> Nova Iorque <strong>em</strong> 1838. Por volta <strong>de</strong><br />
1770 faz-se sacer<strong>do</strong>te e vive <strong>em</strong> Veneza. Porém,<br />
leva uma vida libertina, e <strong>em</strong> 1779 é expulso da<br />
então República. Muda-se para Viena, graças ao<br />
interesse d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> por Antonio Salieri na sua<br />
habilida<strong>de</strong>, já evi<strong>de</strong>nte, como libretista. Data <strong>de</strong>stes<br />
anos a sua colaboração com Wolfgang A. Mozart<br />
na criação <strong>de</strong> três obras-primas: As Bodas <strong>de</strong> Fígaro<br />
(1786), a partir da comédia <strong>de</strong> Beaumarchais, Don<br />
Giovanni (1787) e Così Fan Tutte (1790).<br />
Wolfgang Ama<strong>de</strong>us Mozart<br />
Wolfgang Ama<strong>de</strong>us Mozart nasceu <strong>em</strong><br />
Salzburgo, <strong>em</strong> 1756. Foi uma criança prodígio <strong>de</strong><br />
uma família musical burguesa, começan<strong>do</strong> a compor<br />
minuetes para cravo aos cinco anos. Em 1763,<br />
foi leva<strong>do</strong> pelo pai <strong>em</strong> digressão pela França e<br />
Inglaterra. Entre 1770 e 1773 visitou Itália por três<br />
vezes, on<strong>de</strong> compôs a ópera Mitridate. A eleição <strong>do</strong><br />
con<strong>de</strong> Hieronymus Collore<strong>do</strong> como arcebispo <strong>de</strong><br />
Salzburgo mudaria esta situação. A Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corte<br />
vienense implicava com a orig<strong>em</strong> burguesa e os<br />
mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mozart, e Collore<strong>do</strong> não admitia que um<br />
mero serviçal passasse tanto t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> viagens ao<br />
exterior. Em 1781 Collore<strong>do</strong> or<strong>de</strong>na a Mozart que se<br />
junte a ele e à sua comitiva <strong>em</strong> Viena. Insatisfeito<br />
por ser coloca<strong>do</strong> entre os cria<strong>do</strong>s, pediu a d<strong>em</strong>issão.<br />
A partir daí, passa a viver da renda <strong>de</strong> concertos, da<br />
publicação das suas obras e <strong>de</strong> aulas particulares.<br />
Em 1786, compõe a primeira ópera <strong>em</strong> que contou<br />
com a colaboração <strong>de</strong> Lorenzo da Ponte: As Bodas<br />
<strong>de</strong> Fígaro. Segue-se Don Giovanni, consi<strong>de</strong>rada por<br />
muitos a sua obra-prima. Mozart ainda escreveria<br />
Così Fan Tutte, com libreto <strong>de</strong> Da Ponte, <strong>em</strong> 1789.<br />
Em 1791 compõe as duas últimas óperas (A<br />
Cl<strong>em</strong>ência <strong>de</strong> Tito e A Flauta Mágica). Na Primavera<br />
<strong>de</strong>sse ano recebe a encomenda <strong>de</strong> um Requi<strong>em</strong><br />
(K.626). Contu<strong>do</strong> morre a 5 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1791,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a obra inacabada. É enterra<strong>do</strong> numa vala<br />
comum <strong>de</strong> Viena.<br />
Intérpretes Ana Barros, Andresa Soares, António<br />
Durães, Carla Simões, Fernan<strong>do</strong> Guimarães, Joana<br />
Manuel, João Merino, José Corvelo, Pedro Pernas,<br />
Rui Massena (Piano), Carlos Piçarra Alves<br />
(Clarinete) e Bruno Martins (Contrabaixo)<br />
Adaptação e direcção musical Rui Massena<br />
Dramaturgia Nuno M Car<strong>do</strong>so<br />
Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> projecto João Henriques<br />
Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />
Figurinos Fre<strong>de</strong>rica Nascimento<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Nuno Meira<br />
Desenho <strong>de</strong> som Francisco Leal<br />
Música electrónica ambiental Miguel Pereira<br />
Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />
Duração aproximada 1h20<br />
TEATRO S.LUIZ<br />
SALA PRINCIPAL<br />
(LISBOA)<br />
21h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />
21h00 Domingo 9<br />
29
30<br />
TEATRO DE PAPEL | CONVIDADO DE PEDRA<br />
A PARTIR DE O ENGANADOR DE SEVILHA, DE TIRSO DE MOLINA | TEATRO DE MARIONETAS<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />
TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />
TEATRO DE FORMAS ANIMADAS DE VILA DO CONDE<br />
ENCENAÇÃO DE MARCELO LAFONTANA<br />
PORTO<br />
D. João, invetera<strong>do</strong> sedutor, conquista as<br />
mulheres, faz amor com elas e aban<strong>do</strong>na-as logo<br />
após. Mulheres, s<strong>em</strong>pre mulheres, num apetite<br />
insaciável <strong>de</strong> engana<strong>do</strong>r-colecciona<strong>do</strong>r. Plebeias e<br />
nobres. Uma <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scobre o logro (D. João faz-<br />
-se passar pelo seu apaixona<strong>do</strong> primo). O pai<br />
acorre para vingar a honra perdida da filha. D.<br />
João, tão exímio na arte <strong>do</strong> duelo como na da<br />
conquista, mata o pai da seduzida. Um dia, a<br />
estátua <strong>de</strong> pedra que encima o sepulcro <strong>do</strong><br />
nobre senhor anima-se... É o fantasma, o<br />
revenant, o pai da <strong>do</strong>nzela que v<strong>em</strong> <strong>do</strong> outro<br />
mun<strong>do</strong>, pela vingança, buscar o sedutor e o vai<br />
arrastar para o inferno como anunciam, à<br />
maneira <strong>do</strong>s coros trágicos, os músicos da companhia:<br />
“E que o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r não pense / que Deus<br />
castigo não traga; / o prazo s<strong>em</strong>pre se vence / e a<br />
conta s<strong>em</strong>pre se paga”.<br />
Tirso <strong>de</strong> Molina<br />
Tirso <strong>de</strong> Molina nasceu <strong>em</strong> Madrid, <strong>em</strong><br />
1579. Foi discípulo <strong>de</strong> Lope <strong>de</strong> Vega, que conheceu<br />
como estudante <strong>em</strong> Alcalá <strong>de</strong> Henares. Foi or<strong>de</strong>na<strong>do</strong><br />
sacer<strong>do</strong>te <strong>em</strong> 1606, <strong>em</strong> Tole<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>u<br />
Artes e Teologia e começou a escrever.<br />
Em 1612, ven<strong>de</strong>u um lote <strong>de</strong> três comédias, e<br />
crê-se que já tinha escrito uma primeira versão <strong>de</strong><br />
El vergonzoso en Palacio. Já então tratava t<strong>em</strong>as<br />
religiosos, e as suas sátiras e comédias já lhe<br />
tinham trazi<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>as com as autorida<strong>de</strong>s<br />
eclesiásticas.<br />
Em 1625, a Junta <strong>de</strong> Reformación, criada<br />
pelo Con<strong>de</strong>-Duque <strong>de</strong> Olivares, primeiro-ministro<br />
<strong>do</strong> rei Felipe IV <strong>de</strong> Espanha, castiga-o com a<br />
reclusão no mosteiro <strong>de</strong> Cuenca, por escrever<br />
comédias profanas “e <strong>de</strong> maus incentivos e ex<strong>em</strong>plos”,<br />
e pe<strong>de</strong> o seu <strong>de</strong>sterro e excomunhão <strong>em</strong><br />
caso <strong>de</strong> reincidência.<br />
Mas Tirso <strong>de</strong> Molina continuou a escrever<br />
e não se tomaram acções contra ele, apesar das<br />
medidas moraliza<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Con<strong>de</strong>-Duque. Entre<br />
1632 e 1639 esteve na Catalunha, on<strong>de</strong> foi<br />
nomea<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>r geral e cronista da sua Ord<strong>em</strong>;<br />
neste último cargo, cria a Historia general <strong>de</strong> la<br />
Or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> la Merced.<br />
Morreu <strong>em</strong> Almazán <strong>em</strong> 1648. Apesar <strong>de</strong><br />
apenas ter<strong>em</strong> chega<strong>do</strong> aos nossos dias cerca <strong>de</strong><br />
sessenta peças dramáticas suas (segun<strong>do</strong> o seu<br />
próprio test<strong>em</strong>unho teria escrito trezentas ou<br />
quatrocentas peças), foi um <strong>do</strong>s dramaturgos<br />
mais prolíficos <strong>do</strong> Siglo <strong>de</strong> Oro.<br />
Intérpretes Victor Madureira, Andreia Gomes,<br />
Marcelo Lafontana<br />
Tradução José Coutinhas<br />
Dramaturgia e adaptação José Coutinhas,<br />
Marcelo Lafontana<br />
Cenografia, marionetas e a<strong>de</strong>reços Luís da<br />
Silva<br />
Música original Eduar<strong>do</strong> Patriarca<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Rui Damas<br />
Língua português<br />
Duração 1h50<br />
TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />
JARDIM DE INVERNO<br />
(LISBOA)<br />
23h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />
23h00 Domingo 9
ESTA NOITE, ARSÉNICO!<br />
DE CARLO TERRON |TEATRO<br />
COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA<br />
ENCENAÇÃO DE MARIO MATTIA GIORGETTI<br />
ALMADA<br />
Um casal aparent<strong>em</strong>ente feliz, Bice e<br />
Lorenzo, vive num inferno strindbergiano. Ela é<br />
uma mulher frontal, viciada no trabalho, ninfomaníaca,<br />
que dirige uma agência funerária,<br />
enquanto que ele é um intelectual, um rato <strong>de</strong><br />
biblioteca introspectivo, sexualmente impotente<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos ataques da sua esposa.<br />
Trata-se <strong>de</strong> duas personagens simbólicas,<br />
viven<strong>do</strong> no limite, mas n<strong>em</strong> por isso completamente<br />
estranhas ao nosso Mun<strong>do</strong>. Durante os<br />
perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ócio, estabelec<strong>em</strong> o pacto <strong>de</strong> entrar<br />
num jogo que lhes permita recuperar o erotismo<br />
e a paixão extinta. Durante este duelo, algumas<br />
verda<strong>de</strong>s cruéis vêm ao <strong>de</strong> cima, assim como<br />
alguns <strong>de</strong>sejos inconfessáveis, fatias violentas <strong>de</strong><br />
vida, reprimida e negada, escondida nas profun<strong>de</strong>zas<br />
<strong>do</strong>s dias que corr<strong>em</strong>.<br />
Carlo Terron<br />
Itália t<strong>em</strong> <strong>em</strong> Carlo Terron (Verona, 1910 -<br />
Milão, 1991) o seu Anouilh <strong>do</strong> pós-guerra, e o<br />
seu comediógrafo mais actual e vital, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
Ugo Betti e Eduar<strong>do</strong> De Filippo, entre os pós-<br />
-piran<strong>de</strong>llianos.<br />
Da tragédia ao vau<strong>de</strong>ville, Terron percorreu<br />
to<strong>do</strong> o itinerário <strong>do</strong>s géneros teatrais. Deitou<br />
abaixo falsas fortalezas, com a arma <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />
gumes da ironia, alcançan<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> relevo<br />
na evolução <strong>do</strong> teatro italiano existencialista. A<br />
consciência <strong>de</strong> um pessimismo subliminar é<br />
constante, e confere espessura dramática, quiçá<br />
alusiva, a muitas das suas piadas. E todas as suas<br />
personagens a este fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> conformação pessimista<br />
opõ<strong>em</strong> a substância da própria força<br />
dramática, traduzin<strong>do</strong>-a num diálogo pleno <strong>de</strong><br />
ritmo e, muitas vezes, vibrante <strong>de</strong> divertimento<br />
malicioso.<br />
GIORGIO PULLINI<br />
Mario Mattia Giorgetti<br />
Mario Mattia Giorgetti, encena<strong>do</strong>r, actor, e<br />
director da revista Sipario, diplomou-se <strong>em</strong> 1961 no<br />
Piccolo Teatro di Milano, on<strong>de</strong> trabalhou com Giorgio<br />
Strehler. Encenou mais <strong>de</strong> sessenta peças <strong>de</strong>, entre<br />
outros, Beckett, Ionesco, Camus, Osborne, Albee,<br />
Arrabal e Molière, ten<strong>do</strong> dirigi<strong>do</strong> duas produções na<br />
Broadway. Foi director durante quatro anos <strong>do</strong> Teatro<br />
Olimpico di Vicenza. Entre 1981 e 1984 foi director<br />
artístico <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Taormina, <strong>do</strong> Festival <strong>do</strong>s<br />
Confrontos Internacionais <strong>do</strong> Espectáculo <strong>de</strong><br />
Kamarina, <strong>do</strong> Festival das Ilhas Eólias, e <strong>do</strong> Milano-<br />
-New York Festival. Dirigiu durante <strong>do</strong>is anos o Teatro<br />
<strong>de</strong>ll’Arte <strong>de</strong> Milão, e durante quatro anos o Teatro<br />
Litta, também <strong>de</strong>ssa cida<strong>de</strong>.<br />
Intépretes Alberto Quaresma e Teresa Gafeira<br />
Tradução José Colaço Barreiros<br />
Cenário Tiziana Gagliardi<br />
Assistência <strong>de</strong> encenação Sebastiana Fadda<br />
Luz José Carlos Nascimento<br />
Língua português<br />
Duração 1h20<br />
TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
RUA CONDE FERREIRA<br />
(ALMADA)<br />
21h30 Segunda 10<br />
19h00 Terça 11<br />
19h00 Quarta 12<br />
CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong><br />
31
32<br />
QUANDO DEUS QUIS UM FILHO<br />
DE ARNOLD WESKER | TEATRO<br />
ENSEMBLE – SOCIEDADE DE ACTORES<br />
ENCENAÇÃO DE CARLOS PIMENTA<br />
PORTO<br />
Joshua, professor <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ântica, é ju<strong>de</strong>u.<br />
Martha é gentia e anti-s<strong>em</strong>ita. Foram casa<strong>do</strong>s<br />
mas separaram-se. Connie, a filha <strong>de</strong>les, tenta<br />
ser comediante, mas como o seu humor é<br />
sofistica<strong>do</strong> não t<strong>em</strong> ti<strong>do</strong> muito sucesso.<br />
Regressa a casa <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> consolo, esperan<strong>do</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r o seu <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> e confuso passa<strong>do</strong>.<br />
Joshua regressa para convencer a ex-mulher a<br />
investir na sua máquina <strong>de</strong>tectora da verda<strong>de</strong><br />
através das inflecções da voz . Martha tenta mas<br />
não consegue gostar <strong>de</strong>le n<strong>em</strong> respeitá-lo.<br />
Arnold Wesker<br />
Arnold Wesker, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Londres <strong>em</strong><br />
1932, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s mais importantes<br />
autores <strong>do</strong> século XX, ten<strong>do</strong> escrito 42 peças <strong>de</strong><br />
teatro, quatro volumes <strong>de</strong> contos e <strong>do</strong>is volumes<br />
<strong>de</strong> ensaios. As suas peças encontram-se traduzidas<br />
<strong>em</strong> 17 línguas e foram representadas <strong>em</strong><br />
diversos países. No ano <strong>de</strong> 2002 Arnold Wesker<br />
celebrou o seu septuagésimo aniversário e os<br />
quarenta e cinco anos <strong>de</strong> carreira literária, ten<strong>do</strong><br />
si<strong>do</strong> arma<strong>do</strong> cavaleiro <strong>em</strong> <strong>2006</strong>.<br />
Acerca <strong>de</strong> Quan<strong>do</strong> Deus Quis um Filho, o<br />
Sunday Times escreveu: “A escrita <strong>de</strong> Wesker é<br />
fogosa e cheia <strong>de</strong> energia, conduzin<strong>do</strong> a sensações<br />
<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras paixão e pieda<strong>de</strong>”. O The<br />
Guardian referiu-se à peça da seguinte forma: “As<br />
i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Wesker são intrigantes. A peça t<strong>em</strong> uma<br />
vitalida<strong>de</strong> intelectual genuína, que agarra a<br />
atenção <strong>do</strong> público e d<strong>em</strong>onstra a inquestionável<br />
energia dramática <strong>de</strong> Wesker”.<br />
Intérpretes Alexandra Gabriel, Emília Silvestre,<br />
Jorge Pinto<br />
Tradução Constança Carvalho Hom<strong>em</strong><br />
Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />
Ví<strong>de</strong>o Alexandre Azinheira<br />
Desenho <strong>de</strong> luz José Álvaro Correia<br />
Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />
Língua português<br />
Duração 1h30<br />
FÓRUM ROMEU CORREIA<br />
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA<br />
(ALMADA)<br />
19h00 Terça 11
D. JOÃO<br />
DE MOLIÈRE | TEATRO<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />
TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />
ENCENAÇÃO DE RICARDO PAIS<br />
PORTO<br />
Os cinco actos <strong>em</strong> prosa <strong>do</strong> Dom Juan<br />
foram representa<strong>do</strong>s pela primeira vez <strong>em</strong> Paris,<br />
<strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1665. Quan<strong>do</strong> estava mais<br />
acesa a polémica contra O Tartufo, Molière<br />
escolheu um t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> êxito seguro, provavelmente<br />
para evitar mais escândalos. Realmente, a<br />
anterior versão da personag<strong>em</strong> criada <strong>em</strong><br />
Espanha por Tirso <strong>de</strong> Molina (El Burla<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
Sevilla) nunca tinha levanta<strong>do</strong> os mínimos<br />
protestos por parte <strong>do</strong>s “conserva<strong>do</strong>res”, tanto<br />
espanhóis como franceses.<br />
Mas não aconteceu o mesmo a Molière,<br />
talvez porque os “<strong>de</strong>votos” seus inimigos, sentiam<br />
que ele manifestava pouco <strong>do</strong> “furor santo” que<br />
<strong>de</strong>via d<strong>em</strong>onstrar frente a esse herói libertino,<br />
que, pelo contrário, estava nimba<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma certa<br />
simpatia compreensiva. O facto é que os ataques<br />
e as polémicas suscitadas por O Tartufo se reacen<strong>de</strong>ram<br />
contra Dom Juan. Depois <strong>de</strong> apenas<br />
quinze representações, a companhia retirou Dom<br />
Juan <strong>de</strong> cartaz. A obra só voltará às cenas<br />
parisienses <strong>em</strong> 1847 e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí, o número <strong>de</strong><br />
representações mal ultrapassou as 150.<br />
Jean-Baptiste Poquelin<br />
Jean-Baptiste Poquelin, mais conheci<strong>do</strong><br />
como Molière (baptiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Paris a 15 <strong>de</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong> 1622 - 17 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1673), para além <strong>de</strong><br />
ter si<strong>do</strong> actor, encena<strong>do</strong>r e director <strong>de</strong> uma companhia,<br />
é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s mestres da comédia<br />
satírica. Teve um papel <strong>de</strong> absoluta importância na<br />
dramaturgia francesa, até então muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da t<strong>em</strong>ática da mitologia grega. Usou as suas obras<br />
para criticar os costumes da época, crian<strong>do</strong> o l<strong>em</strong>a<br />
castigat ri<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mores. É consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o funda<strong>do</strong>r,<br />
indirecto, da Comédie-Française. Dele, disse<br />
Boileau: “No saco ridículo on<strong>de</strong> se envolve Scapin,<br />
não reconheço mais o autor <strong>de</strong> O Misantropo”.<br />
Como encena<strong>do</strong>r, ficou também conheci<strong>do</strong> pelo<br />
seu rigor e meticulosida<strong>de</strong>.<br />
Intérpretes António Durães, Hugo Torres, Joana<br />
Manuel, João Castro, Jorge Mota, José Eduar<strong>do</strong><br />
Silva, Lígia Jorge, Marta Freitas, Paulo Freixinho,<br />
Pedro Almendra e Pedro Pernas, com a participação<br />
especial <strong>do</strong> clarinetista Carlos Piçarra<br />
Alves (por especial <strong>de</strong>ferência da Orquestra<br />
Nacional <strong>do</strong> Porto)<br />
Tradução Nuno Júdice<br />
Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />
Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />
Desenho <strong>de</strong> som Francisco Leal<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Nuno Meira<br />
Desenho <strong>de</strong> lutas Miguel Andra<strong>de</strong> Gomes<br />
Improvisações musicais <strong>de</strong> Carlos Piçarra<br />
Alves, sobre t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Vítor Rua, Maurice Ravel e<br />
Rahul Dev Burman<br />
Preparação vocal e elocução João Henriques<br />
Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> movimento David Santos<br />
1º assistente <strong>de</strong> encenação David Santos<br />
2º assistente <strong>de</strong> encenação João Castro<br />
A banda sonora <strong>do</strong> espectáculo inclui t<strong>em</strong>as<br />
trata<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s originais:<br />
Nodir Pare Utthchhe Dhnoa, <strong>de</strong> Rahul Dev<br />
Burman<br />
Dhanno Ki Aankhon, <strong>de</strong> Rahul Dev Burman<br />
Interpretação musical Kronos Quartet<br />
Língua português<br />
Duração 1h50<br />
TEATRO MUNICIPAL DE S.LUIZ<br />
SALA PRINCIPAL<br />
(LISBOA)<br />
21h00 Quarta 12<br />
21h00 Quinta 13<br />
21h00 Sexta 14<br />
21h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />
33
34<br />
MÃOS MORTAS<br />
DE HOWARD BARKER | TEATRO<br />
AS BOAS RAPARIGAS<br />
ENCENAÇÃO DE ROGÉRIO DE CARVALHO<br />
PORTO<br />
Um jov<strong>em</strong> t<strong>em</strong> conhecimento <strong>de</strong> que o seu<br />
pai está a morrer. Conduz furiosamente para o ver<br />
ainda vivo mas já não chega a t<strong>em</strong>po. A amante<br />
<strong>do</strong> pai mostra-lhe o quarto on<strong>de</strong> está o corpo e<br />
<strong>de</strong>ixa-o entregue à sua <strong>do</strong>r. Mais tar<strong>de</strong> aparece<br />
o seu jov<strong>em</strong> irmão. Tinha esta<strong>do</strong> presente no<br />
momento da morte mas a sua atitu<strong>de</strong> é<br />
estranhamente ambígua. Parece relutante <strong>em</strong> se<br />
comprometer com o seu irmão mais velho,<br />
que imediatamente suspeita <strong>de</strong> que ele tenha<br />
conhecimento <strong>de</strong> um segre<strong>do</strong> culpabilizante.<br />
Até que ponto é que o hom<strong>em</strong> morto<br />
planeia os seus encontros? São as acções e pensamentos<br />
<strong>do</strong>s presentes parte <strong>de</strong> um esqu<strong>em</strong>a<br />
elabora<strong>do</strong> por ele? E quais são as intenções da<br />
amante perante os filhos?<br />
Howard Barker<br />
As peças <strong>de</strong> Howard Barker (n. 1946) são<br />
construídas na pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que o teatro é uma<br />
necessida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>, um lugar para a<br />
imaginação e reflexão moral livre das exigências<br />
<strong>do</strong> realismo ou <strong>de</strong> qualquer i<strong>de</strong>ologia. Barker<br />
<strong>de</strong>screve o seu trabalho com a expressão Teatro da<br />
Catástrofe. No trabalho <strong>de</strong> Barker nenhuma tentativa<br />
é feita para satisfazer qualquer exigência<br />
da clareza ou da simplicida<strong>de</strong> ilusória <strong>de</strong> uma só<br />
mensag<strong>em</strong>; cada representação é como um<br />
<strong>de</strong>safio público no qual actores e especta<strong>do</strong>res<br />
são inspira<strong>do</strong>s a encontrar o significa<strong>do</strong> e a<br />
ressonância <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> interpretações.<br />
Especialmente no continente europeu,<br />
Barker é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores escritores <strong>do</strong><br />
teatro mo<strong>de</strong>rno. Nos últimos três anos, vinte e<br />
sete <strong>do</strong>s seus trabalhos foram representa<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
seis línguas, <strong>em</strong> países tão diversos como o<br />
Canadá, Nova Zelândia e Eslovénia.<br />
Intérpretes Maria <strong>do</strong> Céu Ribeiro, Miguel Eloy e<br />
Wagner Borges<br />
Tradução Pedro Cavaleiro<br />
Assistência <strong>de</strong> encenação Carla Miranda<br />
Dramaturgia Rogério <strong>de</strong> Carvalho e Carla<br />
Miranda<br />
Desenho <strong>de</strong> luz Jorge Ribeiro<br />
Sonoplastia Luís Aly<br />
Figurinos Ana Luena<br />
Maquilhag<strong>em</strong> Patrícia Lima<br />
Arranjo cenográfico e a<strong>de</strong>reços Cláudia<br />
Armanda<br />
Produção executiva Carla Moreira<br />
Confecção <strong>de</strong> figurinos Sr. Saldanha e Ana<br />
Maria Fernan<strong>de</strong>s<br />
Arranjo <strong>de</strong> figurino Maria Fernanda Barros<br />
Montag<strong>em</strong> e operação <strong>de</strong> luz Hugo Amaral<br />
Montag<strong>em</strong> e operação <strong>de</strong> som Luís Aly<br />
Construção e montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> cenário Manuel<br />
Pereira<br />
Construção <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços Teatro <strong>de</strong> Ferro<br />
Língua português<br />
Duração 1h35<br />
FÓRUM ROMEU CORREIA<br />
AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA<br />
(ALMADA)<br />
19h00 Quinta 13
LEITURA ENCENADA DE FREI LUÍS DE SOUSA<br />
DE ALMEIDA GARRETT<br />
EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO<br />
MUNICIPAL DE SÃO LUIZ<br />
TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />
DIRECÇÃO CÉNICA DE RICARDO PAIS<br />
PORTO<br />
Em 1999, no contexto <strong>do</strong> ciclo Exaltação,<br />
Simplificação e Louvor Lírico <strong>de</strong> Três Gran<strong>de</strong>s<br />
Autores, promov<strong>em</strong>os uma leitura encenada <strong>de</strong><br />
Frei Luís <strong>de</strong> Sousa <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a Almeida<br />
Garrett, o re-funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Teatro Português,<br />
poeta, dramaturgo e hom<strong>em</strong> público.<br />
Essas quatro récitas, no horário da tar<strong>de</strong>,<br />
praticamente só para alunos <strong>do</strong> ensino<br />
secundário, confirmaram a minha i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />
este texto – que encenei <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1978 e que<br />
José Wallenstein aqui encenou <strong>em</strong> 2001 – funciona<br />
b<strong>em</strong> melhor quan<strong>do</strong> o ouvimos ler.<br />
A versão <strong>de</strong> 1999 foi acompanhada por um<br />
programa informal on<strong>de</strong> coligimos alguns textos<br />
que continham algumas das mais evi<strong>de</strong>ntes<br />
informações sobre Garrett e Frei Luís <strong>de</strong> Sousa,<br />
b<strong>em</strong> como a sua relação com o teatro português,<br />
plasmada <strong>em</strong> alguns <strong>do</strong>cumentos funda<strong>do</strong>res da<br />
sua obstinada e programática batalha por uma<br />
regeneração da arte dramática, assente na criação<br />
<strong>de</strong> um repertório nacional e, fundamentalmente,<br />
na intransigência da <strong>de</strong>fesa da língua portuguesa.<br />
Na primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, Almeida<br />
Garrett sublinhava, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> lei, a evidência<br />
<strong>de</strong> que um Teatro Nacional também se <strong>de</strong>veria<br />
constituir numa espécie <strong>de</strong> reserva ecológica da<br />
língua. Inquietações que também partilhamos,<br />
consagradas na Lei Orgânica que nos rege <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1995, e revistas e ampliadas numa proposta<br />
enviada à tutela, no âmbito da reforma administrativa<br />
<strong>em</strong> curso, que visa transformar o TNSJ<br />
numa Entida<strong>de</strong> Pública Empresarial.<br />
RICARDO PAIS<br />
Leitores Hugo Torres Miranda, Jorge Mota, José<br />
Eduar<strong>do</strong> Silva, Lígia Roque, Marta Santos, Paulo<br />
Freixinho, Pedro Almendra Manuel e Bernar<strong>do</strong><br />
Sassetti ao piano<br />
Música Bernar<strong>do</strong> Sassetti<br />
Dispositivo cénico João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />
Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />
Luz Nuno Meira<br />
Som Francisco Leal<br />
Preparação vocal e elocução João Henriques<br />
Língua português<br />
Duração aproximada 1h40<br />
TEATRO MUNICIPAL DE SÃO LUIZ<br />
SALA PRINCIPAL<br />
(LISBOA)<br />
17h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />
17h30 Domingo 16<br />
35
36<br />
TODOS OS QUE CAEM<br />
DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />
A COMUNA – TEATRO DE PESQUISA<br />
ENCENAÇÃO DE JOÃO MOTA<br />
LISBOA<br />
Em 1956, na sequência <strong>do</strong> impacto produzi<strong>do</strong><br />
pelas sucessivas estreias, <strong>em</strong> diferentes palcos<br />
Mun<strong>do</strong> fora, <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, Beckett recebe<br />
um convite da BBC para escrever uma peça para<br />
rádio. Daí resultará All That Fall/To<strong>do</strong>s os que<br />
Ca<strong>em</strong> (Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1956, data <strong>de</strong> escrita), a sua<br />
primeira peça radiofónica e a mais extensa <strong>de</strong><br />
todas as que viria ainda a escrever para este meio<br />
<strong>de</strong> comunicação, que assinala uma estreia dramatúrgica<br />
<strong>em</strong> língua inglesa; uma vez que tanto a<br />
enjeitada Eleutheria (sua primeira peça não<br />
incluída no seu teatro completo, e conhecen<strong>do</strong><br />
apenas edição póstuma <strong>em</strong> 1995) como En<br />
Attendant Go<strong>do</strong>t e Fin <strong>de</strong> Partie, os seus três textos<br />
dramáticos inaugurais para palco, possu<strong>em</strong><br />
uma versão originária <strong>em</strong> francês. To<strong>do</strong>s os que<br />
Ca<strong>em</strong>, a mais irlan<strong>de</strong>sa das suas obras teatrais,<br />
que permite ao autor revisitar ficcionalmente<br />
lugares e personagens da sua infância <strong>em</strong><br />
Foxrock, teria ainda a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser a<br />
segunda peça <strong>de</strong> Beckett, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, a ter<br />
uma realização pública, uma vez que é transmitida<br />
pela rádio britânica <strong>em</strong> 13 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1957.<br />
Samuel Beckett<br />
Samuel Beckett nasceu <strong>em</strong> 1906 <strong>em</strong><br />
Foxrock, perto <strong>de</strong> Dublin. De família burguesa e<br />
protestante, estu<strong>do</strong>u francês e italiano no Trinity<br />
College <strong>de</strong> Dublin, foi professor <strong>em</strong> Paris,<br />
conheceu James Joyce, regressou à Irlanda <strong>em</strong><br />
1931, passou por Londres e pela Al<strong>em</strong>anha, voltou<br />
a Paris quan<strong>do</strong> rebentou a guerra e fez parte da<br />
Resistência. É no pós-guerra que vive o perío<strong>do</strong><br />
mais intenso da sua produção literária, com a<br />
escrita <strong>em</strong> francês e entre outros textos, da peça<br />
À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, <strong>de</strong> uma trilogia <strong>de</strong> romances e<br />
<strong>de</strong> quatro novelas (entre as quais Primeiro Amor).<br />
Depois começa a traduzir os seus textos para<br />
inglês e volta a escrever também nesta língua.<br />
Constrói uma obra dupla, bilingue, cada vez mais<br />
<strong>de</strong>purada. Recebe o Nobel <strong>em</strong> 1969, distribuin<strong>do</strong><br />
o dinheiro pelos amigos. Morre <strong>em</strong> Paris <strong>em</strong> 1989.<br />
Celebra-se este ano o centenário <strong>do</strong> seu nascimento.<br />
Intérpretes (ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> entrada <strong>em</strong> cena) Maria<br />
<strong>do</strong> Céu Guerra (cedida por “A Barraca”), Miguel<br />
Sermão, Hugo Franco, Álvaro Correia, João<br />
T<strong>em</strong>pera, Victor Soares, Ana Lucia Palminha, Sara<br />
Cipriano, Alexandre Lopes e Carlos Paulo<br />
Locução Luis Filipe Costa<br />
Tradução Carlos Macha<strong>do</strong> Acaba<strong>do</strong><br />
Ambiente sonoro José Pedro Caia<strong>do</strong> e Hugo<br />
Franco<br />
Desenho <strong>de</strong> luz João Mota<br />
Figurinos Carlos Paulo<br />
Guarda-roupa Mestra Fátima Ruela<br />
Feitura <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> Mrs Rooney Cecília Sousa<br />
Cartaz ROTA2<br />
Fotografia Pedro Soares<br />
Gabinete <strong>de</strong> produção Rosário Silva e Carlos<br />
Bernar<strong>do</strong><br />
Opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> luz/som Alfre<strong>do</strong> Platas<br />
Técnicos Alfre<strong>do</strong> Platas, Renato Godinho e Mário<br />
Correia<br />
Assistência geral Cr<strong>em</strong>il<strong>de</strong> Paulo, Madalena<br />
Rocha, Leonor Gama, Eduardina Sousa e<br />
Assunção.<br />
Língua português<br />
Duração 1h20<br />
TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />
RUA CONDE FERREIRA<br />
(ALMADA)<br />
16h00 Domingo 16<br />
19h00 Segunda 17
ACTOS COMPLEMENTARES
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
38<br />
EXPOSIÇÕES<br />
AFRICÂNIA<br />
JOSÉ DE GUIMARÃES<br />
EM COLABORAÇÃO COM A CASA DA CERCA - CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA<br />
José <strong>de</strong> Guimarães, um <strong>do</strong>s mais prestigia<strong>do</strong>s nomes das artes plásticas portuguesas, é o autor <strong>do</strong><br />
cartaz <strong>de</strong>ste ano <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada. Assinalan<strong>do</strong> o acontecimento, e à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> que t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />
habitual nas edições anteriores, a Casa da Cerca – Centro <strong>de</strong> Arte Cont<strong>em</strong>porânea organiza, <strong>em</strong> colaboração<br />
com o Festival <strong>de</strong> Almada, uma exposição <strong>de</strong>ste artista, que ele intitulou Africânia.<br />
A exposição t<strong>em</strong> como referencial paradigmático a universalida<strong>de</strong> mágica que José <strong>de</strong> Guimarães<br />
apreen<strong>de</strong> como alusão lúdica. Na expressão miscigenada <strong>do</strong>s seus trabalhos a noção etnográfica <strong>de</strong> uma<br />
clara ascendência africana intrinca-se com preposições <strong>de</strong> cariz europeu, <strong>em</strong> geral, e com a influência<br />
<strong>de</strong> raízes populares portuguesas <strong>em</strong> particular. A par com as obras <strong>do</strong> autor serão também expostas seis<br />
peças <strong>de</strong> Arte Africana, que no conjunto da exposição recolh<strong>em</strong>, ecoam e ampliam as ressonâncias<br />
encantatórias que habitualmente se vislumbram nas obras <strong>de</strong>ste autor.<br />
José <strong>de</strong> Guimarães<br />
José <strong>de</strong> Guimarães nasceu <strong>em</strong> Guimarães a 25 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1939. Em 1957 ingressou na<br />
Acad<strong>em</strong>ia Militar, completan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois a licenciatura <strong>em</strong> Engenharia na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1965.<br />
Nos últimos anos da década <strong>de</strong> 50 obtém bases técnicas, através <strong>de</strong> lições <strong>de</strong> pintura com Teresa <strong>de</strong><br />
Sousa, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho com Gil Teixeira Lopes e ainda <strong>de</strong> gravura na Socieda<strong>de</strong> Cooperativa <strong>de</strong> Grava<strong>do</strong>res<br />
Portugueses. Nos primeiros anos da década <strong>de</strong> sessenta dá início à criação <strong>do</strong> seu próprio código<br />
imagético, auxilia<strong>do</strong> por viagens pelos principais centros estéticos da Europa. Entre 1967 e 1974, permanece<br />
<strong>em</strong> Angola, <strong>em</strong> comissão <strong>de</strong> serviço militar, on<strong>de</strong> é influencia<strong>do</strong> pela cultura e etnografias<br />
africanas. Participa <strong>em</strong> diversas manifestações culturais polémicas e, <strong>em</strong> 1968, publica o manifesto Arte<br />
Perturba<strong>do</strong>ra. Durante esse perío<strong>do</strong>, interessa-se cada vez mais pelas artes plásticas, o que o faz participar<br />
<strong>em</strong> várias exposições <strong>de</strong> arte mo<strong>de</strong>rna, obten<strong>do</strong> o Prémio <strong>de</strong> Gravura da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luanda.<br />
Em 1967 inscreve-se no curso <strong>de</strong> Arquitectura da ESBAL e <strong>em</strong> 1968 volta a ganhar o 1º. Prémio <strong>de</strong><br />
Gravura no salão <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luanda. Torna-se um estudioso da etnografia africana,<br />
sintetizan<strong>do</strong>-a com a cultura europeia, o que conduz à criação <strong>de</strong> um ‘alfabeto’ autónomo, codifica<strong>do</strong>,<br />
para o qual muito contribui o vocabulário misterioso, necessariamente codifica<strong>do</strong>, <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> africano.<br />
José <strong>de</strong> Guimarães é um <strong>do</strong>s artistas mais pr<strong>em</strong>ia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> País e com maior visibilida<strong>de</strong> internacional. A<br />
sua obra está representada <strong>em</strong> colecções públicas e museus <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>.<br />
CASA DA CERCA - CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />
De 22 <strong>de</strong> Junho a 27 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro
EXPOSIÇÕES<br />
PEDRO CALAPEZ: ALGUNS ESTUDOS E DESENHOS<br />
PEDRO CALAPEZ<br />
A exposição que agora se apresenta para a inauguração da galeria <strong>de</strong> exposições <strong>do</strong> novo Teatro<br />
Municipal <strong>de</strong> Almada t<strong>em</strong> como ponto <strong>de</strong> partida alguns <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s que o pintor Pedro Calapez realizou<br />
no âmbito da concepção da cortina <strong>de</strong> cena <strong>de</strong>ste novo teatro. Uma selecção <strong>de</strong>sses projectos<br />
digitais materializa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> impressões <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> d<strong>em</strong>onstram as diferentes aproximações que o<br />
artista experimentou até <strong>de</strong>cidir, <strong>em</strong> colaboração com os arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José<br />
Vieira, qual o eleito para ser amplia<strong>do</strong>. Igualmente se mostram alguns <strong>de</strong>senhos a pastel <strong>de</strong> óleo sobre<br />
papel, realiza<strong>do</strong>s posteriormente à execução da cortina, e que revelam como esses primeiros estu<strong>do</strong>s se<br />
inclu<strong>em</strong> na produção plástica <strong>do</strong> pintor. Achou-se igualmente interessante revelar aos visitantes alguns<br />
testes <strong>de</strong> cor à escala natural, permitin<strong>do</strong> assim a visualização <strong>do</strong> <strong>de</strong>senho da cortina a uma distância<br />
que normalmente não lhes é acessível.<br />
Pedro Calapez<br />
Pedro Calapez nasceu <strong>em</strong> Lisboa (1953), on<strong>de</strong> vive e trabalha. Ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> engenharia<br />
civil, transferiu-se para a Escola <strong>de</strong> Belas Artes <strong>de</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1976, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter frequenta<strong>do</strong> o Curso <strong>de</strong><br />
Formação Artística da Socieda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Belas Artes. Enquanto frequentou Belas Artes trabalhou<br />
como fotógrafo profissional até lhe ser possível <strong>de</strong>dicar-se <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> intensivo à pintura (a partir <strong>de</strong><br />
1985). Entre 1986 e 1998 foi professor no Ar.Co, Lisboa, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> responsável pelos <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senho e <strong>de</strong> pintura. Começou a participar <strong>em</strong> exposições ainda nos anos 70, ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> a sua<br />
primeira exposição individual <strong>em</strong> 1982. Des<strong>de</strong> aí t<strong>em</strong> exposto individualmente tanto <strong>em</strong> Portugal<br />
(Fundação Gulbenkian, Museu <strong>do</strong> Chia<strong>do</strong>, Galeria Presença, no Porto, etc.) como no estrangeiro (Roma,<br />
Paris, Cáceres, Witten e Valência). Colectivamente, esteve representa<strong>do</strong> nas Bienais <strong>de</strong> Veneza (1986) e S.<br />
Paulo (1987 e 1991).<br />
Realizou igualmente cenografias para espectáculos, assim como executou diversas obras públicas,<br />
ten<strong>do</strong> projecta<strong>do</strong> uma praça para a Expo ‘98 e um painel cerâmico para o Metropolitano <strong>de</strong> Lisboa. Está<br />
representa<strong>do</strong> <strong>em</strong> diversas colecções públicas e privadas.<br />
Pedro Calapez é também o cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> painel Nove cenas para um teatro (2005), que realizou<br />
expressamente para o foyer <strong>do</strong> Teatro Municipal <strong>de</strong> Almada.<br />
Recebeu, entre outros, o prémio União Latina <strong>em</strong> 1990, o Prémio <strong>de</strong> Desenho da Fundació Pilar i<br />
Joan Miró, <strong>de</strong> Mallorca, <strong>em</strong> 1995 e o Prémio “Ciutat <strong>de</strong> Palma”, Palma <strong>de</strong> Mallorca, <strong>em</strong> 1999. No ano<br />
passa<strong>do</strong> foi o primeiro estrangeiro a receber o Prémio Nacional <strong>de</strong> Arte Gráfica, <strong>em</strong> Espanha, e este ano<br />
recebeu o Prémio da Associação Nacional <strong>de</strong> Críticos <strong>de</strong> Arte.<br />
GALERIA DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />
De 1 a 31 <strong>de</strong> Julho e <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
39
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
40<br />
EXPOSIÇÕES<br />
ANTÓNIO LAGARTO: OLHARES CENOGRÁFICOS<br />
ANTÓNIO LAGARTO<br />
De António Lagarto, um <strong>do</strong>s mais conceitua<strong>do</strong>s cenógrafos portugueses, o Festival <strong>de</strong> Almada apresenta<br />
um conjunto <strong>de</strong> cenografias e figurinos <strong>de</strong> diferentes espectáculos <strong>de</strong> teatro, dança, ballet e ópera, realiza<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong> Portugal e no estrangeiro, ao longo <strong>de</strong> uma carreira <strong>de</strong> 27 anos.<br />
Dos seus últimos trabalhos <strong>de</strong>stacam-se Me<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s e A Mais Velha Profissão, (ambos encena<strong>do</strong>s<br />
por Fernanda Lapa), no Teatro Nacional D. Maria II. Este último foi distingui<strong>do</strong> com o Globo <strong>de</strong> Ouro 2005,<br />
para Melhor Espectáculo. A propósito <strong>do</strong> espaço cénico, por si cria<strong>do</strong>, da Castro <strong>de</strong> António Ferreira, encenação<br />
<strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> Pais, no T.N.S. João (2003), Alexandre Alves Costa (arquitecto) afirmou: “...paisagens que já são a<br />
tragédia <strong>em</strong> si...”.<br />
António Lagarto<br />
Cenógrafo, figurinista e artista plástico. É Licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> escultura pela St. Martin’s School of Art, frequentou<br />
a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura <strong>de</strong> Lisboa e é Mestre <strong>em</strong> Environmental Media pelo Royal College of<br />
Art <strong>de</strong> Londres.<br />
Foi Director Artístico <strong>do</strong> Teatro Nacional D. Maria II (2004 e 2005) e subdirector, <strong>de</strong> 1989 a 1993. Foi<br />
director <strong>do</strong> Festival Internacional <strong>de</strong> Teatro – FIT (Lisboa), <strong>de</strong> 1990 a 1995.<br />
Os seus trabalhos têm abrangi<strong>do</strong> as áreas <strong>de</strong> fotografia, filme, <strong>de</strong>sign gráfico, ilustração e arquitectura<br />
<strong>de</strong> interior. Colaborou com o arquitecto inglês Nigel Coates <strong>em</strong> diversos projectos, entre 1975 e 1981.<br />
O seu trabalho t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> nos Teatros Nacionais (S. Carlos, D. Maria II e S. João), no Ballet<br />
Gulbenkian, no Centro Cultural <strong>de</strong> Belém, no Sadler’s Wells, no Traverse Theatre (Edimburgo), na Ópera <strong>de</strong><br />
Turim, no Teatro Maria Guerrero (Madrid) e no SESC <strong>em</strong> São Paulo, entre outros.<br />
Para a Ópera <strong>de</strong> Paris – Palais Garnier e Bastille, criou os cenários <strong>de</strong> A Viúva Alegre, <strong>de</strong> Franz Léhar, encenação<br />
<strong>de</strong> Jorge Lavelli, transmitida pelo canal Arte. Trabalhou para encenações <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> Pais, Jorge Lavelli,<br />
Alain Ollivier, Maria Emília Correia, Nuno Carinhas, Cornélia Géiser, João Grosso, Fernanda Lapa, Carlos<br />
Pimenta, e Cândida Vieira e para coreografias <strong>de</strong> Robert Cohan, Vasco Wellenkamp, Olga Roriz, Ted Brandson,<br />
Paulo Ribeiro, John Cranko e Georges Garcia.<br />
Recebeu vários prémios, <strong>de</strong> entre os quais se <strong>de</strong>stacam o Prémio da Associação Portuguesa <strong>de</strong> Críticos<br />
<strong>de</strong> Teatro (1987), e os Prémios Garrett 87 e 89. Da sua programação 2005, no T. N. D. Maria II, foram ainda<br />
distingui<strong>do</strong>s com os outros 2 Globos <strong>de</strong> Ouro, para Teatro: Luísa Cruz (Melhor Actriz) e João Grosso (Melhor Actor).<br />
Participou <strong>em</strong> exposições no Museu <strong>de</strong> Serralves, no CCB, na Galeria Luís Serpa, nas ExperimentaDesign<br />
2005 e 1999, na Alternativa Zero (1977) e galerias <strong>em</strong> Londres, Nova Iorque, Florença e Milão - Portugal<br />
1990/2004, Arquitectura e Design (na galeria da Triennale).<br />
AGRADECIMENTOS AO TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO | MUSEU DE SERRALVES | INSTITUTO DAS<br />
ARTES<br />
SALA POLIVALENTE DA ESCOLA D.ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA)<br />
De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho
EXPOSIÇÕES<br />
OBSERVATÓRIO DAS ACTIVIDADES CULTURAIS OAC -<br />
EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL<br />
EXPOSIÇÃO COMISSARIADA POR FERNANDO FILIPE<br />
O Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais, cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1996, celebra este ano <strong>de</strong>z<br />
anos <strong>de</strong> existência. Reconhecen<strong>do</strong> o importante papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha<strong>do</strong> por esta instituição no <strong>de</strong>curso da<br />
última década, e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a chamar a atenção para a imprescindibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pesquisa e estu<strong>do</strong> sobre os fenómenos artísticos, o Festival <strong>de</strong> Almada escolheu o OAC como alvo da<br />
habitual homenag<strong>em</strong> que to<strong>do</strong>s os anos promove a figuras ou entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo no meio teatral. A<br />
exposição sobre o Observatório inclui informações e <strong>do</strong>cumentos que permitirão ao público um maior<br />
conhecimento da acção <strong>de</strong>senvolvida por esta associação.<br />
O Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais é uma associação s<strong>em</strong> fins lucrativos e t<strong>em</strong> como funda<strong>do</strong>res<br />
o Ministério da Cultura, o Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e o Instituto<br />
Nacional <strong>de</strong> Estatística. T<strong>em</strong> como Presi<strong>de</strong>nte a Professora Doutora Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Lima <strong>do</strong>s Santos,<br />
investiga<strong>do</strong>ra coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ISC – UL. A comissão integra os Professores Doutores António Firmino<br />
da Costa (ISCTE), José Macha<strong>do</strong> Pais (ICS – UL) e José Madureira Pinto (FEUP).<br />
Os vogais <strong>do</strong> Conselho Directivo são os Drs. António Berbeira Moniz (MC), António Martinho Novo (ICS –<br />
UL), José Farrajota Leal (INE), Leonor Pereira (NE) e, pelo Observatório, Rui Telmo Gomes e José Soares Neves.<br />
ESCOLA D.ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA)<br />
De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho.<br />
ALGUMAS DE ENTRE NÓS<br />
EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM O LE MONDE DIPLOMATIQUE<br />
Algumas <strong>de</strong> entre nós é o título da exposição e também o nome <strong>de</strong> um colectivo <strong>de</strong> mulheres da<br />
Maison <strong>de</strong>s Tilleuls, <strong>em</strong> Blanc-Mesnil (Seine Saint-Denis).<br />
O colectivo é constituí<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong> diversas nacionalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, que<br />
<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto uma reflexão sobre o seu lugar na socieda<strong>de</strong>, enquanto mulheres. Como se<br />
po<strong>de</strong> hoje viver com uma dupla nacionalida<strong>de</strong>? Como cruzar os itinerários da vida? Como ser mais fortes<br />
face à injustiça e à discriminação?<br />
A exposição nasceu <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> criar colectivamente um verda<strong>de</strong>iro diálogo com mulheres <strong>do</strong><br />
Afeganistão, da Palestina e <strong>do</strong> Líbano, com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir as imagens e os estereótipos que<br />
os media nos <strong>de</strong>volv<strong>em</strong>, e <strong>de</strong> encontrar o que nos torna, <strong>em</strong> qualquer la<strong>do</strong> <strong>em</strong> que vivamos, s<strong>em</strong>elhantes.<br />
A pergunta é: “como ser daqui e <strong>do</strong>utro sítio?”.<br />
A exposição constitui o compl<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate Ser daqui e <strong>do</strong>utro la<strong>do</strong> – Subúrbios <strong>em</strong> França e<br />
Portugal, organiza<strong>do</strong> este ano no âmbito <strong>do</strong>s Encontros da Cerca.<br />
FOYER DO TEATRO MUNICIPAL DA RUA CONDE DE FERREIRA (ALMADA)<br />
De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
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ACTOS COMPLEMENTARES<br />
42<br />
EXPOSIÇÕES<br />
BECKETT: SEM ANOS<br />
EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM A REVISTA DE TEATRO ITALIANA SIPARIO E COM A<br />
FONDAZIONE DI TEATRO ITALIANO - CARLO TERRON<br />
Rinasce Beckett foi o título da exposição organizada pela revista <strong>de</strong> teatro Sipario, <strong>em</strong> Itália, a<br />
propósito <strong>do</strong> centenário <strong>de</strong> Beckett, e que o Festival <strong>de</strong> Almada traz a Portugal, com a colaboração da<br />
Fondazione di Teatro Italiano – Carlo Terron.<br />
A obra <strong>de</strong> Beckett, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Dublin <strong>em</strong> 1906, é geralmente consi<strong>de</strong>rada como uma das mais<br />
importantes <strong>do</strong> século XX e a sua influência sobre o teatro <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> não t<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> crescer,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua morte, <strong>em</strong> 1989.<br />
Tanto a obra teatral como a romanesca test<strong>em</strong>unham, <strong>em</strong> Beckett, a mesma visão essencial, a nu<strong>de</strong>z<br />
da linguag<strong>em</strong>, ou mais exactamente, da palavra, que <strong>de</strong>screve com crueza a condição humana. É esta<br />
visão que dá aos seus textos, ao mesmo t<strong>em</strong>po, a sua verda<strong>de</strong> universal e um <strong>de</strong>spojamento quase<br />
abstracto. A sua t<strong>em</strong>ática é aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong>pre a mesma, aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong>pre repetitiva: o t<strong>em</strong>po<br />
humano, a espera, o quotidiano, a solidão, a alienação, a morte, a não comunicação, a vagabundag<strong>em</strong>,<br />
o fracasso ou — às vezes — a esperança, a recordação, o <strong>de</strong>sejo.<br />
As personagens <strong>de</strong> Beckett não têm história, n<strong>em</strong> passa<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> psicologia. São, sobretu<strong>do</strong>, vozes:<br />
vozes <strong>de</strong> toda a gente, voz <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, <strong>do</strong>s homens, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os homens.<br />
FOYER DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />
De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho
EXPOSIÇÕES<br />
IBSEN: EXPOSIÇÃO TEMÁTICA<br />
EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM OS ARTISTAS UNIDOS<br />
E COM O APOIO DA REAL EMBAIXADA DA NORUEGA EM LISBOA<br />
A propósito da estreia da peça A Mata, pelos Artistas Uni<strong>do</strong>s, que assinala a estreia <strong>em</strong> Portugal <strong>do</strong><br />
dramaturgo norueguês cont<strong>em</strong>porâneo Jesper Halle, aquela companhia apresenta, <strong>em</strong> colaboração com a<br />
Embaixada da Noruega e o Festival <strong>de</strong> Almada, uma exposição constituída por <strong>de</strong>z posters alusivos ao<br />
teatro <strong>de</strong> Ibsen, o gran<strong>de</strong> dramaturgo da Noruega, que foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> teatro mo<strong>de</strong>rno.<br />
Henrik Ibsen<br />
Henrik Ibsen (Skien, 1828 - Oslo, 1916), dramaturgo e poeta norueguês, é o principal representante<br />
da literatura escandinava <strong>do</strong> século XIX, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> toda a sua vida ao teatro como director e autor.<br />
Filho <strong>de</strong> um comerciante arruina<strong>do</strong>, aos vinte anos já tinha escrito a sua primeira peça. Em 1851 foi<br />
nomea<strong>do</strong> director <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> Bergen e adquiriu uma gran<strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> com a vida teatral.<br />
A sua obra conheceu bruscos altos e baixos <strong>de</strong> êxito e fracasso e, no final da sua vida, Ibsen alcançou a<br />
glória e o reconhecimento <strong>do</strong>s seus cont<strong>em</strong>porâneos.<br />
Há <strong>do</strong>is t<strong>em</strong>as constantes no teatro <strong>de</strong> Ibsen: a vocação individual e o combate s<strong>em</strong> tréguas <strong>de</strong><br />
forças opostas para formar o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>. A sua forte personalida<strong>de</strong> manifesta-se <strong>em</strong> dramas<br />
históricos basea<strong>do</strong>s <strong>em</strong> lendas vikings (O Túmulo <strong>do</strong> Guerreiro), obras <strong>de</strong> t<strong>em</strong>a clássico (Impera<strong>do</strong>r e<br />
Galileu), teatro social (Um Inimigo <strong>do</strong> Povo) e simbólico (Bygmester Solness), dramas psico-i<strong>de</strong>ológicos<br />
(Casa <strong>de</strong> Bonecas, O Pato Selvag<strong>em</strong>, Espectros) e t<strong>em</strong>as fantásticos (Peer Gynt).<br />
FOYER DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />
De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
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ACTOS COMPLEMENTARES<br />
44<br />
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
ENCONTROS DA CERCA<br />
SER DAQUI E DOUTRO LADO: SUBÚRBIOS EM FRANÇA<br />
E PORTUGAL<br />
ORGANIZADO EM COLABORAÇÃO COM O LE MONDE DIPLOMATIQUE<br />
Os recentes acontecimentos <strong>em</strong> Paris, que alastraram, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, à França no seu conjunto,<br />
vieram colocar na primeira linha da atenção da opinião pública as circunstâncias que envolv<strong>em</strong> a vida<br />
quotidiana nos aglomera<strong>do</strong>s urbanos das periferias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, a exclusão, uma<br />
cultura <strong>de</strong> guetto que <strong>de</strong>corre da não-integração nas socieda<strong>de</strong>s das massas migrantes, o próprio sist<strong>em</strong>a<br />
económico regi<strong>do</strong> exclusivamente por valores <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, que vê as pessoas como merca<strong>do</strong>rias —<br />
to<strong>do</strong>s estes factores contribu<strong>em</strong> para um mal-estar social que <strong>de</strong> dia para dia se agudiza. As respostas<br />
baseadas na força não resolv<strong>em</strong>, naturalmente, o probl<strong>em</strong>a, cujas raízes são complexas. Em França, como<br />
<strong>em</strong> Portugal e <strong>em</strong> toda a Europa, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento já não consegue escon<strong>de</strong>r as suas feridas.<br />
O Festival <strong>de</strong> Almada, ao organizar este colóquio <strong>em</strong> colaboração com o Le Mon<strong>de</strong> Diplomatique,<br />
quer l<strong>em</strong>brar que o teatro (e, por maioria <strong>de</strong> razões, aquele que se faz na periferia) não po<strong>de</strong> alhear-se<br />
<strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>.<br />
Participantes<br />
Aniceto Macha<strong>do</strong>, sociólogo<br />
Flora Espanca, <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> Apoio às Comunida<strong>de</strong>s Imigrantes (Ministério da Administração Interna)<br />
Marina da Silva, jornalista<br />
Representante da Associação Moinho da Juventu<strong>de</strong><br />
Representante <strong>do</strong> Colectif <strong>de</strong>s F<strong>em</strong>mes <strong>de</strong> Tilleuls<br />
CASA DA CERCA – CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />
Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 10h30
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
ENCONTROS DA CERCA<br />
OUTRO ISLÃO, OUTRO OCIDENTE<br />
ORGANIZADO EM COLABORAÇÃO COM O INSTITUTO INTERNACIONAL DE TEATRO DO MEDITERRÂNEO<br />
Dentro <strong>do</strong> discurso que t<strong>em</strong> alimenta<strong>do</strong> as mesas-re<strong>do</strong>ndas organizadas pelo IITM <strong>em</strong> colaboração<br />
com o Festival <strong>de</strong> Almada, parece-nos que seria importante interrogarmo-nos sobre os possíveis<br />
caminhos <strong>de</strong> encontro entre o Oci<strong>de</strong>nte e o Islão, no momento <strong>em</strong> que muitos pensam que a sua confrontação<br />
bélica é o sinal <strong>de</strong> uma época que ainda vai durar muito t<strong>em</strong>po. Talvez o probl<strong>em</strong>a esteja no<br />
conflito entre duas interpretações diferenciadas <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong> Islão. Interpretações <strong>em</strong> boa medida<br />
opostas e que, não obstante, contam com os respectivos percursos e articula<strong>do</strong>s pensamentos.<br />
Mas talvez, uma vez mais, a batalha esteja a ser travada no campo <strong>do</strong> pensamento entre duas formas<br />
que se enfrentam no interior <strong>de</strong> cada uma das partes: a que continua pon<strong>do</strong> ênfase na incompatibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> duas civilizações, e a que perspectiva <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista histórico os seus postula<strong>do</strong>s,<br />
para concluir que uma outra história os tornaria distintos.<br />
Participantes<br />
José Monleón, dramaturgo, ensaísta e professor universitário<br />
David Ladra, ensaísta e professor universitário<br />
António Borges Coelho, historia<strong>do</strong>r<br />
Cláudio Torres, arqueólogo<br />
Representante da Comunida<strong>de</strong> Islâmica Portuguesa<br />
CASA DA CERCA – CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />
Sába<strong>do</strong>, dia 15 <strong>de</strong> Julho, pelas 10h30<br />
JOSÉ MONLEÓN<br />
DIRECTOR DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE TEATRO DO MEDITERRÂNEO<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
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ACTOS COMPLEMENTARES<br />
46<br />
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
ENCONTRO COM BERNARD SOBEL<br />
Bernard Sobel é a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um cria<strong>do</strong>r culto, rigoroso e brilhante. É também um gran<strong>de</strong> anima<strong>do</strong>r<br />
e um intelectual que pensa e age com uma energia surpreen<strong>de</strong>nte. A sua obra está ligada ao<br />
Théâtre <strong>de</strong> Genevilliers, um Centro Dramático Nacional da maior importância na história <strong>do</strong> teatro<br />
francês (vi<strong>de</strong> biografia na página 9).<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />
Sexta, dia 7 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />
O MÉTODO DE TRABALHO DE ELS JOGLARS,<br />
O PROCESSO DE CRIAÇÃO<br />
Albert Boa<strong>de</strong>lla, escritor, dramaturgo, encena<strong>do</strong>r, cenógrafo, actor e professor, fun<strong>do</strong>u <strong>em</strong> 1961 a<br />
companhia Els Joglars, que continua a dirigir. Estu<strong>do</strong>u no Institut <strong>de</strong> Teatre <strong>de</strong> Barcelona e no Centre<br />
Dramatique <strong>de</strong> l’Est – Théâtre National <strong>de</strong> Strasbourg. Muitas das suas encenações causaram enormes<br />
polémicas, com processos judiciais, <strong>de</strong>bates políticos e, inclusive, atenta<strong>do</strong>s contra a companhia.<br />
Em 1978, por causa <strong>do</strong> seu espectáculo La Torna, foi acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> injúrias ao exército e preso: evadiu-se<br />
<strong>de</strong> forma espectacular e exilou-se <strong>em</strong> França. Uma parte <strong>do</strong> grupo foi também encarcerada, após<br />
ter si<strong>do</strong> julgada <strong>em</strong> conselho <strong>de</strong> guerra.<br />
As obras <strong>do</strong>s Joglars, satíricas, trágicas e cómicas, <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> da criação <strong>de</strong> um estilo pessoal, que<br />
consegue um espectacular índice <strong>de</strong> audiências. A mistura <strong>de</strong> investigação e popularida<strong>de</strong> permitiu a<br />
gran<strong>de</strong> implantação social das suas obras <strong>em</strong> Espanha, garantin<strong>do</strong> a total in<strong>de</strong>pendência da companhia.<br />
Boa<strong>de</strong>lla t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> actor, director e guionista <strong>de</strong> diversas séries <strong>de</strong> televisão, actor e realiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />
cin<strong>em</strong>a. É autor <strong>de</strong> diversos livros, o último <strong>do</strong>s quais, Franco y yo, foi um best-seller <strong>em</strong> Espanha.<br />
Os seus espectáculos têm si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s na maioria <strong>do</strong>s países europeus, Esta<strong>do</strong>s-Uni<strong>do</strong>s e<br />
América Latina.<br />
A sua obra teatral foi recent<strong>em</strong>ente reunida <strong>em</strong> <strong>do</strong>is volumes publica<strong>do</strong>s pelo Institut d’ediciones.<br />
É professor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1969 <strong>do</strong> Institut <strong>de</strong> Teatre <strong>de</strong> Barcelona.<br />
Els Joglars é um caso único e inimitável <strong>de</strong> teatro na Europa. Boa<strong>de</strong>lla, um pensa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sconcertante<br />
e um humorista impie<strong>do</strong>so, é uma das personalida<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>stacadas <strong>do</strong> teatro espanhol.<br />
TEATRO NACIONAL D. MARIA II (LISBOA)<br />
Domingo, dia 16 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h00
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
BECKETT HOJE<br />
Além <strong>do</strong>s espectáculos programa<strong>do</strong>s e da exposição <strong>do</strong>cumental, a com<strong>em</strong>oração <strong>do</strong> centenário<br />
<strong>do</strong> nascimento <strong>de</strong> Beckett integra também um <strong>de</strong>bate sobre a figura e a obra <strong>do</strong> dramaturgo irlandês.<br />
No <strong>de</strong>bate participam representantes <strong>de</strong> todas as criações <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> Beckett no Festival <strong>de</strong> Almada.<br />
Participantes<br />
Giulia Lazzarini, protagonista <strong>de</strong> Os Dias Felizes<br />
Francisco Luís Parreira, dramaturgo e tradutor <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />
Macha<strong>do</strong> Acaba<strong>do</strong>, tradutor <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s os que Ca<strong>em</strong><br />
Miguel Seabra, encena<strong>do</strong>r <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />
FÓRUM ROMEU CORREIA | SALA PABLO NERUDA (ALMADA)<br />
Quarta, dia 11 <strong>de</strong> Julho, pelas 18h30<br />
PORTO. TEATRO. <strong>2006</strong><br />
ORGANIZADO EM CONJUNTO COM O TEATRO MUNICIPAL S. LUIZ<br />
A propósito da apresentação <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> S. João e <strong>de</strong> mais três companhias <strong>do</strong> Porto,<br />
o Festival organiza um <strong>de</strong>bate sobre a situação actual <strong>do</strong> teatro naquela cida<strong>de</strong>. Na última década a<br />
activida<strong>de</strong> teatral no Porto registou um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
aproximaram a segunda cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> País <strong>do</strong> espaço europeu e colocaram-na na primeira linha da<br />
criação teatral entre nós.<br />
O êxito <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> não significa, naturalmente, a inexistência <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as — sen<strong>do</strong><br />
a escassez <strong>de</strong> apoios, provavelmente, o mais agu<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles.<br />
Participantes<br />
José Luís Ferreira, director <strong>do</strong> PONTI<br />
Nuno Car<strong>do</strong>so, director <strong>do</strong> Auditório Nacional Carlos Alberto<br />
Ricar<strong>do</strong> Pais, director <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> S. João<br />
Representante da <strong>Companhia</strong> As Boas Raparigas<br />
Representante da <strong>Companhia</strong> Ens<strong>em</strong>ble - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Actores<br />
TEATRO MUNICIPAL S. LUIZ | JARDIM DE INVERNO (LISBOA)<br />
Sexta, dia 14 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h00<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
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ACTOS COMPLEMENTARES<br />
48<br />
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
CONVERSAS NA ESPLANADA<br />
Como habitualmente, realizam-se na Esplanada da Escola D. António da Costa encontros com personalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> teatro ligadas ao Festival <strong>de</strong> Almada.<br />
O TEATRO URBANO<br />
Com Christiane Jatahy<br />
Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />
O TEATRO DA NARRATIVA ORAL<br />
Com Quico Cadaval<br />
Domingo, dia 9 <strong>de</strong> Julho, pelas 23h30<br />
CARLO TERRON E O TEATRO ITALIANO*<br />
Com Mario Mattia Giorgetti<br />
Terça, dia 10 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />
DANÇA E INTERVENÇÃO SOCIAL<br />
Com Tino Fernán<strong>de</strong>z<br />
Sába<strong>do</strong>, dia 15 <strong>de</strong> Julho, pelas 23h30<br />
DANÇAS TRADICIONAIS EM ÁFRICA<br />
Com o grupo N´Diengoz<br />
Terça, dia 18 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />
*NOTA: Este colóquio <strong>de</strong>correrá no foyer <strong>do</strong> Teatro Municipal <strong>de</strong> Almada (Rua Con<strong>de</strong> Ferreira) logo<br />
após a estreia <strong>de</strong> Esta Noite, Arsénico!.
COLÓQUIOS E DEBATES<br />
LANÇAMENTO DO Nº17 DA REVISTA DOS ARTISTAS<br />
UNIDOS: OS TEATROS QUE VÊM DA NORUEGA<br />
Na sequência da sua participação no Festival <strong>de</strong> Almada os Artistas Uni<strong>do</strong>s lançam o número 17<br />
da sua revista, intitulada Teatros que vêm da Noruega, que inclui seis peças <strong>de</strong> teatro <strong>de</strong> cinco autores:<br />
Como um Trovão <strong>de</strong> Niels Fredrik Dahl, A Mata <strong>de</strong> Jesper Halle, Peça Alter Nativa e Ifigénia <strong>de</strong> Finn<br />
Iunker, Hom<strong>em</strong> S<strong>em</strong> Rumo <strong>de</strong> Arne Lygre e Frank <strong>de</strong> Maria Tryti Vennerøds, que será lida pelo elenco <strong>do</strong>s<br />
Artistas Uni<strong>do</strong>s, com a presença da autora. A revista contém ainda artigos <strong>de</strong> análise das peças publicadas,<br />
por Therese Bjørneboe e IdaLou Larsen.<br />
Maria Tryti Vennerøds<br />
Maria Tryti Vennerøds nasceu <strong>em</strong> 1978 e vive na Noruega. A sua peça Frank ganhou o Primeiro<br />
Prémio <strong>de</strong> Competição Escandinava, no Centésimo Aniversário da In<strong>de</strong>pendência da Noruega. Esta peça<br />
foi representada pela primeira vez <strong>em</strong> 2005 no Norwegian Theatre. Em 2005 recebeu também o Prémio<br />
Ibsen pela peça Dama I Kuka. A maioria das suas peças foram representadas na Noruega. Em 2000,<br />
estreou-se na encenação com o espectáculo Meir, da sua autoria, activida<strong>de</strong> que repetiu <strong>em</strong> 2004 com<br />
O Serviço <strong>de</strong> Harold Pinter no Rock Club Mono <strong>de</strong> Oslo.<br />
NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />
(SALA EXPERIMENTAL)<br />
Quinta, dia 6 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h30<br />
LEITURA DE BREVES TEXTOS PARA A LIBERDADE<br />
DE JOÃO MEIRELES<br />
João Meireles<br />
João Meireles t<strong>em</strong> o curso <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Formação, Investigação e Criação Teatral. El<strong>em</strong>ento <strong>do</strong><br />
Teatro Universitário <strong>de</strong> Évora on<strong>de</strong> trabalhou com Luís Varela, Fernan<strong>do</strong> Mora Ramos, Manuel Borralho.<br />
Trabalhou <strong>de</strong>pois com Ávila Costa (Cantina Velha), A<strong>do</strong>lfo Gutkin (Instituto <strong>de</strong> Formação, Investigação e<br />
Criação Teatral) Al<strong>do</strong>na Skiba-Lickel, Marina Albuquerque, Carlo Damasco, José António Pires e Camélia<br />
Michel. Com o Pogo Teatro colabora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 <strong>em</strong> Complexo Titanic (encenação <strong>de</strong> Ruy Otero), Sent,<br />
Mainstream, Play Pause e nos ví<strong>de</strong>os Handicap, Naif, Road Movie e Zap Splat. No cin<strong>em</strong>a participou<br />
<strong>em</strong> António, Um Rapaz <strong>de</strong> Lisboa <strong>de</strong> Jorge Silva Melo e A Drogaria, <strong>de</strong> Elsa Bruxelas.<br />
TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA | RUA CONDE FERREIRA<br />
(SALA VIRGÍLIO MARTINHO)<br />
Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h30<br />
ACTOS COMPLEMENTARES<br />
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