15.06.2013 Views

PROGRAMA do FESTIVAL 2006 em formato PDF - Companhia de ...

PROGRAMA do FESTIVAL 2006 em formato PDF - Companhia de ...

PROGRAMA do FESTIVAL 2006 em formato PDF - Companhia de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

04<br />

UM GRANDE ESPELHO - <strong>2006</strong><br />

B<strong>em</strong>-vin<strong>do</strong>s ao 23º Festival Internacional <strong>de</strong> Teatro.<br />

Há vinte e três anos que se realiza, ininterruptamente, <strong>em</strong> Almada esta Festa <strong>do</strong> Teatro.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma organização invulgar, conhecida e reconhecida por especialistas, observa<strong>do</strong>res<br />

nacionais e estrangeiros, atentos e conhece<strong>do</strong>res. Sólida <strong>em</strong> saber e responsabilida<strong>de</strong>, a organização <strong>do</strong><br />

Festival assenta sobretu<strong>do</strong> numa enorme competência e amor ao teatro, e numa relação institucional <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> compreensão e respeito mútuos entre a Câmara Municipal e a <strong>Companhia</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Almada.<br />

Sentimo-nos felizes e orgulhosos pelo caminho feito, por termos sabi<strong>do</strong>, conjuntamente, vencer<br />

dificulda<strong>de</strong>s e com entusiasmo erguer, ano após ano, este gran<strong>de</strong> projecto cultural que ambicionamos<br />

s<strong>em</strong>pre melhor.<br />

À <strong>Companhia</strong> <strong>de</strong> Teatro <strong>de</strong> Almada, principal responsável pela organização <strong>do</strong> Festival, e <strong>em</strong> particular<br />

ao seu Director Joaquim Benite e ao Director Adjunto Vítor Gonçalves, as felicitações pelo seu<br />

trabalho, pelo seu engenho e arte, pon<strong>do</strong> <strong>de</strong> pé uma festa que, <strong>em</strong> cada edição, alcança s<strong>em</strong>pre um novo<br />

êxito.<br />

Porque esta festa constitui um gran<strong>de</strong> espelho que nos encanta, reflectin<strong>do</strong> as diferentes sensibilida<strong>de</strong>s<br />

artísticas, culturais e estéticas que os actores, autores, técnicos e outros profissionais nos<br />

traz<strong>em</strong> das quatro partidas <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />

Além disso, este ano o Festival <strong>de</strong> Almada, oferece também ao mun<strong>do</strong> das artes, ao público fiel <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> duas décadas, a to<strong>do</strong>s quantos directa ou indirectamente o vão acompanhar, um novo palco,<br />

mo<strong>de</strong>rno e excepcionalmente b<strong>em</strong> apetrecha<strong>do</strong> – o novo Teatro Municipal.<br />

É o corolário <strong>de</strong> um trabalho persistente <strong>de</strong> quase três décadas <strong>em</strong> que a Cultura, a Educação e a<br />

Arte têm si<strong>do</strong> pilares fundamentais <strong>do</strong> projecto autárquico que Almada se orgulha <strong>de</strong> protagonizar.<br />

De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho vamos apreciar <strong>em</strong> palco realida<strong>de</strong>s culturais e sociais muito distintas, representadas<br />

por <strong>Companhia</strong>s Portuguesas e outras que chegam até nós vindas <strong>de</strong> países como Brasil,<br />

Espanha, França, Bélgica, Itália, Colômbia, República Checa, Reino Uni<strong>do</strong> e Senegal.<br />

A todas as <strong>Companhia</strong>s <strong>de</strong> Teatro e ao público <strong>do</strong> Festival <strong>2006</strong>, <strong>de</strong>sejo uma boa estadia entre<br />

nós. Sejam muito b<strong>em</strong>-vin<strong>do</strong>s ao Concelho <strong>de</strong> Almada.<br />

O nosso abraço fraterno.<br />

A PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA<br />

MARIA EMÍLIA NETO DE SOUSA


E...<br />

Beckett, Tchecov, Ostrovski, Ionesco.<br />

Tirso <strong>de</strong> Molina, Molière, António José<br />

da Silva, Garrett.<br />

Arnold Wesker, Bernard-Marie Koltès, Carlo<br />

Terron, Howard Barker, Jesper Halle.<br />

Albert Boa<strong>de</strong>lla, Pippo Delbono.<br />

e<br />

Giorgio Strehler, Bernard Sobel.<br />

Ricar<strong>do</strong> Pais, Christine Laurent,<br />

Christiane Jatahy, Rogério <strong>de</strong> Carvalho, Franzisca Aarflot,<br />

Jorge Listopad, João Mota, Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota.<br />

e<br />

Giulia Lazzarini, Luís Miguel Cintra,<br />

Laurent Charpentier, Maria <strong>do</strong> Céu<br />

Guerra, Ramon Fontseré, Sidi Larbi,<br />

Akram Khan.<br />

e<br />

Piccolo Teatro di Milano, Théâtre<br />

<strong>de</strong> Gennevilliers, Comédie <strong>de</strong> Reims, Les Ballets<br />

C. <strong>de</strong> la B., Els Joglars,<br />

Teatro da Cornucópia.<br />

e<br />

José <strong>de</strong> Guimarães, Pedro Calapez, António Lagarto,<br />

Ezio Frigerio, Cristina Reis.<br />

e<br />

muitos outros nomes <strong>de</strong> Autores,<br />

<strong>de</strong> Actores, <strong>de</strong> Encena<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> Coreógrafos,<br />

<strong>de</strong> Cenógrafos, <strong>de</strong> <strong>Companhia</strong>s teatrais.<br />

e<br />

muitos outros<br />

quase anónimos<br />

que faz<strong>em</strong> este Festival<br />

e<br />

uma Cida<strong>de</strong>, um Município<br />

que oferec<strong>em</strong> ao teatro português<br />

um equipamento <strong>de</strong> excepção<br />

como se (já)<br />

fôss<strong>em</strong>os Europa.<br />

e<br />

tanta coisa<br />

tão estranha, tão rara<br />

que <strong>de</strong>veria<br />

e<br />

mereceria<br />

e<br />

precisaria<br />

e<br />

este espaço <strong>de</strong> vida<br />

estes dias <strong>de</strong> paz<br />

este encontro <strong>de</strong> gente<br />

para toda a gente<br />

este teatro múltiplo<br />

fugaz.<br />

JOAQUIM BENITE<br />

JUNHO DE <strong>2006</strong><br />

05


HOMENAGEM<br />

06<br />

OBSERVATÓRIO DAS ACTIVIDADES CULTURAIS<br />

A homenag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ste ano <strong>do</strong> Festival não vai para uma personalida<strong>de</strong>, mas para uma instituição.<br />

No ano <strong>em</strong> que completa 10 anos <strong>de</strong> existência o Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais – um<br />

caso <strong>de</strong> investigação metódica na área da sociologia da cultura — foi a entida<strong>de</strong> escolhida para a mo<strong>de</strong>sta<br />

distinção que o Festival <strong>de</strong> Almada conce<strong>de</strong> anualmente.<br />

Com esta escolha o Festival preten<strong>de</strong>, por um la<strong>do</strong>, saudar o sério trabalho <strong>de</strong> pesquisa e análise,<br />

imprescindível para o estu<strong>do</strong> das Artes <strong>do</strong> Espectáculo e da sua recepção, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo<br />

Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais, mas também chamar a atenção, num País que atribui pouca<br />

importância à investigação, para o papel essencial que o registo, a estatística, a recolha <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e a sua<br />

interpretação <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha no <strong>de</strong>senvolvimento da relação <strong>do</strong>s produtos culturais com o público.<br />

Os estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s pelo Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais – <strong>de</strong>signadamente aquele<br />

<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos públicos <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada, <strong>em</strong> 2000 – constitu<strong>em</strong> preciosos el<strong>em</strong>entos para a reflexão<br />

<strong>do</strong>s artistas, <strong>do</strong>s produtores e <strong>do</strong>s gestores culturais no nosso País.<br />

Cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1996 como uma associação s<strong>em</strong> fins lucrativos, pelo Ministério da Cultura, pelo<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística, o<br />

Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais t<strong>em</strong> como presi<strong>de</strong>nte a Professora Doutora Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s<br />

Lima <strong>do</strong>s Santos e a comissão científica integra os Professores Doutores António Firmino da Costa, José<br />

Macha<strong>do</strong> Pais e José Madureira Pinto. Os vogais <strong>do</strong> Conselho Directivo são os Drs. António Berbereia<br />

Moniz, António Martinho Novo, José Farrajota Leal, Leonor Pereira, e pelo Observatório das Activida<strong>de</strong>s<br />

Culturais, Rui Telmo Gomes e José Soares Neves.<br />

Nos quase 10 anos <strong>de</strong> existência <strong>do</strong> Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais foram concluí<strong>do</strong>s 31<br />

projectos <strong>de</strong> investigação, publica<strong>do</strong>s 30 livros e 14 números da revista OBS. O Observatório das<br />

Activida<strong>de</strong>s Culturais t<strong>em</strong> procura<strong>do</strong> intensificar as sua relações com organizações internacionais<br />

(intercâmbio com outros observatórios na Europa e América <strong>do</strong> Sul) e colabora regularmente no<br />

projecto “Cultural policies in Europe: A compendium of basic facts and trends”, que integra mais <strong>de</strong><br />

30 países europeus.<br />

Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Lima <strong>do</strong>s Santos é licenciada <strong>em</strong> Letras pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong><br />

Clássica <strong>de</strong> Lisboa (Filologia Germânica), t<strong>em</strong> os cursos <strong>de</strong> Jornalismo e <strong>de</strong> Documentalista e possui um<br />

<strong>do</strong>utoramento <strong>em</strong> Sociologia da Cultura, pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Trabalho e da Empresa.<br />

É investiga<strong>do</strong>ra–coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra no Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa. É autora <strong>de</strong><br />

várias obras, entre as quais “Para uma Sociologia da Cultura Burguesa <strong>em</strong> Portugal no séc. XIX”,<br />

“Intelectuais Portugueses na primeira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oitocentos”, “Hábitos <strong>de</strong> Leitura <strong>em</strong> Portugal”. É autora<br />

<strong>de</strong> numerosos artigos e dirigiu um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> investigação no Observatório das<br />

Activida<strong>de</strong>s Culturais, IPAI, Instituto Português <strong>de</strong> Museus, etc.


08<br />

DON, MÉCÈNES ET ADORATEURS (DOM, MECENAS E ADORADORES)<br />

DE ALEXANDRE OSTROVSKI | TEATRO<br />

THÉÂTRE DE GENNEVILLIERS – CENTRE DRAMATIQUE NATIONAL<br />

ENCENAÇÃO DE BERNARD SOBEL, COM A COLABORAÇÃO<br />

DE MICHÈLE RAOUL-DAVIS<br />

FRANÇA<br />

Dom, Mecenas e A<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res é uma das<br />

últimas peças <strong>de</strong> Ostrovski (data <strong>de</strong> 1882) e a<br />

sua acção situa-se no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro: a sua<br />

heroína, Néguina, é uma actriz. Em seu torno<br />

gravitam: a outra jov<strong>em</strong> ve<strong>de</strong>ta <strong>do</strong> grupo, boa<br />

camarada mas s<strong>em</strong> as exigências intelectuais,<br />

morais e artísticas <strong>de</strong> Néguina; o dramaturgo,<br />

forçosamente alcoólico e indigente; o director <strong>do</strong><br />

teatro, verda<strong>de</strong>iro profissional mas submeti<strong>do</strong><br />

aos po<strong>de</strong>rosos da terra; o a<strong>de</strong>recista, um ancião<br />

culto, antigo proprietário <strong>do</strong> teatro que a sua<br />

paixão arruinou mas por cujos interesses ainda<br />

vela.<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>patia<br />

MICHÈLE RAOUL-DAVIS<br />

Da mesma forma que se diz “gostaria <strong>de</strong><br />

encenar o Shakespeare to<strong>do</strong>”, eu gostaria <strong>de</strong><br />

encenar to<strong>do</strong> o Ostrovski. E porque o meu encontro<br />

com o poeta Ostrovski foi essencial na minha<br />

vida, espero que possa também sê-lo para os<br />

especta<strong>do</strong>res. Ostrovski t<strong>em</strong> uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>patia com os seres humanos que lhe permite<br />

dar-se conta <strong>do</strong> seu sofrimento e não da sua<br />

<strong>de</strong>gradação. Neste teatro também há qualquer<br />

coisa <strong>de</strong> vital, que faz com que eu não tenha a<br />

impressão <strong>de</strong> estar a tratar apenas com fantasmas<br />

saí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da cabeça <strong>do</strong> autor, s<strong>em</strong><br />

outra existência senão a literária. Estou a tratar<br />

com um hom<strong>em</strong> que observa os homens no<br />

próprio meio <strong>em</strong> que ele vive e trabalha — e<br />

trata-se <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> brutal — s<strong>em</strong> os julgar <strong>de</strong><br />

forma alguma, qualquer que seja a barbarida<strong>de</strong><br />

ou a ignomínia daquilo a que assiste, e qualquer<br />

que seja o seu ponto <strong>de</strong> vista sobre um mun<strong>do</strong><br />

on<strong>de</strong> tais coisas são possíveis.<br />

Nunca olha os outros <strong>de</strong> alto. E isto é essencial.<br />

Esta faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>patia com o ser mais<br />

COM A PARTICIPAÇÃO DO JEUNE THÉÂTRE NATIONAL<br />

COM O APOIO DO CONSEIL GÉNÉRAL DES<br />

HAUTS-DE-SEINE<br />

miserável, mais indigente, mais diferente <strong>de</strong> si,<br />

espanta-me. Quan<strong>do</strong> penso <strong>em</strong> Ostrovski, penso<br />

também nesse velho poeta chinês <strong>do</strong> século XIII,<br />

Kuan Han Chi. Ambos têm essa faculda<strong>de</strong> rara <strong>de</strong><br />

saber não julgar tu<strong>do</strong> e ter s<strong>em</strong>pre um ponto <strong>de</strong><br />

vista, <strong>de</strong> procurar s<strong>em</strong>pre o que é que cada ser<br />

humano, mesmo coloca<strong>do</strong> nas piores condições,<br />

po<strong>de</strong>rá ter <strong>de</strong> precioso. Talvez certos países, certas<br />

épocas <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a dureza, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a miséria,<br />

permitam a certos autores, certos poetas<br />

tocar no essencial, aquilo que s<strong>em</strong> eles seria<br />

in<strong>de</strong>finível. Mesmo que o teatro <strong>de</strong> Ostrovski nos<br />

mostre actos, situações e comportamentos sórdi<strong>do</strong>s,<br />

miseráveis, crápulas, nunca nos recusamos a<br />

partilhar da humanida<strong>de</strong> das suas personagens,<br />

sejam elas como for<strong>em</strong>.<br />

Alexandre Ostrovski<br />

BERNARD SOBEL<br />

Cont<strong>em</strong>porâneo <strong>de</strong> Dostoievski, Tourgueniev<br />

e Tolstoi, Alexandre Ostrovski, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1823<br />

<strong>em</strong> Moscovo, pertence à ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro da literatura<br />

russa. Des<strong>de</strong> 1847 até à sua morte, <strong>em</strong> 1886,<br />

<strong>de</strong>u ao teatro russo um repertório consi<strong>de</strong>rável<br />

(mais <strong>de</strong> sessenta peças).<br />

A sua obra consagra-se principalmente à<br />

pintura <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s comerciantes, uma espécie<br />

<strong>de</strong> burguesia <strong>de</strong>tentora <strong>do</strong> capital, atraída pelo<br />

lucro, pelo luxo e por uma alegria grosseira.<br />

Inscreve-se na tradição <strong>de</strong> um realismo crítico, o<br />

que lhe confere uma verda<strong>de</strong>ira mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Entre Gogol e Tchecov, Ostrovski é um autor s<strong>em</strong><br />

cujo conhecimento se torna impossível compreen<strong>de</strong>r<br />

a história <strong>do</strong> teatro russo, <strong>de</strong>signadamente<br />

os gran<strong>de</strong>s avanços teóricos e estéticos a<br />

que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> no principio <strong>do</strong> século XX, e que<br />

influenciaram to<strong>do</strong> o teatro mundial.<br />

Entre as suas peças mais famosas encon-


tram-se A Tormenta (1859), consi<strong>de</strong>rada a sua<br />

obra-prima, e A Floresta (1871), que atraiu o<br />

reconhecimento oficial para o seu trabalho. Em<br />

1885 torna-se director <strong>do</strong>s Teatros Imperiais <strong>de</strong><br />

Moscovo e propõe a criação <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />

Teatro Nacional Popular, acessível a todas as<br />

classes sociais. A morte impe<strong>de</strong>-o <strong>de</strong> concretizar o<br />

projecto, que só <strong>em</strong> 1898 dará orig<strong>em</strong> à fundação<br />

<strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> Moscovo.<br />

Bernard Sobel<br />

Bernard Sobel, uma das figuras mais<br />

respeitadas <strong>do</strong> teatro francês, é o cria<strong>do</strong>r e anima<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong> Gennevilliers, uma cida<strong>de</strong> da<br />

periferia <strong>de</strong> Paris, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveu a sua acção<br />

<strong>de</strong> director e encena<strong>do</strong>r durante 43 anos.<br />

Foi <strong>em</strong> 1963, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer a sua formação<br />

no Berliner Ens<strong>em</strong>ble, <strong>de</strong> Brecht, que Sobel se<br />

instalou <strong>em</strong> Gennevilliers. Começou por fundar o<br />

“Ens<strong>em</strong>ble Théâtral <strong>de</strong> Gennevilliers” (ETG), um<br />

grupo <strong>de</strong> jovens actores e investiga<strong>do</strong>res que<br />

a<strong>do</strong>ptou um estatuto ama<strong>do</strong>r, e cuja intenção era<br />

contribuir para o nascimento <strong>de</strong> uma forma<br />

teatral diferente das que existiam nessa época. Os<br />

primeiros espectáculos foram apresenta<strong>do</strong>s na<br />

sala <strong>de</strong> Grésillons, um clube <strong>de</strong> festas populares.<br />

Ao fim <strong>de</strong> alguns anos o ETG impôs-se como um<br />

laboratório <strong>de</strong> pesquisas teatrais e as necessida<strong>de</strong>s<br />

económicas obrigaram-no a profissionalizar-se,<br />

mas só <strong>em</strong> 1983 obtém <strong>do</strong> Ministro Jack Lang o<br />

estatuto <strong>de</strong> Centro Dramático Nacional. Em 1986<br />

a sala Grésillons é objecto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong><br />

r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lação e transforma-se no Teatro <strong>de</strong><br />

Gennevilliers. Em 43 anos Sobel montou mais <strong>de</strong><br />

oitenta peças, divulgan<strong>do</strong> <strong>em</strong> França o reportório<br />

russo e al<strong>em</strong>ão, s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com critérios<br />

<strong>de</strong> excelência. Entre os autores que apresentou<br />

<strong>em</strong> França contam-se Vichnevski, Koplov,<br />

Volokhov, Erdman, Heiner Müller, Kleist, Schiller,<br />

Lessing, Lenz, Heinrich Mann, Grabbe, e, naturalmente,<br />

Brecht. Mas é também um especialista <strong>de</strong><br />

Moliére, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> encenou várias obras, e o seu<br />

repertório inclui muitos outros autores clássicos e<br />

mo<strong>de</strong>rnos, como Eurípe<strong>de</strong>s, Marlowe ou Sarah<br />

Kane.<br />

Don, Mecenas e A<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res, consi<strong>de</strong>rada<br />

pelo Figaro “uma sublime celebração <strong>do</strong> teatro” e<br />

pelo Le Mon<strong>de</strong> “um melodrama magnifico”, é a<br />

última encenação <strong>de</strong> Sobel <strong>em</strong> Gennevilliers, uma<br />

vez que <strong>de</strong>ixará o cargo <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro, por ter<br />

atingi<strong>do</strong> o limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Em 2002 esteve presente no Festival <strong>de</strong><br />

Almada com o espectáculo O Refém, <strong>de</strong> Paul<br />

Clau<strong>de</strong>l.<br />

Intérpretes Éric Caruso, Éric Castex, Laurent<br />

Charpentier, François Clavier, Isabelle Duperray,<br />

Thomas Durand, Élizabeth Mazev, Vincent Minne,<br />

Jacques Pieiller, Chloé Réjon e Gaetan Vassart<br />

Tradução André Markowicz<br />

Cenografia Jacqueline Bosson<br />

Luz Jean-François Besnard<br />

Figurinos Mina Lee<br />

Maquilhag<strong>em</strong> Marie-Anne Hum<br />

Assistência <strong>de</strong> encenação Mirabelle Rousseau<br />

Língua francês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 2h30<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

Sala Principal<br />

(ALMADA)<br />

21h30 Quarta 5<br />

21h30 Quinta 6<br />

21h30 Sexta 7<br />

09


10<br />

ZERO DEGREES (ZERO GRAUS)<br />

DE AKRAM KHAN E SIDI LARBI | DANÇA<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE<br />

BELÉM<br />

LES BALLETS C DE LA B & AKRAM KHAN COMPANY<br />

ENCENAÇÃO DE AKRAM KHAN E SIDI LARBI<br />

REINO-UNIDO E BÉLGICA<br />

Akram Khan e Sidi Larbi conheceram-se<br />

<strong>em</strong> 2000 e rapidamente <strong>de</strong>scobriram fortes<br />

s<strong>em</strong>elhanças: eram ambos filhos <strong>de</strong> famílias<br />

islâmicas a viver<strong>em</strong> na Europa e, muito <strong>em</strong>bora<br />

cada um tenha <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a sua linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

movimento, esse encontro <strong>de</strong> culturas foi t<strong>em</strong>a<br />

permanente nos seus trabalhos.<br />

Zero Degrees obrigou estes artistas a uma<br />

viag<strong>em</strong> <strong>em</strong> busca <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> referência, da<br />

fonte, <strong>do</strong> “Zero”, <strong>do</strong> núcleo da vida. Inspira<strong>do</strong>s nas<br />

suas duplas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s os <strong>do</strong>is procuram este<br />

ponto central através <strong>de</strong> opostos como a<br />

vida/morte, claro/escuro, ord<strong>em</strong>/caos.<br />

Este trabalho acontece na presença <strong>de</strong> uma<br />

escultura <strong>do</strong> artista britânico Antony Gormley e<br />

da música <strong>do</strong> compositor Nitin Sawhney, cujo<br />

som celebra o encontro entre o Oci<strong>de</strong>nte e o<br />

Oriente.<br />

A peça Bearing, da autoria <strong>de</strong> Antony<br />

Gormley, pertencente à Colecção Berar<strong>do</strong>,<br />

será exposta nos dias 5 e 6 <strong>de</strong> Julho no Foyer<br />

<strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Auditório.<br />

Sidi Larbi e Akram Khan<br />

Sidi Larbi nasceu <strong>em</strong> 1976 <strong>em</strong> Antuérpia e<br />

estu<strong>do</strong>u dança na escola <strong>de</strong> Anne Teresa <strong>de</strong><br />

Keersmaeker, integran<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> 1995 a companhia<br />

Les Ballets C. <strong>de</strong> la B., <strong>de</strong> Alain Platel. A sua<br />

primeira coreografia, Rien <strong>de</strong> Rien, realizou uma<br />

digressão europeia (ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> apresentada no<br />

P.O.N.T.I. - Porto) e obteve o prémio para Melhor<br />

Jov<strong>em</strong> Coreógrafo <strong>do</strong>s Nijinski Awards <strong>de</strong> Monte<br />

Carlo. Sidi Larbi participou no festival <strong>de</strong> Avignon<br />

<strong>em</strong> 2002 (com it) e <strong>em</strong> 2004 (com T<strong>em</strong>pus Fugit).<br />

Em 2002 apresentou ainda D’avant na<br />

Schaubühne Am Lehniner Platz, <strong>de</strong> Berlim. A sua<br />

última coreografia, Loin, foi apresentada <strong>em</strong> 2005<br />

no Ballet du Grand Théâtre <strong>de</strong> Genebra.<br />

CO-PRODUÇÃO: SADLER’S WELLS LONDON, THÉÂTRE DE<br />

LA VILLE PARIS, DESINGEL ANTWERPEN,<br />

KUNSTENCENTRUM VOORUIT GENT, HEBBEL THEATER<br />

BERLIN, TANZHAUS NRW DÜSSELDORF, SCHOUWBURG<br />

AMSTERDAM, TEATRO COMUNALE DI FERRARA,<br />

TORINODANZA, WEXNER CENTER FOR THE ARTS OHIO,<br />

NATIONAL ARTS CENTRE OTTAWA, LES GRANDES<br />

TRAVERSÉES BORDEAUX<br />

Akram Khan é um coreógrafo/bailarino <strong>de</strong><br />

topo da cena inglesa, distinguin<strong>do</strong>-se pela convergência<br />

que efectua entre a sua formação<br />

europeia cont<strong>em</strong>porânea e o Kathak, um género<br />

clássico indiano. Ten<strong>do</strong> actua<strong>do</strong> um pouco por<br />

to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> ainda bastante jov<strong>em</strong>, participou<br />

no The Jungle Book, dirigi<strong>do</strong> por Pandit Ravi<br />

Shankar, e no Mahabharata, <strong>de</strong> Peter Brook.<br />

Em 2002 Akram Khan recebeu os prémios<br />

<strong>de</strong> Melhor Jov<strong>em</strong> Coreógrafo atribuí<strong>do</strong>s pelo<br />

Dance Critics’ Circle e pela revista Time Out.<br />

Recebeu ainda o prémio <strong>de</strong> Melhor Coreografia<br />

atribuí<strong>do</strong> pela Fundação Jerwood, e o prémio <strong>de</strong><br />

Melhor Coreografia Mo<strong>de</strong>rna 2003 pelo Dance<br />

Critics’ Circle. Em 2004 foi-lhe atribuí<strong>do</strong> o<br />

Doutoramento Honorário <strong>em</strong> Artes, pela<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> De Montfort, pelo seu contributo<br />

para a comunida<strong>de</strong> artística britânica.<br />

Interpretação Akram Khan e Sidi Larbi<br />

Dramaturgia Guy Cools<br />

Música Nitin Sawhney<br />

Escultura Antony Gormley<br />

Língua inglês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 1h10<br />

CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />

GRANDE AUDITÓRIO<br />

(LISBOA)<br />

21h00 Quarta 5<br />

21h00 Quinta 6


CONJUGADO<br />

DE CHRISTIANE JATAHY | TEATRO<br />

EM COLABORAÇÃO COM O <strong>FESTIVAL</strong> DE CÁDIS<br />

CIA VÉRTICE DE TEATRO<br />

ENCENAÇÃO DE CHRISTIANE JATAHY<br />

BRASIL<br />

Apego. Isolamento. Repetição.<br />

Que armadilhas criamos para nós mesmos?<br />

Pod<strong>em</strong>os fugir <strong>do</strong> <strong>em</strong>bate com os outros?<br />

Conjuga<strong>do</strong> fala da situação limite <strong>de</strong> solidão<br />

e isolamento a que se po<strong>de</strong> chegar nos gran<strong>de</strong>s<br />

centros urbanos. O t<strong>em</strong>a é apresenta<strong>do</strong> através <strong>de</strong><br />

uma personag<strong>em</strong> f<strong>em</strong>inina cujo quotidiano sintetiza<br />

as características <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> isolamento.<br />

Foram entrevistadas mulheres <strong>de</strong> distintas<br />

ida<strong>de</strong>s e níveis sociais. As <strong>de</strong>clarações foram<br />

gravadas <strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o digital e compõ<strong>em</strong> uma ví<strong>de</strong>o-<br />

-instalação integrada no espectáculo.<br />

No início o público é voyeur, assistin<strong>do</strong>,<br />

através <strong>de</strong> frestas <strong>de</strong> persianas que cercam o<br />

cenário, às noites <strong>de</strong> uma mulher… mas, pouco a<br />

pouco, as persianas são abertas e inicia-se um<br />

novo jogo. Um jogo que afectará profundamente<br />

essa mulher…<br />

Conjuga<strong>do</strong> foi apresenta<strong>do</strong> no Festival<br />

RioCenaCont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2003,<br />

obten<strong>do</strong> excelentes críticas <strong>em</strong> vários jornais<br />

(“Ousa<strong>do</strong> e b<strong>em</strong> produzi<strong>do</strong>, Conjuga<strong>do</strong> expõe o<br />

fazer teatral com carisma e extr<strong>em</strong>a precisão.<br />

Um espectáculo imperdível.”, in Folha <strong>de</strong> S.<br />

Paulo). Foi indica<strong>do</strong> para o Prémio Shell <strong>de</strong> 2004<br />

(melhor actriz e melhor cenário), e para o Prémio<br />

Qualida<strong>de</strong> Brasil nas categorias <strong>de</strong> melhor espectáculo,<br />

melhor encenação e melhor actriz. Foi<br />

igualmente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z melhores<br />

espectáculos <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2004 pelo jornal O Globo.<br />

Christiane Jatahy<br />

Christiane Jatahy, para além <strong>de</strong> encena<strong>do</strong>ra,<br />

é também dramaturga, actriz, professora e tradutora.<br />

Dirigiu espectáculos que obtiveram gran<strong>de</strong><br />

reconhecimento <strong>de</strong> crítica e <strong>de</strong> público, entre os<br />

quais M<strong>em</strong>orial <strong>do</strong> Convento, a partir <strong>do</strong> romance<br />

<strong>de</strong> José Saramago, Carícias, <strong>de</strong> Sergi Belbel,<br />

Trilogia da Iniciação, com o Grupo Tal, no Parque<br />

Lage, e adaptações <strong>do</strong>s textos literários Alice,<br />

Pinóquio e Peter Pan, espectáculos que tiveram<br />

mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> mil especta<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>ze prémios.<br />

Escreveu La cruzada <strong>de</strong> los niños <strong>de</strong> la calle,<br />

projecto que envolvia seis dramaturgos latino-<br />

-americanos e estreou no Centro Dramático<br />

Nacional <strong>de</strong> Madrid. Escreveu e dirigiu Monólogos<br />

<strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong> para a exposição <strong>do</strong> fotógrafo Sebastião<br />

Salga<strong>do</strong>.<br />

Intérprete Malu Galli<br />

Cenário Marcelo Lipiani<br />

Luz Afonso Tostes<br />

Música Marcelo Neves<br />

Documentário Márcia Derraik<br />

Língua português<br />

Duração 45 minutos<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

SALA DE ENSAIOS<br />

(ALMADA)<br />

17h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />

16h00 Domingo 9<br />

11


12<br />

ZONA PORTUÁRIA<br />

DE QUICO CADAVAL | TEATRO<br />

ENCENAÇÃO DE QUICO CADAVAL<br />

ESPANHA<br />

Zona Portuária é um espectáculo no qual,<br />

graças à voz aveludada <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r e à magia da<br />

palavra, se manifestam na cena dúzias <strong>de</strong> personagens:<br />

Ismael o negro, o filho <strong>de</strong> Parga, o<br />

carabineiro, o senhor Meio-Mun<strong>do</strong>, a senhora<br />

Carme a Carreirana, José o protestante, Carminha a<br />

pentea<strong>do</strong>ra, o senhor Arestim, o porteiro <strong>do</strong> cin<strong>em</strong>a<br />

Elma, Del Rio Rodriguez, o senhor Franco,<br />

Deus o mecânico, o <strong>do</strong> bar Santa Eugénia, António<br />

o <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, Ventim o taxista, etc.<br />

Quico Cadaval não interpreta todas estas<br />

personagens prodigiosas, e ainda b<strong>em</strong>.<br />

Simplesmente, l<strong>em</strong>bra-as.<br />

Ismael, o Negro é uma história que se passa<br />

nos anos 70 na zona portuária <strong>de</strong> uma pequena<br />

vila piscatória das rias baixas da Galiza. Trata-se<br />

<strong>de</strong> um exercício <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória que se manifesta<br />

num palco, s<strong>em</strong> <strong>do</strong>r n<strong>em</strong> sau<strong>do</strong>sismo, com o<br />

mesmo sorriso que exib<strong>em</strong> no circo os contorcionistas.<br />

Mas aqui os únicos músculos que se<br />

contorc<strong>em</strong> são as l<strong>em</strong>branças <strong>de</strong> Quico Cadaval.<br />

O texto será proferi<strong>do</strong> <strong>em</strong> galego-português<br />

ou português <strong>de</strong> contraban<strong>do</strong>, ou <strong>em</strong><br />

galego que quer ser português s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser<br />

galego. Enfim, uma coisa muito mais simples <strong>do</strong><br />

que parece.<br />

QUICO CADAVAL<br />

Quico Cadaval<br />

Quico Cadaval, actor, encena<strong>do</strong>r e dramaturgo<br />

galego, t<strong>em</strong> participa<strong>do</strong> <strong>em</strong> diversos festivais<br />

<strong>de</strong> conta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> histórias tanto na Europa como<br />

na América Latina. T<strong>em</strong> integra<strong>do</strong> igualmente<br />

projectos escolares <strong>de</strong> narração <strong>de</strong> histórias na<br />

Galiza e <strong>em</strong> instituições penitenciárias espanholas<br />

e portuguesas. Como conferencista e conta<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

histórias participou <strong>em</strong> eventos nas universida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Trier, Varsóvia, Cracóvia, Salamanca, Berlim,<br />

Paris e Lisboa, b<strong>em</strong> como no pólo da Fundação<br />

Gulbenkian <strong>de</strong> Paris.<br />

Para além da sua activida<strong>de</strong> como actor e<br />

encena<strong>do</strong>r, Quico Cadaval publicou as seguintes<br />

obras <strong>de</strong> teatro: Um Códice Clan<strong>de</strong>stino, O<br />

Rouxinol da Bretanha, A Caza <strong>do</strong> snark, Se o<br />

Velho Sinbad Volvesse às Ilhas e O Ano <strong>do</strong><br />

Cometa (as duas últimas a partir <strong>do</strong> romance<br />

homónimo <strong>de</strong> Álvaro Cunqueiro).<br />

Língua galego | português<br />

Duração 1h10<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Domingo 9


VÁLKA MEZI ROZMARYNEM ´ A MAJORÁNKOU ´<br />

(GUERRAS DE ALECRIM E DE MANJERONA)<br />

DE ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA | TEATRO<br />

COM O APOIO DA EMBAIXADA CHECA EM LISBOA<br />

MESTSKE DIVADLO ZLÍN<br />

ENCENAÇÃO DE JORGE LISTOPAD<br />

REPÚBLICA CHECA<br />

A famosa peça <strong>de</strong> António José da Silva, o<br />

Ju<strong>de</strong>u, não merece ser conhecida apenas pelo<br />

seu público natural (isto é, o português). Por isso<br />

foi levada, pela primeira vez na íntegra, noutra<br />

língua, para fora <strong>do</strong> seu território. Foi montada<br />

<strong>em</strong> checo, com actores, músicos e bonecreiros<br />

checos, para o prazer <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas<br />

<strong>de</strong>sse país, on<strong>de</strong> se encontra <strong>em</strong> cena <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Junho passa<strong>do</strong>. O público <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada<br />

assistirá às Guerras <strong>de</strong> Alecrim e <strong>de</strong> Manjerona<br />

tal qual como esta peça foi produzida a mais <strong>de</strong><br />

3.000 quilómetros <strong>de</strong> distância.<br />

As diferenças naturais que surgirão <strong>do</strong> ponto<br />

<strong>de</strong> vista artístico e cenográfico <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se exactamente<br />

à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar a peça <strong>de</strong><br />

António José da Silva numa matéria teatral<br />

extraordinária <strong>em</strong> qualquer parte <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />

JORGE LISTOPAD<br />

António José da Silva<br />

António José da Silva, o Ju<strong>de</strong>u, um <strong>do</strong>s mais<br />

representativos autores dramáticos portugueses,<br />

viveu na primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> séc. XVIII, sen<strong>do</strong>-lhe<br />

geralmente atribuídas oito óperas joco-sérias. São<br />

elas: Vida <strong>de</strong> D. Quixote <strong>de</strong> la Mancha e <strong>do</strong> Gor<strong>do</strong><br />

Sancho Pança; Esopaida, ou Vida <strong>de</strong> Esopo; Os<br />

encantos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia; Anfitrião, ou Jupiter, e<br />

Alcmena; Labirinto <strong>de</strong> Creta; Guerras <strong>de</strong> Alecrim,<br />

e Mangerona; Varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteo; Precipício <strong>de</strong><br />

Faetonte. São-lhe ainda atribuídas uma Glosa ao<br />

soneto <strong>de</strong> Camões “Alma minha gentil, que te<br />

partiste”, na morte da infanta D. Francisca, b<strong>em</strong><br />

como as Obras <strong>do</strong> Diabinho da Mão Furada.<br />

Em 1737 foi preso pela Santa Inquisição, juntamente<br />

com a sua mãe e esposa (Leonor <strong>de</strong><br />

Carvalho, que era sua prima e também judia). Foi<br />

tortura<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scobriu-se que tinha si<strong>do</strong> circuncisa<strong>do</strong>.<br />

Uma escrava negra test<strong>em</strong>unhou que o<br />

dramaturgo observava o Sabbat.<br />

António José da Silva, nasci<strong>do</strong> no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro <strong>em</strong> 1705, foi estrangula<strong>do</strong> e queima<strong>do</strong><br />

num Auto-da-Fé <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 1739.<br />

Língua checo (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 2h30 (com intervalo)<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Terça 11<br />

13


14<br />

NA SOLIDÃO DOS CAMPOS DE ALGODÃO<br />

DE BERNARD-MARIE KOLTÈS | TEATRO<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM A CULTURGEST<br />

COMPAGNIE DU TOURNESOL<br />

ENCENAÇÃO DE PHILIP BOULAY<br />

FRANÇA<br />

O projecto <strong>de</strong> voltar a trabalhar A Solidão,<br />

<strong>de</strong>sta vez <strong>em</strong> versão portuguesa, pren<strong>de</strong>-se com<br />

este percurso <strong>em</strong> comum com o texto ao longo <strong>do</strong><br />

t<strong>em</strong>po e com os <strong>do</strong>is actores lusófonos que são<br />

Victor <strong>de</strong> Oliveira e Diogo Dória. As minhas idas e<br />

vindas a África também contaram. Koltès revela<br />

<strong>de</strong> forma perturbante algumas realida<strong>de</strong>s<br />

urbanas africanas. De mo<strong>do</strong> que ir<strong>em</strong>os também<br />

explorar as ressonâncias e <strong>de</strong>flagrações <strong>de</strong> senti<strong>do</strong><br />

da língua koltesiana <strong>em</strong> Moçambique (representações<br />

<strong>em</strong> Maputo e na Beira): provavelmente,<br />

algumas palavras <strong>do</strong> Dealer, sejam elas<br />

ditas <strong>em</strong> Lisboa ou na antiga colónia portuguesa<br />

– e claro, ou mesmo sobretu<strong>do</strong>, as respostas <strong>do</strong><br />

Cliente – serão ouvidas <strong>em</strong> toda a sua dimensão<br />

<strong>de</strong> uma troca (ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo) Norte / Sul. A<br />

menos que se trate <strong>do</strong> contrário: uma linha Sul /<br />

Norte que não seja forçosamente a <strong>do</strong> arame<br />

farpa<strong>do</strong> como <strong>em</strong> Mellila ou Ceuta.<br />

PHILIP BOULAY<br />

Philip Boulay<br />

Philip Boulay fez <strong>em</strong> 1995 a sua primeira<br />

encenação, com 27 anos. Montou textos <strong>de</strong><br />

Antonio Tabucchi, Molière, Elsa Solal, Mishima,<br />

Marivaux e Musset. Trabalhou <strong>em</strong> teatros como o<br />

Athénée / Louis Jouvet, Ferme du Buisson, Théâtre<br />

Gérard Philippe, Théâtre <strong>de</strong> Gennevilliers, Forum /<br />

Banc-Mesnil, e <strong>em</strong> países como a Finlândia, Chile,<br />

Roménia, Gabão, Camarões, Angola, Congo,<br />

Espanha, Turquia e Al<strong>em</strong>anha. De Koltès encenou<br />

ainda Tabataba, apresenta<strong>do</strong> primeiro nos subúrbios<br />

<strong>de</strong> Kinshasa (2003) e <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> Seine Saint-<br />

-Denis (2005), e Roberto Zucco, <strong>em</strong> 2004, também<br />

<strong>em</strong> Kinshasa, com uma equipa artística congolesa.<br />

EM CO-PRODUÇÃO COM CULTURGEST, <strong>FESTIVAL</strong> DE<br />

ALMADA, CENTRO CULTURAL FRANCO-MOÇAMBICANO<br />

(MAPUTO), COM A PARTICIPAÇÃO DO FORUM, SCÈNE<br />

CONVENTIONNÉE DE BLANC-MESNIL E DO SERVIÇO<br />

CULTURAL DA EMBAIXADA DE FRANÇA EM MOÇAMBIQUE<br />

Intérpretes Diogo Dória e Victor <strong>de</strong> Oliveira<br />

Tradução Nuno Júdice<br />

Cenografia Jean-Christophe Lanquetin<br />

Luzes Stéphane Loirat com a colaboração <strong>de</strong> Quito<br />

Timbe<br />

Responsável pela produção Jean-Christophe<br />

Boissonna<strong>de</strong><br />

Língua português<br />

Duração 1h30<br />

CULTURGEST<br />

GRANDE AUDITÓRIO<br />

LISBOA<br />

21h30 Terça 11<br />

21h30 Quarta 12<br />

21h30 Quinta 13<br />

21h30 Sexta 14<br />

21h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />

17h00 Domingo 16<br />

CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong>


ESODO (ÊXODO)<br />

DE PIPPO DELBONO | TEATRO<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE<br />

BELÉM<br />

COMPAGNIA PIPPO DELBONO<br />

ENCENAÇÃO DE PIPPO DELBONO<br />

ITÁLIA<br />

Com uma linguag<strong>em</strong> teatral que se aproxima<br />

cada vez mais da vida, com a procura <strong>de</strong> uma<br />

palavra simples, que mantenha uma forma <strong>de</strong><br />

resistência poética e combativa, Pippo Delbono<br />

realizou Eso<strong>do</strong>, uma abordag<strong>em</strong> à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

imigrantes extra-comunitários.<br />

Usan<strong>do</strong> as palavras <strong>de</strong> Brecht, <strong>de</strong> Primo<br />

Levi, da Bíblia, <strong>de</strong> Charlie Chaplin, <strong>de</strong> Pasolini, <strong>de</strong><br />

Nichiren Daishonin, o especta<strong>do</strong>r é convida<strong>do</strong> a<br />

reflectir sobre a guerra. É-lhe conta<strong>do</strong> o êxo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

qu<strong>em</strong> foi expulso da sua própria terra, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong><br />

fugiu <strong>de</strong> uma ditadura, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> a sua<br />

alma <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro corpo, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixou o<br />

manicómio, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> não sabe para on<strong>de</strong> vai, <strong>de</strong><br />

qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> me<strong>do</strong> da morte.<br />

Magda Poli, <strong>do</strong> Corriere <strong>de</strong>lla Sera, consi<strong>de</strong>rou<br />

Eso<strong>do</strong> um “retrato sarcástico e cruel <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> vazia e obtusa, que não vê, n<strong>em</strong> quer ver,<br />

os que sofr<strong>em</strong>: uma socieda<strong>de</strong> que marginaliza<br />

aqueles que não têm esperança”.<br />

Valeria Ottolenghi, da revista italiana<br />

Sipario, consi<strong>de</strong>rou o espectáculo <strong>de</strong> uma<br />

“gran<strong>de</strong> beleza (graças às imagens, à <strong>de</strong>nsa<br />

unida<strong>de</strong>, à loucura, à graça, à comiseração) e <strong>de</strong><br />

uma riqueza teatral (entre o cómico e a tragédia,<br />

visões <strong>de</strong> sonho e <strong>de</strong> uma crua realida<strong>de</strong>) verda<strong>de</strong>iramente<br />

extraordinária)”.<br />

Franco Quadri, crítico <strong>do</strong> La Repubblica,<br />

apontou a “corrente súbita <strong>de</strong> aplausos” que se<br />

seguiu ao final <strong>do</strong> espectáculo a que assistiu.<br />

Pippo Delbono<br />

Pippo Delbono nasceu <strong>em</strong> Varazze <strong>em</strong> 1959<br />

e começou a estudar teatro numa escola tradicional,<br />

que aban<strong>do</strong>nou após conhecer o argentino<br />

Pepe Roble<strong>do</strong>. Com este, partiu para a Dinamarca,<br />

on<strong>de</strong> trabalhou sob a direcção <strong>de</strong> Iben Nagel<br />

Rasmussen. Segue-se um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> viagens no<br />

Oriente, on<strong>de</strong> toma contacto com o teatro e a<br />

EM CO-PRODUÇÃO COM EMÍLIA ROMAGNA TEATRO<br />

FONDAZIONE<br />

dança locais. De volta à Europa, trabalha com Pina<br />

Baush e apresenta espectáculos <strong>em</strong> Itália que<br />

também realizam digressões na América <strong>do</strong> Sul.<br />

O teatro <strong>de</strong> Delbono consiste num espaço<br />

aberto, para além das convenções teatrais, on<strong>de</strong><br />

tu<strong>do</strong> é revela<strong>do</strong> <strong>em</strong> cena, e sobretu<strong>do</strong> on<strong>de</strong> são<br />

abolidas as fronteiras entre actores e as pessoas<br />

<strong>do</strong> nosso dia-a-dia.<br />

Intérpretes Fa<strong>de</strong>l Abeid, Dolly Albertin, Gianluca<br />

Ballarè, Bobò, Enkeleda Cekani, Piero Corso,<br />

Pippo Delbono, Lucia Della Ferrera, Fausto<br />

Ferraiuolo, Gustavo Giacosa, Simone Goggiano,<br />

Elena Guerrini, Mario Intruglio, Nelson Lariccia,<br />

Maura Monzani, Akram Telawe, Giovanni<br />

Ricciardi e Pepe Roble<strong>do</strong><br />

Técnicos Sergio Tad<strong>de</strong>i, Fabio Berselli e Angelo<br />

Colonna<br />

Produção Letizia Sacchi<br />

Responsável <strong>de</strong> digressão Sandra Ghetti<br />

Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 1h25<br />

CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />

GRANDE AUDITÓRIO<br />

(LISBOA)<br />

21h00 Quinta 13<br />

21h00 Sexta 14<br />

15


16<br />

GIORNI FELICI (OS DIAS FELIZES)<br />

DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />

COM O APOIO DO INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA<br />

PICCOLO TEATRO DI MILANO<br />

ENCENAÇÃO DE GIORGIO STREHLER, REPOSTA POR<br />

CARLO BATTISTONI<br />

ITÁLIA<br />

Giorni Felici estreou-se <strong>em</strong> Maio <strong>de</strong> 1982<br />

com uma leitura dita “positiva”: um Beckett <strong>em</strong><br />

plena luz, quase priva<strong>do</strong> da aura niilista que<br />

muitas vezes caracterizava as interpretações cénicas.<br />

Para Strehler, Beckett era sobretu<strong>do</strong> um<br />

poeta e, explicava o encena<strong>do</strong>r, “quan<strong>do</strong>, como<br />

<strong>em</strong> Os Dias Felizes, a poesia grita com uma voz<br />

assim tão alta, o hom<strong>em</strong> não se nega: afirma-se”.<br />

Nascia <strong>de</strong>sta forma um espectáculo que<br />

teria interessa<strong>do</strong> o próprio Beckett, no qual, s<strong>em</strong><br />

se acrescentar palavras, mas através <strong>do</strong>s gestos,<br />

era sublinhada a vonta<strong>de</strong> da protagonista <strong>em</strong><br />

viver “até ao fim”.<br />

Franco Cor<strong>de</strong>lli, crítico <strong>do</strong> Corriere <strong>de</strong>lla<br />

Sera, escreveu o seguinte a propósito da interpretação<br />

<strong>de</strong> Giulia Lazzarini: “Trata-se <strong>de</strong> uma arte<br />

exorcista <strong>de</strong> afastar o mal, <strong>de</strong> o combater a<br />

golpes <strong>de</strong> florete. O chapéu encarna<strong>do</strong>, as costas<br />

possantes, os braços robustos, as maravilhosas,<br />

petulantes e fala<strong>do</strong>ras mãos. Ei-la. Giullia<br />

Lazzarini. Assim se perceberá o que é o teatro: um<br />

exercício <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória para combater o t<strong>em</strong>po,<br />

para não se ren<strong>de</strong>r nunca”.<br />

Samuel Beckett<br />

Assinala-se este ano o centenário <strong>do</strong> nascimento<br />

<strong>de</strong> Samuel Beckett (1906 – 1989: vi<strong>de</strong><br />

biografia na pág. 36), um <strong>do</strong>s maiores dramaturgos<br />

<strong>do</strong> século XX, cuja obra, inscrita na linha <strong>do</strong><br />

teatro <strong>do</strong> absur<strong>do</strong>, lança um olhar pessimista e<br />

<strong>de</strong>sencanta<strong>do</strong> (mas pleno <strong>de</strong> humor) sobre a<br />

condição humana. Peças como À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />

e Dias Felizes farão para s<strong>em</strong>pre parte <strong>do</strong> cânone<br />

da dramaturgia mundial, quer pela sua originalida<strong>de</strong>,<br />

quer pelo seu simbolismo, quer pela capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> abordar a essência humana, <strong>de</strong>sligada <strong>de</strong> um<br />

espaço e t<strong>em</strong>po específicos: as suas personagens, <strong>em</strong><br />

cenários inóspitos, limitam-se a esperar que o<br />

t<strong>em</strong>po passe, agarran<strong>do</strong>-se a tarefas rotineiras<br />

para continuar a viver, à espera <strong>de</strong>… nada.<br />

O Festival <strong>de</strong> Almada assinala este centenário<br />

com a apresentação <strong>de</strong> três peças <strong>de</strong><br />

Samuel Beckett (Os Dias Felizes, À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />

e To<strong>do</strong>s os que Ca<strong>em</strong>), uma peça <strong>de</strong> marionetas<br />

sobre a t<strong>em</strong>ática beckettiana (Nada, ou o Silêncio<br />

<strong>de</strong> Beckett) e uma exposição fotográfica <strong>de</strong>dicada<br />

ao dramaturgo irlandês.<br />

Giorgio Strehler<br />

Giorgio Strehler (1921 – 1997) diplomou-se<br />

na Accad<strong>em</strong>ia <strong>de</strong>i Filodrammatici <strong>em</strong> 1940, passan<strong>do</strong><br />

a integrar posteriormente algumas companhias<br />

itinerantes como actor. Realiza a sua<br />

primeira encenação <strong>em</strong> 1943, mas logo <strong>de</strong> seguida<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> procurar asilo político na Suíça, para<br />

escapar ao serviço militar. Aí estreia Calígula, <strong>de</strong><br />

Camus, <strong>em</strong> 1945. Em 1947 funda, juntamente<br />

com Paolo Grassi, o Piccolo Teatro di Milano, o<br />

primeiro teatro italiano <strong>de</strong> gestão pública e <strong>de</strong><br />

“teatro para to<strong>do</strong>s”. Renuncia à representação e<br />

chega a encenar <strong>de</strong>z espectáculos por ano. Quer<br />

dar a conhecer ao público italiano um repertório<br />

que este nunca conhecera, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à censura<br />

fascista. O enorme sucesso popular <strong>de</strong> Arlequim<br />

Servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Dois Amos, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, que se manterá<br />

<strong>em</strong> cartaz durante mais <strong>de</strong> quarenta anos,<br />

assegura o renome <strong>do</strong> Piccolo.<br />

A partir <strong>de</strong> 1955 Strehler apresenta<br />

gran<strong>de</strong>s encenações, que ficaram para a história<br />

<strong>do</strong> teatro cont<strong>em</strong>porâneo: O Ginjal, <strong>de</strong> Tchecov, A<br />

Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs, <strong>de</strong> Brecht, <strong>em</strong> 1955,<br />

Baroufe à Chioggia, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, <strong>em</strong> 1964, e Os<br />

Gigantes da Montanha, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo, <strong>em</strong> 1966.<br />

Colabora com gran<strong>de</strong>s cenógrafos como<br />

Luciano Damiani e Ezio Frigerio. Não renuncia à<br />

gran<strong>de</strong> tradição estética da cultura humanista<br />

europeia, levan<strong>do</strong>-a ao seu nível mais eleva<strong>do</strong>,<br />

mesmo quan<strong>do</strong> o acusavam <strong>de</strong> praticar um<br />

realismo fora <strong>de</strong> moda.


Em 1972 Strehler afirma o Piccolo como<br />

um “teatro <strong>de</strong> arte”, e relega para segun<strong>do</strong> plano<br />

a vocação cívica das suas encenações. O teatro<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estar ao serviço <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, mas passa a<br />

ser o próprio Mun<strong>do</strong>. O teatro é, para Strehler,<br />

“o mo<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecimento da<br />

História”. Nesta altura monta Shakespeare (Rei<br />

Lear, 1972, A T<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>, 1978) e óperas no<br />

Scala <strong>de</strong> Milão e <strong>em</strong> Paris (Falstaff, <strong>de</strong> Verdi, As<br />

Bodas <strong>de</strong> Fígaro, <strong>de</strong> Mozart, etc.). Em 1978 monta<br />

a Trilogia da Vilegiatura, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni, na Comédie<br />

Française.<br />

De 1983 a 1990 Jack Lang dá-lhe a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> criar e dirigir o Théâtre <strong>de</strong> l’Europe, o<br />

Ó<strong>de</strong>on, a “primeira instituição teatral europeia<br />

que um país da Europa ofereceu à Europa”.<br />

Em 1984 encena a Ilusão, <strong>de</strong> Corneille. Em<br />

1987 cria a sua sexta versão <strong>de</strong> Arlequim, no<br />

Piccolo Teatro, que realiza uma digressão mundial.<br />

O Piccolo entra na União <strong>de</strong> Teatros da Europa, e<br />

Strehler obtém uma nova sala para o seu teatro,<br />

mas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um <strong>de</strong>saguisa<strong>do</strong> com a Câmara da<br />

cida<strong>de</strong>, e aos atrasos das obras, o Nuovo Piccolo<br />

só será inaugura<strong>do</strong> após a morte <strong>do</strong> seu director,<br />

que ocorreu a 25 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1997.<br />

A sua concepção <strong>do</strong> teatro influenciaria<br />

vários encena<strong>do</strong>res da geração seguinte, como<br />

Ariane Mnouchkine, Patrice Chéreau, Lluis<br />

Pasqual, Roger Planchon, Peter Stein, etc.<br />

Giulia Lazzarini<br />

Giulia Lazzarini nasceu <strong>em</strong> Milão e formou-<br />

-se <strong>em</strong> Roma no Centro Sperimentale di<br />

Cin<strong>em</strong>atografia. Inicia ainda bastante jov<strong>em</strong> uma<br />

longa colaboração com o Piccolo Teatro di Milano,<br />

cujo director era Giorgio Strehler, que a dirigiu <strong>em</strong><br />

espectáculos que marcaram a história <strong>do</strong> teatro<br />

italiano, tais como: Arlequim, Servi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Dois<br />

Amos, <strong>de</strong> Gol<strong>do</strong>ni (espectáculo que realizou uma<br />

digressão mundial no 40º aniversário <strong>do</strong> Piccolo, e<br />

que foi apresenta<strong>do</strong> <strong>em</strong> Almada), O Egoísta, <strong>de</strong><br />

Bertolazzi, Platonov, <strong>de</strong> Tchecov, Galileu e A<br />

Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs, <strong>de</strong> Brecht, O Ginjal, <strong>de</strong><br />

Tchecov, O Balcão, <strong>de</strong> Genet, Os Dias Felizes, <strong>de</strong><br />

Beckett, A T<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Shakespeare, Elvira ou<br />

a Paixão Teatral, <strong>de</strong> Jouvet, Night Mother, <strong>de</strong><br />

Norman, Gran<strong>de</strong> e Pequeno, <strong>de</strong> Botho Strauss, A<br />

Entrevista, <strong>de</strong> Natália Ginzburg, Estamos<br />

Momentaneamente Ausentes, <strong>de</strong> Squarzina,<br />

Fausto – Fragmentos parte I e II, <strong>de</strong> Goethe (no<br />

papel <strong>de</strong> Margarida, com Strehler no papel <strong>de</strong><br />

Fausto), Os Gigantes da Montanha, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo,<br />

e Morte <strong>de</strong> um Caixeiro Viajante, <strong>de</strong> Miller.<br />

A sua interpretação <strong>de</strong> Winnie, <strong>em</strong> Os Dias<br />

Felizes, valeu-lhe os títulos <strong>de</strong> “Maravilhosa”<br />

(Corriere <strong>de</strong>lla Sera) e “Magistral” (Il T<strong>em</strong>po) na<br />

imprensa italiana.<br />

Intérpretes Giulia Lazzarini e Franco<br />

Sangermano<br />

Tradução Carlo Fruttero<br />

Cenário Ezio Frigerio<br />

Figurinos Luisa Spinatelli<br />

Música Fiorenzo Carpi<br />

Movimentos mímicos Marise Flach<br />

Luzes Gerar<strong>do</strong> Modica<br />

Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 1h40<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

SALA PRINCIPAL<br />

(ALMADA)<br />

21h30 Quinta 13<br />

21h30 Sexta 14<br />

17


18<br />

RHINOCÉROS (RINOCERONTE)<br />

DE EUGÈNE IONESCO | TEATRO<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />

LA COMÉDIE DE REIMS C. D. N.<br />

CO-PRODUÇÃO THÉÂTRE DE LA VILLE (PARIS)<br />

ENCENAÇÃO DE EMMANUEL DEMARCY-MOTA<br />

FRANÇA<br />

A história <strong>de</strong>sta peça po<strong>de</strong> resumir-se <strong>de</strong><br />

uma forma muito simples: trata-se <strong>de</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong> cujos habitantes se metamorfoseiam <strong>em</strong><br />

rinocerontes. To<strong>do</strong>s menos um, o último hom<strong>em</strong>:<br />

Bérenger. Mas a simplicida<strong>de</strong> aparente <strong>de</strong>sta<br />

fábula mascara uma opacida<strong>de</strong> diabólica. Ao<br />

raspar o verniz <strong>de</strong>sse mun<strong>do</strong> tranquilo e civiliza<strong>do</strong><br />

surge uma humanida<strong>de</strong> surdamente arruinada<br />

pelo catrastofismo: to<strong>do</strong>s os animais foram<br />

dizima<strong>do</strong>s pela peste, o calor é abrasa<strong>do</strong>r, as<br />

paisagens são <strong>de</strong>sérticas, os nómadas não são<br />

recebi<strong>do</strong>s… mesmo os circos foram bani<strong>do</strong>s há<br />

muito. Parece-me claro que Ionesco partia da<br />

propagação e da a<strong>de</strong>são aos totalitarismos —<br />

tanto o nazismo como o estalinismo — mas via<br />

igualmente o hom<strong>em</strong> como capaz <strong>de</strong> revelar a<br />

sua monstruosida<strong>de</strong> noutras circunstâncias,<br />

como afirmou: “Tenho a sensação <strong>de</strong> me encontrar<br />

junto <strong>de</strong> pessoas extr<strong>em</strong>amente educadas,<br />

num mun<strong>do</strong> mais ou menos confortável, e <strong>de</strong><br />

repente qualquer coisa se <strong>de</strong>sfaz, se dilacera, e<br />

surge esse carácter monstruoso <strong>do</strong>s homens. É este,<br />

creio, o ponto <strong>de</strong> partida <strong>do</strong> Rinoceronte”.<br />

EMMANUEL DEMARCY-MOTA<br />

Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota<br />

Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota criou a Compagnie<br />

<strong>de</strong> Théâtre <strong>de</strong> Millefontaines <strong>em</strong> 1989, que reunia<br />

um grupo <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong> liceu Rodin. Estu<strong>do</strong>u filosofia<br />

na Université René Descartes, e <strong>em</strong> 1994, com 23<br />

anos, montou L’histoire du Soldat, um espectáculo<br />

que permaneceria <strong>do</strong>is anos <strong>em</strong> digressão.<br />

Emmanuel D<strong>em</strong>arcy-Mota é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />

2002 director da Comédie <strong>de</strong> Reims (Centro<br />

Dramático Nacional), on<strong>de</strong> criou Le Diable en<br />

partage e L’Inatendu, <strong>de</strong> Fabrice Melquiot, Six personnages<br />

en quête d’auteur, <strong>de</strong> Piran<strong>de</strong>llo (apresenta<strong>do</strong><br />

no 21º Festival <strong>de</strong> Almada), Ma Vie <strong>de</strong> chan<strong>de</strong>lle,<br />

e Marcia Hesse, <strong>de</strong> Fabrice Melquiot.<br />

COM O APOIO DA ASSOCIATION FRANÇAISE D’ACTION<br />

ARTISTIQUE<br />

Interpretação Hugues Quester, Serge Maggiani,<br />

Valérie Dashwood, Charles-Roger Bour, Sandra Faure,<br />

Gaelle Guillou, Stéphane Krahenbuhl, Ana das<br />

Chagas, Olivier Le Borgne, Gérald Maillet, Cyril Anrep,<br />

Pascal Vuill<strong>em</strong>ot, Jauris Casanova e Céline Carrère<br />

Assistente <strong>de</strong> encenação Christophe L<strong>em</strong>aire<br />

Músicos Jefferson L<strong>em</strong>beye, Walter N’Guyen e<br />

Arnauld Laurens<br />

Cenografia Yves Collet, com a colaboração <strong>de</strong><br />

Michel Bruguière<br />

Luzes Yves Collet, com a colaboração <strong>de</strong><br />

Sébastien Marrey<br />

Música Jefferson L<strong>em</strong>beye, com Walter N’Guyen<br />

e Arnaud Laurens<br />

Trabalho corporal Marion Lévy, com Anne<br />

Mousselet<br />

Figurinos Corinne Bau<strong>de</strong>lot, assistida por<br />

Annabelle Rambaud<br />

Máscaras Mirjam Fruttiger, com, para a realização,<br />

Mathil<strong>de</strong> Meignan e Audrey Duflot<br />

Maquilhag<strong>em</strong> Catherine Nicolas<br />

Acessórios Laurent Marquès-Pastor<br />

Colabora<strong>do</strong>r artístico François Regnault<br />

Conselheiro literário Marie-Amélie Robiliard<br />

Construcção <strong>do</strong> cenário Espace et compagnie<br />

Operação <strong>de</strong> luzes Régis Guyonnet<br />

Electricista Soizick Provost<br />

Técnico <strong>de</strong> palco Pascal Daubie<br />

Assistente <strong>de</strong> camarim Séverine Gohier<br />

Assistente <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços Mohamed Rezki<br />

Língua francês (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração 2h00<br />

TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />

SALA GARRETT<br />

(LISBOA)<br />

21h30 Quinta 13<br />

21h30 Sexta 14


LA MIRADA DEL AVESTRUZ (O OLHAR DA AVESTRUZ)<br />

DE TINO FERNÁNDEZ | DANÇA<br />

EM COLABORAÇÃO COM O CELCIT<br />

L’EXPLOSE<br />

COREOGRAFIA E ENCENAÇÃO DE TINO FERNÁNDEZ<br />

COLÔMBIA<br />

Nove personagens s<strong>em</strong> nome, com histórias<br />

próximas e estranhas ao mesmo t<strong>em</strong>po, falam-<br />

-nos da sua própria marca, da sua exclusão e das<br />

suas contradições, numa peça <strong>de</strong> dança que<br />

procura reflectir sobre a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> país. Uma<br />

metáfora que preten<strong>de</strong>, num espaço cénico feito<br />

<strong>de</strong> terra negra, moldar sentimentos, <strong>em</strong>oções e<br />

vivências pessoais, relaciona<strong>do</strong>s com a evasão a<br />

que às vezes recorr<strong>em</strong>os para, como a avestruz,<br />

escapar à realida<strong>de</strong>.<br />

A metáfora que sustenta este trabalho<br />

propõe diferentes níveis <strong>de</strong> significação: o<br />

primeiro t<strong>em</strong> que ver com o olhar que to<strong>do</strong>s parec<strong>em</strong>os<br />

centrar na nossa vida individual, on<strong>de</strong> nos<br />

refugiamos <strong>em</strong> consequência <strong>de</strong> um mecanismo<br />

<strong>de</strong> evasão, <strong>de</strong> sobrevivência.<br />

Mas, o que suce<strong>de</strong> nesses espaços das vidas<br />

individuais? Aí mesmo é que estão presentes, sob<br />

formas muito subtis e profundas, os traços da<br />

violência.<br />

O espectáculo, apresenta<strong>do</strong> o ano passa<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Almada, foi vota<strong>do</strong> pelo público como<br />

Espectáculo <strong>de</strong> Honra <strong>de</strong> <strong>2006</strong>.<br />

A companhia L’Explose foi fundada por Tino<br />

Fernán<strong>de</strong>z <strong>em</strong> Paris e posteriormente na<br />

Colômbia, fruto <strong>de</strong> um intenso trabalho <strong>de</strong> investigação<br />

<strong>em</strong> dança cont<strong>em</strong>porânea, e celebrou<br />

recent<strong>em</strong>ente o seu 14º ano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>.<br />

O grupo surgiu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />

própria, encontran<strong>do</strong> o seu caminho na ênfase <strong>do</strong><br />

aspecto <strong>em</strong>ocional, mais <strong>do</strong> que no movimento. O<br />

resulta<strong>do</strong> é que na realização <strong>do</strong> seu trabalho, e<br />

através <strong>de</strong> uma energia ru<strong>de</strong> e violenta, consegue<br />

expressar o seu encontro com a realida<strong>de</strong> e a<br />

recusa <strong>de</strong> codificar um imaginário íntimo numa<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> artifícios.<br />

Os seus objectivos essenciais são a promoção<br />

e a divulgação da dança cont<strong>em</strong>porânea.<br />

L’Explose é também um lugar <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong><br />

artistas <strong>de</strong> diferentes disciplinas para a realização<br />

<strong>de</strong> projectos coreográficos propostos pelo seu<br />

director.<br />

Intérpretes Angela Bello, Wilman Romero, Paola<br />

Escobar, Vladimir Rodríguez, John Henry Gerena,<br />

Leyla Castillo, Marvel Benavi<strong>de</strong>s, Natália Orozco e<br />

Tino Fernán<strong>de</strong>z<br />

Iluminação Humberto Hernán<strong>de</strong>z<br />

Figurinos Eunice García (Canesú)<br />

Fotografia Carlos L<strong>em</strong>a, Zoad Humar<br />

Imag<strong>em</strong> Iván Onatra<br />

Produção Zoad Humar<br />

Cenografia Victor Sánchez<br />

Ví<strong>de</strong>o Charles le Pick<br />

Dramaturgia Juliana Reyes<br />

Duração 1h10<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />

ESPECTÁCULO DE HONRA <strong>2006</strong><br />

19


20<br />

EN UN LUGAR DE MANHATTAN (NUM LUGAR DE MANHATTAN)<br />

DE ALBERT BOADELLA | TEATRO<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />

ELS JOGLARS<br />

ENCENAÇÃO DE ALBERT BOADELLA<br />

ESPANHA<br />

En un lugar <strong>de</strong> Manhattan centra-se no jogo<br />

entre a ficção e a realida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>senvolve-se <strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>is planos que se vão inter-relacionan<strong>do</strong>.<br />

Por um la<strong>do</strong>, a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong><br />

teatro ultra-mo<strong>de</strong>rna e vanguardista, da qual<br />

se chegam a ver representadas algumas<br />

sequências. E por outro la<strong>do</strong> a chegada <strong>de</strong> um<br />

par <strong>de</strong> personagens peculiares e estranhas, que<br />

têm pouco que ver com os ensaios e a forma<br />

com que os actores representam com elas para<br />

fugir ao cansaço criativo <strong>em</strong> que se encontram.<br />

Quan<strong>do</strong> se procuram restos da irradiação<br />

quixotesca na nossa socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea, é<br />

assombroso constatar que não resta um único<br />

vestígio <strong>de</strong>sse passa<strong>do</strong>. Por mais que nos esforc<strong>em</strong>os<br />

a esquadrinhar as suas ruínas, <strong>de</strong>pressa<br />

chegar<strong>em</strong>os à conclusão <strong>de</strong> que <strong>em</strong> muito poucas<br />

décadas <strong>de</strong>sapareceram as marcas <strong>de</strong> algo que<br />

<strong>em</strong> Espanha havia perdura<strong>do</strong> durante séculos.<br />

Para mais, se actualmente alguém tentar levar a<br />

cabo activida<strong>de</strong>s imita<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> tal tessitura<br />

moral, ou é automaticamente marginaliza<strong>do</strong>, ou<br />

corre o risco <strong>de</strong> ser toma<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>ente mental.<br />

Aquela herança estilística e ética, mescla <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ais góticos e <strong>de</strong> cavalaria cristã, não só <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ter vigência, como também já não é possível<br />

captar nenhuma analogia com o que nos ro<strong>de</strong>ia.<br />

Ante a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer paralelismos<br />

cont<strong>em</strong>porâneos, e afasta<strong>do</strong>s da i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> tentar recriar no palco a obra <strong>de</strong> arte literária,<br />

abordámos o Quixote reflectin<strong>do</strong> precisamente<br />

sobre o fracasso grotesco <strong>de</strong>sta quimera.<br />

Brincan<strong>do</strong> com o ridículo <strong>de</strong> qualquer pretensão<br />

“mo<strong>de</strong>rniza<strong>do</strong>ra” <strong>do</strong> mito literário, a obra inci<strong>de</strong><br />

também na incapacida<strong>de</strong> actual para reconhecer<br />

as virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um suposto Quixote no actual contexto<br />

<strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os.<br />

ALBERT BOADELLA<br />

EM CO-PRODUÇÃO COM COMUNIDAD DE MADRID<br />

Intérpretes Xavier Boada, Xavi Sais, Dolors<br />

Tuneu, Jesus Agelet, Minnie Marx, Francesc Pérez,<br />

Pilar Sáenz, Ramon Fontseré e Pep Vila<br />

Assistentes <strong>de</strong> encenação Joan Roura e Gerard<br />

Guix<br />

Cenário Anna Alcubierre<br />

Figurinos Dolors Caminal<br />

Iluminação Cesc Barrachina<br />

Som Guillermo Mugular<br />

Direcção técnica e realização cenográfica<br />

Jordi Costa<br />

Produção executiva Josep M. Fontseré<br />

Assessor literário Rafael Ramos<br />

Coreografias Bebeto Cidra e Jordi Basora<br />

Técnico <strong>de</strong> palco Jesus Díaz-Pavón<br />

Língua castelhano<br />

Duração 2h05<br />

TEATRO NACIONAL D. MARIA II<br />

SALA GARRETT<br />

(LISBOA)<br />

21h30 Domingo 16<br />

21h30 Segunda 17<br />

21h30 Terça 18


SIMBAU (A DANÇA DO FALSO LEÃO)<br />

DE BABACAR DIENG | DANÇA<br />

EM COLABORAÇÃO COM O CELCIT<br />

N´DIENGOZ<br />

COREOGRAFIA DE BABACAR DIENG<br />

SENEGAL<br />

A Dança <strong>do</strong> Falso Leão, também conhecida<br />

como Simbau, é um espectáculo originário <strong>de</strong><br />

Walo, região situada no Norte <strong>do</strong> Senegal.<br />

Executada por jovens com disfarces e<br />

atavios aterra<strong>do</strong>res, a dança <strong>de</strong>senrola-se ao<br />

compasso <strong>de</strong> ritmos, cantos e palavras mágicas,<br />

capazes <strong>de</strong> <strong>do</strong>mar um verda<strong>de</strong>iro leão.<br />

Os jovens que tomam parte no espectáculo,<br />

isto é, falsos leões, são pessoas que pelo menos<br />

uma vez na sua vida conseguiram afugentar leões<br />

que tentaram atacar populações.<br />

Quan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>stes jovens se irrita, fica com<br />

o carácter e a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> “Gain<strong>de</strong>”, o leão. Para<br />

os acalmar, os artistas da povoação encarregam-<br />

-se <strong>de</strong> os entreter com cânticos e palavras mágicas<br />

chamadas “Yat”.<br />

O grupo N´Diengoz foi funda<strong>do</strong> por Babacar<br />

Dieng na sua cida<strong>de</strong> natal <strong>de</strong> Louga (Senegal), <strong>em</strong><br />

1989. Esta <strong>de</strong>nominação significa que to<strong>do</strong>s os<br />

seus m<strong>em</strong>bros faz<strong>em</strong> parte da mesma família,<br />

cujo apeli<strong>do</strong> é Dieng. Her<strong>de</strong>iros da tradição Griôt,<br />

tanto o avô <strong>de</strong> Babacar, como o seu pai foram,<br />

respectivamente, Gran<strong>de</strong> Tambor e Primeiro Griot<br />

<strong>do</strong> Senegal. O grupo começou por realizar festas<br />

na sua localida<strong>de</strong> e pouco a pouco <strong>de</strong>u espectáculos<br />

<strong>em</strong> todas as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país, para mais tar<strong>de</strong><br />

actuar <strong>em</strong> diferentes festivais <strong>de</strong> música <strong>em</strong><br />

França, Suíça e Espanha.<br />

O estilo da sua música s<strong>em</strong>pre consistiu<br />

essencialmente na percussão, dança e canto.<br />

Ainda que tenham varia<strong>do</strong> estilos, os Diengoz<br />

s<strong>em</strong>pre misturaram o estilo afro-oriental, o rap<br />

senegalês e a música tradicional própria da sua<br />

região.<br />

Intérpretes Babacar Dieng (percussão e voz),<br />

Ndiaga Dieng (percussão), Madior Dieng (percussão),<br />

Assane Dieng (percussão), Bekay<br />

Jorbatek (cora), Abou Dieng (baixo), Susane Kante<br />

(dança e coros) e Bontou Gueye (dança e coros)<br />

Duração 1h20<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Terça 18<br />

21


24<br />

NADA OU O SILÊNCIO DE BECKETT<br />

DE JOÃO PAULO SEARA CARDOSO | TEATRO DE MARIONETAS<br />

TEATRO DE MARIONETAS DO PORTO<br />

ENCENAÇÃO DE JOÃO PAULO SEARA CARDOSO<br />

PORTO<br />

Nada ou o Silêncio <strong>de</strong> Beckett é um espectáculo<br />

construí<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> impressões <strong>de</strong><br />

Samuel Beckett e nasce <strong>de</strong> uma forte contaminação<br />

<strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>res e actores pelas paisagens e<br />

personagens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> beckettiano.<br />

Este espectáculo é como um sonho difuso e<br />

amarela<strong>do</strong> no qual vagueamos com os Winnies,<br />

Didis, Gogos e toda essa galeria <strong>de</strong> homens e<br />

mulheres impregna<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um estranho silêncio<br />

vazio, s<strong>em</strong>pre tocan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong> leve na obscurida<strong>de</strong><br />

para nos fazer sentir, afinal, poeticamente a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> mais luminoso.<br />

Nada ou o Silêncio <strong>de</strong> Beckett venceu os<br />

prémios <strong>de</strong> Melhor Encena<strong>do</strong>r e Melhor<br />

<strong>Companhia</strong> <strong>do</strong> festival <strong>de</strong> marionetas World<br />

Festival <strong>de</strong> Praga, e colheu as seguintes reacções<br />

junto da imprensa portuguesa: “Um espectáculo<br />

notável: provavelmente um <strong>do</strong>s melhores<br />

espectáculos dirigi<strong>do</strong>s por João Paulo Seara<br />

Car<strong>do</strong>so. Indispensável ver, se possível.” (Carlos<br />

Porto, in Jornal <strong>de</strong> Letras); “É obrigatório assistir<br />

às transmutações, transfigurações, variações e<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos que João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />

recriou a partir <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> Beckett.” (Manuel<br />

João Gomes, in Público); “Um espectáculo notável.”<br />

(Susana Oliveira, in Visão7).<br />

João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />

João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so t<strong>em</strong> formação nos<br />

<strong>do</strong>mínios da animação sócio-cultural, <strong>do</strong> teatro e<br />

<strong>do</strong> teatro <strong>de</strong> marionetas, frequentan<strong>do</strong> os cursos<br />

<strong>do</strong> Institut National d`Éducation Populaire e <strong>do</strong><br />

Institut International <strong>de</strong> la Marionnette, <strong>em</strong><br />

França. Trabalhou com João Coimbra, Marcel<br />

Violette, Jim Henson e Lopez Barrantes. Integrou o<br />

quadro nacional <strong>de</strong> forma<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Instituto da<br />

Juventu<strong>de</strong> e é professor <strong>de</strong> Interpretação <strong>do</strong> curso<br />

<strong>de</strong> Teatro no Balleteatro — Escola Profissional.<br />

Em 1982 iniciou o estu<strong>do</strong> e divulgação <strong>do</strong><br />

Teatro Dom Roberto, fantoches tradicionais por-<br />

tugueses, que efectuou já cerca <strong>de</strong> 1500 representações.<br />

É funda<strong>do</strong>r e director artístico <strong>do</strong> Teatro <strong>de</strong><br />

Marionetas <strong>do</strong> Porto, ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> várias encenações.<br />

Com a companhia ou com espectáculos-<br />

-solo actua frequent<strong>em</strong>ente no estrangeiro, ten<strong>do</strong><br />

efectua<strong>do</strong> representações <strong>em</strong> festivais e<br />

digressões <strong>em</strong> Espanha, França, Itália, Bélgica,<br />

Suíça, Irlanda, Inglaterra, Israel, Al<strong>em</strong>anha, Brasil,<br />

Polónia, Cabo Ver<strong>de</strong>, República Checa e Holanda.<br />

Intérpretes Edgard Fernan<strong>de</strong>s, Sara Henriques e<br />

Sérgio Rolo<br />

Cenografia João Paulo Seara Car<strong>do</strong>so<br />

Marionetas e figurinos Júlio Vanzeler<br />

Música Roberto Neulichedl<br />

Desenho <strong>de</strong> luz António Real<br />

Produção Mário Moutinho<br />

Pintura <strong>de</strong> marionetas Emília Sousa<br />

Operação <strong>de</strong> som e luz Rui Pedro Rodrigues<br />

Assistente <strong>de</strong> produção Paula Anabela Silva<br />

Secretária <strong>de</strong> produção Sofia Carvalho<br />

Direcção <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> Igor Gandra<br />

Técnicos <strong>de</strong> construção Abílio Silva, Filipe<br />

Garcia e Vítor Silva<br />

Confecção <strong>de</strong> figurinos Branca Elíseo<br />

Colaboração Patrícia Falcão, Isabel Leite da Silva<br />

Fotografia <strong>de</strong> cena Henrique Delga<strong>do</strong><br />

Ilustração Júlio Vanzeler<br />

Língua português<br />

Duração 1h00<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Terça 4


A MATA<br />

DE JESPER HALLE | TEATRO<br />

COM O APOIO DA REAL EMBAIXADA DA NORUEGA EM LISBOA<br />

ARTISTAS UNIDOS<br />

ENCENAÇÃO DE FRANZISCA AARFLOT<br />

LISBOA<br />

A Mata aborda uma jornada comovente<br />

nas m<strong>em</strong>órias reprimidas <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> crianças<br />

que cresceram no mesmo bairro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>las <strong>de</strong>sapareceu. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, a estrutura<br />

da peça ass<strong>em</strong>elha-se a um mistério sobre um<br />

crime que mantém os especta<strong>do</strong>res <strong>em</strong> suspenso<br />

até ao fim. O possível abuso e assassinato <strong>de</strong> uma<br />

rapariga pequena só se revela gradualmente. Este<br />

mistério não é totalmente esclareci<strong>do</strong>. Os<br />

especta<strong>do</strong>res esperam respostas no final, mas o<br />

caso não é resolvi<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> o assassino trava<strong>do</strong>. A<br />

peça centra-se no bairro, nas crianças que viv<strong>em</strong><br />

la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>. Como reag<strong>em</strong> aos vários acontecimentos,<br />

como sent<strong>em</strong> uma ameaça, s<strong>em</strong>, no<br />

entanto, a perceber<strong>em</strong> claramente. E, claro, como<br />

estas crianças consegu<strong>em</strong> lidar (ultrapassar ou<br />

reprimir) o facto.<br />

Jesper Halle<br />

Jesper Halle nasceu <strong>em</strong> 1956, <strong>em</strong> Oslo. Des<strong>de</strong><br />

1984 que escreve para teatro, rádio e televisão, já<br />

ten<strong>do</strong> escrito mais <strong>de</strong> vinte peças. Escreve s<strong>em</strong>pre<br />

materiais para ser<strong>em</strong> representa<strong>do</strong>s – letras para<br />

canções, sketches cómicos, monólogos, teatro<br />

radiofónico, peças para marionetas, séries para<br />

televisão e peças para teatro. Já viu mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />

das suas peças ser<strong>em</strong> representadas. Trabalhou<br />

como dramaturgo no Det Åpne Teater por vários<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. As suas principais peças são<br />

Life is a Sandy Beach (1990), Wild Ducks (1996),<br />

The Light of Days (1996) – que recebeu o Ibsen<br />

Award for Best New Norwegian Play <strong>em</strong> 1997, e<br />

foi nomeada para o Award for Best Nordic Play,<br />

<strong>em</strong> 1998 -, West of E<strong>de</strong>n (2000), 24 Unsuccessfull<br />

Norwegians, Little Woods – que recebeu o Prémio<br />

da Fundação Wilhelm Hansen para Melhor Nova<br />

Peça Nórdica e o Hedda Award – e Nora’s<br />

Children. Algumas das suas peças foram representadas<br />

fora da Noruega, na Suécia, e <strong>em</strong> Nova<br />

Iorque, estan<strong>do</strong> neste momento a ser planeadas<br />

produções na China e na Rússia. A Mata foi apresenta<strong>do</strong><br />

na Suécia, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América,<br />

Al<strong>em</strong>anha, Dinamarca e agora <strong>em</strong> Portugal.<br />

Intérpretes António Simão, Arman<strong>do</strong> Luís,<br />

Bernar<strong>do</strong> Chatillon, Cecília Henriques, Flávia<br />

Araújo, Heloise Ro, Jéssica Anne, João Delga<strong>do</strong>,<br />

Leogizy Mary Gaspar, Nikki, Pablo Malter, Pedro<br />

Carraca, Paulo Pinto, Ricar<strong>do</strong> Batista, Ricar<strong>do</strong><br />

Carolo, Rúdy Fernan<strong>de</strong>s, Sandra Roque, Sara<br />

Moura, Sérgio Conceição e Tinto<br />

Tradução Pedro Porto Fernan<strong>de</strong>s<br />

Cenografia Inger Astri Kobbevik Stephens<br />

Montag<strong>em</strong> Daniel Fernan<strong>de</strong>s, com o apoio <strong>de</strong><br />

Rita Lopes Alves<br />

Figurinos Rita Lopes Alves<br />

Luz Pedro Domingos<br />

Assistência <strong>de</strong> encenação Andreia Bento, João<br />

Meireles, Ricar<strong>do</strong> Carolo, Pedro Carraca e<br />

António Simão<br />

Língua português<br />

Duração 2h20 (com intervalo)<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

SALA EXPERIMENTAL<br />

(ALMADA)<br />

19h00 Quarta 5<br />

19h00 Quinta 6<br />

19h00 Sexta 7<br />

19h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />

17h00 Domingo 9<br />

19h00 Terça 11<br />

21h00 Quarta 12<br />

19h00 Quinta 13<br />

19h00 Sexta 14<br />

17h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />

17h00 Domingo 16<br />

17h00 Terça 18<br />

CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong><br />

CO-PRODUÇÃO COM O DET APNE TEATER E O CHAPITÔ<br />

CENOGRAFIA E FIGURINOS COM O APOIO DE JOAQUIM<br />

RAMALHO E FILIPE FAÍSCA E DOS ALUNOS DE OFÍCIOS<br />

DO SEGUNDO ANO DO CHAPITÔ<br />

25


ENSAIO PARA O GINJAL<br />

DE ANTON TCHECOV | TEATRO<br />

TEATRO DA CORNUCÓPIA<br />

ENCENAÇÃO DE CHRISTINE LAURENT<br />

LISBOA<br />

É como se, com os actores, partíss<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />

uma página <strong>em</strong> branco ou <strong>do</strong> silêncio total, <strong>do</strong><br />

esquecimento <strong>do</strong> sono, e <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>vagarinho,<br />

como se nos puséss<strong>em</strong>os a viver, ali, essa estranha<br />

e longa jornada fictícia, inventada por Tchekov,<br />

que se <strong>de</strong>senrola, a partir <strong>de</strong> uma aurora <strong>de</strong> primavera<br />

fria, através da <strong>de</strong>scida <strong>do</strong> crepúsculo <strong>de</strong><br />

um dia <strong>de</strong> verão, e <strong>de</strong> uma noite <strong>de</strong> baile trepidante,<br />

até a uma tar<strong>de</strong> gelada <strong>de</strong> outono.<br />

A aposta <strong>de</strong>ste trabalho, é ritmar a concordância<br />

<strong>de</strong>stes quatro t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> contraponto<br />

com a meteorologia afectiva e pessoal <strong>de</strong> cada<br />

uma das personagens. Algumas <strong>de</strong>las hão-<strong>de</strong><br />

verificar, à sua custa, como disse Vladimir<br />

Jankélévitch, que “qu<strong>em</strong> volta atrás no espaço,<br />

não volta atrás no t<strong>em</strong>po”<br />

CHRISTINE LAURENT<br />

Anton Tchecov<br />

Neto <strong>de</strong> um servo liberto, Anton Tchecov<br />

(Ucrânia, 1860 - Al<strong>em</strong>anha, 1904) publicou alguns<br />

contos <strong>em</strong> revistas enquanto estudava medicina. O<br />

sucesso <strong>de</strong> uma peça <strong>de</strong> teatro, Ivanov, <strong>em</strong> 1887, e<br />

<strong>de</strong> uma novela, A Estepe (1888), permitiu-lhe<br />

<strong>de</strong>dicar-se exclusivamente à literatura, apesar da<br />

tuberculose, que o forçava a permanecer longos<br />

perío<strong>do</strong>s no estrangeiro. Devi<strong>do</strong> ao agravamento da<br />

<strong>do</strong>ença, fixou residência <strong>em</strong> Ialta (1899), on<strong>de</strong><br />

escreveu algumas das suas melhores obras (como A<br />

dama <strong>do</strong> cachorrinho, <strong>em</strong> 1889, e A noiva, <strong>em</strong> 1903).<br />

Nos últimos anos da sua vida escreveu as suas<br />

maiores criações para o teatro: Tio Vânia (1897), As<br />

Três Irmãs (1901) e O Ginjal (1904). Ambientadas na<br />

província, as suas peças envolv<strong>em</strong> personagens da<br />

burguesia e da aristocracia <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte. Os diálogos<br />

tradicionais são substituí<strong>do</strong>s por monólogos paralelos,<br />

on<strong>de</strong> cada personag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixa entrever as suas<br />

mágoas, sentimentos mais profun<strong>do</strong>s, e principalmente<br />

a frustração e a impotência perante a vida.<br />

26<br />

Intérpretes Cleia Almeida, Dinarte Branco, Dinis<br />

Gomes, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra,<br />

Márcia Breia, Pedro Lacerda, Rita Durão, Rita<br />

Loureiro e Sofia Marques<br />

Tradução Nina Guerra e Filipe Guerra<br />

Adaptação e guião <strong>de</strong> espectáculo Christine<br />

Laurent<br />

Cenário e figurinos Cristina Reis<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Daniel Worm d’Assumpção<br />

Som Vasco Pimentel<br />

Língua português<br />

Duração 2h30<br />

TEATRO DO BAIRRO ALTO / CORNUCÓPIA<br />

(LISBOA)<br />

21h30 Quarta 5<br />

21h30 Quinta 6<br />

21h30 Sexta 7<br />

21h30 Sába<strong>do</strong> 8<br />

17h00 Domingo 9<br />

21h30 Terça 11<br />

21h30 Quarta 12<br />

21h30 Quinta 13<br />

21h30 Sexta 14<br />

21h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />

17h00 Domingo 16<br />

21h30 Terça 18


À PROCURA DE JÚLIO CÉSAR<br />

DE CARLOS J. PESSOA | TEATRO<br />

TEATRO DOS ALOÉS E TEATRO DA GARAGEM<br />

ENCENAÇÃO DE CARLOS J. PESSOA<br />

LISBOA<br />

À Procura <strong>de</strong> Júlio César é uma peça que<br />

apresenta duas partes distintas. Na primeira<br />

parte, as palavras <strong>de</strong> Shakespeare misturam-se<br />

com o barulho e as luzes da cida<strong>de</strong>. Na segunda<br />

parte <strong>de</strong> À Procura <strong>de</strong> Júlio César, assistimos a<br />

uma d<strong>em</strong>anda. João José, um actor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>,<br />

que habita as incertezas existenciais da casa<br />

<strong>do</strong>s cinquenta, procura Júlio César, ou melhor,<br />

procura um <strong>em</strong>prego como motorista <strong>de</strong> Júlio<br />

César.<br />

O probl<strong>em</strong>a é encontrá-lo porque, obviamente,<br />

Júlio César já não habita a Roma pré-<br />

-imperial, o Egipto, ou o texto <strong>de</strong> Shakespeare.<br />

Per<strong>de</strong>u-se talvez nas malhas ínvias <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><br />

global ou, o que é o mesmo, <strong>em</strong> todas as palavras<br />

e imagens que acerca <strong>de</strong>le fomos ouvin<strong>do</strong> e<br />

ven<strong>do</strong>, aqui e ali. O anúncio <strong>de</strong>ste Júlio César, que<br />

quer um motorista, não t<strong>em</strong> pois uma morada,<br />

porque ele não t<strong>em</strong> um lugar e será, <strong>de</strong> algum<br />

mo<strong>do</strong>, a procura errática <strong>de</strong> João José que <strong>de</strong>finirá<br />

a sua existência e o seu lugar, i. e., o lugar <strong>de</strong><br />

ambos. Mais <strong>do</strong> que encontrar Júlio César e apresentá-lo,<br />

trata-se, <strong>de</strong> facto, <strong>de</strong> o procurar.<br />

Perante a floresta imensa <strong>do</strong>s lugares, das<br />

imagens e das personagens, João José, é claro,<br />

não t<strong>em</strong> um plano para esta procura e, mais <strong>do</strong><br />

que encontrar alguém que o esclareça, é confronta<strong>do</strong><br />

pelos suspeitos <strong>do</strong> costume que lhe<br />

apontam um caminho, feito <strong>de</strong> surpresas, coincidências<br />

e teatro.<br />

Carlos J. Pessoa<br />

Carlos J. Pessoa nasceu <strong>em</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1966.<br />

T<strong>em</strong> o curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Actores da Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Teatro e Cin<strong>em</strong>a e a licenciatura <strong>em</strong><br />

Teatro e Educação pela mesma escola, on<strong>de</strong> é professor<br />

e Director <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Teatro.<br />

Co-funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Teatro da Garag<strong>em</strong>, <strong>em</strong><br />

1989, escreveu e encenou a quase totalida<strong>de</strong> das<br />

peças que esta companhia t<strong>em</strong> apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então. T<strong>em</strong> publicadas as peças Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fausto,<br />

Café Magnético, Pentateuco-Manual <strong>de</strong><br />

Sobrevivência para o Ano 2000 (ciclo <strong>de</strong> 5 peças)<br />

e A portageira da Brisa.<br />

Em 1993 recebeu o prémio Texto <strong>de</strong> Teatro,<br />

<strong>do</strong> Teatro na Década, <strong>do</strong> Clube Português <strong>de</strong> Artes<br />

e I<strong>de</strong>ias, pela peça Café Magnético; <strong>em</strong> 2000 foi-<br />

-lhe atribuí<strong>do</strong> o Prémio CyberKyoske99 – Género<br />

Drama, pela peça Desertos - evento didáctico<br />

segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> um po<strong>em</strong>a grátis.<br />

Intérpretes Ana Palma, Carla Carreiro Men<strong>de</strong>s,<br />

Diana Costa e Silva, Elsa Valentim, Fernan<strong>do</strong><br />

Nobre, Jorge Silva, José Peixoto, Leonor Cabral,<br />

Luís Barros, Maria João Vicente, Miguel Men<strong>de</strong>s,<br />

Tiago Mateus e Vitor d’Andra<strong>de</strong><br />

Música Daniel Cervantes<br />

Figurinos Maria João Vicente e Ana Palma<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Miguel Cruz<br />

Direcção <strong>de</strong> produção Elsa Valentim e Maria<br />

João Vicente<br />

Produção Bruno Coelho e Gislaine Peixoto<br />

Fotografia e ví<strong>de</strong>o Rodrigo Duarte<br />

Assistente <strong>de</strong> produção Iría Menut<br />

Operação técnica José Nuno Silva<br />

Estagiária Antonela Silva<br />

Língua português<br />

Duração 1h40<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Quinta 6<br />

27


28<br />

WAITING FOR GODOT (À ESPERA DE GODOT)<br />

DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />

TEATRO MERIDIONAL – ASSOCIAÇÃO MERIDIONAL DE<br />

CULTURA<br />

ENCENAÇÃO DE MIGUEL SEABRA<br />

LISBOA<br />

“Uma estrada no campo. Uma árvore. Ao<br />

anoitecer.” No que se tornou o cenário mais célebre<br />

<strong>do</strong> teatro cont<strong>em</strong>porâneo Didi e Gogo<br />

aguardam <strong>em</strong> <strong>do</strong>is actos a vinda <strong>de</strong> um incerto<br />

Go<strong>do</strong>t que Beckett s<strong>em</strong>pre se recusou a i<strong>de</strong>ntificar<br />

com a divinda<strong>de</strong>, para realçar, talvez, não a finalida<strong>de</strong><br />

da espera, mas o que se produz enquanto ela<br />

<strong>de</strong>corre. Logo na sua estreia, <strong>em</strong> 1952, foi perceptível<br />

a verda<strong>de</strong>ira dimensão <strong>de</strong> um texto que, à<br />

superfície, t<strong>em</strong> tanto <strong>de</strong> parábola bíblica como <strong>de</strong><br />

farsa clownesca, mas que o t<strong>em</strong>po se encarregou<br />

<strong>de</strong> transformar na mais po<strong>de</strong>rosa fábula <strong>do</strong> nosso<br />

t<strong>em</strong>po.<br />

Perguntam incessantes e curiosos: “O que<br />

pensam acrescentar no vosso espectáculo, <strong>de</strong>ste<br />

texto multiplamente feito e reinventa<strong>do</strong>, Waiting<br />

for Go<strong>do</strong>t, <strong>de</strong> Samuel Beckett?”.<br />

Respond<strong>em</strong>os, parafrasean<strong>do</strong> Beckett: “ O<br />

que quis dizer foi exactamente o que disse!”.<br />

Não quer<strong>em</strong>os acrescentar nada — não nos<br />

toma a preocupação obsessiva da originalida<strong>de</strong><br />

da obra. Quer<strong>em</strong>os, como as personagens <strong>de</strong><br />

Beckett, ser aqueles que não sab<strong>em</strong>, aqueles que<br />

não pod<strong>em</strong>. Quer<strong>em</strong>os cumprir o <strong>de</strong>lito indizível e<br />

maior, <strong>de</strong> termos nasci<strong>do</strong> e <strong>de</strong> nos repetirmos. E<br />

quer<strong>em</strong>os ser o veículo da palavra simples, brinca<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> numa dupla simulação: fingir<br />

o que se t<strong>em</strong> – como os actores, fingir o que não<br />

se t<strong>em</strong> – como as personagens.<br />

Quer<strong>em</strong>os ser simples, não <strong>de</strong>ixar a palavra<br />

“nutrir-se” <strong>de</strong> efeitos ou <strong>de</strong> intenções, não carregar<br />

o espectáculo <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a referencial<br />

signíco e dramatúrgico, não ilustrar pleonasticamente<br />

a mensag<strong>em</strong> ou a sua interdição.<br />

Quer<strong>em</strong>os dar forma e corpo e peso a essas personagens<br />

fantasmáticas e teatrais, que enquanto<br />

esperam se <strong>de</strong>slocam quietas num jogo<br />

aparent<strong>em</strong>ente el<strong>em</strong>entar da vida humana.<br />

Quer<strong>em</strong>os prosseguir o risco <strong>do</strong> texto que, tal<br />

como a existência, está cheio <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

CO-PRODUÇÃO CENTRO CULTURAL DE BELÉM<br />

caminho, <strong>de</strong> didascálias normativas. Quer<strong>em</strong>os<br />

experimentar a exigência da pausa e <strong>do</strong> silêncio,<br />

<strong>do</strong> jogo e da transgressão, da liberda<strong>de</strong> possível<br />

neste território <strong>em</strong> que experimentamos também<br />

a contingência.<br />

MIGUEL SEABRA E NATÁLIA LUÍZA<br />

Intérpretes António Fonseca, João Pedro Vaz,<br />

Miguel Seabra, Pedro Gil e Luís Martinho<br />

Tradução Francisco Luís Parreira<br />

Assistência artística Natália Luíza<br />

Cenografia e figurinos Ana Limpinho e Maria<br />

João Castelo<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Miguel Seabra<br />

Assistência <strong>de</strong> encenação Romeu Costa<br />

Programa Luís Vasco e Natália Luíza<br />

Fotografia <strong>de</strong> cena Rui Mateus e Patrícia Poção<br />

Realização <strong>de</strong> figurinos Pieda<strong>de</strong> Antunes<br />

Operação técnica Feliciano Branco<br />

Produção executiva Jorge Sousa<br />

Direcção <strong>de</strong> produção Mónica Almeida<br />

Língua português<br />

Duração 1h20<br />

PALCO GRANDE<br />

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA<br />

(ALMADA)<br />

22h00 Sába<strong>do</strong> 8


FIORE NUDO (FLOR NUA)<br />

ESPÉCIE DE ÓPERA A PARTIR DE CENAS DE DON GIOVANNI<br />

MÚSICA DE WOLFGANG AMADEUS MOZART<br />

LIBRETO DE LORENZO DA PONTE<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S.LUIZ<br />

TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />

ENCENAÇÃO DE NUNO M CARDOSO<br />

PORTO<br />

Como a morte (se a encararmos com exactidão)<br />

é o verda<strong>de</strong>iro objectivo da nossa vida, tenho-me<br />

familiariza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> há uns anos a esta parte, com essa<br />

verda<strong>de</strong>ira e excelente amiga <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, a ponto <strong>de</strong><br />

o seu rosto já nada ter <strong>de</strong> aterroriza<strong>do</strong>r para mim,<br />

parecen<strong>do</strong>-me, pelo contrário, tranquilizante e<br />

muito consola<strong>do</strong>r. […] De noite, nunca me <strong>de</strong>ito s<strong>em</strong><br />

pensar que no dia seguinte (por muito jov<strong>em</strong> que eu<br />

ainda seja) talvez já cá não esteja e, no entanto,<br />

nenhuma das pessoas que me conhec<strong>em</strong> e me frequentam<br />

po<strong>de</strong> dizer que eu an<strong>de</strong> magoa<strong>do</strong> ou<br />

triste.<br />

WOLFGANG AMADEUS MOZART<br />

(Carta a seu pai, Leopold Mozart, 4 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1787.)<br />

Lorenzo da Ponte<br />

Lorenzo da Ponte nasceu <strong>em</strong> Treviso <strong>em</strong> 1749<br />

e faleceu <strong>em</strong> Nova Iorque <strong>em</strong> 1838. Por volta <strong>de</strong><br />

1770 faz-se sacer<strong>do</strong>te e vive <strong>em</strong> Veneza. Porém,<br />

leva uma vida libertina, e <strong>em</strong> 1779 é expulso da<br />

então República. Muda-se para Viena, graças ao<br />

interesse d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> por Antonio Salieri na sua<br />

habilida<strong>de</strong>, já evi<strong>de</strong>nte, como libretista. Data <strong>de</strong>stes<br />

anos a sua colaboração com Wolfgang A. Mozart<br />

na criação <strong>de</strong> três obras-primas: As Bodas <strong>de</strong> Fígaro<br />

(1786), a partir da comédia <strong>de</strong> Beaumarchais, Don<br />

Giovanni (1787) e Così Fan Tutte (1790).<br />

Wolfgang Ama<strong>de</strong>us Mozart<br />

Wolfgang Ama<strong>de</strong>us Mozart nasceu <strong>em</strong><br />

Salzburgo, <strong>em</strong> 1756. Foi uma criança prodígio <strong>de</strong><br />

uma família musical burguesa, começan<strong>do</strong> a compor<br />

minuetes para cravo aos cinco anos. Em 1763,<br />

foi leva<strong>do</strong> pelo pai <strong>em</strong> digressão pela França e<br />

Inglaterra. Entre 1770 e 1773 visitou Itália por três<br />

vezes, on<strong>de</strong> compôs a ópera Mitridate. A eleição <strong>do</strong><br />

con<strong>de</strong> Hieronymus Collore<strong>do</strong> como arcebispo <strong>de</strong><br />

Salzburgo mudaria esta situação. A Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corte<br />

vienense implicava com a orig<strong>em</strong> burguesa e os<br />

mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mozart, e Collore<strong>do</strong> não admitia que um<br />

mero serviçal passasse tanto t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> viagens ao<br />

exterior. Em 1781 Collore<strong>do</strong> or<strong>de</strong>na a Mozart que se<br />

junte a ele e à sua comitiva <strong>em</strong> Viena. Insatisfeito<br />

por ser coloca<strong>do</strong> entre os cria<strong>do</strong>s, pediu a d<strong>em</strong>issão.<br />

A partir daí, passa a viver da renda <strong>de</strong> concertos, da<br />

publicação das suas obras e <strong>de</strong> aulas particulares.<br />

Em 1786, compõe a primeira ópera <strong>em</strong> que contou<br />

com a colaboração <strong>de</strong> Lorenzo da Ponte: As Bodas<br />

<strong>de</strong> Fígaro. Segue-se Don Giovanni, consi<strong>de</strong>rada por<br />

muitos a sua obra-prima. Mozart ainda escreveria<br />

Così Fan Tutte, com libreto <strong>de</strong> Da Ponte, <strong>em</strong> 1789.<br />

Em 1791 compõe as duas últimas óperas (A<br />

Cl<strong>em</strong>ência <strong>de</strong> Tito e A Flauta Mágica). Na Primavera<br />

<strong>de</strong>sse ano recebe a encomenda <strong>de</strong> um Requi<strong>em</strong><br />

(K.626). Contu<strong>do</strong> morre a 5 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1791,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a obra inacabada. É enterra<strong>do</strong> numa vala<br />

comum <strong>de</strong> Viena.<br />

Intérpretes Ana Barros, Andresa Soares, António<br />

Durães, Carla Simões, Fernan<strong>do</strong> Guimarães, Joana<br />

Manuel, João Merino, José Corvelo, Pedro Pernas,<br />

Rui Massena (Piano), Carlos Piçarra Alves<br />

(Clarinete) e Bruno Martins (Contrabaixo)<br />

Adaptação e direcção musical Rui Massena<br />

Dramaturgia Nuno M Car<strong>do</strong>so<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> projecto João Henriques<br />

Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />

Figurinos Fre<strong>de</strong>rica Nascimento<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Nuno Meira<br />

Desenho <strong>de</strong> som Francisco Leal<br />

Música electrónica ambiental Miguel Pereira<br />

Língua italiano (legenda<strong>do</strong> <strong>em</strong> português)<br />

Duração aproximada 1h20<br />

TEATRO S.LUIZ<br />

SALA PRINCIPAL<br />

(LISBOA)<br />

21h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />

21h00 Domingo 9<br />

29


30<br />

TEATRO DE PAPEL | CONVIDADO DE PEDRA<br />

A PARTIR DE O ENGANADOR DE SEVILHA, DE TIRSO DE MOLINA | TEATRO DE MARIONETAS<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />

TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />

TEATRO DE FORMAS ANIMADAS DE VILA DO CONDE<br />

ENCENAÇÃO DE MARCELO LAFONTANA<br />

PORTO<br />

D. João, invetera<strong>do</strong> sedutor, conquista as<br />

mulheres, faz amor com elas e aban<strong>do</strong>na-as logo<br />

após. Mulheres, s<strong>em</strong>pre mulheres, num apetite<br />

insaciável <strong>de</strong> engana<strong>do</strong>r-colecciona<strong>do</strong>r. Plebeias e<br />

nobres. Uma <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scobre o logro (D. João faz-<br />

-se passar pelo seu apaixona<strong>do</strong> primo). O pai<br />

acorre para vingar a honra perdida da filha. D.<br />

João, tão exímio na arte <strong>do</strong> duelo como na da<br />

conquista, mata o pai da seduzida. Um dia, a<br />

estátua <strong>de</strong> pedra que encima o sepulcro <strong>do</strong><br />

nobre senhor anima-se... É o fantasma, o<br />

revenant, o pai da <strong>do</strong>nzela que v<strong>em</strong> <strong>do</strong> outro<br />

mun<strong>do</strong>, pela vingança, buscar o sedutor e o vai<br />

arrastar para o inferno como anunciam, à<br />

maneira <strong>do</strong>s coros trágicos, os músicos da companhia:<br />

“E que o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r não pense / que Deus<br />

castigo não traga; / o prazo s<strong>em</strong>pre se vence / e a<br />

conta s<strong>em</strong>pre se paga”.<br />

Tirso <strong>de</strong> Molina<br />

Tirso <strong>de</strong> Molina nasceu <strong>em</strong> Madrid, <strong>em</strong><br />

1579. Foi discípulo <strong>de</strong> Lope <strong>de</strong> Vega, que conheceu<br />

como estudante <strong>em</strong> Alcalá <strong>de</strong> Henares. Foi or<strong>de</strong>na<strong>do</strong><br />

sacer<strong>do</strong>te <strong>em</strong> 1606, <strong>em</strong> Tole<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>u<br />

Artes e Teologia e começou a escrever.<br />

Em 1612, ven<strong>de</strong>u um lote <strong>de</strong> três comédias, e<br />

crê-se que já tinha escrito uma primeira versão <strong>de</strong><br />

El vergonzoso en Palacio. Já então tratava t<strong>em</strong>as<br />

religiosos, e as suas sátiras e comédias já lhe<br />

tinham trazi<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>as com as autorida<strong>de</strong>s<br />

eclesiásticas.<br />

Em 1625, a Junta <strong>de</strong> Reformación, criada<br />

pelo Con<strong>de</strong>-Duque <strong>de</strong> Olivares, primeiro-ministro<br />

<strong>do</strong> rei Felipe IV <strong>de</strong> Espanha, castiga-o com a<br />

reclusão no mosteiro <strong>de</strong> Cuenca, por escrever<br />

comédias profanas “e <strong>de</strong> maus incentivos e ex<strong>em</strong>plos”,<br />

e pe<strong>de</strong> o seu <strong>de</strong>sterro e excomunhão <strong>em</strong><br />

caso <strong>de</strong> reincidência.<br />

Mas Tirso <strong>de</strong> Molina continuou a escrever<br />

e não se tomaram acções contra ele, apesar das<br />

medidas moraliza<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Con<strong>de</strong>-Duque. Entre<br />

1632 e 1639 esteve na Catalunha, on<strong>de</strong> foi<br />

nomea<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>r geral e cronista da sua Ord<strong>em</strong>;<br />

neste último cargo, cria a Historia general <strong>de</strong> la<br />

Or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> la Merced.<br />

Morreu <strong>em</strong> Almazán <strong>em</strong> 1648. Apesar <strong>de</strong><br />

apenas ter<strong>em</strong> chega<strong>do</strong> aos nossos dias cerca <strong>de</strong><br />

sessenta peças dramáticas suas (segun<strong>do</strong> o seu<br />

próprio test<strong>em</strong>unho teria escrito trezentas ou<br />

quatrocentas peças), foi um <strong>do</strong>s dramaturgos<br />

mais prolíficos <strong>do</strong> Siglo <strong>de</strong> Oro.<br />

Intérpretes Victor Madureira, Andreia Gomes,<br />

Marcelo Lafontana<br />

Tradução José Coutinhas<br />

Dramaturgia e adaptação José Coutinhas,<br />

Marcelo Lafontana<br />

Cenografia, marionetas e a<strong>de</strong>reços Luís da<br />

Silva<br />

Música original Eduar<strong>do</strong> Patriarca<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Rui Damas<br />

Língua português<br />

Duração 1h50<br />

TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />

JARDIM DE INVERNO<br />

(LISBOA)<br />

23h00 Sába<strong>do</strong> 8<br />

23h00 Domingo 9


ESTA NOITE, ARSÉNICO!<br />

DE CARLO TERRON |TEATRO<br />

COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA<br />

ENCENAÇÃO DE MARIO MATTIA GIORGETTI<br />

ALMADA<br />

Um casal aparent<strong>em</strong>ente feliz, Bice e<br />

Lorenzo, vive num inferno strindbergiano. Ela é<br />

uma mulher frontal, viciada no trabalho, ninfomaníaca,<br />

que dirige uma agência funerária,<br />

enquanto que ele é um intelectual, um rato <strong>de</strong><br />

biblioteca introspectivo, sexualmente impotente<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos ataques da sua esposa.<br />

Trata-se <strong>de</strong> duas personagens simbólicas,<br />

viven<strong>do</strong> no limite, mas n<strong>em</strong> por isso completamente<br />

estranhas ao nosso Mun<strong>do</strong>. Durante os<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ócio, estabelec<strong>em</strong> o pacto <strong>de</strong> entrar<br />

num jogo que lhes permita recuperar o erotismo<br />

e a paixão extinta. Durante este duelo, algumas<br />

verda<strong>de</strong>s cruéis vêm ao <strong>de</strong> cima, assim como<br />

alguns <strong>de</strong>sejos inconfessáveis, fatias violentas <strong>de</strong><br />

vida, reprimida e negada, escondida nas profun<strong>de</strong>zas<br />

<strong>do</strong>s dias que corr<strong>em</strong>.<br />

Carlo Terron<br />

Itália t<strong>em</strong> <strong>em</strong> Carlo Terron (Verona, 1910 -<br />

Milão, 1991) o seu Anouilh <strong>do</strong> pós-guerra, e o<br />

seu comediógrafo mais actual e vital, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Ugo Betti e Eduar<strong>do</strong> De Filippo, entre os pós-<br />

-piran<strong>de</strong>llianos.<br />

Da tragédia ao vau<strong>de</strong>ville, Terron percorreu<br />

to<strong>do</strong> o itinerário <strong>do</strong>s géneros teatrais. Deitou<br />

abaixo falsas fortalezas, com a arma <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

gumes da ironia, alcançan<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> relevo<br />

na evolução <strong>do</strong> teatro italiano existencialista. A<br />

consciência <strong>de</strong> um pessimismo subliminar é<br />

constante, e confere espessura dramática, quiçá<br />

alusiva, a muitas das suas piadas. E todas as suas<br />

personagens a este fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> conformação pessimista<br />

opõ<strong>em</strong> a substância da própria força<br />

dramática, traduzin<strong>do</strong>-a num diálogo pleno <strong>de</strong><br />

ritmo e, muitas vezes, vibrante <strong>de</strong> divertimento<br />

malicioso.<br />

GIORGIO PULLINI<br />

Mario Mattia Giorgetti<br />

Mario Mattia Giorgetti, encena<strong>do</strong>r, actor, e<br />

director da revista Sipario, diplomou-se <strong>em</strong> 1961 no<br />

Piccolo Teatro di Milano, on<strong>de</strong> trabalhou com Giorgio<br />

Strehler. Encenou mais <strong>de</strong> sessenta peças <strong>de</strong>, entre<br />

outros, Beckett, Ionesco, Camus, Osborne, Albee,<br />

Arrabal e Molière, ten<strong>do</strong> dirigi<strong>do</strong> duas produções na<br />

Broadway. Foi director durante quatro anos <strong>do</strong> Teatro<br />

Olimpico di Vicenza. Entre 1981 e 1984 foi director<br />

artístico <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Taormina, <strong>do</strong> Festival <strong>do</strong>s<br />

Confrontos Internacionais <strong>do</strong> Espectáculo <strong>de</strong><br />

Kamarina, <strong>do</strong> Festival das Ilhas Eólias, e <strong>do</strong> Milano-<br />

-New York Festival. Dirigiu durante <strong>do</strong>is anos o Teatro<br />

<strong>de</strong>ll’Arte <strong>de</strong> Milão, e durante quatro anos o Teatro<br />

Litta, também <strong>de</strong>ssa cida<strong>de</strong>.<br />

Intépretes Alberto Quaresma e Teresa Gafeira<br />

Tradução José Colaço Barreiros<br />

Cenário Tiziana Gagliardi<br />

Assistência <strong>de</strong> encenação Sebastiana Fadda<br />

Luz José Carlos Nascimento<br />

Língua português<br />

Duração 1h20<br />

TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

RUA CONDE FERREIRA<br />

(ALMADA)<br />

21h30 Segunda 10<br />

19h00 Terça 11<br />

19h00 Quarta 12<br />

CRIAÇÃO NO <strong>FESTIVAL</strong><br />

31


32<br />

QUANDO DEUS QUIS UM FILHO<br />

DE ARNOLD WESKER | TEATRO<br />

ENSEMBLE – SOCIEDADE DE ACTORES<br />

ENCENAÇÃO DE CARLOS PIMENTA<br />

PORTO<br />

Joshua, professor <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ântica, é ju<strong>de</strong>u.<br />

Martha é gentia e anti-s<strong>em</strong>ita. Foram casa<strong>do</strong>s<br />

mas separaram-se. Connie, a filha <strong>de</strong>les, tenta<br />

ser comediante, mas como o seu humor é<br />

sofistica<strong>do</strong> não t<strong>em</strong> ti<strong>do</strong> muito sucesso.<br />

Regressa a casa <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> consolo, esperan<strong>do</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r o seu <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> e confuso passa<strong>do</strong>.<br />

Joshua regressa para convencer a ex-mulher a<br />

investir na sua máquina <strong>de</strong>tectora da verda<strong>de</strong><br />

através das inflecções da voz . Martha tenta mas<br />

não consegue gostar <strong>de</strong>le n<strong>em</strong> respeitá-lo.<br />

Arnold Wesker<br />

Arnold Wesker, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Londres <strong>em</strong><br />

1932, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s mais importantes<br />

autores <strong>do</strong> século XX, ten<strong>do</strong> escrito 42 peças <strong>de</strong><br />

teatro, quatro volumes <strong>de</strong> contos e <strong>do</strong>is volumes<br />

<strong>de</strong> ensaios. As suas peças encontram-se traduzidas<br />

<strong>em</strong> 17 línguas e foram representadas <strong>em</strong><br />

diversos países. No ano <strong>de</strong> 2002 Arnold Wesker<br />

celebrou o seu septuagésimo aniversário e os<br />

quarenta e cinco anos <strong>de</strong> carreira literária, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> arma<strong>do</strong> cavaleiro <strong>em</strong> <strong>2006</strong>.<br />

Acerca <strong>de</strong> Quan<strong>do</strong> Deus Quis um Filho, o<br />

Sunday Times escreveu: “A escrita <strong>de</strong> Wesker é<br />

fogosa e cheia <strong>de</strong> energia, conduzin<strong>do</strong> a sensações<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras paixão e pieda<strong>de</strong>”. O The<br />

Guardian referiu-se à peça da seguinte forma: “As<br />

i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Wesker são intrigantes. A peça t<strong>em</strong> uma<br />

vitalida<strong>de</strong> intelectual genuína, que agarra a<br />

atenção <strong>do</strong> público e d<strong>em</strong>onstra a inquestionável<br />

energia dramática <strong>de</strong> Wesker”.<br />

Intérpretes Alexandra Gabriel, Emília Silvestre,<br />

Jorge Pinto<br />

Tradução Constança Carvalho Hom<strong>em</strong><br />

Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />

Ví<strong>de</strong>o Alexandre Azinheira<br />

Desenho <strong>de</strong> luz José Álvaro Correia<br />

Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />

Língua português<br />

Duração 1h30<br />

FÓRUM ROMEU CORREIA<br />

AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA<br />

(ALMADA)<br />

19h00 Terça 11


D. JOÃO<br />

DE MOLIÈRE | TEATRO<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO MUNICIPAL DE S. LUIZ<br />

TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />

ENCENAÇÃO DE RICARDO PAIS<br />

PORTO<br />

Os cinco actos <strong>em</strong> prosa <strong>do</strong> Dom Juan<br />

foram representa<strong>do</strong>s pela primeira vez <strong>em</strong> Paris,<br />

<strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1665. Quan<strong>do</strong> estava mais<br />

acesa a polémica contra O Tartufo, Molière<br />

escolheu um t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> êxito seguro, provavelmente<br />

para evitar mais escândalos. Realmente, a<br />

anterior versão da personag<strong>em</strong> criada <strong>em</strong><br />

Espanha por Tirso <strong>de</strong> Molina (El Burla<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

Sevilla) nunca tinha levanta<strong>do</strong> os mínimos<br />

protestos por parte <strong>do</strong>s “conserva<strong>do</strong>res”, tanto<br />

espanhóis como franceses.<br />

Mas não aconteceu o mesmo a Molière,<br />

talvez porque os “<strong>de</strong>votos” seus inimigos, sentiam<br />

que ele manifestava pouco <strong>do</strong> “furor santo” que<br />

<strong>de</strong>via d<strong>em</strong>onstrar frente a esse herói libertino,<br />

que, pelo contrário, estava nimba<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma certa<br />

simpatia compreensiva. O facto é que os ataques<br />

e as polémicas suscitadas por O Tartufo se reacen<strong>de</strong>ram<br />

contra Dom Juan. Depois <strong>de</strong> apenas<br />

quinze representações, a companhia retirou Dom<br />

Juan <strong>de</strong> cartaz. A obra só voltará às cenas<br />

parisienses <strong>em</strong> 1847 e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí, o número <strong>de</strong><br />

representações mal ultrapassou as 150.<br />

Jean-Baptiste Poquelin<br />

Jean-Baptiste Poquelin, mais conheci<strong>do</strong><br />

como Molière (baptiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Paris a 15 <strong>de</strong> Janeiro<br />

<strong>de</strong> 1622 - 17 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1673), para além <strong>de</strong><br />

ter si<strong>do</strong> actor, encena<strong>do</strong>r e director <strong>de</strong> uma companhia,<br />

é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s mestres da comédia<br />

satírica. Teve um papel <strong>de</strong> absoluta importância na<br />

dramaturgia francesa, até então muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da t<strong>em</strong>ática da mitologia grega. Usou as suas obras<br />

para criticar os costumes da época, crian<strong>do</strong> o l<strong>em</strong>a<br />

castigat ri<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mores. É consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o funda<strong>do</strong>r,<br />

indirecto, da Comédie-Française. Dele, disse<br />

Boileau: “No saco ridículo on<strong>de</strong> se envolve Scapin,<br />

não reconheço mais o autor <strong>de</strong> O Misantropo”.<br />

Como encena<strong>do</strong>r, ficou também conheci<strong>do</strong> pelo<br />

seu rigor e meticulosida<strong>de</strong>.<br />

Intérpretes António Durães, Hugo Torres, Joana<br />

Manuel, João Castro, Jorge Mota, José Eduar<strong>do</strong><br />

Silva, Lígia Jorge, Marta Freitas, Paulo Freixinho,<br />

Pedro Almendra e Pedro Pernas, com a participação<br />

especial <strong>do</strong> clarinetista Carlos Piçarra<br />

Alves (por especial <strong>de</strong>ferência da Orquestra<br />

Nacional <strong>do</strong> Porto)<br />

Tradução Nuno Júdice<br />

Cenografia João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />

Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />

Desenho <strong>de</strong> som Francisco Leal<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Nuno Meira<br />

Desenho <strong>de</strong> lutas Miguel Andra<strong>de</strong> Gomes<br />

Improvisações musicais <strong>de</strong> Carlos Piçarra<br />

Alves, sobre t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Vítor Rua, Maurice Ravel e<br />

Rahul Dev Burman<br />

Preparação vocal e elocução João Henriques<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> movimento David Santos<br />

1º assistente <strong>de</strong> encenação David Santos<br />

2º assistente <strong>de</strong> encenação João Castro<br />

A banda sonora <strong>do</strong> espectáculo inclui t<strong>em</strong>as<br />

trata<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s originais:<br />

Nodir Pare Utthchhe Dhnoa, <strong>de</strong> Rahul Dev<br />

Burman<br />

Dhanno Ki Aankhon, <strong>de</strong> Rahul Dev Burman<br />

Interpretação musical Kronos Quartet<br />

Língua português<br />

Duração 1h50<br />

TEATRO MUNICIPAL DE S.LUIZ<br />

SALA PRINCIPAL<br />

(LISBOA)<br />

21h00 Quarta 12<br />

21h00 Quinta 13<br />

21h00 Sexta 14<br />

21h00 Sába<strong>do</strong> 15<br />

33


34<br />

MÃOS MORTAS<br />

DE HOWARD BARKER | TEATRO<br />

AS BOAS RAPARIGAS<br />

ENCENAÇÃO DE ROGÉRIO DE CARVALHO<br />

PORTO<br />

Um jov<strong>em</strong> t<strong>em</strong> conhecimento <strong>de</strong> que o seu<br />

pai está a morrer. Conduz furiosamente para o ver<br />

ainda vivo mas já não chega a t<strong>em</strong>po. A amante<br />

<strong>do</strong> pai mostra-lhe o quarto on<strong>de</strong> está o corpo e<br />

<strong>de</strong>ixa-o entregue à sua <strong>do</strong>r. Mais tar<strong>de</strong> aparece<br />

o seu jov<strong>em</strong> irmão. Tinha esta<strong>do</strong> presente no<br />

momento da morte mas a sua atitu<strong>de</strong> é<br />

estranhamente ambígua. Parece relutante <strong>em</strong> se<br />

comprometer com o seu irmão mais velho,<br />

que imediatamente suspeita <strong>de</strong> que ele tenha<br />

conhecimento <strong>de</strong> um segre<strong>do</strong> culpabilizante.<br />

Até que ponto é que o hom<strong>em</strong> morto<br />

planeia os seus encontros? São as acções e pensamentos<br />

<strong>do</strong>s presentes parte <strong>de</strong> um esqu<strong>em</strong>a<br />

elabora<strong>do</strong> por ele? E quais são as intenções da<br />

amante perante os filhos?<br />

Howard Barker<br />

As peças <strong>de</strong> Howard Barker (n. 1946) são<br />

construídas na pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que o teatro é uma<br />

necessida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>, um lugar para a<br />

imaginação e reflexão moral livre das exigências<br />

<strong>do</strong> realismo ou <strong>de</strong> qualquer i<strong>de</strong>ologia. Barker<br />

<strong>de</strong>screve o seu trabalho com a expressão Teatro da<br />

Catástrofe. No trabalho <strong>de</strong> Barker nenhuma tentativa<br />

é feita para satisfazer qualquer exigência<br />

da clareza ou da simplicida<strong>de</strong> ilusória <strong>de</strong> uma só<br />

mensag<strong>em</strong>; cada representação é como um<br />

<strong>de</strong>safio público no qual actores e especta<strong>do</strong>res<br />

são inspira<strong>do</strong>s a encontrar o significa<strong>do</strong> e a<br />

ressonância <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> interpretações.<br />

Especialmente no continente europeu,<br />

Barker é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores escritores <strong>do</strong><br />

teatro mo<strong>de</strong>rno. Nos últimos três anos, vinte e<br />

sete <strong>do</strong>s seus trabalhos foram representa<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

seis línguas, <strong>em</strong> países tão diversos como o<br />

Canadá, Nova Zelândia e Eslovénia.<br />

Intérpretes Maria <strong>do</strong> Céu Ribeiro, Miguel Eloy e<br />

Wagner Borges<br />

Tradução Pedro Cavaleiro<br />

Assistência <strong>de</strong> encenação Carla Miranda<br />

Dramaturgia Rogério <strong>de</strong> Carvalho e Carla<br />

Miranda<br />

Desenho <strong>de</strong> luz Jorge Ribeiro<br />

Sonoplastia Luís Aly<br />

Figurinos Ana Luena<br />

Maquilhag<strong>em</strong> Patrícia Lima<br />

Arranjo cenográfico e a<strong>de</strong>reços Cláudia<br />

Armanda<br />

Produção executiva Carla Moreira<br />

Confecção <strong>de</strong> figurinos Sr. Saldanha e Ana<br />

Maria Fernan<strong>de</strong>s<br />

Arranjo <strong>de</strong> figurino Maria Fernanda Barros<br />

Montag<strong>em</strong> e operação <strong>de</strong> luz Hugo Amaral<br />

Montag<strong>em</strong> e operação <strong>de</strong> som Luís Aly<br />

Construção e montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> cenário Manuel<br />

Pereira<br />

Construção <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços Teatro <strong>de</strong> Ferro<br />

Língua português<br />

Duração 1h35<br />

FÓRUM ROMEU CORREIA<br />

AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA<br />

(ALMADA)<br />

19h00 Quinta 13


LEITURA ENCENADA DE FREI LUÍS DE SOUSA<br />

DE ALMEIDA GARRETT<br />

EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO<br />

MUNICIPAL DE SÃO LUIZ<br />

TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO<br />

DIRECÇÃO CÉNICA DE RICARDO PAIS<br />

PORTO<br />

Em 1999, no contexto <strong>do</strong> ciclo Exaltação,<br />

Simplificação e Louvor Lírico <strong>de</strong> Três Gran<strong>de</strong>s<br />

Autores, promov<strong>em</strong>os uma leitura encenada <strong>de</strong><br />

Frei Luís <strong>de</strong> Sousa <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a Almeida<br />

Garrett, o re-funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Teatro Português,<br />

poeta, dramaturgo e hom<strong>em</strong> público.<br />

Essas quatro récitas, no horário da tar<strong>de</strong>,<br />

praticamente só para alunos <strong>do</strong> ensino<br />

secundário, confirmaram a minha i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />

este texto – que encenei <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1978 e que<br />

José Wallenstein aqui encenou <strong>em</strong> 2001 – funciona<br />

b<strong>em</strong> melhor quan<strong>do</strong> o ouvimos ler.<br />

A versão <strong>de</strong> 1999 foi acompanhada por um<br />

programa informal on<strong>de</strong> coligimos alguns textos<br />

que continham algumas das mais evi<strong>de</strong>ntes<br />

informações sobre Garrett e Frei Luís <strong>de</strong> Sousa,<br />

b<strong>em</strong> como a sua relação com o teatro português,<br />

plasmada <strong>em</strong> alguns <strong>do</strong>cumentos funda<strong>do</strong>res da<br />

sua obstinada e programática batalha por uma<br />

regeneração da arte dramática, assente na criação<br />

<strong>de</strong> um repertório nacional e, fundamentalmente,<br />

na intransigência da <strong>de</strong>fesa da língua portuguesa.<br />

Na primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, Almeida<br />

Garrett sublinhava, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> lei, a evidência<br />

<strong>de</strong> que um Teatro Nacional também se <strong>de</strong>veria<br />

constituir numa espécie <strong>de</strong> reserva ecológica da<br />

língua. Inquietações que também partilhamos,<br />

consagradas na Lei Orgânica que nos rege <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1995, e revistas e ampliadas numa proposta<br />

enviada à tutela, no âmbito da reforma administrativa<br />

<strong>em</strong> curso, que visa transformar o TNSJ<br />

numa Entida<strong>de</strong> Pública Empresarial.<br />

RICARDO PAIS<br />

Leitores Hugo Torres Miranda, Jorge Mota, José<br />

Eduar<strong>do</strong> Silva, Lígia Roque, Marta Santos, Paulo<br />

Freixinho, Pedro Almendra Manuel e Bernar<strong>do</strong><br />

Sassetti ao piano<br />

Música Bernar<strong>do</strong> Sassetti<br />

Dispositivo cénico João Men<strong>de</strong>s Ribeiro<br />

Figurinos Bernar<strong>do</strong> Monteiro<br />

Luz Nuno Meira<br />

Som Francisco Leal<br />

Preparação vocal e elocução João Henriques<br />

Língua português<br />

Duração aproximada 1h40<br />

TEATRO MUNICIPAL DE SÃO LUIZ<br />

SALA PRINCIPAL<br />

(LISBOA)<br />

17h30 Sába<strong>do</strong> 15<br />

17h30 Domingo 16<br />

35


36<br />

TODOS OS QUE CAEM<br />

DE SAMUEL BECKETT | TEATRO<br />

A COMUNA – TEATRO DE PESQUISA<br />

ENCENAÇÃO DE JOÃO MOTA<br />

LISBOA<br />

Em 1956, na sequência <strong>do</strong> impacto produzi<strong>do</strong><br />

pelas sucessivas estreias, <strong>em</strong> diferentes palcos<br />

Mun<strong>do</strong> fora, <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, Beckett recebe<br />

um convite da BBC para escrever uma peça para<br />

rádio. Daí resultará All That Fall/To<strong>do</strong>s os que<br />

Ca<strong>em</strong> (Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1956, data <strong>de</strong> escrita), a sua<br />

primeira peça radiofónica e a mais extensa <strong>de</strong><br />

todas as que viria ainda a escrever para este meio<br />

<strong>de</strong> comunicação, que assinala uma estreia dramatúrgica<br />

<strong>em</strong> língua inglesa; uma vez que tanto a<br />

enjeitada Eleutheria (sua primeira peça não<br />

incluída no seu teatro completo, e conhecen<strong>do</strong><br />

apenas edição póstuma <strong>em</strong> 1995) como En<br />

Attendant Go<strong>do</strong>t e Fin <strong>de</strong> Partie, os seus três textos<br />

dramáticos inaugurais para palco, possu<strong>em</strong><br />

uma versão originária <strong>em</strong> francês. To<strong>do</strong>s os que<br />

Ca<strong>em</strong>, a mais irlan<strong>de</strong>sa das suas obras teatrais,<br />

que permite ao autor revisitar ficcionalmente<br />

lugares e personagens da sua infância <strong>em</strong><br />

Foxrock, teria ainda a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser a<br />

segunda peça <strong>de</strong> Beckett, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, a ter<br />

uma realização pública, uma vez que é transmitida<br />

pela rádio britânica <strong>em</strong> 13 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1957.<br />

Samuel Beckett<br />

Samuel Beckett nasceu <strong>em</strong> 1906 <strong>em</strong><br />

Foxrock, perto <strong>de</strong> Dublin. De família burguesa e<br />

protestante, estu<strong>do</strong>u francês e italiano no Trinity<br />

College <strong>de</strong> Dublin, foi professor <strong>em</strong> Paris,<br />

conheceu James Joyce, regressou à Irlanda <strong>em</strong><br />

1931, passou por Londres e pela Al<strong>em</strong>anha, voltou<br />

a Paris quan<strong>do</strong> rebentou a guerra e fez parte da<br />

Resistência. É no pós-guerra que vive o perío<strong>do</strong><br />

mais intenso da sua produção literária, com a<br />

escrita <strong>em</strong> francês e entre outros textos, da peça<br />

À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t, <strong>de</strong> uma trilogia <strong>de</strong> romances e<br />

<strong>de</strong> quatro novelas (entre as quais Primeiro Amor).<br />

Depois começa a traduzir os seus textos para<br />

inglês e volta a escrever também nesta língua.<br />

Constrói uma obra dupla, bilingue, cada vez mais<br />

<strong>de</strong>purada. Recebe o Nobel <strong>em</strong> 1969, distribuin<strong>do</strong><br />

o dinheiro pelos amigos. Morre <strong>em</strong> Paris <strong>em</strong> 1989.<br />

Celebra-se este ano o centenário <strong>do</strong> seu nascimento.<br />

Intérpretes (ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> entrada <strong>em</strong> cena) Maria<br />

<strong>do</strong> Céu Guerra (cedida por “A Barraca”), Miguel<br />

Sermão, Hugo Franco, Álvaro Correia, João<br />

T<strong>em</strong>pera, Victor Soares, Ana Lucia Palminha, Sara<br />

Cipriano, Alexandre Lopes e Carlos Paulo<br />

Locução Luis Filipe Costa<br />

Tradução Carlos Macha<strong>do</strong> Acaba<strong>do</strong><br />

Ambiente sonoro José Pedro Caia<strong>do</strong> e Hugo<br />

Franco<br />

Desenho <strong>de</strong> luz João Mota<br />

Figurinos Carlos Paulo<br />

Guarda-roupa Mestra Fátima Ruela<br />

Feitura <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> Mrs Rooney Cecília Sousa<br />

Cartaz ROTA2<br />

Fotografia Pedro Soares<br />

Gabinete <strong>de</strong> produção Rosário Silva e Carlos<br />

Bernar<strong>do</strong><br />

Opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> luz/som Alfre<strong>do</strong> Platas<br />

Técnicos Alfre<strong>do</strong> Platas, Renato Godinho e Mário<br />

Correia<br />

Assistência geral Cr<strong>em</strong>il<strong>de</strong> Paulo, Madalena<br />

Rocha, Leonor Gama, Eduardina Sousa e<br />

Assunção.<br />

Língua português<br />

Duração 1h20<br />

TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA<br />

RUA CONDE FERREIRA<br />

(ALMADA)<br />

16h00 Domingo 16<br />

19h00 Segunda 17


ACTOS COMPLEMENTARES


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

38<br />

EXPOSIÇÕES<br />

AFRICÂNIA<br />

JOSÉ DE GUIMARÃES<br />

EM COLABORAÇÃO COM A CASA DA CERCA - CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA<br />

José <strong>de</strong> Guimarães, um <strong>do</strong>s mais prestigia<strong>do</strong>s nomes das artes plásticas portuguesas, é o autor <strong>do</strong><br />

cartaz <strong>de</strong>ste ano <strong>do</strong> Festival <strong>de</strong> Almada. Assinalan<strong>do</strong> o acontecimento, e à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong> que t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

habitual nas edições anteriores, a Casa da Cerca – Centro <strong>de</strong> Arte Cont<strong>em</strong>porânea organiza, <strong>em</strong> colaboração<br />

com o Festival <strong>de</strong> Almada, uma exposição <strong>de</strong>ste artista, que ele intitulou Africânia.<br />

A exposição t<strong>em</strong> como referencial paradigmático a universalida<strong>de</strong> mágica que José <strong>de</strong> Guimarães<br />

apreen<strong>de</strong> como alusão lúdica. Na expressão miscigenada <strong>do</strong>s seus trabalhos a noção etnográfica <strong>de</strong> uma<br />

clara ascendência africana intrinca-se com preposições <strong>de</strong> cariz europeu, <strong>em</strong> geral, e com a influência<br />

<strong>de</strong> raízes populares portuguesas <strong>em</strong> particular. A par com as obras <strong>do</strong> autor serão também expostas seis<br />

peças <strong>de</strong> Arte Africana, que no conjunto da exposição recolh<strong>em</strong>, ecoam e ampliam as ressonâncias<br />

encantatórias que habitualmente se vislumbram nas obras <strong>de</strong>ste autor.<br />

José <strong>de</strong> Guimarães<br />

José <strong>de</strong> Guimarães nasceu <strong>em</strong> Guimarães a 25 <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1939. Em 1957 ingressou na<br />

Acad<strong>em</strong>ia Militar, completan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois a licenciatura <strong>em</strong> Engenharia na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1965.<br />

Nos últimos anos da década <strong>de</strong> 50 obtém bases técnicas, através <strong>de</strong> lições <strong>de</strong> pintura com Teresa <strong>de</strong><br />

Sousa, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho com Gil Teixeira Lopes e ainda <strong>de</strong> gravura na Socieda<strong>de</strong> Cooperativa <strong>de</strong> Grava<strong>do</strong>res<br />

Portugueses. Nos primeiros anos da década <strong>de</strong> sessenta dá início à criação <strong>do</strong> seu próprio código<br />

imagético, auxilia<strong>do</strong> por viagens pelos principais centros estéticos da Europa. Entre 1967 e 1974, permanece<br />

<strong>em</strong> Angola, <strong>em</strong> comissão <strong>de</strong> serviço militar, on<strong>de</strong> é influencia<strong>do</strong> pela cultura e etnografias<br />

africanas. Participa <strong>em</strong> diversas manifestações culturais polémicas e, <strong>em</strong> 1968, publica o manifesto Arte<br />

Perturba<strong>do</strong>ra. Durante esse perío<strong>do</strong>, interessa-se cada vez mais pelas artes plásticas, o que o faz participar<br />

<strong>em</strong> várias exposições <strong>de</strong> arte mo<strong>de</strong>rna, obten<strong>do</strong> o Prémio <strong>de</strong> Gravura da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luanda.<br />

Em 1967 inscreve-se no curso <strong>de</strong> Arquitectura da ESBAL e <strong>em</strong> 1968 volta a ganhar o 1º. Prémio <strong>de</strong><br />

Gravura no salão <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luanda. Torna-se um estudioso da etnografia africana,<br />

sintetizan<strong>do</strong>-a com a cultura europeia, o que conduz à criação <strong>de</strong> um ‘alfabeto’ autónomo, codifica<strong>do</strong>,<br />

para o qual muito contribui o vocabulário misterioso, necessariamente codifica<strong>do</strong>, <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> africano.<br />

José <strong>de</strong> Guimarães é um <strong>do</strong>s artistas mais pr<strong>em</strong>ia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> País e com maior visibilida<strong>de</strong> internacional. A<br />

sua obra está representada <strong>em</strong> colecções públicas e museus <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>.<br />

CASA DA CERCA - CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />

De 22 <strong>de</strong> Junho a 27 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro


EXPOSIÇÕES<br />

PEDRO CALAPEZ: ALGUNS ESTUDOS E DESENHOS<br />

PEDRO CALAPEZ<br />

A exposição que agora se apresenta para a inauguração da galeria <strong>de</strong> exposições <strong>do</strong> novo Teatro<br />

Municipal <strong>de</strong> Almada t<strong>em</strong> como ponto <strong>de</strong> partida alguns <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s que o pintor Pedro Calapez realizou<br />

no âmbito da concepção da cortina <strong>de</strong> cena <strong>de</strong>ste novo teatro. Uma selecção <strong>de</strong>sses projectos<br />

digitais materializa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> impressões <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> d<strong>em</strong>onstram as diferentes aproximações que o<br />

artista experimentou até <strong>de</strong>cidir, <strong>em</strong> colaboração com os arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José<br />

Vieira, qual o eleito para ser amplia<strong>do</strong>. Igualmente se mostram alguns <strong>de</strong>senhos a pastel <strong>de</strong> óleo sobre<br />

papel, realiza<strong>do</strong>s posteriormente à execução da cortina, e que revelam como esses primeiros estu<strong>do</strong>s se<br />

inclu<strong>em</strong> na produção plástica <strong>do</strong> pintor. Achou-se igualmente interessante revelar aos visitantes alguns<br />

testes <strong>de</strong> cor à escala natural, permitin<strong>do</strong> assim a visualização <strong>do</strong> <strong>de</strong>senho da cortina a uma distância<br />

que normalmente não lhes é acessível.<br />

Pedro Calapez<br />

Pedro Calapez nasceu <strong>em</strong> Lisboa (1953), on<strong>de</strong> vive e trabalha. Ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> engenharia<br />

civil, transferiu-se para a Escola <strong>de</strong> Belas Artes <strong>de</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1976, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter frequenta<strong>do</strong> o Curso <strong>de</strong><br />

Formação Artística da Socieda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Belas Artes. Enquanto frequentou Belas Artes trabalhou<br />

como fotógrafo profissional até lhe ser possível <strong>de</strong>dicar-se <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> intensivo à pintura (a partir <strong>de</strong><br />

1985). Entre 1986 e 1998 foi professor no Ar.Co, Lisboa, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> responsável pelos <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho e <strong>de</strong> pintura. Começou a participar <strong>em</strong> exposições ainda nos anos 70, ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> a sua<br />

primeira exposição individual <strong>em</strong> 1982. Des<strong>de</strong> aí t<strong>em</strong> exposto individualmente tanto <strong>em</strong> Portugal<br />

(Fundação Gulbenkian, Museu <strong>do</strong> Chia<strong>do</strong>, Galeria Presença, no Porto, etc.) como no estrangeiro (Roma,<br />

Paris, Cáceres, Witten e Valência). Colectivamente, esteve representa<strong>do</strong> nas Bienais <strong>de</strong> Veneza (1986) e S.<br />

Paulo (1987 e 1991).<br />

Realizou igualmente cenografias para espectáculos, assim como executou diversas obras públicas,<br />

ten<strong>do</strong> projecta<strong>do</strong> uma praça para a Expo ‘98 e um painel cerâmico para o Metropolitano <strong>de</strong> Lisboa. Está<br />

representa<strong>do</strong> <strong>em</strong> diversas colecções públicas e privadas.<br />

Pedro Calapez é também o cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> painel Nove cenas para um teatro (2005), que realizou<br />

expressamente para o foyer <strong>do</strong> Teatro Municipal <strong>de</strong> Almada.<br />

Recebeu, entre outros, o prémio União Latina <strong>em</strong> 1990, o Prémio <strong>de</strong> Desenho da Fundació Pilar i<br />

Joan Miró, <strong>de</strong> Mallorca, <strong>em</strong> 1995 e o Prémio “Ciutat <strong>de</strong> Palma”, Palma <strong>de</strong> Mallorca, <strong>em</strong> 1999. No ano<br />

passa<strong>do</strong> foi o primeiro estrangeiro a receber o Prémio Nacional <strong>de</strong> Arte Gráfica, <strong>em</strong> Espanha, e este ano<br />

recebeu o Prémio da Associação Nacional <strong>de</strong> Críticos <strong>de</strong> Arte.<br />

GALERIA DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />

De 1 a 31 <strong>de</strong> Julho e <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro a 15 <strong>de</strong> Outubro<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

39


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

40<br />

EXPOSIÇÕES<br />

ANTÓNIO LAGARTO: OLHARES CENOGRÁFICOS<br />

ANTÓNIO LAGARTO<br />

De António Lagarto, um <strong>do</strong>s mais conceitua<strong>do</strong>s cenógrafos portugueses, o Festival <strong>de</strong> Almada apresenta<br />

um conjunto <strong>de</strong> cenografias e figurinos <strong>de</strong> diferentes espectáculos <strong>de</strong> teatro, dança, ballet e ópera, realiza<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> Portugal e no estrangeiro, ao longo <strong>de</strong> uma carreira <strong>de</strong> 27 anos.<br />

Dos seus últimos trabalhos <strong>de</strong>stacam-se Me<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s e A Mais Velha Profissão, (ambos encena<strong>do</strong>s<br />

por Fernanda Lapa), no Teatro Nacional D. Maria II. Este último foi distingui<strong>do</strong> com o Globo <strong>de</strong> Ouro 2005,<br />

para Melhor Espectáculo. A propósito <strong>do</strong> espaço cénico, por si cria<strong>do</strong>, da Castro <strong>de</strong> António Ferreira, encenação<br />

<strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> Pais, no T.N.S. João (2003), Alexandre Alves Costa (arquitecto) afirmou: “...paisagens que já são a<br />

tragédia <strong>em</strong> si...”.<br />

António Lagarto<br />

Cenógrafo, figurinista e artista plástico. É Licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> escultura pela St. Martin’s School of Art, frequentou<br />

a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitectura <strong>de</strong> Lisboa e é Mestre <strong>em</strong> Environmental Media pelo Royal College of<br />

Art <strong>de</strong> Londres.<br />

Foi Director Artístico <strong>do</strong> Teatro Nacional D. Maria II (2004 e 2005) e subdirector, <strong>de</strong> 1989 a 1993. Foi<br />

director <strong>do</strong> Festival Internacional <strong>de</strong> Teatro – FIT (Lisboa), <strong>de</strong> 1990 a 1995.<br />

Os seus trabalhos têm abrangi<strong>do</strong> as áreas <strong>de</strong> fotografia, filme, <strong>de</strong>sign gráfico, ilustração e arquitectura<br />

<strong>de</strong> interior. Colaborou com o arquitecto inglês Nigel Coates <strong>em</strong> diversos projectos, entre 1975 e 1981.<br />

O seu trabalho t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> nos Teatros Nacionais (S. Carlos, D. Maria II e S. João), no Ballet<br />

Gulbenkian, no Centro Cultural <strong>de</strong> Belém, no Sadler’s Wells, no Traverse Theatre (Edimburgo), na Ópera <strong>de</strong><br />

Turim, no Teatro Maria Guerrero (Madrid) e no SESC <strong>em</strong> São Paulo, entre outros.<br />

Para a Ópera <strong>de</strong> Paris – Palais Garnier e Bastille, criou os cenários <strong>de</strong> A Viúva Alegre, <strong>de</strong> Franz Léhar, encenação<br />

<strong>de</strong> Jorge Lavelli, transmitida pelo canal Arte. Trabalhou para encenações <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> Pais, Jorge Lavelli,<br />

Alain Ollivier, Maria Emília Correia, Nuno Carinhas, Cornélia Géiser, João Grosso, Fernanda Lapa, Carlos<br />

Pimenta, e Cândida Vieira e para coreografias <strong>de</strong> Robert Cohan, Vasco Wellenkamp, Olga Roriz, Ted Brandson,<br />

Paulo Ribeiro, John Cranko e Georges Garcia.<br />

Recebeu vários prémios, <strong>de</strong> entre os quais se <strong>de</strong>stacam o Prémio da Associação Portuguesa <strong>de</strong> Críticos<br />

<strong>de</strong> Teatro (1987), e os Prémios Garrett 87 e 89. Da sua programação 2005, no T. N. D. Maria II, foram ainda<br />

distingui<strong>do</strong>s com os outros 2 Globos <strong>de</strong> Ouro, para Teatro: Luísa Cruz (Melhor Actriz) e João Grosso (Melhor Actor).<br />

Participou <strong>em</strong> exposições no Museu <strong>de</strong> Serralves, no CCB, na Galeria Luís Serpa, nas ExperimentaDesign<br />

2005 e 1999, na Alternativa Zero (1977) e galerias <strong>em</strong> Londres, Nova Iorque, Florença e Milão - Portugal<br />

1990/2004, Arquitectura e Design (na galeria da Triennale).<br />

AGRADECIMENTOS AO TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO | MUSEU DE SERRALVES | INSTITUTO DAS<br />

ARTES<br />

SALA POLIVALENTE DA ESCOLA D.ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA)<br />

De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho


EXPOSIÇÕES<br />

OBSERVATÓRIO DAS ACTIVIDADES CULTURAIS OAC -<br />

EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL<br />

EXPOSIÇÃO COMISSARIADA POR FERNANDO FILIPE<br />

O Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais, cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1996, celebra este ano <strong>de</strong>z<br />

anos <strong>de</strong> existência. Reconhecen<strong>do</strong> o importante papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha<strong>do</strong> por esta instituição no <strong>de</strong>curso da<br />

última década, e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a chamar a atenção para a imprescindibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesquisa e estu<strong>do</strong> sobre os fenómenos artísticos, o Festival <strong>de</strong> Almada escolheu o OAC como alvo da<br />

habitual homenag<strong>em</strong> que to<strong>do</strong>s os anos promove a figuras ou entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo no meio teatral. A<br />

exposição sobre o Observatório inclui informações e <strong>do</strong>cumentos que permitirão ao público um maior<br />

conhecimento da acção <strong>de</strong>senvolvida por esta associação.<br />

O Observatório das Activida<strong>de</strong>s Culturais é uma associação s<strong>em</strong> fins lucrativos e t<strong>em</strong> como funda<strong>do</strong>res<br />

o Ministério da Cultura, o Instituto <strong>de</strong> Ciências Sociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e o Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Estatística. T<strong>em</strong> como Presi<strong>de</strong>nte a Professora Doutora Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Lima <strong>do</strong>s Santos,<br />

investiga<strong>do</strong>ra coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ISC – UL. A comissão integra os Professores Doutores António Firmino<br />

da Costa (ISCTE), José Macha<strong>do</strong> Pais (ICS – UL) e José Madureira Pinto (FEUP).<br />

Os vogais <strong>do</strong> Conselho Directivo são os Drs. António Berbeira Moniz (MC), António Martinho Novo (ICS –<br />

UL), José Farrajota Leal (INE), Leonor Pereira (NE) e, pelo Observatório, Rui Telmo Gomes e José Soares Neves.<br />

ESCOLA D.ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA)<br />

De 4 a 18 <strong>de</strong> Julho.<br />

ALGUMAS DE ENTRE NÓS<br />

EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM O LE MONDE DIPLOMATIQUE<br />

Algumas <strong>de</strong> entre nós é o título da exposição e também o nome <strong>de</strong> um colectivo <strong>de</strong> mulheres da<br />

Maison <strong>de</strong>s Tilleuls, <strong>em</strong> Blanc-Mesnil (Seine Saint-Denis).<br />

O colectivo é constituí<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong> diversas nacionalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, que<br />

<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto uma reflexão sobre o seu lugar na socieda<strong>de</strong>, enquanto mulheres. Como se<br />

po<strong>de</strong> hoje viver com uma dupla nacionalida<strong>de</strong>? Como cruzar os itinerários da vida? Como ser mais fortes<br />

face à injustiça e à discriminação?<br />

A exposição nasceu <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> criar colectivamente um verda<strong>de</strong>iro diálogo com mulheres <strong>do</strong><br />

Afeganistão, da Palestina e <strong>do</strong> Líbano, com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir as imagens e os estereótipos que<br />

os media nos <strong>de</strong>volv<strong>em</strong>, e <strong>de</strong> encontrar o que nos torna, <strong>em</strong> qualquer la<strong>do</strong> <strong>em</strong> que vivamos, s<strong>em</strong>elhantes.<br />

A pergunta é: “como ser daqui e <strong>do</strong>utro sítio?”.<br />

A exposição constitui o compl<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate Ser daqui e <strong>do</strong>utro la<strong>do</strong> – Subúrbios <strong>em</strong> França e<br />

Portugal, organiza<strong>do</strong> este ano no âmbito <strong>do</strong>s Encontros da Cerca.<br />

FOYER DO TEATRO MUNICIPAL DA RUA CONDE DE FERREIRA (ALMADA)<br />

De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

41


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

42<br />

EXPOSIÇÕES<br />

BECKETT: SEM ANOS<br />

EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM A REVISTA DE TEATRO ITALIANA SIPARIO E COM A<br />

FONDAZIONE DI TEATRO ITALIANO - CARLO TERRON<br />

Rinasce Beckett foi o título da exposição organizada pela revista <strong>de</strong> teatro Sipario, <strong>em</strong> Itália, a<br />

propósito <strong>do</strong> centenário <strong>de</strong> Beckett, e que o Festival <strong>de</strong> Almada traz a Portugal, com a colaboração da<br />

Fondazione di Teatro Italiano – Carlo Terron.<br />

A obra <strong>de</strong> Beckett, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Dublin <strong>em</strong> 1906, é geralmente consi<strong>de</strong>rada como uma das mais<br />

importantes <strong>do</strong> século XX e a sua influência sobre o teatro <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> não t<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> crescer,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua morte, <strong>em</strong> 1989.<br />

Tanto a obra teatral como a romanesca test<strong>em</strong>unham, <strong>em</strong> Beckett, a mesma visão essencial, a nu<strong>de</strong>z<br />

da linguag<strong>em</strong>, ou mais exactamente, da palavra, que <strong>de</strong>screve com crueza a condição humana. É esta<br />

visão que dá aos seus textos, ao mesmo t<strong>em</strong>po, a sua verda<strong>de</strong> universal e um <strong>de</strong>spojamento quase<br />

abstracto. A sua t<strong>em</strong>ática é aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong>pre a mesma, aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong>pre repetitiva: o t<strong>em</strong>po<br />

humano, a espera, o quotidiano, a solidão, a alienação, a morte, a não comunicação, a vagabundag<strong>em</strong>,<br />

o fracasso ou — às vezes — a esperança, a recordação, o <strong>de</strong>sejo.<br />

As personagens <strong>de</strong> Beckett não têm história, n<strong>em</strong> passa<strong>do</strong>, n<strong>em</strong> psicologia. São, sobretu<strong>do</strong>, vozes:<br />

vozes <strong>de</strong> toda a gente, voz <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, <strong>do</strong>s homens, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os homens.<br />

FOYER DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />

De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho


EXPOSIÇÕES<br />

IBSEN: EXPOSIÇÃO TEMÁTICA<br />

EXPOSIÇÃO ORGANIZADA EM COLABORAÇÃO COM OS ARTISTAS UNIDOS<br />

E COM O APOIO DA REAL EMBAIXADA DA NORUEGA EM LISBOA<br />

A propósito da estreia da peça A Mata, pelos Artistas Uni<strong>do</strong>s, que assinala a estreia <strong>em</strong> Portugal <strong>do</strong><br />

dramaturgo norueguês cont<strong>em</strong>porâneo Jesper Halle, aquela companhia apresenta, <strong>em</strong> colaboração com a<br />

Embaixada da Noruega e o Festival <strong>de</strong> Almada, uma exposição constituída por <strong>de</strong>z posters alusivos ao<br />

teatro <strong>de</strong> Ibsen, o gran<strong>de</strong> dramaturgo da Noruega, que foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> teatro mo<strong>de</strong>rno.<br />

Henrik Ibsen<br />

Henrik Ibsen (Skien, 1828 - Oslo, 1916), dramaturgo e poeta norueguês, é o principal representante<br />

da literatura escandinava <strong>do</strong> século XIX, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> toda a sua vida ao teatro como director e autor.<br />

Filho <strong>de</strong> um comerciante arruina<strong>do</strong>, aos vinte anos já tinha escrito a sua primeira peça. Em 1851 foi<br />

nomea<strong>do</strong> director <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> Bergen e adquiriu uma gran<strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> com a vida teatral.<br />

A sua obra conheceu bruscos altos e baixos <strong>de</strong> êxito e fracasso e, no final da sua vida, Ibsen alcançou a<br />

glória e o reconhecimento <strong>do</strong>s seus cont<strong>em</strong>porâneos.<br />

Há <strong>do</strong>is t<strong>em</strong>as constantes no teatro <strong>de</strong> Ibsen: a vocação individual e o combate s<strong>em</strong> tréguas <strong>de</strong><br />

forças opostas para formar o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>. A sua forte personalida<strong>de</strong> manifesta-se <strong>em</strong> dramas<br />

históricos basea<strong>do</strong>s <strong>em</strong> lendas vikings (O Túmulo <strong>do</strong> Guerreiro), obras <strong>de</strong> t<strong>em</strong>a clássico (Impera<strong>do</strong>r e<br />

Galileu), teatro social (Um Inimigo <strong>do</strong> Povo) e simbólico (Bygmester Solness), dramas psico-i<strong>de</strong>ológicos<br />

(Casa <strong>de</strong> Bonecas, O Pato Selvag<strong>em</strong>, Espectros) e t<strong>em</strong>as fantásticos (Peer Gynt).<br />

FOYER DO NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />

De 5 a 18 <strong>de</strong> Julho<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

43


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

44<br />

COLÓQUIOS E DEBATES<br />

ENCONTROS DA CERCA<br />

SER DAQUI E DOUTRO LADO: SUBÚRBIOS EM FRANÇA<br />

E PORTUGAL<br />

ORGANIZADO EM COLABORAÇÃO COM O LE MONDE DIPLOMATIQUE<br />

Os recentes acontecimentos <strong>em</strong> Paris, que alastraram, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, à França no seu conjunto,<br />

vieram colocar na primeira linha da atenção da opinião pública as circunstâncias que envolv<strong>em</strong> a vida<br />

quotidiana nos aglomera<strong>do</strong>s urbanos das periferias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, a exclusão, uma<br />

cultura <strong>de</strong> guetto que <strong>de</strong>corre da não-integração nas socieda<strong>de</strong>s das massas migrantes, o próprio sist<strong>em</strong>a<br />

económico regi<strong>do</strong> exclusivamente por valores <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, que vê as pessoas como merca<strong>do</strong>rias —<br />

to<strong>do</strong>s estes factores contribu<strong>em</strong> para um mal-estar social que <strong>de</strong> dia para dia se agudiza. As respostas<br />

baseadas na força não resolv<strong>em</strong>, naturalmente, o probl<strong>em</strong>a, cujas raízes são complexas. Em França, como<br />

<strong>em</strong> Portugal e <strong>em</strong> toda a Europa, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento já não consegue escon<strong>de</strong>r as suas feridas.<br />

O Festival <strong>de</strong> Almada, ao organizar este colóquio <strong>em</strong> colaboração com o Le Mon<strong>de</strong> Diplomatique,<br />

quer l<strong>em</strong>brar que o teatro (e, por maioria <strong>de</strong> razões, aquele que se faz na periferia) não po<strong>de</strong> alhear-se<br />

<strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>.<br />

Participantes<br />

Aniceto Macha<strong>do</strong>, sociólogo<br />

Flora Espanca, <strong>do</strong> Gabinete <strong>de</strong> Apoio às Comunida<strong>de</strong>s Imigrantes (Ministério da Administração Interna)<br />

Marina da Silva, jornalista<br />

Representante da Associação Moinho da Juventu<strong>de</strong><br />

Representante <strong>do</strong> Colectif <strong>de</strong>s F<strong>em</strong>mes <strong>de</strong> Tilleuls<br />

CASA DA CERCA – CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />

Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 10h30


COLÓQUIOS E DEBATES<br />

ENCONTROS DA CERCA<br />

OUTRO ISLÃO, OUTRO OCIDENTE<br />

ORGANIZADO EM COLABORAÇÃO COM O INSTITUTO INTERNACIONAL DE TEATRO DO MEDITERRÂNEO<br />

Dentro <strong>do</strong> discurso que t<strong>em</strong> alimenta<strong>do</strong> as mesas-re<strong>do</strong>ndas organizadas pelo IITM <strong>em</strong> colaboração<br />

com o Festival <strong>de</strong> Almada, parece-nos que seria importante interrogarmo-nos sobre os possíveis<br />

caminhos <strong>de</strong> encontro entre o Oci<strong>de</strong>nte e o Islão, no momento <strong>em</strong> que muitos pensam que a sua confrontação<br />

bélica é o sinal <strong>de</strong> uma época que ainda vai durar muito t<strong>em</strong>po. Talvez o probl<strong>em</strong>a esteja no<br />

conflito entre duas interpretações diferenciadas <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong> Islão. Interpretações <strong>em</strong> boa medida<br />

opostas e que, não obstante, contam com os respectivos percursos e articula<strong>do</strong>s pensamentos.<br />

Mas talvez, uma vez mais, a batalha esteja a ser travada no campo <strong>do</strong> pensamento entre duas formas<br />

que se enfrentam no interior <strong>de</strong> cada uma das partes: a que continua pon<strong>do</strong> ênfase na incompatibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> duas civilizações, e a que perspectiva <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista histórico os seus postula<strong>do</strong>s,<br />

para concluir que uma outra história os tornaria distintos.<br />

Participantes<br />

José Monleón, dramaturgo, ensaísta e professor universitário<br />

David Ladra, ensaísta e professor universitário<br />

António Borges Coelho, historia<strong>do</strong>r<br />

Cláudio Torres, arqueólogo<br />

Representante da Comunida<strong>de</strong> Islâmica Portuguesa<br />

CASA DA CERCA – CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA (ALMADA)<br />

Sába<strong>do</strong>, dia 15 <strong>de</strong> Julho, pelas 10h30<br />

JOSÉ MONLEÓN<br />

DIRECTOR DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE TEATRO DO MEDITERRÂNEO<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

45


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

46<br />

COLÓQUIOS E DEBATES<br />

ENCONTRO COM BERNARD SOBEL<br />

Bernard Sobel é a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um cria<strong>do</strong>r culto, rigoroso e brilhante. É também um gran<strong>de</strong> anima<strong>do</strong>r<br />

e um intelectual que pensa e age com uma energia surpreen<strong>de</strong>nte. A sua obra está ligada ao<br />

Théâtre <strong>de</strong> Genevilliers, um Centro Dramático Nacional da maior importância na história <strong>do</strong> teatro<br />

francês (vi<strong>de</strong> biografia na página 9).<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />

Sexta, dia 7 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />

O MÉTODO DE TRABALHO DE ELS JOGLARS,<br />

O PROCESSO DE CRIAÇÃO<br />

Albert Boa<strong>de</strong>lla, escritor, dramaturgo, encena<strong>do</strong>r, cenógrafo, actor e professor, fun<strong>do</strong>u <strong>em</strong> 1961 a<br />

companhia Els Joglars, que continua a dirigir. Estu<strong>do</strong>u no Institut <strong>de</strong> Teatre <strong>de</strong> Barcelona e no Centre<br />

Dramatique <strong>de</strong> l’Est – Théâtre National <strong>de</strong> Strasbourg. Muitas das suas encenações causaram enormes<br />

polémicas, com processos judiciais, <strong>de</strong>bates políticos e, inclusive, atenta<strong>do</strong>s contra a companhia.<br />

Em 1978, por causa <strong>do</strong> seu espectáculo La Torna, foi acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> injúrias ao exército e preso: evadiu-se<br />

<strong>de</strong> forma espectacular e exilou-se <strong>em</strong> França. Uma parte <strong>do</strong> grupo foi também encarcerada, após<br />

ter si<strong>do</strong> julgada <strong>em</strong> conselho <strong>de</strong> guerra.<br />

As obras <strong>do</strong>s Joglars, satíricas, trágicas e cómicas, <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> da criação <strong>de</strong> um estilo pessoal, que<br />

consegue um espectacular índice <strong>de</strong> audiências. A mistura <strong>de</strong> investigação e popularida<strong>de</strong> permitiu a<br />

gran<strong>de</strong> implantação social das suas obras <strong>em</strong> Espanha, garantin<strong>do</strong> a total in<strong>de</strong>pendência da companhia.<br />

Boa<strong>de</strong>lla t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> actor, director e guionista <strong>de</strong> diversas séries <strong>de</strong> televisão, actor e realiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

cin<strong>em</strong>a. É autor <strong>de</strong> diversos livros, o último <strong>do</strong>s quais, Franco y yo, foi um best-seller <strong>em</strong> Espanha.<br />

Os seus espectáculos têm si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s na maioria <strong>do</strong>s países europeus, Esta<strong>do</strong>s-Uni<strong>do</strong>s e<br />

América Latina.<br />

A sua obra teatral foi recent<strong>em</strong>ente reunida <strong>em</strong> <strong>do</strong>is volumes publica<strong>do</strong>s pelo Institut d’ediciones.<br />

É professor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1969 <strong>do</strong> Institut <strong>de</strong> Teatre <strong>de</strong> Barcelona.<br />

Els Joglars é um caso único e inimitável <strong>de</strong> teatro na Europa. Boa<strong>de</strong>lla, um pensa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sconcertante<br />

e um humorista impie<strong>do</strong>so, é uma das personalida<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>stacadas <strong>do</strong> teatro espanhol.<br />

TEATRO NACIONAL D. MARIA II (LISBOA)<br />

Domingo, dia 16 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h00


COLÓQUIOS E DEBATES<br />

BECKETT HOJE<br />

Além <strong>do</strong>s espectáculos programa<strong>do</strong>s e da exposição <strong>do</strong>cumental, a com<strong>em</strong>oração <strong>do</strong> centenário<br />

<strong>do</strong> nascimento <strong>de</strong> Beckett integra também um <strong>de</strong>bate sobre a figura e a obra <strong>do</strong> dramaturgo irlandês.<br />

No <strong>de</strong>bate participam representantes <strong>de</strong> todas as criações <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> Beckett no Festival <strong>de</strong> Almada.<br />

Participantes<br />

Giulia Lazzarini, protagonista <strong>de</strong> Os Dias Felizes<br />

Francisco Luís Parreira, dramaturgo e tradutor <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />

Macha<strong>do</strong> Acaba<strong>do</strong>, tradutor <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s os que Ca<strong>em</strong><br />

Miguel Seabra, encena<strong>do</strong>r <strong>de</strong> À Espera <strong>de</strong> Go<strong>do</strong>t<br />

FÓRUM ROMEU CORREIA | SALA PABLO NERUDA (ALMADA)<br />

Quarta, dia 11 <strong>de</strong> Julho, pelas 18h30<br />

PORTO. TEATRO. <strong>2006</strong><br />

ORGANIZADO EM CONJUNTO COM O TEATRO MUNICIPAL S. LUIZ<br />

A propósito da apresentação <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> S. João e <strong>de</strong> mais três companhias <strong>do</strong> Porto,<br />

o Festival organiza um <strong>de</strong>bate sobre a situação actual <strong>do</strong> teatro naquela cida<strong>de</strong>. Na última década a<br />

activida<strong>de</strong> teatral no Porto registou um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

aproximaram a segunda cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> País <strong>do</strong> espaço europeu e colocaram-na na primeira linha da<br />

criação teatral entre nós.<br />

O êxito <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> não significa, naturalmente, a inexistência <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as — sen<strong>do</strong><br />

a escassez <strong>de</strong> apoios, provavelmente, o mais agu<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles.<br />

Participantes<br />

José Luís Ferreira, director <strong>do</strong> PONTI<br />

Nuno Car<strong>do</strong>so, director <strong>do</strong> Auditório Nacional Carlos Alberto<br />

Ricar<strong>do</strong> Pais, director <strong>do</strong> Teatro Nacional <strong>de</strong> S. João<br />

Representante da <strong>Companhia</strong> As Boas Raparigas<br />

Representante da <strong>Companhia</strong> Ens<strong>em</strong>ble - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Actores<br />

TEATRO MUNICIPAL S. LUIZ | JARDIM DE INVERNO (LISBOA)<br />

Sexta, dia 14 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h00<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

47


ACTOS COMPLEMENTARES<br />

48<br />

COLÓQUIOS E DEBATES<br />

CONVERSAS NA ESPLANADA<br />

Como habitualmente, realizam-se na Esplanada da Escola D. António da Costa encontros com personalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> teatro ligadas ao Festival <strong>de</strong> Almada.<br />

O TEATRO URBANO<br />

Com Christiane Jatahy<br />

Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />

O TEATRO DA NARRATIVA ORAL<br />

Com Quico Cadaval<br />

Domingo, dia 9 <strong>de</strong> Julho, pelas 23h30<br />

CARLO TERRON E O TEATRO ITALIANO*<br />

Com Mario Mattia Giorgetti<br />

Terça, dia 10 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />

DANÇA E INTERVENÇÃO SOCIAL<br />

Com Tino Fernán<strong>de</strong>z<br />

Sába<strong>do</strong>, dia 15 <strong>de</strong> Julho, pelas 23h30<br />

DANÇAS TRADICIONAIS EM ÁFRICA<br />

Com o grupo N´Diengoz<br />

Terça, dia 18 <strong>de</strong> Julho, pelas 19h00<br />

*NOTA: Este colóquio <strong>de</strong>correrá no foyer <strong>do</strong> Teatro Municipal <strong>de</strong> Almada (Rua Con<strong>de</strong> Ferreira) logo<br />

após a estreia <strong>de</strong> Esta Noite, Arsénico!.


COLÓQUIOS E DEBATES<br />

LANÇAMENTO DO Nº17 DA REVISTA DOS ARTISTAS<br />

UNIDOS: OS TEATROS QUE VÊM DA NORUEGA<br />

Na sequência da sua participação no Festival <strong>de</strong> Almada os Artistas Uni<strong>do</strong>s lançam o número 17<br />

da sua revista, intitulada Teatros que vêm da Noruega, que inclui seis peças <strong>de</strong> teatro <strong>de</strong> cinco autores:<br />

Como um Trovão <strong>de</strong> Niels Fredrik Dahl, A Mata <strong>de</strong> Jesper Halle, Peça Alter Nativa e Ifigénia <strong>de</strong> Finn<br />

Iunker, Hom<strong>em</strong> S<strong>em</strong> Rumo <strong>de</strong> Arne Lygre e Frank <strong>de</strong> Maria Tryti Vennerøds, que será lida pelo elenco <strong>do</strong>s<br />

Artistas Uni<strong>do</strong>s, com a presença da autora. A revista contém ainda artigos <strong>de</strong> análise das peças publicadas,<br />

por Therese Bjørneboe e IdaLou Larsen.<br />

Maria Tryti Vennerøds<br />

Maria Tryti Vennerøds nasceu <strong>em</strong> 1978 e vive na Noruega. A sua peça Frank ganhou o Primeiro<br />

Prémio <strong>de</strong> Competição Escandinava, no Centésimo Aniversário da In<strong>de</strong>pendência da Noruega. Esta peça<br />

foi representada pela primeira vez <strong>em</strong> 2005 no Norwegian Theatre. Em 2005 recebeu também o Prémio<br />

Ibsen pela peça Dama I Kuka. A maioria das suas peças foram representadas na Noruega. Em 2000,<br />

estreou-se na encenação com o espectáculo Meir, da sua autoria, activida<strong>de</strong> que repetiu <strong>em</strong> 2004 com<br />

O Serviço <strong>de</strong> Harold Pinter no Rock Club Mono <strong>de</strong> Oslo.<br />

NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA)<br />

(SALA EXPERIMENTAL)<br />

Quinta, dia 6 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h30<br />

LEITURA DE BREVES TEXTOS PARA A LIBERDADE<br />

DE JOÃO MEIRELES<br />

João Meireles<br />

João Meireles t<strong>em</strong> o curso <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Formação, Investigação e Criação Teatral. El<strong>em</strong>ento <strong>do</strong><br />

Teatro Universitário <strong>de</strong> Évora on<strong>de</strong> trabalhou com Luís Varela, Fernan<strong>do</strong> Mora Ramos, Manuel Borralho.<br />

Trabalhou <strong>de</strong>pois com Ávila Costa (Cantina Velha), A<strong>do</strong>lfo Gutkin (Instituto <strong>de</strong> Formação, Investigação e<br />

Criação Teatral) Al<strong>do</strong>na Skiba-Lickel, Marina Albuquerque, Carlo Damasco, José António Pires e Camélia<br />

Michel. Com o Pogo Teatro colabora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 <strong>em</strong> Complexo Titanic (encenação <strong>de</strong> Ruy Otero), Sent,<br />

Mainstream, Play Pause e nos ví<strong>de</strong>os Handicap, Naif, Road Movie e Zap Splat. No cin<strong>em</strong>a participou<br />

<strong>em</strong> António, Um Rapaz <strong>de</strong> Lisboa <strong>de</strong> Jorge Silva Melo e A Drogaria, <strong>de</strong> Elsa Bruxelas.<br />

TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA | RUA CONDE FERREIRA<br />

(SALA VIRGÍLIO MARTINHO)<br />

Sába<strong>do</strong>, dia 8 <strong>de</strong> Julho, pelas 16h30<br />

ACTOS COMPLEMENTARES<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!