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ynari a menina - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />

_________________________________________________________________________________________________________<br />

Hampate Bá (sem data) lembra que a oralidade precede a escrita, diz que “os<br />

primeiros arquivos ou bibliotecas do mundo foram o cérebro dos homens.” Fala da<br />

sociedade oral, na qual a palavra está ligada ao homem “A própria coesão da sociedade<br />

repousa no valor e no respeito pela palavra.” Para Hampaté Bá não se pode dizer que os<br />

registros apresentados pela escrita são mais “fidedignos” do que os relatos orais<br />

transmitidos através das gerações, neste caso, chama atenção para ao fato de que quem<br />

escreve o faz através de um ponto de vista, ou seja a partir da sua verdade, que nem<br />

sempre retrata a realidade. Chama atenção para o fato que nas sociedades pautadas na<br />

tradição oral, existe uma forte relação entre o homem é a palavra. Sobre a importância<br />

da palavra, apresenta, entre outros, este depoimento que nos chamou atenção<br />

Nas tradições africanas – pelo menos nas que conheço e dizem<br />

respeito a toda região de savana ao sul do Saara – , a palavra falada se<br />

empossava, além de um valor moral fundamental, de um caráter<br />

sagrado vinculado à sua origem divina e as forças ocultas nela<br />

depositadas. Agente mágico por excelência, grande vetor de “forças<br />

etéreas” não era utilizada sem prudência. (p. 182)<br />

Hampaté Bá esclarece que a tradição oral não está relacionada apenas a lendas e<br />

contos, mas se faz presente em diferentes áreas do conhecimento.<br />

A leitura do texto “A tradição Viva” de Hampaté Bá nos faz perceber que a<br />

tradição oral africana está envolta de uma aura que pertence ao povo, pois está no<br />

interior de sua cultura. Apresenta, além da fala, a escuta, “os termos “falar” e “escutar”<br />

referem-se a realidades muito mais amplas do que as que normalmente lhes atribuímos.<br />

(…) Trata-se de uma percepção total, de um conhecimento no qual o ser se envolve na<br />

totalidade.” (Hampaté Bá, p. 185)<br />

Vansina diz que “a oralidade é uma atitude diante da realidade e não uma<br />

ausência de habilidade”(p.157) ele nos lembra que a leitura de um “texto oral … deve<br />

ser escutado, decorado, digerido internamente como um poema e cuidadosamente<br />

examinado para que se possam apreender seus muitos significados ...”. A maneira de<br />

pensar a palavra na cultura africana é diferente da maneira ocidental de lidar com a<br />

mesma. Logo, me parece, que os pesquisadores, de um modo geral, terão uma certa<br />

dificuldade de perceber como se estrutura o pensamento dentro da tradição oral, uma<br />

vez que o “corpus da tradição é a memória coletiva de uma sociedade que se explica a<br />

si mesma...”(Vansina, ibid) . É dentro desta tradição oral que iremos encontrar as lendas<br />

e contos populares. Envolto numa tradição milenar, os contos e lendas são contados e

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