EFEITO DA TEMPERATURA DE ARMAZENAMENTO E ... - HortiBrasil

INTRODUÇÃO
O abacaxi (Ananas comosus L.) é um autêntico
fruto das regiões tropicais e subtropicais, consumido em
todo o mundo, tanto ao natural quanto na forma de
produtos industrializados. As excelentes características
qualitativas dos frutos refletem na sua importância
socioeconômica (Carvalho e Botrel, 1996).
O abacaxi é sensível a altas temperaturas que
aceleram a taxa de amadurecimento e favorecem o
desenvolvimento de fungos reduzindo, portanto, a vida
útil do produto. Ao mesmo tempo, é susceptível a danos
pela ação do frio, sendo desaconselhável a estocagem
abaixo de 7°C. Entre os danos causados pelo frio,
podem-se citar os distúrbios fisiológicos que acarretam
no escurecimento interno (endogenous brown spot ou
brunissemente interne), no aumento da acidez, no
amolecimento da casca e na perda de brilho (Garcia et
al.,1996).
O armazenamento de frutos sob baixas
temperaturas diminui a respiração e o metabolismo,
mantendo suas qualidades organolépticas por mais
tempo. A baixa temperatura, entretanto, não retarda
todas as reações do metabolismo, nem afeta todos os
sistemas físicos da célula na mesma proporção. Esse
desequilíbrio pode resultar em alterações físicas e
metabólicas causando injúria nos frutos (Awad, 1993).
A velocidade de ocorrência dos sintomas é
variável e depende de fatores que influenciam na
injúria, tais como: temperatura, tempo de exposição e
estado metabólico dos tecidos dos frutos (Carvalho e
Botrel, 1996).
De acordo com Garcia et al. (1996), o
armazenamento e transporte do abacaxi deve ser
realizado em condições de umidade relativa de 85 a
90% e temperatura entre 7 e 13°C. Assim tratado, a
vida útil do fruto é de 2 a 4 semanas, dependendo do
grau de maturação em que se encontrava por ocasião da
colheita.
A coloração da casca está estreitamente
relacionada à maturação dos frutos e às condições
climáticas durante o período de cultivo. A maturação
dos frutos, baseada na coloração da casca, é designada
maturação aparente. Giacomelli (1982), avalia a
maturação aparente do abacaxi por meio de notas (0 a
3),conforme o esquema a seguir:
0: região basal do fruto começando a passar de
verde escuro para verde claro;
1: região basal do fruto amarela, sem atingir
mais de duas fileiras de olhos;
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2: cor amarela, envolvendo mais de 2 fileiras de
olhos sem ultrapassar a metade da superfície total da casca;
3: cor amarela, envolvendo mais da metade da
superfície.
O fruto totalmente maduro não é recomendado
para transporte a mercados distantes, devendo-se
selecionar um nível menos maduro (Dull,1971). Por
outro lado, frutos imaturos não são adequados uma vez
que não atingem boa qualidade organoléptica e são
mais propícios à injúria pelo frio. Devido a esses
fatores, o ponto de colheita recomendado para o
abacaxi destinado à exportação situa-se entre os
critérios 1 e 2 de acordo com a descrição de Giacomelli
(1982).
A qualidade interna dos frutos e suas
características físicas são conferidas por um conjunto
de constituintes físico-químicos e químicos da polpa,
responsáveis pelo sabor e aroma característicos e que
são importantes na sua aceitação final. Sabe-se que
condições climáticas, estádios de maturação, diferenças
varietais e nutrição mineral das plantas exercem
influência acentuada na composição química do
abacaxi.
O objetivo proposto neste trabalho foi o de
avaliar o efeito da refrigeração e do estádio de
maturação sobre a qualidade do abacaxi cv. Smooth
Cayenne, comparando-se a composição química de
frutos em estágios de maturação 2 e 3, descritos por
Giacomelli (1982), armazenados sob refrigeração à
temperatura de 8°C ± 2 e umidade relativa de 89% ± 3
por um período de 20 dias, e sem refrigeração à
temperatura ambiente (20°C± 2 e umidade relativa de
80%± 10).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados abacaxis cv. Smooth Cayenne,
provenientes do município de Canápolis-MG, colhidos
no mês de julho de 1998. Logo após a colheita, os
frutos foram transportados para o Laboratório de
Produtos Vegetais da Universidade Federal de Lavras
para a montagem e execução do experimento.
Os frutos apresentaram tamanhos uniformes,
com peso médio de 1957,92g e foram colhidos no
estádio de maturação 2 descrito por Giacomelli (1982).
Para compor os tratamentos foram selecionados
120 frutos. Os frutos doentes, injuriados e mal
formados foram eliminados.
O experimento seguiu o delineamento
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x2 ou
seja, dois fatores em dois níveis cada: estádio de
maturação (2 e 3) e tipo de armazenamento (com e sem
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.2, p.356-363, mar./abr., 2001