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EXPERIMENTALISMO E MULTIMÍDIA: O MEZ DA GRIPPE - Unimar

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Sabemos, pois, que se trata de uma obra aberta, que foge a regulamentos<br />

válidos, permitindo muitas interpretações, com diferentes<br />

percursos de leitura. Tal variedade se justifica quando atentamos para<br />

sua composição. Podemos dizer que incorpora elementos de muitos<br />

meios de comunicação: fotografia, publicidade, poesia, entrevista,<br />

reportagens, desenhos, literatura. Assim, não se trata de uma obra<br />

unicamente literária, mas de uma obra mista. Quanto mais o autor<br />

utiliza meios midiáticos, mais se trata de um objeto artístico e menos<br />

de um livro. Já que em Valêncio Xavier ocorre um excesso de linguagens,<br />

podemos pensar que a literatura praticamente desaparece<br />

da obra? Um olhar minucioso nos mostrará que não. De qualquer<br />

forma, não deixa de ser uma obra de arte, pois sua composição é<br />

altamente elaborada e os significados se multiplicam a cada leitura.<br />

Os entrelaçamentos que se sucedem enriquecem a trama: tanto os<br />

que ocorrem entre as linguagens dentro da obra, como os possíveis<br />

com outras obras de arte.<br />

Estas diferentes linguagens estabelecem um jogo interativo.<br />

Por exemplo: uma fotografia identificada como Rua Batel seguida<br />

do relato de dona Lúcia, na página 9; o olhar de um desenho,<br />

com um poema; um comentário de um jornal e a reportagem de<br />

seu concorrente. Há muitas formas de entrar no livro. O leitor<br />

pode escolher qual vai utilizar e traçar um roteiro. Podemos fazer<br />

exercícios de leitura diversos, ora focalizando uma linguagem,<br />

ora outra. A interação entre os meios completa a informação e<br />

nos permite alcançar um entendimento maior da narrativa. No<br />

nosso estudo, optamos por abordar a questão literária, ao fazer<br />

um recorte no livro, focalizando a narrativa em primeira pessoa<br />

de um homem solitário pela cidade de Curitiba. Entendemos que<br />

seu relato constitui uma importante presença literária no contexto<br />

geral da obra, e procuraremos traçar uma comparação com Álvares<br />

de Azevedo e Dalton Trevisan.<br />

De acordo com Silva ( 00 ), essa narrativa em primeira<br />

pessoa pode ser classificada como um poema erótico, no qual o<br />

eu lírico se apresenta como um homem que atravessou o período<br />

da gripe e viveu uma aventura em meio ao caos da cidade. Como<br />

um relato dos amigos da Noite na taverna, este narrador mas-<br />

| Antonio Manoel dos Santos Silva (Org.)

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