29.06.2013 Views

EXPERIMENTALISMO E MULTIMÍDIA: O MEZ DA GRIPPE - Unimar

EXPERIMENTALISMO E MULTIMÍDIA: O MEZ DA GRIPPE - Unimar

EXPERIMENTALISMO E MULTIMÍDIA: O MEZ DA GRIPPE - Unimar

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Um homem eu caminho sozinho<br />

nesta cidade sem gente<br />

as gentes estão nas casas<br />

a grippe (XAVIER, 9 , p.9)<br />

O eu-lírico não apresenta passado, história, nem comoção pelo<br />

acontecimento trágico. O cenário está montado para a aventura, revelando<br />

a desolação da cidade e a solidão do eu-lírico. Acatando a<br />

sugestão de leitura de acompanhar todo o poema, juntando os fragmentos<br />

espalhados pelo livro, temos sua continuação na página :<br />

Entro na casa<br />

a porta sem chavear<br />

alguém que saiu para voltar<br />

e não mais voltou/ entrou para sair<br />

e não mais saiu.<br />

Em seguida, vê uma mulher prostrada em sua cama, abatida<br />

pela doença. Admira-lhe a brancura e loura plumagem, detendo-se<br />

um pouco na descrição de seu objeto de desejo. Seu marido está<br />

tossindo em outro aposento. Ele então se próxima, descobre-lhe<br />

a nudez e concretiza a posse física da mulher. E temos sua última<br />

confissão na página :<br />

Mas sempre terei diante de mim<br />

A visão de eu abrindo a porta<br />

A casa vasia, seu corpo de loura plumagem<br />

Sem me voltar, sem voltar<br />

Diante de mim a cidade vazia, silenciosa<br />

Nestes dias da gripe<br />

Ninguém me viu nem me verá (XAVIER, 9 , p. )<br />

Em Trevisan, no conto “O vampiro de Curitiba”, temos uma<br />

confissão rica em detalhes de como o narrador se sente abalado<br />

pelas mulheres: “Ai, me dá vontade até de morrer. Vejo a boquinha<br />

| Antonio Manoel dos Santos Silva (Org.)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!