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EXPERIMENTALISMO E MULTIMÍDIA: O MEZ DA GRIPPE - Unimar

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identificação e divulgação do trabalho literário. A capa de um<br />

livro carrega as inscrições do nome do autor e um título, além de<br />

imagem, ou gravura, que faz parte da estratégia de marketing e<br />

divulgação de um produto comercial.<br />

Na capa de O mez da grippe o título é composto por doze<br />

letras maiúsculas (caixa-alta), com predominância de traços<br />

retos que se repetem, juntamente com algumas curvas abertas e<br />

fechadas. É visível que a altura das letras se mantém no mesmo<br />

padrão. Quanto à largura, os grafemas O, M, E, Z, D e A ocupam<br />

uma proporção bem maior do que os outros grafemas G, R, I, P, P<br />

e E. Somente o lexema “mez”, ocupa / do espaço. Numa visão<br />

metafórica, pode-se dizer que o mês foi extenso, demorado. Por<br />

sua vez, os seis últimos grafemas formam o lexema “grippe”, sendo<br />

que as letras estão lado a lado, bem próximas, apertadas, comprimidas,<br />

sugerindo aglomeração, contágio. A letra M, contida no<br />

simbólico “bottom”, apresenta um estilo diferenciado, com traços<br />

mais firmes e mais escuros.<br />

A escolha do tipo ortográfico não corresponde à do tipo<br />

convencional. Tudo leva a crer que é uso de época, ou ortografia<br />

europeia. O símbolo que aparece acima do nome do escritor é<br />

composto pela letra M, com a imagem de uma cruz sobreposta.<br />

A cor preta, utilizada tanto para as letras como para o símbolo,<br />

aparece sobre um fundo liso e branco. A cor preta remete à coloração<br />

da letra impressa. O preto/escuro se opõe ao sol, à luz,<br />

lembrando o velho ditado físico “a branca luz do sol como a soma<br />

de todas as cores; o preto, a ausência de todas”.<br />

Há um encaixe perfeito entre todos os elementos apresentados,<br />

envolvidos por um desenho que representa uma lápide.<br />

Estes elementos, juntos, desencadeiam as isotopias da cor, da vida<br />

e da morte que, por sua vez, recobram a dualidade entre corpo e<br />

alma e entre a vida e a morte, estabelecendo os limites entre vivência<br />

e mortalidade.<br />

O romance O mez da grippe escrito por Valêncio Xavier,<br />

faz dele o primeiro escritor romancista gráfico brasileiro, por ter<br />

aberto um novo caminho para a literatura, a literatura experimental<br />

gráfica, que explora a montagem de recursos gráficos, como em<br />

| Antonio Manoel dos Santos Silva (Org.)

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