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Chróniea alegre<br />
lin boccadinho de sciéncia<br />
Da Africa vieram para Lisboa alguns<br />
pretos—material para estudar a<br />
doença do somno.<br />
Eram d'Angola, como todos os pretos,<br />
que se presam.<br />
Dos pretos importados, uns morreram<br />
pelo caminho confirmando assim<br />
o diagnostico dos médicos, e portandose<br />
como doentes correctos, outros chegaram<br />
a Lisboa mal agasalhados, queixando-se<br />
do clima e da alimentação.<br />
Muita gente tem estianhado o facto,<br />
aliaz commum nos animaes, que<br />
ordinariamente sam sujeitos a experiências<br />
médicas. Só quem desconhece<br />
a penúria dos nossos laboratórios é que<br />
imagina que os animaes, víctimas hon<br />
rosas dos trabalhos experimentaes, vivem<br />
rodeados de conforto.<br />
Não é assim, os animaes sam conservados<br />
em barracas detestáveis, ou<br />
em gaiolas de arame, apenas com uma<br />
cama de palha insufficiente, sem conforto,<br />
e sem cuidados de toilette.<br />
Os pretos, que estam para servir<br />
ás experiências da doença do somno,<br />
não tinham razão para se queixarem.<br />
Têem sido relativamente bem tratados.<br />
Por o nosso lado, é com verdadei<br />
ro prazer que vemos acabar com o<br />
preconceito, que fazia do homem, a<br />
não ser nos casos operatórios da cirurgia<br />
habitual, um ser á parte, livre da<br />
vivisecação e dos mais tormentos, que<br />
periodicamente se ínflingem aos animaes<br />
com o pretexto de fazer progredir<br />
a sciéncia.<br />
Percebia-se que o carneiro fôsse o<br />
objecto de experiências, porque era a<br />
causa da dessiminação do carbúnculo.<br />
Não repugnava que o cão, transmissor<br />
da raiva, se sujeitasse a experiências<br />
de laboratório. Era a causa da<br />
transmissão da doença ao homem, devia<br />
servir para estudar os meios de a<br />
combater.<br />
Mas, ao lado destes factos, havia<br />
injustiças revoltantes.<br />
O gato é um dos peores transmissores<br />
da raiva, e, apezar disso, nos laboratórios<br />
poupavam-no, e quem su<br />
jeitavam a experiências, e quem sacrificavam<br />
para o fabrico das vaccinas<br />
era o coelho, animal inoffensivo, tam<br />
sympáthico pela sua timidez.<br />
Verdade seja que esta injustiça fôra<br />
em parte compensada pelos cozinheiros,<br />
que, desde longa data, haviam<br />
descoberto que o gato tratado pelo<br />
môlho de villão se transformava em<br />
coelho, e sacrificavam o gato ás necessidades<br />
culinarias, o que até aqui pas<br />
sára sem protestos da parte dos coelhos,<br />
e "estava por isso regularmente<br />
estabelecido.<br />
Os últimos trabalhos de Koch, pretendendo<br />
provar que a tuberculose dos<br />
bovídeos é differente da humana, levantaram<br />
um certo movimento de protesto<br />
da parte dos bois e das vaccas,<br />
que conseguiram fazer chegar a sua<br />
voz á sociedade protectora dos animaes<br />
e do commércio das carnes verdes.<br />
Nada mais justo que o homem preto,<br />
vermelho, amarello, branco, ou de<br />
qualquer côr politica seja sujeito a ex<br />
periéneias, como os animaes domésticos.<br />
Não é a doença do somno a primeira,<br />
em que o animal, que serve<br />
para os trabalhos experimentaes, é o homem.<br />
Sam bem conhecidos os trabalhos<br />
de Willonghbyby sobre a gotta, a que,<br />
desde longas eras, se chama a doença<br />
dos homens ricos, e a falta de resultado,<br />
que deram as experiências no único<br />
homem rico, que quis sujeitar-se a<br />
ellas, na velha cidade Germânica, séde<br />
da universidade, de que o illustre doutor<br />
é um dos maiores ornamentos.<br />
As experiências a que sujeitaram<br />
um dos banqueiros, que gozava de mais<br />
fama, não deram resultado.<br />
Os maiores desvios de regimen não<br />
fizeram apparecer um só dos symptomas<br />
da gotta.<br />
Um dia, faltou ás experiências; os<br />
médicos ficaram pensando que talvez<br />
tivessem levado longe de mais as dóses<br />
experimentaes.<br />
Se tivesse morrido?<br />
Correram a casa do banqueiro. O<br />
seu quarto estava fechado; mas não se<br />
encontrava a chave.<br />
Avisou se a auctoridade, que man<br />
dou arrombar as portas.<br />
No quarto não havia ninguém.<br />
Ficaram desgostosos os sábios, tudo<br />
perdido, nem a autópsia se lhe podia<br />
fazer.<br />
Numa sala próxima, viu-se o cofre<br />
aberto, sem dinheiro, sem um papel de<br />
crédito.<br />
Fugira para evitar os credores. Não<br />
era tam rico como toda a gente imaginava.<br />
Por isso as experiências não haviam<br />
dado resultado!...<br />
Não fôram porém de todo perdidos<br />
para a sciéncia êstes primeiros trabalhos.<br />
Os sábios inglêses com o espírito<br />
prático, que caracterisa a sua raça, continuaram<br />
os estudos; e assim nasceu<br />
duma experiência frustrada ^ bella descoberta<br />
do soro revelador da probidade<br />
commercial.<br />
Não tinha passado desappercebido<br />
a seus olhares investigadores que a<br />
gente pobre pôde impunemente fazer<br />
uso das comidas mais prejudiciaes, desde<br />
o pé de porco até á orelheira com<br />
feijão branco.<br />
Pôde morrer de fome; mas não<br />
mata o excesso de alimentação a gente<br />
pobre.<br />
Por outro lado, os que vivem na<br />
abundância chegam a morrer de um<br />
pouco de foie gras, enquanto o povo<br />
se pôde fartar, á vontade, de iscas, que<br />
também sam fígado.<br />
Os ricos morrem ás vêzesdo Champsgne,<br />
que é um vinho excellente, um<br />
remédio que até os médicos receitam<br />
mesmo a senhoras, nas circunstâncias<br />
melindrosas, a que a sciéncia chama o<br />
estado interessante.<br />
Um beef que não mata a fome a<br />
um pobre sem dez réis, pôde causar a<br />
morte a um milionário.<br />
D'aí o princípio fundamental: um<br />
sôro mais ou menos carregado de prin<br />
cípios alimentares pôde despertar ou<br />
não um ataque de gotta conforme a<br />
riqueza do proprietário.<br />
Verificou se por outro lado que o<br />
sangue do rico, apezar de carregado de<br />
toxinas, não alterava a saúde dos pobres,<br />
quando se fazia circular no seu<br />
organismo por injecções intravenosas.<br />
E o sangue do pobre, que fôra sugeito<br />
a estas injecções, ia melhorar o<br />
estado dos ricos.<br />
E assim, por passagens successivas<br />
do sangue guttoso por homens<br />
mais ou menos pobres, se obtiveram<br />
sôros de virulência attenuada, que iam<br />
curar os guttosos mais ou menos ricos.<br />
Está já em uso esta descoberta em<br />
muitas cidades da Inglaterra, e sam todos<br />
unânimes em dizer que facilita singularmente<br />
as transacções commerciaes.<br />
Um negociante necessita de três<br />
contos de réis dirige-se a um banqueiro,<br />
trava-se o dialogo:<br />
—Perciso três contos de réis. V. ex. a<br />
pôde emprestar mos?<br />
— Com muito gosto; mas tem de<br />
sujeitar-se a uma experiéneiasinha.<br />
—O que v. ex. a quizer, diz o outro<br />
despindo a sobrecasaca e offerendo o<br />
braço nú.<br />
O banqueiro vae ao cofre, tira o<br />
soluto que revelia a probidade até<br />
quinze contos de réis; porque no com<br />
mercio sempre é bom segurar-se a<br />
gente.<br />
Injecta. A reacção é quasi instantânea,<br />
apparece o ataque de gotta.<br />
O banqueiro bate amigavelmente no<br />
hombro do nego£íante e diz-lhe com<br />
um sorriso:<br />
— Até seis contos pôde pedir, meu<br />
bom amigo. Eu gosto de ajudar a<br />
quem trabalha; por isso tenho perdido<br />
muito dinheiro...<br />
Antes de terminar esta breve resenha<br />
dos mais modernos trabalhos<br />
médicos, em que o homem tem sido<br />
objecto de experiencias, não poderemos<br />
deixar sem referencia especial os<br />
trabalhos de Erb, Hauptman e Amedt<br />
sobre as toxinas do esfalfamento cerebral<br />
(Miinchen men Wochenschrift).<br />
Tendo isolado as toxinas desta doença,<br />
que é em Portugal completamente<br />
desconhecida, e partindo do principio<br />
de que, quanto mais cançado estiver<br />
o cerebro, menor deve ser a quantidade<br />
de toxinas capaz de originar o<br />
esfalfamento cerebral experimental, os<br />
auctores fizeram soluções tituladas,<br />
mais ou menos carregadas de toxinas,<br />
e ensaiaram varias experiencias, a que<br />
se sujeitaram gentilmente alguns sa<br />
bios.<br />
Entre elles, havia um, cuja edade<br />
provecta, e um grande passado de saber<br />
e de gloria, confirmado pelos diplomas<br />
honoríficos das sociedades sabias<br />
de todo o mundo, exigia dos experimentadores<br />
a maxima cautella nas<br />
experiencias.<br />
Começáram com soluções atenuadissimas,<br />
e o velho sábio recebia a sorrir<br />
as injecções hypodermicas no meio<br />
d'um publico que o olhava cheio de<br />
respeito e admiração.<br />
Logo á primeira injecção, ao introduzir<br />
a agulha, o sábio estremeceu,<br />
dando um pequenino grito, que as senhoras<br />
imitaram sem querer, num estremecimento.<br />
Suspendeu se a operação, o sábio<br />
empalidecera, leves gottas de suor borbulhavam<br />
á raiz dos seus cabellos brancos,<br />
dos lábios sumira-se a côr, eram<br />
sem duvida os primeiros effeitos da ni-<br />
RESISTBJN CIA — Domingo, 27 de Abril de 1902<br />
toxicação; era tam grande a fama do<br />
seu saber enorme, que, apezar de se ter<br />
apenas injectado uma gotta, ninguém<br />
duvidou que ia vêr desenrolar todo o<br />
quadro symptomatico do esfalfamento<br />
cerebral.<br />
Sopraram lhe os olhos, uma lagrima<br />
humedeceu os cílios brancos e ve<br />
neraveis, que velavam aquelle olhar intelligente,<br />
e a voz débil do velho sábio<br />
disse com doçura, numa leve recriminação<br />
:<br />
— E' que doeu!...<br />
Voltáram-lhe as cores ao rosto, e<br />
com espanto geral, injectou se-lhe todo<br />
o liquido da seiinga, sem que apparecesse<br />
symptoma algum do esfalfamento<br />
cerebral.<br />
Repetiram se as experiencias, de cada<br />
vez com soluções mais concentradas,<br />
durante dias, semanas e mezes e nunca<br />
se revellou, naquelle organismo gasto<br />
pelo estudo, vestígio de esfalfamento<br />
cerebral.<br />
E ninguém podia duvidar que fosse<br />
aquelle um grande sábio, era um mestre<br />
de fama universal. Bastava vêl o<br />
passar para até os mais ignorantes exclamarem:<br />
este sim, que é um sábio!<br />
Via-se logo.<br />
Aquelle andar! Não havia estudante<br />
intelligente que o não imitasse; e assim,<br />
inconscientemente, iam fazendo a educação<br />
de seus cerebros; porque, como<br />
o demonstráram os belios trabalhos de<br />
psycologia, o gesto está intimamente<br />
ligado á vida do pensamento; um bello<br />
pensador trahe-se por um bello gesto,<br />
como a profundidade d um sábio se tra~<br />
he pela gravidade da marcha.<br />
Por outro lado o gesto tem influencia<br />
sobre o cerebro, excita-o, e é por<br />
isso que os oradores de phrase mais<br />
enthusiastica tem uma gesticulação mais<br />
violenta, e os pensadores mais graves<br />
mostram mais sobriedade e ponderação<br />
no gesto.<br />
Assim é que, imitando os gestos,<br />
se faz dispertar a mesma ideia, que os<br />
origina pelo pensamento, o que explica<br />
também o facto conhecido de muitos<br />
estudantes, aparentemente mal dotados,<br />
conseguirem chegar a sábios e até a<br />
mestres pela simples imitação do gesto<br />
e do andar dos seus professores.<br />
Poderia mesmo, nesta occasião, demonstrar<br />
que a influencia do vestuário<br />
não é de todo para desprezar na cultura<br />
da intelligencia, se me não tivesse<br />
de desviar da exposição simples e despretenciosa<br />
das experiencias do esfalfamento<br />
cerebral,<br />
Apezar de falta de resultado das<br />
experiencias feitas no velho sábio ninguém<br />
punha em duvida a grandeza<br />
daquelle saber.<br />
O seu porte, o seu olhar,'o silêncio<br />
discreto com que ouvia os trabalhos<br />
mais modernos, que destruía apenas<br />
com a ironia dum sorriso, mostravamno<br />
identificado pela cultura intellectual<br />
com a natureza inteira.<br />
Se alguém dissesse que elle tratava<br />
por tu o sol e as estrellas, todos se<br />
admirariam de não terem sido os primeiros<br />
a fazer a observação.<br />
Mas o que complicava as experién<br />
cias era ver se que alguns sábios novos<br />
não resistiam a injecções pouco concentradas.<br />
E todavia era aquêlle um grande<br />
sábio.<br />
Attestavam-no três gerações.<br />
Um dia, ao fim duma experiência<br />
sem resultado, a cabeça do sábio abanou<br />
num movimento de censura, o seu<br />
olhar encheu-se de ironia, a bôcca descerrou<br />
se.<br />
Todos o olhavam suspensos d'aquelles<br />
lábios, que iam abrir se num oráculo.<br />
Foi então que elle murmurou ;<br />
— Ei a hygiene, e a hygiene ?<br />
Corrao ninguém se lembrára?!<br />
Era verdade.<br />
Se até, desde os vinte annos, que<br />
não lia um livro para poupar a vista...<br />
T. G.<br />
E' nos dias 10, i5 e 21 de maio<br />
próximo futuro, que terám logar as<br />
provas de candidato ao concurso para<br />
o provimento dum logar de lente subs<br />
tituto que se acha vago na faculdade<br />
de Theologia, á qual é único concorrente<br />
o sr. dr. Josç Joaquim d'Oliveira<br />
Guimarães sendo o día 10 para a<br />
sustentação da sua dissertação, o dia<br />
i5 para a lição livre e o dia 21 para<br />
a lição sorteada.<br />
O jury é composto pelos srs. drs.<br />
Luís Maria da Silva Ramos, Bernardo<br />
Augusto de Madureira, Manuel de Jesus<br />
Lino, Joaquim Alves da Hora, Manuel<br />
d'Azevedo Araújo e Gama, António<br />
Garcia Ribeiro de Vasconcellos,<br />
Porphyrio Antonio da Silva, Joaquim<br />
Mendes dos Remedios e do supp ente<br />
sr. dr. José Pereira de Paiva Pitta,<br />
professor da cadeira de direito eccie<br />
siástico português na faculdade de Direito,<br />
O mystério...<br />
Desde o principio que esta questão<br />
do convénio anda velada por impenetrável<br />
mystério que o governo, por todos<br />
os meios, se exforçou por manter<br />
bem cerrado e que ainda agora se não<br />
resolve a quebrar completamente.<br />
O insuspeito Correio da 'ZN^oite,<br />
orgão do compadre do Crédito 'Predial,<br />
diz:<br />
Ainda hoje ninguém sabe, se ha<br />
ou não compromisso diplomático, da<br />
parte do nosso governo, para com os<br />
governos extranjei>os; ainda ninguém<br />
sabe, onde vamos encontrar recursos<br />
para satisfazer os compromissos contraídos;<br />
ainda ninguém sabe, por exemplo,<br />
o que foi, onde pára e o que diz<br />
essa famosa carta, tam falada, e cuja<br />
existência ainda não foi contestada, entregue<br />
ao sr. Lhomme, carta phantástica<br />
e mir?culosa, que fez mudar de<br />
orientação o sr. Delcassé, e fez com<br />
que o governo francês passasse a considerar<br />
supportavel o ministère d'êspoliation.<br />
Sempre o mystério...<br />
Para o país, porém, não devem<br />
restar dúvidas ácerca da situação em<br />
que nos vae deixar a approvação do<br />
convénio.<br />
E porque a história da nossa administração<br />
perdulária e vergonhosa o<br />
deve ter de ha muito elucidado ácerca<br />
das virtudes miríficas dos illustres patriotas<br />
que estám no governo, á sua<br />
indifferença fica a responsabilidade de<br />
ulteriores successos.<br />
Intervenha, que ainda é tempo de<br />
salvar se por um acto de redimidora<br />
energia.<br />
Exemplo a seguir<br />
A mocidade académica do Instituto<br />
Industrial do Porto, começa já a resistir<br />
aos pretorianos do poder, oppondo,<br />
aos sabres policiaes, a arma de S.<br />
Estevam e os canos dos seus rewolveres.<br />
De dentro do edifício escolar têem<br />
resistido, por meio da força, ás violências<br />
dos assalariados do governador<br />
civil.<br />
Já vam percorrendo algumas ruas<br />
da cidade em manifestações calorosas,<br />
nas quaes se manifesta todo o enthusiasmo<br />
de almas crentes e sinceras,<br />
tendo de sustentar lucta com os agentes<br />
policiaes que oppõem á justiça das<br />
manifestações, a subserviência de inconscientes<br />
instrumentos ás ordens dos<br />
governantes.<br />
Como symptoma da próxima redmissão<br />
da patria, por meio dum movimento<br />
nacional, enche nos de júbilo<br />
a resistencia dos académicos do Instituto,<br />
que para nós exprime as primeiras<br />
lavas do grande vulcão, que ha de<br />
abrasar os modernos Migueis de Vasconcellos.<br />
O procedimento da academia é um<br />
exemplo a seguir, e serve para mostrar<br />
o caminho que é necessário tomar,<br />
para se castigarem os culpados e redimir<br />
a terra que nos foi berço.<br />
A academia do Porto começa a<br />
protestar fóra da chamada legalidade,<br />
já que o governo ha muito que está<br />
fóra da lei.<br />
E contra homens fóra da lei, toda<br />
a resistência é legitima.<br />
Bico systema Auer<br />
Mudou provisoiiamente aléjunlio para<br />
o 1.° andar da mesma casa da rua Visconde<br />
da Luz, sondo a entrada pela rua<br />
Corpo de Deus n.° õ.<br />
Lorvão — Tivemos o prazer<br />
daqui ter por hospede o hábil e intelligente<br />
photographo sr. Pinho Henriques,<br />
que obsequiozamente se prestou<br />
a tirar as principaes vistas do mosteiro.<br />
Devido ao mau tempo, apenas pôde<br />
tirar alguns clichés, tencionando vir<br />
concluir os seus trabalhos em melhor<br />
occasião, que esperamos seja breve.<br />
Estas vistas sám destinadas a acompanhar<br />
um importantíssimo artigo historico,<br />
discriptivo e de propaganda para<br />
conservação do edifício, afim do Século<br />
os publicar num dos proximos domingos.<br />
E' ao sr. Eduardo Mendes Simões<br />
de Castro, correspondente do dito jornal<br />
em Coimbra, que vamos dever a<br />
honrosa fineza de o primeiro jornal do<br />
país, se occupar da nossa terra e do<br />
magestoso templo que tanto amamos<br />
pela sua bellêsa e historia.<br />
A junta de parochia de Lorvão desde<br />
já agradece, não só ao sr. Simões de<br />
Castro, mas também ao sr. Pipho<br />
Henriques, as finesas que lhe están^<br />
dispensando e por tantos títulos já<br />
manifestadas.<br />
E immenso o desejo da mesma<br />
junta e de todo o povo da freguezia,<br />
para que tal propaganda feita por quem<br />
é competentíssimo e desinteressado<br />
no seu trabalho e unicamente levado<br />
pelo amor á Arte e ao interesse público,<br />
seja coroado de bom êxito, o que bem<br />
merece.<br />
Que o sr. ministro das obras públicas<br />
se commova, ao conhecer o que<br />
foi, é e poderá vir a ser, o historico<br />
mosteiro de Lorvão.<br />
S.<br />
Vae ser creada uma escola primária<br />
para o sexo masculino na freguezia de<br />
Almalaguês, dêste concelho.<br />
Vae ser demittido de commissario<br />
de policia desta cidade o sr. dr. Pedro<br />
Ferrão, sendo nomeado para o substituir<br />
o capitão de infanteria 23 sr. Freitas.<br />
São estas as informações que nos<br />
foram communicadas.<br />
A demissão do sr.. commissario terá<br />
ligação com os successos da Bemcanta?<br />
Os anjos que respondam, que os<br />
seraphins foram á carqueija.<br />
Agradecimento<br />
Os abaixo assignados agradecem,<br />
muito reconhecidos, a todos<br />
os cavalheiros que, accedendo ao<br />
seu convite, se dignaram acompanhar<br />
o feretro do Ex. 0 Commendador<br />
João Francisco Ferreira Jorge,<br />
fallecido na Quinta da Machada.<br />
A todos, o protesto da sua estima.<br />
Coimbra, 2 5 de Abril de 1902.<br />
QÃugusto d'Oliveira Gomes,<br />
Manoel José da Costa Soares,<br />
José Maria Mendes d'Abreu,<br />
oAntonio Corrêa dos Santos,<br />
Francisco da Costa Gaitto,<br />
José Duarte dos Santos Cannas.<br />
ANNUNCIO<br />
A Commissão Central de Beneficencia<br />
Poiarense faz publico, que se<br />
acha aberto concurso para a construcção<br />
de um hospital no concelho de<br />
Poiares, districto de Coimbra, por espaço<br />
de 3o dias a contar da data d'este<br />
annuncio.<br />
As propostas devem ser apresentadas<br />
em carta fechada e dirigidas ao<br />
presidente da commissão Jeronymo<br />
Silva, residente em Santo André de<br />
Poiares. A planta, orçamento e condições<br />
da arrematação, acham-se patentes<br />
em Coimbra, no estabelecimento<br />
do Ex. mo Snr. Francisco Rodrigues da<br />
Cunha Lucas, rua dos Sapateiros, 44,<br />
onde poderão ser examinadas em todos<br />
os dias úteis desde as 10 horas da<br />
manhã até ás 4 da tarde.<br />
A Commissão, abertas as propostas<br />
apresentadas, reserva-se o direito<br />
de fazer a adjudicação a quem melhores<br />
garantias offerecer.<br />
Poiares, 24 de abril de 1902.<br />
A Commissão,<br />
Francisco Corrêa da Costa,<br />
José Henriques Simões,<br />
José Ferreira de Carvalho Lima,<br />
Arthur Montenegro Ferrão Castel-Branco,<br />
Jeronymo Silva.<br />
CURSO PRATICO<br />
DE<br />
ESCRIPTURAÇÃO COMMERCIAL<br />
Abre desde já, para funccionar em<br />
Santa Clara, em dias alternados, das<br />
7 ás 9 horas da manhã, sob a regencia<br />
de IVt. d'Amaral, encarregando<br />
se também de balanços para trespasses,<br />
concordatas ou fallencias, e de<br />
partilhas entre particulares.<br />
Informações podem os interessados<br />
obtel-as dos snrs„ Correia, Gaitto &<br />
Cannas, rua do Cego, 1 a 7.<br />
Nova collecção Horas de Leitora<br />
Walter Scott<br />
IVAMOHÉ<br />
VOLUME I<br />
LIVRARIA EDITORA<br />
Guimarães Libanio & C. a<br />
LISBOA,