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Obra Completa

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io de p( licia mandaram do novo chamar<br />

o presidente da Associação Académica<br />

paia lhe notificar quo devido a má comprehensão<br />

de quem o escrevera, nào estava<br />

o mandado nos devidos termos, e pedindo<br />

pura substituir a contra fé primeiramente<br />

enviada, par outra em que a intimação<br />

refaria : para que não auctorise<br />

qualquer reunião seja qual fôr o pretexto,<br />

na casa da antiga egreja da<br />

Trindade a não ser a reunião pura e<br />

exclusivamente da direcção da 0,4sso<br />

ciação QÁcademica e dos respectivos socios,<br />

mas nunca para fins políticos ou<br />

outros extranhos á missão da dita Associação.<br />

Começa aqui já a apparecer mal mascarada<br />

a pretençâo occuíta, do inteiforir<br />

nos negooios da Associação Acadomica,<br />

paseando-se por cima dos preceitos do<br />

Cod. Administrativo.<br />

Lateralmente considerr.do, este mandado<br />

visiva mais particularmente á Academia<br />

e a ella por assim dizer, exclusivamente.<br />

A Associação Académica, socialmente<br />

considerada, tinha quo calar se pois não<br />

havia neste mandado, ao contrario do<br />

primeiro, < ffensa directa aos seus direitos<br />

e regalias.<br />

Como estudantes, es corpos gerentes<br />

da mesma Associação lavraram immedia<br />

tamente o seu solemne protesto, como so<br />

vê do documento n.° 3 abaixo exarado,<br />

que foi affixado no logar respectivo.<br />

Tinham protestado os corpos gerentes.<br />

Cumpria saber o pensar dos sócios da<br />

Associação Académica sobro o assumpto.<br />

Para itso foi convocada uma reunião, de<br />

accordo com cs estatutos, com a ordem<br />

dò dia constante do decumento n.° 4.<br />

A' hora marcada, no logar indicado,<br />

tendo comparecido todos os socios da Associação<br />

Académica, appareceu osiv.com<br />

missario de policia, acompanhado de dois<br />

subordinados sous e á meza da assembleia<br />

geral intimou o madado constante do do<br />

cuinento n.° 5.<br />

Como se vê d'este mandado, não era<br />

só já a Academia que nào podia falar,<br />

que não pbHia reuuir-so, que ora obrigada<br />

pela força a calar-s«*: também a Associação<br />

Académica era algemada o na bocia,<br />

lia forma d'uno insólito e arbitiario mandado,<br />

era introduzida a grando rolha do<br />

silencio.<br />

Alguns membros da direcção e assembleia<br />

geral da Associação Académica,<br />

foram falar com o ar. Governador civil a<br />

queixar-se da violência e da aibitrarieda<br />

de commettida que nada justificara.<br />

Sua Ex. a , depois de os receber com<br />

muitos protestos d'amizadoe deforenciasj<br />

tevo estas considerações, que são uma<br />

•verdadeira epopeia, a pedir verso. Decla<br />

rou Sua Ex. 1 quo a elle pertencia o direito<br />

de interpretação dos nossos estatutos<br />

e superiormente determinar o quo lhes<br />

era contrario. Ponderou-se-lhe que se isso<br />

fosse acceite, ámanhã poderia Sua Ex. a<br />

a seu bello prazer e com o único fito do<br />

prejudicar a Associação Académica, impedir<br />

quo se reunissem os BOCÍOS, p^-lo<br />

pretexto, de ser contrario aos estatutos.<br />

A resposta de Sua Ex. a , evasiva e<br />

dúbia, foi a declaração de mil protostos<br />

d'amisade e sympathia.<br />

Foi lembrado a Sua Ex. a que era indispensável<br />

a reunião d'Assembleia GJral<br />

da Associação Académica para quo os<br />

Socios affirmassera a sua adhesão ou re<br />

provação aos actos dos corpos gerentes.<br />

Affirraou Sua Ex. a quo isso era uma revolução<br />

contra a lei e embora lhe fosse<br />

notado que um protesto ordeiro nunca<br />

poderia ser qualificado como unia alteiação<br />

d'ordem e muito menos como do revolução,<br />

Sua Ex. a mnnteve-se apesar do<br />

tudo na sua affirmaçâo, estribado em ordens<br />

superiores, de que, íia sua phriise,<br />

ninguém poderia ver bem o alcance.<br />

Embora lhe fosse objectado quo as<br />

Associações de Imprensa so reuniam pura<br />

protestar contra a maneira de interpretar<br />

a lei que ellas julgavam odiosamente abusiva,<br />

Sua Ex. a não achou paridado entre<br />

os casos allegados e terminou, com mais<br />

affectuosas demonstrações do muita sym<br />

pathia, por fizer patente a declaração de<br />

que eram ordens superiores e que procedia<br />

de accordo com a lei, etc. , etc., o<br />

cousas varias quo nada respondiam.<br />

Finalmente, segundo se deprehendeu<br />

de todas as suas palavras a missão do es<br />

tudante era apenas estudar. Tendo lhe<br />

Bido proposto redigir na sna presença o<br />

convito da reunião. Sua Ex a terminantemente<br />

disse nada querer ouvir.<br />

Sua Ex. a o Sr. Governador Civil,<br />

conselheiro Luiz Pereira da Costa, por<br />

estas palavras proferidas, mostreu que<br />

tinha descido ás eontlições de qualquer<br />

esbirro policial. O logar de chefe do districto<br />

ficava, pela sua conversa, reduzido<br />

á mera missão d'um cabo d'esquadra, ordenando<br />

cargas e prisões, sem respeito<br />

pelas leis, procurando apenas servir a<br />

contento as ordens dos superiores. Parece<br />

jmpossivêl que um homem intelligente<br />

como Sua Ex. a é, lento da Universidade,<br />

ex-deputado e trunfo politico, rebaixasse<br />

0 tal ponto o seu cargo, nivelando a stia<br />

larga e consciente eephera d'acção admiuistrativa<br />

com o acanhado campo de trata<br />

lho dum vulgar e inculto regedor.<br />

Nenhumas razões convenceram Sua<br />

Fx. a estava nbroquolãdo det-az das or<br />

dens recebidas quo não discutia, sobro<br />

as quaes nào raciocinava.<br />

Aí ficam, com verdade determinadas,<br />

as origens dos lamentaveis successos.<br />

Coarctados na sua liberdade pelas<br />

prepotências policiaes, repellidos pelo<br />

sr. Reitor da Universidade, que teria<br />

obstado, permittindo a reunião no<br />

Paço das Escolas, a scenas violentas,<br />

os académicos resolveram, apezar de<br />

tudo, reiinir-se no largo do Museu, na<br />

segunda feira, 28, a fim de orientarem<br />

a sua attitude.<br />

Mas pouco depois de constituída a<br />

mêsa e quando o primeiro orador ultimava<br />

as suas considerações, interveio<br />

o commissário Pedro Ferrão,<br />

com um troço de polícias, dispersando<br />

brutalmente, de sabre nú, a massa de<br />

académicos concentrada naquelle local.<br />

Houve depois correrias, pranchadas,<br />

tiros, invadindo a polícia alguns<br />

estabelecimentos onde os académicos<br />

se refugiaram.<br />

Na rua Larga repetiram-se os tumultos,<br />

refinando a polícia nas selvagerias<br />

habituaes, até que uma força de<br />

cavallaria conseguiu com louvável prudência<br />

restabelecer o socego.<br />

Os académicos dispersaram ficando<br />

assente que se reuniriam no dia seguinte<br />

na Universidade, ao meio dia.<br />

Mas no dia seguinte o sr. Reitor<br />

negou licença para que a Academia se<br />

reunisse no Paço das Escolas, apezar<br />

de todis as sollicitações feitas, celebrando-se<br />

afinal a reunião á Porta férrea,<br />

onde foi lida, entre applausos vibrantes,<br />

uma carta eloquentíssima do<br />

valoroso militar Paiva Couceiro, rgra<br />

decendo a mensagem que lhe fôra enviada.<br />

Pacificamente dissolvida a reunião<br />

com nova convocação para as 5 horas,<br />

no largo Camões, a policia iu'gou op<br />

portuno intervir com uma provocação<br />

infame.<br />

Ao passar o primeiro grupo de ra<br />

pazes em frente do Governo Civil empunhou<br />

os revolwers com ar ameaçador,<br />

o que naturalmente motivou pro<br />

testos, com morras á policia, ao commissário,<br />

ao governador civil, havendo<br />

então correrias, tiros, pedradas, um<br />

tumulto desordenado que os selvagens<br />

policiaes alimentavam com as suas traiçoeiras<br />

sortidas.<br />

E tal a fúria, tal a demencia que<br />

se apoderou d'elles, que nós vimos policias<br />

apanhar também pedras e arremessá<br />

las furiosamente!<br />

A's 5 horas, como a força de cavallaria<br />

impedisse a reunião no Largo Camões,<br />

a Academia foi para a Sé Velha,<br />

reunindo ahi, á porta do restaurant<br />

José Gui herme, e dirigindo-se em seguida<br />

para a rua da Sophia a fazer<br />

uma manifestação ao regimento do 23<br />

e parando ainda em frente da nossa redacção<br />

n'uma manifestação, calorosa<br />

e penhorante.<br />

Durante todo este tempo nenhum<br />

conflicto se travou. Explica se: a policia<br />

não appareceu, conservando-se no<br />

Governo Civil.<br />

Durante todo o dia a cidade teve<br />

um movimento desusado. A' noite, das<br />

trapeiras, foram durante muito tempo<br />

levantados vivas e morras que tinham<br />

uma extranha resonancia. Parecia estar<br />

se em plena epocha de Revolução.<br />

Nas ruas não apparecia um único po<br />

licia! Gosava-se inteira liberdade.<br />

Hontem as man festaçÕes proseguiram<br />

nos intervallos das aulas de<br />

manhã, sem complicações graves porque...<br />

a policia não interveio.<br />

A' tarde, porém, o lieroico commissá<br />

io dominou-o a epilepsia funestíssima<br />

que frequentemente o accommette,<br />

Foi então que a policia, commandada<br />

pelo commissário Pedro<br />

Ferrão, aproveitando o momento<br />

em que uma patrulha seguia para a<br />

rua do Borralho, fez fogo á doida, para<br />

as janellas, visando quem encontrasse,<br />

sendo então ferido, á queima roupa,<br />

com um tiro dado pelo cabo 3, o<br />

segundanista de direito Vasco Pessanha,<br />

que se encontrava inerme e indefezo<br />

refugiado no vão d'uma porta!<br />

Consummadaa tentativa de assas •<br />

sinatoo commissário recolheu,ovante,<br />

para o Governo Civil, a receber as felicitações<br />

pelo feito valoroso,<br />

emquanto o ferido era levado em braços<br />

para o hospital em estado gravíssimo.<br />

Rápido a indignação lavrou intensa.<br />

Toda a cidade sentiu uma revolta enorme<br />

contra o inaudito bandoleirismo que<br />

matava, i» traição, cidadãos indefezos.<br />

E pelas ruas, nos cafés, em toda a<br />

parte se commentava com indignação<br />

a attitude hedionda do governador civil,<br />

do commissário e ainda do reitor<br />

da Universidade.<br />

Os succéssos ahi estám narrados<br />

com absoluta verdade.<br />

RESISTEM CIA — Quinta-feira, 15 de Maio de 1902<br />

O governador civil Luiz Pereira<br />

da Costa, a quem acicatam<br />

ambições de tolas gloriolas, entendeu<br />

que não devia manter se numa<br />

attitude prudente, que poderia trazer<br />

deslustre á sua fama de politico illustre<br />

e rijo.<br />

Homem illustrado, devia manter<br />

uma linha de conducta direita e firme,<br />

e nunca descer á boçalidade impulsiva<br />

dos caceteiros sertanejos.<br />

Mas não succedeu assim. Era<br />

necessário agradar aos do alto com o<br />

alarde de repressões violentas. E o<br />

governador civil, que tem todas as fra<br />

quezas e todos os desvarios d'umpobrediabo<br />

destrambi+hado, sentiu-se ardido,<br />

e quiz immortalisar o seu nome n'uma<br />

refrega de bandidos.<br />

Conseguiu o, snr. governador civil.<br />

Mas nos arminhos de par ou no brilho<br />

da venera com que agraciarem os<br />

seus altos serviços, ha de vêr-se sem<br />

pre, como um stigma indelevel, como a<br />

marca infamante d'um galeriano, uma<br />

nodoa de sangue, o documento triste<br />

do seu crime.<br />

Tem-va seu lado outro valente, o<br />

commissário Pedro Ferrão.<br />

Os dois ficam bem, ao lado um do outro,<br />

n'esta historia sangrenta.<br />

Ambos heroes, ambos combatentes<br />

strenuos.. .<br />

Falta-nos o espaço. Mas descancem<br />

os heroes que havemos de organisarlhes<br />

o processo e fazer lhes sinceramente<br />

justiça.<br />

*<br />

Pela Academia de Lisbôa foi<br />

enviada á Academia de.Coimbra a<br />

seguinte carta:<br />

COLLEGAS:<br />

A academia de Lisboa pede vos<br />

união e fraternisação, nêste momento<br />

gravíssimo em que se põem em risco<br />

os mais altos interesses da nossa querida<br />

Patria.<br />

Pela academia de Lisboa,<br />

Carlos Lopes,<br />

H. Teixeira Barros.<br />

$ revolução dos governos,<br />

feita paa esmagar o<br />

pôvo, deve êste responder com<br />

outra Revolução maior, para<br />

redimir a sua honra e defender<br />

as suas liberdades.<br />

O Tribuno Popular, com aquelles<br />

modos doutoraes que tám bem lhe ficam,<br />

diz que a noticia da demissão do<br />

snr. Ferrão, de commissário de polícia,<br />

não tem fundamento.<br />

Ora este jornal deu a noticia, reportando-se<br />

a inform ções que lhe foram<br />

transmittidas, conforme lá se diz,<br />

e portanto não garantiu a sua veraci<br />

dade, succedendo o mesmo com a nomeação<br />

do snr. capitão Freitas para o<br />

logar de commissário.<br />

O nosso informador, porém, apezar<br />

de não ter fundamento, do Tribuno,<br />

insiste quanto á demissão do actuál<br />

commissário, concordando no resto<br />

com o nosso irrascivel collega.<br />

O irrascivel também pertence ao<br />

informador, e dizemos isto para não<br />

carregarmos com a responsabilidade<br />

da palavra, qr.e também pôde não ter<br />

fundamento.<br />

A resistência contra<br />

qualquer governo, «leve<br />

empregar-se sempre,<br />

quando êsse governo sair<br />

para iora da legalidade.<br />

Buscas domiciliárias<br />

Somos informados de que a<br />

polícia, por ordem superior, tenciona<br />

proceder em breve a buscas<br />

domiciliárias, nesta cidade.<br />

O fundamento é haver aqui associações<br />

secretas, e ella, essa esperta<br />

polícia que por aí vagueia a<br />

fazer serviço com os pés, querer<br />

apprehender documentos compromettedores<br />

e poder assim lançar<br />

mão dos filiados.<br />

Taes buscas, a fa/erem-se, servirám<br />

só para levantarem ainda<br />

maiores protestos, pois darám logar<br />

a vexames, que certamente provocarám<br />

resistências enérgicas.<br />

Desde já tornamos a policia<br />

responsável pelas arbitrariedades<br />

que praticar e pelos resultados que<br />

o seu procedimento provocar.<br />

A' porta ferrea foi affixado ontem de tarde um<br />

edital concebido nos seguintes termos:<br />

O dr. MANUEL PEREIRA DIAS, etc., etc.<br />

Faço saber que em virtude de determinações superiores<br />

ficam suspensos, até nova ordem, os exercícios escolares em<br />

todas as faculdades desta Universidade.<br />

E para que chegue ao conhecimento de todos, mandei<br />

affixar o presente, devendo os académicos sair de Coimbra<br />

dentro do praso de 48 horas.<br />

Paço das Escolas, em 30 de Abril de 1902.<br />

(Querer é poder, e se os<br />

verdadeiros portugueses qui-<br />

zerem, a nossa autonomia e<br />

independência pôde ainda ser<br />

salva.<br />

Manifestação militar<br />

Apezar de todas as noticias em contrario,<br />

continua a affirmar-se, que a<br />

manifestação militar, perante o chefe<br />

do estado, se fará.<br />

E' que a officialidade da nossa gloriosa<br />

marinha e do brioso exercito português,<br />

não pôde, nem quer, de modo<br />

algum cruzar os braços perante o monstruoso<br />

attentado que o nefasto governo<br />

que nos rege quer levar a cabo.<br />

Os jornaes alugados, por ordem<br />

dos patrões, téem, por uma serie acerba<br />

de dislates, tentado desvirtuar as intenções<br />

dos manifestantes, attribuindo-lhes<br />

intuitos despoticos e auctoritarios.<br />

A verdade é que a man festação militar<br />

é feita contra o convénio e contra<br />

a ruinosa administração que os parti<br />

dos da rotação téem feito.<br />

E' isto que se torna necessário dizêr<br />

ao povo, para que este se compenetre<br />

de que o exército e a marinha<br />

estam com elle contra o governo e não<br />

com o governo contra o povo.<br />

Se houver um movimento patriótico,<br />

se o povo correr ás armas para defender<br />

os sagrados interesses da Patria,<br />

o exercito estará a seu lado.<br />

Mais de duzentos officiaes dos mais<br />

graduados já subscreveram a representação<br />

que ha de ser levada ao chefe do<br />

estado, continuando a colher-se mais<br />

assignaturas.<br />

A victoria, portanto, será do povo,<br />

se este se levantar contra o convénio.<br />

O exercito está ao nosso lado.<br />

Viva o exercito português.<br />

A marinha defende os interesses da<br />

Patria.<br />

Viva a marinha portuguêsa.<br />

Quando a Pátria estiver<br />

em perigo, todos os<br />

cidadãos lionestos sam<br />

obrig ados a pegar em firmas<br />

para a defender.<br />

Votações «arte nova»<br />

Chamam ao Hintze Ribeiro o fundamental<br />

estúpido-, pois não está bem<br />

cabido o nome, porque elle tem ideias<br />

e ideias assombrosas.<br />

Uma das ultimas foi a de mandar,<br />

para a chamada camara electiva, uma<br />

data de comes e bebes, afim de que os<br />

paes da patria enchessem as panças e<br />

votassem de barriga replecta, o convé<br />

nio.<br />

O parlamento transformado em tasca<br />

!<br />

Os votos dos representantes (representantes,<br />

virgula) do pais, a troco de<br />

comes e bebes!<br />

Mas . .. está certo, que quem é<br />

eleito á força de carneiro com batatas,<br />

deve vender o voto por petisqueiras e<br />

vinho.<br />

O Zé Povinho, porém, é quem paga<br />

a despeza.<br />

A Revolução, não só<br />

não é um crime, mas é<br />

um dever, quando é feita<br />

para salvar uma nacionalidade<br />

que se afunda<br />

num mar de lama.<br />

A festa dos operários<br />

Não é improductivamente que os<br />

séculos passam, e a voz dos apóstolos<br />

vai pelo mundo fóra a espalhar a bôa<br />

nova do credo redimidor, que traga a<br />

Humanidade ao re nado felís da concórdia<br />

e do amôr universal.<br />

O movimento emancipador avança<br />

com lentidão, cortado de crises e aba<br />

lado de desalentos, parecendo até ás<br />

vêzes marcar uma phase regressiva na<br />

evolução do pensamento humano.<br />

Como êsses riachos que se insinuam<br />

no solo, em filetes ténues, para surgirem<br />

longe, em caudal esbravejante, a<br />

corrente das ideias também, após um<br />

sopro intenso, parece attenuar-se e per<br />

der se numa calmaria dissolvente.<br />

Mas não voltámos para traz, não.<br />

O germinar fecundo dessas ideias libertadoras<br />

não pára.<br />

Ouvidos attentos sentem-lhe o ruido<br />

calmo.<br />

Olhosanceados como que lhes prescrutam<br />

já os primeiros rebentos vigo<br />

rosos da deslumbrante efflorescéncia<br />

futura.<br />

Por toda a parte essas multidões<br />

que hoje soltam ao vento as suas auriflâmmas<br />

e atiram ao ar os seus gritos<br />

de festa e de esperança, vão ganhando<br />

o poderio que ha de substituir-se as<br />

velhas tyrannias descriptas, mais odiosas<br />

no seu estrebuxar desesperador.<br />

Aqui e acolá, a resistência affirma<br />

se.<br />

Lucta-se contra a auctoridade, contra<br />

a lei, contra todas as fórmulas gastas<br />

que sam a guarda pretoriana do<br />

Passado.<br />

E como outr'ora nos amphiteatros<br />

os mártyres acabavam sorrindo, hoje<br />

também uma geração forte morre de<br />

pé, nas barricadas, ou marcha cantando<br />

para o exílio mortífero.<br />

Resta ainda muito do passado. Erguêm-se<br />

com orgulhosa altaneria velhos<br />

Preconceitos condemnados. O<br />

egoísmo lavra forte. A verdade em<br />

poucos lábios grita.<br />

A justiça poucos altares e poucos<br />

sacerdotes puros conta.<br />

Mas que importa ? A onda ha de<br />

alastrar, extender-se, innundando toda9<br />

as alma, ganhando todos os espíritos,<br />

levando após si todos os corações.<br />

O que ha de indeciso, de obseCação,<br />

de perigoso fan3tismo nas tendências<br />

das multidões ha de differenciarse,<br />

esclarecer-se, joeirar-se, deixando<br />

rebrilhar, em toda a sua purêza, o largo<br />

ideal que abarca \pdo o mundo.<br />

Para nós temos que a hora não é<br />

de estacionamento, nem de derrota. A<br />

Humanidade avança, os velhos edifícios<br />

immuralhados da Tyránnia vám<br />

caindo, e a turba que hoje tem a sua<br />

festa, ámanhã terá, triumphante, o seu<br />

reinado.<br />

Ella vai caminhando, desbastando<br />

os obstáculos reaccionários que lhes<br />

estorvam a arrancada, e tam forte, e<br />

tam victoríosa, que um psycologo imminente<br />

disse já, num grito rude, que<br />

ao direito divino dos reis parecia succeder<br />

o direito divino das multidões...<br />

Hoje que ella tem a sua festa, que<br />

enche com as suas acclamaçÕes todo o<br />

mundo, como que esquecida das suas<br />

amarguras pungentes, das tristezas do<br />

seu lar desolado e da ameaça terrificante<br />

dainvalidês, seria falta imperdoável<br />

que ao echo da sua festa não juntássemos<br />

o echo da nossa ssiiJação<br />

enthusiástica.<br />

Festa de operários a que hoje se<br />

celebra em todo o mundo, ella é também<br />

nossa, que opeiários somos, obscuros,<br />

nesta labuta da imprensa.<br />

Por isso os saudamos, saudando<br />

nêlles o Futuro...<br />

(Appareça um homem de<br />

prestígio e audácia, e o país<br />

será salvo,

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