Obra Completa

Editor
Manuel d'01iveira Amaral
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O goyerno sente-se forte. A
paz podre que se seguiu á appro-
vação do convénio nas duas casas
do parlamento, e que pôde ser pre-
nuncio de graves calamidades, deu-
lhe novas azas e alentos novos para
continuar a perseguir aquelles que
honradamente—sem outra ambi-
ção que não seja a serena tranquil-
idade do dever cumprido — têem
gritado ao País que se não deixe
amortalhar pelos Ínfimos cangalhei-
ros que o depennaram e deshonra-
ram.
Cabe-nos agora a vez. Hontem
eram os esbirros da policia, ás or-
dens de um epileptico, a apprehen-
derem-nos o jornal; hoje vem ter
comnosco a justiça, chamando-nos
ao banco dos réus, afim de nos ser
passada a conta corrente dos dias
de cadeia em debito.
justo!
Nada mais regular! Nada mais
- Quando um governo de aven-
tureiros sordidos, que por passado
tem apenas alguns ruins discursos,
em que se partiram carteiras, e os
desfalques de algumas companhias,
triumpha contra a opinião inteira
de um País — que não sabe ou não
quer impor-se pela violência — é
perfeitamente acceitavel que en-
quanto êsse governo ou essa qua-
drilha se banqueteia lautamente,
moderando por momentos o appe-
tite devorador duma clientella in-
saciável com as promessas acari-
ciantes que a embriaguez avoluma
— se indique a cadeia áquêlles que
téem a ousadia de perturbar com
ameaças o festim dos heroes.
Todavia os processos que Hin-
tze Ribeiro, essa mesquinha e in-
glória figura da baixa política con-
stitucional, manda mover-nos, —
não nos incommodam e muito me-
nos nos perturbam.
Assim, iremos até ao fim. E os
senhores do governo