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O xamanismo e o design - Um Mundo de Experiências

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

Shamanism and <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

Badan, Rosane Costa; PhD pelo Politecnico di Milano; professora adjunta da FAV/UFG<br />

rosanebadan@yahoo.com.br<br />

Resumo<br />

Este paper concentra-se nas relações que envolvem a cosmologia indígena e o <strong><strong>de</strong>sign</strong> no<br />

Brasil. O objetivo é <strong>de</strong>monstrar que a lógica do <strong><strong>de</strong>sign</strong>er brasileiro contemporâneo<br />

compartilha <strong>de</strong> alguns princípios basilares da lógica xamanística dos povos Amazônicos,<br />

criando produtos imbuídos <strong>de</strong> energias renovadas. Com uma chave <strong>de</strong> leitura como essa,<br />

espero auxiliar os profissionais do <strong><strong>de</strong>sign</strong> a romper os paradigmas cristalizados da ativida<strong>de</strong> e<br />

a ultrapassar os limites da materialida<strong>de</strong> habitual.<br />

Palavras Chave: <strong><strong>de</strong>sign</strong> contemporâneo, cultura indígena, cosmologia xamânica.<br />

Abstract<br />

This paper focuses on the relationships involving indigenous cosmology and <strong><strong>de</strong>sign</strong> in Brazil.<br />

The aim is to <strong>de</strong>monstrate that the logic of contemporary Brazilian <strong><strong>de</strong>sign</strong>er shares some<br />

basal principles of shamanic logic of Amazonian peoples, by creating products imbued with<br />

renewed energy. A key to reading like this one could help professionals in <strong><strong>de</strong>sign</strong> to break the<br />

crystallized paradigms of this activity, while exceeding the usual limits of materiality.<br />

Keywords: contemporary <strong><strong>de</strong>sign</strong>, indigenous culture, shamanic cosmology.


O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

A influência xamanística no <strong><strong>de</strong>sign</strong> brasileiro<br />

Este trabalho trata da temática do <strong><strong>de</strong>sign</strong> no âmbito da antropologia, mais<br />

especificamente, da cultura material dos ameríndios e da cultura do projeto mo<strong>de</strong>rno no<br />

Brasil. Seguindo a peculiarida<strong>de</strong> do tema, ao elaborar o estudo, tive que consi<strong>de</strong>rar os mais<br />

diversos elementos, em especial, a cultura. De acordo com o esclarecimento dado por<br />

Lawrence Harrison (2002, p. 33), a cultura é a estrutura que tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar<br />

respostas quando se espera explicações alusivas às diferenças <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong><br />

competências entre os povos.<br />

Entretanto, o panorama cultural em si é por <strong>de</strong>masiado amplo. Por isso, foi preciso<br />

restringir a pesquisa e recortar o objeto <strong>de</strong> estudo a uma dimensão que envolvesse aspectos<br />

circunscritos à interação cultural da tradição índios e a sua influência no <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

contemporâneo. Ainda assim, o universo indígena é vasto, e falar <strong>de</strong> todos os povos no<br />

sentido genérico é arriscado. O que fiz foi especificar a cosmologia ameríndia como temáticamor<br />

e <strong>de</strong>marcar fisicamente o espaço no território brasileiro. O objetivo basilar é <strong>de</strong>monstrar<br />

que a lógica do <strong><strong>de</strong>sign</strong>er brasileiro contemporâneo compartilha <strong>de</strong> alguns princípios basilares<br />

da lógica xamanística dos povos Amazônicos e, em resultância, consegue criar objetos<br />

imbuídos <strong>de</strong> energias renovadas.<br />

Os princípios metodológicos utilizados para a coleta, a análise e a interpretação <strong>de</strong><br />

dados, fundamentaram-se em duas estratégias: a etnografia e o estudo <strong>de</strong> caso. No que<br />

compete a investigação etnográfica, esta se interessa pelo enfoque antropológico que abarca a<br />

cultura material indígena e a perspectiva do <strong><strong>de</strong>sign</strong>. A meta é enten<strong>de</strong>r a cosmologia<br />

amazônica e i<strong>de</strong>ntificar quais os projetistas que melhor se a<strong>de</strong>quam à pesquisa. Já o estudo <strong>de</strong><br />

caso tem a função <strong>de</strong> analisar parte do fenômeno brasileiro para instituir um diálogo entre a<br />

tradição índios e a sua relação com a cultura do projeto mo<strong>de</strong>rno brasileiro.<br />

Neste ponto, interroguei: por que a cultura é o fio condutor <strong>de</strong>ste trabalho? Para<br />

respon<strong>de</strong>r a pergunta, coloco em cena a explicação <strong>de</strong> Samuel Huntington (2002, p. 13). O<br />

autor eclarece que, geralmente, o termo “cultura” é usado em referência aos produtos<br />

intelectuais, musicais, artísticos e literários <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. Na antropologia, a cultura é<br />

usada para se referir aos modos <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> alguns povos: valores, práticas, símbolos,<br />

instituições e relações humanas. Assim, dando vazão a este conceito e <strong>de</strong>vido à abordagem<br />

antropológica da tese, o campo <strong>de</strong> ação explorado para a construção do estado da arte<br />

correspon<strong>de</strong>, vultuosamente, à vida cotidiana dos ameríndios, ao lugar doméstico, aos ritos<br />

cerimoniais, ao trabalho.<br />

No esforço <strong>de</strong> traduzir significativamente os dados levantados, a análise conduziu-me<br />

a uma hipótese crítica e organizativa <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> complexa. Em verda<strong>de</strong>, percebi a<br />

presença <strong>de</strong> uma relação entre a cosmologia indígena e a cultura do projeto mo<strong>de</strong>rno no Brasil<br />

apoiada em conceitos <strong>de</strong> natureza intuitiva e empírica. Emergiu, portanto, a hipótese <strong>de</strong> um<br />

fundamento experimental baseado nas práticas xamanísticas dos ameríndios da Amazônia e<br />

que se manifesta no <strong><strong>de</strong>sign</strong> contemporâneo brasileiro. Tendo em conta esta hipótese <strong>de</strong> raiz<br />

mística, recolhi informações a partir <strong>de</strong> diferentes perspectivas consi<strong>de</strong>rando, em exclusivo,<br />

os aspectos sociológicos, mitológicos e espaciais (referentes à tipologia das al<strong>de</strong>ias e das<br />

malocas).<br />

Os primeiros resultados mostraram-se insólitos, indicando que a relação entre o modo<br />

<strong>de</strong> habitar dos índios e o <strong><strong>de</strong>sign</strong> brasileiro não é <strong>de</strong> natureza formal, mas filosófica. Logo,<br />

atentando à contextura ontológica aventada, a discussão que envolve a tradição indígena e a<br />

cultura do projeto mo<strong>de</strong>rno no Brasil pressupôs uma relação simbiótica. Esta interação, ainda<br />

que resultante <strong>de</strong> uma intuição artística, leva em conta o processo evolutivo do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento histórico do <strong><strong>de</strong>sign</strong> brasileiro, cujo universo é criado a partir dos parâmetros<br />

europeu e autóctone, e da estrutura cosmológica percebida pelos povos das tribos indígenas<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

do Amazonas. Digo intuição artística porque algumas manifestações artísticas, tais como o<br />

movimento antropofágico <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e a arte neoconcreta, tiveram que ser<br />

consi<strong>de</strong>rados nesta pesquisa. A razão é que os projetistas brasileiros têm trazido para a área do<br />

<strong><strong>de</strong>sign</strong>, a percepção das artes que envolve a constante busca <strong>de</strong> novos caminhos, imbuída <strong>de</strong><br />

um olhar simples que recria o dia à dia.<br />

Este entrelaçamento entre arte e <strong><strong>de</strong>sign</strong> ficou mais evi<strong>de</strong>nte nos últimos anos do século<br />

XX, quando muitos artistas enveredaram-se rumo ao caminho do <strong><strong>de</strong>sign</strong>. Por consequinte,<br />

uma gran<strong>de</strong> leva <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers começou a dialogar com as artes plásticas, principalmente para<br />

transformar o ato <strong>de</strong> projetar numa operação. Neste aspecto, experimentar vários materiais,<br />

questionar suas possibilida<strong>de</strong>s e formas, e atribuir-lhes novas funções, são algumas das<br />

práticas provenientes das artes e que têm sido usadas hoje no <strong><strong>de</strong>sign</strong>. O processo consiste em<br />

projetar a partir <strong>de</strong> engenhosas composições <strong>de</strong> objetos industrializados, utilizando-os como<br />

matérias-primas ou ready-ma<strong>de</strong>.<br />

Enfim, partindo do real ao abstrato, do concreto ao conceitual, construi um esquema<br />

que comportasse tanto a cultura indígena quanto a cultura do projeto mo<strong>de</strong>rno brasileiro.<br />

Neste sentido, os estudos e as observações <strong>de</strong>ixadas por antropólogos que surpreen<strong>de</strong>ram a<br />

vida cotidiana dos índios da Amazônia Legal, autorizaram-me a i<strong>de</strong>ntificar – numa<br />

abordagem generalizada – três princípios básicos provenientes da cultura indígena: a<br />

correspondência, a contiguida<strong>de</strong> e a experimentação. Ao que tudo indica, estes princípios<br />

reunem elementos capazes <strong>de</strong> “sustentar” também as fases projetuais <strong>de</strong> um processo pouco<br />

convencional adotado por muitos <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers brasileiros, principalmente aqueles <strong><strong>de</strong>sign</strong>s<br />

experimentais resultantes da geração posterior aos anos 90. Naqueles anos, a tendência do<br />

<strong><strong>de</strong>sign</strong> era organizar-se como um todo a partir da união ou fusão <strong>de</strong> elementos banais a<br />

componentes tecnológicos.<br />

Três princípios basilares<br />

De acordo com relatos <strong>de</strong> diversos antropólogos e etnólogos, <strong>de</strong>ntre eles Cesar Gordon<br />

(índios Xikrin), Marco Antônio Gonçalves (índios Pirahã), Denise Fajardo Grupioni (índios<br />

Tiriyó), Clau<strong>de</strong> Lévi-Strauss (índios Bororó e Kadiwéu), Manuel Ferreira Lima Filho (índios<br />

Karajá) e Julio Cezar Melatti (índios Krahó), a contiguida<strong>de</strong>, a correspondência e a<br />

experimentação, três princípios basilares provenientes da cultura nativa da Amazônia e do<br />

Brasil Central, sustentam a existência <strong>de</strong> uma interconexão cosmológica capaz <strong>de</strong> manter<br />

unidas as partes do universo indígena, fenômeno este ensinado pela sapiência ancestral dos<br />

xamãs.<br />

Cada um dos princípios apresenta proprieda<strong>de</strong>s peculiares, no entanto, pelo fato <strong>de</strong><br />

trabalharem em comunhão um com o outro, eles integram uma totalida<strong>de</strong> cujas bases<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da posse comum <strong>de</strong> uma ou mais características daquilo que <strong>de</strong>ve compor o todo.<br />

Destas proprieda<strong>de</strong>s peculiares, a característica fundamental da contiguida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

um mesmo sistema e a da correspondência, é <strong>de</strong> não exigir a participação <strong>de</strong> um sistema.<br />

Tendo em mente a comparticipação sistêmica no todo, Lévi-Strauss (1990, p. 75) e<br />

Gonçalves (2001, p. 154) buscaram interpretar a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta dinâmica: enquanto a<br />

correspondência estabelece uma contiguida<strong>de</strong> entre as coisas relacionando significantes que<br />

produzem novos sentidos pela comparação; a contiguida<strong>de</strong> se materializa através da<br />

experimentação. Neste sistema, as coisas se comunicam por correspondência, ou sejam, por<br />

uma coisa “parecer” com a outra. Vale a pena salientar que enquanto para a sabedoria<br />

xamanística, diferença não é <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> do mesmo modo que semelhança não estabelece<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre as coisas (Gonçalves, 2001, p. 35); para a lógica do <strong><strong>de</strong>sign</strong> oci<strong>de</strong>ntal, a<br />

diferença é pensada a partir do parâmetro que estabelece i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a experiência <strong>de</strong> acordo<br />

com a diferença <strong>de</strong> estrutura dos filtros que são percebidos <strong>de</strong> uma cultura para a outra.<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

Portanto, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar (ainda que brevemente) <strong>de</strong> que modo os três princípios<br />

estabelecem inter<strong>de</strong>pendência entre o universo indígena e o universo do <strong><strong>de</strong>sign</strong> brasileiro, as<br />

teorias xamanísticas do Amazonas estabelecem o ponto <strong>de</strong> referência no paralelo com o<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento projetual dos <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers.<br />

Contiguida<strong>de</strong><br />

A contiguida<strong>de</strong> é um dos princípios estruturantes da cosmologia xamanística.<br />

Conforme observa Gonçalves (Ibid., p. 32), os nativos acreditam que a realida<strong>de</strong> não é<br />

apreendida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> causa e efeito. Da mesma maneira que acontece numa<br />

teia <strong>de</strong> aranha, eles são convictos <strong>de</strong> que uma ação pressupõe uma reação. Teoricamente,<br />

quando a teia vibra ocorre uma sucessão <strong>de</strong> eventos no espaço ou no tempo. Visto que a<br />

oscilação é sentida em toda a sua extensão, faz com que um acontecimento influencie um<br />

outro, ligando e religando coisas e seres. Do ponto <strong>de</strong> vista simbólico, o código figurativo da<br />

teia representa as conexões que na cosmologia indígena são percebidas somente pelos xamãs.<br />

Apenas eles conseguem dar explicações ao seu sentido, e sugerir novas maneiras <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r a vida (Drouot, 2001, p. 193).<br />

Este conceito relaciona as coisas não por oposição diferencial, mas por critérios <strong>de</strong><br />

semelhança. A<strong>de</strong>mais, funciona como um elo entre as diferenças permitindo que novas<br />

relações sejam construídas e que sentidos exóticos sejam produzidos. O exótico é algo que<br />

fascina os homens porque, pelo o que afirma Burke (2006, p. 30), provoca uma atração que<br />

parece estar localizada numa combinação peculiar entre a semelhança e a diferença, e não<br />

apenas na diferença.<br />

Figure 1: Nova visualida<strong>de</strong> no tecido recriado por Karol Pichler,<br />

a partir da recontextualização <strong>de</strong> elementos utilizados na fixação <strong>de</strong> etiquetas.<br />

Fonte: <br />

Guardadas as <strong>de</strong>vidas proporções visuais, o princípio da contiguida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

observado nas favelas, principalmente na forma como os construtores dispõem as suas<br />

barracas numa relação <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> imediata e no modo como as constroem. Este princípio<br />

indígena é também presente nas manifestações projetuais <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers no Brasil. O <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

têxtil recontextualizado criado por Karol Pichler (Fig. 1), por exemplo, mostra como a<br />

conexão contígua das incontáveis etiquetas <strong>de</strong> polipropileno <strong>de</strong>ram potencial estético original<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

à superfície do tecido. Além da recontextualização do material inusitado, o que caracterizou a<br />

inovação <strong>de</strong>ste produto foi a maneira como a contiguida<strong>de</strong> dos elementos fragmentados<br />

semelhantes interferiu na textura da superfície, alterando a percepção da forma, da cor e da<br />

luz, dando movimento, grafismo e sensação <strong>de</strong> leveza ao produto.<br />

De acordo com a lógica xamanística, essa maneira <strong>de</strong> conectar fragmentos semelhantes<br />

(ou “parecidas”) cria uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre as coisas por adjacência; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> esta que<br />

projeta um critério <strong>de</strong> contiguida<strong>de</strong> sobre a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> das manifestações.<br />

Correspondência<br />

Ao analisar o pensamento nativo, Lévi-Strauss (1990, p. 50) notou a existência <strong>de</strong> pelo<br />

menos três elementos básicos que caracterizassem a lógica xamanística indígena. <strong>Um</strong> <strong>de</strong>les é<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes povos em acreditar num universo <strong>de</strong> seres sobrenaturais; o outro, é o<br />

sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação ser maior que a noção das diferenças; e, por fim, a acentuada<br />

sensação do caráter concreto do seu saber. A respeito <strong>de</strong>sta sensação, Lévy-Bruhl (opud<br />

Prandi, 2006, p. 123) afirma que os povos autóctones sentem muita segurança neste saber, não<br />

tendo nenhuma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar ou conhecer aprofundadamente as coisas e os seres<br />

porque creem que apesar da sua “aparente” e extrema diversida<strong>de</strong>, os elementos da Criação<br />

apresentam, na verda<strong>de</strong>, uma homogeneida<strong>de</strong> essencial que faz com que uma <strong>de</strong>terminada<br />

coisa (ou ser) corresponda a um outra. É sobre este aspecto <strong>de</strong> correspondência que se baseia<br />

as características do segundo princípio elementar.<br />

Para compreen<strong>de</strong>r como funciona o princípio da correspondência, é lícito <strong>de</strong>stacar a<br />

técnica usada pelos nativos para classificar os organismos da natureza. Segundo as<br />

observações etnográficas <strong>de</strong> Lévi-Strauss (1990, p. 56), a taxonomia indígena é muito precisa<br />

e <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> equívocos. Os seres e fenômenos naturais são classificados, geralmente, por<br />

meio <strong>de</strong> um vasto sistema <strong>de</strong> parecenças, um sistema que estabelece relações entre as coisas e<br />

seres do Cosmos, fazendo surgir um universo <strong>de</strong> comparações.<br />

Sempre nesta direção, Gonçalves (2001, p. 327) explica que embora os animais<br />

apresentem diferenças notáveis, os xamãs conseguem estabelecer certos vínculos entre eles,<br />

criando, assim, uma especificida<strong>de</strong> na diversida<strong>de</strong>. Ou seja, há algo que <strong>de</strong>fine as fronteiras,<br />

<strong>de</strong>marcando sua especificida<strong>de</strong> e permitindo associar um ser ao outro. Esta classificação não é<br />

apenas metódica, mas é também fundata num saber teórico solidamente construído, já que<br />

para interpretar os mitos e os ritos, é indispensável aos xamãs saber i<strong>de</strong>ntificar, com precisão,<br />

os animais e as plantas que serão mencionados por esta lógica ancestral (Lévi-Strauss, 1990,<br />

p. 59).<br />

Trazendo estas reflexões ao âmbito do <strong><strong>de</strong>sign</strong>, o princípio da correspondência po<strong>de</strong> ser<br />

percebido nos dois exemplos que seguem. Primeiro, na série <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>senvolvidos por<br />

Fernando e Humberto Campana, uma série que propõe um <strong><strong>de</strong>sign</strong> aparentemente úmido e<br />

alimentado pela natureza tropical brasileira. Estes produtos envolventes, invasivos e carnais<br />

relacionam seres vivos a coisas materiais, transformando-as.<br />

<strong>Um</strong> exemplo é a estrela marinha gigante que inspirou os <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers em transformar sua<br />

forma num assento sem estrutura, criando a Aster Papposus. A força da i<strong>de</strong>ntificação e da<br />

vinculação entre o animal invertebrado marinho e o móvel, em sua origem e em sua<br />

morfologia tão díspares, está no fato <strong>de</strong> portarem um emblema fundamental que constitui, por<br />

assim dizer, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos em provocar sensações. Assim, promovendo forte<br />

sensação táctil, a Aster Papposus é composta por dois elementos análogos sobrepostos, os<br />

quais correspon<strong>de</strong>m a gran<strong>de</strong>s tentáculos. Exprimindo uma natureza úmida, o <strong><strong>de</strong>sign</strong> proposto<br />

nesta série subverte os papéis das coisas e sugere sensações que exaltam afinida<strong>de</strong> com o<br />

mundo natural graças, também, à acurada escolha do material e das cores (Fig. 2).<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

Figure 2: Aster Papposus, <strong>de</strong> Humberto e Fernando Campana (2006).<br />

Fonte: <br />

A respeito <strong>de</strong>sta subversão <strong>de</strong> papéis, quando Simone Borges e Rodrigo Balestra<br />

<strong>de</strong>cidiram recontextualizar a função original da matéria prima que compõe a mesa Pé <strong>de</strong><br />

Chinelo, subverteram o que antes “parecia” ser uma peça do vestuário num significado <strong>de</strong><br />

mobiliário. Neste segundo exemplo, em correspondência à or<strong>de</strong>m caótica traçada pelo<br />

caminhar contemporâneo das pessoas, os <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers <strong>de</strong>finiram a morfologia do móvel através<br />

da transposição <strong>de</strong> chinelos feitos em EVA, subvertendo seu significado. Criando e recriando<br />

cores e tamanhos sem jamais repetir formas, a justaposição dos chinelos po<strong>de</strong> fazer a mesa<br />

assumir múltiplas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> montagem, numa constante construção e sempre <strong>de</strong><br />

acordo com o <strong>de</strong>sejo do usuário (Fig. 3).<br />

Figure 3: À direita, sandálias criadas pela marca brasileira Havaianas. À esquerda, mesa Pé <strong>de</strong> Chinelo<br />

confeccionada em vidro, aço carbono e EVA, pelos <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers Simone Borges e Rodrigo Balestra (2003).<br />

Fonte: <br />

Retornando à visão xamanística, Gonçalves (2001, p. 32) diz que quando os xamãs<br />

relacionam coisas e seres, ato que caracteriza o sistema <strong>de</strong> parecenças, eles também alteram o<br />

significado <strong>de</strong> suas formas originais, invertem seus papéis, criando e recriando um mundo que<br />

se apresenta sempre inacabado, em eterno processo <strong>de</strong> construção. É importante sublinhar que<br />

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em ambas as manifestações, apesar <strong>de</strong> existir correspondência em tudo, nada é exatamente<br />

igual: é a partir das diferenças que se estabelece a continuida<strong>de</strong> da construção.<br />

Experimentação<br />

Por fim, o terceiro e último princípio examinado neste paper é a experimentação, outro<br />

princípio essencial para a constituição do cosmos xamanístico. A experimentação evi<strong>de</strong>ncia a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contínua criação e reinvenção dos elementos do cosmos, num processo <strong>de</strong><br />

transformação que valoriza o “criar” ao mesmo tempo que o produz, testando-o e<br />

reelaborando-o a cada nova ocasião (Gonçalves, 2001, p. 33).<br />

Na concepção indígena existe uma espécie <strong>de</strong> “máquina <strong>de</strong> criar” a qual, através da<br />

experimentação <strong>de</strong> novas combinações <strong>de</strong> elementos, produz seres e coisas diferentes. Tendo<br />

em conta este processo, o experimento possibilita a emergência da diferença, que é também<br />

um elemento fundamental para a constituição do cosmos. Num primeiro instante, essa<br />

diferença produz um efeito <strong>de</strong> “estranheza” em quem a percebe mas, <strong>de</strong>pois, como acontece<br />

no caso da linha <strong>de</strong> móveis auto-estruturantes <strong>de</strong>senvolvida por Carla Tennenbaum e Eric<br />

Buckup, adquire significado. Dentro <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> experimentação, no <strong><strong>de</strong>sign</strong> <strong>de</strong>stes<br />

móveis, a matéria prima escolhida para ser recontextualizada foi o papel kraft. Depois <strong>de</strong><br />

amassar o papel em forma <strong>de</strong> bolinhas, os projetistas agregaram uma peça a outra em<br />

contiguida<strong>de</strong> usando apenas cola, sem nenhuma estrutura <strong>de</strong> metal (Fig. 4).<br />

Figure 4: Poltrona Kraft (1999-2003) feita com bolinhas amassadas <strong>de</strong> papel.<br />

Fonte: <br />

O assemblage <strong>de</strong>senvolvido no <strong><strong>de</strong>sign</strong> <strong>de</strong> Tennenbaum e Buckup correspon<strong>de</strong> ao modo<br />

xamanístico do “fazer nativo”. A respeito <strong>de</strong>ste “fazer”, os índios acreditam que se um<br />

experimento tem sucesso é porque as coisas não foram feitas <strong>de</strong> uma só vez: elas passaram<br />

<strong>de</strong>vagar por etapas, testes e experimentações até atingir aquilo que são. Gonçalves (Ibid., p.<br />

153) observa que no “fazer <strong>de</strong>vagar indígena”, cada coisa experimentada, é experimentada <strong>de</strong><br />

uma maneira própria e cada uma <strong>de</strong>ssas experiências, se diferencia nas suas <strong>de</strong>scrições.<br />

Vale a pena sublinhar ainda que o princípio da experimentação indica sim um modo <strong>de</strong><br />

criar, mas explicita também um risco <strong>de</strong> falimento, o que permite o recriar constante <strong>de</strong> novas<br />

coisas. A força <strong>de</strong>ste princípio é permitir que por meio da experimentação e da (re)criação, o<br />

cosmos esteja em permanente estado <strong>de</strong> construção.<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

Transgressão da matéria<br />

Tendo em mente estes três princípios basilares, Gonçalves (2001, p. 152) observou<br />

que o experimentar evi<strong>de</strong>ncia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar-se, porém, como afirma Gordon<br />

(2006, p. 29), é um transformar pensado a partir dos próprios modos indígenas <strong>de</strong> produzir<br />

transformação. Basicamente, os índios acreditam numa entida<strong>de</strong> mística, móvel e onipresente,<br />

que explica as ativida<strong>de</strong>s, a vida e a morte dos seres. Como esclarece Prandi (2006, p. 123),<br />

esta força, nem material e nem imaterial, é que atribui correspondência entre as coisas e dá a<br />

capacida<strong>de</strong> a certos objetos <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> forma pela contiguida<strong>de</strong>.<br />

Devido a estas crenças, as teorias xamanísticas se concentram nas ações responsáveis<br />

pela metamorfose que possibilita a transmutação <strong>de</strong> um corpo humano para um outro corpo<br />

animal. Nos rituais indígenas, a transmutação <strong>de</strong> um xamã em animal <strong>de</strong>sempenha um dos<br />

mais importantes papéis no preâmbulo <strong>de</strong> qualquer sessão xamanística. Esta sessão inicia-se<br />

com a imitação das vozes dos animais e <strong>de</strong> seu comportamento. Depois <strong>de</strong>sta primeira etapa,<br />

Elía<strong>de</strong> (2000, p. 112) explica que o xamã toma posse dos seus espíritos auxiliares e se<br />

transforma em animal. Po<strong>de</strong>-se dizer que ao transformar-se num animal-espírito, uma nova<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> lhe é atribuída dando-lhe a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar, <strong>de</strong> cantar e <strong>de</strong> voar como os<br />

animais e os pássaros. A transmutação é, portanto, um meio <strong>de</strong> mostrar que o xamã é capaz <strong>de</strong><br />

abandonar a sua condição humana (Prandi, 2006, p. 123).<br />

Figure 5: À direita, as fitinhas do Nosso Senhor do Bomfim, elementos da cultura baiana. À esquerda, a luminária<br />

Amuleto Senhor do Bonfim, <strong><strong>de</strong>sign</strong> recontextualizado <strong>de</strong> Rodrigo Rebouças Lyra.<br />

Fonte: <br />

No <strong><strong>de</strong>sign</strong>, em muitas das vezes, a se<strong>de</strong> experimental se resume na lógica da<br />

transformação da natureza material <strong>de</strong> um corpo em um outro. Neste caso, a transformação<br />

não é a transmutação “sobrenatural” dos xamãs, mas a subversão da matéria residual, urbana<br />

ou natural: os fragmentos têm a função original modificada pelos princípios basilares para que<br />

possam ser reutilizados num outro contexto (do corpo ao <strong><strong>de</strong>sign</strong>). É isso que fez o <strong><strong>de</strong>sign</strong>er<br />

Rodrigo Rebouças Lyra ao <strong>de</strong>slocar as famosas fitinhas do Nosso Senhor do Bomfim (Fig. 5)<br />

do seu contexto original, um dos símbolos da Bahia, para subverter sua imagem pela<br />

experimentação dos elementos contíguos, e transformá-las em luminária através da<br />

correspondência. Entretanto, no <strong><strong>de</strong>sign</strong>, a subversão <strong>de</strong>ve ser interpretada em sentido estético<br />

como uma novida<strong>de</strong>, como uma inovação, e não em seu sentido dialético.<br />

Eventualmente, xamãs e <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers para exercerem as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformação,<br />

<strong>de</strong>compõem e recompõem o mundo que conhecem, explorando-no através <strong>de</strong> livres<br />

associações <strong>de</strong> elementos sustentadas pelos princípios da interconexão cosmológica. Em meio<br />

ao estado regular <strong>de</strong>stas associações, existe ainda uma ambiguida<strong>de</strong> experimental estética que<br />

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O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

envolve a interação sensorial. Como esclarece Caglioti (1992), a estética é uma percepção<br />

sensorial resultante do processo visual e da conscientização humana. Ao projetar o olhar para<br />

um <strong>de</strong>terminado objeto, é possível imaginar o que isso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar nas pessoas; no entanto,<br />

nas livres associações <strong>de</strong> elementos, cada parte se transforma numa totalida<strong>de</strong>, fazendo com<br />

que a estética fragmentária <strong>de</strong>stas partes seja “camuflada” por uma correspondência visual,<br />

provocando uma percepção ambígua do todo – ainda que nenhum fragmento esteja escondido<br />

ou modificado em essência.<br />

<strong>Um</strong> exemplo <strong>de</strong> percepção ambígua correspon<strong>de</strong> à luminária Nebulosa <strong>de</strong>senvolvida<br />

pelas <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers Mariana Dupas e Rosa Berger. O objeto resulta da justaposição <strong>de</strong><br />

componentes inusitatos, mais especificamente, do acúmulo <strong>de</strong> saquinhos <strong>de</strong> embalar laranjas<br />

e batatas enfilados num tubo <strong>de</strong> PVC. Nesta luminária, a estética fragmentária dos<br />

componentes do produto provoca uma sensação enigmática no ambiente. Isto acontece porque<br />

a ambiguida<strong>de</strong> experimental dos componentes materiais confun<strong>de</strong> os sentidos do espectador<br />

<strong>de</strong>vido à multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significados conexos e complementares atribuíveis a cada parte do<br />

objeto (Fig. 6).<br />

Figure 6: Luminária Nebulosa (2000), <strong>de</strong>senhada por Mariana Dupas e Rosa Berger, do grupo Notech<strong><strong>de</strong>sign</strong>. A<br />

primeira Nebulosa tinha 10 metros <strong>de</strong> comprimento; hoje, as mais comuns têm <strong>de</strong> 1 a 3 metros.<br />

Foto: Andrés Otero. Fonte: <br />

Parece que o modo <strong>de</strong> pensar do <strong><strong>de</strong>sign</strong>er brasileiro é análogo ao modo <strong>de</strong> pensar dos<br />

indígenas amazônicos. Mesmo sendo oriundos <strong>de</strong> culturas diferentes, os resultados obtidos<br />

nesta pesquisa mostram como <strong><strong>de</strong>sign</strong>ers e xamãs têm compartilhado <strong>de</strong> alguns princípios<br />

basilares da lógica xamanística para arranjar seus universos e atuar em seus mundos. Tendo a<br />

cognição como aquilo que estabece contato direto com o que é apresentado às faculda<strong>de</strong>s<br />

mentais (a percepção, a memória, a imaginação e a introspecção), ambos trabalham numa<br />

dimensão que transcen<strong>de</strong> o racional e o sensorial. Sob um aspecto transformacional<br />

interpretado muitas vezes como “mágico”, ambos usufruem da mesma habilida<strong>de</strong> criativa:<br />

pelos princípios da experimentação e da contiguida<strong>de</strong>, justapõem os fragmentos explorados<br />

no mundo que conhecem para criar novas estruturas com significados subvertidos; pelo<br />

princípio da correspondência, fazem equivaler coisas que são diferentes na superfície.<br />

9º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento em Design


O <strong>xamanismo</strong> e o <strong><strong>de</strong>sign</strong><br />

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