No.17 /1978

deslocar-se da região cafeeira tradicional,
no Estado de São Paulo, em busca de novas
terras. Acompanhando os trilhos da Soroca-
bana, dirigiram-se para a região pioneira
do Norte do Paraná e, juntamente com bra-
sileiros de todos os quadrantes do país,
engajaram-se no desbravamento e valoriza-
ção de novas culturas. 0s resultados desse
trabalho são evidentes. O Norte do Paraná é,
atualmente, uma das áreas agropecuárias
mais produtivas do Brasil e constitui estí-
mulo e exemplo para o aproveitamento de
muitas partes do país ainda incultas.
A terra paranaense representou, para os imi-
grantes japoneses, a esperança de nova
vida. Com tenacidade e sem medir esforços,
dedicaram-se eles às árduas tarefas do
campo. Muitos chegaram como trabalhado-
res rurais, outros como agricultores indepen-
dentes. Todos souberam vencer os desafios
inerentes a uma região pioneira.
conhecimentos japoneses resultaram
em aprimoramento técnico
Preocuparam-se particularmente com a qua-
lidade e rendimento de sua produção.
Concentraram seus esforços no cuidadoso
amanho da terra e na pesquisa da melhoria
do cultivo, na seleção de sementes e no
aprimoramento da produtividade das espé-
cies. A transposição e a difusão desses
conhecimentos para a lavoura nacional re-
sultaram no aprimoramento considerável
das técnicas que entre nós eram geralmente
utilizadas no campo.
Dedicaram-se também à exploração inten-
siva de pequenas glebas para a produção de
hortigranjeiros. Inicialmente localizadas nas
imediações das grandes cidades como São
Paulo e Curitiba, hoje estas pequenas pro-
priedades encontram-se disseminadas por
todo o Brasil e asseguram o fornecimento
de alimentos a muitos centros urbanos. A
formação de cinturões verdes permitiu au-
mento considerável da oferta de produtos
hortigranjeiros e a maior abundância de
frutas e legumes, à disposição dos consu-
midores citadinos, influenciou favoravel-
mente os hábitos alimentares da população
brasileira.
O tipo de agricultura que surgiu nas cer-
canias das cidades brasileiras era basica-
mente diverso do usual. Afastava-se da
monocultura; utilizava-se de tecnologia mo-
derna; e, por sua orientação nitidamente
comercial, além do emprego de métodos de
produção intensiva, revelava características
bem diversas em relação a nossa tradicional
agricultura de subsistência. Essa nova mo-
dalidade de exploração agrícola necessitava
incorporar equipamentos e tecnologia, valer-
se de adequados transportes e manter
estreito contato com os mercados consumi-
dores. O estabelecimento das cooperativas
rurais, setor em que os imigrantes japoneses
foram aqui pioneiros, foi resposta adequada
a essas novas necessidades.
Os êxitos nos trabalhos do campo exigiram
dos imigrantes e seus filhos esforços con-
sideráveis. Nessa luta, contaram com a
conveniência e apoio de seus companheiros
brasileiros, que também responderam, com
igual coragem e tenacidade, as dificuldades
próprias ao desbravamento. Nesse quadro,
compreende-se a singular receptividade dos
brasileiros ao imigrante nipônico.
brasil é aberto a contribuições
estrangeiras
Somos naturalmente abertos as contribui-
ções estrangeiras, como bem comprova a
incorporação, efetiva e harmônica, ao patri-
mônio comum da Nação brasileira, de ele-
mentos culturais das mais diversas origens.
Graças ao convívio de todos os dias,
pudemos identificar afinidades onde muitos
vislumbravam apenas diferenças. Hoje, os
brasileiros descendentes de japoneses par-
ticipam intensamente da comunidade nacio-
nal. Compartem, com todos nós, dos ideais
e das aspirações desta Nação e, nas artes e
nas ciências, na indústria e no comércio, nas
profissões liberais e na vida pública, a mar-
cante presença de origem nipônica contribui
para o enriquecimento de nossa nacionali-
dade.
A mobilidade social sem entraves que existe
na sociedade brasileira foi adequadamente
aproveitada pela capacidade criadora dos
descendentes dos imigrantes e levou a um
Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).