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1 Gênero, Etno-conhecimento e Meio Ambiente ... - Fazendo Gênero

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Anais do VII Seminário <strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong><br />

28, 29 e 30 de 2006<br />

Uma revolução nada silenciosa<br />

Com o incentivo governamental, as artesãs começaram a trabalhar melhor o<br />

produto, para que estivessem adequados a atender as demandas de exportação e como<br />

conseqüência ocorreu a valorização do mesmo. Paralelo a isso também o incentivo a<br />

formação de associações, em sua maioria formada por mulheres, por ser uma atividade<br />

predominantemente feminina. No entanto, a distribuição de tarefas na manufatura do<br />

capim conta com homens e meninos para a colheita e confecção de algumas peças,<br />

ainda de forma tímida.<br />

Ocorre então, uma inversão de papéis vii . A mulher passa de uma condição de<br />

“cuidadora” da família, para a de provedora, uma vez que vem das suas mãos a maior<br />

fonte de recursos. Embora as mulheres tenham assumido um outro papel na família,<br />

esse é um processo que tem implicações diretas nas relações. Conforme depoimento das<br />

entrevistadas, houve em um primeiro momento certa rejeição por parte dos homens,<br />

inclusive com alguns casos de violência contra a mulher, que dedicava maior parte do<br />

seu tempo para aprender e aperfeiçoar o artesanato e não estava mais “tão” disponível<br />

para o lar. Gradativamente, esta visão vem sendo modificada, mas ainda assim<br />

“socialmente”, o papel de provedor ainda é do homem.<br />

“ Ele é que é o chefe, porque é o homem, mas quem é chefe mesmo de botar as coisas<br />

na casa é eu. Só levam o nome.” (entrevista dia 24/04/2006, D. Hortalina)<br />

As mulheres que atuam no receptivo turístico do Jalapão, procuram se organizar<br />

e conquistar espaços legítimos com voz para opinar e defender a própria atividade,<br />

como é o caso da parceria entre as associações de artesãs do capim dourado com o<br />

Naturatins viii , na implementação da portaria n 0 005 ix , que visa regulamentar a coleta, de<br />

forma que garanta a sustentabilidade do capim e consequentemente do artesanato da<br />

região.<br />

Este aspecto é um reflexo da mudança ocorrida na percepção destas pessoas com<br />

relação ao meio ambiente. A criação do Parque Estadual do Jalapão, trouxe consigo a<br />

noção de que era preciso estabelecer limites para o uso dos recursos naturais, para a<br />

preservação a biodiversidade e consequentemente da qualidade de vida da população<br />

local, a medida que foi estabelecendo regras para o uso destes recursos, juntamente com<br />

o trabalho de educação ambiental, desenvolvido pela equipe do Parque.<br />

A conservação começa a ser percebida (ainda que de forma incipiente) como<br />

condição para a sustentabilidade econômica. Os entrevistados revelaram uma visão para<br />

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