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Futebol, gênero e identidade feminina: Um ... - Fazendo Gênero

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esforço, inclusive no que diz respeito à análise dos dados produzidos em campo. Da Matta (1987),<br />

por sua vez, observa que é preciso aproximar a experiência pessoal do pesquisador das teorias<br />

correntes, num processo dialético entre o conhecimento concreto e os campos teóricos ensinados<br />

nas universidades.<br />

Stigger (2002, p.5) justifica a opção pela etnografia por entender que desta forma é possível<br />

desenvolver “[...] a busca do conhecimento sustentado na observação direta dos acontecimentos<br />

sociais, os quais ocorrem a partir da relação de comunicação entre o investigador e aqueles que são<br />

os protagonistas do contexto cultural que se pretende conhecer”. Para o referido autor (2002), a<br />

etnografia exige do pesquisador um trabalho de interpretação das representações que os pesquisados<br />

fazem de si próprios.<br />

Por fim, Magnani (2001) afirma que é preciso contemplar, numa pesquisa etnográfica, os<br />

fatores extra discursivos, o que, no contexto do meu Doutoramento, implica observar as relações<br />

sociais construídas entre o Núcleo de Mulheres Gremistas e diferentes grupos ligados ou não ao<br />

universo do futebol.<br />

1. <strong>Futebol</strong>, <strong>gênero</strong> e <strong>identidade</strong>: <strong>Um</strong>a breve revisão<br />

O futebol é uma importante temática das Ciências Sociais, sendo considerado por Helal<br />

(1990, p.14) um fato social, na medida em que “[...] existe fora das consciências individuais de cada<br />

um, mas que se impõe como uma força imperativa capaz de penetrar intensamente no cotidiano de<br />

nossas vidas, influenciando os nossos hábitos e costumes”. O aspecto imperativo observado por<br />

Helal (1990) diz respeito, sobretudo, ao espaço expressivo que recebe o futebol na mídia. Costa<br />

(2005) reforça esta visão, afirmando ser o futebol um fato social total, uma vez que a sua prática<br />

está ligada a diferentes instâncias sociais e culturais.<br />

A presença <strong>feminina</strong> no universo do futebol é complexa. Conforme Bruhns (2000), a<br />

compreensão das relações das mulheres com este esporte implica a discussão sobre o feminismo<br />

como teoria e como movimento social.<br />

Castells (2006) chama a atenção para o processo de multiplicidade de <strong>identidade</strong>s<br />

feministas, ao afirmar que o feminismo deve ser discutido a partir do reconhecimento de sua<br />

fragmentação como movimento cultural, o que implica o questionamento do modelo de organização<br />

patriarcal. O feminismo, deste modo, pode ser mais facilmente identificado se avaliado em certas<br />

particularidades, como no caso do Núcleo de Mulheres Gremistas.<br />

Costa (1994, p.164) também chama a atenção para a diversidade do movimento feminista,<br />

ao observar que “o feminismo agrupou, ou melhor, serviu de guarda-chuva para uma grande<br />

variedade de tendências e orientações político-ideológicas”. O fator que aparenta ser universal<br />

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