Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE
Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE
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Reflexões <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
envolvendo expressiv<strong>os</strong> contingentes <strong>populacionais</strong>, onde se destacam: i) a inversão<br />
nas correntes principais n<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> de Minas Gerais e do Rio de Janeiro; ii) a<br />
redução da atratividade migratória exercida pelo Estado de São Paulo; iii) o aumento<br />
da retenção de população na Região Nordeste; iv) <strong>os</strong> <strong>no</strong>v<strong>os</strong> eix<strong>os</strong> de deslocament<strong>os</strong><br />
<strong>populacionais</strong> em direção às cidades médias <strong>no</strong> interior do País; v) o aumento da<br />
importância d<strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> pendulares; vi) o esgotamento da expansão da<br />
fronteira agrícola; e vii) a migração de retor<strong>no</strong> para o Paraná.<br />
Este texto pretende sistematizar algumas das reflexões acerca da migração, de<br />
modo a tentar contribuir para uma melhor apreensão do comportamento a respeito<br />
d<strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Além dessa breve introdução, o artigo<br />
trata d<strong>os</strong> aportes das mais diversas correntes, que, de uma forma geral, reiteram a<br />
necessidade da construção de teorias para compreensão do fenôme<strong>no</strong>. Apresenta,<br />
ainda, abordagens que enxergam na mudança do padrão de acumulação do capital<br />
o eixo estruturante na explicação do <strong>no</strong>vo modo como se apresentam as migrações,<br />
concluindo com comentári<strong>os</strong> finais.<br />
Alguns aportes teóric<strong>os</strong><br />
O debate entre as abordagens teóricas acerca do fenôme<strong>no</strong> migratório, por<br />
muito tempo, dividiu-se entre o aporte neoclássico-funcionalista e o estruturalista.<br />
Entre aqueles que se filiam à primeira abordagem, encontra-se o clássico artigo de<br />
Lee (1980), que foi elaborado na perspectiva da teoria da modernização. Do outro lado,<br />
encontra-se como uma das mais importantes contribuições, <strong>sobre</strong>tudo a respeito das<br />
migrações internas n<strong>os</strong> países em desenvolvimento, o artigo de Singer (1980), que<br />
segue a linha histórico-estruturalista.<br />
Wood (1982), também discute essas perspectivas teóricas, apontando o eixo<br />
central de cada uma delas, bem como pontuando crítica às duas visões. Aqui se optou<br />
por fazer um contraponto entre as abordagens de Lee (1980) e Singer (1980).<br />
No enfoque de Lee, encontra-se o indivíduo que, de forma racional, após analisar<br />
o custo-benefício do movimento decide se empreende ou não o deslocamento. Na base<br />
d<strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong>, estaria o desenvolvimento econômico. Segundo<br />
esse autor, migração seria a<br />
[...] mudança permanente ou semi-permanente de residência. Não se põem<br />
limitações com respeito à distância do deslocamento, ou à natureza voluntária ou<br />
involuntária do ato, como também não se estabelece distinção entre a migração<br />
externa e a migração interna (LEE, 1980, p. 99).<br />
Na ótica de Singer, o fenôme<strong>no</strong> migratório é social, assume a dimensão de<br />
classe social, que estaria respondendo a<strong>os</strong> process<strong>os</strong> social, econômico e político ao<br />
migrar. Para o autor, “as migrações internas são sempre historicamente condicionadas,<br />
sendo o resultado de um processo global de mudança, do qual elas não devem ser<br />
separadas” (SINGER, 1980, p. 217).<br />
Lee propõe um esquema analítico que ele de<strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u de “fatores do ato<br />
migratório”, onde aparecem <strong>os</strong> fatores associad<strong>os</strong> a<strong>os</strong> locais de origem e de desti<strong>no</strong>, <strong>os</strong><br />
obstácul<strong>os</strong> intervenientes e, por último, fatores pessoais. Para Singer, existiriam fatores<br />
de expulsão (subdividid<strong>os</strong> em fatores de mudança e de estagnação) e de atração.