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Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE

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Reflexões <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

- Consultoria, assessoria e outras atividades oferecidas por profissionais<br />

prestadores de serviç<strong>os</strong> especializad<strong>os</strong>.<br />

A abordagem d<strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong> relacionad<strong>os</strong> com a organização<br />

do trabalho voltad<strong>os</strong> para a produção de bens e serviç<strong>os</strong> podem ser avaliad<strong>os</strong><br />

historicamente em relação:<br />

- À organização taylorista-fordista que fez emergir a cidade urba<strong>no</strong>-industrial,<br />

responsável pelo desenvolvimento da eco<strong>no</strong>mia de escala e de aglomeração,<br />

element<strong>os</strong> essenciais <strong>no</strong> aparecimento do fenôme<strong>no</strong> metropolilização<br />

(aparecimento das megacidades);<br />

- Ao processo de reestruturação capitalista, com ênfase na técnica e informatização<br />

da eco<strong>no</strong>mia e da sociedade que tem contribuído para o aprofundamento das<br />

mudanças na divisão social do trabalho e o aparecimento de <strong>no</strong>v<strong>os</strong> process<strong>os</strong><br />

sociais (societári<strong>os</strong>);<br />

- Às <strong>no</strong>vas formas de trabalho voltadas para a produção de bens não materiais, a<br />

exemplo, o infotrabalho (ANTUNES; BRAGA, 2009), responsáveis pela seletividade<br />

de moviment<strong>os</strong> pendulares e p<strong>os</strong>sivelmente pela não mobilidade da população.<br />

Acredita-se que esses aspect<strong>os</strong> n<strong>os</strong> fornecem indicadores gerais <strong>sobre</strong> as<br />

transformações da eco<strong>no</strong>mia e da sociedade, que se traduzem em <strong>no</strong>vas modalidades de<br />

pendularidade, inclusive a circularidade da população, onde a flexibilidade do trabalho tem<br />

exercido influência <strong>sobre</strong> a seletividade da população p<strong>os</strong>ta em movimento (OLIVEIRA,<br />

2009), não só <strong>no</strong> surgimento de <strong>no</strong>v<strong>os</strong> process<strong>os</strong> societári<strong>os</strong> e econômic<strong>os</strong> advind<strong>os</strong> da<br />

organização da produção como também do uso de <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias informacionais.<br />

Em relação a<strong>os</strong> trabalhadores, esses process<strong>os</strong> têm gerado uma insegurança individual<br />

e coletiva, com a perda de p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> de trabalho (CASTEL, 1998), o que reflete <strong>no</strong> aumento<br />

da exclusão e da segregação socioeconômica, que, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, se aprofundou com a crise<br />

do modelo do Estado Desenvolvimentista, depois d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> de 1980.<br />

Ao se estudar mobilidade pendular intrametropolitana para trabalhar e/ou<br />

estudar <strong>no</strong> Rio de Janeiro (JARDIM, 2001; JARDIM; ERVATTI, 2007), constata-se que<br />

havia diferenças profundas entre as pessoas que faziam esses moviment<strong>os</strong>; por um<br />

lado, a maioria percebia até 5 salári<strong>os</strong> mínim<strong>os</strong> (cerca de 70%) e, por outro, entre as<br />

pessoas com maior instrução e renda (acima de 10 salári<strong>os</strong> mínim<strong>os</strong>) ganhavam men<strong>os</strong><br />

que as pessoas, em igual condição, que não se moviam para trabalhar e/ou estudar<br />

(Tabela 1). Esta situação m<strong>os</strong>tra que quando as pessoas são p<strong>os</strong>tas em movimento,<br />

pelo capital, refletem maior potencial laboral mas, <strong>no</strong> geral, o valor de sua força de<br />

trabalho torna-se me<strong>no</strong>r, ou seja, estão exp<strong>os</strong>tas a uma maior exploração de seu<br />

trabalho traduzida pelo aumento da mais valia relativa da força de trabalho, inclusive<br />

entre a mais especializada. Este fato é observado em regiões concentradas de bens<br />

e serviç<strong>os</strong> (as grandes metrópoles) especializad<strong>os</strong>, onde a disputa pelo mercado<br />

de trabalho torna-se competitivo. Entretanto, o mesmo não se verifica quando se<br />

estuda <strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> produtores de petróleo <strong>no</strong> Estado do Rio de Janeiro, cuj<strong>os</strong><br />

rendiment<strong>os</strong> médi<strong>os</strong> eram superiores às pessoas que não realizavam moviment<strong>os</strong><br />

de pendularidade (JARDIM; ERVATTI, 2009), a população local, invertendo-se, assim,<br />

a situação, com supremacia d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> com alt<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> exter<strong>no</strong> à região.<br />

O que isto significa? Baixa qualificação da população local e cuja demanda é externa<br />

à região, onde as pessoas que realizam a pendularidade e até mesmo a circularidade<br />

do trabalho são originárias de regiões concentradas de bens e serviç<strong>os</strong>.

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