18.01.2014 Views

Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE

Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE

Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil - IBGE

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Reflexões <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> <strong>populacionais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

resumem o movimento de pendularidade a um fenôme<strong>no</strong> centrado essencialmente<br />

<strong>no</strong> mercado de trabalho e nas condições da qualificação (técnica e educacional),<br />

sem levar em conta as demais motivações d<strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> social e territorial.<br />

Entre as motivações não econômicas destacam-se <strong>os</strong> motiv<strong>os</strong> social, psicológico,<br />

político e cultural.<br />

A reflexão sociológica também ajudará, na prática, a explicar <strong>os</strong> motiv<strong>os</strong><br />

<strong>sobre</strong> <strong>os</strong> deslocament<strong>os</strong> pendulares vinculad<strong>os</strong> ao movimento da eco<strong>no</strong>mia e da<br />

sociedade, <strong>no</strong> sentido que a percepção, a concepção e a representação do mundo<br />

constituem-se de uma dupla estruturação das práticas sociais e institucionais<br />

(BOURDIEU, 1989) <strong>no</strong> sentido objetivo e subjetivo. Em relação ao conhecimento<br />

objetivo, o mundo é socialmente estruturado por autoridades vinculadas a<strong>os</strong><br />

agentes e/ou as instituições que não só oferecem uma percepção da gestão<br />

independente de suas práticas (das orientações institucionais), mas condicionam<br />

às suas ações. Do lado subjetivo, o mundo se estrutura através de esquemas de<br />

percepção, concepção e de avaliação, que são susceptíveis de serem utilizad<strong>os</strong> num<br />

determinado momento, manifestando-se, em term<strong>os</strong> simbólic<strong>os</strong>. Neste sentido,<br />

o conhecimento do social expressa-se em lutas constantes para a geração de<br />

<strong>no</strong>vas reclassificações <strong>no</strong> interior da sociedade, com o propósito de estruturação<br />

do mundo (da ordem) que transcreve-se em num movimento conflitante entre<br />

diferentes concepções do social (da luta entre objetividade e subjetividade), cuj<strong>os</strong><br />

princípi<strong>os</strong> do pensamento dominante é estabelecer uma ordem explicativa d<strong>os</strong><br />

fat<strong>os</strong>, do acontecer social, a partir do seu ponto de vista.<br />

Ressalta-se que o papel das Ciências Sociais e da Sociologia, em particular, é<br />

classificar para se conhecer o fenôme<strong>no</strong> que se deseja estudar (o principio geral) e<br />

que não existe p<strong>os</strong>sibilidade de conhecimento frente ao ca<strong>os</strong>, a não ser frente a<strong>os</strong><br />

process<strong>os</strong> de transformação ou de mudança na estrutura social (por exemplo, <strong>no</strong>vas<br />

formas de agir frente ao uso de <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias informacionais). O estudo do<br />

surgimento de <strong>no</strong>vas formas social e institucional permite classificar e reclassificar<br />

o acontecer social. Entretanto, é importante destacar que devem<strong>os</strong> problematizar<br />

as classificações social e historicamente construídas, com o objetivo de desvendar<br />

as verdades constituídas (BOURDIEU, 1989). Portanto, a crítica da verdade põe à<br />

prova a objetividade e a neutralidade d<strong>os</strong> dad<strong>os</strong>, d<strong>os</strong> fat<strong>os</strong> e classificações frente a<strong>os</strong><br />

at<strong>os</strong>, <strong>no</strong> sentido que tem<strong>os</strong> que ter presente que não existe conhecimento analítico<br />

sem reflexão <strong>sobre</strong> a visão social de mundo, do alcance escalar e d<strong>os</strong> sistemas<br />

classificatóri<strong>os</strong> utilizad<strong>os</strong> (JARDIM, 2007).<br />

A reflexão <strong>sobre</strong> as escalas de conhecimento é essencial para o<br />

desenvolvimento e critica de sistemas classificatóri<strong>os</strong>, o qual p<strong>os</strong>sibilita formular<br />

objetivamente model<strong>os</strong> explicativ<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> objet<strong>os</strong> de análise. Por exemplo,<br />

Durkheim (1995) ao transformar <strong>os</strong> event<strong>os</strong> sociais em “coisas” considerou que<br />

<strong>os</strong> fat<strong>os</strong> sociais podem ser medid<strong>os</strong>, quantificad<strong>os</strong>, qualificad<strong>os</strong> e relacionad<strong>os</strong><br />

entre si, o qual permite a elaboração de model<strong>os</strong> eco<strong>no</strong>métrico e estatístico que<br />

facilitem a construção de hierarquias em relação a uma determinada totalidade<br />

social. Há que se ter presente que toda classificação expressa at<strong>os</strong> de <strong>no</strong>meação 2<br />

2<br />

Os at<strong>os</strong> de <strong>no</strong>meação e de numeração estão relacionad<strong>os</strong> com a diferença entre o <strong>no</strong>me e o número. O número “governa<br />

todas as manifestações (C<strong>os</strong>mo) que regulam o espaço, o tempo, as leis e as relações, das quais tratam as ‘Ciências<br />

Exatas’. A segunda diferença é que o ‘<strong>no</strong>me’ expressa a essência primeira do não criado, que só pode ser descoberto<br />

através do desenvolvimento da consciência, da intr<strong>os</strong>pecção e do retor<strong>no</strong> à origem, pela consciência à intr<strong>os</strong>pecção e<br />

este, por sua vez, é de fórum íntimo, formal, não mensurável [ a não ser como ‘coisa’] e se relaciona com as ‘Humanidades’,<br />

<strong>no</strong> sentido mais amplo do termo” (PATRICK, 1998, p. 36).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!