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EM TEMPOS DE HIV/AIDS: O SILÊNCIO DE ... - Unifra

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médico. É necessário quebrar a barreira de silencio que muitas vezes os mantêm presos em si<br />

mesmos.<br />

Nesse âmbito, se faz necessária uma equipe que inclua pais ou responsáveis, e que se<br />

reúna em torno de um saber compartilhado, o qual poderá ajudar o adolescente paralisado<br />

pelo silêncio que o preconceito em torno da Aids ainda impõe às famílias. Inclusive é<br />

necessário que se alerte aos cuidadores o quanto prejudicial pode ser o estigma que o <strong>HIV</strong><br />

carrega. Ajudá-los a entender que o que se transmite a um adolescente é muito mais que um<br />

vírus, que seus cuidados com o tratamento podem se transformar em uma vida a ser<br />

construída no ambito da saúde e do afeto, e é um dever ético de todos nós. A partir de Lacan,<br />

percebe-se que a escuta constitui-se a principal ferramenta na análise, pois é por meio desta é<br />

possível dizer algo da estrutura do sujeito. A escuta se estabelece como instrumento<br />

primordial na discriminação diagnóstica, cuja prioridade está nas explicações causalistas<br />

assim como sobre o saber nosológico (BATISTA 2004)<br />

Sabe-se que o silêncio, instaura-se com importante componente na análise, mas para<br />

além, o mesmo pode ser observado a partir de muitas leituras, mudando de significação. O<br />

sujeito ao falar de sua vida, experimenta sentimentos de ambíguos, pois mesmo sem ter tido<br />

uma experiência analítica, vivencia com apreensão o fato de não controlar seu discurso, sobre<br />

o que revela sua fala e o seu silêncio, mas também alívio por conseguir extravasar algo que<br />

lhe causava dor, culpa, ou lhe era penoso. Assim algo que o sujeito não entendia, passa a ter<br />

outro significado ao escutar suas próprias palavras (ALMEIDA, 2007)<br />

O ideal seria que esse dever ético se transformasse em desejo por um trabalho<br />

interdisciplinar, pois traria uma nova perspectiva de tratamento que possibilite o surgimento<br />

das angústias do paciente e seu reposicionamento frente à doença. Batista (2004), discorre<br />

sobre as correlações estabelecidas entre o diagnóstico e os sintomas,onde os sucessos<br />

terapêuticos dependem, em grande parte, da existência dessas correlações. Assim, a habilidade de<br />

auscultar, ou seja, no sentido de sondar e inquirir, torna-se fundamental na clínica médica.<br />

Como estudantes de psicologia, cremos ser de grande importância que haja um<br />

diálogo, ou a possibilidade do mesmo, para que o adolescente sinta-se seguro em falar e<br />

transmitir seus anseios, medos e preocupações com os demais, sem o estigma que até então<br />

conhecia. Cremos ser importante também auxiliar os cuidadores a elaborarem um diálogo<br />

natural com o adolescente sobre sua condição de soropositividade. Discutir atitudes<br />

preconceituosas em relação à Aids em todos os segmentos da sociedade revela-se, nesse

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