COMO FAZER UM ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÃMICA - Capina
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sobre preço, frete, quantidade que cada produtor tem disponível para vender, etc. O produto<br />
se desloca por último, quanto todos os detalhes da venda já estão acertados.<br />
Uma grande dificuldade, entretanto, é que ao realizar a comercialização, a Associação<br />
estabelece, simultaneamente, dois tipos de relações:<br />
• externamente, com o mercado (diferentes tipos de compradores) e suas exigências em<br />
relação ao produto (qualidade, classificação, quantidade mínima, preços etc.) Ou seja,<br />
são relações que envolvem conhecimentos que tradicionalmente são detidos pelo<br />
atravessador.<br />
• internamente, com os associados, na definição das regras do jogo, suas implicações,<br />
ganhos, riscos e responsabilidades incorridas por cada um no processo de<br />
comercialização<br />
Disso decorre que a comercialização promovida pela Associação envolve relações mais<br />
complexas do que aquelas tradicionalmente realizada pelo atravessador, quando o agricultor<br />
simplesmente vende o seu produto na porta do sítio. Ou seja, ao realizar a comercialização, a<br />
Associação deve conhecer os caminhos do mercado percorridos pelo atravessador e,<br />
simultaneamente, promover novas relações entre os associados.<br />
A relação com o mercado mais amplo (conhecer o que o atravessador conhece) pode ser<br />
alcançada, com alguma facilidade, através de um bom gerente de vendas. É nas relações<br />
internas com os associados, que residem os maiores desafios para a comercialização através<br />
da Associação. É na construção dessas relações, considerando sempre as exigências do<br />
mercado, que se pode aumentar as chances de êxito de uma comercialização coletiva. E aqui,<br />
novamente voltamos à importância das questões associativas anteriormente assinaladas.<br />
4. O papel do crédito e do apoio sob a forma de doação<br />
A disponibilidade de crédito destinado às atividades econômicas dos grupos populares revelase<br />
como um recurso essencial e que, até agora, tem merecido uma atenção bastante restrita por<br />
parte dos movimentos sociais urbanos. O acesso de pessoas pobres ao crédito é um direito e<br />
requer instituições especiais (em termos de sua filosofia, procedimentos e qualificação de<br />
pessoal), que se dediquem a este tipo de operação.<br />
Os projetos econômicos desenvolvidos pelos grupos populares necessitam do crédito, do<br />
crédito subsidiado e, em muitas situações, do apoio sob a forma de doação. Até agora, apenas<br />
o grande capital vem recebendo esses benefícios por parte do poder público. O Estado tem<br />
fornecido incentivos fiscais e infra-estrutura para as grandes empresas.<br />
Vou me deter, aqui, apenas num aspecto dessa questão, que é a importância do crédito e do<br />
apoio sob a forma de doação fornecidos por instituições não oficiais, considerando a<br />
importância desses recursos para a viabilização das atividades econômicas promovidas pelos<br />
grupos populares.<br />
Diferentemente das instituições financeiras, que se preocupam sobretudo com a capacidade de<br />
pagamento dos clientes, essas entidades não oficiais buscam compartilhar certos<br />
compromissos com quem solicita o crédito em torno de alguns objetivos maiores. Através do<br />
crédito ou da doação, estas entidades pretendem contribuir para reforçar a autonomia, a<br />
capacidade de iniciativa e a sustentabilidade das iniciativas populares diretamente<br />
empenhadas na criação de atividades econômicas participativas e solidárias como uma das<br />
formas de luta pela vida e de afirmação da cidadania.