sÃntese e caracterização de polÃmeros de coordenação com ...
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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO<br />
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS DE<br />
COORDENAÇÃO COM LANTANÍDEOS<br />
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM<br />
ANÁLISES LABORATORIAIS<br />
SÉRGIO MANUEL FELIPE VILELA<br />
VILA REAL, 2009
Orientador:____________________________________________________________<br />
Co-orientador:_________________________________________________________
“Este trabalho não inclui as observações e críticas do júri”
Dedico este trabalho à minha mãe e ao meu irmão pelo seu apoio incondicional e a<br />
Ti, única e simples, pelo teu inesgotável apoio e <strong>com</strong>panheirismo nesta caminhada.
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
A realização <strong>de</strong>ste trabalho não seria possível sem a orientação e contribuição <strong>de</strong><br />
algumas pessoas. A todas elas o meu agra<strong>de</strong>cimento sincero.<br />
Ao Doutor Filipe Paz, à Professora Verónica Bermu<strong>de</strong>z e ao Doutor João Tomé<br />
pela orientação científica, transmissão <strong>de</strong> conhecimento, apoio incondicional, amiza<strong>de</strong>,<br />
boa disposição e críticas/sugestões construtivas ao longo da realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Ao CICECO/Departamento <strong>de</strong> Química da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro pela bolsa<br />
concedida e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as condições e recursos fundamentais ao longo<br />
<strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Ao QOPNA/Departamento <strong>de</strong> Química da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro pela<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamento e material científico para a realização <strong>de</strong> síntese<br />
orgânica.<br />
Novamente ao Doutor Filipe Paz pela realização <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong><br />
raios-X <strong>de</strong> mono-cristal.<br />
Ao Doutor Duarte Ananias pela prestabilida<strong>de</strong> <strong>com</strong> que executou os estudos <strong>de</strong><br />
fotoluminescência.<br />
Ao Dr. Hilário Tavares, à Dra. Cristina Barros, à Dra. Manuela Marques e à<br />
Mestre Celeste Azevedo pela realização dos espectros <strong>de</strong> RMN e massa, análises<br />
elementares e termogravimétricas.<br />
À Patrícia Silva pela disponibilida<strong>de</strong>, ajuda, realização <strong>de</strong> algumas técnicas <strong>de</strong><br />
caracterização e simpatia durante este trabalho.<br />
Ao Leandro e ao Flávio por todo o apoio técnico prestado na síntese orgânica,<br />
amiza<strong>de</strong> e momentos <strong>de</strong> boa disposição.<br />
À Sofia pela disponibilida<strong>de</strong> na realização dos difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós.<br />
Ao Nuno e ao Ricardo, amigos e colegas <strong>de</strong> casa, pelo apoio e momentos <strong>de</strong><br />
distracção e boa disposição.<br />
Ao Félix, amigo e camarada <strong>de</strong> lutas académicas, pelo apoio e disponibilida<strong>de</strong><br />
na fase final <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
A todos que por algum motivo se cruzaram e <strong>de</strong>ram algum contributo na<br />
realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
i
Resumo<br />
Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento exponencial na investigação<br />
direccionada para a construção <strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Isto <strong>de</strong>ve-se à<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> topologias e fascinantes arquitecturas moleculares que se po<strong>de</strong>m obter<br />
por meio <strong>de</strong> diferentes métodos <strong>de</strong> síntese utilizando iões metálicos e moléculas<br />
orgânicas que se ligam através <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Estes polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação po<strong>de</strong>m encontrar aplicações em diversas áreas <strong>de</strong>vido às suas proprieda<strong>de</strong>s<br />
químicas, termodinâmicas, físicas e estruturais.<br />
A 2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina tem sido usada em síntese orgânica <strong>de</strong>vido à sua<br />
reactivida<strong>de</strong> e relativo baixo custo. Esta molécula é um precursor bastante versátil que<br />
permite a substituição nucleofílica parcial, ou total, dos átomos <strong>de</strong> cloro, nomeadamente<br />
por alguns grupos funcionais tais <strong>com</strong>o aminas e álcoois.<br />
Na primeira parte <strong>de</strong>ste trabalho sintetizaram-se três <strong>de</strong>rivados da TCT através<br />
<strong>de</strong> reacções <strong>de</strong> substituição nucleofílica. Estes <strong>com</strong>postos foram caracterizados por<br />
técnicas espectroscópicas (RMN <strong>de</strong> 1 H e <strong>de</strong> 13 C, EM e FT-IV) e por difracção <strong>de</strong> raios-<br />
X <strong>de</strong> mono-cristal. Na segunda parte, usou-se um dos ligandos orgânicos para reagir<br />
<strong>com</strong> catiões <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>os (La 3+ , Pr 3+ e Eu 3+ ) <strong>de</strong> forma a se construir novos polímeros<br />
<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. O resultado das sínteses foi um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação cristalino<br />
[LaH(L) 2 ] e duas estruturas menos cristalinas. Todos os <strong>com</strong>postos foram caracterizados<br />
por técnicas padrão do estado sólido e a estrutura cristalina [LaH(L) 2 ] foi <strong>de</strong>svendada<br />
por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal.<br />
ii
Abstract<br />
We have recently assisted to an exponential increase in research focused toward<br />
the construction of new coordination polymers. This is due to the large amount of<br />
reported fascinating architectures and structural topologies, ultimately obtained via<br />
different synthetic methods based on the assembly of metal ions and organic ligands<br />
using coordination bonds. The obtained coordination polymers may find application in<br />
several areas due to their intrinsic chemical, thermodynamic, physical and structural<br />
properties.<br />
2,4,6-Trichloro-1,3,5-triazine (TCT) has been used in organic synthesis due to<br />
its reactivity and relatively low cost. This molecule is a very versatile precursor which<br />
allows partial, or total, nucleophilic substitution of the chlorine atoms, in particular by<br />
some functional groups such as amines and alcohols.<br />
The first part of this thesis concerns the preparation and characterization of three<br />
TCT <strong>de</strong>rivatives via nucleophilic substitution reactions. These <strong>com</strong>pounds were<br />
characterized by spectroscopic techniques ( 1 H and 13 C-NMR, MS and FT-IR) and<br />
single-crystal X-ray diffraction. The second part focuses on the use of one of the<br />
synthesized organic ligands in the self-assembly with lanthani<strong>de</strong> cations (La 3+ , Pr 3+ and<br />
Eu 3+ ) so to construct new coordination polymers. The result of the synthesis was a<br />
highly crystalline coordination polymer, formulated as [LaH(L) 2 ], and two poorly<br />
crystalline structures having Pr 3+ and Eu 3+ . All <strong>com</strong>pounds were extensively<br />
characterized by standard solid-state techniques and the crystal structure of [LaH(L) 2 ]<br />
was unveiled by single-crystal X-ray diffraction.<br />
iii
Abreviaturas<br />
assim assimétrica<br />
CPs<br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (do inglês “coordination polymers”)<br />
d<br />
dupleto<br />
DMF N,N’-dimetilformamida<br />
EM<br />
espectrometria <strong>de</strong> massa<br />
Et 3 N<br />
trietilamina<br />
IV<br />
infravermelho<br />
J<br />
constante <strong>de</strong> acoplamento<br />
m<br />
multipleto em RMN e média em IV<br />
m/z<br />
relação massa/carga<br />
(M+H) + ião molecular protonado<br />
MOF re<strong>de</strong> metalo-orgânica (do inglês “metal-organic framework”)<br />
ppm<br />
partes por milhão<br />
RMN ressonância magnética nuclear<br />
RMN 1 H ressonância magnética nuclear <strong>de</strong> protão<br />
RMN 13 C ressonância magnética nuclear <strong>de</strong> carbono 13<br />
s<br />
singuleto no RMN e forte no IV<br />
SEM-EDS microscopia electrónica <strong>de</strong> varrimento - espectroscopia <strong>de</strong> energia<br />
dispersiva (do inglês “scanning electron microcopy-energy dispersive<br />
spectroscopy”)<br />
sim<br />
simétrica<br />
SUB<br />
unida<strong>de</strong> secundária <strong>de</strong> construção (do inglês “secondary building<br />
block”)<br />
TCT<br />
2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina<br />
TGA análise termogravimétrica (do inglês “thermogravimetric analysis”)<br />
THF<br />
tetrahidrofurano<br />
TLC<br />
cromatografia em camada fina (do inglês “thin layer<br />
chromatography”)<br />
vs<br />
muito forte<br />
δ<br />
<strong>de</strong>svio químico em ppm<br />
iv
Lista <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos orgânicos<br />
Composto 1 – Sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo<br />
Cl - +<br />
H 3 N<br />
O<br />
OMe<br />
Composto 2 - 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina<br />
Cl<br />
Cl<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OMe<br />
Composto 3 - 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina<br />
Cl<br />
MeO<br />
O<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OMe<br />
Composto 4 - 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina<br />
MeO<br />
O<br />
NH<br />
MeO<br />
O<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OMe<br />
Composto 5 – 2,2'-(6-metoxi-1,3,5-triazin-2,4-diil)-bis(azanodiil)diacetato <strong>de</strong> potássio<br />
OME<br />
K + - O<br />
O<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
O<br />
O - K +<br />
v
Composto 6- cloreto <strong>de</strong> 4,6-bis(carboximetilamino)-2-oxo-2,3-dihidro-1,3,5-triazínio<br />
HO<br />
O<br />
N<br />
H<br />
HN<br />
O<br />
N<br />
+ H<br />
N .Cl<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OH<br />
vi
Índice<br />
Agra<strong>de</strong>cimentos …………………………………………………………………….<br />
Resumo ……………………………………………………………………………..<br />
Abstract ……………………………………………………………………………..<br />
Abreviaturas ………………………………………………………………………...<br />
Lista <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos orgânicos ………………………………………………………<br />
i<br />
ii<br />
iii<br />
iv<br />
v<br />
Capítulo 1 – O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong><br />
Coor<strong>de</strong>nação? …………………………………………………………<br />
1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais …………………………………………………………<br />
1.1.1. Terminologia …………………………………………………………….…..<br />
1.2. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (CPs) …………………………………………….<br />
1.2.1. Componentes para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ……………..<br />
1.2.1.1. Centros metálicos ………………………………………………....<br />
1.2.1.2. Ligandos orgânicos …………………………………………..…...<br />
1.2.1.3. Ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ……………………………………..…...<br />
1.3. Métodos <strong>de</strong> síntese ……………………………………………………………<br />
1.3.1. Unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção ……………………………………...…...<br />
1.3.2. Síntese por difusão lenta …………………………………………..……..….<br />
1.3.3. Síntese Hidro(solvo)térmica …………………………………………….......<br />
1.3.4. Síntese em meio heterogéneo ………………………………………………..<br />
1.3.5. Síntese ionotérmica ……………………………………………………...…..<br />
1.3.6. Síntese electroquímica ………………………………………………..….….<br />
1.3.7. Síntese livre <strong>de</strong> solvente ………………………………………………..…...<br />
1.3.8. Síntese assistida por micro-ondas ……………………………………...……<br />
1.4. Design <strong>de</strong> ligandos orgânicos para síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ...<br />
1.5. Factores que controlam a formação da estrutura final <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação ………………………………………………………………………..<br />
1.5.1. Influência da temperatura ……………………………………………...……<br />
1.5.2. Influência do pH ……………………………………………………...……..<br />
1.5.3. Influência do Solvente ……………………………………………...……….<br />
1.6. Tamanho dos cristais …………………………………………………………<br />
1.7. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação …………………<br />
1<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
6<br />
8<br />
9<br />
10<br />
10<br />
11<br />
11<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
15<br />
18<br />
19<br />
20<br />
20<br />
21<br />
21<br />
24<br />
vii
1.7.1. Armazenamento <strong>de</strong> gases …………………………………………..…….….<br />
1.7.2. Catálise ……………………………………………………………...……….<br />
1.7.3. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação luminescentes usados <strong>com</strong>o sensores ópticos …..<br />
1.8. Objectivos <strong>de</strong>ste trabalho …………………………………………………….<br />
1.9. Bibliografia ……………………………………………………………………<br />
24<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
Capítulo 2 – Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong><br />
Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ……………………………………………<br />
2.1. Introdução …………………………………………………………………...<br />
2.1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais ………………………………………………………<br />
2.1.2. Versatilida<strong>de</strong> e reactivida<strong>de</strong> da 2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina ……………...<br />
2.1.3. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos <strong>de</strong>rivados da 2,4,6-triclo-1,3,5-triazina …..<br />
2.2. Síntese <strong>de</strong> novas moléculas orgânicos por reacção da TCT <strong>com</strong> glicinato<br />
<strong>de</strong> metilo ………………………………………………………………………..….<br />
2.2.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4 …………………………………....<br />
2.2.2. Descrição cristalográfica dos <strong>com</strong>postos 1, 2, 3, 4 ………………………..<br />
2.2.2.1. Sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (1) …………….…<br />
2.2.2.2. 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) …...<br />
2.2.2.3. 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (3) …..<br />
2.2.2.4. 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4) ………...<br />
2.3. Optimização da síntese dos <strong>com</strong>postos 2 e 3 ……………………………..…<br />
2.3.1. Optimização da síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina (2) ………………………………………………………………………...<br />
2.3.2. Optimização da síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-<br />
1,3,5-triazina (3) ………………………………………………………………….<br />
2.4. Hidrólise do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina<br />
2.4.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 5 e 6 ……………………………………….<br />
2.4.2. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 6 …………………………………..<br />
2.5. Conclusões …………………………………………………………………....<br />
2.6. Parte experimental ……………………………………………………….….<br />
2.6.1. Reagentes, Solventes e Equipamento ……………………………………...<br />
2.6.2. Síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) ….<br />
2.6.3. Síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (3) .<br />
2.6.4. Síntese do 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4) ……….<br />
2.6.5. Hidrólises básica e ácida <strong>de</strong> 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-<br />
34<br />
36<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
41<br />
43<br />
43<br />
46<br />
48<br />
52<br />
56<br />
56<br />
57<br />
57<br />
58<br />
60<br />
64<br />
64<br />
64<br />
65<br />
65<br />
66<br />
viii
1,3,5-triazina ……………………………………………………………………...<br />
2.7. Bibliografia …………………………………………………………………..<br />
66<br />
67<br />
Capítulo 3 – Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação ………………...<br />
3.1. Introdução ……………………………………………………………….…...<br />
3.2. Síntese dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9 …………………………………………….…<br />
3.2.1. Síntese hidrotérmica …………………………………………………..<br />
3.3. Resultados e discussão …………………………………………………….…<br />
3.3.1. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 7 …………………………………..<br />
3.3.2. Difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós ……………………………………………….<br />
3.3.3. Análise elementar ………………………………………………………….<br />
3.3.4. Espectroscopia <strong>de</strong> infravermelho ………………………………………….<br />
3.3.5. Análise termogravimétrica (TGA) ………………………………………...<br />
3.3.6. Microscopia Electrónica <strong>de</strong> Varrimento – Espectroscopia <strong>de</strong> Energia<br />
Dispersiva (SEM-EDS) ……………………………………………………….…..<br />
3.4. Estudos <strong>de</strong> fotoluminescência para o <strong>com</strong>posto 9 ……………………….…<br />
3.5. Conclusões …………………………………………………………………....<br />
3.6. Bibliografia ……………………………………………………………….….<br />
69<br />
70<br />
72<br />
72<br />
73<br />
73<br />
80<br />
83<br />
84<br />
85<br />
86<br />
88<br />
91<br />
92<br />
Capítulo 4 – Consi<strong>de</strong>rações gerais e trabalho futuro ………………<br />
93<br />
Apêndices ……………………………………………………………..<br />
Apêndice A ………………………………………………………………………...<br />
Apêndice B …………………………………………………………………………<br />
95<br />
96<br />
117<br />
ix
Capítulo 1<br />
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong><br />
Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais …………………………………………………………<br />
1.1.1. Terminologia ………………………………………………………………..<br />
1.2. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (CPs) …………………………………………….<br />
1.2.1. Componentes para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ……………..<br />
1.2.1.1. Centros metálicos ………………………………………………....<br />
1.2.1.2. Ligandos orgânicos …………………………………………..…...<br />
1.2.1.3. Ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ……………………………………..…...<br />
1.3. Métodos <strong>de</strong> síntese ……………………………………………………………<br />
1.3.1. Unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção ……………………………………...…..<br />
1.3.2. Síntese por difusão lenta …………………………………………..…….….<br />
1.3.3. Síntese Hidro(solvo)térmica ……………………………………………......<br />
1.3.4. Síntese em meio heterogéneo …………………………………………..…..<br />
1.3.5. Síntese ionotérmica ……………………………………………………..…..<br />
1.3.6. Síntese electroquímica ………………………………………………..…….<br />
1.3.7. Síntese livre <strong>de</strong> solvente ………………………………………………..…...<br />
1.3.8. Síntese assistida por micro-ondas ……………………………………...……<br />
1.4. Design <strong>de</strong> ligandos orgânicos para síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ...<br />
1.5. Factores que controlam a formação da estrutura final <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação ………………………………………………………………………..<br />
1.5.1. Influência da temperatura ……………………………………………...……<br />
1.5.2. Influência do pH ……………………………………………………...……..<br />
1.5.3. Influência do Solvente ……………………………………………...……….<br />
1.6. Tamanho dos cristais …………………………………………………………<br />
1.7. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação …………………<br />
1.7.1. Armazenamento <strong>de</strong> gases …………………………………………..……….<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
6<br />
8<br />
9<br />
10<br />
10<br />
11<br />
11<br />
12<br />
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15<br />
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21<br />
21<br />
24<br />
24
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.7.2. Catálise ……………………………………………………………...……….<br />
1.7.3. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação luminescentes usados <strong>com</strong>o sensores ópticos …..<br />
1.8. Objectivos <strong>de</strong>ste trabalho …………………………………………………….<br />
1.9. Bibliografia ……………………………………………………………………<br />
27<br />
28<br />
29<br />
30<br />
2
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />
Ao longo das últimas décadas verificou-se um progresso significativo na área da<br />
química supramolecular. Este ramo relativamente novo é visto <strong>com</strong>o um campo <strong>de</strong><br />
investigação interdisciplinar abrangendo áreas muito diversas tais <strong>com</strong>o a química,<br />
biologia e física. Estuda as interacções <strong>de</strong> moléculas <strong>com</strong>plexas e a sua organização<br />
através <strong>de</strong> contactos intermoleculares (ligações não covalentes). 1<br />
A química supramolecular está relacionada <strong>com</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas<br />
estruturas <strong>com</strong>o é o caso dos sólidos porosos. Estes po<strong>de</strong>m apresentar variadas<br />
<strong>de</strong>nominações e facilmente encontramos na literatura termos <strong>com</strong>o “polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação”, “re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação” e “re<strong>de</strong>s metalo-orgânicas”. Este último mais<br />
conhecido pela sigla MOFs, <strong>de</strong>rivando da expressão inglesa “Metal-Organic<br />
Frameworks”.<br />
De um ponto <strong>de</strong> vista histórico, foi em 1965 que Tomic publicou o primeiro<br />
trabalho científico <strong>com</strong> materiais que são actualmente apelidados <strong>com</strong> os termos<br />
referidos. O trabalho consistiu na síntese <strong>de</strong> novos polímeros baseados na ligação <strong>de</strong><br />
alguns centros metálicos (ferro, níquel, zinco, alumínio, tório e urânio) <strong>com</strong> ácidos<br />
carboxílicos aromáticos. Os <strong>com</strong>postos isolados apresentaram proprieda<strong>de</strong>s<br />
interessantes, tais <strong>com</strong>o elevada estabilida<strong>de</strong> térmica e um elevado conteúdo metálico. 2<br />
Ainda no ano <strong>de</strong> 1965, Biondi et al. publicaram um trabalho que consistiu no estudo <strong>de</strong><br />
um <strong>com</strong>posto polimérico cristalino, o tricianometaneto <strong>de</strong> Cu(II). 3<br />
Mais recentemente (1990) Hokins e Robson <strong>de</strong>senvolveram um estudo que teve<br />
por base o <strong>de</strong>senho e a construção <strong>de</strong> uma nova classe <strong>de</strong> materiais na forma <strong>de</strong> andaime<br />
(termo em inglês “scaffold”), on<strong>de</strong> as sínteses efectuadas envolviam a utilização do<br />
metal cobre e tetracianotetrafenilmetano. Este trabalho foi a primeira tentativa para<br />
gerar <strong>de</strong> uma forma racional re<strong>de</strong>s tridimensionais, sendo que a estrutura obtida foi uma<br />
re<strong>de</strong> metalo-orgânica <strong>com</strong> a topologia do diamante envolvendo ligações <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação. 4<br />
O volume <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> investigação publicados em jornais internacionais <strong>com</strong><br />
arbitragem científica na área que envolve o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas re<strong>de</strong>s metaloorgânicas,<br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação tem sofrido um<br />
crescimento exponencial. Tal encontra-se retratado na Figura 1.1 on<strong>de</strong> é possível<br />
observar uma evolução significativa a partir <strong>de</strong> 1990. 5<br />
3
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
Figura 1.1 – Número <strong>de</strong> publicações científicas <strong>com</strong> os termos<br />
“coordination polymers”, “coordination frameworks” e/ou “metal-organic<br />
frameworks” presentes nos títulos, resumos, palavras-chave ou restante<br />
conteúdo dos trabalhos científicos até 19/11/2009. Reproduzida a partir da<br />
ISI Web of Science (referência 5).<br />
1.1.1. Terminologia<br />
Como foi referido anteriormente, tem-se verificado um crescimento exponencial<br />
na investigação conducente ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos sólidos <strong>com</strong>postos por iões<br />
metálicos ligados a moléculas orgânicas. Devido a questões temporais e ao facto <strong>de</strong><br />
muita investigação ser conduzida em laboratórios <strong>com</strong> índoles muito distintas, uma<br />
série <strong>de</strong> nomenclaturas foram progressivamente apresentadas ao longo dos anos.<br />
O termo “polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação” <strong>com</strong>eçou a ser utilizado antes <strong>de</strong> 1950, mas<br />
esta <strong>de</strong>nominação mostrou-se bastante vaga uma vez que está normalmente associada à<br />
ligação entre um centro metálico e um ligando orgânico através <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação. Não tem em consi<strong>de</strong>ração a estrutura ou a morfologia final do <strong>com</strong>posto<br />
final.<br />
Relativamente à <strong>de</strong>nominação “MOF”, esta apareceu mais recentemente (1990)<br />
sendo uma <strong>de</strong>nominação mais específica do termo geral ”polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação”. A<br />
sigla MOF é regularmente usada para <strong>de</strong>finir sólidos que possuam algumas<br />
4
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
características próprias, tais <strong>com</strong>o: i) estruturas robustas <strong>de</strong>vido a ligações <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação bastante fortes; ii) unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ligação (pontes orgânicas) que se<br />
encontrem disponíveis para modificações através da síntese orgânica; iii) sólidos <strong>com</strong><br />
estruturas geometricamente bem <strong>de</strong>finidas. A última característica é fundamental para<br />
que os materiais possuam uma elevada cristalinida<strong>de</strong>, sendo este um critério essencial<br />
para o estabelecimento <strong>de</strong> uma relação proprieda<strong>de</strong>-estrutura. 6-9<br />
1.2. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (CPs)<br />
Os polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação fazem parte <strong>de</strong> uma das classes <strong>de</strong> materiais mais<br />
recentes da química supramolecular. Uma das motivações dos grupos <strong>de</strong> investigação<br />
<strong>de</strong>ste domínio é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas estruturas que possuam características<br />
específicas que lhes permitam, por sua vez, ter uma ampla gama <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong>.<br />
Neste sentido é essencial <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r em <strong>de</strong>talhe todas as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma nova<br />
estrutura, e é cada vez mais <strong>com</strong>um verificar a existência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> investigação<br />
multidisciplinares, <strong>com</strong> membros oriundos das mais diversas áreas científicas <strong>com</strong>o são<br />
os casos da química, engenharia, ciência dos materiais, física, biologia, espectroscopia e<br />
cristalografia.<br />
Os CPs são, em geral, estruturas cristalinas que resultam <strong>de</strong> uma <strong>com</strong>binação<br />
simples <strong>de</strong> diversos metais <strong>com</strong> ligandos <strong>de</strong> natureza orgânica através <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação. Esta <strong>com</strong>binação resulta em materiais que apresentam diversas<br />
características atractivas tais <strong>com</strong>o, por exemplo, elevada área superficial, elevada<br />
estabilida<strong>de</strong> térmica e mecânica, baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, entre outras. No que diz respeito à<br />
dimensionalida<strong>de</strong>, a auto-organização entre os materiais <strong>de</strong> partida (sais metálicos e<br />
moléculas orgânicas), ou seja, o rearranjo entre as unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção<br />
inorgânica e orgânica, po<strong>de</strong>m resultar na construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
unidimensionais (ca<strong>de</strong>ia), bidimensionais (camadas) ou tridimensionais (re<strong>de</strong>s) sendo<br />
estes últimos <strong>de</strong>nominados, em geral, por re<strong>de</strong>s metalo-orgânicas (MOFs) (Figura<br />
1.2). 10-13<br />
5
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
Figura 1.2 – Formação <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> diferentes<br />
dimensionalida<strong>de</strong>s: unidimensional (A), bidimensional (B) e tridimensional<br />
(C). Reproduzida a partir da referência 13.<br />
1.2.1. Componentes para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
A criação <strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação é um <strong>de</strong>safio consi<strong>de</strong>rado <strong>com</strong>o<br />
um “jogo <strong>de</strong> construção” uma vez que as estruturas finais <strong>de</strong>stes materiais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do<br />
arranjo entre ligandos orgânicos e centros metálicos. Nesta secção exemplifica-se <strong>de</strong><br />
que forma os ligandos orgânicos, possuindo diferentes grupos funcionais, e os diversos<br />
centros metálicos po<strong>de</strong>m originar polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> diferentes<br />
dimensionalida<strong>de</strong>s e topologias.<br />
1.2.1.1. Centros metálicos<br />
Olhando para a tabela periódica dos elementos químicos, são muitos os que<br />
po<strong>de</strong>m ser utilizados <strong>com</strong>o centros metálicos para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação, tais <strong>com</strong>o: os metais alcalino-terrosos (por exemplo, Ca, Mg e Sr), os<br />
metais <strong>de</strong> transição (por exemplo, Fe, Co, Mn, Cu e Zn) e os lantaní<strong>de</strong>os, também<br />
conhecidos por terras raras (por exemplo, La, Eu, Gd, Tb e Yb). 14 Os centros metálicos<br />
são um factor importante na construção <strong>de</strong> diferentes topologias <strong>de</strong>vido às suas variadas<br />
geometrias <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Por exemplo, os metais <strong>de</strong> transição permitem-nos obter<br />
geometrias lineares, triangulares planas, tetraédricas, quadrangulares planas e<br />
octaédricas (Figura 1.3). Os diferentes ambientes <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação são <strong>de</strong>finidos<br />
13, 15<br />
consoante as configurações electrónicas <strong>de</strong> cada metal <strong>de</strong> transição.<br />
6
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
As geometrias <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (Figura 1.4) obtidas quando recorremos aos<br />
lantaní<strong>de</strong>os são, em geral, diferentes das acima indicadas, pois estes metais possuem<br />
números <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação mais elevados quando <strong>com</strong>parados aos metais <strong>de</strong> transição,<br />
po<strong>de</strong>ndo variar normalmente <strong>de</strong> 8 a 12. Este facto leva à formação <strong>de</strong> topologias <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />
13, 16<br />
originais e menos usuais.<br />
Figura 1.3 – Algumas geometrias <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação dos metais <strong>de</strong> transição.<br />
Reproduzida a partir da referência 15.<br />
Figura 1.4 – Geometrias <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação para os lantaní<strong>de</strong>os. Reproduzida<br />
a partir da referência 16.<br />
A dimensionalida<strong>de</strong> da estrutura <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em<br />
gran<strong>de</strong> parte do ambiente <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação do centro metálico. Um ião metálico <strong>com</strong> uma<br />
geometria <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação linear, por exemplo Ag + , dá origem a uma ca<strong>de</strong>ia<br />
unidimensional. Estruturas bidimensionais são geradas recorrendo a centros metálicos<br />
<strong>com</strong> uma geometria, por exemplo, quadrangular planar. Metais que possuam geometrias<br />
7
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
tetraédricas ou octaédricas (não planares) produzem frequentemente arquitecturas<br />
tridimensionais. 17<br />
1.2.1.2. Ligandos orgânicos<br />
As moléculas orgânicas usadas na construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
po<strong>de</strong>m variar na <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> e nos grupos funcionais que possuem. Assim sendo,<br />
po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> natureza aromática ou alifática e, por vezes, contêm na sua estrutura<br />
heteroátomos tais <strong>com</strong>o azoto, oxigénio, enxofre e fósforo. Estas moléculas<br />
normalmente estão associadas a um ou vários grupos funcionais, tais <strong>com</strong>o: ácidos<br />
carboxílicos, aminas, amidas, ésteres, fosfonatos, sulfonatos, imidazolatos, grupos<br />
14, 18<br />
nitrilo ou uma <strong>com</strong>binação <strong>de</strong>stes.<br />
São diversas as moléculas orgânicas utilizadas na construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação, mas na literatura encontram-se <strong>com</strong> frequência ligandos multi<strong>de</strong>ntados<br />
que possuem, no mínimo, dois átomos dadores (N, O ou S). Este factor é importante<br />
para a expansão da estrutura. A flexibilida<strong>de</strong> dos ligandos (rígidos ou não) e os seus<br />
<strong>com</strong>primentos (distância entre grupos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação) são outros factores importantes<br />
13, 17<br />
que influenciam significativamente a estrutura do polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
Na Figura 1.5 estão representados alguns dos ligandos orgânicos, <strong>com</strong><br />
12, 19-24<br />
diferentes grupos funcionais, utilizados até à data na síntese <strong>de</strong> CPs.<br />
8
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
H 2 O 3 P<br />
PO 3 H 2<br />
OH<br />
H 2 O 3 P<br />
PO 3 H 2<br />
O<br />
O<br />
Ácido 1,4-fenilenobis(metilidino)-tetraquisfosfónico Ácido 2-amino-1,4-benzenodicarboxílico<br />
O OH<br />
H 2 O 3 P N CO 2 H<br />
CO 2 H<br />
Ácido N-(fosfonometil)iminodiacético<br />
O<br />
N<br />
O OH<br />
OH<br />
Ácido 1,4-benzenodicarboxílico<br />
O<br />
O<br />
OH<br />
OH<br />
HO<br />
O<br />
Ácido piridino-2,3-dicarboxílico<br />
O<br />
N<br />
OH<br />
O OH<br />
O<br />
Ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico<br />
N<br />
OH<br />
O OH<br />
Ácido 2,3-pirazinodicarboxílico<br />
OH<br />
HO<br />
OH<br />
O<br />
O<br />
Ácido 5-hidroxiisoftálico<br />
HO<br />
O<br />
N<br />
N<br />
O<br />
OH<br />
4,4'-bipiridina<br />
Ácido 1,3,5-benzenotribenzóico<br />
Figura 1.5 – Exemplos <strong>de</strong> ligandos orgânicos utilizados para a construção<br />
<strong>de</strong> CPs.<br />
1.2.1.3. Ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
Existem vários tipos <strong>de</strong> interacções que po<strong>de</strong>mos encontrar numa estrutura,<br />
po<strong>de</strong>ndo estas ser ligações covalentes e não covalentes, <strong>de</strong> hidrogénio, electrostáticas e<br />
<strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Waals. Quando falamos da estrutura <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação existem<br />
sobretudo ligações iónicas, <strong>de</strong> hidrogénio, <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Waals, e interacções metal-metal e<br />
HO<br />
NH 2<br />
9
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
A formação da arquitectura <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação é gerida pela<br />
interacção ligando-metal, ou seja, pela ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Estas interacções,<br />
envolvendo energias em torno <strong>de</strong> 50 kJ mol -1 , consistem na doação <strong>de</strong> um par <strong>de</strong><br />
electrões do ligando para o catião metálico e em atracções electrostáticas entre o ião<br />
metálico carregado positivamente e um átomo dador <strong>de</strong> carga negativa do ligando<br />
orgânico. 13<br />
Normalmente na ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação estão envolvidos átomos <strong>de</strong><br />
oxigénio <strong>de</strong> aniões carboxilatos, nitratos, sulfatos ou fosfatos ou átomos <strong>de</strong> azoto <strong>de</strong><br />
aminas, piridinas ou cianatos <strong>com</strong> metais, por exemplo, <strong>de</strong> transição ou lantaní<strong>de</strong>os. As<br />
moléculas orgânicas <strong>com</strong> grupos carboxilato e piridínio são as que se encontram <strong>com</strong><br />
mais frequência na literatura para a formação <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação (ver Figura<br />
1.5). A ligação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação é, <strong>de</strong>sta forma, muito importante para a construção <strong>de</strong><br />
25, 26<br />
estruturas <strong>com</strong> diferentes dimensionalida<strong>de</strong>s.<br />
1.3. Métodos <strong>de</strong> síntese<br />
Os polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação são normalmente sintetizados a partir <strong>de</strong> uma<br />
solução <strong>de</strong> um sal metálico e <strong>de</strong> um ligando orgânico, ou uma mistura <strong>de</strong> ligandos, <strong>com</strong><br />
uma <strong>de</strong>terminada razão molar. Existem vários métodos <strong>de</strong> síntese tais <strong>com</strong>o: a síntese<br />
hidro(solvo)térmica, por difusão lenta, em meio heterogéneo, ionotérmica,<br />
electroquímica, livre <strong>de</strong> solvente e, a mais recente, a síntese <strong>com</strong> aquecimento por<br />
micro-ondas. Nestes tipos <strong>de</strong> sínteses o tempo <strong>de</strong> reacção po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> alguns minutos<br />
14, 27<br />
até alguns dias.<br />
1.3.1. Unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção<br />
Os metais e os ligandos orgânicos requeridos para a síntese dos polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação provêm das mais diversas fontes <strong>com</strong>erciais <strong>com</strong> elevados graus <strong>de</strong> pureza.<br />
Os metais são normalmente usados na forma <strong>de</strong> sais (cloreto, nitrato, perclorato ou<br />
hidróxido).<br />
No que diz respeito aos ligandos orgânicos, estes po<strong>de</strong>m ser adquiridos na forma<br />
que se preten<strong>de</strong> utilizar, por exemplo, na forma <strong>de</strong> ácido carboxílico. Muitas das vezes<br />
são também usados precursores (por exemplo, ésteres) que têm <strong>de</strong> ser submetidos a<br />
reacções prévias <strong>de</strong> hidrólise. Estes passos po<strong>de</strong>m afectar a cristalinida<strong>de</strong> da estrutura<br />
10
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
final. Uma forma alternativa é a síntese orgânica in situ que permite a obtenção <strong>de</strong> uma<br />
nova molécula orgânica no meio reaccional do polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. 14, 28 A opção<br />
<strong>de</strong> <strong>com</strong>prar os ligandos orgânicos para usar directamente nas sínteses <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação é mais <strong>com</strong>um do que a síntese dos mesmos.<br />
1.3.2. Síntese por difusão lenta<br />
Este tipo <strong>de</strong> síntese tem <strong>com</strong>o princípio básico a dissolução dos reagentes <strong>de</strong><br />
partida (sal do metal e o ligando orgânico) num solvente apropriado. A mistura<br />
reaccional é mantida num sistema aberto, ou parcialmente aberto, à temperatura<br />
ambiente ou, por vezes, a temperaturas próximas <strong>de</strong> 0 ºC. A evaporação lenta do<br />
solvente promove o crescimento da nova estrutura cristalina. 29, 30 Este método <strong>de</strong> síntese<br />
é bastante lento po<strong>de</strong>ndo levar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algumas semanas a vários meses. Por outro lado<br />
este método tem dado provas <strong>de</strong> ser bastante eficiente para a obtenção <strong>de</strong> mono-cristais<br />
<strong>de</strong> dimensão a<strong>de</strong>quada para análises por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal. Como<br />
exemplo disto, Farnum et al., através da síntese por difusão lenta <strong>de</strong> perclorato <strong>de</strong><br />
cádmio e uma solução etanólica <strong>de</strong> 3,4’-dipiridilcetona, obtiveram um polímero <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação bidimensional, [Cd(H 2 O) 2 (3,4’-dpk) 2 ] n (Figura 1.6). 31<br />
Figura 1.6 – Estrutura cristalina <strong>de</strong> [Cd(H 2 O) 2 (3,4'-dpk) 2 ] n obtida por<br />
Farnum et al. através da síntese por difusão lenta. Reproduzida a partir da<br />
referência 31.<br />
1.3.3. Síntese Hidro(solvo)térmica<br />
Actualmente este é o tipo <strong>de</strong> síntese mais vulgarmente utilizado na preparação<br />
<strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. O termo “hidrotérmico” significa que a reacção é<br />
11
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
efectuada utilizando <strong>com</strong>o solvente água, enquanto que a síntese “solvotérmica” é<br />
realizada num outro tipo qualquer <strong>de</strong> solvente, <strong>com</strong>o é o caso da dimetilformamida<br />
(DMF), tetrahidrofurano (THF), entre outros.<br />
Esta técnica tem <strong>com</strong>o base a preparação <strong>de</strong> uma mistura reaccional que é<br />
posteriormente transferida para um reactor <strong>de</strong> teflon® que se encontra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />
recipiente em aço. Posteriormente a mistura reaccional é colocada numa estufa. A<br />
temperatura <strong>de</strong> reacção requerida neste método <strong>de</strong> síntese é, por vezes, elevada,<br />
po<strong>de</strong>ndo variar entre os 100 e 250 ºC. A pressão auto-gerada <strong>de</strong>ntro do reactor po<strong>de</strong><br />
variar <strong>de</strong> 10 a 100 atm.<br />
Figura 1.7 – Foto representativa da instrumentação usada na síntese<br />
hidro(solvo)térmica: A – estufa e B – reactor e autoclave.<br />
Este método <strong>de</strong> síntese é, até ao momento, o mais usado e eficiente no<br />
crescimento <strong>de</strong> sólidos cristalinos, proporcionando no final das reacções rendimentos<br />
consi<strong>de</strong>ráveis. Os inconvenientes <strong>de</strong>sta técnica resi<strong>de</strong>m na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar elevadas<br />
27, 32, 33<br />
temperaturas e os longos tempos <strong>de</strong> reacção longos, tipicamente dias.<br />
1.3.4. Síntese em meio heterogéneo<br />
Esta técnica é um método <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>nominada<br />
por síntese solvotérmica bifásica uma vez que consiste na utilização <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong><br />
dois solventes imiscíveis. As condições <strong>de</strong> síntese são diferentes das da síntese<br />
solvotérmica, sobretudo no que diz respeito à temperatura e à pressão utilizadas. Assim,<br />
a gama <strong>de</strong> temperaturas varia entre a ambiente e 150 ºC, e a pressão da reacção é mais<br />
baixa. O tempo <strong>de</strong> reacção também po<strong>de</strong> levar alguns dias. 34<br />
A síntese <strong>de</strong> MOFs em meio heterogéneo é pouco usual, mas é possível<br />
encontrar na literatura alguns trabalhos em que os autores recorreram a este tipo <strong>de</strong><br />
síntese. Temos, por exemplo, o caso do trabalho <strong>de</strong> Banerjee et al. relatando materiais<br />
12
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
<strong>de</strong> cobalto e níquel obtidos usando uma mistura <strong>de</strong> água/ciclohexanol,<br />
[Ni(C 12 N 2 H 10 )(H 2 O)][C 6 H 3 (COO) 2 (COOH)] e [Co 2 (H 2 O) 6 ][C 6 H 3 (COO) 3 ] 2·<br />
(C 4 N 2 H 12 )(H 2 O) 2 . Um dos materiais foi obtido através <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong><br />
Ni(CH 3 COO) 2·4H 2 O, dissolvido em água, e ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico e 1,10-<br />
fenantrolina, dissolvidos em ciclohexanol. A mistura foi mantida a 150 ºC durante três<br />
dias originando uma estrutura unidimensional (Figura 1.8). 35<br />
Figura 1.8 – Estrutura unidimensional <strong>de</strong><br />
[Ni(C 12 N 2 H 10 )(H 2 O)][C 6 H 3 (COO) 2 (COOH)] obtida por através da síntese<br />
em meio heterogéneo. Reproduzida a partir da referência 35.<br />
1.3.5. Síntese ionotérmica<br />
A síntese ionotérmica é um método bastante recente para a construção <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta técnica data <strong>de</strong> 2004. 36 Este<br />
método utiliza líquidos iónicos ou uma mistura eutética, que servem <strong>com</strong>o solvente <strong>de</strong><br />
reacção e agente estruturante (SDA) durante o processo <strong>de</strong> síntese. Este método permite<br />
a obtenção <strong>de</strong> novos materiais cristalinos porosos, uma vez que existe uma enorme<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquidos iónicos binários e misturas eutéticas <strong>com</strong> diversas proprieda<strong>de</strong>s<br />
que são usados <strong>com</strong>o solventes nestas reacções. Liu et al. sintetizaram uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fosfato <strong>de</strong> zinco, (CH 3 NH 3 ) 9 (ZnPO 4 ) 10·H 3 O, (Figura 1.9a) usando uma mistura eutética<br />
<strong>de</strong> 1,3-dimetilureia e brometo <strong>de</strong> tetraetilamónio, Zn(Ac) 2·2H 2 O, ácido fosfórico,<br />
H 3 PO 4 , e ácido fluorídrico, HF. 36 Shi et al. obtiveram estruturas cristalinas,<br />
[Ln(Hpmd)(H 2 O)] (on<strong>de</strong> Ln 3+ = Ce 3+ e Pr 3+ , Figura 1.9b) através da reacção <strong>de</strong> uma<br />
mistura eutética (líquidos iónicos) <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> colina e ácido malónico, ácido 1,4-<br />
fenilenobis(metileno)difosfónico e cloretos <strong>de</strong> lantânio hidratados (CeCl 3 e PrCl 3 ). 37<br />
13
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
Figura 1.9 – Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação obtidos por Liu et al.,<br />
(CH 3 NH 3 ) 9 (ZnPO 4 ) 10·H 3 O, (A) e Shi et al., [Ln(Hpmd)(H 2 O)] (on<strong>de</strong> Ln 3+ =<br />
Ce 3+ e Pr 3+ ), (B) através da síntese ionotérmica. Reproduzida a partir das<br />
referências 36 e 37.<br />
1.3.6. Síntese electroquímica<br />
Este método apesar <strong>de</strong> pouco usual tem dado alguns resultados interessantes. Por<br />
exemplo, Mueller et al. sintetizaram um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação recorrendo à síntese<br />
electroquímica, 2 sendo que a reacção <strong>de</strong>correu numa célula electroquímica contendo<br />
placas <strong>de</strong> cobre que funcionaram <strong>com</strong>o ânodo, uma solução <strong>com</strong>posta pelo ligando<br />
orgânico (ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico) dissolvido em metanol e um cátodo <strong>de</strong><br />
cobre. Durante a reacção usou-se uma voltagem <strong>de</strong> 12-19 V e uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,3 A.<br />
O final da reacção <strong>de</strong>u-se passado 150 min <strong>com</strong> a formação <strong>de</strong> um <strong>com</strong>posto azul<br />
esver<strong>de</strong>ado 2, 38 .<br />
Figura 1.10 – Esquema <strong>de</strong> montagem usado por Mueller et al. para a<br />
obtenção <strong>de</strong> MOF recorrendo à síntese electroquímica (A). Imagem <strong>de</strong> SEM<br />
do material (B). Reproduzida a partir da referência 2.<br />
14
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.3.7. Síntese livre <strong>de</strong> solvente<br />
Este método é bastante atractivo porque não envolve o uso <strong>de</strong> qualquer solvente<br />
para a reacção. Utilizam-se reagentes sólidos daí que ligandos orgânicos extensos, <strong>com</strong><br />
solubilida<strong>de</strong> baixa, po<strong>de</strong>m ser usados. O princípio básico <strong>de</strong>sta técnica consiste na<br />
moagem dos reagentes (mecanoquímica). O tempo <strong>de</strong> moagem é fundamental na<br />
formação do material cristalino. Este método tem a vantagem <strong>de</strong> ser rápido, fácil e<br />
14, 39-41<br />
amigo do ambiente.<br />
Pichon et al. publicaram uma estrutura que teve por base o uso <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong><br />
cobre monohidratado e ácido isonicotínico que foram moídos durante 10 min. O<br />
material obtido foi aquecido até 200 ºC resultando num <strong>com</strong>posto cristalino<br />
microporoso <strong>de</strong>sidratado [Cu(INA) 2 ] (INA = ácido isonicotínico) (Figura 1.11). 40<br />
Figura 1.11 – Estrutura cristalina <strong>de</strong> [Cu(INA) 2 ] obtida por Pichon et al.<br />
recorrendo à síntese livre <strong>de</strong> solvente. Reproduzida a partir da referência 40.<br />
1.3.8. Síntese assistida por micro-ondas<br />
Várias áreas da química têm recorrido à metodologia assistida por micro-ondas<br />
porque permite realizar sínteses rápidas. Para além disto, esta técnica apresenta outras<br />
vantagens, tais <strong>com</strong>o: fácil controlo <strong>de</strong> morfologia, selectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fase, avaliação<br />
eficiente dos parâmetros <strong>de</strong> síntese e processo <strong>de</strong> aquecimento simples e eficiente em<br />
termos energéticos. Esta técnica tem o inconveniente <strong>de</strong> nem sempre se obter material<br />
cristalino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> suficiente para análise <strong>de</strong> raios-X mono-cristal. Na Figura 1.12<br />
está representada uma fotografia <strong>de</strong> um equipamento <strong>de</strong> micro-ondas. 42-45<br />
15
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
Figura 1.12 – Foto <strong>de</strong> um equipamento dirigido para a síntese assistida por<br />
micro-ondas: A – micro-ondas e B – reactor;<br />
Na literatura é possível encontrar várias estruturas cristalinas obtidas recorrendo<br />
a este método. Esta metodologia acoplada à síntese ionotérmica foi utilizada por Lin et<br />
al. que prepararam uma mistura <strong>de</strong> ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico (TMA), brometo<br />
<strong>de</strong> 1-etil-3-metilimidazólio (EMIm-Br) e acetato <strong>de</strong> níquel tetra-hidratado<br />
(Ni(OAc) 2·4H 2 O). A mistura reaccional foi mantida a 200 ºC durante 50 min originando<br />
uma re<strong>de</strong> aniónica tridimensional (EMIm) 2 [Ni 3 (TMA) 2 (OAc) 2 ] (Figura 1.13). 46<br />
Figura 1.13 – Re<strong>de</strong> tridimensional (EMIm) 2 [Ni 3 (TMA) 2 (OAc) 2 ] obtida por<br />
Lin et al. recorrendo à metodologia assistida por micro-ondas acoplada à<br />
síntese ionotérmica. Reproduzida a partir da referência 46.<br />
Ni et al. obtiveram o IRMOF-1 usando uma solução <strong>de</strong> ácido 1,4-<br />
benzenodicarboxílico, nitrato <strong>de</strong> zinto hidratado e N,N’-dietilformamida. A mistura foi<br />
aquecida num equipamento <strong>de</strong> micro-ondas a 150 W durante 25 s, estando os resultados<br />
16
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
representados na Figura 1.14a. Diminuindo a concentração dos reagentes e aumentando<br />
o tempo <strong>de</strong> reacção origina cristais <strong>de</strong> tamanho inferior (Figura 1.14b). 44<br />
Figura 1.14 – Imagens <strong>de</strong> SEM do material cristalino IRMOF-1 obtido por<br />
Ni et al. variando a concentração dos reagentes e o tempo <strong>de</strong> reacção.<br />
Reproduzida a partir da referência 44.<br />
Jhung et al., através da reacção num equipamento <strong>de</strong> micro-ondas <strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong><br />
crómio nona-hidratado e ácido 1,4-benzenodicarboxílico a 210 ºC variando o tempo <strong>de</strong><br />
reacção e utilizando 600 W <strong>de</strong> irradiação, obtiveram o MIL-101 <strong>com</strong> diferente<br />
porosida<strong>de</strong> (Figura 1.15). 47<br />
Figura 1.15 – Imagens <strong>de</strong> SEM do material MIL-101 obtido a 210 ºC<br />
variando o tempo <strong>de</strong> reacção: a) 1 min, b) 2 min, c) 10 min e d) 40 min. A<br />
barra branca indica 200 nm para a) e b) e 500 nm para c) e d). Reproduzida<br />
a partir da referência 47.<br />
17
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.4. Design <strong>de</strong> ligandos orgânicos para síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação<br />
Usualmente as sínteses <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação são efectuadas pela reacção<br />
directa <strong>de</strong> iões metálicos <strong>com</strong> ligandos orgânicos adquiridos <strong>com</strong>ercialmente sem<br />
sofrerem qualquer tipo <strong>de</strong> modificação. Outra alternativa é o <strong>de</strong>senvolvimento das<br />
moléculas orgânicas a partir <strong>de</strong> síntese orgânica convencional, ou seja, primeiro<br />
sintetiza-se a molécula orgânica e só <strong>de</strong>pois é que se processa a síntese do polímero <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação através das várias técnicas <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong>scritas anteriormente. Uma outra<br />
estratégia conhecida por síntese in situ tem sido utilizada para a obtenção <strong>de</strong> novos<br />
ligandos orgânicos. 48<br />
O <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> ligandos orgânicos<br />
sintetizados in situ, proposto pela primeira vez por Champness and Schrö<strong>de</strong>r em 1997, 49<br />
apresenta um elevado interesse no que diz respeito à engenharia <strong>de</strong> cristais. Esta forma<br />
<strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong>stes materiais consiste na utilização <strong>de</strong> alguns ligandos precursores que<br />
são usados em vez do ligando orgânico, reagindo directamente <strong>com</strong> o metal para dar<br />
48, 50, 51<br />
origem ao novo polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação sob condições <strong>de</strong> síntese solvotérmica.<br />
Este método apresenta vantagens que incluem a simplificação das etapas <strong>de</strong> síntese, e a<br />
formação lenta das moléculas orgânicas que vão promover o crescimento do monocristal.<br />
Trata-se <strong>de</strong> um método amigo do ambiente. 52<br />
Até ao momento já são conhecidos alguns tipos <strong>de</strong> reacções para formação <strong>de</strong><br />
ligandos in situ das quais po<strong>de</strong>mos enfatizar reacções <strong>de</strong> isomerização, 53 acilação, 54<br />
<strong>de</strong>scarboxilação, 52 alquilação, 51 e hidrólise. 55 entre outras. Na Figura 1.15 estão<br />
48, 54-57<br />
representados alguns ligandos sintetizados in situ.<br />
18
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
N CO 2<br />
-<br />
N<br />
CO 2<br />
-<br />
N<br />
O<br />
O<br />
CO 2<br />
-<br />
HN<br />
NH<br />
HN<br />
NH<br />
N CO 2<br />
-<br />
O<br />
OH<br />
O<br />
O<br />
O<br />
HO<br />
NH<br />
NH<br />
SO 3<br />
-<br />
O<br />
H<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
Figura 1.16 – Exemplos <strong>de</strong> ligandos orgânicos sintetizados in situ.<br />
1.5. Factores que controlam a formação da estrutura final <strong>de</strong> um<br />
polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
Existem alguns factores que são <strong>de</strong>terminantes na formação, dimensionalida<strong>de</strong> e<br />
proprieda<strong>de</strong>s das estruturas dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Entre esses <strong>de</strong>stacam-se a<br />
temperatura, o pH e o solvente usado.<br />
19
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.5.1. Influência da temperatura<br />
Este é, sem dúvida, um factor prepon<strong>de</strong>rante na construção das estruturas dos<br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Como exemplo temos um estudo realizado por Förster et al.<br />
que fizeram reagir hidróxido <strong>de</strong> cobalto (II) <strong>com</strong> ácido succínico numa razão molar <strong>de</strong><br />
1:1 a cinco temperaturas variáveis entre 60 e 250 ºC. Observou-se a formação <strong>de</strong> uma<br />
série <strong>de</strong> cinco fases diferentes, tanto na <strong>com</strong>posição <strong>com</strong>o na estrutura (Figura 1.17).<br />
Figura 1.17 – Desenvolvimento das cinco fases <strong>de</strong> succinato <strong>de</strong> cobalto<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 60 ºC a 250 ºC (fase Co(H 2 O) 4 (C 4 H 4 O 4 ) 2 para 60 e 100 ºC, fase<br />
Co 4 (H 2 O) 4 (OH) 2 (C 4 H 4 O 4 ) 3·2H 2 O para 150 ºC, fase<br />
Co 6 (OH) 2 (C 4 H 4 O 4 ) 5·2H 2 O para 190 ºC e fase Co 5 (OH) 2 (C 4 H 4 O 4 ) 4 para 250<br />
ºC). Reproduzida a partir da referência 14.<br />
No que diz respeito à dimensionalida<strong>de</strong> das estruturas notou-se que esta aumenta<br />
à medida que a temperatura <strong>de</strong> reacção também aumenta. Assim sendo, a uma<br />
temperatura igual ou inferior a 100 ºC foram obtidas estruturas unidimensionais, a 150<br />
ºC uma estrutura bidimensional entre 190 - 250 ºC obtiveram-se materiais <strong>com</strong><br />
estruturas tridimensionais.<br />
Este foi o primeiro estudo efectuado em que a variação do parâmetro<br />
temperatura originou múltiplos materiais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, revelando assim a existência<br />
clara <strong>de</strong> uma relação entre a estrutura <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e a temperatura<br />
<strong>de</strong> reacção. 58<br />
1.5.2. Influência do pH<br />
Tendo em vista a <strong>de</strong>terminação da influência do pH na estrutura final <strong>de</strong> um<br />
material, Stock e Bein realizaram um estudo em que prepararam duas misturas <strong>de</strong> ácido<br />
fosfonocarboxílico e cloreto <strong>de</strong> magnésio tetra-hidratado em água. As misturas foram<br />
mantidas a 160 ºC durante 72h, apresentando <strong>com</strong>o única diferença o valor <strong>de</strong> pH<br />
inicial. Nestas condições ajustaram o pH da primeira reacção <strong>com</strong> NaOH a 3.0 e o da<br />
segunda reacção a 5.2. As estruturas obtidas mostraram que <strong>com</strong> um valor baixo <strong>de</strong> pH<br />
apenas um oxigénio do grupo fosfonato estava <strong>de</strong>sprotonado levando à formação <strong>de</strong><br />
20
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
uma estrutura unidimensional Mn[HO 3 PCH 2 -C 6 H 4 -COOH] 2·H 2 O. Aumentando o pH,<br />
ocorre a <strong>de</strong>sprotonação do segundo oxigénio formando-se uma estrutura bidimensional<br />
Mn[O 3 PCH 2 -C 6 H 4 -COOH] 2·H 2 O. Com isto, foi possível observar, tal <strong>com</strong>o esperado,<br />
que valores mais elevados <strong>de</strong> pH aumentam o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprotonação, tal <strong>com</strong>o<br />
esperado, influenciando <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva a dimensionalida<strong>de</strong> dos polímeros <strong>de</strong><br />
59, 60<br />
coor<strong>de</strong>nação.<br />
1.5.3. Influência do Solvente<br />
A escolha do solvente é um factor a ter em conta po<strong>de</strong>ndo, por vezes, ser<br />
problemático. A solubilida<strong>de</strong> baixa dos reagentes <strong>de</strong> partida no meio reaccional po<strong>de</strong><br />
levar, por exemplo, a um baixo conteúdo do <strong>com</strong>plexo metálico na estrutura final. 29<br />
Com isto, acresce a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> estratégia e a utilização <strong>de</strong> um solvente<br />
apenas po<strong>de</strong> não ser suficiente. Como já foi visto anteriormente na secção 1.3 a solução<br />
po<strong>de</strong> passar pelo uso <strong>de</strong> uma mistura bifásica <strong>de</strong> solventes imiscíveis ou líquidos<br />
61, 62<br />
iónicos.<br />
1.6. Tamanho dos cristais<br />
O controlo do crescimento dos cristais é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio colocado aos<br />
investigadores. Para que isto aconteça é necessário a alteração <strong>de</strong> vários parâmetros<br />
durante a reacção. O tamanho do cristal é importante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da aplicação que se<br />
pretenda.<br />
Uemura et al. publicaram um trabalho em que a adição <strong>de</strong> um polímero<br />
<strong>de</strong>nominado por ácido polivinilsulfónico, PVSA, (sal <strong>de</strong> sódio) na mistura reaccional<br />
afecta o processo <strong>de</strong> nucleação do <strong>com</strong>plexo [{Cu 2 pzdc 2 -(pyz} n ] (pzdc – pirazina-2,3-<br />
dicarboxilato, pyz – pirazina), <strong>de</strong>terminando o tamanho dos cristais porosos numa gama<br />
<strong>de</strong> 1-100 µm. 63 O PVSA é usado na reacção <strong>com</strong>o um agente aditivo que <strong>de</strong>ve<br />
influenciar a cristalização através <strong>de</strong> interacções electrostáticas entre o ião Cu 2+ e a<br />
molécula polimérica fosfonada. Assim sendo, uma mistura aquosa <strong>de</strong> Cu(NO 3 ) . 2 2H 2 O e<br />
PVSA (<strong>com</strong> uma razão <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> PVSA para Cu 2+ = 0, 1, 5 ou 15) foi adicionada a<br />
uma solução <strong>de</strong> pyz e Na 2 pzdc. A mistura reaccional foi mantida 24h sem agitação à<br />
temperatura ambiente.<br />
21
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
A Figura 1.18 contém imagens <strong>de</strong> SEM que mostram o aumento do tamanho do<br />
cristal à medida que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PVSA adicionado às misturas reaccionais aumenta.<br />
Figura 1.18 – Imagens <strong>de</strong> SEM que ilustram a influência do aumento da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PVSA nas reacções. PVSA/Cu 2+ = 0 (a),1 (b), 5 (c) e 15 (d).<br />
Reproduzida a partir da referência 63.<br />
Através da microscopia é possível ver que quando o <strong>com</strong>plexo [{Cu 2 pzdc 2 -(pyz} n ]<br />
é preparado sem PVSA, o tamanho médio dos cristais é cerca <strong>de</strong> 2 µm (Figura 1.18a).<br />
Pelo contrário, quando usamos uma razão PVSA/Cu 2+ = 15 o tamanho <strong>de</strong> cristal<br />
aumenta significativamente (Figura 1.18d).<br />
Um estudo <strong>de</strong>senvolvido por Wang et al. mostrou que a reacção entre<br />
Cu(NO 3 ) 2·H 2 O e ácido 4,4’-oxidibenzóico (H 2 oba) origina material cristalino poroso<br />
<strong>com</strong> a fórmula empírica [Cu 2 (oba) 2 (DMF) 2 ]·5.25DMF (MCF-23). 64 O estudo consistiu<br />
na utilização <strong>de</strong> diferentes métodos <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong>o a<br />
síntese solvotérmica convencional e a síntese assistida por micro-ondas (uma etapa e<br />
multi-etapas) para obtenção <strong>de</strong> cristais <strong>de</strong> diferentes tamanhos. A síntese solvotérmica<br />
consistiu numa mistura <strong>de</strong> Cu(NO 3 ) 2·3H 2 O e H 2 oba dissolvidos em DMF que foi<br />
mantida a 160 ºC durante 72h. Este método mostrou-se ineficiente uma vez que os<br />
cristais obtidos apresentavam impurezas. Para o método <strong>de</strong> síntese por micro-ondas <strong>de</strong><br />
uma única etapa prepararam misturas reaccionais <strong>com</strong> a mesma <strong>com</strong>posição variando<br />
apenas o tempo <strong>de</strong> reacção (1, 5, 15, 30 ou 150 min). Os resultados estão representados<br />
22
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
na Figura 1.19a-e. Efectuaram ainda outra síntese por micro-ondas fazendo rampas <strong>de</strong><br />
temperatura <strong>de</strong> 80 a 160 ºC (Figura 1.19f).<br />
Figura 1.19 – Imagens <strong>de</strong> SEM do material MCF-23 obtido através da<br />
síntese por micro-ondas variando o tempo <strong>de</strong> reacção: (a) 1 min, (b) 5 min,<br />
(c) 10 min, (d) 30 min, (e) 150 min a 160 °C, e efectuando rampas <strong>de</strong><br />
temperatura (f). Reproduzida a partir da referência 64.<br />
Na Figura 1.19 é possível observar que a reacção por micro-ondas a 160 ºC<br />
durante 1 min origina cristais <strong>com</strong> tamanhos à volta <strong>de</strong> 2 µm, não havendo crescimento<br />
cristalino significativo quando se aumenta o tempo <strong>de</strong> reacção até 30 min. O resultado<br />
da reacção quando se aumenta o tempo para 150 min é a formação <strong>de</strong> cristais <strong>de</strong><br />
tamanho claramente superiores. A reacção por micro-ondas em que se efectuaram<br />
rampas <strong>de</strong> temperatura originou cristais <strong>com</strong> uma média <strong>de</strong> tamanhos <strong>de</strong> 50 µm,<br />
po<strong>de</strong>ndo alguns ter 0.2 mm. Assim sendo, o método <strong>de</strong> síntese por micro-ondas através<br />
da variação do tempo <strong>de</strong> reacção e a utilização <strong>de</strong> rampas <strong>de</strong> temperatura mostrou ser<br />
eficaz para obtenção <strong>de</strong> material cristalino poroso <strong>de</strong> diferentes tamanhos.<br />
23
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.7. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
Na literatura é possível encontrar vários estudos que relatam a síntese <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> diferentes proprieda<strong>de</strong>s. Tem havido um aumento<br />
consi<strong>de</strong>rável nos últimos anos na síntese <strong>de</strong> estruturas, principalmente estruturas<br />
tridimensionais (MOFs), que possuem diferentes proprieda<strong>de</strong>s e várias aplicações. Com<br />
isto, salientam-se polímeros multidimensionais que são extensivamente utilizados <strong>com</strong>o<br />
sensores, em catálise, separação, adsorção e armazenamento <strong>de</strong> gases.<br />
1.7.1. Armazenamento <strong>de</strong> gases<br />
Este é um tema <strong>de</strong> relativa importância que tem <strong>de</strong>spertado a atenção <strong>de</strong> vários<br />
grupos <strong>de</strong> investigação. O hidrogénio e o metano são dois gases que po<strong>de</strong>m ser usados<br />
<strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis em veículos automóveis. Infelizmente, um armazenamento pouco<br />
eficiente <strong>de</strong>stes é uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem para que possam ser usados para este fim. 65<br />
É extremamente importante armazenar o hidrogénio e o metano à temperatura ambiente<br />
e a pressões relativamente baixas para que estes possam ser usados nos meios <strong>de</strong><br />
transporte. Como consequência disto, tem-se observado um gran<strong>de</strong> avanço na<br />
construção <strong>de</strong> novas estruturas que possuem área superficial e porosida<strong>de</strong> elevadas para<br />
que possam ser usadas na construção <strong>de</strong> recipientes <strong>de</strong> armazenamento. 66<br />
O primeiro trabalho realizado <strong>com</strong> sucesso <strong>de</strong>monstrando a introdução <strong>de</strong> uma<br />
gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> metano num polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação foi produzido por<br />
Kitagawa em 1997, 38 o qual foi a rampa <strong>de</strong> lançamento para a procura <strong>de</strong> materiais<br />
capazes <strong>de</strong> armazenar gases.<br />
Yaghi et al. têm <strong>de</strong>senvolvido diversas estruturas porosas on<strong>de</strong> o principal<br />
objectivo passa pelo controle do tamanho do poro e a funcionalida<strong>de</strong> química. Os<br />
materiais IRMOFs (MOFs isoreticulares) foram preparados através <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />
auto-organização a partir <strong>de</strong> um protótipo (MOF-5). Estes <strong>com</strong>plexos são <strong>com</strong>postos<br />
por ligandos orgânicos, funcionalizados a partir do ácido 1,4-dicarboxílico, que estão<br />
ligados a uma unida<strong>de</strong> secundária <strong>de</strong> construção (SBUs) Zn 4 O(O 2 C-) 6 octaédrica<br />
resultando em re<strong>de</strong>s tridimensionais baseadas numa topologia cúbica primitiva (Figura<br />
1.20a). Estas estruturas foram funcionalizadas <strong>com</strong> vários grupos orgânicos tais <strong>com</strong>o –<br />
NH 2 , -Br, -OC 3 H 7 , -OC 5 H 11 , -C 2 H 4 e –C 4 H 4 e o tamanho do poro po<strong>de</strong> ser expandido<br />
<strong>com</strong> a utilização <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> vários <strong>com</strong>primentos <strong>com</strong>o bifenilo, tetra-hidropireno,<br />
24
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
pireno, e trifenilo (Figura 1.20b). Estas re<strong>de</strong>s altamente porosas possuem <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
cristalina muito baixa que ronda os 1.0-0.21 g/cm 3 e um espaço vazio <strong>de</strong> 55.8 a 91.1%<br />
do volume total. Algumas <strong>de</strong>stas estruturas possuem elevada capacida<strong>de</strong> para<br />
armazenamento <strong>de</strong> metano. 67-70<br />
Figura 1.20 – A: Estruturas mono-cristalinas <strong>de</strong> IRMOFs-n (n= 1-7, 8, 10,<br />
12, 14 e 16). B: Ligandos orgânicos, funcionalizados a partir do ácido 1,4-<br />
benzenodicarboxílico, usados para construção das estruturas monocristalinas<br />
<strong>de</strong> IRMOFs-n. Reproduzida a partir da referência 69.<br />
Vários polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação tridimensionais também têm sido sintetizados<br />
para serem aplicados em sistemas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> hidrogénio que tenham<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carregar e <strong>de</strong>scarregar gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste gás. Os resultados<br />
<strong>de</strong>stas sínteses têm-se traduzido em materiais cristalinos porosos <strong>com</strong> um amplo<br />
25
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
tamanho <strong>de</strong> partícula que varia entre a nano- e a micro-escala. Alguns dos polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação multidimensionais que possuem excelente <strong>de</strong>sempenho para<br />
armazenamento <strong>de</strong> hidrogénio <strong>de</strong>vido às suas estruturas cristalinas únicas são o MOF-<br />
5, 71 HKUST-1, 72 MIL-101 73 e MOF-74 (Figura 1.21). 74<br />
O MOF-5 e o MOF-74 foram <strong>de</strong>senvolvidos por Yaghi e seus colaboradores. O<br />
primeiro surge <strong>com</strong>o resultado da reacção <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> ácido 1,4-<br />
benzenodicarboxílico, uma solução <strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong> zinco(II) em DMF. O MOF-74 foi<br />
criado a partir <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> ácido 2,5-dihidroxi-1,4-benzenodicarboxílico e nitrato<br />
67, 71<br />
<strong>de</strong> zinco tetra-hidratado em DMF.<br />
O HKUST-1 sintetizado por Chui et al. é um MOF altamente poroso <strong>com</strong> a<br />
fórmula [Cu 3 (TMA) 2 (H 2 O) 3 ] n (on<strong>de</strong> TMA é 1,3,5-benzenotricarboxilato) que <strong>de</strong>riva <strong>de</strong><br />
18, 72<br />
um meio reaccional <strong>com</strong> água/metanol a 180 ºC.<br />
O MIL-101, estrutura que possui poros gigantes, foi obtido pelo grupo <strong>de</strong> Férey<br />
que usou ácido 1,4-benzenodicarboxílico <strong>com</strong>o ligando orgânico e crómio (III) <strong>com</strong>o<br />
centro metálico. 73<br />
Figura 1.21 – Estruturas cristalinas dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
tridimensionais: (a) MOF-5, (b) HKUST-1, (c) MIL-101 e (d) MOF-74.<br />
Fonte: reproduzida a partir <strong>de</strong> 18.<br />
26
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.7.2. Catálise<br />
A utilização <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação nesta área foi inicialmente colocada<br />
em causa <strong>de</strong>vido à sua relativa instabilida<strong>de</strong> térmica e hidrolítica quando <strong>com</strong>parados<br />
aos zeólitos e aos custos envolvidos na síntese <strong>de</strong>stes materiais. Apesar disso, o<br />
interesse dos investigadores pelos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação para aplicação em catálise<br />
tem aumentado nos últimos tempos, <strong>de</strong>vendo-se a algumas vantagens que estes<br />
possuem: i) controle do estado <strong>de</strong> oxidação do catião, ii) possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes po<strong>de</strong>rem<br />
ser funcionalizados pós-síntese, iii) simplicida<strong>de</strong> no controle da textura (tamanho do<br />
poro e forma), iv) múltiplos centros metálicos activos disponíveis <strong>de</strong>ntro da molécula e<br />
59, 75, 76<br />
v) modo <strong>com</strong>o as re<strong>de</strong>s quirais enantiomericamente-puras po<strong>de</strong>m ser criadas.<br />
O primeiro trabalho científico na área da catálise usando polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação nanoporosos foi realizado por Fujita e seus colaboradores em 1994. 77 Este<br />
trabalho consistiu na formação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> bidimensional constituída por cádmio e<br />
4,4’-bipiridina, {[Cd(4,4’-bpy) 2 ](NO 3 ) 2 } n que foi testada para cianosililação <strong>de</strong> vários<br />
al<strong>de</strong>ídos. 78<br />
Vários polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação possuindo metais <strong>de</strong> transição têm sido<br />
utilizados <strong>com</strong> sucesso em diversos processos químicos e bioquímicos, principalmente<br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação que contêm Cu(II) <strong>de</strong>sempenham um papel fundamental<br />
<strong>com</strong>o catalisadores em muitos processos <strong>de</strong> oxidação (Figura 1.22). 79-82<br />
Figura 1.22 – Estruturas <strong>de</strong> dois polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação usados em<br />
catálise: (A) - [Cu(sdp)(phen)·Cu(Hsdp)(phen)(CH 3 COO)]·3EtOH;<br />
(B) - {[Cd(4,4’-bpy) 2 (H 2 O) 2 ](NO 3 ) 2·4H 2 O} n . Reproduzida a partir das<br />
referências 81 e 82.<br />
27
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
1.7.3. Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação luminescentes usados <strong>com</strong>o sensores ópticos<br />
Tendo-se verificado um elevado interesse em polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
tridimensionais <strong>com</strong> proprieda<strong>de</strong>s ópticas <strong>de</strong>vido à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificação da sua<br />
estrutura e a capacida<strong>de</strong> que possuem para incorporar uma variada gama <strong>de</strong> cromóforos<br />
metálicos e ligandos <strong>de</strong> natureza orgânica. Na literatura é possível encontrar vários<br />
estudos <strong>com</strong> diferentes estruturas tipicamente porosas <strong>com</strong> <strong>com</strong>portamento<br />
luminescente contendo ligandos orgânicos e metais <strong>de</strong> transição ou lantaní<strong>de</strong>os <strong>com</strong>o<br />
16, 83, 84<br />
centro metálico.<br />
A luminescência observada nos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação é, normalmente,<br />
<strong>de</strong>vida à formação do <strong>com</strong>plexo metal-ligando on<strong>de</strong> estão envolvidos alguns fenómenos<br />
<strong>com</strong>o transferência <strong>de</strong> carga do ligando para o metal (LMCT “ligand-to-metal charge<br />
transfer”), transferência <strong>de</strong> carga do metal para o ligando (MLCT “metal-to-ligand<br />
charge transfer”) ou efeito antena. 85<br />
São vários os metais <strong>de</strong> transição que têm sido usados <strong>com</strong>o centros metálicos na<br />
construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> proprieda<strong>de</strong>s luminescentes. Contudo, é<br />
muito <strong>com</strong>um encontrar estruturas que contêm zinco(II) e cádmio(II) exibindo<br />
fluorescência violeta 86 ou azul 87 forte. Um exemplo <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
usando Zn(II) e Cd(II) encontra-se no estudo realizado por Fang et al. 88 que sintetizaram<br />
duas estruturas tridimensionais porosas, Zn 3 (BTC) 2 (DMF) 3 (H 2 O)·(DMF)(H 2 O) e<br />
Cd 4 (BTC) 3 (DMF) 2 (H 2 O) 2·6H 2 O (on<strong>de</strong> H 3 BTC = ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico), em<br />
que os picos <strong>de</strong> excitação mais fortes <strong>de</strong> ambos os <strong>com</strong>postos ocorrem a 341 e 319 nm e<br />
os <strong>de</strong> emissão são a 410 e 405 nm, respectivamente (Figura 1.23).<br />
Figura 1.23 – Estruturas dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação tridimensionais:<br />
(A) Zn 3 (BTC) 2 (DMF) 3 (H 2 O)·(DMF)(H 2 O), (B) Cd 4 (BTC) 3 (DMF) 2 (H 2 O) 2·6H 2 O.<br />
Reproduzida a partir da referência 88.<br />
28
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
Estruturas que possuem lantaní<strong>de</strong>os também apresentam proprieda<strong>de</strong>s<br />
luminescentes interessantes. Férey et al. obtiveram uma estrutura tridimensional, MIL-<br />
78 (Y, Eu) ou Y 1-x Eu x ((C 6 H 3 )-(CO 2 ) 3 ), que foi sintetizada em condições hidrotérmica<br />
usando ácido 1,3,5-benzenotricarboxílico e nitrato <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>o (Y, Ln (Eu, Tb e Dy))<br />
hidratado. Quando submetida a irradiação UV, a estrutura MIL-78, dopada <strong>com</strong><br />
diferentes lantaní<strong>de</strong>os, mostrou uma emissão vermelha, ver<strong>de</strong> e azul muito eficiente<br />
<strong>de</strong>vido à presença dos centros emissores dopantes Eu 3+ , Tb 3+ e Dy 3+ (Figura 1.24). 89<br />
Figura 1.24 – Imagem <strong>de</strong> MIL-78 submetida a irradiação UV 252 nm (Ln= Eu<br />
(vermelho), Tb (ver<strong>de</strong>) e Dy (azul)). Reproduzida a partir da referência 89.<br />
1.8. Objectivos <strong>de</strong>ste trabalho<br />
A presente dissertação <strong>de</strong> mestrado teve dois objectivos principais:<br />
(i) Síntese <strong>de</strong> novos ligandos orgânicos para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação: na primeira parte do trabalho proce<strong>de</strong>mos à optimização <strong>de</strong> diferentes<br />
métodos <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados da 2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina (TCT) que possam ser<br />
usados futuramente <strong>com</strong> lantaní<strong>de</strong>os para a construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
multidimensionais. As reacções <strong>de</strong> síntese das moléculas orgânicas têm início em<br />
misturas <strong>de</strong> TCT <strong>com</strong> glicinato <strong>de</strong> metilo em condições reaccionais apropriadas (tempo<br />
<strong>de</strong> reacção, temperatura, solvente, etc). Os <strong>com</strong>postos obtidos serão separados,<br />
purificados e <strong>de</strong>vidamente caracterizados por diversas técnicas, tais <strong>com</strong>o: RMN <strong>de</strong> 1 H<br />
e 13 C, espectrometria <strong>de</strong> massa e espectroscopia <strong>de</strong> infra-vermelho. As estruturas dos<br />
<strong>com</strong>postos serão resolvidas por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal.<br />
(ii) Síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação: na segunda parte do trabalho iremos<br />
utilizar métodos <strong>de</strong> síntese hidrotérmica para obter estruturas multidimensionais <strong>de</strong><br />
forma pura e em quantida<strong>de</strong>s significativas. Os polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação obtidos serão<br />
caracterizados por métodos <strong>de</strong> estado sólido (difracção <strong>de</strong> raios-X, espectroscopia<br />
29
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
vibracional, análises termogravimétricas, análise elementar) <strong>com</strong> o objectivo <strong>de</strong><br />
investigar os <strong>de</strong>talhes estruturais dos materiais sintetizados. Por fim, estes materiais<br />
serão objecto <strong>de</strong> estudo no que diz respeito às suas proprieda<strong>de</strong>s fotoluminescentes.<br />
1.9. Bibliografia<br />
1. J. M. Lehn, Supramolecular Chemistry - Concepts and Perspectives, VCH,<br />
1995.<br />
2. U. Müeller, M. Schubert, F. Teich, H. Puetter, K. Schierle-Arndt and J. Pastre, J.<br />
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3. C. Biondi, M. Bonamico, L. Torelli and A. Vaciago, Chem. Commun., 1965,<br />
191-&.<br />
4. B. F. Hoskins and R. Robson, J. Am. Chem. Soc., 1990, 112, 1546-1554.<br />
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7. K. Biradha, A. Ramana and J. J. Vittal, Cryst. Growth Des., 2009, 9, 2969-2970.<br />
8. J. L. C. Rowsell and O. M. Yaghi, Microporous Mesoporous Mat., 2004, 73, 3-<br />
14.<br />
9. S. L. James, Chem. Soc. Rev., 2003, 32, 276-288.<br />
10. M. Tafipolsky and R. Schmid, J. Phys. Chem. B, 2009, 113, 1341-1352.<br />
11. S. Keskin and D. S. Sholl, Ind. Eng. Chem. Res., 2009, 48, 914-922.<br />
12. C. A. Black, J. S. Costa, W. T. Fu, C. Massera, O. Roubeau, S. J. Teat, G.<br />
Aromi, P. Gamez and J. Reedijk, Inorg. Chem., 2009, 48, 1062-1068.<br />
13. A. Y. Robin and K. M. Fromm, Coord. Chem. Rev., 2006, 250, 2127-2157.<br />
14. V. Valtchev, S. Mintova and M. Tsapatsis, O<strong>de</strong>red Porous Solids - Recent<br />
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15. S. Noro, S. Kitagawa, T. Akutagawa and T. Nakamura, Prog. Polym. Sci., 2009,<br />
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16. C. L. Cahill, D. T. <strong>de</strong> Lill and M. Frisch, Crysteng<strong>com</strong>m, 2007, 9, 15-26.<br />
17. F. G. D. Braga, Making Crystals by Design - Methods, Techniques and<br />
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18. B. Xiao and Q. C. Yuan, Particuology, 2009, 7, 129-140.<br />
19. M. Plabst and T. Bein, Inorg. Chem., 2009, 48, 4331-4341.<br />
20. D. J. Tranchemontagne, J. R. Hunt and O. M. Yaghi, Tetrahedron, 2008, 64,<br />
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21. P. Mahata, K. V. Ramya and S. Natarajan, Chem.-Eur. J., 2008, 14, 5839-5850.<br />
22. R. K. Feller and A. K. Cheetham, Dalton Trans., 2008, 2034-2042.<br />
23. F. A. A. Paz, J. Rocha, J. Klinowski, T. Trinda<strong>de</strong>, F. N. Shi and L. Mafra,<br />
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25. R. Ganguly, B. Sreenivasulu and J. J. Vittal, Coord. Chem. Rev., 2008, 252,<br />
1027-1050.<br />
26. K. Biradha, M. Sarkar and L. Rajput, Chem. Commun., 2006, 4169-4179.<br />
30
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
27. Z. Q. Li, L. G. Qiu, T. Xu, Y. Wu, W. Wang, Z. Y. Wu and X. Jiang, Mater.<br />
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28. X. M. Zhang, Coord. Chem. Rev., 2005, 249, 1201-1219.<br />
29. L. G. Qiu, A. J. Xie and L. D. Zhang, Adv. Mater., 2005, 17, 689-692.<br />
30. X. Y. Chen, B. Zhao, W. Shi, J. Xia, P. Cheng, D. Z. Liao, S. P. Yan and Z. H.<br />
Jiang, Chem. Mat., 2005, 17, 2866-2874.<br />
31. G. A. Farnum, M. R. Montney, R. M. Supkowski and R. L. LaDuca, Z. Anorg.<br />
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33. J. Y. Lu, M. A. Lawandy, J. Li, T. Yuen and C. L. Lin, Inorg. Chem., 1999, 38,<br />
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34. P. M. Förster, P. M. Thomas and A. K. Cheetham, Chem. Mat., 2002, 14, 17-20.<br />
35. A. Banerjee, P. Mahata and S. Natarajan, Eur. J. Inorg. Chem., 2008, 3501-<br />
3514.<br />
36. L. Liu, D. S. Wragg, H. Y. Zhang, Y. Kong, P. J. Byrne, T. J. Prior, J. E.<br />
Warren, Z. J. Lin, J. X. Dong and R. E. Morris, Dalton Trans., 2009, 6715-6718.<br />
37. F. N. Shi, T. Trinda<strong>de</strong>, J. Rocha and F. A. A. Paz, Cryst. Growth Des., 2008, 8,<br />
3917-3920.<br />
38. G. Férey, Chem. Soc. Rev., 2008, 37, 191-214.<br />
39. A. L. Garay, A. Pichon and S. L. James, Chem. Soc. Rev., 2007, 36, 846-855.<br />
40. A. Pichon, A. Lazuen-Garay and S. L. James, Crysteng<strong>com</strong>m, 2006, 8, 211-214.<br />
41. D. Braga, S. L. Giaffreda, F. Grepioni, A. Pettersen, L. Maini, M. Curzi and M.<br />
Polito, Dalton Trans., 2006, 1249-1263.<br />
42. J. T. Li, Y. S. Ma, S. G. Li, D. K. Cao, Y. Z. Li, Y. Song and L. M. Zheng,<br />
Dalton Trans., 2009, 5029-5034.<br />
43. P. Amo-Ochoa, G. Givaja, P. J. S. Miguel, O. Castillo and F. Zamora, Inorg.<br />
Chem. Commun., 2007, 10, 921-924.<br />
44. Z. Ni and R. I. Masel, J. Am. Chem. Soc., 2006, 128, 12394-12395.<br />
45. S. H. Jhung, J. H. Lee, P. M. Forster, G. Férey, A. K. Cheetham and J. S. Chang,<br />
Chem.-Eur. J., 2006, 12, 7899-7905.<br />
46. Z. J. Lin, D. S. Wragg and R. E. Morris, Chem. Commun., 2006, 2021-2023.<br />
47. S. H. Jhung, J. H. Lee, J. W. Yoon, C. Serre, G. Férey and J. S. Chang, Adv.<br />
Mater., 2007, 19, 121-124.<br />
48. Q. F. Yang, X. B. Cui, J. H. Yu, J. Lu, X. Y. Yu, X. Zhang, J. Q. Xu, Q. Hou<br />
and T. G. Wang, Crysteng<strong>com</strong>m, 2008, 10, 1531-1538.<br />
49. H. Zhao, Z. R. Qu, H. Y. Ye and R. G. Xiong, Chem. Soc. Rev., 2008, 37, 84-<br />
100.<br />
50. X. M. Chen and M. L. Tong, Accounts Chem. Res., 2007, 40, 162-170.<br />
51. J. K. Cheng, Y. G. Yao, J. Zhang, Z. J. Li, Z. W. Cai, X. Y. Zhang, Z. N. Chen,<br />
Y. B. Chen, Y. Kang, Y. Y. Qin and Y. H. Wen, J. Am. Chem. Soc., 2004, 126,<br />
7796-7797.<br />
52. K. L. Ziegelgruber, K. E. Knope, M. Frisch and C. L. Cahill, J. Solid State<br />
Chem., 2008, 181, 373-381.<br />
53. J. M. Knaust and S. W. Keller, Inorg. Chem., 2002, 41, 5650-5652.<br />
54. X. X. Hu, J. Q. Xu, P. Cheng, X. Y. Chen, X. B. Cui, J. F. Song, G. D. Yang and<br />
T. G. Wang, Inorg. Chem., 2004, 43, 2261-2266.<br />
55. O. R. Evans and W. B. Lin, Accounts Chem. Res., 2002, 35, 511-522.<br />
56. S. R. Fan and L. G. Zhu, Inorg. Chim. Acta, 2009, 362, 2962-2976.<br />
31
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
57. L. Cheng, W. X. Zhang, B. H. Ye, J. B. Lin and X. M. Chen, Eur. J. Inorg.<br />
Chem., 2007, 2668-2676.<br />
58. P. M. Förster, A. R. Burbank, C. Livage, G. Férey and A. K. Cheetham, Chem.<br />
Commun., 2004, 368-369.<br />
59. A. K. Cheetham, C. N. R. Rao and R. K. Feller, Chem. Commun., 2006, 4780-<br />
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60. N. Stock and T. Bein, J. Mater. Chem., 2005, 15, 1384-1391.<br />
61. C. Y. Sheu, S. F. Lee and K. H. Lii, Inorg. Chem., 2006, 45, 1891-1893.<br />
62. T. Devic, C. Serre, N. Au<strong>de</strong>brand, J. Marrot and G. Férey, J. Am. Chem. Soc.,<br />
2005, 127, 12788-12789.<br />
63. T. Uemura, Y. Hoshino, S. Kitagawa, K. Yoshida and S. Isoda, Chem. Mat.,<br />
2006, 18, 992-995.<br />
64. X. F. Wang, Y. B. Zhang, H. Huang, J. P. Zhang and X. M. Chen, Cryst. Growth<br />
Des., 2008, 4559-4563.<br />
65. S. Bureekaew, S. Shimomura and S. Kitagawa, Sci. Technol. Adv. Mater., 2008,<br />
9, 12.<br />
66. A. J. Fletcher, K. M. Thomas and M. J. Rosseinsky, J. Solid State Chem., 2005,<br />
178, 2491-2510.<br />
67. J. L. C. Rowsell and O. M. Yaghi, J. Am. Chem. Soc., 2006, 128, 1304-1315.<br />
68. T. Duren, L. Sarkisov, O. M. Yaghi and R. Q. Snurr, Langmuir, 2004, 20, 2683-<br />
2689.<br />
69. B. Kesanli and W. B. Lin, Coord. Chem. Rev., 2003, 246, 305-326.<br />
70. M. Eddaoudi, J. Kim, N. Rosi, D. Vodak, J. Wachter, M. O'Keeffe and O. M.<br />
Yaghi, Science, 2002, 295, 469-472.<br />
71. H. Li, M. Eddaoudi, M. O'Keeffe and O. M. Yaghi, Nature, 1999, 402, 276-279.<br />
72. S. S. Y. Chui, S. M. F. Lo, J. P. H. Charmant, A. G. Orpen and I. D. Williams,<br />
Science, 1999, 283, 1148-1150.<br />
73. M. Latroche, S. Surble, C. Serre, C. Mellot-Draznieks, P. L. Llewellyn, J. H.<br />
Lee, J. S. Chang, S. H. Jhung and G. Ferey, Angew. Chem.-Int. Edit., 2006, 45,<br />
8227-8231.<br />
74. N. L. Rosi, J. Kim, M. Eddaoudi, B. L. Chen, M. O'Keeffe and O. M. Yaghi, J.<br />
Am. Chem. Soc., 2005, 127, 1504-1518.<br />
75. B. Xiao, H. W. Hou and Y. T. Fan, J. Organomet. Chem., 2007, 692, 2014-<br />
2020.<br />
76. L. Q. Ma, C. Abney and W. B. Lin, Chem. Soc. Rev., 2009, 38, 1248-1256.<br />
77. P. M. Forster and A. K. Cheetham, Topics in Catalysis, 2002, 24, 79-86.<br />
78. M. Fujita, Y. J. Kwon, S. Washizu and K. Ogura, J. Am. Chem. Soc., 1994, 116,<br />
1151-1152.<br />
79. A. Schiller, R. Scopelliti, M. Benmelouka and K. Severin, Inorg. Chem., 2005,<br />
44, 6482-6492.<br />
80. A. N. Parvulescu, G. Marin, K. Suwinska, V. C. Kravtsov, M. Andruh, V.<br />
Parvulescu and V. I. Parvulescu, J. Mater. Chem., 2005, 15, 4234-4240.<br />
81. O. Ohmori and M. Fujita, Chem. Commun., 2004, 1586-1587.<br />
82. M. Miyazawa, Y. Irie, K. Kashimoto, N. Nishina, M. Kondo, S. Yasue, K.<br />
Maeda and F. Uchida, Inorg. Chem. Commun., 2009, 12, 336-339.<br />
83. M. P. Suh, Y. E. Cheon and E. Y. Lee, Coord. Chem. Rev., 2008, 252, 1007-<br />
1026.<br />
84. D. Maspoch, D. Ruiz-Molina and J. Veciana, Chem. Soc. Rev., 2007, 36, 770-<br />
818.<br />
32
O que são e qual a aplicabilida<strong>de</strong> dos Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação?<br />
85. M. D. Allendorf, C. A. Bauer, R. K. Bhakta and R. J. T. Houk, Chem. Soc. Rev.,<br />
2009, 38, 1330-1352.<br />
86. Y. F. Zhou, B. Y. Lou, D. Q. Yuan, Y. Q. Xu, F. L. Jiang and M. C. Hong,<br />
Inorg. Chim. Acta, 2005, 358, 3057-3064.<br />
87. B. Ding, L. Yi, Y. Wang, P. Cheng, D. Z. Liao, S. P. Yan, Z. H. Jiang, H. B.<br />
Song and H. G. Wang, Dalton Trans., 2006, 665-675.<br />
88. Q. R. Fang, G. S. Zhu, M. Xue, J. Y. Sun, F. X. Sun and S. L. Qiu, Inorg.<br />
Chem., 2006, 45, 3582-3587.<br />
89. C. Serre, F. Millange, C. Thouvenot, N. Gardant, F. Pelle and G. Ferey, J.<br />
Mater. Chem., 2004, 14, 1540-1543.<br />
33
Capítulo 2<br />
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong><br />
Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.1. Introdução …………………………………………………………………...<br />
2.1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais ………………………………………………………<br />
2.1.2. Versatilida<strong>de</strong> e reactivida<strong>de</strong> da 2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina …………….<br />
2.1.3. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos <strong>de</strong>rivados da 2,4,6-triclo-1,3,5-triazina ….<br />
2.2. Síntese <strong>de</strong> novas moléculas orgânicos por reacção da TCT <strong>com</strong> glicinato<br />
<strong>de</strong> metilo ………………………………………………………………………….<br />
2.2.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4 …………………………………..<br />
2.2.2. Descrição cristalográfica dos <strong>com</strong>postos 1, 2, 3, 4 ………………………..<br />
2.2.2.1. Sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (1) ………………<br />
2.2.2.2. 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) …..<br />
2.2.2.3. 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (3) ….<br />
2.2.2.4. 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4) ………..<br />
2.3. Optimização da síntese dos <strong>com</strong>postos 2 e 3 ………………………………<br />
2.3.1. Optimização da síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-<br />
1,3,5-triazina (2) ………………………………………………………………….<br />
2.3.2. Optimização da síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-<br />
1,3,5-triazina (3) ………………………………………………………………….<br />
2.4. Hidrólise do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina<br />
2.4.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 5 e 6 ……………………………………….<br />
2.4.2. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 6 …………………………………..<br />
2.5. Conclusões …………………………………………………………………...<br />
2.6. Parte experimental ………………………………………………………….<br />
2.6.1. Reagentes, Solventes e Equipamento ……………………………………...<br />
2.6.2. Síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) ….<br />
2.6.3. Síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (3) .<br />
36<br />
36<br />
37<br />
38<br />
39<br />
41<br />
43<br />
43<br />
46<br />
48<br />
52<br />
56<br />
56<br />
57<br />
57<br />
58<br />
60<br />
64<br />
64<br />
64<br />
65<br />
65
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.6.4. Síntese do 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4) ……….<br />
2.6.5. Hidrólises básica e ácida <strong>de</strong> 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-<br />
1,3,5-triazina ……………………………………………………………………...<br />
2.7. Bibliografia …………………………………………………………………..<br />
66<br />
66<br />
67<br />
35
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.1. Introdução<br />
2.1.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />
Inúmeras famílias <strong>de</strong> moléculas orgânicas têm sido utilizadas na construção <strong>de</strong><br />
novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação multi-dimensionais. Os ligandos orgânicos usados<br />
<strong>com</strong>o unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção po<strong>de</strong>m ser obtidos <strong>com</strong>ercialmente (origem<br />
mais <strong>com</strong>um) ou recorrendo à sua <strong>de</strong>rivatização ou mesmo síntese. Exemplo disso são<br />
os <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> triazina que apesar das suas já variadíssimas aplicações continuam a<br />
<strong>de</strong>spertar um elevado interesse na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> científica. As diferentes disposições dos<br />
seus três átomos <strong>de</strong> azoto no anel aromático originam 3 formas isoméricas distintas<br />
(Figura 2.1). Essa versatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> núcleos que a molécula da triazina apresenta explica<br />
em parte o interesse <strong>de</strong>sta série <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos em variadíssimas áreas científicas,<br />
nomeadamente na preparação <strong>de</strong> materiais funcionais. 1<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
1,2,3-Triazina 1,2,4-Triazina 1,3,5-Triazina<br />
Figura 2.1 – Formas isoméricas da triazina<br />
Das três formas isoméricas a 1,3,5-triazina é a que mais se <strong>de</strong>staca nas diversas<br />
áreas da química. É muito frequente observar na literatura <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>ste núcleo <strong>com</strong>o,<br />
por exemplo, 2,4,6-trihidroxi-1,3,5-triazina (ácido cianúrico), 2,4,6-tricloro-1,3,5-<br />
triazina (cloreto <strong>de</strong> cianúrico) e 2,4,6-triamino-1,3,5-triazina (melamina). 2 As estruturas<br />
<strong>de</strong>stes <strong>com</strong>postos encontram-se representadas na Figura 2.2.<br />
36
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
OH<br />
O<br />
N<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
H<br />
HO<br />
N<br />
i<br />
OH<br />
O<br />
N<br />
H<br />
O<br />
Cl<br />
NH 2<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
Cl<br />
N<br />
Cl<br />
H 2 N N NH 2<br />
ii<br />
iii<br />
Figura 2.2 - ácido cianúrico (i), cloreto <strong>de</strong> cianúrico (ii) e melamina (iii).<br />
Destes precursores <strong>de</strong>u-se particular atenção ao <strong>com</strong>posto 2,4,6-tricloro-1,3,5-<br />
triazina (TCT), também conhecida por cloreto cianúrico, utilizando-o na síntese <strong>de</strong><br />
novas moléculas orgânicas, algumas precursoras <strong>de</strong> ligandos para a preparação <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
2.1.2. Versatilida<strong>de</strong> e reactivida<strong>de</strong> da 2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina<br />
A reacção <strong>de</strong> síntese da TCT é conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1937, data em que foi<br />
sintetizada por Fierz-David e Matter, sendo o primeiro trabalho científico publicado<br />
<strong>com</strong> esta molécula datado <strong>de</strong> 1951. 3 Des<strong>de</strong> então, a TCT tem sido usada na síntese <strong>de</strong><br />
moléculas orgânicas <strong>de</strong>vido à sua reactivida<strong>de</strong> e relativo baixo custo. 4 Esta molécula é<br />
um precursor bastante versátil permitindo a substituição nucleofílica parcial ou total dos<br />
átomos <strong>de</strong> cloro, nomeadamente por alguns grupos funcionais tais <strong>com</strong>o aminas 5 e<br />
álcoois 6 .<br />
A reacção <strong>de</strong> substituição nucleofílica do TCT é efectuada <strong>de</strong> forma gradual<br />
dado que os cloros po<strong>de</strong>m ser substituídos um <strong>de</strong> cada vez. A reactivida<strong>de</strong> da molécula<br />
é diminuída à medida que se aumenta o número <strong>de</strong> substituintes. 7 Este processo po<strong>de</strong><br />
ser efectuado pelo controlo da temperatura da reacção visto que sendo a TCT uma<br />
molécula muito reactiva a substituição do primeiro átomo <strong>de</strong> cloro po<strong>de</strong> ocorrer<br />
facilmente a 0 ºC, ou a uma temperatura inferior. A dissubstituição po<strong>de</strong> ocorrer à<br />
temperatura ambiente e, por fim, a substituição do terceiro cloro ocorre essencialmente<br />
acima <strong>de</strong> 60 ºC (Esquema 2.1). 2, 8<br />
37
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Nu 1<br />
N<br />
N<br />
+HNu 1<br />
Cl<br />
N<br />
Cl<br />
Cl<br />
0 ºC<br />
-HCl<br />
Nu 1<br />
N<br />
N<br />
+ HNu 2 , T. amb.<br />
N<br />
N<br />
- HCl<br />
Cl<br />
N<br />
Cl<br />
+HNu 3<br />
-HCl<br />
60ºC<br />
Nu 2<br />
N<br />
Nu 1<br />
Cl<br />
N<br />
N<br />
HNu 1 , HNu 2 , HNu 3 = N, O, P, S (nucleófilos)<br />
Nu 2 N Nu 3<br />
Esquema 2.1 – Esquema reaccional ilustrando a reactivida<strong>de</strong> diferencial da<br />
TCT.<br />
A reacção <strong>de</strong> substituição nucleofílica do TCT po<strong>de</strong> ser efectuada usando apenas<br />
um grupo substituinte, mas também po<strong>de</strong>m utilizar-se moléculas substituintes<br />
diferentes, ou seja, HNu 1 ≠HNu 2 ≠HNu 3 . 9-11<br />
A reactivida<strong>de</strong> da TCT tem sido explorada em reacções <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> diversas<br />
1,3,5-triazinas contendo diferentes substituintes. Os rendimentos das reacções <strong>de</strong><br />
substituição são na generalida<strong>de</strong> elevados, po<strong>de</strong>ndo ser superiores a 95% em cada<br />
8, 12, 13<br />
substituição.<br />
2.1.3. Proprieda<strong>de</strong>s e aplicações dos <strong>de</strong>rivados da 2,4,6-triclo-1,3,5-triazina<br />
Pesquisas na literatura <strong>de</strong>monstram a existência <strong>de</strong> um vasto número <strong>de</strong><br />
<strong>com</strong>postos <strong>de</strong>rivados da TCT por reacções <strong>de</strong> substituição nucleofílica. Nestas reacções<br />
ocorre a <strong>com</strong>binação da TCT <strong>com</strong> moléculas possuindo diferentes grupos funcionais<br />
tais <strong>com</strong>o aminas, amidas, ácidos carboxílicos, al<strong>de</strong>ídos e outros. 2 Estes <strong>de</strong>rivados<br />
po<strong>de</strong>m, assim, <strong>de</strong>monstrar activida<strong>de</strong> biológica (anti-bacteriana, anti-fúngica, antitumoral<br />
e antiviral), óptica (luminescência), electroquímica, eléctrica e magnética. 14-18<br />
Estas proprieda<strong>de</strong>s conferem aos <strong>de</strong>rivados da TCT aplicabilida<strong>de</strong> em diversas áreas.<br />
Por exemplo, a atrazina é utilizada na agricultura <strong>com</strong>o herbicida. 19 Na medicina são<br />
usados <strong>com</strong>o agentes anti-tumorais. 20, 21 Complexos formados por <strong>de</strong>rivados da TCT<br />
38
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>com</strong> paládio (Pd) encontram aplicações <strong>com</strong>o catalisadores. 22 Os <strong>de</strong>rivados da TCT são<br />
também usados na química <strong>de</strong> materiais <strong>com</strong>o unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção produzindo<br />
novos materiais <strong>com</strong> proprieda<strong>de</strong>s únicas <strong>com</strong>o, por exemplo, magnetismo. 23<br />
Neste capítulo apresentam-se alguns métodos <strong>de</strong> síntese envolvendo a reacção<br />
da TCT <strong>com</strong> um sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo <strong>com</strong> o objectivo <strong>de</strong><br />
preparar novos <strong>de</strong>rivados. Estes foram obtidos por substituição nucleofílica e<br />
purificados por cromatografia e cristalização. Todos os <strong>com</strong>postos foram caracterizados<br />
por técnicas espectroscópicas tais <strong>com</strong>o RMN <strong>de</strong> 1 H e 13 C, EM e IV, e as suas estruturas<br />
resolvidas por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal. Os <strong>de</strong>rivados do TCT foram<br />
posteriormente utilizados em reacções <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> lantaní<strong>de</strong>os para a formação<br />
<strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
2.2. Síntese <strong>de</strong> novas moléculas orgânicos por reacção da TCT <strong>com</strong><br />
glicinato <strong>de</strong> metilo<br />
Tendo <strong>com</strong>o principal objectivo a síntese <strong>de</strong> novos ligandos orgânicos para<br />
posterior utilização em sínteses hidrotérmicas <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> vários<br />
lantaní<strong>de</strong>os, i<strong>de</strong>alizaram-se <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> glicina ligados a unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> triazina. O<br />
<strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> aminoácido seleccionado para as sínteses foi o glicinato <strong>de</strong> metilo, dando<br />
origem a <strong>com</strong>postos menos polares que no caso <strong>de</strong> empregar directamente glicina. Este<br />
facto facilita não só o controlo das reacções por TLC <strong>com</strong>o também a separação dos<br />
<strong>de</strong>rivados em cromatografia <strong>de</strong> coluna <strong>de</strong> sílica.<br />
O trabalho teve assim início numa mistura <strong>de</strong> TCT e sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do<br />
glicinato <strong>de</strong> metilo numa razão estequiométrica <strong>de</strong> 1:3 e K 2 CO 3 . A mistura reaccional<br />
foi <strong>de</strong>ixada em tolueno seco a refluxo durante aproximadamente 24h (Esquema 2.2). A<br />
reacção foi a<strong>com</strong>panhada por TLC tendo-se dado por terminada após a formação <strong>de</strong><br />
vários produtos. Terminada a reacção, proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>stilação, a pressão reduzida, do<br />
tolueno até à secura. De seguida, efectuou-se a separação dos <strong>com</strong>postos por<br />
cromatografia rápida <strong>de</strong> coluna utilizando-se sílica <strong>com</strong>o fase estacionária e<br />
diclorometano <strong>com</strong> percentagens crescentes <strong>de</strong> metanol <strong>com</strong>o eluente. Após separação,<br />
os <strong>com</strong>postos foram sujeitos a cristalização em diclorometano/metanol para incrementar<br />
o seu grau <strong>de</strong> pureza.<br />
39
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Nota: Esta reacção exigiu alguns cuidados, nomeadamente, manter o sistema anidro,<br />
pois a TCT é uma molécula bastante reactiva que <strong>com</strong> a presença <strong>de</strong> água, à temperatura<br />
ambiente, po<strong>de</strong> substituir facilmente o primeiro cloro por um grupo hidroxilo. Assim<br />
sendo, em primeiro lugar pesou-se para um balão o sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato<br />
<strong>de</strong> metilo e carbonato <strong>de</strong> potássio, adicionando-se logo <strong>de</strong> seguida tolueno seco.<br />
Colocou-se o balão num banho <strong>de</strong> gelo sob agitação e adicionou-se a TCT, on<strong>de</strong><br />
permaneceu durante alguns minutos. Retirou-se posteriormente o balão do gelo e<br />
<strong>de</strong>ixou-se a reacção ocorrer a refluxo até se dar <strong>com</strong>o terminada.<br />
Cl<br />
Cl<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
OMe<br />
O 2<br />
Cl<br />
Cl - +<br />
H 3 N<br />
N<br />
Cl<br />
N<br />
+<br />
O<br />
1<br />
N<br />
Cl<br />
OMe<br />
K 2 CO 3<br />
Tolueno<br />
120 ºC, 24h<br />
MeO<br />
MeO<br />
O<br />
O<br />
N<br />
H<br />
MeO<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
Cl<br />
N<br />
O<br />
NH<br />
N<br />
N<br />
N<br />
N<br />
H<br />
N<br />
H<br />
OMe<br />
O 3<br />
OMe<br />
O 4<br />
Esquema 2.2 – Representação esquemática da reacção do TCT <strong>com</strong><br />
glicinato <strong>de</strong> metilo para obtenção dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4.<br />
No final do processo os três <strong>com</strong>postos possuíram diferentes rendimentos<br />
reaccionais, tendo o <strong>com</strong>posto 2 apresentado o rendimento mais baixo, 7%. O <strong>com</strong>posto<br />
3 obteve-se <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 16% e, por fim, o <strong>com</strong>posto 4 apresentou um<br />
rendimento reaccional <strong>de</strong> 27%.<br />
40
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.2.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4<br />
Os <strong>com</strong>postos isolados foram caracterizados usando diversas técnicas<br />
espectroscópicas, nomeadamente RMN <strong>de</strong> 1 H e 13 C, EM e IV, e por difracção <strong>de</strong> raios-<br />
X <strong>de</strong> mono-cristal.<br />
Grupo<br />
Tabela 2.1 – Dados obtidos a partir dos espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H para os<br />
<strong>com</strong>postos 2, 3 e 4<br />
Composto 2 Composto 3 Composto 4<br />
Sinal δ (ppm) Sinal δ (ppm) Sinal δ (ppm)<br />
OCH 3 s 3.83 2s 3.79 e 3.80 s 3.45<br />
CH 2 d 4.27 2d 3.98 e 4.08 m 3.74-3.86<br />
NH s largo 6.35 2m<br />
7.36-7.43 e<br />
7.61-7.65<br />
m 5.64-5.81<br />
Através da análise dos espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H (ver Apêndice A) dos diferentes<br />
<strong>com</strong>postos é possível observar na zona alifática dois sinais diferentes: um em forma <strong>de</strong><br />
singuleto a δ 3.83, 3.79 e 3.80 e 3.45 ppm para 2, 3 e 4, respectivamente, atribuindo-se<br />
este sinal à ressonância dos protões do grupo metoxílo; o outro sinal surge na forma <strong>de</strong><br />
um dupleto (J = 2.7 Hz) a δ 4.27 ppm para 2, dois dupletos (J= 3.0 Hz) a δ 3.98 e 4.08<br />
ppm para 3, e um multipleto a δ 3.74-3.86 ppm para 4, correspon<strong>de</strong>ndo à ressonância<br />
dos protões CH 2 . Na zona aromática aparece um singuleto largo a δ 6.35 ppm, dois<br />
multipletos <strong>com</strong> δ 7.36-7.43 e 7.61-7.65 ppm e um multipleto a δ 5.64-5.81 ppm para 2,<br />
3 e 4, respectivamente, que correspon<strong>de</strong>m aos protões NH.<br />
Os espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C dos vários produtos (ver Apêndice A) registaram<br />
todos os sinais dos diferentes carbonos. O <strong>com</strong>posto 2 apresenta seis sinais atribuídos da<br />
seguinte forma: a δ 42.8 ppm i<strong>de</strong>ntifica a presença do CH 2 , a δ 52.8 ppm confirma a<br />
presença do OCH 3 , a δ 165.8 ppm encontra-se o sinal referente ao C-NH, dois sinais a δ<br />
168.9 e 170.2 ppm i<strong>de</strong>ntificam os dois C-Cl e a δ 171.1 ppm aparece o sinal que diz<br />
respeitante ao grupo CO 2 Me. Para 3: dois sinais a δ 41.7 e 42.0 ppm que correspon<strong>de</strong>m<br />
aos grupos CH 2 existentes na molécula, a δ 51.3 e 51.4 ppm estão presentes dois sinais<br />
que i<strong>de</strong>ntificam os grupos OCH 3 , a δ 165.4 e 165.5 ppm aparecem os C-NH, a δ 168.0<br />
ppm aparece um sinal proveniente do grupo C-Cl e a δ 169.7 e 169.8 ppm surgem dois<br />
grupos CO 2 Me. Para o <strong>com</strong>posto 4 apenas se observam quatro sinais, confirmando uma<br />
maior simetria da molécula. A δ 41.9 surgem os grupos CH 2 , a δ 51.4 ppm surge o sinal<br />
41
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
dos grupos OCH 3 , a δ 165.3 ppm aparecem os grupos C-NH e por fim o sinal a δ 170.7<br />
ppm é representativo dos grupos CO 2 Me.<br />
Para confirmar as estruturas dos <strong>com</strong>postos foram ainda realizados espectros <strong>de</strong><br />
massa (ver Apêndice A) em TOF MS ES + , tendo estes apresentado razões m/z <strong>de</strong> 237.0,<br />
290.1 e 343.1 para 2, 3 e 4 respectivamente, correspon<strong>de</strong>ndo estes valores aos iões<br />
moleculares (M+H) + .<br />
Outra técnica espectroscópica utilizada foi o FT-IV e a partir da análise dos<br />
espectros obtidos (ver Apêndice A) é possível i<strong>de</strong>ntificar que 2, 3 e 4 exibem bandas<br />
típicas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média a 3264, 3260 e 3347 cm -1 , respectivamente, que<br />
correspon<strong>de</strong>m à vibração ν(N—H) da amina secundária. As bandas a 2961, 2967 e 2957<br />
cm -1 <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média correspon<strong>de</strong>m à vibração ν assim (—CH 3 ) do grupo CH 3 ,<br />
vibração esta que está associada ao estiramento assimétrico da ligação C-H. A vibração<br />
ν(C=O) do grupo éster <strong>com</strong> bandas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> muito forte dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4<br />
aparecem a 1751, 1745 e 1725 cm -1 , respectivamente. No que diz respeito às vibrações<br />
no anel, os <strong>com</strong>postos 2 e 4 apresentam bandas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> forte a 1524 e 1549 cm -1<br />
e a 1493 e 1515 cm -1 , possuindo ainda uma banda <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> igualmente forte a 841<br />
e 814 cm -1 , respectivamente. O <strong>com</strong>posto 3 apresenta duas bandas <strong>com</strong> intensida<strong>de</strong> forte<br />
a 1545 e 847 cm -1 . As vibrações δ(—CH 3 ) dos <strong>com</strong>postos 2, 3 e 4 surgem <strong>com</strong>o bandas<br />
<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média a 1417, 1413 e 1401 cm -1 , respectivamente, vibrações estas que<br />
estão associadas à <strong>de</strong>formação das ligações C-H. A vibração ν(C aromático —N) é<br />
observada <strong>com</strong> o aparecimento <strong>de</strong> bandas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média a 1322, 1345 e 1370 cm -<br />
1 para 2, 3 e 4, respectivamente. Analisando estes valores é <strong>de</strong> notar que o número <strong>de</strong><br />
onda aumenta à medida que aumenta o número <strong>de</strong> substituições no anel. Este facto po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ver-se à substituição por grupos substituintes mais electro-atractivos que, neste caso,<br />
é uma amina. Para finalizar foram ainda i<strong>de</strong>ntificadas, para cada <strong>com</strong>posto, duas bandas<br />
<strong>com</strong> intensida<strong>de</strong>s fortes que se referem às vibrações C—O—C: para 2, 3 e 4, ν assim (C—<br />
O—C) aparece a 1205, 1212 e 1206 cm -1 , e ν sim (C—O—C) a 1134, 1131 e 1138 cm -1 ,<br />
respectivamente. 24<br />
42
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.2.2. Descrição cristalográfica dos <strong>com</strong>postos 1, 2, 3, 4<br />
2.2.2.1. Sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (1) 25<br />
Um sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo foi dissolvido numa mistura <strong>de</strong><br />
clorofórmio/metanol numa razão <strong>de</strong> 1:1 (v/v). A mistura reaccional foi mantida à<br />
temperatura ambiente enquanto se dava a evaporação lenta dos solventes e respectiva<br />
formação <strong>de</strong> mono-cristais do <strong>com</strong>posto 1 (Figura 2.3).<br />
Figura 2.3 – Fotografia óptica do <strong>com</strong>posto 1 (micro-)cristalino. A imagem<br />
no canto superior direito mostra o mono-cristal que foi usado para colectar<br />
os dados cristalográficos, enfatizando a morfologia (agulhas finas) e o<br />
pequeno tamanho <strong>de</strong> cristal. A fotografia óptica foi captada por um<br />
estereomicroscópio Stemi 2000 <strong>com</strong> lentes Carl Zeiss e uma câmara digital<br />
<strong>de</strong> alta resolução AxioCam MRc5 ligada a um <strong>com</strong>putador.<br />
A unida<strong>de</strong> assimétrica <strong>de</strong> 1 é <strong>com</strong>posta por uma molécula catiónica <strong>de</strong> glicinato<br />
<strong>de</strong> metilo esterificado e um anião cloreto, tal <strong>com</strong>o representado na Figura 2.4. Na<br />
estrutura cristalina, os três grupos N—H cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes estão<br />
envolvidos em ligações <strong>de</strong> hidrogénio fortes e bastante direccionais [
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.4 – Unida<strong>de</strong> assimétrica do sal <strong>de</strong> glicinato <strong>de</strong> metilo <strong>com</strong> HCl. Os<br />
átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio, estão representados na forma <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s<br />
térmicos <strong>de</strong>senhados <strong>com</strong> um nível <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50%. Os átomos <strong>de</strong><br />
hidrogénio estão representados na forma <strong>de</strong> pequenas esferas <strong>com</strong> raio arbitrário.<br />
As i<strong>de</strong>ntificações atómicas são fornecidas para todos os átomos. As i<strong>de</strong>ntificações<br />
atómicas são fornecidas para todos os átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
Figura 2.5 – Representação esquemática das interacções <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong><br />
hidrogénio N + —H···Cl - que levam à formação <strong>de</strong> uma fita supramolecular<br />
paralela ao eixo c. Para mais <strong>de</strong>talhes acerca da geometria das pontes <strong>de</strong><br />
hidrogénio ver a Tabela 2.2. Transformações simétricas usadas para gerar<br />
átomos equivalentes: (i) x, -y + ½, z+½; (ii) x, y, z+1.<br />
O empacotamento no estado sólido <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias C 3 H 8 NO 2+·Cl - supramoleculares<br />
por pontes <strong>de</strong> hidrogénio é mediado pela <strong>com</strong>binação <strong>de</strong> padrões supramoleculares,<br />
envolvendo ligações <strong>de</strong> hidrogénio C—H···O fracas (não representado) 26 e a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preencher efectivamente o espaço disponível (isto é, interacções <strong>de</strong> van<br />
<strong>de</strong>r Waals) (Figura 2.6). Este empacotamento é distinto do retratado por Han<strong>de</strong>lsman-<br />
44
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Benory et al. (1995): enquanto no glicinato <strong>de</strong> metilo todos os átomos estão envolvidos<br />
em interacções N + —H···Cl - , em glicilglicilglicinato <strong>de</strong> metilo na forma <strong>de</strong> sal <strong>de</strong> ácido<br />
clorídrico os grupos N—H e C=O do meio da ca<strong>de</strong>ia estabelecem ligações <strong>de</strong><br />
hidrogénio <strong>com</strong> as moléculas vizinhas. 27 A ligação final dos <strong>com</strong>postos resulta numa<br />
re<strong>de</strong> tridimensional <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong> hidrogénio fortes e bastantes direccionais.<br />
Tabela 2.2 - Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para o <strong>com</strong>posto 1. a<br />
D — H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.2.2.2. 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) 28<br />
A estrutura cristalina do <strong>com</strong>posto 2 foi <strong>de</strong>terminada a 150 K. Observou-se a<br />
existência <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s moleculares diferentes na unida<strong>de</strong> assimétrica (Figura 2.7).<br />
Os <strong>com</strong>primentos <strong>de</strong> ligação e os ângulos observados para as duas moléculas são<br />
estatisticamente idênticos. O grupo pen<strong>de</strong>nte metoxicarbonilo exibe uma flexibilida<strong>de</strong><br />
conformacional bastante consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação em torno do<br />
grupo —CH 2 —. Na verda<strong>de</strong> enquanto os anéis e o grupo —NH— <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s<br />
moleculares cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são quase co-planares, o grupo<br />
pen<strong>de</strong>nte encontra-se rodado por ca. 180º (Figura 2.8). Esta característica estrutural<br />
surge <strong>com</strong> o objectivo <strong>de</strong> minimizar a repulsão estereoquímica na estrutura cristalina<br />
(ver abaixo).<br />
Figura 2.7 – Estruturas moleculares das duas moléculas<br />
cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do <strong>com</strong>posto 2. Os átomos, <strong>com</strong><br />
excepção dos <strong>de</strong> hidrogénio, estão representados sob a forma <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s<br />
térmicos <strong>de</strong>senhados <strong>com</strong> um nível <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50%. Os átomos <strong>de</strong><br />
hidrogénio estão representados na forma <strong>de</strong> pequenas esferas <strong>com</strong> raio<br />
arbitrário. As i<strong>de</strong>ntificações atómicas são fornecidas para todos os átomos,<br />
excepto os <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
46
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.8 – Sobreposição estrutural das duas unida<strong>de</strong>s moleculares<br />
cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>ndo a unida<strong>de</strong> assimétrica<br />
do <strong>com</strong>posto 2: enquanto o grupo —NH permanece quase co-planar <strong>com</strong> o<br />
anel aromático, os dois grupos metoxicarbonilo estão mutuamente rodados<br />
por c.a. 180º à volta da ligação —CH 2 —.<br />
A co-planarida<strong>de</strong> da ligação —NH— <strong>com</strong> o anel <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> molecular<br />
parece ser promovida pela existência <strong>de</strong> duas interacções <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> hidrogénio N—<br />
H···N fortes e bastante direccionais que formam um motivo R 2 2 (8). 29 Este arranjo leva à<br />
existência <strong>de</strong> dímeros supramoleculares (um por cada unida<strong>de</strong> molecular) na estrutura<br />
cristalina. A Figura 2.9 mostra um <strong>de</strong>sses arranjos. O empacotamento no estado sólido é<br />
baseado na interdigitação espacial dos dois dímeros para eficazmente ocupar o espaço<br />
disponível. Desta forma as duas conformações para os grupos pen<strong>de</strong>ntes acabaram por<br />
ajudar a promover um empacotamento mais eficaz (Figura 2.10).<br />
Figura 2.9 – Interacções através <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong> hidrogénio N—H···N fortes<br />
ligadas a unida<strong>de</strong>s moleculares adjacentes através <strong>de</strong> um motivo R 2 2 (8).<br />
Para mais <strong>de</strong>talhes acerca da geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio consultar<br />
a Tabela 2.3.<br />
47
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Tabela 2.3 - Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para o <strong>com</strong>posto 2. a<br />
D — H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
esta orientação parece promover um empacotamento cristalino mais efectivo. Além<br />
disso, quando <strong>com</strong>binado <strong>com</strong> a rotação mútua dos dois grupos éster terminais, permite<br />
a existência <strong>de</strong> duas interacções por pontes <strong>de</strong> hidrogénio C–H···O fracas [não<br />
mostrado; d D···A : ca. 3.32-3.35 Å; ângulos
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
adjacentes po<strong>de</strong>m facilmente encaixar-se umas sobre as outras <strong>com</strong> base em razões<br />
puramente geométricas (Figura 2.13a). É também importante enfatizar que os anéis<br />
aromáticos pertencentes a cada par <strong>de</strong> fitas supramoleculares estão envolvidos em<br />
interacções π-π <strong>com</strong> a distância média entre planos sendo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.4 Å (Figura<br />
2.13b).<br />
Tabela 2.4 - Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para o <strong>com</strong>posto 3. a<br />
D−H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.13 – Interacções π-π entre fitas supramoleculares vizinhas.<br />
O empacotamento <strong>de</strong> fitas supramoleculares na estrutura cristalina <strong>de</strong> 3 ocorre<br />
numa forma típica ABAB··· ao longo da direcção cristalográfica b (Figura 2.14).<br />
Interacções entre fitas adjacentes são principalmente <strong>de</strong> natureza fraca (van <strong>de</strong>r Waals) e<br />
várias interacções C–H···O envolvendo unicamente os grupos pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />
moleculares individuais.<br />
51
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.14 – Empacotamento cristalino do <strong>com</strong>posto 3 visto em<br />
perspectiva ao longo da direcção [001] da célula unitária. As ligações <strong>de</strong><br />
pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H··N estão representadas por linhas tracejadas a<br />
violeta. Os <strong>de</strong>talhes das ligações <strong>de</strong> hidrogénio geométricas encontram-se na<br />
Tabela 2.4.<br />
2.2.2.4. 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4)<br />
A substituição nucleofílica <strong>com</strong>pleta dos átomos <strong>de</strong> cloro do anel da 2,4,6-<br />
tricloro-1,3,5-triazina por glicinato <strong>de</strong> metilo levou ao isolamento no estado sólido do<br />
<strong>com</strong>posto trissubstituido 4, C 12 H 18 N 6 O 6 <strong>de</strong>nominado pela IUPAC por 2,4,6-<br />
tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (Figura 2.15). Este novo <strong>com</strong>posto<br />
cristaliza no grupo espacial monoclínico centrossimétrico C2/c, <strong>com</strong> uma unida<strong>de</strong><br />
molecular inteira <strong>com</strong>pondo a unida<strong>de</strong> assimétrica tal <strong>com</strong>o representado na Figura<br />
2.15. A existência <strong>de</strong> três grupos substituintes pen<strong>de</strong>ntes impõe um impedimento<br />
estereoquímico significativo à volta do anel, evitando a existência <strong>de</strong> interacções π-π<br />
<strong>com</strong>o registado no empacotamento cristalino dos <strong>com</strong>postos análogos mono- e<br />
dissubstituidos (2 e 3 respectivamente – ver subsecções anteriores). Além disto, o<br />
arranjo espacial dos grupos pen<strong>de</strong>ntes promove uma minimização <strong>de</strong> todas as repulsões<br />
estereoquímicas: grupos pen<strong>de</strong>ntes adjacentes estão a apontar para lados diferentes do<br />
anel (em oposição ao que se observou em 3 e também na sua forma hidrolisada 6 que<br />
iremos ver posteriormente) ou, quando localizados no mesmo lado, a ligação N–C roda<br />
<strong>de</strong> forma a que os grupos estejam o mais afastados possível (Figura 2.15).<br />
52
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.15 – Representação esquemática da unida<strong>de</strong> molecular presente no<br />
<strong>com</strong>posto 4. Os átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio, estão representados na<br />
forma <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s térmicos, <strong>de</strong>senhados <strong>com</strong> um nível <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
50%. Os átomos <strong>de</strong> hidrogénio estão representados <strong>com</strong>o pequenas esferas<br />
<strong>de</strong> raio arbitrário. As i<strong>de</strong>ntificações atómicas são fornecidas para todos os<br />
átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
As interacções supramoleculares envolvendo as unida<strong>de</strong>s moleculares em 4 são<br />
contun<strong>de</strong>ntemente distintas daquelas observadas na estrutura do <strong>com</strong>posto<br />
dissubstituído 3: o motivo R 2 2 (8) <strong>de</strong> 3 cessa <strong>de</strong> estar presente <strong>de</strong>vido ao volume dos<br />
grupos pen<strong>de</strong>ntes, sendo que os grupos N-H estão em ponte <strong>de</strong> hidrogénio <strong>com</strong> os<br />
grupos carbonilo das unida<strong>de</strong>s moleculares adjacentes. Na verda<strong>de</strong> o O4 actua <strong>com</strong>o um<br />
aceitador duplo <strong>de</strong> duas interacções por pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···O fortes (d D···A no<br />
intervalo <strong>de</strong> ca. 2.91-2.99 Å) e direccionais [ângulo
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Tabela 2.5 – Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para o <strong>com</strong>posto 4. a<br />
D-H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.17 – Representação esquemática mostrando a proximida<strong>de</strong> entre<br />
os planos médios contendo os anéis das unida<strong>de</strong>s moleculares adjacentes,<br />
enfatizando assim as interacções π-π.<br />
Como estão representados na Figura 2.17, os grupos pen<strong>de</strong>ntes apontam para o<br />
exterior da fita dupla permitindo um empacotamento mais eficaz <strong>de</strong> fitas no<br />
empacotamento cristalino <strong>de</strong> 4. Para além <strong>de</strong>stas razões geométricas, os grupos N6-H6<br />
localizados na periferia estabelecem ligações físicas entre fitas supramoleculares<br />
adjacentes por via <strong>de</strong> uma ponte <strong>de</strong> hidrogénio N–H···O fraca (não representada; Tabela<br />
2.5). Também é <strong>de</strong> mencionar que a presença <strong>de</strong> vários grupos –CH 3 terminais e –CH 2 –<br />
cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes na proximida<strong>de</strong> dos átomos <strong>de</strong> azoto e oxigénio<br />
promove a existência <strong>de</strong> várias ligações C–H···(N,O) fracas que reforçam as ligações<br />
entre unida<strong>de</strong>s moleculares adjacentes (não representado). Esta característica estrutural<br />
é particularmente importante no empacotamento paralelo <strong>de</strong> fitas ao longo da direcção<br />
[100] (Figura 2.18).<br />
55
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 2.18 – Empacotamento cristalino do <strong>com</strong>posto 4 visto em<br />
perspectiva ao longo da direcção [010] da célula unitária. As ligações por<br />
pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···O estão representadas <strong>com</strong>o linhas a tracejado<br />
violeta (intra-fita) ou ver<strong>de</strong>s (inter-fita). Para mais <strong>de</strong>talhes no respeitante à<br />
geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio ver Tabela 2.2.<br />
2.3. Optimização da síntese dos <strong>com</strong>postos 2 e 3<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> investigar quais as condições óptimas para a preparação<br />
individual dos <strong>de</strong>rivados 2 e 3 foram exploradas novas condições reaccionais <strong>de</strong>scritas<br />
nas subsecções seguintes.<br />
2.3.1. Optimização da síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina (2)<br />
Método A: O 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2) foi<br />
preparado em THF seco, pela reacção da TCT <strong>com</strong> o sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato<br />
<strong>de</strong> metilo na razão estequiométrica <strong>de</strong> 1:1. A reacção <strong>de</strong>correu à temperatura ambiente<br />
durante a noite <strong>com</strong> K 2 CO 3 usado <strong>com</strong>o base. A preparação da reacção foi <strong>de</strong> todo<br />
semelhante ao <strong>de</strong>scrito na subsecção 2.2. Terminada a reacção proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>stilação,<br />
a pressão reduzida, do THF até à secura. O resíduo foi retomado em diclorometano,<br />
lavado <strong>com</strong> água, e a fase orgânica seca <strong>com</strong> sulfato <strong>de</strong> sódio anidro. O <strong>com</strong>posto 2 foi<br />
obtido por recristalização em diclorometano/metanol <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 61%.<br />
56
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Método B: Outro método <strong>de</strong> síntese consiste na substituição do solvente THF<br />
por acetona, mas aqui o rendimento final foi <strong>de</strong> apenas 36%.<br />
O <strong>com</strong>posto 2 não será utilizado directamente na síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação, uma vez que possuí apenas um grupo éster que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> hidrolisado,<br />
originará apenas um ácido carboxílico. Contudo, o <strong>com</strong>posto 2 po<strong>de</strong> ser submetido a<br />
novas reacções <strong>de</strong> substituição nucleofílica para que os dois átomos <strong>de</strong> cloro presentes<br />
na molécula possam ser substituídos por novos grupos. Este passo permite a<br />
substituição dos cloros por outras moléculas pen<strong>de</strong>ntes que possuam grupos funcionais<br />
diferentes do glicinato <strong>de</strong> metilo e <strong>de</strong>sta forma uma nova série <strong>de</strong> ligandos.<br />
2.3.2. Optimização da síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina (3)<br />
Método A: A síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina (3) teve início numa mistura <strong>com</strong> uma razão estequiométrica <strong>de</strong> TCT e do sal <strong>de</strong><br />
glicinato <strong>de</strong> metilo <strong>de</strong> 1:2. A reacção ocorreu em acetona à temperatura ambiente<br />
durante aproximadamente 24h usando-se K 2 CO 3 <strong>com</strong>o base. O procedimento <strong>de</strong><br />
preparação da reacção até à obtenção do <strong>com</strong>posto <strong>de</strong>sejado foi semelhante ao <strong>de</strong>scrito<br />
na subsecção 2.3.1 (método A). O rendimento final foi <strong>de</strong> 62%.<br />
Método B: Tendo em vista a optimização da síntese para incrementar mais o<br />
rendimento, proce<strong>de</strong>u-se à repetição da mesma usando acetona a refluxo durante 20h. O<br />
rendimento final foi no entanto idêntico ao anterior (61%).<br />
Método C: Usando THF seco a refluxo durante aproximadamente 72h o<br />
rendimento <strong>de</strong> 3 foi inferior (45%).<br />
2.4. Hidrólise do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina<br />
O <strong>de</strong>rivado éster 3 foi sujeito a hidrólises básica e ácida para se isolarem os<br />
respectivos carboxilatos ou ácidos carboxílicos (Esquema 2.3).<br />
A hidrólise básica <strong>de</strong> 3 ocorreu na presença <strong>de</strong> uma solução metanólica <strong>de</strong><br />
hidróxido <strong>de</strong> potássio a 60 ºC durante aproximadamente 3h. Ao fim <strong>de</strong>sse tempo fez-se<br />
um TLC que <strong>com</strong>provou a hidrólise total do <strong>com</strong>posto <strong>de</strong> partida. Posto isto, <strong>de</strong>stilou-<br />
57
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
se, a pressão reduzida, o metanol até à secura obtendo-se o <strong>com</strong>posto hidrolisado 5,<br />
<strong>de</strong>nominado por 2,2'-(6-metoxi-1,3,5-triazin-2,4-diil)-bis(azanodiil)diacetato <strong>de</strong><br />
potássio.<br />
Na hidrólise ácida uma mistura <strong>de</strong> 3 <strong>com</strong> HCl (6M) foi <strong>de</strong>ixada a refluxo durante<br />
aproximadamente 3h. Após ter-se <strong>com</strong>provado por TLC o término da hidrólise,<br />
proce<strong>de</strong>u-se à lavagem da fase aquosa <strong>com</strong> diclorometano. Posteriormente a solução <strong>de</strong><br />
HCl foi <strong>de</strong>stilada, a pressão reduzida, até à secura e o <strong>com</strong>posto 6, cloreto <strong>de</strong> 4,6-<br />
bis(carboximetilamino)-2-oxo-2,3-dihidro-1,3,5-triazínio, foi obtido <strong>com</strong> um<br />
rendimento <strong>de</strong> 98%.<br />
Cl<br />
MeO<br />
KOH/MeOH/H 2 O<br />
O<br />
N<br />
H<br />
N<br />
N<br />
3<br />
N<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OMe<br />
HCl/H 2 O<br />
K + - O<br />
O<br />
N<br />
H<br />
N<br />
OME<br />
O<br />
N<br />
HN<br />
O - K + HO<br />
N N<br />
N N<br />
H<br />
H<br />
5 O<br />
O 6<br />
+ H<br />
N .Cl<br />
N<br />
H<br />
O<br />
OH<br />
Esquema 2.3 - Representação esquemática da hidrólise do <strong>com</strong>posto 3 para<br />
a obtenção dos <strong>com</strong>postos 5 e 6.<br />
2.4.1. Caracterização dos <strong>com</strong>postos 5 e 6<br />
Os novos produtos 5 e 6 foram caracterizados por RMN <strong>de</strong> 1 H e 13 C, EM, FT-IR<br />
e o 6 ainda por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal para 6.<br />
Tabela 2.6 – Dados obtidos a partir dos espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H para os<br />
<strong>com</strong>postos 5 e 6<br />
Grupo<br />
Composto 5 Composto 6<br />
Sinal δ (ppm) Sinal δ (ppm)<br />
OCH 3 s 3.47 - -<br />
CH 2 m 3.70-3.76 m 4.07-4.11<br />
NH m 6.03-6.14 t 8.57<br />
COOH s 8.34 - -<br />
58
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Os espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H <strong>de</strong> 5 e 6 (ver Apêndice A) possuem um sinal na<br />
zona alifática em forma <strong>de</strong> multipleto referente à ressonância dos protões do grupo CH 2<br />
a δ 3.70-3.76 e a δ 4.07-4.11 ppm, respectivamente. Na zona aromática observa-se um<br />
multipleto a δ 6.03-6.14 ppm para 5 e um tripleto (J= 5.5, Hz) a δ 8.57 ppm para 6,<br />
sinais atribuídos à ressonância dos protões do grupo NH. Nesta zona aparece ainda um<br />
singuleto a δ 8.34 ppm para 5 atribuindo aos protões dos grupos ácido carboxílico.<br />
Suspeitando-se da falta do sinal do grupo metoxilo em 5, adicionou-se uma gota <strong>de</strong> água<br />
<strong>de</strong>uterada na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar o sinal da água, permitindo por isso a visualização do<br />
sinal. Surge a δ 3.47 ppm um singuleto.<br />
No espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C <strong>de</strong> 5 (ver Apêndice A) <strong>de</strong>staca-se um sinal a δ 47.4<br />
ppm que i<strong>de</strong>ntifica o grupo OCH 3 , outro a δ 57.1 indicando a presença do CH 2 e, por<br />
fim, a δ 181.0 ppm observa-se o grupo C=O. O espectro <strong>de</strong> 13 C <strong>de</strong> 6 (ver Apêndice A)<br />
tem um sinal a δ 42.6 ppm que correspon<strong>de</strong> ao grupo CH 2 e outro a δ 169.6 ppm<br />
atribuído a C=O pertencente ao grupo ácido carboxílico.<br />
Os espectros <strong>de</strong> massa (ver Apêndice A) em TOF MS ES + , mostram razões m/z<br />
<strong>de</strong> 258.0 e 244.1 para 5 e 6, respectivamente, que correspon<strong>de</strong>m aos iões moleculares<br />
(M+H) + .<br />
Os espectros <strong>de</strong> FT-IV <strong>de</strong> 5 e 6 (ver Apêndice A) exibem bandas típicas <strong>de</strong><br />
intensida<strong>de</strong> média a 3301 e 3203 cm -1 , respectivamente, correspon<strong>de</strong>ndo estas à<br />
vibração ν(N—H) da amina secundária. No espectro <strong>de</strong> 5 a 2947 e 1462 cm -1 aparecem<br />
duas bandas médias atribuídas a ν assim (—CH 3 ) e δ(—CH 3 ). A vibração ν(C=O) surge<br />
<strong>com</strong>o bandas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> muito forte a 1580 cm -1 para 5 e a 1727 cm -1 para 6. A<br />
banda <strong>de</strong> vibração ν(C=O) <strong>de</strong> 5 encontra-se mais <strong>de</strong>slocada relativamente à <strong>de</strong> 6, pois o<br />
grupo terminal encontra-se na forma <strong>de</strong>sprotonada e não na forma <strong>de</strong> ácido carboxílico.<br />
É característico encontrar-se uma banda <strong>de</strong>ste tipo na região 1650-1550 cm -1 . A<br />
vibração ν no-plano (anel) é observada <strong>com</strong> o aparecimento <strong>de</strong> uma banda forte a 1517 cm -1<br />
para 5. Em 6 não é possível visualizar bandas características <strong>de</strong>sta vibração pois a<br />
molécula não apresenta carácter aromático. As vibrações ν(C aromático —N) e ν(C anel —N)<br />
para 5 e 6 surgem a 1336 e 1357 cm -1 , respectivamente. Uma banda <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> forte<br />
a 803 cm -1 i<strong>de</strong>ntifica a vibração γ(anel) em 5. 24<br />
59
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.4.2. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 6<br />
A hidrólise em meio ácido <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong>scrito anteriormente origina uma nova<br />
molécula protonada, C 7 H 10 N 5 O + 5 , <strong>com</strong>pondo a estrutura <strong>de</strong> 6 que cristaliza no grupo<br />
monoclínico espacial centrossimétrico P2 1 /c. A carga é equilibrada pela presença <strong>de</strong> um<br />
anião cloreto libertado a partir da unida<strong>de</strong> molecular 3 <strong>com</strong> a con<strong>com</strong>itante oxidação do<br />
anel a uma ligação C=O (Figura 2.19). O <strong>com</strong>posto 6 é, portanto, um sal <strong>com</strong> fórmula<br />
empírica C 7 H 10 N 5 O 5 Cl e <strong>com</strong> o nome sistemático IUPAC cloreto <strong>de</strong> 4,6-<br />
bis(carboximetilamino)-2-oxo-2,3-dihidro-1,3,5-triazínio. De salientar que esta<br />
oxidação do anel é a<strong>com</strong>panhada pela <strong>de</strong>struição da sua natureza aromática e <strong>com</strong> o<br />
aparecimento <strong>de</strong> uma nova ligação N-H. Observou-se que a segunda ligação N-H surge<br />
a partir da presença do átomo <strong>de</strong> hidrogénio protonado. Assim <strong>com</strong>o em 3 também nesta<br />
estrutura os grupos substituintes pen<strong>de</strong>ntes estão a apontar para o mesmo lado do anel,<br />
mas não são observadas interacções mútuas entre os mesmos. Em vez disso, os planos<br />
médios que contêm os dois grupos ácido carboxílico terminais são quase paralelos <strong>com</strong><br />
o ângulo diedro <strong>de</strong> ca. 12º.<br />
Figura 2.19 - Representação esquemática da unida<strong>de</strong> catiónica molecular<br />
(molécula orgânica hidrolisada protonada) e do anião cloreto presentes no<br />
<strong>com</strong>posto 6. Os átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio, estão representados na<br />
forma <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s térmicos, <strong>de</strong>senhados <strong>com</strong> um nível <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
50 %. Átomos <strong>de</strong> hidrogénio são representados <strong>com</strong>o pequenas esferas <strong>de</strong><br />
raio arbitrário. As i<strong>de</strong>ntificações atómicas são fornecidas para todos os<br />
átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
60
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Quando <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> 3, as interacções intermoleculares presentes em 6 são<br />
muito diferentes. Por exemplo, a natureza carregada da unida<strong>de</strong> molecular em 6 leva à<br />
<strong>de</strong>struição do motivo R 2 2(8) que liga moléculas adjacentes em 3, sendo que o anião<br />
cloreto está intercalado entre unida<strong>de</strong>s vizinhas (Figura 2.20). As duas pontes R 2 2(6) são<br />
formadas por pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···Cl direccionais [ângulos
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Os dois grupos ácido carboxílico terminais estão envolvidos em motivos R 2 2 (8)<br />
típicos <strong>com</strong> outros <strong>de</strong> uma fita supramolecular vizinha. Estas pontes <strong>de</strong> hidrogénio O–<br />
H···O são consi<strong>de</strong>ravelmente fortes (d D···A <strong>de</strong> ca. 2.63 Å – ver Tabela 2.7) e bastante<br />
direccionais [ângulos (DHA) <strong>de</strong> ca. 177º], formando camadas em forma <strong>de</strong> escada tal<br />
<strong>com</strong>o representado na Figura 2.20b. Além disso, interacções π-π entre fitas<br />
supramoleculares adjacentes fortalecem os contactos supramoleculares, <strong>com</strong> uma<br />
distância inter-planar média <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.71 Å (Figura 2.21).<br />
Figura 2.21 – Interacções π-π entre fitas supramoleculares vizinhas ao<br />
longo da direcção [001] da célula unitária para o <strong>com</strong>posto 6.<br />
62
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Tabela 2.7 – Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para o <strong>com</strong>posto 6. a<br />
D-H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.5. Conclusões<br />
Este capítulo teve <strong>com</strong>o principal objectivo a síntese <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>rivados da TCT<br />
para serem usados futuramente <strong>com</strong>o unida<strong>de</strong>s primárias <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação. Os métodos <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> 2 e 3 foram optimizados, através da alteração<br />
das condições reaccionais, nomeadamente a estequiometria, a temperatura, o solvente e<br />
o tempo <strong>de</strong> reacção. No final <strong>de</strong>sta etapa 2 e 3 foram obtidos <strong>com</strong> rendimentos<br />
reaccionais bastante razoáveis, 61 e 62%, respectivamente. Ambos os <strong>com</strong>postos foram<br />
<strong>de</strong>vidamente caracterizados pelas diferentes técnicas espectroscópicas e as suas<br />
estruturas no estado sólido foram resolvidas através <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> monocristal.<br />
O <strong>com</strong>posto 2 será futuramente submetido a novas reacções <strong>de</strong> substituição<br />
nucleofílica por diferentes unida<strong>de</strong>s. O <strong>com</strong>posto 3 submetido a hidrólises básica e<br />
ácida <strong>de</strong>u origem aos <strong>de</strong>rivados 5 e 6 <strong>com</strong> rendimentos quantitativos. Estes foram<br />
caracterizados e a estrutura <strong>de</strong> 6 resolvida no estado sólido. O <strong>com</strong>posto 4 foi obtido<br />
<strong>com</strong> um rendimento reaccional baixo, 27%. Tendo em vista a utilização <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>rivado<br />
<strong>com</strong>o unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, <strong>de</strong>ve-se também proce<strong>de</strong>r à<br />
optimização da síntese.<br />
2.6. Parte experimental<br />
2.6.1. Reagentes, Solventes e Equipamento<br />
Todos os reagentes, provenientes <strong>de</strong> diversas marcas, foram utilizados nos vários<br />
trabalhos experimentais sem sofrerem qualquer tipo <strong>de</strong> purificação prévia, uma vez que<br />
todos apresentavam graus <strong>de</strong> pureza que assim o permitiram.<br />
Os solventes usados foram, tal <strong>com</strong>o os reagentes, utilizados da mesma forma<br />
sem purificação prévia, pois todos eles eram <strong>de</strong> pureza p.a., no entanto todos eles foram<br />
secos.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento e evolução <strong>de</strong> todas as reacções foram a<strong>com</strong>panhados por<br />
TLC, usando-se para este fim pequenas placas plastificadas revestidas <strong>de</strong> sílica gel 60<br />
F 254 <strong>com</strong> indicador da marca Merk.<br />
64
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.6.2. Síntese do 2,4-dicloro-6-(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (2)<br />
A uma mistura do sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (53 mg, 0.596<br />
mmol, 1.1 eq.) e carbonato <strong>de</strong> potássio (75 mg, 0.543mmol) em THF seco (5 mL) a 0<br />
ºC, adicionou-se TCT (100 mg; 0.542 mmol). A mistura reaccional foi mantida sob<br />
agitação magnética à temperatura ambiente durante toda a noite sob atmosfera anidra.<br />
Findo esse tempo, a reacção foi dada <strong>com</strong>o terminada. Proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>stilação, sob<br />
pressão reduzida, do THF até à secura e em seguida realizou-se uma extracção<br />
líquido/líquido <strong>com</strong> diclorometano/água. O <strong>com</strong>posto 2,4-dicloro-6-<br />
(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina foi obtido por recristalização em<br />
diclorometano/metanol <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 61%. RMN <strong>de</strong> 1 H (300.13 MHz,<br />
CDCl 3 ) δ: 3.83 (s, 3H, OCH 3 ), 4.27 (d, 2H, J = 2.7 Hz, CH 2 ), 6.35 (s largo, 1H, NH).<br />
RMN <strong>de</strong> 13 C (75.47 MHz, CDCl 3 ) δ: 42.8 (CH 2 ), 52.8 (OCH 3 ), 165.8 (CNH), 168.9 e<br />
170.2 (CCl) e 171.1 (CO 2 Me). EM (TOF MS ES + ) m/z: 237.0 (M+H) + . FT-IV (ATR,<br />
cm -1 ): ν(N—H) = 3264m; ν assim (—CH 3 ) = 2961m; ν(C=O) = 1751vs; ν no-plano (anel) =<br />
1549s e 1524s; δ(—CH 3 ) = 1417m; ν(C aromático —N) = 1322m; ν assim (C—O—C) = 1205s;<br />
ν sim (C—O—C) = 1134s; γ(anel) = 841s.<br />
2.6.3. Síntese do 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (3)<br />
A uma mistura do sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (106 mg, 1.191<br />
mmol, 2.2 eq.) e K 2 CO 3 (150 mg, 1.085 mmol) em acetona (5 mL) a 0 ºC, adicionou-se<br />
TCT (100 mg; 0,542 mmol). A mistura reaccional foi mantida sob agitação magnética à<br />
temperatura ambiente durante aproximadamente 24h sob atmosfera anidra. Terminada a<br />
reacção, proce<strong>de</strong>u-se à <strong>de</strong>stilação da acetona, a pressão reduzida, à secura e<br />
seguidamente efectuou-se uma extracção líquido/líquido <strong>com</strong> diclorometano/água. O<br />
<strong>com</strong>posto 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina foi obtido por<br />
recristalização em diclorometano/metanol <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 62 %. RMN <strong>de</strong> 1 H<br />
(300.13 MHz, CDCl 3 /DMSO-d 6 ) δ: 3.79 e 3.80 (2s, 6H, OCH 3 ), 3.98 e 4.08 (2d, 4H,<br />
J=3.0 Hz, CH 2 ), 7.36-7.43 e 7.61-7.65 (2m, 2H, NH). RMN 13 C (75.47 MHz,<br />
CDCl 3 /DMSO-d6) δ: 41.7 e 42.0 (CH 2 ), 51.3 e 51.4 (OCH 3 ), 165.4 e 165.5 (CNH),<br />
168.0 (CCl), 169.7 e 169.8 (CO 2 Me). EM (TOF MS ES + ) m/z: 290.1 (M+H) + ; FT-IV<br />
(ATR, cm -1 ): ν(N—H) = 3260m; ν assim (—CH 3 ) = 2967m; ν(C=O) = 1745vs; ν noplano(anel)<br />
= 1545s; δ(—CH 3 ) = 1413m; ν(C aromático —N) = 1345m; ν assim (C—O—C) =<br />
1212s; ν sim (C—O—C) = 1131s; γ(anel) = 847s.<br />
65
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.6.4. Síntese do 2,4,6-tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (4)<br />
A uma mistura do sal <strong>de</strong> ácido clorídrico do glicinato <strong>de</strong> metilo (193 mg; 2.169<br />
mmol, 4 eq.) e K 2 CO 3 (250 mg; 1.809 mmol) em tolueno seco (5 mL) a 0 ºC, adicionouse<br />
TCT (100 mg; 0.542 mmol). A mistura reaccional foi mantida sob agitação<br />
magnética, e progressivamente aquecida até refluxo sob atmosfera anidra. A reacção foi<br />
controlada por TLC, dando-se <strong>com</strong>o concluída após 24h a refluxo. A mistura reaccional<br />
foi separada por cromatografia rápida <strong>de</strong> coluna usando <strong>com</strong>o eluente um gradiente (0 –<br />
5%) <strong>de</strong> metanol em diclorometano. Obteve-se o <strong>com</strong>posto <strong>de</strong>sejado, 2,4,6-<br />
tris(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina, <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 27%. RMN <strong>de</strong><br />
1 H (300.13 MHz, CDCl 3 /DMSO-d 6 ) δ: 3.45 (s, 9H, OCH 3 ), 3.74-3.86 (m, 6H, CH 2 ),<br />
5.64-5.81 (m, 3H, NH). RMN <strong>de</strong> 13 C (75.47 MHz, CDCl 3 /DMSO-d 6 ) δ: 41.9 (CH 2 ),<br />
51.4 (OCH 3 ), 165.3 (CNH), 170.7 (CO 2 Me). EM (TOF MS ES + ) m/z: 343.1 (M+H) + ;<br />
FT-IV (ATR, cm -1 ): ν(N—H) = 3347m; ν assim (—CH 3 ) = 2957m; ν(C=O) = 1725vs; ν noplano(anel)<br />
= 1493s e 1515s; δ(—CH 3 ) = 1407m; ν(C aromático —N) = 1370m; ν assim (C—<br />
O—C) = 1206s; ν sim (C—O—C) = 1165s; γ(anel) = 814s.<br />
2.6.5. Hidrólises básica e ácida <strong>de</strong> 2-cloro-4,6-bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-<br />
triazina<br />
A hidrólise básica iniciou-se <strong>com</strong> uma mistura <strong>de</strong> 2-cloro-4,6-<br />
bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (50 mg, 0.1726 mmol) e hidróxido <strong>de</strong><br />
potássio (53 mg, 0.6951 mmol, 4 eq.) em metanol (10 mL). A mistura reaccional foi<br />
mantida sob agitação magnética e posteriormente aquecida a 60 ºC durante<br />
aproximadamente 3h. Constatando-se que a hidrólise foi total, recorreu-se à <strong>de</strong>stilação<br />
do metanol, a pressão reduzida, dando-se a reacção por terminada. O <strong>com</strong>posto 5 foi<br />
obtido por cristalização directa do meio reaccional <strong>com</strong> um rendimento quantitativo,<br />
<strong>de</strong>terminado por TLC. RMN <strong>de</strong> 1 H (300.13 MHz, DMSO-d 6 ) δ: 3.70-3.76 (m, 4H,<br />
CH 2 ), 6.03-6.14 (m, 2H, NH) e 8.34 (s, 2H, COOH). RMN <strong>de</strong> 1 H (300.13 MHz,<br />
DMSO-d 6 /D 2 O) δ: 3.47 (s, 3H, OCH 3 ). RMN <strong>de</strong> 13 C (75.47 MHz, D 2 O) δ: 47.4<br />
(OCH 3 ), 57.1 (CH 2 ), 169.3, 173.5 e 181.0 (C=O). EM (TOF MS ES + ) m/z: 258.0<br />
(M+H) + . FT-IV (ATR, cm -1 ): ν(N—H) = 3301m; ν assim (—CH 3 )=2947; ν(C=O) =<br />
1580vs; ν no-plano (anel) = 1517s; δ(—CH 3 ) = 1462m; ν(C aromático —N) = 1336s; γ(anel) =<br />
814s.<br />
66
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
A hidrólise ácida consistiu na reacção <strong>de</strong> 2-cloro-4,6-<br />
bis(metoxicarbonilmetilamino)-1,3,5-triazina (50 mg, 0.1726 mmol) <strong>com</strong> uma solução<br />
<strong>de</strong> HCl 6M (5 mL) a refluxo durante aproximadamente 3h. A reacção <strong>de</strong>u-se <strong>com</strong>o<br />
concluída através do controlo por TLC. Proce<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> seguida à lavagem da fase<br />
aquosa <strong>com</strong> diclorometano. A solução <strong>de</strong> HCl foi <strong>de</strong>stilada, a pressão reduzida, até à<br />
secura, tendo-se obtido o <strong>com</strong>posto 6 <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 98%. RMN <strong>de</strong> 1 H (300.13<br />
MHz, DMSO-d6) δ: 4.07-4.11 (m, 4H, CH 2 ) e 8.57 (t, 2H, J= 5.5 Hz, NH). RMN <strong>de</strong><br />
13 C (75.47 MHz, DMSO-d6) δ: 42.6 (CH 2 ), 146.8, 156.6 e 169.6 (C=O). EM (TOF MS<br />
ES+) m/z; FT-IV (ATR, cm -1 ): ν(N—H) = 3203m; ν(C=O) = 1727vs; ν(C anel —N) =<br />
1357m.<br />
2.7. Bibliografia<br />
1. A. C. Cunha, F. M. da Paixão, M. De Souza and V. F. Ferreira, in 29th Annual<br />
Meeting of the Socieda<strong>de</strong>-Brazileira-<strong>de</strong>-Quimica, Soc Brasileira Quimica,<br />
Aguas <strong>de</strong> Lindoia, BRAZIL, 2005, pp. 520-527.<br />
2. G. Blotny, Tetrahedron, 2006, 62, 9507-9522.<br />
3. G. Gia<strong>com</strong>elli, A. Porcheddu and L. De Luca, Curr. Org. Chem., 2004, 8, 1497-<br />
1519.<br />
4. P. Zhang and Z. H. Zhang, Mon. Chem., 2009, 140, 199-203.<br />
5. K. A. Kolmakov, J. Heterocycl. Chem., 2008, 45, 533-539.<br />
6. M. Kunishima, K. Yamamoto, K. Hioki, T. Kondo, M. Hasegawa and S. Tani,<br />
Tetrahedron, 2007, 63, 2604-2612.<br />
7. C. A. M. Afonso, N. M. T. Lourenço and A. D. Rosatella, Molecules, 2006, 11,<br />
81-102.<br />
8. P. <strong>de</strong> Hoog, P. Gamez, W. L. Driessen and J. Reedijk, Tetrahedron Lett., 2002,<br />
43, 6783-6786.<br />
9. J. T. Bork, J. W. Lee and Y. T. Chang, Tetrahedron Lett., 2003, 44, 6141-6144.<br />
10. H. S. Moon, E. M. Jacobson, S. M. Khersonsky, M. R. Luzung, D. P. Walsh, W.<br />
N. Xiong, J. W. Lee, P. B. Parikh, J. C. Lam, T. W. Kang, G. R. Rosania, A. F.<br />
Schier and Y. T. Chang, J. Am. Chem. Soc., 2002, 124, 11608-11609.<br />
11. M. Falorni, G. Gia<strong>com</strong>elli, L. Mameli and A. Porcheddu, Tetrahedron Lett.,<br />
1998, 39, 7607-7610.<br />
12. M. D. Milton, N. Kumar, S. S. Sokhi, S. Singh and J. D. Singh, Tetrahedron<br />
Lett., 2004, 45, 6453-6455.<br />
13. T. Carofiglio, A. Varotto and U. Tonellato, J. Org. Chem., 2004, 69, 8121-8124.<br />
14. F. Riobe, P. Grosshans, H. Sidorenkova, M. Geoffroy and N. Avarvari, Chem.-<br />
Eur. J., 2009, 15, 380-387.<br />
15. S. Kotha, D. Kashinath and S. Kumar, Tetrahedron Lett., 2008, 49, 5419-5423.<br />
16. M. Ak, M. S. Ak and L. Toppare, Macromol. Chem. Phys., 2006, 207, 1351-<br />
1358.<br />
17. T. Murase and M. Fujita, J. Org. Chem., 2005, 70, 9269-9278.<br />
67
Síntese <strong>de</strong> novos ligandos para a construção <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
18. C. H. Lee, H. G. Lim, J. D. Lee, Y. J. Lee, K. Jaejung, H. Nakamura and S. O.<br />
Kang, Appl. Organomet. Chem., 2003, 17, 539-548.<br />
19. B. Barton, S. Gouws, M. C. Schaefer and B. Zeelie, Org. Process Res. Dev.,<br />
2003, 7, 1071-1076.<br />
20. V. Garaj, L. Puccetti, G. Fasolis, J. Y. Winum, J. L. Montero, A. Scozzafava, D.<br />
Vullo, A. Innocenti and C. T. Supuran, Bioorg. Med. Chem. Lett., 2005, 15,<br />
3102-3108.<br />
21. Z. Brzozowski and F. Saczewski, Eur. J. Med. Chem., 2002, 37, 709-720.<br />
22. M. Hayashi, T. Yamasaki, Y. Kobayashi, Y. Imai and Y. Watanabe, Eur. J. Org.<br />
Chem., 2009, 4956-4962.<br />
23. M. Quesada, P. <strong>de</strong> Hoog, P. Gamez, O. Roubeau, G. Aromi, B. Donnadieu, C.<br />
Massera, M. Lutz, A. L. Spek and J. Reedijk, Eur. J. Inorg. Chem., 2006, 1353-<br />
1361.<br />
24. G. Socrates, Infrared Characteristic Group Frequencies, John Wiley & Sons,<br />
1994.<br />
25. S. M. F. Vilela, F. A. A. Paz, J. P. C. Tome, V. D. Bermu<strong>de</strong>z, J. A. S. Cavaleiro<br />
and J. Rocha, Acta Crystallogr. Sect. E.-Struct Rep. Online, 2009, 65, O1970-<br />
U3925.<br />
26. A. Nangia and G. R. Desiraju, in Design of Organic Solids, Springer-Verlag<br />
Berlin, Berlin 33, 1998, pp. 57-95.<br />
27. E. Han<strong>de</strong>lsmanbenory, M. Botoshansky and M. Kaftory, Acta Crystallogr. Sect.<br />
C-Cryst. Struct. Commun., 1995, 51, 2362-2364.<br />
28. S. M. F. Vilela, F. A. A. Paz, J. P. C. Tome, V. D. Bermu<strong>de</strong>z, J. A. S. Cavaleiro<br />
and J. Rocha, Acta Crystallogr. Sect. E.-Struct Rep. Online, 2009, 65, O1985-<br />
U4085.<br />
29. J. Bernstein, R. E. Davis, L. Shimoni and N. L. Chang, Angew. Chem.-Int. Edit.<br />
Engl., 1995, 34, 1555-1573.<br />
68
Capítulo 3<br />
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.1. Introdução …………………………………………………………………...<br />
3.2. Síntese dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9 ………………………………………………<br />
3.2.1. Síntese hidrotérmica …………………………………………………..<br />
3.3. Resultados e discussão ………………………………………………………<br />
3.3.1. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 7 …………………………………..<br />
3.3.2. Difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós ……………………………………………….<br />
3.3.3. Análise elementar ………………………………………………………….<br />
3.3.4. Espectroscopia <strong>de</strong> infravermelho ………………………………………….<br />
3.3.5. Análise termogravimétrica (TGA) ………………………………………...<br />
3.3.6. Microscopia Electrónica <strong>de</strong> Varrimento – Espectroscopia <strong>de</strong> Energia<br />
Dispersiva (SEM-EDS) …………………………………………………………..<br />
3.4. Estudos <strong>de</strong> fotoluminescência para o <strong>com</strong>posto 9 …………………………<br />
3.5. Conclusões …………………………………………………………………..<br />
3.6. Bibliografia ………………………………………………………………….<br />
70<br />
72<br />
72<br />
73<br />
73<br />
80<br />
83<br />
84<br />
85<br />
86<br />
88<br />
91<br />
92
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.1. Introdução<br />
Wang et al. têm <strong>de</strong>monstrado um elevado interesse pela construção <strong>de</strong> polímeros<br />
<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação multidimensionais recorrendo a ligandos orgânicos simétricos. Exemplo<br />
disso é a publicação <strong>de</strong> alguns estudos apresentando estruturas <strong>com</strong> novas topologias<br />
on<strong>de</strong> utilizaram diferentes ligandos tricarboxílato <strong>com</strong>o são os casos do TCMB (1,3,5-<br />
tri(metil)benzeno), 1 TCBMT (N,N’,N’’-tris(carboximetil)-1,3,5-benzenotricarboxamida 2<br />
e H 3 TTG (N,N’,N’’-1,3,5-triazina-2,4,6-triiltris-glicina). 3-5 O ligando H 3 TTG tem a<br />
particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>rivado da TCT <strong>com</strong> três grupos substituintes glicina na sua<br />
estrutura. Esta molécula apresenta algumas semelhanças <strong>com</strong> o <strong>com</strong>posto 6, <strong>de</strong>scrito<br />
anteriormente, que será utilizado neste capitulo <strong>com</strong>o ligando orgânico para<br />
coor<strong>de</strong>nação <strong>com</strong> catiões <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>o na síntese <strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
A molécula orgânica H 3 TTG foi utilizada por Wang et al. na preparação <strong>de</strong><br />
estruturas <strong>com</strong> iões metálicos <strong>de</strong> Ni 2+ e Co 2+ . A síntese <strong>de</strong> algumas estruturas<br />
multidimensionais ocorreram em condições hidrotérmicas usando uma mistura <strong>de</strong><br />
H 3 TTG, Ni(OH) 2 , CoCl 2·6H 2 O ou Co(OAc) 2·2H 2 O. As misturas reaccionais foram<br />
mantidas a 140 ºC durante 48h. No final do processo <strong>de</strong> síntese foram obtidas duas<br />
estruturas 2D, [Ni(HTTG)(H 2 O) 2 ] n (Figura 3.1) e [Co(HTTG)(H 2 O) 2 ] n , e uma estrutura<br />
3D [Cd(HTTG)] n (Figura 3.2).<br />
Figura 3.1 – Estrutura do material lamelar [Ni(HTTG)(H 2 O) 2 ] n .<br />
Reproduzida a partir da referência 5.<br />
70
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 3.2 – Estrutura do polímero 3D [Cd(HTTG)] n . Reproduzida a partir<br />
da referência 5.<br />
Os polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação 2D [Ni(HTTG)(H 2 O) 2 ] n e [Co(HTTG)(H 2 O) 2 ] n<br />
exibiram interacções ferromagnéticas interessantes entre centros metálicos adjacentes,<br />
enquanto que o polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação 3D [Cd(HTTG)] n mostrou ser<br />
fotoluminescente <strong>com</strong> máximo <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> a 413 nm.<br />
O objectivo principal <strong>de</strong>ste capítulo consiste na síntese hidrotérmica <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação através da <strong>com</strong>binação <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>os (Eu 3+ , Pr 3+ e La 3+ ) e<br />
um <strong>de</strong>rivado da TCT, <strong>com</strong>posto 6, que foi sintetizado <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o método A<br />
<strong>de</strong>scrito na secção 2.3.2, e posteriormente hidrolisado em meio ácido <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scrito em<br />
2.4. Os materiais obtidos (<strong>com</strong>postos 7, 8 e 9) foram caracterizados através <strong>de</strong> métodos<br />
do estado sólido (difracção <strong>de</strong> raios-X, espectroscopia vibracional, termogravimetria e<br />
análise elementar) e a estrutura do <strong>com</strong>posto 7 foi resolvida por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong><br />
mono-cristal.<br />
71
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.2. Síntese dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9<br />
3.2.1. Síntese hidrotérmica<br />
Uma mistura <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>o (III) (LnCl 3·nH 2 O, on<strong>de</strong> Ln 3+ = La 3+ (7),<br />
Pr 3+ (8) e Eu 3+ (9)) e cloreto <strong>de</strong> 4,6-bis(carboximetilamino)-2-oxo-2,3-dihidro-1,3,5-<br />
triazínio (<strong>com</strong>posto 6) foi preparada num solvente apropriado (água <strong>de</strong>stilada ou DMF).<br />
Esta mistura foi colocada em agitação magnética durante aproximadamente 30 min. A<br />
suspensão homogénea obtida foi transferida para um reactor <strong>de</strong> Teflon® a revestir o<br />
interior <strong>de</strong> um reactor em aço inox. Seguidamente, colocou-se a mistura reaccional<br />
numa estufa (MMM Verticell) <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> as condições <strong>de</strong>scritas na Tabela 3.1.<br />
Terminado o tempo <strong>de</strong> reacção, <strong>de</strong>sligou-se a estufa e <strong>de</strong>ixou-se a arrefecer até à<br />
temperatura ambiente. Os produtos foram sujeitos a uma filtração por vácuo, lavados<br />
<strong>com</strong> água <strong>de</strong>stilada e, por fim, secos à temperatura ambiente.<br />
Tabela 3.1 – Condições reaccionais para a preparação dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e<br />
9. (Ln 3+ - lantaní<strong>de</strong>o; L – <strong>com</strong>posto 6; S – solvente usado na reacção).<br />
Todas as reacções ocorreram durante 48h.<br />
(*) Reacção <strong>com</strong> pH ajustado a 5-6 <strong>com</strong> Et 3 N.<br />
Composto<br />
La 3+ (7)<br />
Pr 3+ (8)<br />
Eu 3+ (9)<br />
Temperatura<br />
Massa <strong>de</strong> Ln 3+ Massa <strong>de</strong> L Massa <strong>de</strong> S<br />
Solvente<br />
(ºC)<br />
(g)<br />
(g)<br />
(g)<br />
120 H 2 O 0.0612 0.0401 6.01<br />
180 H 2 O 0.1239 0.0812 6.01<br />
180 H 2 O 0.0589 0.0396 6.04<br />
180 H 2 O (*) 0.0580 0.0398 6.00<br />
120 H 2 O 0.0589 0.0405 6.01<br />
120 DMF 0.0586 0.0395 6.00<br />
180 H 2 O 0.0605 0.0402 6.00<br />
180 H 2 O (*) 0.0597 0.0398 5.99<br />
120 H 2 O 0.0607 0.0398 6.03<br />
120 DMF 0.0607 0.0404 6.02<br />
No final do processo <strong>de</strong> síntese, e após secagem à temperatura ambiente, dos<br />
<strong>com</strong>postos, todos foram isolados na forma <strong>de</strong> pós <strong>com</strong> tonalida<strong>de</strong> branca.<br />
72
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.3. Resultados e discussão<br />
3.3.1. Descrição cristalográfica do <strong>com</strong>posto 7<br />
A reacção entre o produto da hidrólise ácida, cloreto <strong>de</strong> 4,6-<br />
bis(carboximetilamino)-2-oxo-2,3-dihidro-1,3,5-triazínio (previamente i<strong>de</strong>ntificado<br />
<strong>com</strong>o <strong>com</strong>posto 6), <strong>com</strong> cloreto <strong>de</strong> lantânio sob condições hidrotérmicas típicas (ver<br />
secção 3.2.1 para mais <strong>de</strong>talhes), produziu um material cristalino que foi i<strong>de</strong>ntificado<br />
<strong>com</strong>o [LaH(L) 2 ] (on<strong>de</strong> L 2- representa o ligando <strong>com</strong>pletamente <strong>de</strong>sprotonado resultante<br />
<strong>de</strong> 6) baseado em estudos <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal (ver apêndice B para<br />
mais <strong>de</strong>talhes sobre o refinamento e resolução da estrutura cristalina). O <strong>com</strong>posto<br />
cristalizou no grupo espacial monoclínico centrossimétrico P2/c.<br />
A unida<strong>de</strong> assimétrica <strong>de</strong> [LaH(L) 2 ] <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> um centro metálico La 3+<br />
localizado numa posição cristalográfica especial (no eixo <strong>de</strong> rotação C 2 ) e um ligando<br />
orgânico em que o átomo N4 está parcialmente protonado (taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> 50%),<br />
tal <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scrito na Figura 3.3a. A distribuição espacial dos grupos substituintes, em<br />
<strong>com</strong>binação <strong>com</strong> a sua flexibilida<strong>de</strong> conformacional, permite a ligação <strong>de</strong>ste bloco<br />
primário <strong>de</strong> construção orgânico via dois quelatos syn,syn (Figura 3.3a), <strong>com</strong> os grupos<br />
pen<strong>de</strong>ntes assemelhando-se a uma estrutura em forma <strong>de</strong> “garra”. O ângulo <strong>de</strong> quelação<br />
<strong>de</strong>stes grupos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação foi encontrado no intervalo <strong>de</strong> 48.32(10)-49.78(11)º<br />
(Tabela 3.2), sendo típico <strong>de</strong>ste arranjo espacial <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> uma pesquisa<br />
sistemática na base <strong>de</strong> dados estrutural <strong>de</strong> Cambridge (CSD, Versão 5.30 <strong>com</strong> quatro<br />
actualizações): para 274 entradas os ângulos <strong>de</strong> quelação prevalecem no intervalo <strong>de</strong><br />
43.1-52.4º, <strong>com</strong> uma mediana <strong>de</strong> 49.0º.<br />
A esfera <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação do centro metálico La 3+ é <strong>com</strong>posta por quatro ligandos<br />
orgânicos <strong>com</strong>o representado na Figura 3.3b. Duas moléculas exibem os modos <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>scritos no parágrafo anterior e as outras duas coor<strong>de</strong>nam-se via uma<br />
ponte syn <strong>de</strong> O4, que é responsável pela formação da estrutura polimérica (ver abaixo).<br />
O centro metálico está, portanto, coor<strong>de</strong>nado a um total <strong>de</strong> 10 átomos <strong>de</strong> oxigénio,<br />
{LaO 10 }. Os <strong>com</strong>primentos <strong>de</strong> ligação La-O surgem no intervalo <strong>de</strong> 2.528(3) a 2.713(3)<br />
Å (Tabela 3.2), <strong>com</strong> a última distância sendo referente à ponte syn <strong>de</strong> O4 que liga<br />
centros La 3+ adjacentes. Consi<strong>de</strong>rando-se os centros <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> dos grupos<br />
carboxilato quelatos syn,syn <strong>com</strong>o vértices, o poliedro <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação po<strong>de</strong> ser visto<br />
73
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>com</strong>o um octaedro bastante distorcido (Figura 3.3c), <strong>com</strong> os ângulos internos cis e trans<br />
encontrados nos intervalos ca. 76.2-110.0º e 154.1-179.6º, respectivamente.<br />
Tabela 3.2 – Distâncias <strong>de</strong> ligação (em Å) e ângulos (em graus) para o<br />
ambiente <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> La 3+ presente em [LaH(L) 2 ] (7). a<br />
La(1)–O(1) 2.688(3) La(1)–O(3) iii 2.660(3)<br />
La(1)–O(1) iii 2.688(3) La(1)–O(4) 2.713(3)<br />
La(1)–O(2) 2.549(3) La(1)–O(4) i 2.528(3)<br />
La(1)–O(2) iii 2.549(3) La(1)–O(4) ii 2.528(3)<br />
La(1)–O(3) 2.660(3) La(1)–O(4) iii 2.713(3)<br />
O(1)–La(1)–O(1) iii 143.52(16) O(3) iii –La(1)–O(4) 108.08(11)<br />
O(1)–La(1)–O(4) 93.99(10) O(3) iii –La(1)–O(4) iii 48.32(10)<br />
O(1)–La(1)–O(4) iii 78.46(10) O(3)–La(1)–O(4) 48.32(10)<br />
O(1) iii –La(1)–O(4) 78.46(10) O(3)–La(1)–O(4) iii 108.08(11)<br />
O(1) iii –La(1)–O(4) iii 93.99(10) O(4) i –La(1)–O(2) 72.67(11)<br />
O(2)–La(1)–O(1) 49.78(11) O(4) ii –La(1)–O(2) 77.36(11)<br />
O(2)–La(1)–O(1) iii 148.93(10) O(4) i –La(1)–O(1) 122.46(11)<br />
O(2) iii –La(1)–O(1) 148.93(10) O(4) i –La(1)–O(1) iii 86.76(10)<br />
O(2) iii –La(1)–O(2) 140.64(17) O(4) ii –La(1)–O(1) 86.76(10)<br />
O(2)–La(1)–O(3) 87.02(11) O(4) ii –La(1)–O(1) iii 122.46(11)<br />
O(2)–La(1)–O(3) iii 128.66(11) O(4) i –La(1)–O(2) iii 77.36(11)<br />
O(2) iii –La(1)–O(3) 128.66(11) O(4) i –La(1)–O(3) 113.04(10)<br />
O(2) iii –La(1)–O(3) iii 87.02(11) O(4) i –La(1)–O(3) iii 155.97(10)<br />
O(2)–La(1)–O(4) 71.81(11) O(4) ii –La(1)–O(3) 155.97(10)<br />
O(2)–La(1)–O(4) iii 116.91(10) O(4) ii –La(1)–O(3) iii 113.04(10)<br />
O(2) iii –La(1)–O(1) iii 49.78(11) O(4) i –La(1)–O(4) 64.74(13)<br />
O(2) iii –La(1)–O(4) 116.91(10) O(4) ii –La(1)–O(4) 138.29(9)<br />
O(2) iii –La(1)–O(4) iii 71.81(11) O(4) iii –La(1)–O(4) 155.93(16)<br />
O(3)–La(1)–O(1) 69.22(10) O(4) i –La(1)–O(4) ii 79.82(15)<br />
O(3)–La(1)–O(1) iii 79.77(11) O(4) i –La(1)–O(4) iii 138.29(9)<br />
O(3)–La(1)–O(3) iii 63.47(14) O(4) ii –La(1)–O(2) iii 72.67(11)<br />
O(3) iii –La(1)–O(1) 79.77(11) O(4) ii –La(1)–O(4) iii 64.74(13)<br />
O(3) iii –La(1)–O(1) iii 69.22(10)<br />
a Transformações <strong>de</strong> simetria usadas para gerar átomos equivalentes: (i) 1-x, 2-y, 1-z;<br />
(ii) x, 2-y, -½+z; (iii) 1-x, y, ½-z.<br />
74
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 3.3 – (a) Representação esquemática da unida<strong>de</strong> assimétrica <strong>de</strong><br />
[LaH(L) 2 ] (7). Os átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio, estão representados na<br />
forma <strong>de</strong> elipsói<strong>de</strong>s térmicos <strong>de</strong>senhados <strong>com</strong> um nível <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
80%. Os átomos <strong>de</strong> hidrogénio estão representados na forma <strong>de</strong> pequenas<br />
esferas <strong>com</strong> raio arbitrário. As i<strong>de</strong>ntificações atómicas são fornecidas para<br />
todos os átomos, excepto os <strong>de</strong> hidrogénio, e para átomos <strong>de</strong> hidrogénio<br />
ligados ao azoto. (b) Ambiente <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação do centro metálico La 3+<br />
enfatizando os quatro ligandos orgânicos que <strong>com</strong>põem a primeira esfera <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação. (c) Visão <strong>de</strong>talhada do ambiente <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação octaédrico<br />
bastante distorcido <strong>de</strong> La 3+ quando os centros <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> dos grupos<br />
carboxílato quelados são consi<strong>de</strong>rados <strong>com</strong>o vértices. Transformações <strong>de</strong><br />
simetria usadas para gerar átomos equivalentes: (i) 1-x, 2-y, 1-z;<br />
(ii) x, 2-y, -½+z; (iii) 1-x, y, ½-z.<br />
A característica estrutural mais importante <strong>de</strong> 7 resi<strong>de</strong> na presença <strong>de</strong> um<br />
polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação unidimensional ∞ 1 [LaH(L) 2 ] paralelo à direcção [001] da<br />
célula unitária (Figura 3.4). O grupo carboxilato C7 em forma <strong>de</strong> “garra” tem o átomo<br />
<strong>de</strong> oxigénio O4 a estabelecer uma ponte <strong>com</strong> um centro metálico vizinho (relacionado<br />
<strong>com</strong> o primeiro por inversão), impondo distâncias inter-metálicas <strong>de</strong> 4.4379(7) Å<br />
(Figura 3.4a) ao longo da direcção <strong>de</strong> crescimento do polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação.<br />
75
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 3.4 – Vista em perspectiva do polímero <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
unidimensional ∞ 1 [LaH(L) 2 ] presente no <strong>com</strong>posto 7.<br />
Polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação 1 ∞ [LaH(L) 2 ] adjacentes estão ligados através <strong>de</strong><br />
ligações por pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···(N,O) fortes [d D···A : 2.755(8)-2.859(5) Å] e<br />
aproximadamente lineares [ângulos
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
2.821(5)-2.970(6), estas encontram-se também significativamente <strong>de</strong>sviadas da<br />
linearida<strong>de</strong>, tendo o ângulo mais elevado
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 3.6 – Contactos supramoleculares entre polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
∞ 1 [LaH(L) 2 ] espacialmente próximos e pertencentes a re<strong>de</strong>s 3D diferentes.<br />
(a) Interacções por pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···O bifurcadas formando um<br />
motivo R 2 1 (8). (b) Contactos entre anéis pertencentes aos ligandos<br />
orgânicos. Transformação <strong>de</strong> simetria usada para gerar átomos equivalentes:<br />
(v) x, 1-y, ½+z.<br />
Tabela 3.3 – Geometria das ligações <strong>de</strong> hidrogénio (distâncias em Å e<br />
ângulos em graus) para [LaH(L) 2 ] (7). a<br />
D-H···A d(H···A) d(D···A)
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
A auto-organização dos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação 1 ∞ [LaH(L) 2 ] mediada pelos<br />
contactos supramoleculares <strong>de</strong>scritos no parágrafo anterior leva à formação <strong>de</strong> uma<br />
estrutura <strong>com</strong>pacta <strong>com</strong>o representado na Figura 3.7. É interessante notar a presença <strong>de</strong><br />
fronteiras claras entre os <strong>com</strong>ponentes orgânicos e inorgânicos da estrutura<br />
supramolecular: os “arames” moleculares <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> lantânio estão incorporados numa<br />
matriz orgânica <strong>com</strong>posta pelos anéis dos blocos orgânicos <strong>de</strong> construção.<br />
Figura 3.7 – Empacotamento cristalino <strong>de</strong> ∞ 1 [LaH(L) 2 ] (7) visto em<br />
perspectiva ao longo da direcção [001] da célula unitária. As interacções por<br />
pontes <strong>de</strong> hidrogénio N–H···(N,O) interligando polímeros 1D adjacentes<br />
estão representadas por linhas púrpuras a tracejado, enquanto as interacções<br />
N–H···O que estabelecem ligações entre re<strong>de</strong>s supramoleculares adjacentes<br />
estão <strong>de</strong>senhadas na forma <strong>de</strong> linhas ver<strong>de</strong>s a tracejado. Para mais <strong>de</strong>talhes<br />
sobre a geometria das ligações por pontes <strong>de</strong> hidrogénio ver Tabela 3.3.<br />
79
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.3.2. Difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós<br />
Para se obter informação acerca da cristalinida<strong>de</strong> dos <strong>com</strong>postos obtidos através<br />
da síntese hidrosolvotérmica e <strong>de</strong>cidir quais as melhores condições reaccionais a utilizar<br />
para a síntese dos mesmos, realizaram-se para todos os materiais obtidos estudos <strong>de</strong><br />
raios-X <strong>de</strong> pós. Na Figura 3.8 estão representados dois difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós<br />
obtidos no processo <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> síntese do <strong>com</strong>posto 7. As diferenças nos<br />
parâmetros <strong>de</strong> síntese resi<strong>de</strong>m na temperatura usada e na razão molar Ln 3+ :L:S uma vez<br />
que para T 120 t 48 S H2O a razão molar foi <strong>de</strong> 1:1:2000 e para T 180 t 48 S H2O 1:1:1000.<br />
T 120<br />
t 48<br />
S H2O<br />
T 180<br />
t 48<br />
S H2O<br />
5 10 15 20 25 30 35 40<br />
2θ (º)<br />
Figura 3.8 – Difractogramas obtidos no processo <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> síntese<br />
do <strong>com</strong>posto 7 (T – temperatura; t – tempo <strong>de</strong> reacção (em horas); S –<br />
solvente usado).<br />
Através dos difractogramas obtidos po<strong>de</strong>mos observar que ambos os métodos<br />
originaram materiais cristalinos, no entanto optou-se pelas condições reaccionais<br />
presentes no difractograma T 180 t 48 S H2O , tendo em conta que não só tivemos um material<br />
<strong>com</strong> elevada cristalinida<strong>de</strong> (<strong>com</strong>posto 7), mas também <strong>com</strong> um rendimento <strong>de</strong> 16%.<br />
Para T 120 t 48 S H2O o rendimento foi <strong>de</strong> apenas 9%. De notar também a existência, no<br />
difractograma T 120 t 48 S H2O , <strong>de</strong> uma reflexão por volta <strong>de</strong> 6.68º, indicativo da possível<br />
existência <strong>de</strong> uma impureza.<br />
80
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Na Figura 3.9 estão representados quatro difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós<br />
resultantes do processo <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> síntese do <strong>com</strong>posto 8. As diferenças nos<br />
parâmetros <strong>de</strong> síntese encontram-se <strong>de</strong>scritas na Tabela 3.1.<br />
T 180<br />
t 48<br />
S H2O<br />
T 180<br />
t 48<br />
S H2O<br />
Et 3<br />
N<br />
T 120<br />
t 48<br />
S H2O<br />
T 120<br />
t 48<br />
S DMF<br />
5 10 15 20 25 30 35 40<br />
2θ (º)<br />
Figura 3.9 – Difractogramas obtidos no processo <strong>de</strong> optimização da síntese<br />
do <strong>com</strong>posto 8 (T – temperatura; t – tempo <strong>de</strong> reacção (em horas); S –<br />
solvente usado; Et 3 N – trietilamina usada para ajustar o pH a 5-6).<br />
Após análise dos difractogramas obtidos na optimização da síntese <strong>de</strong> 8<br />
po<strong>de</strong>mos observa-se que a cristalinida<strong>de</strong> e o tipo <strong>de</strong> material variam à medida que se<br />
alteram os parâmetros reaccionais. Assim sendo, através do difractograma T 120 t 48 S DMF é<br />
possível observar que o material obtido é praticamente amorfo. O difractograma<br />
T 120 t 48 S H2O mostra que o material obtido é bastante cristalino, mas <strong>com</strong>parando <strong>com</strong> os<br />
difractogramas T 180 t 48 S H2O e T 180 t 48 S H2O Et 3 N é possível observar uma maior quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reflexões, o que é indicativo da existência <strong>de</strong> mais que uma fase. Após a análise dos<br />
outros dois difractogramas, optamos pelas condições reaccionais usadas para obtenção<br />
do material do difractograma T 180 t 48 S H2O , uma vez que, quando <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> o <strong>de</strong><br />
T 180 t 48 S H2O Et 3 N é possível observar a presença, em geral, <strong>de</strong> um material mais<br />
cristalino.<br />
81
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Na Figura 3.10 estão representados quatro difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós<br />
obtidos no processo <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> síntese do <strong>com</strong>posto 9. As diferenças nos<br />
diferentes parâmetros <strong>de</strong> síntese encontram-se na Tabela 3.1.<br />
T 180<br />
t 48<br />
S H2O<br />
T 180<br />
t 48<br />
S H2O<br />
Et 3<br />
N<br />
T 120<br />
t 48<br />
S H2O<br />
T 120<br />
t 48<br />
S DMF<br />
5 10 15 20 25 30 35 40<br />
2θ (º)<br />
Figura 3.10 – Difractogramas obtidos no processo <strong>de</strong> optimização da<br />
síntese do <strong>com</strong>posto 9 (T – temperatura; t – tempo <strong>de</strong> reacção (em horas); S<br />
– solvente usado; Et 3 N – trietilamina usada para ajustar o pH a 5-6).<br />
Através da análise dos difractogramas, observa-se que, tal <strong>com</strong>o na optimização<br />
do método <strong>de</strong> síntese do <strong>com</strong>posto 8, a cristalinida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> os parâmetros<br />
reaccionais. O difractograma T 120 t 48 S DMF mostra que o material obtido é praticamente<br />
amorfo, tal <strong>com</strong>o em 8. Os restantes três difractogramas indicam a obtenção <strong>de</strong><br />
materiais cristalinos. Este aspecto é visível, sobretudo, no difractograma <strong>de</strong> T 180 t 48 S H2O ,<br />
uma vez que no intervalo <strong>de</strong> 19-35º é possível observar a existência <strong>de</strong> reflexões <strong>com</strong><br />
maior intensida<strong>de</strong> e uma razão sinal/ruído maior.<br />
Na Figura 3.11 estão representados os difractogramas para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9<br />
após optimização das condições reaccionais.<br />
82
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Composto 7<br />
Composto 8<br />
Composto 9<br />
5 10 15 20 25 30 35 40<br />
2θ (º)<br />
Figura 3.11 – Difractogramas adquiridos para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9 após<br />
optimização das condições reaccionais. Tempo <strong>de</strong> aquisição dos<br />
difractogramas <strong>de</strong> aproximadamente 15 horas.<br />
Com base nos difractogramas dos <strong>com</strong>postos obtidos e <strong>com</strong> os resultados<br />
anteriormente <strong>de</strong>scritos, é possível observar que o <strong>com</strong>posto 7 é uma fase pura. Quando<br />
este material é <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> os <strong>com</strong>postos 8 e 9 percebe-se que estes, provavelmente,<br />
possuem uma mistura <strong>de</strong> fases e são estruturalmente distintos <strong>de</strong> 7.<br />
3.3.3. Análise elementar<br />
Com os resultados obtidos na análise elementar estimaram-se as fórmulas<br />
empíricas dos <strong>com</strong>postos 8 e 9 (Tabela 3.4), e confirmou-se a pureza do <strong>com</strong>posto 7.<br />
Através das fórmulas empíricas <strong>de</strong> 8 e 9, po<strong>de</strong>mos supor a existência <strong>de</strong> água nas<br />
estruturas <strong>de</strong>stes <strong>com</strong>postos, o que não acontece no <strong>com</strong>posto 7. Este facto está<br />
relacionado <strong>com</strong> a primeira perda <strong>de</strong> massa nas curvas <strong>de</strong> TGA (Figura 3.13). A<br />
suposição da presença dos contaminantes Pr 2 O 3 e Eu 2 O 3 nas estruturas dos <strong>com</strong>postos 8<br />
e 9 surgiu da interpretação dos resultados da análise elementar. Consi<strong>de</strong>rando esta<br />
hipótese, seria plausível a observação <strong>de</strong> reflexões características <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> óxidos<br />
nos difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós dos materiais em questão. 6, 7 Este facto não é, no<br />
83
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
entanto, visível o que po<strong>de</strong>rá ser justificado pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes óxidos serem<br />
amorfos.<br />
Tabela 3.4 – Valores obtidos na análise elementar para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e<br />
9.<br />
Composto<br />
C 14 H 15 LaN 10 O 10<br />
(7)<br />
[C 21 H 22 PrN 15 O 15 ][Pr 2 O 3 ]·2H 2 O<br />
(8)<br />
[C 14 H 15 EuN 10 O 10 ][Eu 2 O 3 ]·2H 2 O<br />
(9)<br />
*Valores teóricos a negrito<br />
Composição química (%)*<br />
C H N<br />
25.16 2.56 22.26<br />
27.02 2.43 22.51<br />
20.46 2.57 17.43<br />
20.49 2.13 17.06<br />
16.88 2.38 14.00<br />
16.43 1.87 13.69<br />
3.3.4. Espectroscopia <strong>de</strong> infravermelho<br />
Na Figura 3.12 encontram-se os espectros <strong>de</strong> infravermelho dos <strong>com</strong>postos 7, 8<br />
e 9 on<strong>de</strong> é possível observar bandas características das vibrações dos diferentes grupos<br />
funcionais presentes nestes materiais.<br />
Composto 7<br />
Composto 8<br />
Composto 9<br />
ν(N-H)<br />
ν(−CH 2<br />
−)<br />
ν(C=O)<br />
ν sim<br />
(C−O coord<br />
)<br />
ν assim (C=O)<br />
ν assim<br />
(C−O coord<br />
)<br />
3500 3000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600<br />
Número <strong>de</strong> onda (cm -1 )<br />
Figura 3.12 – Espectros <strong>de</strong> infravermelho dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9.<br />
84
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Através da análise dos espectros <strong>de</strong> FT-IV po<strong>de</strong>mos observar que os <strong>com</strong>postos 7,<br />
8 e 9 exibem bandas típicas, <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> média, a 3328, 3275 e 3255 cm -1 ,<br />
respectivamente, correspon<strong>de</strong>ndo à vibração ν(N—H) da amina secundária. As<br />
vibrações ν(—CH 2 —) estão presentes a 2847, 2970 e 2957 para 7, 8 e 9 representadas<br />
<strong>com</strong> bandas <strong>de</strong> fraca intensida<strong>de</strong>. No intervalo entre 1750 e 1200 cm -1 dos espectros<br />
aparecem várias bandas intensas e finas. Nesta zona existem bandas características da<br />
vibração ν(C=O) a 1739, 1703 e 1703 cm -1 para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9, respectivamente.<br />
O aparecimento <strong>de</strong>stas bandas po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se ao grupo carbonilo que se encontra no anel<br />
ou mesmo à <strong>de</strong>sprotonação in<strong>com</strong>pleta dos grupos ácido carboxílico da molécula<br />
orgânica. A vibração típica ν assim (C=O) dos grupos carboxilato aparece, normalmente,<br />
no intervalo 1650-1550 cm -1 . Assim sendo, para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9 po<strong>de</strong>mos<br />
observar bandas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> muito forte a 1563, 1552 e 1577 cm -1 . As vibrações<br />
ν assim (C—O coord ) dos grupos carboxilato bi<strong>de</strong>ntados encontram-se a 1511, 1523 e 1517<br />
cm -1 para 7, 8 e 9, respectivamente. Finalmente, a 1426, 1448 e 1452 cm -1 os <strong>com</strong>postos<br />
7, 8 e 9 apresentam bandas <strong>de</strong>vido à vibração ν sim (C—O coord ). 5, 8<br />
3.3.5. Análise termogravimétrica (TGA)<br />
A <strong>de</strong><strong>com</strong>posição térmica dos materiais 7, 8 e 9 foi estudada por análise<br />
termogravimétrica (Figura 3.13).<br />
110<br />
100<br />
Composto 7<br />
Composto 8<br />
Composto 9<br />
90<br />
80<br />
Massa (%)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
0 100 200 300 400 500 600<br />
Temperatura (ºC)<br />
Figura 3.13 – Curvas termogravimétricas para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9.<br />
85
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Po<strong>de</strong>-se observar diferenças ligeiras, nomeadamente quando se <strong>com</strong>para a curva<br />
do <strong>com</strong>posto 7 <strong>com</strong> as dos <strong>com</strong>postos 8 e 9. Nos intervalos <strong>de</strong> temperatura 95-255 ºC e<br />
95-245 ºC é observada uma primeira perda <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> aproximadamente 5.6% e 5.4%<br />
para os <strong>com</strong>postos 8 e 9, respectivamente. Esta perda provavelmente <strong>de</strong>ve-se à saída <strong>de</strong><br />
água das estruturas <strong>de</strong>stes materiais. Isto vem <strong>de</strong> encontro <strong>com</strong> o que já foi referido na<br />
secção <strong>de</strong> análise elementar. A <strong>de</strong>gradação estrutural <strong>de</strong> 8 e 9 ocorre nos intervalos <strong>de</strong><br />
temperatura 255-540 ºC e 245-600 ºC <strong>com</strong> uma perda <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> aproximadamente<br />
55% e 49%, respectivamente. Cenário um pouco diferente é possível ser a<strong>com</strong>panhado<br />
na curva <strong>de</strong> TGA do <strong>com</strong>posto 7, pois apenas é visível uma perda <strong>de</strong> massa no intervalo<br />
<strong>de</strong> temperatura 250-600 ºC. Esta perda é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 70% e está relacionada <strong>com</strong> a<br />
<strong>de</strong>gradação estrutural <strong>de</strong>ste material. Ao contrário dos outros dois <strong>com</strong>postos, este não<br />
tem água na sua estrutura, tal <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scrito nos estudos cristalográficos.<br />
3.3.6. Microscopia Electrónica <strong>de</strong> Varrimento – Espectroscopia <strong>de</strong> Energia<br />
Dispersiva (SEM-EDS)<br />
Realizaram-se análises <strong>de</strong> SEM-EDS para conhecer a morfologia e textura dos<br />
<strong>com</strong>postos, através da aquisição <strong>de</strong> imagens das suas superfícies, e confirmar a<br />
<strong>com</strong>posição química elementar <strong>de</strong>stes.<br />
Na Figura 3.14 estão representadas várias imagens <strong>de</strong> SEM a duas ampliações<br />
diferentes (2000 e 5000 vezes) para os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9, sendo estas representativas<br />
da morfologia <strong>de</strong>stes materiais.<br />
86
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Figura 3.14 – Imagens <strong>de</strong> SEM dos <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9 adquiridas a<br />
diferentes ampliações: (a) e (b) <strong>com</strong>posto 7; (c) e (d) <strong>com</strong>posto 8; (e) e (f)<br />
<strong>com</strong>posto 9.<br />
Nas imagens <strong>de</strong> SEM é possível observar diferenças morfológicas entre os<br />
diferentes <strong>com</strong>postos. Para 7 é bem visível a existência <strong>de</strong> cristais bem <strong>de</strong>finidos,<br />
homogéneos e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões quando <strong>com</strong>parados <strong>com</strong> 8 e 9. Estes dois<br />
<strong>com</strong>postos apresentam-se na forma <strong>de</strong> placas finas <strong>de</strong> diferentes tamanhos e pouco<br />
organizadas. Estas características morfológicas vão ao encontro dos resultados obtidos<br />
por difracção <strong>de</strong> raio-X, em que o difractograma para o <strong>com</strong>posto 7 indicava que este<br />
era um material <strong>com</strong> elevado nível <strong>de</strong> cristalinida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> fase pura, enquanto os<br />
87
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>com</strong>postos 8 e 9 são materiais menos cristalinos <strong>com</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existência <strong>de</strong><br />
mais que uma fase.<br />
3.4. Estudos <strong>de</strong> fotoluminescência para o <strong>com</strong>posto 9<br />
Os espectros <strong>de</strong> excitação do <strong>com</strong>posto 9 registados à temperatura ambiente e a<br />
12 K são constituídos por uma série <strong>de</strong> linhas finas atribuídas às transições 7 F 0,1 → 5 D 4-1 ,<br />
5 L 6 , 5 G 2-6 , 5 H 3-7 e 5 F 1-5 intra-4f 6 do catião Eu 3+ . Na região espectral <strong>de</strong> energia mais<br />
elevada os espectros mostram também uma banda larga (<strong>com</strong> máximo a ~275 nm)<br />
atribuível a transferência <strong>de</strong> carga do ligando oxigénio para Eu 3+ (CT).<br />
7<br />
F 0<br />
→ 5 L 6<br />
Temp. (ºK)<br />
300<br />
12<br />
Intensida<strong>de</strong> normalizada<br />
CT<br />
7 F 0<br />
→ 5 F J<br />
7<br />
F 0,1<br />
→ 5 H J 7 F 0,1<br />
→ 5 D 4<br />
7<br />
F0 → 5 G J<br />
λ Em.<br />
= 617 nm<br />
7<br />
F 0,1<br />
→ 5 D 3 7 F 0,1<br />
→ 5 D 2 7 F 0,1<br />
→ 5 D 1<br />
250 300 350 400 450 500 550<br />
Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)<br />
Figura 3.15 - Espectros <strong>de</strong> excitação do <strong>com</strong>posto 9 registados à<br />
temperatura ambiente e a 12 K <strong>com</strong> a emissão monitorada a 617 nm.<br />
As linhas finas nos espectros <strong>de</strong> emissão (Figura 3.16) são atribuídas a transições<br />
entre o primeiro estado excitado não-<strong>de</strong>generado 5 D 0 e os primeiros cinco níveis do<br />
septeto fundamental 7 F 0-4 do Eu 3+ . A presença <strong>de</strong> apenas uma linha para a transição não<br />
<strong>de</strong>generada 5 D 0 → 7 F 0 , em conjugação <strong>com</strong> o <strong>de</strong>sdobramento dos níveis 7 F 1,2 em três e<br />
cinco <strong>com</strong>ponentes <strong>de</strong> Stark (Figura 3.16), respectivamente, sugerem a presença <strong>de</strong> um<br />
único sítio <strong>de</strong> Eu 3+ cristalograficamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Uma vez que o espectro <strong>de</strong><br />
emissão é dominado pela transição dipolar eléctrica, 5 D 0 → 7 F 2 , os iões Eu 3+ encontramse<br />
num ambiente local <strong>de</strong> baixa simetria.<br />
88
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
5<br />
D 0<br />
→ 7 F 2<br />
Temp. (ºK)<br />
300<br />
12<br />
Intensida<strong>de</strong> normalizada<br />
D 0<br />
→ 7 F 1<br />
λ Exc.<br />
= 393 nm<br />
5 D 0<br />
→ 7 F 4<br />
5<br />
D 0<br />
→ 7 F 0<br />
5 D 0<br />
→ 7 F 3<br />
580 600 620 640 660 680 700<br />
Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)<br />
Figura 3.16 - Espectros <strong>de</strong> emissão do <strong>com</strong>posto 9 registados à temperatura<br />
ambiente e a 12 K para um <strong>com</strong>primento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> excitação <strong>de</strong> 393 nm.<br />
As curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento do nível 5 D 0 ajustam-se a funções mono-exponenciais<br />
originando tempos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> 0.33±0.01 e 0.40±0.01 ms à temperatura ambiente e a 12<br />
K, respectivamente (Figura 3.17). Estes resultados confirmam a presença <strong>de</strong> um único<br />
sítio para o Eu 3+ .<br />
A baixa temperatura (12 K), a banda <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> carga no espectro <strong>de</strong><br />
excitação torna-se mais intensa e aparece uma segunda banda larga <strong>com</strong> máximo a 340<br />
nm atribuível a uma transferência <strong>de</strong> energia dos ligandos orgânicos para os iões Eu 3+<br />
(Figura 3.15). O espectro <strong>de</strong> emissão quando se selecciona este <strong>com</strong>primento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong><br />
excitação (340 nm) apresenta as transições 5 D 0 → 7 F 1-4 características do Eu 3+ e uma<br />
banda larga na região UV/azul do espectro (máximo a 400 nm) característica <strong>de</strong><br />
ligandos orgânicos (Figura 3.18). Este resultado <strong>de</strong>monstra a existência <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> energia dos níveis do ligando para o catião metálico. A perda <strong>de</strong> resolução espectral<br />
para as <strong>com</strong>ponentes <strong>de</strong> Stark das transições 5 D 0 → 7 F 2-4 é atribuída à presença <strong>de</strong> um<br />
material contaminante pouco cristalino (Figuras 3.18 e 3.19).<br />
89
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
Intensida<strong>de</strong> normalizada<br />
τ 12<br />
= 0.40±0.01ms<br />
λ Exc.<br />
= 393 nm<br />
λ Em.<br />
= 617 nm<br />
τ 300<br />
= 0.33±0.01ms<br />
Temp. (º K)<br />
300<br />
12<br />
0 1 2 3 4 5<br />
Tempo (ms)<br />
Figura 3.17 - Curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento da transição 5 D 0 para o <strong>com</strong>posto 9<br />
registados à temperatura ambiente (a preto) e a 12 K (a vermelho). A<br />
emissão foi monitorizada a 617 nm <strong>com</strong> excitação a 393 nm.<br />
λ Exc.<br />
(nm)<br />
340<br />
Intensida<strong>de</strong> (unida<strong>de</strong>s arbitrárias)<br />
Ligando<br />
12 Κ<br />
Eu 3+<br />
400 450 500 550 600 650 700<br />
Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)<br />
Figura 3.18 - Espectros <strong>de</strong> emissão do <strong>com</strong>posto 9 registado a 12 K <strong>com</strong> a<br />
excitação seleccionada a 340 nm.<br />
90
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
5<br />
D 0<br />
→ 7 F 2<br />
λ Exc.<br />
(nm)<br />
393<br />
340<br />
Intensida<strong>de</strong> normalizada<br />
D 0<br />
→ 7 F 1<br />
5 D 0<br />
→ 7 F 4<br />
5<br />
D 0<br />
→ 7 F 0<br />
5 D 0<br />
→ 7 F 3<br />
580 600 620 640 660 680 700<br />
Comprimento <strong>de</strong> onda (nm)<br />
Figura 3.19 - Espectros <strong>de</strong> emissão do <strong>com</strong>posto 9 registados a 12 K para<br />
<strong>com</strong>primentos <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> excitação <strong>de</strong> 340 nm e 393 nm.<br />
3.5. Conclusões<br />
Este capítulo teve <strong>com</strong>o principal objectivo a síntese <strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação, sob condições solvo(hidro)térmicas, através da reacção do <strong>com</strong>posto 6<br />
<strong>com</strong> diferentes catiões <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>os (La 3+ , Pr 3+ e Eu 3+ ). Depois do processo <strong>de</strong><br />
optimização dos parâmetros <strong>de</strong> síntese, e tendo em vista a formação <strong>de</strong> estruturas<br />
cristalinas, obtiveram-se três <strong>com</strong>postos.<br />
Após caracterização <strong>de</strong> 7, 8 e 9 usando técnicas <strong>de</strong> estado sólido <strong>de</strong>screveu-se<br />
em <strong>de</strong>talhe a estrutura cristalina do <strong>com</strong>posto 7. Os materiais <strong>de</strong>signados por 8 e 9 são<br />
pouco cristalinos, <strong>com</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> possuírem um contaminante. A diferença<br />
estrutural observada é atribuída à variação do raio iónico ao longo da série dos<br />
lantaní<strong>de</strong>os e, consequentemente, a diminuição dos respectivos números <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
mais estáveis para o Pr 3+ e Eu 3+ . Este factor po<strong>de</strong> dificultar a ligação dos ligandos aos<br />
centros metálicos originando a formação <strong>de</strong> produtos diferentes, alguns secundários e<br />
contaminantes, tal <strong>com</strong>o é o caso <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> lantaní<strong>de</strong>os.<br />
91
Síntese <strong>de</strong> Polímeros <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação<br />
3.6. Bibliografia<br />
1. S. N. Wang, J. F. Bai, Y. Z. Li, M. Scheer and X. Z. You, Crysteng<strong>com</strong>m, 2007,<br />
9, 228-235.<br />
2. R. Sun, Y. Z. Li, J. F. Bai and Y. Pan, Cryst. Growth Des., 2007, 7, 890-894.<br />
3. S. N. Wang, H. Xing, Y. Z. Li, J. F. Bai, M. Scheer, Y. Pan and X. Z. You,<br />
Chem. Commun., 2007, 2293-2295.<br />
4. S. N. Wang, J. F. Bai, Y. Z. Li, Y. Pan, M. Scheer and X. Z. You,<br />
Crysteng<strong>com</strong>m, 2007, 9, 1084-1095.<br />
5. S. Wang, J. F. Bai, H. Xing, Y. Z. Li, Y. Song, Y. Pan, M. Scheer and X. Z.<br />
You, Cryst. Growth Des., 2007, 7, 747-754.<br />
6. Y. P. Du, Y. W. Zhang, L. D. Sun and C. H. Yan, J. Phys. Chem. C, 2008, 112,<br />
12234-12241.<br />
7. R. Lo Nigro, R. G. Toro, G. Malandrino, V. Raineri and I. L. Fragala, in<br />
Integration of Advanced Micro-and Nanoelectronic Devices-Critical Issues and<br />
Solutions, eds. J. Morais, D. Kumar, M. Houssa, R. K. Singh, D. Landheer, R.<br />
Ramesh, R. M. Wallace, S. Guha and H. Koinuma, Materials Research Society,<br />
Warrendale, 2004, pp. 299-304.<br />
8. G. Socrates, Infrared Characteristic Group Frequencies, John Wiley & Sons,<br />
1994.<br />
92
Capítulo 4<br />
Consi<strong>de</strong>rações gerais e trabalho futuro
Consi<strong>de</strong>rações gerais e trabalho futuro<br />
A presente dissertação teve <strong>com</strong>o principal objectivo a síntese e caracterização<br />
<strong>de</strong> polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação a partir <strong>de</strong> novos ligandos orgânicos e catiões <strong>de</strong><br />
lantaní<strong>de</strong>os.<br />
Na primeira fase do trabalho proce<strong>de</strong>u-se à síntese e caracterização <strong>de</strong> novos<br />
<strong>de</strong>rivados da TCT tendo em vista a sua aplicação futura em métodos <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong><br />
polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Obtiveram-se três moléculas <strong>de</strong>rivadas da TCT, <strong>com</strong>postos<br />
2, 3 e 4, <strong>com</strong> rendimentos diferentes, sendo que duas <strong>de</strong>las, os <strong>com</strong>postos 2 e 3, foram<br />
obtidas <strong>com</strong> rendimentos bastante superiores <strong>de</strong>vido à optimização individual dos<br />
métodos <strong>de</strong> síntese.<br />
Na segunda fase do trabalho o <strong>com</strong>posto 6, resultante da hidrólise ácida do<br />
<strong>com</strong>posto 3, foi utilizado <strong>com</strong>o unida<strong>de</strong> primária <strong>de</strong> construção juntamente <strong>com</strong> catiões<br />
lantaní<strong>de</strong>os (La 3+ , Pr 3+ e Eu 3+ ), originando os <strong>com</strong>postos 7, 8 e 9. A obtenção <strong>de</strong>stes três<br />
<strong>com</strong>postos foi possível após optimização dos parâmetros <strong>de</strong> síntese hidrotérmica. Todos<br />
os materiais foram estudados utilizando técnicas <strong>de</strong> caracterização no estado sólido e a<br />
estrutura do <strong>com</strong>posto 7 foi resolvida por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal. Através<br />
das diferentes análises realizadas aos <strong>com</strong>postos conclui-se que 7 apresenta uma<br />
estrutura bastante cristalina e pura. Contrariamente, os <strong>com</strong>postos 8 e 9 possuem<br />
estruturas pouco cristalinas, <strong>com</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conterem contaminantes.<br />
Trabalho futuro <strong>de</strong>ve incidir em reacções <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>rivados da TCT,<br />
<strong>com</strong>binando o <strong>com</strong>posto 2 <strong>com</strong> moléculas orgânicas substituintes que possuam grupos<br />
funcionais diferentes. Ainda na <strong>com</strong>ponente orgânica, sugere-se proce<strong>de</strong>r à optimização<br />
do método <strong>de</strong> síntese do <strong>com</strong>posto 4, para que este seja obtido <strong>com</strong> um rendimento mais<br />
elevado. Estes processos têm <strong>com</strong>o principal objectivo a síntese <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s<br />
primárias <strong>de</strong> construção em quantida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável para, posteriormente, serem usadas<br />
na síntese <strong>de</strong> novos polímeros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. Ainda <strong>com</strong>o trabalho futuro, sugere-se<br />
optimizar os parâmetros <strong>de</strong> síntese hidrotérmica para obtenção <strong>de</strong> materiais cristalinos,<br />
utilizando o <strong>com</strong>posto 6 <strong>com</strong> lantaní<strong>de</strong>os. Tendo em vista a utilização <strong>de</strong> outros<br />
métodos <strong>de</strong> síntese sugere-se a síntese assistida por micro-ondas por esta permitir<br />
sínteses rápidas, controlo <strong>de</strong> morfologia, selectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fase e, geralmente,<br />
rendimentos elevados.<br />
94
Apêndices
Apêndice A<br />
A.1. Composto 2<br />
Figura A.1.1 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 2 obtido em CDCl 3 .<br />
96
Figura A.1.2 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C do <strong>com</strong>posto 2 obtido em CDCl 3 .<br />
97
Figura A.1.3 – Espectro <strong>de</strong> massa do <strong>com</strong>posto 2.<br />
98
Figura A.1.4 – Espectro <strong>de</strong> FT-IV do <strong>com</strong>posto 2.<br />
99
A.2. Composto 3<br />
Figura A.2.1 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 3 em CDCl 3 /DMSO-d 6 .<br />
100
Figura A.2.2 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C do <strong>com</strong>posto 3 em CDCl 3 /DMSO-d 6 .<br />
101
Figura A.2.3 – Espectro <strong>de</strong> massa do <strong>com</strong>posto 3.<br />
102
Figura A.2.4 – Espectro <strong>de</strong> FT-IV do <strong>com</strong>posto 3.<br />
103
A.3. Composto 4<br />
Figura A.3.1 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 4 em CDCl 3 /DMSO-d 6 .<br />
104
Figura A.3.2 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C do <strong>com</strong>posto 4 em CDCl 3 /DMSO-d 6 .<br />
105
Figura A.3.3 – Espectro <strong>de</strong> massa do <strong>com</strong>posto 4.<br />
106
Figura A.3.4 – Espectro <strong>de</strong> FT-IV do <strong>com</strong>posto 4.<br />
107
A.4. Composto 5<br />
Figura A.4.1 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 5 em DMSO-d 6 .<br />
108
Figura A.4.2 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 5 em DMSO-d 6 /D 2 O.<br />
109
Figura A.4.3 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C do <strong>com</strong>posto 5 em D 2 O.<br />
110
Figura A.4.4 – Espectro <strong>de</strong> massa do <strong>com</strong>posto 5.<br />
111
Figura A.4.5 – Espectro <strong>de</strong> FT-IV do <strong>com</strong>posto 5.<br />
112
A.5. Composto 6<br />
Figura A.5.1 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H do <strong>com</strong>posto 6 em DMSO-d 6 .<br />
113
Figura A.5.2 – Espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 13 C do <strong>com</strong>posto 6 em DMSO-d 6 .<br />
114
Figura A.5.3 – Espectro <strong>de</strong> massa do <strong>com</strong>posto 6.<br />
115
Figura A.5.4 – Espectro <strong>de</strong> FT-IV do <strong>com</strong>posto 6.<br />
116
Apêndice B<br />
Métodos Instrumentais para Caracterização dos Compostos<br />
1. Difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal<br />
1.1. Condições Experimentais<br />
Mono-cristais <strong>de</strong> cada um dos <strong>com</strong>postos estudados foram recolhidos dos<br />
recipientes <strong>de</strong> cristalização e imediatamente imersos num óleo <strong>de</strong> vácuo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
viscosida<strong>de</strong>, FOMBLIN Y (LVAC 140/13), adquirido à Sigma-Aldrich. Este<br />
procedimento ajuda a evitar a evaporação do solvente <strong>de</strong> cristalização e a consequente<br />
<strong>de</strong>gradação dos cristais. [1]<br />
Cristais foram montados em CryoLoops da Hampton Research (Canadá) <strong>com</strong> a<br />
ajuda <strong>de</strong> estereomicroscópio Stemi 2000 equipado <strong>com</strong> lentes Carl Zeiss. Dados <strong>de</strong><br />
difracção <strong>de</strong> mono-cristal foram recolhidos num difractómetro Brüker, mo<strong>de</strong>lo X8<br />
Kappa APEX II, <strong>com</strong> um <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> área CCD e radiação Mo K α monocromada pelo<br />
uso <strong>de</strong> um filtro <strong>de</strong> grafite (λ = 0.71073 Å). O equipamento encontrava.se controlado<br />
pelo software APEX-2 [2] e estava equipado <strong>com</strong> um crióstato da Oxford Cryosystems,<br />
mo<strong>de</strong>lo Series 700, controlado remotamente através do software Cryopad. [3] As imagens<br />
adquiridas foram processadas usando o software SAINT+, [4]<br />
e os dados foram<br />
corrigidos para absorção usando o método semi-empírico <strong>de</strong> multi-aquisição<br />
implementado no SADABS. [5] Todas as estruturas foram resolvidas usando o algoritmo<br />
[6, 7]<br />
baseaso em métodos directos presente no SHELXS-97, procedimento<br />
esse que<br />
permitiu a localização da maioria dos átomos. Todos os restantes átomos, que não os <strong>de</strong><br />
hidrogénio, foram localizados em mapas <strong>de</strong> diferenças <strong>de</strong> Fourier calculados através <strong>de</strong><br />
sucessivos refinamentos em F 2 <strong>de</strong> mínimos quadrados <strong>com</strong> matriz <strong>com</strong>pleta usando o<br />
SHELXS-97. [7, 8] De um modo geral, para todas as estruturas <strong>de</strong>scritas nesta dissertação,<br />
todos os átomos diferentes do hidrogénio foram refinados assumindo parâmetros <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>slocamento anisotrópico.<br />
Átomos <strong>de</strong> hidrogénio ligados a carbono foram colocados em posições<br />
geométricas i<strong>de</strong>alizadas <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o ambiente químico local, usando instruções<br />
HFIX (do SHELXL) apropriadas: 43 para átomos aromáticos, 137 para os grupos metilo<br />
terminais, 23 para as unida<strong>de</strong>s –CH 2 –. Todos estes átomos foram incluídos nos mo<strong>de</strong>los<br />
estruturais finais, <strong>com</strong> geometrias rígidas baseadas nos movimentos relativos dos<br />
117
átomos <strong>de</strong> carbono, e assumindo movimentos isotrópicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento térmico<br />
(U iso ) fixados a 1.2 (aromáticos e –CH 2 –) ou 1.5 (grupos metilo) vezes U eq dos átomos<br />
aos quais estão ligados.<br />
Os átomos <strong>de</strong> hidrogénio associados <strong>com</strong> os átomos <strong>de</strong> azoto tiveram um<br />
tratamento diferenciado <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a estrutura cristalina em questão. Em algumas<br />
estruturas foram localizados directamente nos mapas <strong>de</strong> diferenças <strong>de</strong> Fourier e<br />
incluídos nos mo<strong>de</strong>los estruturais <strong>com</strong> as distâncias N–H limitadas a 0.95(1) Å e U iso (H)<br />
= 1.5×U eq (N). Para outras foram alternativamente localizados nas suas posições i<strong>de</strong>ais e<br />
incluídos nos mo<strong>de</strong>los finais <strong>com</strong> U iso (H) = 1.2×U eq (N). No <strong>com</strong>posto polimérico 9 o<br />
átomo do hidrogénio H4 ligado ao azoto N4 foi incluído no mo<strong>de</strong>lo estrutural <strong>com</strong> taxa<br />
<strong>de</strong> ocupação fixa a 50% <strong>de</strong>vido a: i) à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> neutralizar um excesso <strong>de</strong> 0.5<br />
electrões provenientes da re<strong>de</strong> cristalina; ii) <strong>de</strong>vido a sua proximida<strong>de</strong> <strong>com</strong> um átomo<br />
idêntico (gerado por simetria) <strong>de</strong> uma molécula vizinha envolvida numa interacção forte<br />
N + –H···N <strong>de</strong> ponte <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
A Tabela B1 summariza os dados referentes à aquisição <strong>de</strong> dados cristalográficos,<br />
solução e refinamento das estruturas 1 a 4, 6 e 7.<br />
Dados cristalográficos para os <strong>com</strong>postos 1 e 2 encontram-se publicados e<br />
também <strong>de</strong>positados na base <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> Cambridge. Cópias dos dados (em formato<br />
CIF) po<strong>de</strong>m ser requisitadas gratuitamente através do en<strong>de</strong>reço CCDC, 12 Union Road,<br />
Cambridge CB2 2EZ, U.K. FAX: (+44) 1223 336033 ou correio electrónico<br />
<strong>de</strong>posit@ccdc.cam.ac.uk.<br />
Nota: Os estudos por difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> mono-cristal foram efectuados pelo<br />
Doutor Filipe Paz.<br />
118
Tabela B1. Dados para a resolução e refinamento das estruturas cristalinas.<br />
1 2 3<br />
Fórmula C 3 H 8 ClNO 2 C 6 H 6 Cl 2 N 4 O 2 C 9 H 12 ClN 5 O 4<br />
Peso molecular 125.55 237.05 289.69<br />
Temperatura / K 150(2) 150(2) 150(2)<br />
Sistema cristalino Monoclínico Triclínico Monoclínico<br />
Grupo espacial P2 1 /c Pī P2 1 /n<br />
a / Å 8.352(2) 7.3543(4) 7.2191(5)<br />
b / Å 12.505(3) 9.7523(5) 24.9432(19)<br />
c / Å 5.6369(14) 13.4133(7) 7.4918(5)<br />
α / º 90 97.714(3) 90<br />
β / º 99.730(9) 92.714(3) 113.281(5)<br />
γ / º 90 90.225(3) 90<br />
Volume/Å 3 580.3(2) 952.19(9) 1239.19(15)<br />
Z 4 4 4<br />
D c /g cm -3 1.437 1.654 1.553<br />
µ(Mo-Kα)/mm -1 0.553 0.660 0.328<br />
Tamanho do cristal/mm 0.08×0.02×0.02 0.18×0.16×0.04 0.26×0.20×0.18<br />
Hábito cristalino Agulha incolor Placa incolor Prisma incolor<br />
Gama θ 4.01 to 29.13 3.65 to 29.13 3.70 to 27.48<br />
Gamas índices <strong>de</strong><br />
Miller<br />
-11 ≤ h ≤ 11<br />
-17 ≤ k ≤ 16<br />
-7 ≤ l ≤ 7<br />
-10 ≤ h ≤ 10<br />
-13 ≤ k ≤ 13<br />
-18 ≤ l ≤ 18<br />
-9 ≤ h ≤ 9<br />
-31 ≤ k ≤ 28<br />
-9 ≤ l ≤ 9<br />
R1 = 0.0692<br />
Reflexões recolhidas 5189 23605 13354<br />
Reflexões<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
1539<br />
(R int = 0.0696)<br />
5043<br />
(R int = 0.0468)<br />
2810<br />
(R int = 0.0682)<br />
Data <strong>com</strong>pleteness até θ = 29.13º<br />
98.3%<br />
até θ = 29.13º<br />
98.3%<br />
até θ = 27.48º<br />
98.7%<br />
Dados / parâmetros 1539 / 66 5043 / 261 2810 / 180<br />
Índices R finais<br />
R1 = 0.0594 R1 = 0.0476<br />
[I>2σ(I)] a,b wR2 = 0.1610 wR2 = 0.1499 wR2 = 0.1101<br />
Índices R finais<br />
(todos os dados) a,b R1 = 0.1338<br />
wR2 = 0.1837<br />
R1 = 0.0822<br />
wR2 = 0.1653<br />
R1 = 0.0835<br />
wR2 = 0.1275<br />
Picos e buracos nos 1.050 e.Å -3 a 1.776 e.Å -3 a 0.576 e.Å -3 a<br />
mapas <strong>de</strong> Fourier 1.04 Å <strong>de</strong> H1B 1.36 Å <strong>de</strong> H4A 1.04 Å <strong>de</strong> Cl1<br />
(e.Å -3 ) e distâncias aos -0.549 e.Å -3 a -0.422 e.Å -3 a -0.382 e.Å -3 a<br />
átomos vizinhos (em Å) 0.83 Å <strong>de</strong> Cl1 0.84 Å <strong>de</strong> Cl2 0.67 Å <strong>de</strong> Cl1<br />
a<br />
∑ o c ∑ o<br />
; b 2 2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
wR2 = w( Fo − Fc ) / w( Fo<br />
)<br />
R1 = F − F / F<br />
∑ ∑<br />
⎡ ⎤ ⎡ ⎤<br />
⎢⎣ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎥⎦<br />
119
Tabela B1. (Continuação)<br />
4 6 7<br />
Fórmula C 12 H 18 N 6 O 6 C 7 H 10 ClN 5 O 5 C 14 H 15 LaN 10 O 10<br />
Peso molecular 342.32 279.65 622.27<br />
Temperatura / K 150(2) 150(2) 150(2)<br />
Sistema cristalino Monoclínico Monoclínico Monoclínico<br />
Grupo espacial C2/c P2 1 /c P2/c<br />
a / Å 24.0808(11) 11.2216(3) 13.013(2)<br />
b / Å 9.4111(4) 15.0063(4) 8.7755(16)<br />
c / Å 15.5791(7) 6.8432(2) 8.4187(13)<br />
α / º 90 90 90<br />
β / º 116.018(3) 90.245(2) 103.902(5)<br />
γ / º 90 90 90<br />
Volume/Å 3 3172.8(3) 1152.35(6) 933.2(3)<br />
Z 8 4 1<br />
D c /g cm -3 1.433 1.612 2.214<br />
µ(Mo-Kα)/mm -1 0.116 0.356 2.377<br />
Tamanho do cristal/mm 0.19×0.16×0.06 0.10×0.08×0.02 0.04×0.02×0.01<br />
Hábito cristalino Placa incolor Placa incolor Placa incolor<br />
Gama θ 3.65 to 29.13 3.63 to 36.31 3.98 to 27.47<br />
Gamas índices <strong>de</strong><br />
Miller<br />
-32 ≤ h ≤ 32<br />
-12 ≤ k ≤ 12<br />
-21 ≤ l ≤ 21<br />
-18 ≤ h ≤ 15<br />
-25 ≤ k ≤ 23<br />
-11 ≤ l ≤ 11<br />
-16 ≤ h ≤ 16<br />
-10 ≤ k ≤ 11<br />
-6 ≤ l ≤ 10<br />
R1 = 0.0418<br />
Reflexões recolhidas 27764 20434 8544<br />
Reflexões<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
4182<br />
(R int = 0.0425)<br />
5566<br />
(R int = 0.0314)<br />
2112<br />
(R int = 0.0995)<br />
Data <strong>com</strong>pleteness até θ = 29.13º<br />
97.9%<br />
até θ = 36.31º<br />
99.4%<br />
até θ = 27.47º<br />
98.6%<br />
Dados / parâmetros 4182 / 229 5566 / 165 2112 / 159<br />
Índices R finais<br />
R1 = 0.0398 R1 = 0.0454<br />
[I>2σ(I)] a,b wR2 = 0.0962 wR2 = 0.0943 wR2 = 0.0690<br />
Índices R finais<br />
(todos os dados) a,b R1 = 0.0775<br />
wR2 = 0.1117<br />
R1 = 0.0657<br />
wR2 = 0.1056<br />
R1 = 0.0766<br />
wR2 = 0.0766<br />
Picos e buracos nos 0.240 e.Å -3 a 0.469 e.Å -3 a 1.110 e.Å -3 a<br />
mapas <strong>de</strong> Fourier 1.42 Å <strong>de</strong> O3 0.74 Å <strong>de</strong> C4 1.85 Å <strong>de</strong> C3<br />
(e.Å -3 ) e distâncias aos -0.231 e.Å -3 a -0.254 e.Å -3 a -1.202 e.Å -3 a<br />
átomos vizinhos (em Å) 0.65 Å <strong>de</strong> C8 0.82 Å <strong>de</strong> C7 1.18 Å <strong>de</strong> La1<br />
a<br />
∑ o c ∑ o<br />
; b 2 2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
wR2 = w( Fo − Fc ) / w( Fo<br />
)<br />
R1 = F − F / F<br />
∑ ∑<br />
⎡ ⎤ ⎡ ⎤<br />
⎢⎣ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎥⎦<br />
120
2. Difracção <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós<br />
2.1. Condições Experimentais<br />
Dados <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós dos vários materiais estudados foram colectados à<br />
temperatura ambiente usando um difractómetro X’Pert MPD <strong>de</strong> marca Philips <strong>com</strong><br />
radiação-X <strong>de</strong> cobre K α1,2 (λ 1 = 1.540598 Å e λ 2 = 1.544426 Å) e óptica do tipo Bragg-<br />
Brentano, equipado <strong>com</strong> um <strong>de</strong>tector X’Celerator e um porta-amostras plano. A tensão<br />
<strong>de</strong> aceleração e a corrente no filamento foram <strong>de</strong> 40 kV e 50 mA, respectivamente.<br />
As aquisições <strong>de</strong> dados foram tipicamente realizadas na gama angular<br />
ca. 4 ≤ 2θ ≤ 110º usando um passo <strong>de</strong> 0.02º para contagens em modo contínuo.<br />
O equipamento foi calibrado e alinhado usando <strong>com</strong>o padrão externo (fornecido pelo<br />
fabricante) silício policristalino.<br />
Nota: A aquisição dos difractogramas <strong>de</strong> raios-X <strong>de</strong> pós foi efectuada pela Mestre<br />
Patrícia Silva e pela Doutora Sofia Bruno.<br />
3. Microscopia Electrónica<br />
3.1. Condições Experimentais<br />
Imagens <strong>de</strong> microscopia electrónica <strong>de</strong> varrimento (SEM) e dados <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong><br />
energia <strong>de</strong> raios-X (EDS) foram colectados usando um microscópio Hitachi S-4100 <strong>com</strong><br />
um canhão <strong>de</strong> electrões baseado num filamento <strong>de</strong> tungsténio, operando <strong>com</strong> uma<br />
energia <strong>de</strong> feixe inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 25 kV, ou um microscópio SU-70 <strong>com</strong> energia <strong>de</strong> 15 kV.<br />
As amostras foram preparadas por <strong>de</strong>posição em suportes <strong>de</strong> alumínio seguidas <strong>de</strong><br />
recobrimento <strong>com</strong> carbono usando um Polaron Carbon Coater CC765.<br />
Nota: A aquisição das imagens <strong>de</strong> SEM e dados <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> raios-X foi<br />
efectuada pela Mestre Patrícia Silva.<br />
121
4. Análises Térmicas<br />
4.1. Condições Experimentais<br />
Estudos termogravimétricos (TGA) foram realizados usando um equipamento<br />
Shimadzu TGA 50 entre a temperatura ambiente e ca. 600 ºC, <strong>com</strong> uma taxa <strong>de</strong><br />
aquecimento <strong>de</strong> 5˚C/min <strong>com</strong> uma atmosfera dinâmica <strong>de</strong> azoto (fluxo <strong>de</strong> 20 cm 3 /min).<br />
Nota: As curvas termogravimétricas foram adquiridas pela Mestre Celeste Azevedo.<br />
5. Espectroscopia Vibracional<br />
5.1. Condições Experimentais<br />
Estudos <strong>de</strong> espectroscopia vibracional <strong>de</strong> infra-vermelho <strong>com</strong> transformada <strong>de</strong><br />
Fourier e reflexão total atenuada (ATR-FT-IR) foram efectuados num<br />
espectrofotómetro Bruker ALPHA Platinum ATR FT-IR para os <strong>com</strong>postos 2 a 4. Para<br />
os <strong>com</strong>postos 5 a 9 os estudos foram efectuados num Matson 7000 FT-IR equipado <strong>com</strong><br />
um acessório Gol<strong>de</strong>n Gate Mk II ATR <strong>de</strong> marca Specac, possuindo uma janela <strong>de</strong><br />
diamante e lentes <strong>de</strong> focagem KRS-5.<br />
6. Espectroscopia <strong>de</strong> RMN<br />
6.1. Condições experimentais<br />
Os <strong>com</strong>postos foram dissolvidos em solventes <strong>de</strong>uterados e transferidos para<br />
tubos <strong>de</strong> RMN. Os espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H e 13 C foram registados num aparelho<br />
Bruker AVANCE 300. Este equipamento tinha a si associado um electromagnete on<strong>de</strong><br />
foram colocados os tubos <strong>de</strong> RMN a rodar a 20 Hz em campo magnético constante.<br />
Como padrão interno usou-se TMS (δ= 0 ppm).<br />
Nota: Os espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H e 13 C foram adquiridos pelo Dr. Hilário Tavares.<br />
122
7. Espectrometria <strong>de</strong> massa<br />
7.1. Condições experimentais<br />
Dissolveram-se os <strong>com</strong>postos <strong>de</strong> modo a ficarem <strong>com</strong> uma concentração <strong>de</strong> 1<br />
mg/mL. As amostras foram diluídas em metanol apresentando uma concentração final<br />
<strong>de</strong> 1 µL(amostra)/200 µL (metanol). Os espectros <strong>de</strong> massa foram efectuados num<br />
equipamento Micromass Q-TOF2.<br />
Nota: Os espectros <strong>de</strong> massa foram adquiridos pela Dra. Cristina Barros.<br />
8. Fotoluminescência<br />
8.1. Condições Experimentais<br />
Os estudos <strong>de</strong> fotoluminescência foram efectuados num equipamento Fluorolog®-<br />
3 mo<strong>de</strong>lo FL3–2T <strong>com</strong> um monocromador duplo <strong>de</strong> excitação (Triax 320), equipado<br />
<strong>com</strong> duas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> difracção <strong>de</strong> 1200 estrias/mm <strong>com</strong> eficiência máxima a 330 nm, e<br />
um monocromador <strong>de</strong> emissão simples (Triax 320), equipado <strong>com</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
difracção <strong>de</strong> 1200 estrias/mm <strong>com</strong> eficiência máxima a 500 nm. O equipamento<br />
encontra-se acoplado a um fotomultiplicador Hamamatsu R928P.<br />
Os espectros <strong>de</strong> excitação foram corrigidos entre 240 e 600 nm para a distribuição<br />
espectral da lâmpada usando um fotodíodo <strong>com</strong>o <strong>de</strong>tector <strong>de</strong> referência. Os espectros<br />
<strong>de</strong> emissão são corrigidos para a resposta espectral do monocromador e do <strong>de</strong>tector<br />
usando uma correcção típica fornecida pelo fabricante do equipamento.<br />
Estudos efectuados à temperatura <strong>de</strong> 12 K foram realizados usando um crióstato<br />
<strong>de</strong> He em sistema fechado. Medidas resolvidas no tempo foram realizadas usando um<br />
fosforímetro 1934D3 acoplado ao equipamento Fluorolog®-3, sendo que <strong>com</strong>o fonte <strong>de</strong><br />
excitação foi utilizada uma lâmpada pulsada <strong>de</strong> Xe-Hg (6 µs <strong>de</strong> largura <strong>de</strong> banda do<br />
pulso e <strong>com</strong> uma cauda máxima <strong>de</strong> 20-30 µs).<br />
Nota: Os estudos <strong>de</strong> fotoluminescência foram realizados pelo Doutor Duarte Ananias.<br />
123
9. Referências<br />
1. T. Kottke, D. Stalke, J. App. Cryst. 1993, 26, 615-619.<br />
2. APEX2, Data Collection Software Version 2.1-RC13, Bruker AXS, Delft, The<br />
Netherlands 2006.<br />
3. Cryopad, Remote monitoring and control, Version 1.451, Oxford Cryosystems,<br />
Oxford, United Kingdom 2006.<br />
4. SAINT+, Data Integration Engine v. 7.23a © 1997-2005, Bruker AXS, Madison,<br />
Wisconsin, USA.<br />
5. G. M. Sheldrick, SADABS v.2.01, Bruker/Siemens Area Detector Absorption<br />
Correction Program 1998, Bruker AXS, Madison, Wisconsin, USA.<br />
6. G. M. Sheldrick, SHELXS-97, Program for Crystal Structure Solution,<br />
University of Göttingen 1997.<br />
7. G. M. Sheldrick, Acta Cryst. A 2008, 64, 112-122.<br />
8. G. M. Sheldrick, SHELXL-97, Program for Crystal Structure Refinement,<br />
University of Göttingen 1997.<br />
124