José António Ribeiro Santo
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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA<br />
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO<br />
Estudo Antropométrico e de Aptidão Física<br />
em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira<br />
José António <strong>Ribeiro</strong> <strong>Santo</strong><br />
Orientador:<br />
Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins<br />
Vila Real, 2012
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO<br />
2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA<br />
NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO<br />
Estudo Antropométrico e de Aptidão Física<br />
em Alunos do 1º CEB do Concelhos de Mira<br />
José António <strong>Ribeiro</strong> <strong>Santo</strong><br />
Orientador:<br />
Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins<br />
VILA REAL, 2012
Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como<br />
requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de<br />
Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o<br />
estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos<br />
de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação<br />
do Professor doutor Artur Manuel L.T. dos Anjos Martins<br />
<strong>Santo</strong>, J. (2012). Estudo Antropométrico e de Aptidão Física em Alunos do 1º CEB do<br />
Concelho de Mira. Vila Real: Edição do autor. Dissertação de Mestrado apresentada à<br />
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />
Palavras-chave:<br />
Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e<br />
Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade<br />
III
Agradecimentos<br />
Não posso deixar de endereçar alguns agradecimentos, sabendo que é difícil transmitir pela<br />
escrita, todo o meu apreço às pessoas que de uma ou outra forma contribuíram para a<br />
realização deste trabalho. Sendo assim, gostaria de agradecer:<br />
Ao Professor Doutor Artur Martins, não somente por ter aceitado a orientação deste trabalho,<br />
mas pelo apoio, ensinamentos, partilha, conhecimentos e amizade que foi transmitindo.<br />
À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela sua qualidade de ensino e por ter<br />
permitido mais uma importante etapa da minha formação.<br />
Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os alunos do 1ºCEB do<br />
Agrupamento de Escolas de Mira que se disponibilizaram para participar voluntariamente<br />
neste estudo e respetivos Encarregados de Educação pela autorização concedida.<br />
Demonstrar a minha gratidão aos colegas de profissão a lecionar nas AEC a disciplina de<br />
AFD, pela sua colaboração, permitindo que fosse feita a recolha dos dados nas suas aulas.<br />
Endereço também os meus agradecimentos às entidades que autorizaram este estudo,<br />
nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Mira, aos Professores Titulares de Turma a sua<br />
disponibilidade e à Câmara Municipal de Mira, responsável pelos espaços escolares onde<br />
decorreram a recolha dos dados.<br />
Gostaria de deixar bem expresso o meu sentimento de gratidão a todos quantos prestaram<br />
ajuda na realização deste trabalho, as quais não tenho uma referência particular nestes<br />
agradecimentos, não deixando contudo de serem esquecidos ou menos importantes em todo o<br />
processo.<br />
A todos, os meus sinceros agradecimentos.<br />
IV
Dedicatórias<br />
Ao meu querido filho Miguel, pelo amor que te tenho e por todos os bons e maus momentos<br />
que iremos ter.<br />
À Cristina, pelo apoio incondicional que demonstrou ao longo dos anos que vivemos juntos…<br />
Aos meus pais, pelo orgulho que tenho a certeza que sentirão por esta minha conquista…<br />
Ao meu grande sobrinho Anthony pela luta constante e difícil, para vencer o tumor, enquanto<br />
eu estava a realizar este estudo. Força e coragem… tu vencerás.<br />
Nelson e Martins, colegas de mestrado e companheiros de trabalho, obrigado.<br />
V
Índice geral<br />
ÍNDICE GERAL........................................................................................................................ VI<br />
ÍNDICE QUADROS ................................................................................................................ VIII<br />
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................... IX<br />
ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................................................. X<br />
ÍNDICE DE GRÁFICOS .............................................................................................................. X<br />
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS........................................................................................ XI<br />
RESUMO ............................................................................................................................... XII<br />
ABSTRACT .......................................................................................................................... XIII<br />
Capítulo I – Introdução ............................................................................................................. 1<br />
1.1- PERTINÊNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 1<br />
1.2- APRESENTAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................. 4<br />
1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 5<br />
PARTE TEÓRICA ..................................................................................................................... 6<br />
Capítulo II – Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 7<br />
2.1- CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS - CARACTERIZAÇÃO GERAL ............................................. 7<br />
2.1.1- Crescimento corporal ............................................................................................... 7<br />
2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança ........................................... 9<br />
2.1.2- Maturação biológica ............................................................................................... 11<br />
2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce ................................. 12<br />
2.1.4- Desenvolvimento cognitivo ................................................................................... 13<br />
2.1.5- Desenvolvimento motor ......................................................................................... 15<br />
2.1.5.1- Aquisição de habilidades ................................................................................ 16<br />
2.1.5.2- Capacidades físico-motoras ............................................................................ 18<br />
2.1.6- Caracterização socioeducativa ............................................................................... 22<br />
2.2- AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇAS ............................................................... 24<br />
2.2.1- Conceito de Antropometria .................................................................................... 25<br />
2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica .................................................... 26<br />
2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos ................................................. 27<br />
2.2.2.2- Principais medidas antropométricas ............................................................... 29<br />
2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal ...................................................... 30<br />
2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa adiposa<br />
corporal ......................................................................................................................... 32<br />
2.2.3.2- Percentagem de massa gorda .......................................................................... 34<br />
2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância .......................................................... 36<br />
2.3- AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM CRIANÇAS ............................................................. 40<br />
2.3.1- Conceito de Aptidão Física .................................................................................... 40<br />
2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física ............................................................... 42<br />
2.3.3- Componentes da Aptidão Física ............................................................................ 43<br />
2.3.4- Avaliação da Aptidão Física .................................................................................. 44<br />
2.3.4.1- Baterias de testes motores ............................................................................... 45<br />
2.4- ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL A PARTIR DO ANO 2000 SOBRE ANTROPOMETRIA E<br />
APTIDÃO FÍSICA NO 1ºCEB ................................................................................................... 49<br />
VI
PARTE PRÁTICA ................................................................................................................... 56<br />
Capítulo III – Estudo Prático .................................................................................................. 57<br />
3.1.- OBJETIVOS DO ESTUDO PRÁTICO ................................................................................... 57<br />
3.1.1- Objetivos gerais ..................................................................................................... 57<br />
3.1.2- Objetivos específicos ............................................................................................. 58<br />
3.2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 59<br />
3.3- CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ...................................................................................... 59<br />
3.3.1- Amostra .................................................................................................................. 60<br />
3.3.2- Procedimento para as autorizações ........................................................................ 60<br />
3.4. SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS E DOS TESTES .................................................................. 61<br />
3.4.1. Medidas antropométricas ....................................................................................... 62<br />
3.4.2. Testes de aptidão física .......................................................................................... 64<br />
3.5- PROGRAMA DA PESQUISA ............................................................................................... 65<br />
3.6- TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ......................................................................... 66<br />
3.6.1- Controlo da qualidade dos dados ........................................................................... 66<br />
Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados ....................................................... 68<br />
4.1- VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS ..................................................................................... 68<br />
4.1.1- Estatura e massa corporal ....................................................................................... 68<br />
4.1.2- IMC ........................................................................................................................ 70<br />
4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas .................................................................................. 73<br />
4.1.4- Percentagem de massa gorda ................................................................................. 75<br />
4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal ............................................................. 78<br />
4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com outros estudos ... 80<br />
4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas ..................................................... 81<br />
4.2- VARIÁVEIS DE APTIDÃO FÍSICA ....................................................................................... 83<br />
4.2.1- Coordenação motora .............................................................................................. 83<br />
4.2.2- Flexibilidade .......................................................................................................... 84<br />
4.2.3- Força ...................................................................................................................... 87<br />
4.2.4- Resistência ............................................................................................................. 90<br />
4.2.5- Velocidade ............................................................................................................. 92<br />
Capitulo V – Conclusões ......................................................................................................... 94<br />
5.1- CONCLUSÕES ................................................................................................................. 94<br />
5.2- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 97<br />
Capitulo VI – Referências Bibliográficas ............................................................................... 98<br />
ANEXOS ................................................................................................................................ 110<br />
ANEXO 1 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AO AGRUPAMENTO ................................................... 110<br />
ANEXO 2 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO ....................... 111<br />
ANEXO 3 – PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 112<br />
Protocolo de avaliação antropométrica .......................................................................... 112<br />
Protocolo de avaliação da aptidão física ........................................................................ 115<br />
ANEXO 4 - GRELHA DE REGISTO DE DADOS ......................................................................... 119<br />
VII
Índice quadros<br />
Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001). ..................... 16<br />
Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007). .............. 28<br />
Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral, et al. (2007). ....... 29<br />
Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral, et al. (2007).... 29<br />
Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal. ................................... 30<br />
Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC. .... 37<br />
Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos. ................................ 40<br />
Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de<br />
Bouchard & Shephard, 1994). .................................................................................................. 43<br />
Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de<br />
Neto, 2009). .............................................................................................................................. 44<br />
Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a<br />
sua avaliação (adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009). ........................ 45<br />
Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991). ...... 46<br />
Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM. ................................................. 47<br />
Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao<br />
desempenho atlético (adaptado de Neto, 2009). ...................................................................... 48<br />
Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos<br />
do 1ºCEB, a partir do ano 2000. ............................................................................................... 51<br />
Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos<br />
de medição. ............................................................................................................................... 65<br />
Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis. .................................................................... 65<br />
VIII
Índice de tabelas<br />
Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al.<br />
(2000), para as idades referentes ao nosso estudo. ................................................................... 36<br />
Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes<br />
de 7 a 17 anos), em função da idade e género. ......................................................................... 39<br />
Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género. ........................................... 60<br />
Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de<br />
Fiabilidade para as variáveis caraterizadas (n=28). ................................................................. 67<br />
Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género.<br />
.................................................................................................................................................. 69<br />
Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género. ....................................................... 71<br />
Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o<br />
sobrepeso e obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade,<br />
em função da idade e género. ................................................................................................... 72<br />
Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios,<br />
desvio padrão, mínimos e máximos. ........................................................................................ 73<br />
Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal). .................... 75<br />
Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género. ............... 76<br />
Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e<br />
género. ...................................................................................................................................... 77<br />
Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão,<br />
mínimos e máximos. ................................................................................................................ 78<br />
Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal). ............... 79<br />
Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da<br />
idade e género, com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e<br />
nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. ............................................................................ 80<br />
Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa<br />
corporal, pregas adiposas subcutâneas e perímetros, em função do género. ........................... 81<br />
Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e<br />
género. ...................................................................................................................................... 83<br />
Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em<br />
função da idade e género. ......................................................................................................... 84<br />
Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e<br />
género. ...................................................................................................................................... 85<br />
Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos<br />
MI, em função da idade e género. ............................................................................................ 85<br />
Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à<br />
preensão manual e ao lançamento da bola de ténis, em função da idade e género. ................. 87<br />
Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género. . 89<br />
Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função<br />
da idade e género. ..................................................................................................................... 89<br />
Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e<br />
género. ...................................................................................................................................... 90<br />
Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém,<br />
em função da idade e género. ................................................................................................... 91<br />
Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género. ... 92<br />
IX
Índice de figuras<br />
Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de<br />
Crescimento y desarrollo del niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud<br />
Neto, (2009). ............................................................................................................................ 10<br />
Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al.<br />
(2007). ...................................................................................................................................... 27<br />
Índice de gráficos<br />
Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e das raparigas em função da idade. ....... 69<br />
Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos rapazes e das raparigas em função da idade.<br />
.................................................................................................................................................. 69<br />
Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram<br />
Abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género. ......... 71<br />
Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por<br />
idade e género. .......................................................................................................................... 74<br />
Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona<br />
Saudável e acima da ZSAF, em relação à %MG. .................................................................... 76<br />
Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género. . 77<br />
Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal)<br />
por idade e género. ................................................................................................................... 78<br />
Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do senta e alcança adaptado (diferença),<br />
por idade e género .................................................................................................................... 86<br />
Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de amplitude de afastamento dos MI, por<br />
idade e género ........................................................................................................................... 86<br />
Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste de Preensão Manual, por idade e género<br />
.................................................................................................................................................. 88<br />
Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste do Lançamento da Bola de Ténis, por<br />
idade e género ........................................................................................................................... 88<br />
Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste de Abdominais em 30seg, por idade e<br />
género. ...................................................................................................................................... 90<br />
Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste do salto horizontal sem corrida de<br />
impulsão, por idade e género. ................................................................................................... 90<br />
Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste do vaivém, por idade e género ........... 91<br />
Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO 2 Máx, por idade e género ..................... 91<br />
X
Lista de siglas e abreviaturas<br />
AAHPERD American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and<br />
Dance<br />
AEC Atividades de Enriquecimento Curricular<br />
AFD Atividade Física e Desportiva<br />
ApF Aptidão Física<br />
CDC Centers for Disease Control and Prevention<br />
cm<br />
Centímetros<br />
EF<br />
Educação Física<br />
IMC Índice de Massa Corporal<br />
Kg<br />
Quilograma<br />
Kgf Quilograma força<br />
KTK Körperkoordination Test für Kinder<br />
m<br />
Metro<br />
M<br />
Média<br />
MI<br />
Membros Inferiores<br />
MG Massa Gorda<br />
mm Milímetro<br />
n<br />
Número de indivíduos<br />
OMS Organização Mundial de Saúde<br />
P<br />
Percentil<br />
PACER Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run Test<br />
SPSS “Statistical Package for Social Sciences”<br />
SD<br />
Desvio Padrão<br />
seg<br />
Segundos<br />
VO2máx Consumo Máximo de Oxigénio<br />
WHO World Health Organization<br />
ZSAF Zona Saudável de Aptidão Física<br />
1ºCEB Primeiro Ciclo do Ensino Básico<br />
% Percentagem<br />
♂<br />
Masculino<br />
♀<br />
Feminino<br />
XI
Resumo<br />
O presente trabalho tem como objetivo estudar as características antropométricas e de Aptidão<br />
Física dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho de Mira (distrito de Coimbra),<br />
com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade. O estudo contempla uma amostra<br />
de 341 alunos, sendo 154 do sexo feminino e 187 do sexo masculino.<br />
As variáveis Antropométricas alvo de estudo foram: Estatura, Massa Corporal (peso), Pregas<br />
Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e Geminal), Perímetros (Braquial, Abdominal<br />
e Geminal), IMC, Percentagem de Massa Gorda, Sobrepeso e Obesidade.<br />
Ao nível da Aptidão Física foram realizados testes de Coordenação Motora (Ria), Força<br />
(Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis, Flexões Abdominais em 30seg, Salto<br />
Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado e Amplitude<br />
de Afastamento dos Membros Inferiores), Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de<br />
Corrida (20m lançados).<br />
O tratamento estatístico dos dados fundamentou-se essencialmente na utilização de técnicas<br />
de “estatística descritiva” aplicadas a cada uma das variáveis para o cálculo da média, desvio<br />
padrão, valor máximo e mínimo e valores percentílicos.<br />
Os resultados obtidos constituem-se como mais um recurso para o acervo de base de dados<br />
constituído por outros estudos realizados em Portugal, que servem de referência para o<br />
conhecimento da população infantil portuguesa, importante para a intervenção profissional de<br />
professores de Educação Física, treinadores, médicos, nutricionistas e ergonomistas.<br />
Comparando os valores médios de estatura, massa corporal e IMC com os estudos de Fragoso<br />
& Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001); Maia & Lopes (2002) e Padez et al.<br />
(2004), podemos verificar que aos 6-7 anos, em ambos os géneros, os valores do presente<br />
estudo são inferiores a todos eles, contudo aos 10 anos, os valores médios da nossa amostra<br />
superam os valores de todos esses estudos de referência.<br />
Quanto aos valores de prevalência de obesidade, considerando os pontos de corte de IMC de<br />
Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou uma taxa de obesidade de 14% nas raparigas e<br />
de 8% nos rapazes.<br />
Ao nível da aptidão física os rapazes obtiveram melhores resultados nos testes de<br />
coordenação motora, força, resistência e velocidade, enquanto no teste de flexibilidade de<br />
amplitude de afastamento dos MI as raparigas superaram largamente os rapazes.<br />
Palavras-chave:<br />
Estudo Antropométrico, Aptidão Física, 1º Ciclo Ensino Básico, Atividade Física e<br />
Desportiva, % Massa Gorda, Obesidade<br />
XII
Abstract<br />
The present work intends to study anthropometric characteristics and Physical Fitness of<br />
Students from Elementary School in Mira (district of Coimbra), aged between 6 to 10 years<br />
old. The study includes a sample of 341 students, comprising 154 females and 187 males.<br />
Anthropometric target of study were: Height, Body Mass (weight), Subcutaneous Skinfolds<br />
(Triceps, Subscapular and Geminal), Perimeters (Brachial, Abdominal and Geminal), BMI,<br />
Percentage Fat Mass, Overweight and Obesity.<br />
In terms of the Physical Fitness, Motor Coordination (Ria) Tests Were Carried Out, Strength<br />
(Hold Manual, Launch of Tennis Ball, Abdominal Crunches on 30'' Horizontal Jumping race<br />
without impulsion), Flexibility (Sit, Reach and Range of Adapted removal of lower limbs),<br />
Resistance (Test Shuttle) and Speed Racing (Launched 20m).<br />
The statistical analysis of the data was based mainly on the use of techniques of "descriptive<br />
statistics" applied to each of the variables to calculate the average, standard deviation,<br />
maximum and minimum values and percentiles.<br />
The obtained results are as an additional resource for the acquis database composed of other<br />
studies carried out in Portugal, which are used to guide the infant Portuguese population<br />
knowledge, significant for the intervention of professional physical education teachers,<br />
coaches, physicians, nutritionists and ergonomics specialists.<br />
When comparing the average values for height, body mass and BMI with the studies of<br />
Fragoso & Vieira (1991 and 2001), Pereira (2000), Freitas (2001), Maia & Lopes (2002) and<br />
Padez et al. (2004), we can see that at 6-7 years in both genders, the values are lower, yet age<br />
10, the average of our sample overcome the values of all these studies reference.<br />
The values of obesity prevalence, considering the BMI cutoff points of Cole et al. (2000), our<br />
sample showed a rate of obesity of 14% in girls and 8% of boys.<br />
At the level of physical fitness boys obtained better results in testing motor coordination,<br />
strength, endurance and speed, while the flexibility test amplitude of removal of MI girls<br />
overcame boys largely.<br />
Keywords:<br />
Study Anthropometry, Physical Fitness, 1st Cycle Basic Education, Sport and Physical<br />
Activit, Body Fat Percentage, Obesity.<br />
XIII
_________________________________________________________________________________Introdução<br />
Capítulo I – Introdução<br />
Com a realização deste trabalho pretendemos contribuir para a caracterização da população<br />
escolar do 1.º CEB relativamente às suas características antropométricas e de aptidão física<br />
(ApF).<br />
Na dimensão antropométrica incluímos as variáveis: Estatura, Massa Corporal (peso), Índice<br />
de Massa Corporal (IMC), Pregas Adiposas Subcutâneas (Tricipital, Subescapular e<br />
Geminal), percentagem de Massa Gorda (%MG) e Perímetros (Braquial, Abdominal e<br />
Geminal). Nas variáveis de caracterização de competências físico-motoras incluímos os testes<br />
de Coordenação Motora (Ria), Força (Preensão Manual, Lançamento da Bola de Ténis,<br />
Flexões Abdominais em 30seg, Salto Horizontal sem corrida de impulsão), Flexibilidade<br />
(Senta e Alcança Adaptado e Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores (MI)),<br />
Resistência (Teste do Vaivém) e Velocidade de Corrida (20m lançados).<br />
1.1- Pertinência do estudo<br />
O estudo do desenvolvimento humano e principalmente as componentes do crescimento<br />
corporal e aptidão física e motora são, desde há muito tempo, dois dos principais temas de<br />
estudo e intervenção da Educação Física (EF). Os conhecimentos resultantes deste tipo de<br />
estudos são igualmente importantes noutras áreas do saber como a antropologia, a medicina, a<br />
ergonomia, e devem também estar presentes nas decisões políticas relativas à população<br />
infanto-juvenil.<br />
A avaliação de dimensões corporais, bem como a avaliação da ApF, são importantes<br />
instrumentos para caracterizar a evolução morfológica e motora das populações e em<br />
particular das crianças e jovens em fase de crescimento.<br />
Relativamente ao crescimento, é facilmente constatável uma tendência secular (Tanner, 1978;<br />
Malina, 1979; Roche, 1979; apud Fragoso & Vieira, 2006) para o aumento de algumas<br />
dimensões associadas ao crescimento, como são o caso da massa corporal e a estatura,<br />
convergindo para essa situação a influência de diversos fatores como o avanço civilizacional<br />
1
_________________________________________________________________________________Introdução<br />
associado à massificação do acesso ao sistema de ensino, o crescente aporte proteico<br />
alimentar, a massificação do acompanhamento médico durante a infância e a juventude, não<br />
esquecendo também o importante papel do forte incremento da mobilidade das pessoas,<br />
promotora da heterose mais associada ao aumento da estatura (Fragoso & Vieira, 2006).<br />
A avaliação antropométrica ao longo dos tempos cumpriu objetivos muito diferenciados,<br />
começando pelo seu interesse para as artes plásticas (ex. cânones Gregos e Romanos),<br />
passando, muito mais tarde, pelo interesse forense que associava somatotipologias a perfis de<br />
criminosos, método utilizado nas esquadras de polícia e prisões portuguesas no início do<br />
século passado, até ao interesse quotidiano no apoio ao diagnóstico médico-pediátrico, ou<br />
ainda para o acompanhamento do processo de crescimento e deteção de talentos que ocorre no<br />
âmbito da EF e do treino desportivo. A todos estes objetivos podemos acrescentar um<br />
interesse de ordem sociológica, que se sintetiza na procura de efeitos de convulsões sociais,<br />
como por exemplo o presente contexto socioeconómico nacional, e que estuda os efeitos de<br />
alterações culturais e socioeconómicas no processo de desenvolvimento de crianças e jovens<br />
(Martins, 2012, c.p).<br />
A aptidão física e motora que expressa a influência de fatores genéticos e ambientais<br />
relacionados com a atividade física habitual, a alimentação, o repouso e o acompanhamento<br />
médico, é um dos principais motivos da EF e o seu controlo é fundamental para intervenção<br />
do educador físico e do treinador desportivo.<br />
Se outrora a aptidão física se relacionava essencialmente com motivos de preparação para a<br />
guerra e da prevenção da doença, hoje compreende-se a aptidão física e motora como um<br />
fator fundamental para a realização individual e para a vivência abrangente da vida incluindo<br />
as cada vez mais valorizadas atividades de lazer (Martins de Carvalho, 2007).<br />
O conceito de Aptidão Física (ApF) tem sido amplamente estudado ao longo do último<br />
século, sendo um importante e fundamental elemento para o desenvolvimento motor,<br />
propiciando êxitos em diversas componentes da vida e criando expectativas de continuidade<br />
futura na adoção de estilos de vida ativos e saudáveis (Malina, 2001).<br />
O grande precursor dos estudos antropométricos e de avaliação da aptidão física e motora em<br />
Portugal foi, sem dúvida, Francisco Sobral. Também Fragoso & Vieira em 1991 realizaram<br />
2
_________________________________________________________________________________Introdução<br />
um importante estudo antropométrico, que ultrapassa o significado e valor de estudos<br />
anteriores que quase só contemplavam o estudo de medidas simples como a massa corporal e<br />
a estatura.<br />
Sobre a caracterização da evolução das componentes antropométricas e físico-motoras da<br />
população portuguesa a principal referência nacional corresponde aos estudos decenais<br />
desenvolvidos por Sobral e Coelho e Silva sobre a população juvenil Açoriana.<br />
Inúmeros estudos transversais e descritivos das características antropométricas e de aptidão<br />
físico-motora têm sido realizados por todo o país, com destaque para um maior número de<br />
estudos realizados na população açoriana, madeirense, no norte do país e também no distrito<br />
de Coimbra. Mais à frente iremos apresentar muitos dos estudos realizados com alunos do<br />
1ºCEB a partir de 2000.<br />
As características morfológicas da população escolar portuguesa têm vindo a ser estudadas<br />
por indicadores dimensionais de observação direta (estatura, peso, perímetros musculares e<br />
pregas adiposas subcutâneas) e calculados (índice de massa corporal, % de massa gorda).<br />
A interpretação de resultados de um determinado teste de ApF é facilitada pela sua existência<br />
num quadro normativo que nos indique o valor médio, o desvio padrão, ou os valores<br />
percentílicos que permitem localizar os desempenhos individuais no contexto populacional.<br />
Os valores normativos são tanto mais objetivos quanto mais forem representativos da<br />
população avaliada, no entanto a maior parte das tabelas com valores normativos para a<br />
antropometria como para a aptidão físico-motora, disponíveis em Portugal, provêm de estudos<br />
com grupos muito alargados e com realidades étnicas e socioculturais muito díspares (Ex.<br />
EUA) das comunidades nacionais que professores de EF, treinadores e médicos têm de<br />
avaliar. Assim é de todo importante e na impossibilidade de desenvolver estudos<br />
longitudinais, realizar estudos transversais caracterizadores de uma dada comunidade e que<br />
sejam repetíveis a cada 10 anos, como aconteceu no estudo de Sobral relativamente à<br />
população Açoriana, ou ainda em prazos menores, de forma a conhecer as transformações<br />
observadas e tomar as medidas políticas ou promover alterações no âmbito dos programas<br />
anuais de turma na disciplina de EF, de forma a resolver as insuficiências ou problemas<br />
identificados.<br />
3
_________________________________________________________________________________Introdução<br />
A importância social da prática de atividade física em crianças, tem a sua expressão mais<br />
significativa na generalização das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1ºCEB,<br />
através das aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) que proporcionam às crianças<br />
variadas experiências físico-motoras. Assim achámos interessante realizar um estudo nas<br />
aulas de AFD no Agrupamento de Escolas de Mira.<br />
Da nossa ligação profissional à lecionação dos programas de AFD do concelho de Mira e a<br />
constatação da inexistência de um estudo nesta área na população infantil de Mira, surgiu o<br />
nosso interesse em desenvolver este trabalho necessário para os dias de hoje, mas também útil<br />
para a comparação com resultados de estudos futuros.<br />
Assim, o presente estudo propõe-se caracterizar ao nível antropométrico e de ApF, os alunos<br />
do 1ºCEB do concelho de Mira, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos,<br />
permitindo, desde logo, comparar a população infantil de Mira com a população infantil de<br />
outras áreas regionais já estudadas. A avaliação antropométrica e de ApF integra variáveis<br />
associadas à ApF relacionadas à saúde e à ApF associada ao desempenho motor.<br />
1.2- Apresentação do estudo<br />
O presente estudo carateriza-se por ser um estudo transversal, de carácter descritivo, relativo a<br />
componentes associadas ao processo de desenvolvimento físico e motor da criança, sendo por<br />
isso composto por duas dimensões. Uma primeira de natureza antropométrica, a qual tem<br />
como finalidade aferir a componente dimensional e morfológica da criança e uma segunda de<br />
carácter motor, com a avaliação da ApF segundo um conjunto de testes físico-motores.<br />
A amostra do estudo é constituída por 341 alunos pertencentes a todas as turmas do 1º CEB<br />
do Agrupamento de Escolas de Mira, que participaram no estudo de forma voluntária e<br />
devidamente autorizados pelos pais e/ou Encarregados de Educação. O agrupamento de<br />
Escolas de Mira coincide com a área geográfica do concelho de Mira que pertence ao distrito<br />
de Coimbra. Trata-se assim de uma amostra abrangente, que quase coincide com a população<br />
amostral que se pretende caraterizar.<br />
4
_________________________________________________________________________________Introdução<br />
1.3 - Estrutura do trabalho<br />
O presente trabalho segue uma estrutura clássica organizada em parte teórica e parte prática,<br />
subdivididas em capítulos.<br />
O Capítulo I é um capítulo introdutório que antecede a parte teórica e visa essencialmente<br />
orientar o leitor para a estrutura do documento, contextualizar a temática abordada e<br />
apresentar as razões que conduziram à concretização da investigação.<br />
A parte teórica é constituída pelo Capítulo II relativo à “Revisão Bibliográfica”<br />
caracterizadora do “Estado da Arte” onde se apresentam conceitos e teorias sobre<br />
antropometria e aptidão física e, estudos relativos ao processo de desenvolvimento das<br />
crianças, nomeadamente os processos de crescimento corporal e desenvolvimento motor.<br />
Neste capítulo insere-se uma resenha atualizada dos estudos realizados em Portugal, entre o<br />
ano 2000 até 2011, em que incluem uma ou as duas componentes do nosso estudo,<br />
relativamente à avaliação antropométrica e de aptidão Física, em crianças que integram o<br />
1ºCEB.<br />
A Parte Prática refere-se ao “Trabalho de Campo” e é constituída pelos Capitulo III, IV e V.<br />
No Capitulo III são apresentados os objetivos e descrita a metodologia utilizada, incluindo a<br />
apresentação da amostra estudada, a seleção dos testes realizados, o tratamento estatístico e os<br />
procedimentos de controle da qualidade dos dados. No Capitulo IV é feita a apresentação e<br />
discussão dos resultados em função da idade e género dos sujeitos amostrais. No Capitulo V<br />
apresentamos as conclusões finais do estudo.<br />
No Capitulo VI é referenciada a bibliografia consultada para apoio à realização do presente<br />
estudo.<br />
Em anexo constam os pedidos de autorização ao Agrupamento de Escolas de Mira, a<br />
autorização enviada aos Pais/Encarregados de Educação, a descrição dos protocolos de<br />
avaliação Antropométrica e de ApF utilizados para a recolha dos dados e, por último, a ficha<br />
de recolha de dados utilizada.<br />
5
PARTE TEÓRICA<br />
6
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Capítulo II – Revisão Bibliográfica<br />
2.1- Crianças dos 6 aos 10 anos - Caracterização geral<br />
O escalão etário de 6-10 anos representa a etapa final da infância e é marcada<br />
fundamentalmente pelo processo de desenvolvimento. Este processo conjuga 3 fenómenos<br />
principais: o crescimento corporal, a maturação biológica e a aprendizagem, que se refletem<br />
em dimensões frequentemente categorizadas em desenvolvimento físico-motor, cognitivo,<br />
emocional e social.<br />
Durante décadas, muitos estudos decorreram com intenção de perceber os processos de<br />
crescimento e desenvolvimento em crianças, entre esses encontram-se os estudos feitos por<br />
Tanner (1981), Sobral (1986, 1988 e 1989), Malina & Bouchard (1991), Fragoso & Vieira<br />
(1991 e 2001), Guedes (1994) Sobral & Coelho e Silva (2001), Coelho e Silva & Malina<br />
(2003), Rito (2004), Padez et al. (2004), Maia et al. (2002, 2003 e 2006), entre outros.<br />
2.1.1- Crescimento corporal<br />
“O crescimento é uma das características próprias dos seres vivos que resulta, basicamente, da<br />
elaboração de células estruturais numa taxa superior à da sua degradação”(Sobral et al. 2007,<br />
p145). Para Malina & Bouchard (1991), o crescimento resulta de um complexo mecanismo a<br />
nível celular, podendo envolver três diferentes fenómenos: hiperplasia (aumento do número<br />
de células), hipertrofia (aumento do tamanho da célula) e agregação (aumento das substâncias<br />
intercelulares). Nesta mesma linha Pedraza & Queiroz (2011) caracterizam o crescimento<br />
como um processo dinâmico, contínuo, regular e extremamente organizado que tem início<br />
com a fecundação (princípio da vida), sendo expresso através do aumento do tamanho<br />
corporal. O crescimento supõe um aumento, a velocidades diferentes, do número (hiperplasia)<br />
e/ou do tamanho (hipertrofia) das suas células.<br />
Para Maia & Lopes (2006) e Rebato (2007) crescer é bem mais complexo do que a simples<br />
junção de valores estaturais ao longo da idade, do nascimento ao estado adulto, observam-se<br />
muitas mudanças no corpo: tamanho, forma, composição, proporções e formação do<br />
7
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
esqueleto, mudanças que arrastam consigo alterações na proporcionalidade do corpo e nos<br />
valores do peso. As modificações de dimensão, proporcionalidade, composição e forma do<br />
corpo decorrentes do processo de crescimento são estudadas a partir da auxologia usando<br />
técnicas antropométricas (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007).<br />
No crescimento humano a avaliação e interpretação é importante para todos aqueles que<br />
medem e avaliam o crescimento da criança. A interpretação dos dados de crescimento, tendo<br />
em conta os efeitos ajustados de influências, tais como genes, hormonas e abuso de<br />
substâncias durante a gravidez, dão descrições dos padrões de crescimento normal e anormal.<br />
Os Métodos para medir a dimensão e maturidade, o julgamento e interpretação dos dados,<br />
avaliações de influências sobre o crescimento e o significado de crescimento anormal, serão<br />
uma fonte essencial de informações para pediatras, biólogos humanos, trabalhadores da saúde,<br />
nutricionistas, epidemiologistas e outros que são responsáveis pela saúde e o bem-estar das<br />
crianças. (Roche & Sun 2003).<br />
Para melhor avaliar o crescimento da criança a Organização Mundial de Saúde recomenda a<br />
utilização do CDC-2000 do Centers for Disease Control and Prevention como referência para<br />
o crescimento de crianças e adolescentes entre os 5 e 18 anos. Segundo Silva, Júnior e<br />
Oliveira (2005) a monitorização do crescimento pode ser considerada como um dos mais<br />
importantes indicadores quanto à qualidade de vida de um país, ou a extensão das distorções<br />
existentes numa mesma população nos seus diferentes subgrupos.<br />
Referente à curva de crescimento Bogin (1999, apud Fragoso & Vieira, 2006) defeniu-a como<br />
tendo quatro fases de crescimento destintas: 1ª infância (desde o nascimento até aos 3 anos),<br />
2ª Infância (dos 3 aos 7 anos) fase juvenil (desde os 7 até aos 11 anos) e adolescência (dos 11<br />
aos 18 anos). Embora estas fases sejam distintas, a passagem de uma para a outra não é<br />
bastante nítida, no entanto o início da puberdade é facilmente detetado pelo aparecimento das<br />
caraterísticas sexuais.<br />
Na 2ª infância (3-7 anos) a criança passa a ter um aspeto alongado e fino, apresentando um<br />
maior desenvolvimento músculo-esquelético e uma menor quantidade de tecido adiposo. A<br />
partir dos 6 anos a desaceleração do crescimento é notória até cerca dos 10 anos de idade e as<br />
modificações morfológicas são quase inexistentes. (Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al.<br />
8
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2007). Algumas crianças podem apresentar um salto de crescimento transitório<br />
aproximadamente aos 6-7 anos designado por pré-pubertário (Fragoso & Vieira, 2006).<br />
A fase juvenil (7-11 anos) podendo ser definida como fase pré-pubertária, carateriza-se por<br />
um período de grande desaceleração do crescimento, terminando essa desaceleração quando<br />
se atinge o início da última aceleração de crescimento. O fim desta fase também coincide com<br />
a erupção do último dente definitivo, podendo acontecer entre os 10,5 e os 12 anos.<br />
Já no salto pubertário, Fragoso & Vieira (2006) referem que o aumento brusco da estatura<br />
deve-se essencialmente ao crescimento dos MI. Este fenómeno decorre em todas as crianças,<br />
contudo a sua intensidade, duração e idade de ocorrência são muito variáveis, podendo em<br />
média ocorrer entre os 9 e os 13 anos.<br />
Segundo Freitas, (2001) a rapariga “típica” é ligeiramente mais baixa do que o rapaz em todas<br />
as idades até á puberdade. Por volta dos 10 anos torna-se mais alta devido ao seu salto<br />
pubertário, que ocorre 2 anos mais cedo, sendo novamente ultrapassada por volta dos 14 anos<br />
de idade. As raparigas atingem em média a sua estatura adulta por volta dos 16 anos e os<br />
rapazes apenas aos 18 ou mais.<br />
A forma como o ser humano está crescendo é o produto de uma interação entre a biologia da<br />
nossa espécie, o ambiente físico em que vivemos e o ambiente social, económico e político<br />
que cada cultura humana cria (Rebato, 2007). Os estudos antropométricos, segundo Oliveira<br />
& Guimarães (2003) são bastante importantes, pois tem grande aplicação no<br />
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças, na verificação das<br />
adaptações ao treino, na seleção de atletas e em estudos de caracterização étnica.<br />
2.1.1.1- Fatores que influenciam o crescimento da criança<br />
O processo de crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Nos fatores<br />
extrínsecos, destacam-se a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais<br />
com a criança, que atuam acelerando ou retardando esse processo (WHO, 1995).<br />
9
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Em relação aos fatores genéticos, Malina & Bouchard (1991) apresentam uma estimativa de<br />
60% ou superior relativamente à influência genética na altura (estatura), observável na<br />
infância e na adolescência, e ainda, na idade adulta em que se aproxima dos 100%.<br />
Relativamente à nutrição Eckert (1993) refere que a boa ou má nutrição poderá provocar<br />
efeitos sobre o ritmo de crescimento, o tamanho final, a forma e a composição do tecido. A<br />
má nutrição parece diminuir o ritmo de crescimento, contudo as crianças recuperam desde que<br />
as condições adversas não sejam muito severas nem se prolonguem por um longo período de<br />
tempo. A má nutrição crónica durante a infância resultará em adultos menores. Gallahue &<br />
Ozmun (2001) acrescentam ao fator nutrição outros fatores ambientais como a ocorrência de<br />
doenças, as condições climáticas e o stress emocional, como fatores que influenciam o pico de<br />
crescimento na puberdade, para além de uma variedade de elementos genéticos. Também os<br />
fatores socioeconómicos podem influenciar o crescimento, contudo será de uma forma<br />
indireta, pois afeta principalmente os cuidados de saúde, os níveis de nutrição e as condições<br />
de vida. Na mesma linha, Rebalo (2007) refere que os fatores ligados direta ou indiretamente<br />
à nutrição, como o nível socioeconómico e cultural dos pais, a dimensão da família, a<br />
paridade da ordem de nascimento, os fatores psicossociais, o ambiente rural ou urbano, etc.,<br />
têm de ser tidos em conta em estudos de crescimento, pois as crianças em risco de desnutrição<br />
ou de obesidade são de classes socioeconómicas baixas e do meio ambiente rural.<br />
Em Portugal, um fator onde foram encontradas algumas diferenças em relação à altura, foi o<br />
meio em que o individuo está inserido (meio rural ou meio urbano), tendo sido identificado<br />
por Padez (1999, 2003, 2004) diferenças consideráveis entre os distritos do litoral e interior<br />
português, tendo o litoral apresentado medidas de altura mais elevadas, em relação ao interior.<br />
Figura 1- Principais fatores que regulam o crescimento. Adaptado de: Manual de Crescimento y desarrollo del<br />
niño, Organización Panamericana de La Salud. (1994) apud Neto, (2009).<br />
10
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.1.2- Maturação biológica<br />
Malina (2001) define maturação como o momento e a cadência de um processo que leva ao<br />
estado biologicamente maturo. Para Guedes & Guedes (1997) a maturação serve para<br />
descrever as mudanças biológicas que ocorrem de forma ordenada e direcionada para atingir o<br />
estado adulto. A maturação biológica é um processo complexo, que tem uma forte interação<br />
dos genes com o ambiente, traçando a trajetória de cada individuo até ao estado adulto, que<br />
apesar de ocorrer em todos os indivíduos tem uma forte variabilidade interindividual (Maia &<br />
Lopes, 2006).<br />
A avaliação do desenvolvimento implica a observação das funções neurológicas, cognitivas,<br />
afetivas e sociais (Pedraza & Queiroz, 2011). Em relação apenas ao desenvolvimento motor,<br />
Gabbard (2000) carateriza-o como sendo um processo de mudanças contínuas que ocorrem no<br />
comportamento motor de um indivíduo, desde a conceção até a morte, resultante da interação<br />
entre os fatores hereditários e ambientais.<br />
Nesse sentido Gallahue & Ozmun (2001) referem que o conhecimento sobre os conceitos de<br />
crescimento, desenvolvimento, maturação, idade cronológica e idade biológica, são<br />
fundamentais para compreendermos o verdadeiro papel, da atividade física na criança.<br />
De acordo com Guedes & Guedes (1997), algumas crianças podem apresentar velocidade de<br />
maturação mais acelerada que outras (precoce) ou mais lenta (tardia). “Duas crianças<br />
praticantes de desporto com a mesma idade cronológica, que apresentam semelhanças<br />
anatómicas em termos de altura, peso e desenvolvimento muscular, podem ter idades<br />
biológicas e aptidões diferentes para o desempenho de uma tarefa de treinamento” (Bompa,<br />
2002 p14). A diferença entre idade cronológica e idade maturacional ou biológica aumenta à<br />
medida que a criança se vai desenvolvendo, podendo ter um desvio até 2 anos na infância<br />
Fragoso & Vieira (2006).<br />
Segundo Eckert (1993) e Fragoso & Vieira (2006) os indicadores biológicos que mais se<br />
utilizam para avaliar o nível maturacional são: a idade gestacional, a idade morfológica, a<br />
idade dentária, a idade óssea e a idade de aparecimento das características sexuais<br />
secundárias.<br />
11
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Para Freitas (2001) o melhor sistema referenciado pela literatura para avaliar a idade biológica<br />
ou o estatuto maturacional é a maturação esquelética através do método TW2 (Tanner et al.<br />
1983) sendo um método associado a valores elevados de fiabilidade inter e intra observadores.<br />
Num estudo realizado pelo mesmo autor com 1470 indivíduos da Madeira com idades<br />
compreendidas entre os 7 e os 18 anos, utilizando este método, verificou que os rapazes de<br />
maturação atrasada (P5º) alcançavam o estado adulto aos 17,6 anos e as raparigas aos 17,2<br />
anos. Já os de maturação avançada (P95º) atingiam esse ponto final aos 14 anos e as raparigas<br />
aos 13 anos. Malina & Bouchard (1991), apud Freitas (2001) referem que as crianças que<br />
crescem a uma taxa mais rápida, estão mais próximas da sua estatura adulta final, quando<br />
comparadas com outras crianças da mesma idade cronológica, estando mais avançadas no seu<br />
estado de maturação.<br />
Ao nível do desempenho físico-motor Fragoso & Vieira (2006) são da opinião que os<br />
indivíduos mais desenvolvidos fisicamente, têm mais sucesso em algumas tarefas motoras<br />
comparando com crianças menos maturas. Partindo desse ponto de vista Sobral (1988) e<br />
Malina & Bouchard (1991), referem que todas as alterações, decorrentes do crescimento e<br />
maturação biológica, têm particular efeito no comportamento motor e aptidão física de<br />
crianças e adolescentes.<br />
2.1.3- Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce<br />
A Tendência Secular para o crescimento e maturação precoce pode ser entendida como um<br />
processo de adaptação biológica que envolve um número muito grande de variáveis e<br />
informações capazes de provocar adaptações morfológicas e fisiológicas individuais, em<br />
pequenos grupos ou mesmo em populações (Fragoso & Vieira, 2006).<br />
Observações conduzidas em diversos países apontam para um aumento médio na estatura de 1<br />
cm em cada década no escalão dos 5 aos 7 anos, 2,5 cm na adolescência e 1 cm por década no<br />
adulto (Sobral et al. 2007). Segundo Coelho e Silva (2008) as variações estaturais de 1904<br />
(Lacerda, 1904) para 1996 (Padez, 1998), são de 8,9cm para a média nacional cm e 8,6 cm<br />
para o distrito de Coimbra. Entre 1960 e 1990 (Castro et al. 1998), a variação estatural foi de<br />
5,4 cm (1,8 cm/década) e entre 1950-1980 (Sobral, 1988), o acréscimo absoluto da estatura<br />
média foi de 4,4 cm (1,5 cm/década) (Coelho e Silva, 2008).<br />
12
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Fragoso & Vieira (2006) refere que em Portugal uma criança hoje com 7 anos de idade<br />
apresenta uma estatura de uma criança que há 100 anos teria 9 anos, ou seja uma diferença<br />
aproximada de 2 anos. Também Padez (2003) encontrou uma tendência secular positiva para<br />
a estatura em jovens adultos (aos 18 anos de idade), existindo o aumento médio de 8,93cm,<br />
equivale a uma taxa de 0,99cm por década.<br />
Segundo Padez (2003) e Sobral & Coelho e Silva (2007) tudo indica que uma das hipóteses<br />
para a tendência positiva do crescimento secular foi a melhoria das condições de vida das<br />
populações nos países industrializados a partir de meados do século XIX, e que essa tendência<br />
em Portugal se deve especialmente da melhoria ao nível da nutrição e do sistema de saúde.<br />
Padez (2003) refere ainda que tendo em conta as diferenças socioeconómicas existentes entre<br />
distritos, os resultados sugerem que a tendência secular positiva referente à altura, deve<br />
continuar para a população portuguesa nas próximas décadas.<br />
2.1.4- Desenvolvimento cognitivo<br />
Piaget é um dos principais autores de referência no entendimento do processo de<br />
desenvolvimento cognitivo. A teoria de Piaget (1978) concebe o desenvolvimento cognitivo<br />
como um processo organizado e sequencial constituído por 4 estádios. A inteligência é<br />
concebida como um caso particular de adaptação biológica resultante do equilíbrio entre a<br />
assimilação e a acomodação. Todo o desenvolvimento cognitivo resulta no fundo, da<br />
equilibração entre a assimilação e a acomodação permitindo assim ao ser humano, seja qual<br />
for o estádio em que se encontre, resolver os problemas se lhe deparam e adaptar-se à<br />
realidade circundante.<br />
Segundo Piaget (1978) é a aprendizagem que uma criança efetua durante um estádio que lhe<br />
permitirá a passagem ao estádio seguinte: 1-Estádio sensório-motor (período antes do<br />
aparecimento da linguagem); 2- Estádio pré-operatório (período que vai desde o aparecimento<br />
da linguagem até aos 7 ou 8 anos); 3-Estádio das operações concretas (vai desde os 7 anos aos<br />
12 anos); 4-Estádio das operações formais (depois dos 12 anos).<br />
O estádio das operações concretas, corresponde à maioria dos indivíduos amostrais do nosso<br />
estudo prático, inicia-se por volta dos sete ou oito anos e termina na transição da infância para<br />
13
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
a adolescência. Durante este estádio surge a capacidade de se efetuarem análises lógicas, dáse<br />
um aumento de simpatia com os sentimentos e atitudes dos outros (ultrapassagem do<br />
egocentrismo) e começa a haver compreensão das relações causa/efeito mais complexas. É<br />
também durante este estádio que se dá um salto no desenvolvimento da capacidade de uso do<br />
pensamento simbólico. No início do estádio das operações concretas, a criança já é capaz de<br />
compreender a propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto.<br />
No entanto não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando aplicada a<br />
objeto hipotéticos. Ao longo do estádio das operações concretas, a criança irá perceber as<br />
propriedades dos objetos como a conservação de volume, de massa e de comprimento. Para<br />
Piaget (1978) cada estádio de desenvolvimento integra-se no seguinte, as aquisições feitas<br />
num determinado período serão a base das aquisições a realizar no período seguinte, daí<br />
existir a necessidade que o educador conheça, por um lado, o processo de construção da<br />
inteligência infantil e por outro, tenha esses conhecimentos em conta ao planificar atividades<br />
para o nível em que a criança se encontra. O professor é um auxiliar do desenvolvimento<br />
tendo como principal papel o de promover a aprendizagem ativa das crianças.<br />
Ao nível comportamental, para Gesel et al. (1977) aos 6 anos a criança manifesta a sua<br />
bipolaridade, salta rapidamente dum extremo para outro. “ Chora, mas o seu choro<br />
transforma-se facilmente em riso e o riso em lágrimas.” Diz gostar muito da mãe e<br />
rapidamente afirmar que a detesta. Uma caraterística dominante é a fraca capacidade de<br />
modulação. Ao nível motor passa a ser mais ativa, encontrando-se em atividade constante,<br />
querendo estar em toda a parte.<br />
Aos 7 anos, em muitas crianças verificam-se prolongados períodos de aquietação e de<br />
concentração em si mesma, relacionando experiências novas com antigas. Nesta idade a<br />
criança é um bom ouvinte e a sua bipolaridade explosiva está a dar lugar a uma consolidação<br />
interior, atingindo um nível mais elevado de maturidade. A capacidade de socialização<br />
transparece mais claramente na escola, manifestando também um caracter de independência<br />
que se vai acentuando cada vez mais. Ao nível motor mostra-se menos brusca, sendo mais<br />
calculosa, e repete um exercício várias vezes até conseguir executá-lo bem.<br />
As crianças de 8 anos entregam-se mais a brincadeiras de luta e a jogos violentos, sendo<br />
crianças mais saudáveis e cansam-se menos que as de 7 anos. Também no aspeto físico<br />
começam a ser mais amadurecidas, apresentando algumas modificações como prenúncio da<br />
14
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
puberdade. Nesta idade os dois sexos começam a enveredar por trilhos separados, levando-os<br />
a um afastamento e vergonha de tocarem uns nos outros, mesmo em brincadeiras normais. Na<br />
escola já não são tão dependentes da professora. Ao nível motor, estão constantemente ativas,<br />
os movimentos são ágeis, graciosos e elegantes, tendo consciência da sua própria postura.<br />
Em relação à criança aos 9 anos, esta torna-se mais segura de si, adquire novas formas de<br />
dependência, que modificam a relação com a família, a escola e os companheiros. A auto<br />
motivação é a principal característica gostando de classificar, identificar e organizar a sua<br />
informação. Em geral não é agressiva e revela um grande sentido de justiça, e até mesmo<br />
sensatez. Ao nível motor a criança de 9 anos é mais hábil e interessa-se por desportos de<br />
competição. Os rapazes são impetuosos e rapidamente apresentam uma postura ativa de<br />
combate.<br />
Aos 10 anos, as diferenças entre géneros começam a ser evidentes. A rapariga tem mais<br />
postura, bom senso e interessa-se por assuntos relacionados com casamento e família. Os<br />
rapazes exprimem os sentimentos de camaradagem com os colegas empurrando-se, enquanto<br />
as raparigas passeiam umas com as outras abraçadas. Ao nível motor, a criança gosta de estar<br />
em atividade e a sua grande paixão é a vida ao ar livre. O seu maior gosto são jogos de muito<br />
movimento, correr, deslizar, trepar, saltar, patinar e andar de bicicleta.<br />
2.1.5- Desenvolvimento motor<br />
O desenvolvimento motor estuda as mudanças que ocorrem no comportamento motor humano<br />
a partir dos movimentos reflexos, rudimentares até aos movimentos complexos altamente<br />
organizados e coordenados e pode ser analisado em duas vertentes, a aquisição de habilidades<br />
motoras e o estado das capacidades físico-motoras (Gallauhue & Ozmun, 2001). Esta<br />
subdivisão é essencialmente teórica porque a aquisição de habilidades é influenciada pelo<br />
nível de desenvolvimento das capacidades físico-motoras e as capacidades físico-motoras são<br />
avaliadas através de testes que determinam o desempenho motor, muitas vezes influenciado<br />
pelo nível de aprendizagem das habilidades presentes nesses testes (Martins de Carvalho,<br />
2007).<br />
15
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Quadro 1- Modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001).<br />
Fases do desenvolvimento motor Período de idade aproximada<br />
do desenvolvimento<br />
Pré-natal aos 4 meses<br />
Fase dos Movimentos Reflexos<br />
4 meses a 1 ano<br />
Nascimento até aos 12 meses<br />
Fase dos Movimentos Rudimentares<br />
1 aos 2 anos<br />
2 aos 3 anos<br />
Fase dos Movimentos Fundamentais<br />
4 aos 5 anos<br />
6 aos 7 anos<br />
7 aos 10 anos<br />
Fase dos Movimentos Especializados<br />
11 aos 13 anos<br />
14 anos em diante<br />
Estádios do desenvolvimento<br />
motor<br />
Codificação da Informação<br />
Descodificação da informação<br />
Inibição de Reflexos<br />
Pré-controlo<br />
Inicial<br />
Elementar<br />
Maduro<br />
Transição<br />
Aplicação<br />
Utilização ao longo da vida<br />
2.1.5.1- Aquisição de habilidades<br />
Segundo Magill (2001), habilidade motora pode-se entender como, qualquer tarefa simples ou<br />
complexa que, por intermédio da exercitação, pode passar a ser efetuada com elevado grau de<br />
qualidade, podendo chegar à automatização.<br />
Para Meinel (1984) na primeira idade escolar (7-10 anos), o desenvolvimento é marcado pelo<br />
rápido aumento da aquisição de habilidades motoras, devido aos rápidos progressos no aspeto<br />
físico e psíquico principalmente aos 9 e 10 anos. O traço básico dominante do comportamento<br />
motor é a vivacidade e a flexibilidade. As crianças começam a dominar os seus impulsos<br />
conseguindo concentrar-se nas atividades que estão a realizar, sendo mais conservadoras e<br />
equilibradas no rendimento.<br />
Kail (2004) considera que as habilidades motoras finas e grossas melhoram<br />
significativamente nos anos escolares, pois as crianças crescem e tornam-se mais fortes,<br />
correndo cada vez mais rápido e pulando cada vez mais longe. Quando chegam aos 11 anos as<br />
crianças conseguem lançar uma bola 3 vezes mais longe do que conseguiam aos 6 anos e<br />
saltar quase o dobro. Nas habilidades motoras grossas, as raparigas destacam-se na<br />
flexibilidade e equilíbrio, enquanto os rapazes levam vantagem em todas as habilidades que<br />
dependem da força. Já nas habilidades motoras finas as raparigas tendem em destacar-se na<br />
caligrafia.<br />
16
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Segundo o modelo de desenvolvimento motor de Gallahue & Ozmun (2001), na fase dos<br />
movimentos fundamentais, estes podem ser caraterizados com estabilizadores, locomotores<br />
ou manipulativos. Nos movimentos estabilizadores, a criança é envolvida em constantes<br />
esforços contra a força de gravidade na tentativa de obter e manter a postura vertical<br />
(equilíbrio). A categoria de movimentos locomotores, referem-se aos movimentos que<br />
indicam uma mudança na localização do corpo em relação a um ponto fixo na superfície,<br />
sendo o exemplo caminhar, correr, saltar, pular ou saltitar. A categoria de movimentos<br />
manipulativos, referem-se às manipulações motoras, como tarefas de arremessos, receção,<br />
chutos e interceção de objetos, que são movimentos manipulativos grossos. Como<br />
movimentos manipulativos finos podemos ter o escrever e cortar com tesoura.<br />
Gallahue & Ozmun (2001) divide a fase dos movimentos fundamentais em três estágios:<br />
estádio inicial, estádio elementar e estádio maduro. Os movimentos locomotores,<br />
manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão enquadrados no<br />
estádio inicial, que representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar<br />
um padrão de movimento fundamental em que os movimentos espaciais e temporais são<br />
pobres. O estádio elementar já envolve um maior controle e coordenação rítmica dos<br />
movimentos fundamentais. As crianças de desenvolvimento normal tendem a avançar para o<br />
estágio elementar através do processo de maturação. O estádio maduro é caracterizado como<br />
mecanicamente eficiente, coordenado, e de execução controlada. As crianças atingem este<br />
estádio perto dos 5 ou 6 anos tendo potencial de desenvolvimento na maioria das habilidades<br />
fundamentais, podendo iniciar a transição para a fase de movimentos especializados. No<br />
entanto, certos padrões maduros nunca chegam a ser atingidos, pois este depende basicamente<br />
do ensino, do encorajamento e das oportunidades de prática.<br />
A fase de movimentos especializados enquadra-se nas idades da nossa amostra. Esta fase está<br />
relacionada com a especialização e é um período em que as habilidades estabilizadoras,<br />
locomotoras e manipulativas, são progressivamente refinadas e combinadas de forma a serem<br />
utilizadas em situações mais complexas e de maior grau de dificuldade. Os movimentos<br />
especializados são movimentos fundamentais que foram refinados e combinados, e podem ser<br />
agora utilizados em muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na<br />
recreação e lazer, ou em atividades desportivas. Esta fase é dividida em três estágios:<br />
transição, aplicação e utilização para a vida. No estágio de transição (dos 7 aos 10 anos) a<br />
criança começa a combinar e aplicar habilidades dos movimentos fundamentais. No estágio<br />
17
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
de aplicação (11 aos 13 anos), a criança é capaz de realizar uma variedade de habilidades<br />
complexas, devido ao aumento da sofisticação cognitiva e da ampliação das experiências de<br />
base. Essas habilidades devem ser refinadas e aplicadas a um desporto tanto ao nível do lazer<br />
como competitivo. O estágio de utilização ao longo da vida, inicia-se por volta dos 14 anos e<br />
prolonga-se pela fase adulta. O nível de refinamento das habilidades aumenta. A performance<br />
pode variar com a participação em atividades amadoras, a desportos de alta competição ou<br />
profissionais.<br />
2.1.5.2- Capacidades físico-motoras<br />
Há basicamente duas escolas na sistematização das qualidades e capacidades físico-motoras.<br />
Nos autores portugueses destacamos a sistematização de Sobral, que representa a linha de<br />
pensamento anglo-saxónica e estabelece 5 qualidades e capacidades principais: coordenação,<br />
flexibilidade, força, resistência e velocidade. Cada capacidade é composta por várias<br />
subcapacidades.<br />
Ainda na versão anglo-saxónica, Gallahue distingue as capacidades motoras e as capacidades<br />
físicas, conforme o fator motor ou o fator orgânico sejam mais determinantes para a sua<br />
expressão, considerando como capacidades motoras a coordenação motora e a velocidade, e<br />
como capacidades físicas a flexibilidade, a força e a resistência.<br />
Um pouco nesta linha, os “autores de leste” tal como Grosser (1983), dividem-se em dois<br />
domínios as capacidades motoras desportivas: o domínio condicional (quantitativo) e o<br />
domínio coordenativo (qualitativo).<br />
As capacidades condicionais são determinadas pelos mecanismos que conduzem à obtenção e<br />
transformação de energia, isto é, os processos metabólicos nos músculos e nos sistemas<br />
orgânicos. São predominantemente direcionadas para a condição física tendo por isso um<br />
caracter quantitativo.<br />
As capacidades coordenativas têm um caráter qualitativo, pois constituem o pressuposto<br />
fundamental para a aprendizagem e desenvolvimento das habilidades motoras e,<br />
consequentemente, para a assimilação dos gestos técnicos de forma mais correta e eficiente.<br />
18
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Estas capacidades devem ser trabalhadas nos primeiros anos de escolaridade, pois é dos 6 aos<br />
12 anos que elas se desenvolvem, devido a existirem pressupostos sociais, psíquicos,<br />
anatómico-fisiológicos e motores favoráveis ao rápido desenvolvimento destas capacidades.<br />
Na fase da puberdade existe um rápido crescimento, facto que pode levar a estagnação ou<br />
mesmo a um retrocesso no desenvolvimento das capacidades coordenativas. As capacidades<br />
coordenativas permitem que a criança consiga aprender gestos motores e dominar de forma<br />
segura e económica as ações motoras, tanto nas situações previsíveis como imprevisíveis.<br />
Para Gallahue & Ozmun (2001), a coordenação motora liga-se às componentes de aptidão<br />
motora, de equilíbrio, de velocidade e de agilidade. Contudo, não está diretamente ligada à<br />
força e à resistência. Quanto mais complexas forem as tarefas motoras, maior será o nível de<br />
coordenação necessário para um desempenho eficiente. Assim, o comportamento coordenado<br />
requer que o individuo desempenhe movimentos específicos em série, com rapidez e precisão<br />
considerando ainda, a integração dos sistemas motor e sensorial num padrão de ação<br />
harmonioso e lógico, como que uma combinação concordante dos deslocamentos dos<br />
segmentos corporais, no tempo e no espaço.<br />
Segundo Lopes et al. (2003) estudar a coordenação motora de crianças em idade escolar é<br />
importante pela sua associação a aspetos ligados à aprendizagem motora e controle motor nas<br />
mais diversas tarefas do seu dia-a-dia, como também pelas implicações pedagógicas e<br />
educativas que decorrem das aulas de EF. Ao nível da ApF a bateria de testes KTK é a mais<br />
utilizada para avaliar a coordenação motora das crianças. O teste da Ria proposto por Martins<br />
de Carvalho (2007) vem aliviar a necessidade da aplicação de uma bateria completa apenas<br />
para avaliar a coordenação. Outras soluções são encontradas na literatura e em alguns casos a<br />
opção foi a de selecionar apenas um dos testes do KTK.<br />
Ao nível da flexibilidade, Weineck (1999), refere que o género feminino apresenta uma maior<br />
flexibilidade do que o género masculino, devido às diferenças hormonais, em que o género<br />
feminino apresenta um alto nível de estrógeno que provoca uma maior retenção de água e<br />
também uma maior presença de tecido adiposo e menor massa muscular do que a observada<br />
no género masculino, proporcionando condições favoráveis a um maior nível de flexibilidade.<br />
Para Meinel (1984) é uma das capacidades a trabalhar desde idades muito jovens. Sabe-se que<br />
ao contrário de outras capacidades, a criança nasce com uma ótima capacidade de<br />
19
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
flexibilidade e que esta se vai perdendo se não for trabalhada, fundamentalmente após os 10<br />
anos. No escalão etário dos 6/10 anos, a flexibilidade é muito acentuada, devendo ser<br />
privilegiada a flexibilidade geral. Os desportos que exigem grandes amplitudes articulares<br />
obrigam a uma exercitação da flexibilidade específica em idades muito jovens (a partir dos 6<br />
anos).<br />
Na avaliação da flexibilidade, o teste mais utilizado nos estudos de ApF em crianças e<br />
adolescentes é o teste do senta e alcança. A sua grande utilização deve-se ao facto do<br />
movimento se assemelhar com algumas ações do quotidiano, à grande facilidade na sua<br />
aplicação e porque avalia a flexibilidade ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que<br />
estão associados à maioria das dores ao nível da coluna vertebral. Contudo, deve-se ter em<br />
conta que um elevado índice de flexibilidade na região do quadril não reflete necessariamente<br />
um bom índice em qualquer outra zona do corpo e deve ter-se também em conta os riscos<br />
associados a este teste.<br />
Relativamente à força, Meinel (1984) refere que na fase dos 7-10 anos o desenvolvimento da<br />
força decorre relativamente lento quando não é promovido e as diferenças entre géneros não<br />
são ainda substanciais.<br />
Na idade pré-pubertária deve-se procurar em primeiro lugar, desenvolver a força geral, com o<br />
aumento da força geral e postural. Os exercícios devem ser executados procurando a<br />
amplitude máxima dos movimentos, que evitam o encurtamento muscular prejudicial ao<br />
crescimento.<br />
Para muitos autores a força explosiva é a capacidade representativa das capacidades motoras<br />
condicionais dos 6 aos 14 anos, sendo o seu desenvolvimento máximo entre os 16/18 anos,<br />
dependendo do grau de maturidade sexual (maior massa muscular na adolescência devido aos<br />
elevados níveis de testosterona). Segundo Eckert (1983) e Kail (2004) na infância os rapazes<br />
tendem a ser superiores às raparigas em atividades que requerem força.<br />
Um dos testes mais utilizados para avaliar a força ao nível da ApF é a Preensão Manual, por<br />
os resultados deste teste apresentarem as correlações mais elevadas com outras provas de<br />
força resistente e força máxima.<br />
20
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
A capacidade de resistência aeróbia é treinável em todos os períodos, na infância e na<br />
puberdade. A finalidade do treino de resistência (componente aeróbia) é proporcionar ao<br />
jovem uma estabilidade orgânica, sobretudo do sistema cardiovascular, sendo também<br />
importante a consolidação do tecido conjuntivo e do aparelho de sustentação (ossos,<br />
ligamentos e articulações).<br />
Segundo Léger (1996) apud Silva (2002) a potência aeróbia máxima ou consumo máximo de<br />
oxigênio (VO2máx), a eficiência mecânica e o limiar anaeróbio, são componentes que<br />
“funcionam” de forma diferenciada na criança e no adolescente em relação ao adulto,<br />
sobretudo devido a influência da maturação.<br />
Segundo Diniz (1998), alguns autores como Bar-or (1983) salientaram que os jovens préadolescentes<br />
têm poucas possibilidades de resposta positiva ao treino aeróbio, devido a níveis<br />
habituais de atividade espontânea já muito elevados, pois segundo Shephard et al. (1977)<br />
crianças com idade inferior a 8 anos não dominam suficientemente bem ao nível motor,<br />
nenhuma atividade física que lhes permita ter uma atividade física suficientemente vigorosa.<br />
Sobral (1988) refere que também existem dificuldades em estudar atividades anaeróbias em<br />
crianças pelo facto de as provas de avaliação imporem situações de prestação máxima e<br />
requererem uma grande capacidade de empenho volitivo.<br />
Segundo Bangsbo (1994) a resistência anaeróbia láctica só deve ser desenvolvida a partir da<br />
segunda fase da puberdade (adolescência 14/15 anos), porque em idades mais baixas os<br />
jovens apresentam: menor concentração de determinadas enzimas (glicolíticas) o que implica<br />
uma atividade das enzimas glicolíticas mais baixa, uma menor tolerância ao ácido láctico,<br />
dependência da maturidade hormonal (testosterona) e maior necessidade do tempo de<br />
recuperação.<br />
Vários são os testes utilizados para avaliar capacidade cardiorrespiratória, entre eles podemos<br />
encontrar a corrida da milha, caminhada/corrida de 1600m, corridas com a duração de 7 / 9 e<br />
12 minutos e o teste do vaivém. Este último, tem sido o teste mais utilizado na avaliação da<br />
resistência em Portugal na última década.<br />
Em relação à velocidade, Meinel (1984) refere que entre os 7 e os 10 anos a velocidade<br />
desenvolve-se de maneira consideravelmente rápida, existindo altas cotas de crescimento<br />
21
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
anuais. O mesmo autor também salienta que aos 10 anos verifica-se um bom nível de<br />
velocidade de reação. Também Sobral (1988) referiu que dos 5 aos 16 anos, assiste-se a um<br />
acentuado incremento da velocidade de deslocamento em provas curtas (entre 20 e 50m).<br />
Segundo o modelo das fases sensíveis da capacidade de desempenho motor de Martin (1982)<br />
a treinabilidade da velocidade tem a sua fase sensível durante a infância, particularmente entre<br />
os 6/7 anos e os 11/12 anos. Gallahue & Ozmun (2001) referem que a progressão da<br />
velocidade ocorre até aos 13-14 anos onde, a partir desse ponto, os rapazes continuam a<br />
progredir satisfatoriamente e, as raparigas pelo contrário tendem a estagnar ou até mesmo a<br />
regredir.<br />
Para Castelo et al. (1998) a velocidade não é uma ação motora exclusiva das corridas de<br />
velocidade, ela está presente numa enorme quantidade de gestos desportivo, sendo a<br />
capacidade motora mais importante na obtenção de um bom rendimento desportivo.<br />
A prova de velocidade que as várias baterias de testes utilizam para avaliar a velocidade é a<br />
prova dos 20m, 25m e 50m. No nosso estudo optámos por realizar a prova de velocidade de<br />
20 metros lançados, isto com o intuito de apenas ser verificada a velocidade máxima,<br />
excluindo a parte da velocidade de reação e a força explosiva necessárias na situação de<br />
partida.<br />
2.1.6- Caracterização socioeducativa<br />
Ao nível socioeducativo, as crianças aos 6 anos entram para o 1ºCEB, que tem a duração de 4<br />
anos e termina aos 9/10 anos. Segundo a Organização Curricular e Programas para o 1ºCEB,<br />
este nível de ensino contempla as áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa,<br />
Matemática, Estudo do Meio e Expressões: Artísticas e Físico-Motoras; as áreas curriculares<br />
não disciplinares de Estudo Acompanhado, Área de Projeto e Formação Cívica e as áreas<br />
curriculares disciplinares de frequência facultativa como Educação Moral e Religiosa e as<br />
Atividades de Enriquecimento Curricular. São também definidos os tempos mínimos<br />
semanais para a lecionação dos programas, sendo de 8 horas para a Língua Portuguesa<br />
(incluindo uma hora diária para a leitura), 7 horas para a Matemática, 5 horas para o Estudo<br />
22
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
do Meio (metade para o Ensino Experimental das Ciências) e 5 horas para serem geridas de<br />
forma flexível nas áreas das expressões e restantes áreas curriculares.<br />
Quanto às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), estas pretendem cumprir 2<br />
objetivos: 1) garantir a todos os alunos do 1ºCEB a oferta de aprendizagens enriquecedoras do<br />
currículo; 2) promover o funcionamento da escola de modo a dar respostas no domínio do<br />
apoio às famílias, consolidando o conceito de escola a tempo inteiro.<br />
Nas AEC os planos de atividades devem incluir obrigatoriamente para todo o 1ºCEB como<br />
atividades de enriquecimento curricular o Apoio ao Estudo e o Ensino do Inglês, completando<br />
o plano com Atividade Física e Desportiva (AFD), o Ensino da Música ou outras expressões<br />
artísticas.<br />
Na AFD a duração semanal é fixada em cento e trinta e cinco minutos, com a duração diária<br />
de quarenta e cinco minutos, devendo a atividade ocorrer em dias alternados. Contudo a título<br />
excecional, em caso de manifesta dificuldade, designadamente na disponibilização de<br />
espaços, poderão existir semanalmente apenas noventa ou só quarenta e cinco minutos.<br />
Em Portugal Continental, segundo o relatório sobre as Atividades de Enriquecimento<br />
Curricular no ano letivo 2011/2012, divulgado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação<br />
e Ciência, foram abrangidos na AFD, 328727 alunos (88,4% do total de alunos), distribuídos<br />
por 4138 estabelecimentos de ensino.<br />
23
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2- Avaliação antropométrica em crianças<br />
A antropometria de superfície aplicada a crianças é constituída por um conjunto de medidas e<br />
técnicas de medição que permitem aos professores, treinadores, médicos e ergonometristas,<br />
obter informações sobre a morfologia e o crescimento corporal da população infantil.<br />
Sociólogos, economistas e políticos podem também, com base neste tipo de informação,<br />
estudar os efeitos da organização e condições socioeconómicas da sociedade no processo de<br />
crescimento e morfologia dos cidadãos mais jovens e estabelecer políticas de educação, saúde<br />
e de investimento em estruturas que visem minorar problemas identificados neste tipo de<br />
estudos, nomeadamente os que se relacionam com os estatutos ponderais de subnutrição e<br />
obesidade, e com situações de atraso e precocidade no crescimento corporal e maturação<br />
biológica.<br />
O acompanhamento das variações antropométricas fornece importantes informações que<br />
auxiliam o clínico no acompanhamento de respostas a tratamentos, na verificação do estado<br />
nutricional e de anormalidades do desenvolvimento físico dos indivíduos (Guedes & Guedes,<br />
1997).<br />
A aplicação de uma ficha antropométrica na escola como instrumento pedagógico na<br />
Educação Física aumenta a capacidade de discussão dos diversos contextos (sociais, culturais<br />
e biológicos), contribuindo para uma intervenção mais efetiva (Beck et al. 2007).<br />
A utilização da antropometria na escola, segundo Petrosky (2007) é justificada por quatro<br />
aspetos: 1) Permite identificar riscos associados à saúde, como os índices excessivamente<br />
altos ou baixos de gordura corporal; 2) Proporciona a monitorização de mudanças na<br />
composição corporal, associadas aos processos de crescimento, desenvolvimento e<br />
maturação; 3) Propicia o acompanhamento das variáveis relacionadas com o crescimento e<br />
desenvolvimento físico em relação à idade cronológica e maturacional; 4) Possibilita a<br />
identificação de disfunções no crescimento ou de perfil morfológico de risco.<br />
24
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2.1- Conceito de Antropometria<br />
O termo Antropometria é de origem grega, onde anthropo identifica “homem” e metry<br />
significa “medida” sendo definido como um conjunto de técnicas padronizadas para<br />
sistematicamente realizar medições do corpo (Malina & Bouchard, 1991). A antropometria é<br />
composta por várias subdisciplinas, referindo-nos aqui apenas à “antropometria de superfície”<br />
ou somatometria, relacionada com a morfologia corporal externa.<br />
Sobral (1985) identifica as seguintes subdisciplinas ou áreas da antropometria: 1)<br />
Somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do indivíduo vivo; 2)<br />
Cefalometria que se ocupa das medidas da cabeça do indivíduo vivo; 3) Osteometria tem<br />
como objeto as dimensões dos ossos pós-cranianos; 4) Pelvimetria que se ocupa das medidas<br />
pélvicas no ser vivo e no esqueleto; 5) Odontometria em que o objeto de estudo são as<br />
dimensões dos dentes e dos arcos dentários.<br />
A grande variação da morfologia externa, sobretudo para compreender as suas causas,<br />
constitui um dos principais objetivos da investigação, (Sobral et al. 2007). Para avaliar essa<br />
grande variação, os procedimentos antropométricos mais aceites a nível internacional são os<br />
de Lohman et al. (1988) e a nível nacional Sobral (1989), Fragoso & Vieira (1991) e Coelho e<br />
Silva (2001), que consideram medições de estatura, massa corporal, perímetros, diâmetros,<br />
pregas adiposas subcutâneas, densidade corporal e índices resultantes de cálculos a partir de<br />
outras medidas.<br />
No contexto da Educação Física, da Medicina Pediátrica e do Desporto, a antropometria serve<br />
para a compreensão de diferentes aspetos referentes ao desenvolvimento do corpo humano,<br />
assim como para determinar relações entre dimensões corporais e performances desportivas.<br />
Na morfologia das ciências do desporto em populações pediátricas, ainda continua a existir<br />
uma descontinuidade entre conhecimento teórico e instrumental provocado pelas disciplinas<br />
fundacionais, como a endocrinologia, ortopedia, auxologia, fisiologia e ergonomia, com as<br />
disciplinas objectalmente dependentes, como a teoria e metodologia do treino desportivo<br />
(Coelho e Silva et al. 2009).<br />
25
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2.2- Procedimentos para a avaliação antropométrica<br />
As avaliações antropométricas relativas à antropometria de superfície exigem o conhecimento<br />
minucioso da morfologia humana e dos pontos de medição associados, das técnicas de<br />
utilização dos equipamentos e dos protocolos relativos a cada medição, que possibilitam a<br />
uniformização dos procedimentos de avaliação antropométrica.<br />
Desde o início dos anos 80 que Francisco Sobral é um nome de referência nos estudos<br />
antropométricos realizados em Portugal. Sobral, Fragoso e Vieira, e mais recentemente<br />
Coelho e Silva, são autores de publicações de referência sobre metodologias de avaliação<br />
antropométrica. Em todos estes autores é recorrente a referência aos procedimentos de<br />
avaliação antropométrica estabelecidos por Lohman, Roche & Martorell (1988). Por este<br />
motivo o Anthropometric Standadization Reference Manual constituiu-se como uma das<br />
principais fonte de informação relativamente aos procedimentos e técnicas antropométricas de<br />
superfície.<br />
A recolha de dados antropométricos é um procedimento que requer a aplicação das técnicas e<br />
protocolos estandardizados por parte de avaliadores treinados, sendo a perícia destes uma das<br />
principais fontes de erro das medições. Para Petroski (1995) o termo “técnica antropométrica”<br />
refere-se à recolha de medidas corporais, de dobras cutâneas, circunferências e diâmetros, e à<br />
correspondente utilização em equações estimativas da percentagem de gordura. A utilidade e<br />
valor dos dados antropométricos relacionam-se fundamentalmente com a possibilidade de<br />
efetuar comparações entre sujeitos ou grupos de sujeitos, sendo por isso necessário utilizar<br />
procedimentos estandardizados com uma descrição minuciosa das técnicas utilizadas (Sobral,<br />
1985).<br />
Oliveira & Guimarães (2003) refere alguns dos principais procedimentos necessários para as<br />
medições antropométricas clássicas, onde incluem a medição das pregas adiposas<br />
subcutâneas. Entre as regras básicas para garantir a maior precisão dos resultados, os autores<br />
consideram que se deve ter em atenção: a equipa de avaliadores deve estar muito bem treinada<br />
para que se diminua a probabilidade de erros na aplicação dos testes; é importante que se<br />
tenha grande familiarização com os pontos anatómicos e forma de funcionamento, manuseio e<br />
escalas dos equipamentos; o avaliador obtém medidas repetidas em vários avaliados,<br />
comparando os resultados com outro avaliador; avaliadores diferentes realizam medidas num<br />
mesmo grupo de sujeitos e os resultados são comparados (variação interavaliadores); o local<br />
26
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
onde será feita a avaliação antropométrica deve permitir o livre deslocamento do profissional<br />
em torno do avaliado, sendo a temperatura ambiente confortável; o plano da base sobre o qual<br />
se posiciona o indivíduo ou o equipamento deve estar nivelado; não esquecer que os<br />
equipamentos usados devem ser frequentemente aferidos; o avaliado deve ser esclarecido<br />
quanto às medidas que serão feitas para que se sinta mais a vontade. O avaliado deve ser<br />
orientado a comparecer para o teste usando fato de banho que facilita a localização dos pontos<br />
anatómicos; para realizar a avaliação, a postura do avaliado será a posição anatómica, com as<br />
variações necessárias em algumas medidas.<br />
2.2.2.1- Posição antropométrica e pontos anatómicos<br />
A padronização das condições de medição é fundamental para a fiabilidade das avaliações.<br />
Nessa padronização destaca-se a importância da definição das posições do corpo e segmentos<br />
a medir e a marcação precisa dos pontos de medição (Sobral et al. 2007).<br />
A posição antropométrica de referência pode ser identificada pelos eixos (longitudinal,<br />
antero-porteior e lateral) e os planos (sagital, frontal e transversal). O plano sagital divide o<br />
corpo em duas partes iguais, a parte esquerda e a parte direita. O plano frontal que também é<br />
na vertical, divide o corpo em partes anterior (frontal) ou posterior (dorsal). Na perpendicular<br />
ao eixo longitudinal está o eixo antero-posterior e o eixo lateral. O plano transversal, corta<br />
transversalmente o corpo em ângulos retos com os planos sagital e frontal, dividindo-o em<br />
parte superior e inferior (idem).<br />
Figura 2- Planos e eixos da posição antropométrica de referência. (Adaptado de Sobral et al. (2007).<br />
27
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Em relação aos pontos anatómicos, estes devem ser corretamente identificados por palpação,<br />
devendo ser marcados, para que a colocação do instrumento de medida seja no ponto<br />
padronizado (Oliveira & Guimarães, 2003).<br />
Segundo Sobral et al. (2007) os pontos de referência antropométrica são de fácil localização,<br />
sendo no entanto necessário por parte do avaliador, desenvolver alguma perícia através do<br />
conhecimento anatómico da morfologia corporal e da prática sistemática, por forma a reduzir<br />
os efeitos das fontes de erro de medida.<br />
Quadro 2- Pontos de referência antropométrica definidos por Sobral et al. (2007).<br />
Pontos Antropométricos<br />
Localização<br />
Pterion<br />
No ponto inferior e posterior do calcâneo<br />
Acropodion<br />
No ponto anterior do dedo grande do pé<br />
Sphyrion tibiale<br />
No ponto distal do maléolo interno<br />
Sphyrion fibulare<br />
No ponto distal do maléolo externo<br />
Tibiale laterale<br />
Situado no bordo externo da cabeça da tíbia<br />
Tibiale mediale<br />
No ponto anterior da cabeça da tíbia<br />
Dactylion<br />
No ponto distal do dedo médio da mão<br />
Stylion<br />
Corresponde ao ponto mais alto da apófise estilóide do rádio<br />
Trochanterion<br />
No ponto superior do grande trocântere<br />
Symphysion<br />
No bordo superior da sínfise púbica<br />
lliocristale anterior<br />
No ponto anterior da crista ilíaca<br />
Iliocristale ou supracristale Corresponde à maior projeção externa da crista ilíaca<br />
lIiocristale posterior<br />
No ponto posterior da crista ilíaca<br />
Xyphion<br />
Situa-se no ponto inferior do esterno<br />
Mesoesternale<br />
No ponto medio do esterno, aproximadamente ao nível da 4ª articulação<br />
condro-esternal<br />
Supra-esternale<br />
No plano mediano do bordo superior do manúbrio do esterno<br />
Acromiale<br />
No ponto do acrómio que mais se projeta lateralmente<br />
Cervicale<br />
Na proeminência posterior da 7ª vértebra cervical<br />
Vertex<br />
No ponto superior da caixa craniana, no plano mediano.<br />
28
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2.2.2- Principais medidas antropométricas<br />
Para Sobral et al. (2007) as principais medidas simples incluem-se numa das seguintes<br />
categorias: tamanho corporal, diâmetros, circunferências e pregas adiposas subcutâneas.<br />
Quadro 3- Principais medidas antropométricas simples, segundo Sobral et al. (2007).<br />
Medidas Antropométricas Simples<br />
Tamanho Corporal<br />
Diâmetros<br />
Circunferências<br />
Pregas Adiposas Subcutâneas<br />
Massa Corporal<br />
Estatura<br />
Altura Sentado<br />
Comprimento dos membros inferiores<br />
Envergadura<br />
Biacromial<br />
Bicristal<br />
Bicôndilo-umeral<br />
Bicôndilo-femoral<br />
Abdominal<br />
Anca<br />
Braquial<br />
Geminal<br />
Tricipital<br />
Bicipital<br />
Crural<br />
Geminal<br />
Subescapular<br />
Suprailíaca<br />
Abdominal<br />
Nas mediadas antropométricas compostas ou calculadas através de fórmulas (Quadro 4)<br />
Sobral et al. (2007) referem o IMC, índice córmico, índice de androginia, rácio<br />
abdómen/anca, soma das pregas de gordura subcutânea e o rácio tronco/membros<br />
Quadro 4- Principais medidas antropométricas compostas, segundo Sobral et al. (2007).<br />
Medidas Antropométricas Compostas<br />
Índice de massa corporal<br />
Índice córmico<br />
Índice de androginia<br />
Rácio abdómen/anca<br />
Soma das pregas de gordura<br />
subcutânea<br />
Massa corporal/estatura2<br />
(Altura sentado/estatura) x 100<br />
(3 x diâmetro biacromial – diâmetro bicristal)<br />
(Circunferência abdominal / circunferência da anca) x 100<br />
(prega tricipital + prega subescapular)<br />
Rácio tronco/membros (subescapular + suprailíaca + abdominal) / (tricipital + bicipital +<br />
geminal)<br />
29
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Existem muitas outras medidas compostas ou calculadas, de entre as quais se destacam as<br />
relativas à avaliação corporal.<br />
Quadro 5- Medidas de avaliação ponderal e de composição corporal.<br />
Medidas de Avaliação<br />
Fórmulas<br />
D = 1,0764 - 0,00081 X1 - 0,00088 X2<br />
em que X1 representa o valor da prega suprailíaca e X2 o da prega tricipital.<br />
Densidade<br />
(Sobral et al. 2007)<br />
- Sloan, Burt e Blyth, publicada em 1962 apud Sobral et al. (2007)<br />
Aplicável a crianças<br />
D = 1.067 - 0.0014 X1 - 0.0003 X2 - 0.0025 X3 - 0.0022 X4 + 0.0263 X5 (sexo<br />
masculino).<br />
Pregas: X1 = tricipital X2 = suprailíaca; Circunferências: X3 = do pulso X4 = da<br />
coxa; Diâmetros: X5 = do pulso<br />
- Boileau et al. (1981) apud Sobral et al. (2007)<br />
Pregas tricipital (T) e geminal (G)<br />
♂ 0.735 (T + G) + 1.0<br />
♀ 0.61 (T + G) + 5.1<br />
Pregas tricipital (T) e subescapular (Sub)<br />
Adolescentes brancas ou afro-americanas 8 – 17 anos<br />
1.33 (tric + sub) – 0.13 (tric + sub)2 – 2.5<br />
% MG<br />
(Slaughter et al. 1988)<br />
Peso Ideal Desejável<br />
(Fernandes Filho, 1999)<br />
Adolescentes brancos<br />
Pré-pubertários<br />
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 1.7<br />
Pubertários<br />
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 3.4<br />
Póspubertários<br />
♂ 1.21 (T + Sub) – 0.008 (T + Sub)2 – 5.5<br />
Quando o somatório de pregas tricipital (T) e subescapular (Sub) é superior a 35mm<br />
♂ 0.783 (T + Sub) + 1.6<br />
♀ 0.546 (T + Sub) + 9.7<br />
Homens: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,84<br />
Mulheres: peso ideal desejado: ={peso- (peso X G%) / 100} / 0,77<br />
2.2.3- Avaliação ponderal e da composição corporal<br />
Os casos particulares da avaliação ponderal e da composição corporal têm ocupado muitas<br />
atenções dos estudos antropométricos em crianças principalmente por causa do aumento<br />
significativo da obesidade em adultos e do hipotético aumento da obesidade em crianças.<br />
Segundo Artioli (sd), a avaliação da composição corporal é importante para realizar o<br />
diagnóstico da obesidade, uma doença que tem aumentado muito nas últimas décadas e que<br />
está associada a diversas outras patologias, sendo também realizada a avaliação da<br />
30
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
composição corporal em rotinas de avaliação física em ginásios, personal trainers e também<br />
nas escolas através da bateria de testes FITNESSGRAM.<br />
A relação obesidade/patologia é verdadeira, mas não absoluta e ocorre essencialmente na<br />
idade adulta. Nas crianças essa relação é quase inexistente (Martins de Carvalho, 2007).<br />
Na impossibilidade da avaliação da %MG corporal, os estudos têm frequentemente recorrido<br />
ao indicador do Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice associa as medidas da estatura e<br />
da massa corporal, mas não identifica a massa adiposa que é o fator verdadeiramente<br />
associado ao conceito de obesidade.<br />
A avaliação ponderal (avaliação da massa corporal total) é por si só um elemento informativo<br />
importante relacionado com a saúde, estado nutricional, estádio de crescimento e carga<br />
interna de treino. O indicador de IMC que associa a massa corporal à estatura adquiriu<br />
especial interesse com os resultados de estudos realizados em adultos, identificadores de<br />
correlações significativas entre: IMC e obesidade; obesidade e risco de ocorrência de doenças<br />
cardiovasculares em adultos.<br />
No estudo da composição corporal existem três métodos de avaliação: os diretos, os indiretos<br />
e os duplamente indiretos (Fragoso & Vieira, 2006).<br />
Os métodos diretos medem diretamente os tecidos que compõem o corpo humano, podendo<br />
ser feito de duas maneiras, uma delas o corpo cadáver é dissolvido numa solução química,<br />
analisando-se posteriormente a quantidade de gordura presente. Outra técnica consiste em<br />
dissecar fisicamente cada um dos componentes corporais do cadáver (McARDLE et al. 2001).<br />
Segundo Barata (1994) os métodos diretos, embora mais rigorosos têm pouca aplicabilidade<br />
prática, sendo no entanto, mais utilizados em investigações de validação dos métodos<br />
indiretos. Os métodos indiretos são menos rigorosos, menos dispendiosos e de maior<br />
aplicabilidade prática, embora não dispensem o domínio de uma técnica correta e de um<br />
período de aprendizagem e treino da mesma.<br />
Quanto aos métodos indiretos, são aqueles que se baseiam em princípios físicos e químicos<br />
para estimar os diversos componentes da composição corporal. Entre os métodos indiretos<br />
31
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
incluem-se a densitometria através de pesagem hidrostática, a pletismografia (medição da<br />
densidade corporal através do deslocamento de ar), a ressonância magnética, a tomografia<br />
computorizada e DEXA (do inglês, Dual X-Ray Absortiometry) (Artioli (sd); McARDLE et<br />
al. 2001; Queiroga, 2005; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007).<br />
Os métodos duplamente indiretos são modelos matemáticos de estimativas e predições<br />
baseados nos métodos indiretos (Artioli, sd). São técnicas antropométricas de avaliação da<br />
composição corporal através da medição das pregas adiposas subcutâneas, perímetros, e<br />
diâmetros corporais. Englobam também técnicas de avaliação como a bioimpedância, a<br />
condutividade elétrica e interactância de raios infravermelhos (Queiroga, 2005; Fragoso &<br />
Vieira, 2006). Os duplamente indiretos têm a grande vantagem de serem mais acessíveis,<br />
simples, rápidos, não invasivos e de baixo custo, devido à simplicidade das medidas por meio<br />
de fitas métricas, paquímetros e compassos, possibilitando um rápido treino de avaliadores, e<br />
que sejam facilmente aplicados em grandes populações Guedes (1994); Petroski & Pires Neto<br />
(1995); Roche et al. (1996); Costa (1999); Fernandes Filho (1999); Cole & Rolland-Cachera<br />
(2002); Queiroga (2005); Fragoso & Vieira (2006).<br />
2.2.3.1- Avaliação antropométrica de pregas adiposas subcutâneas e massa<br />
adiposa corporal<br />
A medição das pregas adiposas subcutâneas faz-se segundo Heyward et al. (1996) com<br />
recurso a um adipómetro, que assegura o exercício de uma pressão constante de 10mg/cm2<br />
por parte das duas molas que o compõem, devendo, portanto, garantir-se a sua calibração<br />
regular. Os adipómetros mais comuns são o americano Lange e o inglês Harpender.<br />
Segundo Fernandes Filho (1999) a medição das pregas cutâneas, por ser uma técnica simples,<br />
pouco cara e de fácil manuseio e, sobretudo, por apresentar alta fidedignidade e correlacionarse<br />
muito bem com técnicas mais sofisticadas, tem sido o método preferido dos pesquisadores<br />
na área do exercício físico e nos desportos. Seguindo a mesma linha de pensamento Guedes<br />
(1994) apresenta a medição das pregas adiposas como uma forma indireta de medir a<br />
adiposidade corporal. A medida de pregas estabelece uma relação linear entre os pontos<br />
anatómicos pinçados e a adiposidade corporal, através da determinação absoluta da espessura<br />
do tecido subcutâneo expresso em milímetros, valores que depois são inseridos em fórmulas<br />
32
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
que integram fatores que relacionam a adiposidade subcutânea com a adiposidade corporal<br />
total. Contudo, a medição das pregas adiposas subcutâneas adapta-se mal à avaliação de<br />
obesos, pessoas muito magras ou muito musculadas, colocando algum desconforto aos<br />
avaliados (Lohman et al. 1988).<br />
Na medição das pregas adiposas subcutâneas é importante cumprir algumas regras no<br />
momento de medir. Primeiro é necessário a determinação e marcação exata do ponto<br />
anatómico, minimizando as diferenças inter e intra-avaliadores. Depois separar-se o tecido<br />
adiposo subcutâneo do tecido muscular, utilizando os dedos polegar e indicador da mão<br />
esquerda (para avaliador destro); agarrar-se a prega adiposa subcutânea um centímetro acima<br />
do ponto anatómico marcado; a seguir ajustam-se as extremidades do equipamento sobre o<br />
ponto anatómico e na profundidade adequada onde só estejam presentes os folhetos adiposos<br />
e de pele, e aguardam-se 2 a 3 segundos para fazer a leitura. Devem-se realizar duas medidas<br />
e se houver diferenças nos resultados superiores às margens de erro estabelecidas, faz-se uma<br />
terceira medição. Deve medir-se sempre do lado direito do corpo, estando o avaliado numa<br />
posição confortável e com a musculatura relaxada, indicando-se a posição ortostática para a<br />
maioria das medidas (Benedetti et al. 1999 e Fernandes Filho, 2003, apud Daronco et al.,<br />
2011)<br />
Farinatti & Monteiro (1992) e Fernandes Filho (2003), apud Daronco et al. (2011)<br />
identificam alguns erros cometidos pelos avaliadores na medida de pregas adiposas<br />
subcutâneas, que são: destacar a pregas num ponto anatómico inadequado; destacar a prega no<br />
eixo corporal incorreto; entrar com as extremidades do adipómetro muito próximas ou<br />
demasiadamente distantes dos dedos; não colocar o adipómetro perpendicularmente às pregas<br />
adiposas subcutâneas; entrar com o adipómetro muito profundamente ou superficialmente à<br />
prega; pinçar estrutura extra à prega; esperar demasiado tempo para fazer a leitura após o<br />
pinçamento da prega; repetir várias vezes seguidas o pinçamento de uma mesma prega; soltar<br />
a prega, ainda com o compasso no local do pinçamento, para realizar a leitura; realizar a<br />
medida logo após a prática de atividades físicas; numa reavaliação, utilizar equipamento<br />
distinto do utilizado na avaliação anterior; utilizar equipamentos não calibrados.<br />
33
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2.3.2- Percentagem de massa gorda<br />
A composição corporal é um importante indicador da condição física individual. Existe<br />
grande variabilidade inter-individual de proporções nas componentes da massa corporal total.<br />
De entre as diversas componentes, segundo os diferentes modelos de avaliação, a massa gorda<br />
é uma componente utilizada como indicador de aptidão física e indicador de alterações<br />
induzidas pelo exercício físico.<br />
O corpo humano é composto por quatro elementos primários: água, proteína, mineral e<br />
gordura, sendo então a massa corporal = água + proteína + mineral + gordura, (Malina &<br />
Bouchard, 1991; Fragoso & Vieira, 2006; Sobral et al. 2007). O processo de crescimento<br />
incrementa a presença relativa de sólidos (proteína e minerais) na massa não gorda,<br />
verificando-se simultaneamente um decréscimo do teor de água, (Sobral et al. 2007). No<br />
adulto jovem masculino, a água constitui cerca de 55 a 65% da massa corporal. O conteúdo de<br />
água preenche 72 a 74 % de massa não gorda, enquanto a massa gorda contém em média<br />
cerca de 20% de água. Segundo os mesmos autores, desde o nascimento até ao estado adulto<br />
verifica-se o aumento em termos absolutos, de água e proteína na massa não gorda, enquanto<br />
o conteúdo mineral, principalmente na massa óssea, é estável durante a infância, aumentando<br />
somente nos últimos anos deste período.<br />
“Crianças e adolescentes com percentagens de gordura superiores a 25% e 30% para rapazes e<br />
raparigas, respetivamente, têm maior probabilidade de desenvolverem em adultos fatores de<br />
risco primários de doenças das artérias coronárias, tais como hipertensão e o colesterol<br />
elevado” (Williams et al. 1992, apud FITNESSGRAM, 2002, p17). Na mesma linha, também<br />
Roche & Sun (2003) consideram que o excesso de peso na infância aumenta o risco de<br />
hipertensão, insulinodependentes, diabetes e outras doenças crônicas na idade adulta.<br />
Sardinha (1997) refere que o contributo relativo da massa gorda e da massa isenta de gordura<br />
na composição corporal do organismo poderá caraterizar genericamente o estatuto nutricional,<br />
indiciar a presença de alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares futuras, e<br />
constitui-se também como um indicador indireto dos níveis de atividade física habitual e de<br />
aptidão física.<br />
Pessoas fisicamente ativas possuem muito menos gordura corporal total do que os indivíduos<br />
inativos (Fox & Mathews, 1983). A composição corporal e a componente de % MG alteram-<br />
34
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
se com a realização de diferentes exercícios físicos. O exercício aeróbio prolongado necessita<br />
de um gasto calórico acrescido e, se o consumo calórico (alimentar) permanecer sem<br />
alteração, o gasto calórico acrescido implica perda de peso, porque nesse caso, a dieta<br />
alimentar não é suficiente para as necessidades energéticas e é necessário mobilizar reservas<br />
energéticas acumuladas, principalmente, as gorduras acumuladas no tecido adiposo e a<br />
mobilização de massa muscular para transformar em substrato energético (McArdle et al.<br />
1998).<br />
Segundo Fox & Corbin (1991) a gordura corporal é armazenada no corpo, em volta dos<br />
órgãos principais e no interior dos músculos, mas mais de metade é armazenada numa<br />
camada, exatamente, sob a pele, o que torna a gordura em excesso um fenómeno visível. As<br />
raparigas acumulam mais MG subcutânea, nas extremidades, ancas e coxas do que os rapazes,<br />
em todas as idades. Os rapazes apresentam um padrão de deposição da gordura mais<br />
centralizada, acumulando mais MG no tronco e no abdómen (Malina & Bouchard, 1991).<br />
A avaliação das pregas adiposas subcutâneas dá-nos outra perspetiva sobre a adiposidade<br />
corporal, que é importante na avaliação da aptidão física relacionada com a saúde,<br />
apresentando algumas vantagens relativas e complementares de indicadores como a % MG. É<br />
importante referir que as pregas incluem gordura subcutânea, pele, água, tecido conjuntivo,<br />
nervos e vasos sanguíneos (Sobral et al. 2007) e que ao serem mensuradas os valores obtidos<br />
não correspondem na sua totalidade a gordura.<br />
Deste modo, a avaliação antropometria através da medição das pregas adiposas subcutâneas,<br />
permite uma predição da %MG com elevado rigor e é um método adequado de avaliação, que<br />
permite atingir resultados com menos pressupostos que a simples avaliação do IMC.<br />
35
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.2.4- Estatuto nutricional e obesidade na infância<br />
A nível internacional, o Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos indicadores mais<br />
referenciados para a determinação do sobrepeso e obesidade de uma população. Existe uma<br />
panóplia de informação relativa ao IMC de crianças oriundas de diversos pontos do globo, e<br />
dados de referência deste indicador têm sido usados ou recomendados como importantes na<br />
monitorização do crescimento, sobrepeso e obesidade em diversos países.<br />
A relação entre a massa corporal e a altura, é expressa pelo IMC, também conhecido como<br />
Índice de Quetelet, definido como o cálculo do peso do indivíduo em quilogramas, divididos<br />
pelo quadrado da altura em metros (Kg/m2), e é segundo Mancini (2002), um método<br />
bastante utilizado, porque tem um cálculo simples e rápido, apresentando boa correlação com<br />
a adiposidade corporal na população adulta (WHO, 1998). Este indicador é associado na idade<br />
adulta a problemas cardiovasculares, apresentando limitações na avaliação da obesidade em<br />
crianças (Dietz, 1999, apud Martins Carvalho, 2007).<br />
A verificação do completo desajuste de utilização dos pontos de corte definidos para o<br />
sobrepeso (IMC ≥25) e obesidade (IMC ≥30) dos adultos nas crianças e jovens levou a que se<br />
desenvolvessem estudos com critérios baseados em pontos de corte associados a valores<br />
percentílicos com base nesses estudos. Cole et al. (2000) baseando-se em dados provenientes<br />
de vários países (várias etnias), conceberam uma proposta para a definição de valores de IMC<br />
ajustados à idade e sexo de crianças e jovens até aos 18 anos.<br />
Tabela 1- Pontos de corte de IMC para o sobrepeso e obesidade referenciados por Cole et al. (2000), para as<br />
idades referentes ao nosso estudo.<br />
Idade<br />
Sobrepeso<br />
Obesidade<br />
Masculino Feminino Masculino Feminino<br />
6 17,55 17,34 19,78 19,65<br />
6,5 17,71 17,53 20,23 20,08<br />
7 17,92 17,75 20,63 20,51<br />
7,5 18,16 18,03 21,09 21,01<br />
8 18,44 18,35 21,60 21,57<br />
8,5 18,76 18,69 22,17 22,18<br />
9 19,10 19,07 22,77 22,81<br />
9,5 19,46 19,45 23,39 23,46<br />
10 19,84 19,86 24,00 24,11<br />
10,5 20,20 20,29 24,57 24,77<br />
36
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Segundo Ogden & Flegal (2010) uma associação médica americana manteve os dois valores<br />
de corte dos percentis 85º e 95º de IMC para descrever e avaliar o sobrepeso e obesidade em<br />
crianças, contudo modificou a terminologia do IMC do P85º até ao P95º como ''excesso de<br />
peso'' e ao IMC igual ou acima do P95º como “obesidade''. Assim, a terminologia para<br />
sobrepeso e obesidade infantil recomendada pelo CDC (Ogden & Flegal, 2010), com<br />
referência aos valores percentílicos do IMC, é a seguinte (Quadro 6):<br />
Quadro 6- Terminologia do IMC para o sobrepeso e obesidade recomendada pelo CDC.<br />
Categoria de Peso<br />
Percentil<br />
Baixo Peso<br />
< 5ºPercentil<br />
Peso saudável<br />
≥ 5ºPercentil e
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Embora o IMC pode ser utilizado para triagem de excesso de peso e obesidade em crianças e<br />
adolescentes, não deve ser utilizado como uma ferramenta de diagnóstico. Na massa corporal<br />
e no IMC, crianças situadas no P3º devem ser alvo de atenção pois apresentam-se subnutridas,<br />
assim como crianças situadas no P90º representam sobrepeso ou obesidade (Maia et al. 2007).<br />
A obesidade infantil é um grave problema de saúde pública, tendo tomado proporções<br />
epidémicas em todo o mundo (Ogden et al. 2002, Lobstein & Frelut, 2003).<br />
Ao nível escolar em Portugal, o IMC é utilizado no âmbito da aplicação da bateria de testes<br />
FITNESSGRAM que estabelece critérios de relação IMC/saúde, considerando três zonas:<br />
Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), abaixo da ZSAF e acima da ZSAF, zona esta,<br />
associada à expressão “Precisa Melhorar”, indicando que o peso do aluno é demasiado<br />
elevado para a estatura.<br />
Em Portugal foram realizados vários estudos utilizando a faixa etária dos 6-10 anos, estudos<br />
esses que obtiveram resultados em que apresentavam elevadas taxas de excesso de peso<br />
(sobrepeso + obesidade), para os valores de corte do International Obesity Task Force (IOTF)<br />
e que utilizam os valores de IMC propostos por Cole et al. (2000). Os elevados valores de<br />
excesso de peso foram detetados nos estudos de Padez et al. (2004), (31%); Rodrigues et al.<br />
(2006), (26% nos rapazes e 31% nas raparigas) e Anastácio (2009) (31.9%). Já Pereira (2008)<br />
verificou numa amostra de 3699 crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autónoma dos Açores<br />
que 22,8% das meninas e 17,6% dos meninos tem sobrepeso; e 13,2% das meninas e 12,3%<br />
dos rapazes eram obesos. No estudo de Casado (2011) realizado no concelho de Mira das 227<br />
crianças que compunham o estudo 35,7% das crianças medidas tinham excesso de peso e<br />
16,3% obesidade. Os dados do estudo de Padez et al. (2004) dão-nos uma ideia da tendência<br />
(trakking) evolutiva do IMC na população infantil portuguesa.<br />
O aumento do IMC não define se o aumento da massa corporal se deve ao aumento de massa<br />
adiposa ou ao aumento da massa isenta de gordura. Um valor elevado de IMC nem sempre<br />
representa um elevado peso corporal constituído por excesso de gordura, podendo esse peso<br />
corporal ser representado por um elevado conteúdo de massa muscular, massa óssea ou<br />
diferentes tecidos isentos de gordura (Fernandes Filho, 1999; Mcardle et al. 2001; Queiroga,<br />
2005). O IMC pode falsear a identificação de um aluno magro muito musculado, como tendo<br />
demasiado peso para a estatura, ou um aluno com peso a menos com pouco desenvolvimento<br />
38
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
muscular e uma %MG elevada, como estando na ZSAF, quando na realidade tem peso a mais<br />
(FITNESSGRAM, 2002).<br />
Nesse sentido, aconselha-se a avaliação da obesidade pelo recurso a medidas de avaliação da<br />
%MG (Lohman, 1992; FITNESSGRAM, 2002; Martins de Carvalho, 2007). A identificação<br />
da massa adiposa é o fator verdadeiramente associado ao conceito de obesidade.<br />
Nas escolas, a bateria de testes FITNESSGRAM, define para a avaliação da composição<br />
corporal através da %MG os seguintes valores: para os rapazes a ZSAF, situa-se entre 10 e 20<br />
%MG, inferior a 10% indicador de magreza (7% a 10% baixo e < a 7% muito baixo) e<br />
superior a 25% precisa de melhorar (25% a 31% elevado e > 31% muito elevado). Para as<br />
raparigas a ZSAF situa-se entre os 17% e os 32%, inferior a 17% indicador de magreza (13%<br />
a 17% baixo e < a 13% muito baixo) e superior a 32% precisa de melhorar (32% a 36%<br />
elevado e > 36% muito elevado).<br />
Já Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999) classificam a<br />
%MG em crianças dos 7 aos 17 anos, da seguinte forma (Tabela 2):<br />
Tabela 2- Tabela de normalidade para a percentagem de massa gorda (crianças e adolescentes de 7 a 17 anos),<br />
em função da idade e género.<br />
Classificação Feminino Masculino<br />
Excessivamente baixa Até 12% Até 6%<br />
Baixa 12,01 a 15% 6,01 a 10%<br />
Adequada 15,01 a 25% 10,01 a 20%<br />
Moderadamente alta 25,01 a 30% 20,01 a 25%<br />
Alta 30,01 a 36% 25,01 a 31%<br />
Excessivamente alta >que 36,01% >que 31,01%<br />
Adaptado de Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999)<br />
39
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.3- Avaliação da Aptidão Física em crianças<br />
A Aptidão Física (ApF) na infância é uma das componentes do processo de desenvolvimento<br />
motor que decorre desde o nascimento até à fase matura.<br />
Um dos principais objetivos da EF é motivar os jovens e adolescentes a participarem e a<br />
manterem a atividade física necessária para a obtenção ou manutenção de um bom nível de<br />
condição física. Na escola deve-se promover de uma forma conhecedora e empenhada, a<br />
prática de exercício físico regular, já que é no decorrer deste período que se instalam grande<br />
parte dos hábitos morbidogénicos (Rocha & Pereira, 2006).<br />
A ApF em crianças e adolescentes deve ser desenvolvida de modo a incentivar uma adoção de<br />
um estilo de vida apropriado, com a prática de exercício físico, tendo o intuito de desenvolver<br />
e manter uma condição física suficiente para um bom nível de saúde e capacidade funcional<br />
ao longo dos anos.<br />
2.3.1- Conceito de Aptidão Física<br />
A definição de ApF tem tido alguns ajustes ao longo dos anos. A variabilidade de definições<br />
que encontrámos e as variadas baterias de testes existentes para avaliar a ApF confirmam a<br />
dificuldade e complexidade do conceito (Quadro 7). A partir da revisão das baterias de testes<br />
de avaliação de ApF publicadas pela AAPHERD (1980) generalizou-se a diferenciação de<br />
dois tipos de ApF, a ApF relacionada com a saúde e a ApF relacionada com a performance.<br />
Quadro 7- Definição do conceito de Aptidão Física ao longo dos anos.<br />
Autor<br />
Darling et al. (1948)<br />
Fleishman (1964)<br />
Karpovich (1965)<br />
Clark (1967)<br />
OMS (1968)<br />
American Academy of Physical<br />
Education (1979)<br />
AAHPERD(1980)<br />
Sobral & Barreiros (1980)<br />
Caspersen et al. (1985)<br />
Conceito<br />
É a capacidade funcional de um indivíduo para cumprir uma tarefa.<br />
Capacidade funcional do individuo para realizar alguns tipos de atividade que exigem empenhamento<br />
muscular.<br />
O grau de capacidade para executar uma tarefa física particular sob condições específicas de<br />
ambiente.<br />
Capacidade de executar as tarefas diárias com vigor e vivacidade, sem apresentar fadiga e com ampla<br />
energia para fruir os momentos de lazer e enfrentar emergências imprevistas.<br />
Capacidade de produzir satisfatoriamente trabalho.<br />
A aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga<br />
excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar emergências<br />
imprevistas<br />
É um continuum multifacetado que se prolonga desde o nascimento até à morte. Os níveis de aptidão<br />
física são afetados pela atividade física e variam desde a capacidade ótima em todos os aspetos da<br />
vida até limites de doença e disfunções.<br />
Capacidade de efetuar, de modo eficiente, um determinado esforço.<br />
Um conjunto de atributos que as pessoas têm ou adquirem e que estão relacionados com a capacidade<br />
40
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
de executar atividades físicas.<br />
Pate (1988)<br />
E um estado caracterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e pela<br />
demonstração de traços e capacidades que estão associadas ao baixo risco de desenvolvimento<br />
prematuro de doenças hipocinéticas.<br />
AAHPERD(1988)<br />
É um estado de bem-estar físico que permite às pessoas realizar atividades diárias com vigor, reduzir<br />
o risco de problemas de saúde relacionados com a falta de exercício.<br />
Nieman (1990)<br />
Estado dinâmico de energia e de vitalidade que permite cada um realizar não somente as atividades<br />
do cotidiano, as distrações dos tempos livres, fazer face a situações imprevisíveis sem excesso de<br />
fadiga, mas também combater as doenças hipocinéticas, proporcionando um nível ótimo de<br />
capacidade intelectual e sentido de alegria de viver.<br />
Wilmore (1990)<br />
Capacidade de realizar níveis de atividade física moderada e atividade sem excesso de fadiga e com<br />
capacidade para manter tais índices de ApF ao longo da vida.<br />
Rowland (1990)<br />
Estado geral de prontidão motora e bem-estar, com associação às vertentes da saúde, bem estar físico,<br />
social e desportivo-motor.<br />
Safrit (1990)<br />
É um constructo multifacetado.<br />
Heyward (1991)<br />
Capacidade para a realização de tarefas profissionais, recreativas e quotidianas sem excesso de<br />
fadiga.<br />
Miller e col. (1991)<br />
É a capacidade para realizar trabalho físico continuado, caracterizado pela integração efetiva das<br />
componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade, coordenação e composição<br />
corporal.<br />
Marsh (1993)<br />
E um constructo multidimensional que não pode ser compreendido se a sua multidimensionalidade<br />
for ignorada.<br />
Kent (1994)<br />
É a aptidão para o fundamento ativo e eficiente, desfrutando dos tempos de lazer e adotando estilos<br />
de vida saudável, resistir às doenças hipocinéticas e com reservas de energia suficientes para ocorrer<br />
a situações de emergência.<br />
Bouchard et al. (1994)<br />
É a capacidade de realizar com vigor as tarefas do quotidiano, bem como a demostração de traços e<br />
capacidades que estão associadas ao risco reduzido de desenvolvimento de doenças hipocinéticas.<br />
Noah (1994)<br />
É a condição na qual é permitido ao corpo a manutenção de ótimos estados de saúde no sentido da<br />
aquisição de ótimos níveis de desempenho físico e mental.<br />
Ratliffe & Ratliffe<br />
A aptidão física é um estado de bem-estar que habilita as pessoas para o desempenho de atividades<br />
(1994)<br />
diárias, sem colocar em risco o estado de saúde, estabelecendo ainda fundamentos que habilitam o<br />
indivíduo para a participação em atividades físicas.<br />
ACSM (1995)<br />
É a capacidade para realizar satisfatoriamente atividades físicas e desempenho muscular necessário<br />
para uma determinada ocupação nas tarefas diárias e no desfrutar dos tempos de lazer.<br />
Safrit & Wood (1995)<br />
É a capacidade do coração, vasos sanguíneos e sistema muscular para funcionarem a níveis ótimos,<br />
com resultados ótimos de saúde, eficiência no desempenho das tarefas do quotidiano e alegria nas<br />
atividades de tempo de lazer.<br />
Sobral (1996)<br />
Capacidade geral que permite à pessoa realizar, pelos seus próprios meios, um vasto conjunto de<br />
exigências físicas, cujo grau de eficácia depende do valor das capacidades físicas individuais e fazer<br />
face às várias situações “stressantes” do quotidiano.<br />
Prentice (1997)<br />
É o funcionamento eficiente dos sistemas corporais, capaz de proporcionarem à pessoa o<br />
envolvimento eficaz e produtivo nas tarefas do quotidiano, bem como no desfrutar saudável das<br />
atividades de recreação e tempo livre.<br />
Gallahue & Ozmun<br />
A Aptidão Física é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura<br />
(2001)<br />
genética e pela frequente participação em várias atividades físicas, de moderadas a intensas,<br />
permanentemente.<br />
Riklie Jones (2001)<br />
É a capacidade fisiológica e/ou física para executar as atividades da vida diária de forma segura e<br />
autónoma, sem revelar fadiga.<br />
Maia et al. (2001)<br />
A aptidão física é um constructo multidimensional (no sentido quem contém múltiplas dimensões,<br />
componentes, facetas ou traços), não sendo diretamente observável, pelo que se usam indicadores<br />
para a avaliação das diversas dimensões ou facetas.<br />
Adaptado de Freitas (1994) e Martins (2005)<br />
Segundo Coelho e Silva et al. (2003, p38), o conceito de ApF que supostamente é mais vezes<br />
citado, pertence à American Academy of Physical Education (1979), a qual refere que “A<br />
aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e vitalidade, sem fadiga<br />
excessiva e com energia para realizar as ocupações das horas de lazer e para enfrentar<br />
emergências imprevistas.” Relativamente à terminologia, para Martins de Carvalho (2007) a<br />
expressão “aptidão física e motora” será a mais completa por abranger as componentes física,<br />
orgânica, e motora, observáveis nos movimentos e posturas corporais.<br />
41
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Segundo AAPHERD (1988) e Pate (1988) a ApF tem duas vertentes, uma mais relacionada<br />
com o rendimento desportivo-motor, em que são avaliados um conjunto diversificado de<br />
componentes ou capacidades, como por exemplo a velocidade, resistência, força e a outra<br />
vertente mais relacionada com a saúde, em que são normalmente avaliadas a flexibilidade, a<br />
força, a capacidade cardiorrespiratória e a composição corporal. A ApF associada à saúde,<br />
que está ligada à prevenção da doença, pela redução dos fatores de risco, pela adoção de um<br />
estilo de vida ativo e melhoria da qualidade de vida e bem-estar, influenciadas pelos níveis de<br />
atividades físicas habituais (AAHPERD, 1980, 1988; Corbin, 1991; Shephard, 1995). A ApF<br />
relacionada com a performance, define-se como sendo a capacidade funcional de um sujeito<br />
em participar em atividades que obriguem empenho motor, ou a aptidão física demonstrada<br />
em competições desportivas, ou na capacidade de executar trabalho (Bouchard, Shephard &<br />
Stephens, 1994).<br />
Pate (1988) acentua a relação Aptidão Física/Saúde considerando a aptidão física como um<br />
estado caraterizado por uma capacidade de executar atividades diárias com vigor e<br />
demonstração de traços e capacidades associadas com o baixo risco de desenvolvimento<br />
prematuro das doenças hipocinéticas, tais como a Obesidade, Cardiopatias, Hipertensão<br />
Arterial, Diabetes Tipo II e Osteoporose.<br />
2.3.2-Fatores que influenciam a Aptidão Física<br />
O estado de ApF é influenciado pela idade e saúde, para além dos processos de crescimento,<br />
de maturação, de treino e género (Malina & Bouchard, 1991). Segundo Gallahue & Ozmun<br />
(2001) a ApF é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado nutricional, pela estrutura<br />
genética e pela frequente participação em várias atividades físicas moderadas a intensas.<br />
Corbin,& Pangrazi (2001) identificaram como os fatores mais determinantes para a ApF o<br />
estado de maturação, as condições genéticas, o ambiente e a atividade física. Já para Zílio<br />
(1994), citado por Hilgert & Aquini (2003), a ApF é uma capacidade inata ou adquirida que<br />
confere ao indivíduo a possibilidade de um determinado desempenho motor. Além dos<br />
aspetos físicos, o autor envolve aspetos psicológicos, sociológicos, emocionais e culturais.<br />
Hoeger & Hoeger (2008) referem que os fatores que mais influenciam a ApF e os resultados<br />
obtidos na sua avaliação são a idade, o repouso, a alimentação, o consumo de álcool, o tabaco<br />
e as drogas, as condições psicológicas, o género e a atividade física.<br />
42
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.3.3- Componentes da Aptidão Física<br />
Quadro 8- Componentes e fatores da Aptidão Física associada à saúde (adaptado de Bouchard & Shephard,<br />
1994).<br />
Componente morfológica<br />
Componente motora<br />
Componente cardiorrespiratória<br />
Componente muscular<br />
Componente metabólica<br />
-Índice de Massa Corporal<br />
- Composição Corporal<br />
- Distribuição de gordura<br />
- Distribuição de gordura subcutânea<br />
- Gordura visceral<br />
- Densidade óssea<br />
- Flexibilidade<br />
- Agilidade<br />
- Equilíbrio<br />
- Coordenação<br />
- Velocidade de movimentos<br />
- Capacidade submaximal de exercício<br />
- Potência máxima aeróbia<br />
- Função cardíaca<br />
- Função pulmonar<br />
- Pressão sanguínea<br />
- Potência<br />
- Força<br />
- Resistência<br />
- Tolerância à glicose<br />
- Sensibilidade à insulina<br />
- Metabolismo lipídico e lipoproteico<br />
- Oxidação de substratos<br />
Algumas das componentes apresentadas no quadro anterior têm pouca relevância para a<br />
avaliação da ApF de crianças e adolescentes, devido aos problemas de saúde que as justificam<br />
ter pouco significado nestas idades, sendo muito mais importante as componentes associadas<br />
ao desenvolvimento motor, crescimento corporal e desenvolvimento desportivo.<br />
Neto (2009) apresenta componentes funcionais e motoras da aptidão física separadas em dois<br />
grupos, um relacionado à saúde e o outro relacionado à capacidade atlética. Foram<br />
considerados os componentes resistência cardiorrespiratória, força muscular, resistência<br />
muscular, flexibilidade e composição corporal como componentes relacionados com a saúde.<br />
Ao nível do desempenho atlético incluem a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência<br />
e as velocidades de deslocamento e de reação.<br />
43
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Quadro 9- Descrição dos componentes funcionais e motoras da Aptidão Física (adaptado de Neto, 2009).<br />
Aptidão Física Componentes Definição<br />
Resistência<br />
Cardiorrespiratória<br />
Capacidade do organismo em se adaptar a esforços físicos<br />
envolvendo participação dos grupos musculares por<br />
períodos de tempo relativamente longo.<br />
Força Muscular Capacidade de produzir tensão máxima por grupo<br />
muscular específico.<br />
Relacionada à saúde<br />
Resistência Muscular Capacidade do grupo muscular em manter níveis de força<br />
submáxima por período de tempo elevado.<br />
Flexibilidade Capacidade de amplitude de articulação específica, ou de<br />
grupo de articulações, quando solicitada na realização de<br />
movimentos.<br />
Composição Corporal Proporção do peso corporal em relação aos músculos<br />
osso, gorduras, e outros constituintes do corpo.<br />
Agilidade Capacidade de trocar rapidamente posição do corpo no<br />
espaço com velocidade e precisão.<br />
Equilíbrio Capacidade de sustentação estática ou dinâmica do corpo<br />
Relacionada à<br />
capacidade atlética<br />
Coordenação<br />
Potência<br />
Velocidade de<br />
Movimentos<br />
Velocidade de Reação<br />
por determinado período.<br />
Capacidade de utilização de órgãos e sistemas com outros<br />
segmentos corporais, permitindo execução de tarefas<br />
motoras com suavidade e precisão.<br />
Capacidade de conjugação entre força e velocidade na<br />
execução do trabalho muscular.<br />
Capacidade de executar movimentos repetido na mais alta<br />
possível velocidade individual.<br />
Capacidade de reagir a estímulos no menor tempo<br />
possível.<br />
2.3.4- Avaliação da Aptidão Física<br />
O estado de aptidão física de um indivíduo reflete a capacidade física num dado momento e<br />
possui todas as caraterísticas de um estado variável. A aptidão física é expressão de<br />
potencialidades geneticamente determinadas e da interação de inúmeros fatores psicológicos,<br />
socioculturais, estrutura física, maturidade fisiológica, atividade física habitual, motivação,<br />
entre outros possíveis, que permitem ou não a sua emergência e lhe dão forma (Malina, 1993).<br />
A avaliação da ApF tem-se realizado a partir de provas físicas que foram reunidas em baterias<br />
de testes desde os anos 50, baterias essas que têm vindo a aperfeiçoar-se reforçando a sua<br />
validade e fiabilidade.<br />
Para Coelho e Silva et al. (2003), os projetos que surgiram em Portugal com uma maior<br />
projeção foram o Estudo do Estado de Crescimento e Aptidão Física da População Escolar<br />
dos Açores, desenvolvido por Sobral em 1986 e 1989 e o FACDEX, desenvolvido por Sobral<br />
& Marques em 1990. Poletto (2001) refere que, de acordo com Sobral (1993), o projeto<br />
FACDEX foi concebido em duas vertentes: uma primeira vertente auxológica (que caracteriza<br />
44
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
o estado de crescimento e a maturação) e uma segunda vertente centrada em fatores de<br />
excelência desportivo-motora, sociocultural e motivacional. Os testes físicos da bateria<br />
EUROFIT serviram de base para o projeto FACDEX, o qual incluiu testes de avaliação de<br />
oito componentes da Aptidão Física: Resistência Cardiorrespiratória, Flexibilidade, Força<br />
Superior, Força Abdominal, Força Inferior, Velocidade, Agilidade e Equilíbrio Geral (Sobral,<br />
1993, apud Poletto, 2001).<br />
Quadro 10- Componentes da Aptidão Física e respetivas baterias de testes utilizadas para a sua avaliação<br />
(adaptado de Coelho e Silva et al. 2003, apud Cardoso, 2009).<br />
Componente<br />
Capacidade Aeróbia<br />
Força dos Membros<br />
Inferiores<br />
Força dos Membros<br />
Superiores<br />
Força Abdominal<br />
Flexibilidade<br />
Velocidade e<br />
Agilidade<br />
Baterias de testes utilizadas<br />
AAHPERD; PCPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX.<br />
EUROFIT; UNIFITTEST; FACDEX; Leuven Growth Study; Estudo dos Açores<br />
(Sobral, 1986, 1989).<br />
AAHPERD; PCPFP; NYPFP; FITNESSGRAM; EUROFIT; FACDEX;<br />
UNIFITTEST; Estudo dos Açores (Sobral, 1986, 1989); Leuven Growth Study;<br />
Amsterdam Growth Study.<br />
A prova de “sit-ups” (elevações do tronco) é a mais utilizada pela maioria das baterias<br />
de testes, sendo a prova de 60 segundos a sua versão mais comum. Contudo, a<br />
EUROFIT adotou uma versão de “sit-ups” em 30 segundos, a qual evidenciou algumas<br />
alterações no que respeita ao protocolo. A prova de “curl-ups” (enrolamento da coluna<br />
vertebral, sem flexão da articulação pélvico-femoral) e a prova de “leg-lifts”<br />
(elevações dos membros superiores) são outras provas também utilizadas para avaliar<br />
a Força Abdominal. Esta última (“leg-lifts”) foi utilizada tanto no Leuven Growth<br />
Study como no Amsterdam Growth Study, embora de diferentes formas (no primeiro<br />
avaliou-se o número de repetições em 20 segundos enquanto que no segundo avaliouse<br />
a contagem do tempo de execução de 10 repetições).<br />
Esta componente é incluída em praticamente todas as baterias de testes de avaliação da<br />
Aptidão Física mencionadas, sendo o teste “sit-and-reach” o mais comum.<br />
FACDEX; UNIFITTEST; EUROFIT; Leuven Growth Study; o Amsterdam Growth<br />
Study, bem como o estudo das populações escolares dos Açores e da Madeira, também<br />
incluem testes de avaliação da velocidade e da agilidade, embora tenham optado por<br />
algumas alterações no âmbito da sua aplicação.<br />
2.3.4.1- Baterias de testes motores<br />
As baterias de testes da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and<br />
Dance (AAHPERD) que ao longo dos anos foram sofrendo ajustes, têm servido de referência<br />
a muitas outras baterias de testes. A preocupação com a análise da validade estatística das<br />
provas faz desta bateria uma das mais fiáveis. O Eurofit, paralelamente às baterias da<br />
AAHPERD, são baterias de referência, principalmente pelo especial cuidado com os estudos<br />
de validação das provas que o compõem. Como especto menos positivo do Eurofit, salientamse<br />
as provas com utilização do cicloergómetro ou tapete rolante. Este tipo de provas não se<br />
adapta ao meio escolar e a estudos com elevado número de sujeitos.<br />
45
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Segundo Freitas (1994) e Coelho e Silva (2008) a primeira bateria de testes da AAHPERD –<br />
Youth Fitness Test- relacionada com a performance, foi publicada em 1958 tendo sido revista<br />
em 1965 e 1976. No ano de 1980 foi apresentada a bateria de testes da AAHPERD – Healthrelated<br />
Physical Fitness Test - relacionada com a saúde e em 1988 a bateria de testes da<br />
AAHPERD – Physical Best. Na evolução da estrutura da bateria pode-se verificar que só foi<br />
englobada a análise da composição corporal a partir de 1980 espelhando o conceito subjacente<br />
de performance e saúde.<br />
A bateria de testes FACDEX – Desenvolvimento Somato-motor e Fatores de Excelência<br />
Desportiva na População Portuguesa, foi elaborado como uma bateria de testes adaptada à<br />
população juvenil portuguesa, com uma perspetival abrangente da aptidão física, associando<br />
avaliação de provas físico-motoras à avaliação de sentimentos e pensamentos dos jovens<br />
sobre a sua corporalidade e a prática desportiva (Marques et al. 1991).<br />
Quadro 11- Estrutura da bateria de testes FACDEX (adaptado de Marques et al. 1991).<br />
Componentes<br />
Resistência<br />
Flexibilidade<br />
Força superior<br />
Força média<br />
Força inferior<br />
Velocidade<br />
Coordenação/agilidade<br />
Testes<br />
Corrida de 12 minutos<br />
Sit and reach<br />
Arremesso de um peso de 2 kg<br />
Lançamento da bola de hóquei<br />
Dinamometria manual<br />
Sit-ups em 60 seg.<br />
Salto em comprimento<br />
Corrida de 50 metros<br />
Corrida vaivém 10x5 metros<br />
O projeto que deu origem ao FACDEX não se desenvolveu suficientemente e como tal a<br />
bateria de testes FITNESSGRAM é a que se está impor no âmbito nacional. Esta bateria foi<br />
desenvolvida pelo The Cooper Institute for Aerobics Research com os direitos para Portugal<br />
Pertencentes à Faculdade de Motricidade Humana – Núcleo de Exercício e Saúde, e é de fácil<br />
utilização, apresentando-se orientada para o desenvolvimento harmonioso do aluno, cuja<br />
avaliação funciona como elemento motivador da atividade física regular. Esta bateria avalia<br />
três componentes da Aptidão Física que estão relacionadas com a saúde em geral e com o<br />
bom funcionamento do organismo. Estas componentes são a aptidão aeróbia, a aptidão<br />
muscular e a composição corporal. Contudo, este programa não inclui testes de avaliação da<br />
velocidade de corrida, de coordenação motora, nem de avaliação postural, existindo no nosso<br />
ver, uma lacuna que poderia ser colmatada com o incluir de um teste para cada um dos pontos<br />
referidos.<br />
46
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Maia et al. (2001) refere que a bateria de testes do FITNESSGRAM definiu critérios para<br />
cada grupo etário e sexo em cada item, passando os alunos a serem avaliados em função dos<br />
critérios estabelecidos e não através da comparação com os seus pares. Nesta bateria de testes<br />
pode-se verificar se o programa escolar é adequado, definindo metas a atingir através da<br />
percentagem de alunos que deverá situar-se dentro da Zona Saudável de Aptidão Física<br />
(ZSAF).<br />
Quadro 12- Estrutura da bateria de testes FITNESSGRAM.<br />
Componente de Aptidão<br />
Aptidão Aeróbia<br />
Aptidão Muscular<br />
Composição Corporal<br />
Força Abdominal e Resistência<br />
Força Superior<br />
Força e Flexibilidade do tronco<br />
Flexibilidade<br />
Testes<br />
- Vaivém<br />
- Corrida 1 Milha<br />
- Marcha (alunos do secundário)<br />
- Abdominais<br />
- Extensões de braços<br />
- Flexões de braços em suspensão modificado<br />
- Flexões de braços em suspensão<br />
- Extensão do tronco<br />
- Senta e alcança<br />
- Flexibilidade de ombros<br />
- Estatura e peso<br />
- IMC<br />
- Medição das pregas adiposa tricipital e geminal<br />
(+ prega abdominal - alunos com mais de 18 anos)<br />
- % MG<br />
-Perímetro da cintura<br />
Existem algumas problemáticas associadas com os estabelecimentos de critérios por parte das<br />
várias baterias de testes existentes. Uma das questões prende-se com o facto de ao existirem<br />
diferenças inter-individuais durante o processo de maturação biológica e, sendo os critérios e<br />
normas delineados em função da idade cronológica, as crianças que se encontrem desviadas<br />
em termos de cadência biológica, serão alvo de uma classificação baseada em critérios que<br />
não se enquadram com a sua idade biológica (Freedson & Rowland, 1992, apud Coelho e<br />
Silva et al. 2003).<br />
Segundo Neto (2009) as baterias de testes direcionadas à aptidão física relacionada à saúde<br />
que vêm tendo maior aceitação são: a “Physical Best”, idealizada pela “American Alliance for<br />
Health”, “Physical Education, Recreation and Dance”, a NCYFS (National Children and<br />
Youth Fitness Study), preconizada pelo “U.S. Department of Health and Human Services” e a<br />
FITNESSGRAM, proposta pelo “Cooper Institute for Aerobics Research”.<br />
47
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Quadro 13- Baterias de testes motores direcionadas à Aptidão Física relacionada à saúde e ao desempenho<br />
atlético (adaptado de Neto, 2009).<br />
Bateria de testes Componente motor Teste motor<br />
Physical Best Flexibilidade<br />
Força/resistência muscular<br />
“Senta-e-alcança”<br />
Abdominal<br />
Puxada em suspensão na barra<br />
NCYFS<br />
FITNESSGRAM<br />
AAHPERD<br />
CAHPERD<br />
Eurofit<br />
Guedes e Guedes<br />
Cardiorrespiratório<br />
Flexibilidade<br />
Força/resistência muscular<br />
Cardiorrespiratório<br />
Flexibilidade<br />
Força/resistência muscular<br />
Cardiorrespiratório<br />
Flexibilidade<br />
Potência muscular<br />
Agilidade<br />
Velocidade<br />
Força/resistência muscular<br />
cardiorrespiratório<br />
Equilíbrio<br />
Velocidade<br />
Potência muscular<br />
Força/resistência muscular<br />
Cardiorrespiratório<br />
Equilíbrio<br />
Velocidade<br />
Flexibilidade<br />
Potência muscular<br />
Velocidade<br />
Força/resistência muscular<br />
Cardiorrespiratório<br />
Flexibilidade<br />
Potência muscular<br />
Força/resistência muscular<br />
Velocidade<br />
Cardiorrespiratório<br />
Caminhada/corrida de 1.600m<br />
“Senta-e-alcança”<br />
Abdominal<br />
Puxada em suspensão na barra<br />
Puxada em suspensão na barra modificada<br />
Caminhada/corrida de 800m ou 1.600m<br />
“Senta-e-alcança” adaptado<br />
Mobilidade de ombros<br />
Abdominal modificado<br />
Elevação do tronco<br />
Flexão/extensão dos braços à frente do solo<br />
Puxada em suspensão na barra<br />
Puxada em suspensão na barra modificada<br />
Suspensão na barra<br />
Caminhada/corrida de 1.600m Caminhada/corrida de<br />
“vaivém”<br />
“Sentar-e-alcançar”<br />
Salto em distância “parado”<br />
Corrida de “ida-e-volta”<br />
Corrida de 50m<br />
Puxada em suspensão na barra Suspensão na barra<br />
Abdominal<br />
Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m<br />
Posição flamingo<br />
Corrida de “ida-e-volta”<br />
Corrida de 50m<br />
Puxada em suspensão na barra<br />
Salto em distância “parado”<br />
Suspensão na barra<br />
Abdominal<br />
Corrida de 800, 1.600 ou 2.400m<br />
Posição flamingo<br />
Batimento em placas<br />
“Sentar-e-alcançar”<br />
Salto em distância “parado”<br />
Corrida de 10 x 5m<br />
Abdominal<br />
Suspensão na barra<br />
Caminhada/corrida de “vai-e-vem”<br />
“Senta-e-alcança”<br />
Salto em distância “parado”<br />
Puxada em suspensão na barra modificado<br />
Abdominal<br />
Corrida de 50m<br />
Caminhada/corrida de 9/12min<br />
48
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
2.4- Estudos realizados em Portugal a partir do ano 2000 sobre<br />
Antropometria e Aptidão Física no 1ºCEB<br />
Fizemos um levantamento relativamente exaustivo sobre os mais recentes estudos realizados<br />
em Portugal, tendo como população alvo as crianças em idade escolar englobadas no 1ºCEB.<br />
Nesse levantamento incluímos estudos que abordavam temas sobre ApF e antropometria em<br />
crianças do 1ºCEB. A elaboração deste estudo teve como base a pesquisa em bibliotecas e<br />
documentos disponíveis on-line. Assim, e para a faixa etária dos 6 aos 10 anos de idade em<br />
teses, artigos de revista e livros identificámos vários estudos, mas constatámos que este<br />
escalão etário está menos estudado que os escalões juvenis de idade superior.<br />
Inicialmente procurámos estudos realizados no concelho de Mira e concelhos limítrofes. No<br />
concelho de Mira não foi realizado nenhum estudo de ApF, destacando-se apenas um estudo<br />
recente (Casado, 2011) que teve como objetivos determinar a prevalência de excesso de peso<br />
e de obesidade nas crianças em idade escolar do concelho de Mira, debruçando-se<br />
especialmente sobre aspetos como a associação entre o IMC das crianças e o aleitamento<br />
materno, o peso à nascença, o IMC parental e o estatuto socioeconómico dos pais. Já no<br />
concelho de Cantanhede foi realizado por Machado (2006) um estudo sobre a prevalência de<br />
sobrepeso e obesidade na população escolar dos 6 aos 10 anos. No concelho da Figueira da<br />
Foz destacamos o estudo de Figueira (2010) que abordou o tema do contributo de variáveis<br />
biossociais e estilo de vida na explicação da coordenação físico-motora em jovens masculinos<br />
de 9 - 10 anos de idade.<br />
Numa revisão mais alargada e relativa aos estudos realizados em Portugal antes do ano 2000,<br />
identificámos a continuidade do estudo decenal do Estado de Crescimento e Aptidão Física da<br />
População Escolar dos Açores, iniciado por Sobral em 1986 e 1989, e continuado em 1999 e<br />
2009 por Coelho e Silva, um dos primeiros e impulsionadores na área da ApF em Portugal,<br />
mas verificámos que este estudo, considerado frequentemente como estudo de referência em<br />
Portugal e internacionalmente, sobre o crescimento e ApF, refere-se apenas a idades<br />
superiores a 10 anos de idade.<br />
Ao nível antropométrico existem vários e importantes estudos realizados na população<br />
portuguesa e em particular na população infanto-juvenil, podendo encontrar os seguintes<br />
49
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
estudos de referência realizados em Portugal no âmbito da antropometria: Lacerda (1904,<br />
apud Padez, 1999), Baganha et al. 1982), Rosa (1983), Sobral (1986, 1989), Fragoso & Vieira<br />
(1991, apud Fragoso & Vieira, 2006), Sardinha (1996) e Padez (1999).<br />
Em relação ao processo de crescimento, Isabel Fragoso realizou em 1991, um estudo sobre o<br />
crescimento somático em Lisboa, em que participaram 4500 crianças de 25 escolas do 1ºCEB<br />
e 29 Jardins de Infância de Lisboa. Destacamos ainda os estudos de Gomes (1996) e de Lopes<br />
(1997), o primeiro relativo à caracterização dos níveis de Coordenação Motora em<br />
Matosinhos e o segundo relativo aos efeitos de programas de aulas de Educação Física no<br />
desenvolvimento da coordenação.<br />
A breve referência aos estudos anteriores ao ano 2000 com crianças do 1ºCEB, expressa bem<br />
a exiguidade de estudos realizados até essa data. A partir do ano 2000 e até 2011<br />
identificámos quase três dezenas de estudos, ou seja, numa década o número quase triplicou<br />
os observados nas duas décadas anteriores.<br />
Uma das características desses estudos é a sua proximidade com os modelos observados nos<br />
escalões etários seguintes, nomeadamente através da utilização do mesmo tipo de baterias de<br />
testes. Mantém-se uma linha de investigação associada à utilização de baterias de testes do<br />
tipo da KTK, mas a linha prevalente inclui estudos antropométricos e testes mais próximos da<br />
avaliação clássica da ApF relacionada com a saúde como o FITNESSGRAM.<br />
Assim, no Quadro 14 iremos apresentar os estudos realizados a partir de 2000 com crianças<br />
do 1ºCEB, em que descrevemos o local onde foi realizado o estudo, o número de indivíduos<br />
da amostra, quais as idades abrangidas e por último as variáveis estudadas.<br />
50
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Quadro 14- Estudos Antropométricos e de Aptidão Física realizados em Portugal com alunos do 1ºCEB, a partir<br />
do ano 2000.<br />
Autor Tema Amostra Variáveis Estudadas<br />
Pereira, A.<br />
(2000)<br />
Maia, J. &<br />
Lopes, V.<br />
(2002)<br />
Maia, J. &<br />
Lopes, V.<br />
(2003)<br />
Sousa, M<br />
(2004)<br />
Padez, C.<br />
et al.<br />
(2004)<br />
Vieira, F.;<br />
Fragoso, I.;<br />
Ferreira, C<br />
Barrigas,<br />
C.;<br />
Oliveira,<br />
C.; Silva,<br />
L., Vargas,<br />
T. (2004)<br />
Crescimento Somático e<br />
Aptidão Física de<br />
crianças com idades<br />
compreendidas entre os<br />
seis e os dez anos de<br />
idade.<br />
Estudo do Crescimento<br />
Somático, Aptidão<br />
Física, Atividade Física e<br />
Capacidade de<br />
Coordenação Corporal<br />
de Crianças do 1ªCEB da<br />
Região Autónoma dos<br />
Açores<br />
Um Olhar Sobre as<br />
Crianças e Jovens da<br />
Região Autónoma dos<br />
Açores.<br />
Implicações para a<br />
Educação Física,<br />
Desporto e Saúde<br />
Crescimento Somático,<br />
Atividade Física e<br />
Aptidão Física<br />
Associada à Saúde.<br />
Um estudo populacional<br />
nas crianças do 1º CEB<br />
do Concelho de<br />
Amarante<br />
Prevalence of<br />
overweight and obesity<br />
in 7-9-year-old<br />
Portuguese children:<br />
Trends in body<br />
mass index from 1970-<br />
2002.<br />
Secular Trend:<br />
Morphologic Variability<br />
of Lisbon Between 1991<br />
and 2001.<br />
Local:<br />
Maia<br />
Amostra:<br />
Total – 773<br />
♂- 388<br />
♀ - 385<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Região Autónoma<br />
dos Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 3744<br />
♂- 1830<br />
♀ -1914<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Região Autónoma<br />
dos Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 1159<br />
♂- 582<br />
♀ - 577<br />
Idades:<br />
Dos 6 aos 19<br />
Local:<br />
Amarante<br />
Amostra:<br />
Total – 2940<br />
♂- 1549<br />
♀ - 1391<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Continente<br />
Amostra:<br />
Total – 4511<br />
♂- 2237<br />
♀ - 2274<br />
Idades:<br />
7/8/9<br />
Local:<br />
Lisboa<br />
Amostra:<br />
Total – 5440<br />
♂- 1106 (1991)<br />
1580 (2001)<br />
♀ -1167(1991)<br />
1587 (2001)<br />
Idades:<br />
4/5/6/7/8/9/10/11<br />
- Medidas Antropométricas: Altura, altura sentado, peso, pregas de<br />
adiposidade subcutânea (tricipital, subescapular, ilíaca, crural e geminal),<br />
perímetros (braço tenso, braço relaxado, crural e geminal) e diâmetros<br />
(biacromial, bicristal, bicôndio-humeral e bicôndio-femoral), IMC e %MG<br />
- Aptidão Física: (Corrida das 50 jardas, vaivém, impulsão horizontal,<br />
preensão, corrida/marcha da milha, Curl-ups, Flexões a 90 graus, Trunk lift<br />
- Elevações do tronco em extensão)<br />
- Coordenação motora: KTK<br />
(Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e<br />
Transposição lateral)<br />
- A avaliação da Atividade Física (questionário de Godin e Shephard)<br />
- Aptidão física associada à saúde:<br />
(Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups, Flexões de braços<br />
(push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco em extensão, Peso,<br />
Altura e IMC)<br />
-Crescimento somático: Peso e Altura<br />
-Composição corporal: Pregas de adiposidade subcutânea (tricipital e<br />
subescapular) e IMC<br />
- Maturação biológica (A maturação biológica foi avaliada através da<br />
avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários<br />
(maturação sexual). Foram utilizados os procedimentos e critérios descritos<br />
por Tanner (1962).<br />
- Atividade física: Questionário de Godin e Shephard (1985) apenas<br />
aplicado às crianças dos 6/7 aos 10 anos de idade e o Questionário de<br />
Baecke que foi aplicado a todos os outros.<br />
- Aptidão física associada à saúde (avaliada através da bateria de testes<br />
FITNESSGRAM): Corrida / marcha da milha (1600 metros), Curl-ups,<br />
Flexões de braços (push-ups) a 90 graus, Trunk lift - Elevações do tronco<br />
em extensão e IMC.<br />
- Aptidão física associada à performance motora: Corrida de 50 jardas<br />
(45,72 m), Corrida vaivém, Salto em comprimento sem corrida<br />
preparatória, Preensão manual<br />
- Coordenação motora: KTK<br />
(Equilíbrio em marcha à retaguarda, Saltos monopedais, Saltos laterais e<br />
Transposição lateral) só avaliaram as crianças dos 6 aos 10 anos.<br />
- Motivação para a prática desportiva<br />
A motivação para a prática desportiva será avaliada através da versão<br />
portuguesa do questionário de motivação para as atividades desportivas.<br />
- Estatuto socioeconómico e outra informação suplementar (Foi obtida<br />
através de questionário aos alunos)<br />
- Indicadores somáticos: Altura, Peso e IMC.<br />
- Avaliação da atividade física semanal - questionário de Godin and<br />
Shephard (1985).<br />
- Avaliação da aptidão física associada à saúde: De acordo com a bateria de<br />
testes Fitnessgram (corrida – marcha da milha, curl-ups, Push-ups a 90<br />
graus e trunk lift).<br />
- Medidas Antropométricas: Peso, Estatura Pregas cutâneas (tricipital e<br />
subescapular) e Perímetro braquial.<br />
Prevalência de Obesidade - Intervalos do IOTF (Cole et al. 2000)<br />
- Estatura, Estatura sentado<br />
- Massa Corporal<br />
- Diâmetros (biacromial, bicristal, bicôndilo-umeral, bicôndilo-femoral)<br />
- Perímetros (torácico, abdominal, braço sem contração, geminal)<br />
- Pregas cutâneas (tricipital e subescapular)<br />
51
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Autor Tema Amostra Variáveis Estudadas<br />
Quadrado,<br />
J.<br />
(2005)<br />
Estudo do Efeito de<br />
Algumas Variáveis<br />
Biossociais, Medidas de<br />
Morfologia, Capacidades<br />
Coordenativas e<br />
Performance Motora dos<br />
7 aos 10 anos<br />
Local:<br />
Coimbra<br />
Amostra:<br />
Total – 110<br />
♂- 61<br />
♀ - 49<br />
Idades:<br />
7/8/9/10<br />
- Coordenação motora - KTK<br />
- Provas dinâmicas de performance motora: Dinamometria Manual;<br />
Impulsão Horizontal; Corrida 25 metros; Lançamento da Bola de Solftbol.<br />
Medidas antropométricas simples: Massa Corporal, Estatura.<br />
Diâmetro ósteo – transversos, Diâmetro Bicôndilo – Umeral, Diâmetro<br />
Bicôndilo – Femural.<br />
Perímetro Braquial Máximo, Perímetro Geminal.<br />
Prega Tricipital, Prega Subescapular, Prega Supraíliaca, Prega Geminal<br />
Martins, J.<br />
(2005)<br />
Lopes, L.<br />
(2006)<br />
Machado,<br />
M.<br />
(2006)<br />
Maia &<br />
Lopes<br />
(2006)<br />
Rodrigues,<br />
L. et al.<br />
(2006)<br />
Gouveia,<br />
E., et al.<br />
(2007)<br />
Estudo Longitudinal da<br />
Aptidão Física e Saúde e<br />
a influência dos fatores<br />
socioeconómicos,<br />
obesidade e<br />
comportamentos<br />
sedentários em crianças<br />
do 1ºCEB<br />
Atividade Física,<br />
Recreio Escolar e<br />
Desenvolvimento Motor.<br />
Estudo Exploratório em<br />
crianças do 1ºCEB<br />
Prevalência de<br />
Sobrepeso e Obesidade<br />
na População Escolar<br />
dos 6 aos 10 Anos de<br />
Cantanhede<br />
Crescimento,<br />
desenvolvimento e<br />
saúde. Três anos de<br />
estudo com crianças e<br />
jovens açorianos<br />
Estudo Morfofuncional<br />
da criança Vianense<br />
Atividade física, aptidão<br />
e sobrepeso em crianças<br />
e adolescentes:<br />
“o estudo de crescimento<br />
da Madeira”<br />
Local:<br />
Fundão<br />
Amostra:<br />
Total – -<br />
♂- -<br />
♀ - -<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Amares (Braga)<br />
Amostra:<br />
Total – 158<br />
♂- 92<br />
♀ - 66<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Cantanhede<br />
Amostra:<br />
Total – 1051<br />
♂- 558<br />
♀ - 493<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Região Autónoma<br />
dos Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 674<br />
♂- 343<br />
♀ - 331<br />
Idades:<br />
4 cortes:<br />
1- (6-10)<br />
2- (10-13)<br />
3- (13-16)<br />
4- (16-19)<br />
Local:<br />
Viana do Castelo<br />
Amostra:<br />
Total – 4071<br />
♂- 2011<br />
♀ - 2060<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Madeira<br />
Amostra:<br />
Total – 1505<br />
♂- 761<br />
♀ - 744<br />
Idades:<br />
7 aos 18 anos<br />
Variáveis antropométricas: - Peso, Estatura e IMC.<br />
Variáveis da Aptidão Física: Flexibilidade (Senta e alcança); Velocidade<br />
(Corrida de 30m); Força Inferior (Salto em comprimento sem corrida<br />
preparatória); Força Média/Abdominal; Força Superior/ flexão e extensão<br />
dos braços; Resistência Cardiorrespiratória; Vaivém/Agilidade.<br />
Medidas Antropométricas: Peso, Estatura<br />
- Atividade física - avaliada por acelerometria, as habilidades motoras<br />
fundamentais usando o Test of Gross Motor Development e a coordenação<br />
motora através do KTK.<br />
- Avaliação locomotora: Corrida, galope, pé-coxinho, pulo/salto, salto<br />
horizontal parado, deslocamento lateral<br />
- Avaliação controlo de objetos: batimento numa bola estática, drible sem<br />
deslocamento, agarra, pontapear, lançamento por cima do ombro e<br />
lançamento da bola por baixo.<br />
- Medidas antropométricas: Estatura, massa corporal, prega tricipital, prega<br />
subescapular, e o perímetro braquial.<br />
- Questionário dirigido aos pais.<br />
Crescimento: estatura, peso, IMC, prega de adiposidade subcutânea<br />
tricipital e maturação biológica (Os 4 Cortes)<br />
- Coordenação motora: Bateria de testes KTK<br />
- Atividade física: 1ª coorte foi avaliado com o questionário de Godin e<br />
Shephard e os restantes coortes com o questionário de Baecke.<br />
- Aptidão física (normativa e criterial): associada à performance (Corrida<br />
das 50 jardas, corrida vai-vem, impulsão horizontal, preensão manual)<br />
Associada à saúde: Prova da milha, Curl-up, Push-up, Trunk-lift,<br />
- Motivação para a prática desportiva: Escala QMAD<br />
- Síndrome metabólico: Estudo de crianças com valores normo-ponderais,<br />
sobrepeso e obesas, bem como o pai e a mãe: Análise ao sangue [valores de<br />
colesterol total, fração HDL do colesterol (C-HDL), triglicéridos], tensão<br />
arterial máxima e mínima, monitorizamos durante 3 dias estes elementos<br />
familiares com um diário de atividade física, recorrendo também ao uso de<br />
um Pedómetro<br />
Variáveis Morfológicas:<br />
1-Antropométricas: Altura, Peso, Pregas adiposas (Tricipital, Subescapular,<br />
Suprailíaca e Geminal), Perímetros musculares (Braquial com contração,<br />
Geminal), Diâmetros ósseos (Bicôndilo-Umeral, Bicôndilo-Femural)<br />
2-Somáticas: Índice de Massa Corporal (IMC)<br />
Variáveis de Aptidão Física: Tempo máximo de suspensão na barra, Sentae-alcança<br />
(Sit-and-reach), Corrida de agilidade 4x10 metros (Shuttle run),<br />
Salto em comprimento sem corrida preparatória, Abdominais em 60 seg,<br />
Corrida de velocidade 50 metros, Corrida de resistência em vaivém de 20<br />
me.<br />
- Altura, peso corporal e IMC<br />
- Aptidão Física: testes relacionados com a saúde e a performance,<br />
flamingo (equilíbrio), batimento em placas (velocidade dos membros<br />
superiores), “sit and reach” (flexibilidade), salto em comprimento sem<br />
corrida preparatória (força explosiva), dinamometria manual (força<br />
estática), “sit ups” (força do tronco), tempo de suspensão com os braços<br />
fletidos (força funcional) e “shuttle run” 10 x 5 m (velocidade e (resistência<br />
cardiorrespiratória) da bateria da AAHPERD (1980).<br />
- Atividade física: questionário desenvolvido por Baecke et al. (1982)<br />
52
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Autor Tema Amostra Variáveis Estudadas<br />
Ramos, E.<br />
(2007)<br />
Pereira, S.<br />
(2008)<br />
João, F.<br />
(2008)<br />
Ferreira, R<br />
&<br />
Marques-<br />
Vidal, P<br />
(2008)<br />
Cardoso,<br />
A.<br />
(2009)<br />
Ferreira, P.<br />
(2009)<br />
Martins, D.<br />
(2009)<br />
<strong>Santo</strong>s, D.<br />
(2009)<br />
Associação do meio<br />
(urbano, semiurbano e<br />
rural) ao crescimento<br />
físico humano, à<br />
maturação biológica, à<br />
atividade física e à<br />
aptidão física na criança<br />
e no adolescente<br />
Madeirense<br />
Sobrepeso, obesidade,<br />
níveis de atividade física<br />
em crianças dos 6 aos 10<br />
anos da Região<br />
Autónoma dos Açores<br />
Relação da aptidão física<br />
aeróbia e muscular com<br />
a composição corporal, o<br />
estado maturacional e<br />
atividade física habitual<br />
de crianças e<br />
adolescentes (9-11anos)<br />
Prevalence and<br />
determinants of obesity<br />
in children in public<br />
schools of Sintra,<br />
Portugal<br />
Estatuto nutricional e<br />
aptidão física.<br />
Aplicação de diferentes<br />
valores de corte à<br />
população escolar<br />
feminina<br />
da Ilha de São Miguel<br />
dos 8 aos 16 anos de<br />
idade<br />
Avaliação<br />
Antropométrica e<br />
Hábitos Alimentares em<br />
Alunos do 1.º Ciclo<br />
Alterações do IMC,<br />
Atividade física e<br />
Aptidão física em<br />
crianças de 6 anos com<br />
efeitos aos 10 anos<br />
Sobrepeso, obesidade,<br />
níveis de atividade e<br />
aptidão física em<br />
crianças dos 6 aos10<br />
anos do concelho de<br />
Albergaria-a-Velha<br />
Local:<br />
Madeira<br />
Amostra:<br />
Total – 1498<br />
♂- 758<br />
♀ - 740<br />
Idades:<br />
8/10/12/14/16<br />
Local:<br />
Região Autónoma<br />
dos Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 3699<br />
♂- 1886<br />
♀ - 1813<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Valongo<br />
Amostra:<br />
Total – 125<br />
♂- 72<br />
♀ - 53<br />
Idades:<br />
9/10/11<br />
Local:<br />
Sintra<br />
Amostra:<br />
Total – 1225<br />
♂- 581<br />
♀ - 544<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Ilha de S. Miguel<br />
- Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 305<br />
♂- 0<br />
♀ - 305<br />
Idades:<br />
8 – 16 Anos de<br />
idade<br />
Local:<br />
V. Nova de Gaia<br />
Amostra:<br />
Total – 239<br />
♂- 107<br />
♀ - 132<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10/11<br />
Local:<br />
Região Autónoma<br />
dos Açores<br />
Amostra:<br />
Total – 285<br />
♂- 143<br />
♀ - 142<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Albergaria-a-<br />
Velha<br />
Amostra:<br />
Total – 1110<br />
♂- 581<br />
♀ - 529<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
- Medidas Antropométricas: Altura, Altura sentado, peso, IMC, diâmetros<br />
ósseos, perímetros musculares e pregas de adiposidade subcutânea.<br />
- Idade esquelética - estimada usando o método Tanner-Whitehouse.<br />
- Atividade física - questionário de Baecke et al (1982)<br />
– Aptidão física - bateria de testes motores Eurofit (equilíbrio flamingo,<br />
batimento em placas, “sit and reach”, salto em comprimento sem corrida<br />
preparatória, dinamometria manual, “sit ups”, tempo de suspensão com os<br />
braços fletidos e ‘shuttle run’ 10x5m (velocidade e agilidade.O “shuttle<br />
run” substituído pela corrida/andar de 12 minutos da bateria da AAHPERD<br />
(1988).<br />
- Medidas Antropométricas: Peso, Estatura e IMC<br />
- Avaliação da Atividade Física - questionário de Godin & Shepard.<br />
- Aptidão Física: bateria de testes Prudential<br />
Fitnessgram desenvolvida pelo Cooper Institute for Aerobics Research<br />
(Meredith & Welk, 1999) - a marcha/corrida da milha (1609 metros), curl<br />
up; push up a 90º; trunk lift.<br />
- Coordenação motora - KTK<br />
- Composição corporal : peso, estatura, IMC, perímetros da cintura I e II,<br />
massa gorda e massa isenta de gordura.<br />
Índice de atividade física habitual - questionário de Baecke (1982)<br />
-Estado maturacional - escala de Tanner (1962)<br />
-Aptidão Física: Vaivém, força abdominal, extensão do tronco e senta e<br />
alcança.<br />
- Medidas antropométricas: Altura, peso, circunferência do braço,<br />
circunferência da cintura e prega cutânea tricipital<br />
- IMC<br />
- Avaliação antropométrica simples (massa corporal, estatura e espessura<br />
da prega tricipital),<br />
- Avaliação da composição corporal (IMC)<br />
- Avaliação da aptidão física: Lançamento da bola medicinal (em frente),<br />
lançamento da bola de “softball”, força de preensão manual (dinamometria<br />
manual), “sit-ups” em 60 segundos, impulsão horizontal, velocidade<br />
(corrida de 25 metros) e endurance aeróbia (PACER)<br />
- Avaliação antropométrica: Peso, Estatura, IMC e perímetro da cintura.<br />
- Questionário aos Pais / Encarregados de Educação<br />
- Questionário aos Docentes<br />
- Medidas antropométricas: Peso, Estatura, IMC, pregas subcutâneas<br />
(tricipital e subescapular), %MG<br />
- Atividade Física - Questionário de Godin and Shephard (1985)<br />
- Teste de aptidão física relacionada à saúde (FITNESSGRAM): milhacorrida/<br />
caminhada (1609 m), abdominais, extensão do tronco, extensão de<br />
braços.<br />
- Teste de aptidão relacionado com a performance (AAHPER): velocidade<br />
- corrida das 50 jardas, salto horizontal, preensão manual, shuttle run<br />
- Coordenação motora- KTK<br />
- Crescimento Somático – Peso, estatura e IMC<br />
- Atividade Física - questionário de Godin and Shephard (1985)<br />
- Aptidão Física associada à Saúde: Corrida ou marcha da milha, Curl Up,<br />
Push Up, Trunk Lift<br />
53
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
Autor Tema Amostra Variáveis Estudadas<br />
Machado,<br />
A.<br />
Hábitos Alimentares,<br />
Ocupação dos Tempos<br />
Local:<br />
<strong>Santo</strong> Tirso<br />
- Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), peso e altura.<br />
- Questionário, baseado num questionário on-line da Health Behaviour in<br />
(2010) Livres. Imagem Corporal Amostra: School-aged Children e já utilizado em vários estudos no âmbito do<br />
e obesidade em Crianças<br />
do 1ªCEB<br />
Total – 310<br />
♂- 163<br />
♀ - 147<br />
Idades:<br />
projeto de Estratégias Locais de Saúde.<br />
Figueira, S.<br />
(2010)<br />
Contributo de variáveis<br />
biossociais e estilo de<br />
vida na explicação da<br />
coordenação físico -<br />
motora em jovens<br />
masculinos de 9 - 10<br />
anos de idade<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Figueira da Foz<br />
Amostra:<br />
Total – 33<br />
♂- 33<br />
♀ - 0<br />
Idades:<br />
8/9/10<br />
- Medição da Estatura, massa corporal, pregas adiposas (tricipital, geminal,<br />
supra-íliaca e subescapular), altura sentado, comprimentos dos membros<br />
inferiores, estatura matura predita, índice de massa gorda, índice córmico e<br />
%MG<br />
-Coordenação motora - bateria de testes KTK<br />
- Questionário sobre o estilo de vida dos alunos, para determinar os<br />
estímulos sociais para a prática de atividade física destes.<br />
<strong>Santo</strong>s, JP<br />
(2010)<br />
Gomes, E.<br />
(2010)<br />
<strong>Santo</strong>s, A.<br />
(2010)<br />
Morgado,<br />
J.<br />
(2011)<br />
Guerra, V.<br />
(2011)<br />
Casado, S.<br />
(2011)<br />
Atividade física, aptidão<br />
física, aptidão<br />
coordenativa, aptidão<br />
morfológica e<br />
desempenho escolar.<br />
Estudo com crianças do<br />
1.º Ciclo<br />
do Ensino Básico.<br />
Influência da Aptidão<br />
Física na prestação das<br />
Habilidades<br />
Motoras Fundamentais<br />
em crianças de 6 e os 9<br />
anos.<br />
Atividade física no<br />
recreio escolar e a sua<br />
relação com a obesidade.<br />
Associação entre índice<br />
de massa corporal, a<br />
atividade física e a<br />
aptidão física em<br />
crianças dos 6 aos 9 anos<br />
do Agrupamento<br />
Oliveira Júnior - São<br />
João da Madeira<br />
Atividade física e<br />
aptidão física em<br />
crianças de etnia cigana<br />
e não cigana.<br />
Um estudo em crianças<br />
de ambos os géneros dos<br />
6 aos 10 anos de idade.<br />
Excesso de peso e<br />
obesidade nas crianças<br />
em idade escolar:<br />
Prevalência e fatores de<br />
risco.<br />
Local:<br />
Amares<br />
Amostra:<br />
Total – 140<br />
♂- 73<br />
♀ - 67<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Vila Real<br />
Amostra:<br />
Total – 47<br />
♂- 24<br />
♀ - 23<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9<br />
Local:<br />
---<br />
Amostra:<br />
Total – 30<br />
♂- 16<br />
♀ - 14<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9<br />
Local:<br />
São João da<br />
Madeira<br />
Amostra:<br />
Total – 126<br />
♂- 56<br />
♀ - 70<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Lisboa<br />
Amostra:<br />
Total – 95<br />
♂- 48<br />
♀ - 47<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
Local:<br />
Mira<br />
Amostra:<br />
Total – 227<br />
♂- 127<br />
♀ - 100<br />
Idades:<br />
6 /7/8/9/10<br />
- Medidas antropométricas básicas: peso, altura, IMC, pregas adiposas<br />
- Aptidão Física: abdominais em 60 segundos; tempo de suspensão na<br />
barra; salto em comprimento sem corrida preparatória; corrida de<br />
resistência vaivém; sit-and-reach (senta-e-alcança); shuttle run;<br />
- Coordenação motora – KTK (equilíbrio à retaguarda; salto monopedal;<br />
saltos laterais; transferência lateral; quociente motor total)<br />
- Atividade Física - avaliada com o Baecke Questionnaire of Habitual<br />
Physical Activity (índice de atividade física na escola<br />
- Desempenho escolar- resultados qualitativos das provas nacionais de<br />
aferição.<br />
- Aptidão física: aptidão aeróbia (teste de corrida de 9 minutos), força e<br />
resistência muscular (teste de puxada na barra modificado), flexibilidade<br />
(teste sentar e alcançar), potência muscular (teste de salto horizontal) e<br />
velocidade (teste de corrida de 50 metros), provas realizadas a partir da<br />
bateria de testes elaborada por Guedes e Guedes.<br />
- Composição corporal – IMC e %MG<br />
- Habilidades motoras (correr, saltar e lançar )-checklist de Gallahue<br />
(1982).<br />
- Composição corporal: peso, altura, IMC, pregas tricipital e subescapular e<br />
% MG.<br />
- Observação em diferido, através da gravação em vídeo durante o intervalo<br />
de algumas habilidades motoras, como caminhar, correr, saltar, sentar,<br />
deitar, e permanecer em pé parado.<br />
- Antropometria: Peso, altura e IMC<br />
- Atividade Física - acelerómetro Actigraph Gt1M<br />
- Estatuto Socioeconómico - Escalões atribuídos pela Ação Social Escolar<br />
- Aptidão Física Associada à Saúde: corrida vaivém 20 m, teste de<br />
abdominais e extensão de braços<br />
- Diário de Atividade Física – Activitygram<br />
- Aptidão Física: Teste do Vaivém (valor de VO2 máx.)<br />
- Composição corporal: Altura, peso, pregas tricipital e geminal – IMC e<br />
%MG.<br />
- Medição do peso e da altura<br />
- IMC<br />
- Inquérito dirigido aos pais de forma a determinar a duração do<br />
aleitamento materno, o peso da criança à nascença, o IMC dos pais e o<br />
estatuto socioeconómico.<br />
54
________________________________________________________________________Revisão Bibliográfica<br />
No conjunto dos trabalhos revistos, diferentes variáveis são utilizadas para cada estudo. Ao<br />
nível das dimensões corporais as variáveis mais usadas foram as medidas antropométricas<br />
básicas (peso e altura) o IMC e a medição das pregas adiposas subcutâneas tricipital, geminal<br />
e subescapular para obter a % MG. Ao nível da ApF a maioria dos testes realizados<br />
pertencem à bateria de testes FITNESSGRAM. Para avaliar a coordenação motora os testes<br />
mais utilizados pertencem à bateria de testes KTK. Já ao nível da avaliação da Atividade<br />
Física Habitual encontrámos estudos que utilizaram o questionário de Baecke (1982), Maia &<br />
Lopes (2006), Ramos (2007) e Félix (2008) e também o questionário de Godin & Shepard<br />
(1985), estudos de Maia & Lopes (2002, 2003 e 2006); Sousa (2004); Pereira (2008) e <strong>Santo</strong>s<br />
(2009).<br />
A partir de meados da década de 2000-2010 identificam-se nos estudos uma tendência para a<br />
inclusão de variáveis relativas à identificação de situações de sobrepeso e obesidade, sendo o<br />
IMC o indicador maioritariamente utilizado.<br />
55
PARTE PRÁTICA<br />
56
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
Capítulo III – Estudo Prático<br />
3.1.- Objetivos do estudo prático<br />
A finalidade principal do estudo prático consiste na construção de tabelas de valores<br />
normativos, organizadas por género e escalão etário, e indicadores das características<br />
morfológicas, ritmos de crescimento e ApF das crianças escolarizadas no concelho de Mira<br />
com 6,7,8,9 e 10 anos de idade. Pretende-se assim contribuir para a caracterização do estado<br />
de ApF das crianças em estudo, como também a descrição do seu perfil antropométrico<br />
relacionado os valores médios obtidos com outros estudos de referência.<br />
Deste objetivo fundamental podemos segmentar um conjunto de objetivos gerais e um<br />
conjunto de objetivos mais específicos.<br />
3.1.1- Objetivos gerais<br />
a) Identificar valores normativos antropométricos e de ApF da população infantil com<br />
idades entre os 6 e os 10 anos de idade, que em 2012 se encontravam a frequentar as<br />
AEC nas escolas do 1ºCEB do concelho de Mira;<br />
b) Identificar diferenças, em função da faixa etária, relativamente aos valores normativos<br />
identificados;<br />
c) Comparar os grupos de género, masculino e feminino, relativamente aos valores<br />
normativos obtidos;<br />
d) Comparar resultados obtidos no presente estudo com resultados obtidos noutros<br />
estudos efetuados em amostras semelhantes.<br />
57
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
3.1.2- Objetivos específicos<br />
a) Identificar valores normativos de média, desvio padrão, valores máximos e mínimos,<br />
valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º (mediana), P60º, P70º, P80º, P90º,<br />
por escalão etário (idade decimal 5,50-6,49; 6,50-7,49; 7,50-8,49; 8,50-9,49; 9,50-<br />
10,49) 1 e por grupo de género relativamente a cada uma das variáveis: estatura, massa<br />
corporal, IMC, pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal),<br />
%MG, perímetros (braquial, abdominal e geminal) e capacidades físico-motoras<br />
(coordenação motora, flexibilidade, força, resistência, velocidade);<br />
b) Verificar diferenças entre grupos de género relativamente a alguns dos itens<br />
normativos identificados.<br />
c) Verificar diferenças entre os escalões etários considerados relativamente a alguns dos<br />
indicadores obtidos;<br />
d) Analisar semelhanças e diferenças marcantes entre resultados obtidos no presente<br />
estudo e resultados obtidos noutros estudos.<br />
Em relação às hipóteses de estudo, estas não foram elaboradas, pois só utilizámos de forma<br />
muito pontual técnicas estatísticas de correlação, pelo que consideramos desnecessária a<br />
definição extensa de hipóteses de estudo.<br />
Os estudos de caraterização de populações, essencialmente descritivos, não requerem a<br />
formulação obrigatória de hipóteses. Elas poderão contudo, ser um elemento importante para<br />
a exploração interpretativa de resultados obtidos em comparações e correlações estatísticas.<br />
1 Idade Decimal = (Ano de Avaliação – Ano de Nascimento) + ((Mês de Avaliação – Mês de Nascimento)/12) + ((Dia da Avaliação – Dia<br />
de Nascimento)/365)<br />
58
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
3.2. Metodologia<br />
A metodologia seguida neste estudo corresponde ao modelo clássico, com definição de<br />
objetivos, seleção de instrumentos (testes) para recolha de dados, seleção e organização da<br />
amostra, treino de observadores na utilização do instrumentário e aplicação de protocolos de<br />
avaliação, realização de estudo-piloto com uma amostra reduzida, recolha de dados, testagem<br />
da qualidade dos resultados com a realização do teste-reteste com uma subamostra da amostra<br />
estudada, tratamento dos dados com aplicação de técnicas estatísticas, análise e discussão dos<br />
resultados obtidos e por fim a apresentação das conclusões.<br />
A recolha dos dados foi realizada nos espaços desportivos que as escolas têm ao seu dispor.<br />
Nesta metodologia podemos considerar duas fases principais: Realização de um estudo<br />
preparatório que permitiu desenvolver o treino de avaliador e aferir da fiabilidade de<br />
instrumentos e de procedimentos; Uma segunda fase relativa à recolha e tratamento dos dados<br />
do estudo propriamente dito.<br />
3.3- Caraterização da amostra<br />
A amostra tem uma população potencial, que corresponde ao número aproximado de alunos<br />
inscritos no Programa de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) existente em 8<br />
escolas do 1ºCEB do Concelho de Mira.<br />
Foi inicialmente solicitado ao Agrupamento de Escolas de Mira a autorização (Anexo1) para a<br />
realização do estudo em questão. De seguida, foi feito o contacto com os Professores<br />
Coordenadores de Estabelecimento de todas as escolas do concelho, em que foi feita uma<br />
explicação do que consistia o estudo, os testes a serem realizados, quais os procedimentos e<br />
que a recolha dos dados decorreria no período das aulas de AFD, não interferindo com o<br />
normal funcionamento das aulas dos Professores Titulares de Turma, pois decorreria no<br />
período das AEC.<br />
A amostra potencial foi obviamente condicionada aos imperativos éticos de participação<br />
voluntária e informada das crianças e Encarregados de Educação. A todos os sujeitos foi<br />
59
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
explicado o objetivo do estudo e os procedimentos que iriam ser efetuados na realização da<br />
recolha dos dados, bem como o caráter voluntário da sua participação.<br />
3.3.1- Amostra<br />
Para a constituição da amostra, convidámos à participar no estudo de todos os alunos do<br />
1ºCEB do Agrupamento de Escolas de Mira, que se encontravam inscritos nas AEC. O<br />
agrupamento tinha um total de 388 crianças inscritas, do qual 341 responderam positivamente<br />
ao convite, tendo sido assinada a respetiva autorização pelos pais e/ou Encarregados de<br />
Educação das crianças, o que correspondeu a aproximadamente 88% da população escolar<br />
total.<br />
A amostra do estudo foi constituída por 341 crianças (154 meninas e 187 meninos) entre os 6<br />
e os 10 anos de idade, que frequentavam as AEC nas 8 escolas do 1ºCEB do Agrupamento de<br />
Escolas de Mira, concelho de Mira, situado na região Centro de Portugal Continental.<br />
Tabela 3- Distribuição da amostra em função da idade e género.<br />
Idade ♀ ♂ % Total<br />
6 anos 22 17 12% 39<br />
7 anos 38 46 25% 84<br />
8 anos 41 35 22% 76<br />
9 anos 29 47 22% 76<br />
10 anos 24 42 19% 66<br />
Total 154 187 100% 341<br />
3.3.2- Procedimento para as autorizações<br />
Foi então pedido aos Coordenadores de Estabelecimento que encaminhassem os pedidos de<br />
autorização aos Encarregados de Educação e que fizessem a recolha dos mesmos.<br />
Nos pedidos de autorização constavam uma descrição da investigação, as datas previstas da<br />
recolha de dados e que antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de<br />
Educação poderia solicitar esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a<br />
autorização dada a qualquer momento.<br />
60
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
3.4. Seleção dos instrumentos e dos testes<br />
Na seleção dos instrumentos-testes seguimos critérios e princípios metodológicos como a<br />
validade, fiabilidade, objetividade, sensibilidade e economia dos testes. O recurso a testes<br />
pertencentes a baterias construídas e validadas, facilitou o cumprimento desses critérios. Em<br />
alguns casos recorremos a testes observados em estudos menos divulgados, no entanto vão ao<br />
encontro do papel de ApF que pretendemos avaliar.<br />
Na revisão bibliográfica pesquisámos a existência de estudos com alunos do 1ºCEB em<br />
Portugal e analisámos as baterias de testes de ApF utilizadas que, de alguma forma, poderiam<br />
responder aos objetivos da nossa pesquisa.<br />
Da análise realizada sobre os estudos efetuados com alunos do 1ºCEB em Portugal,<br />
verificámos que para as idades 6-10 anos não existia nenhum estudo sobre ApF feito no<br />
concelho de Mira. Nesse sentido, a nossa escolha foi feita em relação à disponibilidade de<br />
equipamentos-“instrumentárium” existente para o momento e à facilidade de<br />
medição/avaliação das várias possibilidades de aplicação em função das disponibilidades<br />
temporais e espaciais necessárias.<br />
Concluída a análise do conjunto de pressupostos enunciados, selecionámos para a avaliação<br />
antropométrica a medição da estatura e da massa corporal como variáveis mais<br />
representativas do crescimento. A estatura e a massa corporal foram depois utilizadas no<br />
cálculo do IMC que é uma variável que geralmente está presente em estudos semelhantes<br />
realizados em Portugal. As pregas adiposas subcutâneas servem para a caracterização da<br />
distribuição da adiposidade característica da população estudada e para o cálculo da %MG.<br />
A antropometria exige o uso de referências bem definidas e descritas para a estandardização<br />
dos procedimentos de recolha das medidas. É essencial a utilização de instrumentos<br />
apropriados e em boas condições. Foram adotados os procedimentos antropométricos,<br />
descritos por Lohman, Roche & Martorell (1988).<br />
Na avaliação da ApF integrámos variáveis relacionadas com as capacidades físico-motoras:<br />
coordenação motora, flexibilidade, força, resistência e velocidade,<br />
61
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
3.4.1. Medidas antropométricas<br />
A descrição dos procedimentos efetuados, do modo como foram recolhidos os dados em cada<br />
um dos testes e o tipo de medição realizada, encontra-se no Anexo 3 e para isso recorremos a<br />
manuais especializados para cada domínio das avaliações. Na avaliação antropométrica<br />
recorremos ao manual de Lohman, Roche & Martorell (1988) que internacionalmente tem<br />
significativa aceitação e também o Curso de Cineantropometria de Sobral, Coelho e Silva &<br />
Figueiredo (2007).<br />
As medidas utilizadas na avaliação antropométrica seguiram os protocolos de Lohman et al.<br />
(1988) e Sobral et al. (2007), e foram as seguintes:<br />
- Estatura<br />
- Massa Corporal (peso)<br />
- IMC<br />
- Pregas Adiposas Subcutâneas: Tricipital, Subescapular e Geminal<br />
- %MG<br />
- Perímetros: Braquial, Abdominal e Geminal<br />
Relativamente à estatura, foi utilizado na medição um estadiómetro portátil com haste móvel,<br />
da marca Tanita. Na mensuração da massa corporal utilizou-se uma balança digital modelo<br />
770, da marca Seca, cujos resultados apresentam valores com aproximação às 100g, tendo<br />
sido o registo efetuado em quilogramas (kg).<br />
A medição da estatura e massa corporal dão-nos indicações genéricas sobre o crescimento,<br />
fator indissociável da aptidão física de crianças e jovens, sobre o estado de maturação,<br />
importante para a interpretação dos dados das diferentes variáveis. A massa corporal e a<br />
estatura foram também utilizadas no cálculo do IMC que, embora menos objetivo que a<br />
percentagem de massa gorda, é um indicador mais generalizado nos estudos epidemiológicos<br />
para a caracterização das situações de sobrepeso e de obesidade. O Valor de IMC foi<br />
calculado com base na fórmula 2 constante na bateria de testes FITNESSGRAM.<br />
2 IMC= Peso (kg) / Altura² (cm)<br />
62
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
A seleção das pregas adiposas teve como base dois critérios essenciais: 1) caraterização por<br />
zona corporal (membros superiores, tronco e membros inferiores), 2) adequação à fórmula de<br />
cálculo de %MG, escolhida.<br />
A medição das pregas adiposas subcutâneas tem como objetivos medir a espessura das pregas<br />
adiposas tricipital, subescapular e geminal e calcular a percentagem de massa gorda corporal.<br />
Nesta medição foi utilizado o adipómetro da marca Slim Guide- Bodycare, com a compressão<br />
de 10 g/mm 2 na superfície de contacto e com uma precisão de medida de 0,1 mm, para efetuar<br />
a medição das pregas adiposas.<br />
Na avaliação da composição corporal, mais concretamente na avaliação %MG, foram<br />
utilizadas as pregas tricípital e geminal para calcular a percentagem de massa gorda total<br />
através da fórmula 3 de Slaughter et al. (1988), fórmula essa utilizada na bateria de testes do<br />
FITNESSGRAM.<br />
A seleção dos perímetros a serem objeto de medição caraterizou-se pela morfologia corporal,<br />
em que foi incluiu um perímetro por zona corporal (membros superiores, tronco e membros<br />
inferiores). Na medição dos perímetros seguimos o protocolo de Lohman et al. (1988) e como<br />
instrumento utilizámos uma fita métrica flexível, marca Holtain e as medições foram<br />
registadas em centímetros.<br />
3 Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)<br />
63
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
3.4.2. Testes de aptidão física<br />
Os testes de ApF selecionados foram:<br />
- Coordenação Motora (Ria);<br />
- Flexibilidade (Senta e Alcança Adaptado);<br />
- Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos MI);<br />
- Força (Preensão Manual);<br />
- Força (Lançamento da Bola de Ténis);<br />
- Força (Abdominais 30seg);<br />
- Força (Salto Horizontal sem corrida de impulsão);<br />
- Resistência (Teste do Vaivém)<br />
- Velocidade (20m lançados);<br />
A avaliação da ApF resultou da observação direta do desempenho físico-motor na execução<br />
dos testes anteriormente indicados. Esses testes utilizaram protocolos definidos pelos autores<br />
Martins de Carvalho (2007), Sobral et al. (2007) e das baterias de testes AAPHERD (1980) e<br />
FITNESSGRAM (2002). No caso do teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos<br />
MI) esse protocolo foi adaptado de Fernandes Filho (1999) e Lopéz (2002) tendo sido criado<br />
o nosso próprio protocolo. O valor de VO2máx foi calculado através do Teste Luc-Léger, em<br />
que o objetivo deste teste é estimar o VO2máx (ml.kg-1min-1), permitindo avaliar a<br />
capacidade aeróbica dos sujeitos. É um teste do tipo progressivo, maximal e indireto. A<br />
definição mais detalhada dos Protocolos de Avaliação da ApF encontra-se no Anexo 3.<br />
Para efetuar a leitura dos valores obtidos para cada variável e melhor os compreender e<br />
analisar, elaborámos o Quadro 15 com as variáveis do presente estudo, a unidade de medida<br />
utilizada, o formato numérico e os instrumentos de medição utilizado na recolha dos dados.<br />
64
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
Quadro 15- Listagem das variáveis, unidades de medida, formato numerário e instrumentos de medição.<br />
Dimensão Variável Unidade de Formato Instrumento de Medição<br />
Medida Numérico<br />
Altura Estatura m 0,00 Estadiopómetro portátil Tanita<br />
Peso Massa Corporal kg 00,0 Balança Digital da marca Seca<br />
IMC IMC kg/m² 00,0 Fórmula/equação (1)<br />
Massa Gorda Massa Gorda % 00,0 Fórmula/equação (2)<br />
Tricipital mm 00 Adipómetro Slim Guide<br />
Pregas<br />
Subescapular mm 00 Adipómetro Slim Guide<br />
Geminal mm 00 Adipómetro Slim Guide<br />
Braquial cm 00 Fita Métrica<br />
Perímetros<br />
Abdominal cm 00 Fita Métrica<br />
Geminal cm 00 Fita Métrica<br />
Coordenação<br />
Ria<br />
nº de 00 Bola softball<br />
transposições<br />
Senta e Alcança cm 00 Fita métrica e Caixa métrica<br />
Flexibilidade (Adaptado)<br />
Afastamento MI graus 000 Transferidor<br />
Preensão Manual kgf 00 Dinamómetro Takei Sci. Inst.<br />
TKK5001<br />
Força<br />
Lançamento da bola m 00,0 Fita métrica e bola de ténis<br />
de ténis<br />
Abdominais 30seg nº rep 00 Cronómetro<br />
Salto Horizontal cm 000 Fita métrica<br />
Resistência<br />
Vaivém nº 00 CD FITNESSGRAM e Leitor de CD<br />
VO2 Máximo ml.kg-1. min.-1 00,0 Fórmula/equação (3)<br />
Velocidade Corrida 20m seg. 0,00 Cronómetro<br />
Quadro 16- Fórmulas para cálculo de variáveis.<br />
1- IMC = Peso (kg) /Altura² (m)<br />
2- % Massa Gorda Masculino %MG= 0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0<br />
Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)<br />
3- VO2max (ml.kg-1. min.-1) = 31,025 + (3,238 x Vel.) – (3,248 x Idade) + 0,1536 (Vel. x Idade)<br />
3.5- Programa da pesquisa<br />
Inicialmente cumprimos um programa de treino de observadores que serviu também para<br />
consolidar os procedimentos logísticos associados à recolha de dados. A recolha de dados<br />
para o estudo decorreu durante os meses de Fevereiro e Março com a deslocação aos<br />
estabelecimentos de ensino do 1ºCEB do concelho de Mira.<br />
Devido à necessidade de um espaço com um piso uniforme e mais resguardado para serem<br />
efetuadas as medições da estatura, do peso, das pregas e dos perímetros, os testes<br />
antropométricos foram feitos em locais cobertos ou nas salas de aula. Os testes de ApF foram<br />
65
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
realizados nos horários das aulas de AFD, nos espaços exteriores onde normalmente decorrem<br />
as aulas.<br />
Os professores de AFD tiveram um papel importante na realização das provas de ApF, pois<br />
colocavam os alunos pela ordem de realização do teste e efetuavam o registo do valor que<br />
lhes era transmitido pelo observador na grelha de registo de dados (Anexo 4).<br />
3.6- Tratamento estatístico dos dados<br />
Para o tratamento estatístico dos dados, inicialmente foi criada uma base de dados através do<br />
programa Microsoft Office Excel 2007, onde foram inseridos todos os valores recolhidos e<br />
posteriormente verificados. De seguida, foram transferidos para o software informático<br />
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19 para o Windows, utilizado no<br />
tratamento estatístico dos dados com um nível de significância de 5% (p≤0,05).<br />
As técnicas estatísticas utilizadas pertencem essencialmente à estatística descritiva para a<br />
obtenção de valores de média, desvio padrão, valores mínimos e máximos e valores<br />
percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º).<br />
3.6.1- Controlo da qualidade dos dados<br />
O controlo da qualidade dos dados baseou-se nas seguintes tarefas:<br />
- Sempre que foi possível utilizaram-se testes já validados;<br />
- Seguiram-se os protocolos mais adequados às circunstâncias de avaliação;<br />
- Utilizaram-se os instrumentos adequados ao rigor necessário para o tipo de pesquisa<br />
realizada;<br />
- Realizou-se um programa de treino de avaliadores;<br />
- Verificou-se a estabilidade dos dados.<br />
66
______________________________________________________________________________Estudo Prático<br />
Para a verificação da estabilidade dos dados, utilizámos uma amostra constituída por 28<br />
sujeitos pertencentes a duas turmas do 2º ano de escolaridade. A seleção dessa subamostra<br />
decorreu de forma aleatória, por sorteio entre as turmas dos alunos que participavam no<br />
estudo. O tempo entre a 1ª avaliação e a 2ª avaliação variou entre uma e duas semanas.<br />
No controlo da qualidade dos dados foi aplicado o procedimento de avaliação de todas as<br />
medidas através da repetição das mesmas. Este procedimento de medida repetida permitiu<br />
determinar o erro técnico de medida através da fórmula Malina et al. (1973), (e=[Σz2/2N]0,5),<br />
em que Z é a diferença entre as séries de dados por cada sujeito e N a dimensão total da<br />
amostra. O erro técnico de medida é utilizado na determinação do coeficiente de fiabilidade,<br />
através da fórmula de Mueller & Martorell (1988) (R=1-[e2/s2]), em que “e” é o erro técnico<br />
de medida e s2 é a variância combinada que corresponde à medida aritmética da variância (s2<br />
= (n1.s12 + n2.s22)/(n1+n2)) na 1ª medição e na 2ª medição.<br />
Tabela 4- Determinação do Erro Técnico de Medida, Variância Combinada e Coeficiente de Fiabilidade para as<br />
variáveis caraterizadas (n=28).<br />
Medidas 1ª Medição 2ª Medição Erro<br />
écnico de<br />
M SD M SD medida<br />
Variância<br />
Combinada<br />
Coeficiente<br />
de fiabilidade<br />
Estatura m 1,288 ±0,050 1,287 ±0,048 0,003 0,002 0,995<br />
Massa Corporal Kg 29,611 ±7,348 29,693 ±7,314 0,248 53,749 0,998<br />
Prega Tricipital mm 10,25 ±3,807 10,14 ±3,577 0,582 13,642 0,975<br />
Prega Subescapular mm 7,00 ±4,037 7,14 ±3,913 0,462 15,804 0,986<br />
Prega Geminal mm 11,11 ±5,166 11,00 ±4,619 0,640 24,013 0,982<br />
Perímetro Braquial cm 19,54 ±2,531 19,43 ±2,486 0,353 6,293 0,980<br />
Perímetro Abdominal cm 62,03 ±9,268 62,14 ±9,447 1,172 87,563 0,984<br />
Perímetro Geminal cm 26,79 ±3,166 26,71 ±3,113 0,378 9,859 0,985<br />
Coordenação nº 8,82 ±4,252 9,32 ±4,128 0,944 17,56 0,949<br />
Flex. Encostado cm 4,43 ±1,874 4,50 ±1,427 0,566 2,775 0,884<br />
Flex. Senta e alcança cm 24,39 ±5,666 24,50 ±5,371 0,876 30,476 0,974<br />
Flex. Ângulo MI Graus 124,93 ±15,757 125,75 ±14,909 1,977 235,28 0,983<br />
Força Preensão Manual Kgf 11,21 ±2,767 11,29 ±2,853 0,566 7,896 0,959<br />
Força Lanç. Bola Ténis m 11,136 ±4,187 11,489 ±4,130 0,634 17,297 0976<br />
Força Abdominais 30’’ nº 13,18 ±3,732 13,43 ±3,469 1,063 12,981 0,907<br />
Força Salto Horizontal cm 118,04 ±22,572 119,57 ±21,660 4,490 489,33 0,958<br />
Resistência - Váivém nº 14,18 ±6,678 15,21 ±7,430 1,541 49,904 0,952<br />
Velocidade seg 3,987 ±0,349 4,003 ±0,353 0,079 0,123 0,949<br />
67
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Capitulo IV - Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
A apresentação dos resultados está dividida em 2 partes, a primeira relativa às variáveis<br />
antropométricas e a segunda relativo às variáveis de aptidão física (ApF).<br />
Na estrutura do texto optámos por apresentar para cada variável uma tabela onde são<br />
expostos, por género e intervalo de idade, o (n) número de indivíduos da amostra, a média<br />
(M), o desvio-padrão (SD) e o mínimo e o máximo. Na mesma tabela também são incluídos<br />
os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º, P60º, P70º, P80º e P90º), que poderão<br />
servir para a localização dos resultados de sujeitos que posteriormente venham a utilizar os<br />
mesmos testes, tal como acontece, por exemplo para a localização na população das crianças<br />
mais novas em relação à estatura, efetuada normalmente nas consultas pediátricas.<br />
4.1- Variáveis antropométricas<br />
As variáveis antropométricas avaliadas foram: estatura, massa corporal, IMC, pregas adiposas<br />
subcutâneas (tricipital, subescapular, geminal), percentagem de massa gorda (calculada<br />
através da forma de Slaughter et al. (1988) com as pregas tricipital e geminal) e os perímetros<br />
(branquial, abdominal e geminal). No domínio da avaliação ponderal e da composição<br />
corporal incluímos os indicadores IMC e % MG, pois são indicadores normalmente incluídos<br />
nos fatores da aptidão física relacionados com a saúde para a caracterização de indivíduos e<br />
populações relativamente ao sobrepeso e à obesidade.<br />
4.1.1- Estatura e massa corporal<br />
A estatura e a massa corporal são dos indicadores mais utilizados para avaliar o crescimento<br />
dos indivíduos infanto-juvenis. Em relação à amostra estudada, podemos verificar pelos<br />
valores médios, que as crianças do sexo masculino são ligeiramente mais altas que as do sexo<br />
feminino. Já ao nível da massa corporal as raparigas são ligeiramente mais pesadas que os<br />
rapazes, à exceção dos 9 anos em que são em média mais leves que os rapazes 4kg.<br />
68
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 5- Distribuição dos valores da estatura e massa corporal em função da idade e género.<br />
Estatura (m)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 1,180 1,188 1,215 1,224 1,288 1,298 1,315 1,350 1,405 1,422 1,296<br />
SD ±0,039 ±0,045 ±0,059 ±0,069 ±0,065 ±0,049 ±0,071 ±0,065 ±0,055 ±0,075 ±0,099<br />
Mínimo 1,12 1,12 1,04 1,07 1,16 1,20 1,21 1,23 1,26 1,30 1,04<br />
Máximo 1,30 1,27 1,30 1,41 1,42 1,43 1,49 1,54 1,52 1,64 1,64<br />
10 1,140 1,120 1,120 1,167 1,202 1,246 1,220 1,278 1,335 1,323 1,172<br />
20 1,146 1,140 1,168 1,174 1,234 1,252 1,250 1,292 1,360 1,350 1,210<br />
30 1,159 1,154 1,197 1,191 1,260 1,260 1,260 1,310 1,375 1,379 1,236<br />
40 1,162 1,180 1,210 1,208 1,268 1,290 1,300 1,322 1,400 1,400 1,260<br />
50 1,180 1,190 1,230 1,210 1,270 1,290 1,310 1,330 1,410 1,420 1,290<br />
60 1,180 1,208 1,240 1,222 1,290 1,310 1,330 1,376 1,430 1,446 1,320<br />
70 1,200 1,210 1,250 1,240 1,330 1,320 1,350 1,386 1,440 1,470 1,350<br />
80 1,210 1,234 1,262 1,250 1,366 1,338 1,370 1,414 1,450 1,480 1,386<br />
90 1,227 1,254 1,280 1,342 1,380 1,368 1,420 1,440 1,465 1,527 1,430<br />
Massa Corporal (Kg)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
N 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 23,205 23,182 25,674 25,450 31,710 29,383 30,769 34,640 39,813 38,529 30,714<br />
SD ±3,991 ±3,267 ±4,644 ±4,765 ±8,625 ±5,189 ±4,313 ±8,034 ±10,471 ±9,180 ±8,661<br />
Mínimo 18,0 17,1 17,9 17,1 20,5 21,5 22,3 23,0 24,2 24,8 17,1<br />
Máximo 37,0 30,0 35,9 44,6 55,0 42,3 42,1 51,1 70,7 61,9 70,7<br />
10 19,420 18,220 19,450 20,410 23,100 23,240 24,900 24,000 30,300 27,360 22,000<br />
20 20,180 21,060 21,960 22,340 24,880 24,760 27,500 27,320 31,500 30,340 23,600<br />
30 20,760 21,360 22,940 22,930 25,540 26,160 28,200 29,080 32,050 31,570 24,960<br />
40 21,740 22,480 23,660 24,020 26,760 27,800 29,800 30,140 33,500 35,140 26,800<br />
50 22,550 23,200 24,650 24,750 28,500 28,600 30,900 33,700 36,850 38,550 28,700<br />
60 23,380 23,360 25,820 25,080 31,580 29,640 31,200 36,660 41,200 40,420 30,740<br />
70 24,610 23,920 27,840 26,480 36,040 31,980 32,400 38,820 44,300 41,730 32,880<br />
80 25,700 26,040 30,120 28,860 39,340 32,780 33,500 41,000 50,600 46,220 37,860<br />
90 27,230 28,560 33,310 31,220 46,120 37,900 37,100 48,800 53,000 51,330 42,620<br />
Estatura (m)<br />
Massa Corporal (Kg)<br />
1,4<br />
40<br />
35<br />
1,3<br />
30<br />
1,2<br />
25<br />
1,1<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
20<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Gráfico 1- Valores médios da estatura dos rapazes e<br />
das raparigas em função da idade.<br />
Gráfico 2- Valores médios da massa corporal dos<br />
rapazes e das raparigas em função da idade.<br />
69
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Analisando os valores médios da estatura verifica-se um aumento médio de 4,5 cm ao ano nas<br />
raparigas e 4,8cm nos rapazes. A curva de crescimento médio dos rapazes é bastante mais<br />
linear em função da idade, já nas raparigas essa curva vai oscilando ligeiramente (Gráfico 1).<br />
As meninas do concelho de Mira apresentam uma estatura média ligeiramente inferior em<br />
relação à dos meninos. Essa diferença cifra-se à volta de 1 cm até aos 8 anos, aumentando aos<br />
9 anos para 4cm e reduzindo essa diferença média para 2cm aos 10 anos de idade. O desvio<br />
padrão nas raparigas vai aumentando em função da idade, diminuindo apenas dos 9 para os 10<br />
anos. No caso dos rapazes existe uma maior oscilação em termos de desvio padrão.<br />
Relativamente aos valores da massa corporal estes variam entre o mínimo 17,1kg, observado<br />
aos 6 e 7 anos no grupo masculino e o máximo de 70,7kg observado aos 10 anos nas<br />
raparigas. Os valores médios são muito próximos nos dois grupos de género, mas com valores<br />
ligeiramente superiores no grupo feminino. Aos 9 anos inverte-se a tendência, verificando-se<br />
no grupo masculino uma média que supera a média feminina em 4kg. Em média os meninos e<br />
as meninas aos 6 anos pesam 23kg, aos 7 anos 25,5kg, aos 8 anos as raparigas pesam 31,7kg<br />
os rapazes apenas 29,3kg, aos 9 anos a raparigas 30,7kg e os rapazes 34,6kg e aos 10 anos as<br />
raparigas 39,8kg e os rapazes 38,5kg. Podemos constatar (Gráfico 2) que no género masculino<br />
o aumento da massa corporal é mais ou menos constante, enquanto no género feminino existe<br />
um aumento até aos 8 anos, seguido de um ligeiro decréscimo aos nove, para depois existir<br />
um aumento elevado dessa mesma massa corporal aos 10 anos. No percentil 50º verifica-se<br />
precisamente o inverso do que acontece com os valores médios, quando comparados entre<br />
géneros, ou seja os rapazes são sempre mais pesados exceto aos 9 anos de idade. Quanto ao<br />
registo dos mínimos e máximos obtidos observa-se uma amplitude que varia entre os 13 e os<br />
47 kg.<br />
4.1.2- IMC<br />
O IMC é um indicador amplamente utilizado na avaliação do estatuto ponderal dos indivíduos<br />
e populações, sendo mesmo utilizado pelas organizações internacionais mais credíveis<br />
Organização Mundial de Saúde, Center for Disease Control e International Obesity Task<br />
Force, no âmbito do estudo e recomendações sobre subnutrição, excesso de peso e obesidade.<br />
70
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 6- Valores de IMC em função da idade e género.<br />
IMC (Peso (kg) /Altura² (m))<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 16,568 16,376 17,347 16,852 18,890 17,334 17,762 18,847 19,988 18,869 17,981<br />
SD ±1,921 ±1,755 ±2,633 ±1,843 ±3,936 ±2,307 ±1,894 ±3,404 ±4,335 ±3,431 ±3,097<br />
Mínimo 13,9 13,3 13,4 14,5 13,9 14,2 15,0 14,0 14,8 13,6 13,3<br />
Máximo 21,9 19,5 24,5 23,8 32,5 23,6 23,1 26,4 30,6 29,2 32,5<br />
5 13,960 13,300 13,970 14,935 14,210 14,360 15,200 14,280 14,825 13,905 14,400<br />
10 14,390 13,540 14,280 15,070 15,240 14,780 15,400 14,580 15,050 15,150 14,900<br />
20 14,860 14,860 15,080 15,300 15,920 15,180 15,900 15,700 15,500 15,860 15,500<br />
30 14,990 15,680 15,640 15,610 16,360 15,940 16,900 16,300 17,250 16,600 16,100<br />
40 15,560 16,000 16,360 15,960 17,060 16,440 17,400 16,820 18,000 17,500 16,600<br />
50 16,450 16,200 16,500 16,500 17,500 16,700 17,700 18,100 18,350 18,250 17,200<br />
60 17,100 16,540 17,040 17,020 18,320 17,500 17,900 19,440 20,700 19,080 17,820<br />
70 17,720 17,040 18,690 17,300 20,080 17,920 18,400 21,020 22,350 20,320 18,740<br />
80 18,200 18,240 20,220 18,060 22,360 19,180 18,700 22,340 23,500 21,420 20,260<br />
85 18,500 18,780 20,815 18,695 23,300 19,820 19,050 23,100 25,350 22,865 21,170<br />
90 18,710 19,260 21,070 19,330 25,360 20,640 20,100 24,040 26,800 23,660 22,700<br />
95 21,435 - 22,410 20,800 25,800 23,360 22,900 24,480 29,975 26,160 23,990<br />
100<br />
80<br />
4,5<br />
Raparigas (%) Rapazes (%)<br />
3,5<br />
7,9<br />
19,5<br />
16,7<br />
0 4,3<br />
14,3<br />
36,2<br />
23,8<br />
60<br />
40<br />
54,6<br />
55,3<br />
56,1<br />
72,4<br />
62,5<br />
88,2<br />
93,5 68,6<br />
53,2<br />
66,7<br />
20<br />
0<br />
40,9 36,8<br />
24,4 24,1 20,8<br />
11,8<br />
17,1<br />
10,6 9,5<br />
2,2<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Abaixo da ZSAF Zona Sudável Acima da ZSAF<br />
Gráfico 3- Distribuição da percentagem de indivíduos em relação ao IMC, que se encontram Abaixo da ZSAF,<br />
na Zona Saudável e Acima da ZSAF, em função da idade e género.<br />
No que toca ao IMC, os valores médios apresentados pelas raparigas são superiores ao dos<br />
rapazes com exceção dos 9 anos de idade, muito devido à diminuição da massa corporal das<br />
raparigas nesta idade. A média do IMC, entre raparigas aumenta ao longo da idade cerca de<br />
3,4 kg/m² entre os 6 e os 10 anos de idade. Nos rapazes esse aumento é inferior, ficando<br />
apenas por 2,5 kg/m². No IMC as meninas possuem valores médios superiores aos 6,7,8 e 10<br />
anos de idade. Aos 9 anos o valor médio das meninas é inferior aos dos meninos.<br />
Tendo em conta as categorias e pontos de corte estabelecidos no FITNESSGRAM,<br />
designados como valores abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física (ZSAF), valores de<br />
71
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
ZSAF e valores acima da ZSAF, no grupo feminino destacam-se as elevadas percentagens de<br />
meninas com IMC inferiores à ZSAF, principalmente aos 6 anos em que os valores atingem<br />
os 41% e aos 7 anos, 37%. Há falta de dados normativos comparáveis não são claras as razões<br />
das elevadas percentagens registadas, que tanto podem refletir um baixo peso ou uma estatura<br />
elevada das meninas de Mira, comparadas com as meninas das amostras a partir das quais se<br />
estabeleceram os pontos de corte propostos pelo FITNESSGRAM. Nos rapazes destacam-se<br />
as elevadas percentagens de indivíduos na ZSAF, com exceção dos 9 anos, onde se observa<br />
uma ligeira subida de indivíduos com IMC superior à ZSAF, resultado concordante com o<br />
engordamento natural, normalmente associado ao mínimo de velocidade de crescimento em<br />
altura que antecede o salto pubertário.<br />
Tabela 7- Comparação dos valores de corte de IMC definidos por Cole et al. (2000) para o sobrepeso e<br />
obesidade com os P85 e P95 da amostra e percentagem de sobrepeso e obesidade, em função da idade e género.<br />
Sobrepeso (P≥85 - P
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
No grupo feminino, o período de engordamento normal observa-se aos 8 anos e é<br />
identificado com um valor de obesidade com prevalência de 22%. Este período de<br />
engordamento parece iniciar-se já aos 7 anos com prevalência de obesidade de 16%. O<br />
aumento de velocidade de crescimento em altura associado a uma fase de emagrecimento<br />
parece suceder nas meninas aos 9 anos, onde a prevalência de obesidade se situa nos 3%, aos<br />
10 anos verifica-se novo incremento no engordamento situando-se a prevalência de obesidade<br />
(IMC) nos 17%.<br />
4.1.3- Pregas adiposas subcutâneas<br />
No nosso estudo analisámos três pregas distribuídas por três regiões corporais: membros<br />
superiores (prega tricipital), tronco (prega subescapular) e membros inferiores (prega<br />
geminal). A partir da medição das pregas adiposas avaliámos a %MG e as características de<br />
distribuição da massa adiposa corporal pelas diferentes regiões corporais. A prega tricipital é<br />
usualmente considerada como aquela que mais se correlaciona com o nível de adiposidade<br />
corporal (FITNESSGRAM, 2002).<br />
Tabela 8- Pregas adiposas subcutâneas (tricipital, subescapular e geminal), valores médios, desvio padrão,<br />
mínimos e máximos.<br />
Pregas (mm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Tricipital<br />
N 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 9,82 8,88 11,89 10,41 13,71 11,86 12,59 13,06 14,92 14,52 12,38<br />
SD ±2,403 ±3,120 ±3,278 ±3,703 ±4,734 ±5,579 ±3,157 ±6,012 ±5,274 ±5,769 ±4,906<br />
Mínimo 5 5 6 5 6 5 4 5 9 6 4<br />
Máximo 13 19 19 19 24 31 18 35 25 25 35<br />
Subescapular<br />
Média 6,32 5,41 7,26 5,76 9,15 6,49 8,07 8,96 11,46 10,38 8,04<br />
SD ±2,102 ±2,320 ±2,873 ±2,057 ±4,564 ±2,661 ±3,443 ±5,361 ±6,050 ±7,275 ±4,710<br />
Mínimo 4 4 4 3 3 3 5 4 5 4 3<br />
Máximo 13 13 14 14 20 14 21 27 27 30 30<br />
Geminal<br />
Média 11,73 10,35 13,87 12,07 15,17 13,06 15,14 14,09 16,83 16,67 14,09<br />
SD ±3,820 ±3,774 ±4,856 ±4,800 ±5,518 ±6,097 ±3,866 ±5,926 ±6,197 ±7,066 ±5,696<br />
Mínimo 7 6 5 4 5 4 8 6 10 6 4<br />
Máximo 21 20 30 28 27 31 29 29 37 39 39<br />
73
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
Pregas Adiposas Subcutâneas- Masculino e Feminino (mm)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Tricipital♂<br />
Subescapular ♂<br />
Geminal ♂<br />
Tricipital ♀<br />
Subescapular ♀<br />
Geminal ♀<br />
Gráfico 4- Distribuição dos valores médios das pregas (tricipital, subescapular e geminal) por idade e género.<br />
As pregas adiposas tricipital, subescapular e geminal apresentam uma variação positiva em<br />
função da idade, com exceção das raparigas aos 9 anos de idade, em que se verificou<br />
precisamente o contrário, houve uma diminuição dos 8 para os 9 anos, no mesmo sentido do<br />
ocorrido com a massa corporal. As diferenças de crescimento observadas em ambos os<br />
géneros, situam-se em média abaixo dos 2mm ao ano para a prega tricipital, e 3mm ao ano<br />
para a prega subescapular e geminal. As amplitudes resultantes dos valores máximos e<br />
mínimos situam-se entre os 8 e os 33mm, sendo maiores nas idades mais avançadas. Também<br />
podemos verificar (Gráfico 4) que aos 8 anos existe uma maior diferença entre as raparigas e<br />
os rapazes, período esse de maior engordamento nas raparigas, sendo também evidente nos<br />
valores de massa corporal referidos anteriormente.<br />
Ao nível da região corporal dos MI os valores médios da prega geminal são superiores nas<br />
raparigas e esse fenómeno é normalmente associado aos estrogénios que promove um maior<br />
crescimento dos adipócitos dos MI (coxa e perna), que parece ser contraditado, porque aos 10<br />
anos em que para algumas meninas já está presente também o efeito da progesterona e em que<br />
a diferença entre meninas e meninos deveria ser mais acentuada, verifica-se uma grande<br />
proximidade dos resultados observados nas meninas e nos meninos, em que as pregas têm<br />
cerca de 16mm.<br />
Para melhor enquadrar as medidas obtidas num estudo é importante reconhecer a posição<br />
percentílica de uma criança, constituindo informação fundamental para a avaliação do seu<br />
desenvolvimento morfológico. Como tal, na Tabela 9 apresentamos os valores dos percentis<br />
referentes às pregas adiposas.<br />
74
Percentil<br />
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 9- Valores percentílicos das pregas (tricipital, subescapular e geminal).<br />
Pregas (mm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Tricipital<br />
10 6,30 5,80 7,00 6,00 8,20 6,60 9,00 7,00 9,50 7,00 7,00<br />
20 7,00 6,60 8,00 7,00 10,00 8,00 10,00 8,00 10,00 8,60 8,00<br />
30 8,00 7,00 9,70 8,00 11,00 9,00 11,00 9,00 11,00 10,00 9,00<br />
40 10,00 8,00 11,60 8,80 12,00 9,40 12,00 10,00 12,00 13,00 10,80<br />
50 10,00 9,00 12,00 9,00 12,00 11,00 13,00 12,00 12,50 14,50 11,00<br />
60 11,00 9,00 12,40 11,00 13,20 11,00 13,00 13,80 14,00 15,80 13,00<br />
70 11,00 10,00 14,00 12,90 16,00 12,20 14,00 16,00 19,00 18,00 14,00<br />
80 12,40 10,00 15,00 14,60 19,00 13,80 14,00 18,00 21,00 18,40 16,00<br />
90 13,00 12,60 16,00 16,00 21,60 20,00 18,00 21,20 24,00 24,00 19,00<br />
Subescapular<br />
10 4,00 4,00 5,00 4,00 5,00 4,00 5,00 4,00 5,00 4,30 4,00<br />
20 4,00 4,00 5,00 4,00 5,00 4,20 6,00 5,00 6,00 5,00 5,00<br />
30 5,00 4,00 5,00 5,00 6,00 5,00 6,00 5,00 6,50 5,00 5,00<br />
40 6,00 4,20 6,00 5,00 6,00 5,40 7,00 6,00 7,00 6,00 6,00<br />
50 6,00 5,00 6,00 5,00 8,00 6,00 7,00 7,00 10,00 7,00 6,00<br />
60 7,00 5,00 7,00 6,00 9,00 6,00 8,00 9,00 14,00 8,80 7,00<br />
70 7,00 5,00 7,30 6,00 10,40 6,20 8,00 10,60 14,50 11,20 8,00<br />
80 7,40 6,00 9,20 7,00 13,20 8,00 10,00 13,00 16,00 16,40 11,00<br />
90 8,70 9,80 13,00 8,30 17,00 11,40 12,00 19,20 20,00 23,00 14,00<br />
Geminal<br />
10 7,30 6,00 9,00 7,00 8,00 6,60 10,00 7,00 10,50 7,30 7,00<br />
20 8,00 7,60 9,80 7,00 10,00 7,20 13,00 8,00 11,00 9,00 9,00<br />
30 9,00 8,40 11,00 8,00 11,60 9,00 13,00 10,00 13,00 11,90 10,00<br />
40 10,00 9,00 12,00 10,80 13,00 10,80 15,00 11,00 15,00 16,20 12,00<br />
50 12,00 10,00 14,00 12,00 15,00 13,00 15,00 14,00 15,00 17,50 14,00<br />
60 12,00 10,00 14,40 13,00 17,00 14,00 15,00 15,00 17,00 18,00 15,00<br />
70 12,10 10,60 15,00 14,00 17,80 15,00 17,00 17,60 18,50 20,00 16,00<br />
80 15,00 12,40 16,20 15,60 20,00 16,60 18,00 19,40 22,00 22,40 19,00<br />
90 18,80 18,40 20,20 17,90 23,80 22,60 19,00 23,20 24,50 25,00 21,00<br />
4.1.4- Percentagem de massa gorda<br />
O indicador de composição corporal utilizado no estudo foi o valor de percentagem de massa<br />
gorda, calculado através da fórmula de Slaughter et al. (1988) - (Masculino %MG=<br />
0,735(Tricipital + Geminal) + 1,0 ; Feminino %MG = 0,610 (Tricipital + Geminal) + 5,1)),<br />
para a qual contribuem os tamanhos da pregas adiposas subcutâneas tricipital e geminal. Este<br />
valor, apesar da margem de erro que lhe está associado, permite avaliar com muito maior<br />
profundidade e rigor, do que acontece com o IMC, as situações de desnutrição, sobrepeso e<br />
obesidade.<br />
A percentagem de massa adiposa para os dois grupos de género aos 6 anos é de cerca de 17%<br />
da massa total, aos 9 anos 21% e aos 10 anos 24%. Já aos 7 anos, existe alguma diferença<br />
entre géneros, pois em média as meninas têm cerca de 19% de massa adiposa e os meninos<br />
18%. Aos 8 anos as meninas apresentam 22% e os meninos 20% de massa adiposa.<br />
75
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 10- Valores de percentagem de massa gorda em função da idade e género.<br />
Massa Gorda (%)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 16,836 16,847 19,926 18,809 22,222 20,306 21,531 21,662 24,350 24,131 20,943<br />
SD ±3,980 ±3,787 ±5,351 ±4,434 ±7,009 ±6,846 ±4,608 ±7,019 ±7,984 ±7,437 ±6,505<br />
Mínimo 11,3 12,4 10,6 10,6 9,8 10,6 9,8 11,8 16,4 12,4 9,8<br />
Máximo 26,0 28,9 34,1 30,1 36,3 40,5 34,8 44,1 46,6 42,3 46,6<br />
5 11,300 12,400 12,690 13,000 10,670 12,040 12,750 12,880 16,400 13,090 12,800<br />
10 11,510 12,880 14,130 13,420 12,940 14,020 15,700 13,600 16,800 14,480 13,600<br />
20 13,220 14,660 14,200 14,540 15,980 15,020 17,200 14,660 17,200 16,460 15,000<br />
30 14,130 14,900 17,240 14,900 17,620 16,100 20,100 16,340 18,300 18,440 16,700<br />
40 15,140 16,100 18,600 17,900 20,100 18,140 20,100 18,620 20,100 22,320 18,500<br />
50 16,800 16,100 19,400 19,100 20,800 19,100 21,600 19,700 22,350 24,600 19,700<br />
60 17,900 16,100 20,800 19,700 22,600 20,120 22,300 22,800 23,800 26,360 21,120<br />
70 18,680 17,060 21,600 20,400 26,280 21,600 24,500 25,980 26,750 27,160 23,220<br />
80 19,400 18,380 24,500 23,160 29,800 22,680 25,300 28,780 32,600 30,580 26,000<br />
85 20,995 19,850 26,330 24,000 31,660 26,220 25,300 29,980 33,850 32,345 27,640<br />
90 23,350 23,060 28,900 24,780 32,600 31,820 26,700 30,340 36,650 35,060 30,100<br />
95 25,670 - 29,920 26,645 33,300 38,500 30,750 32,800 44,400 37,640 33,300<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0<br />
50<br />
Raparigas (%) Rapazes (%)<br />
3,4<br />
5,9<br />
2,6<br />
8,7<br />
12,2<br />
20,8<br />
17,1<br />
31,9<br />
47,6<br />
68,4<br />
65,9 82,8<br />
70,8<br />
94,1 91,3<br />
82,9<br />
68,1<br />
50<br />
52,4<br />
28,9<br />
21,9<br />
13,8<br />
8,3<br />
0 0 0 0 0<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Abaixo da ZSAF Zona Sudável Acima da ZSAF<br />
Gráfico 5- Percentagem de raparigas e rapazes que se encontram abaixo da ZSAF, na Zona Saudável e acima da<br />
ZSAF, em relação à %MG.<br />
Partindo da análise da ZSAF do FITNESSGRAM relativamente à %MG, observamos que a<br />
maioria da nossa amostra (72,1%) se encontra na ZSAF, 10,9% estão abaixo dessa zona e<br />
17% estão acima. No caso das raparigas podemos verificar (Gráfico 5) estas necessitam de<br />
engordar, pois os valores abaixo da ZSAF são de 50% aos 6 anos, 29% aos 7 anos, 22% aos 8<br />
anos, 14% aos 9 anos e 8% aos 10, contudo nesta idade o valor acima da ZSAF é de 21%. Já<br />
nos rapazes, a percentagem que se encontra acima da ZSAF aumenta consideravelmente com<br />
a idade. Podemos verificar que na faixa etária dos 9 e 10 anos de idade a percentagem acima<br />
da ZSAF é de 32% e 48% respetivamente<br />
76
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 11- Distribuição dos valores de percentagem de massa gorda, em função da idade e género.<br />
Classificação<br />
Feminino<br />
Masculino<br />
Valor n % Valor n %<br />
Excessivamente baixa Até 12% 7 4,5 Até 6% 0 0<br />
Baixa 12,01 a 15% 20 13,0 6,01 a 10% 0 0<br />
Adequada 15,01 a 25% 91 59,1 10,01 a 20% 104 55,6<br />
Moderadamente alta 25,01 a 30% 21 13,6 20,01 a 25% 37 19,8<br />
Alta 30,01 a 36% 12 7,8 25,01 a 31% 31 16,6<br />
Excessivamente alta >que 36,01% 3 2,0 >que 31,01% 15 8,0<br />
Fonte: Deurenberg, P; Pieters, J. & Hautuast, J. (1990) apud Fernandes Filho (1999)<br />
Analisando os valores da %MG a partir dos cortes criteriais excessivamente baixa, baixa,<br />
adequada, moderadamente alta, alta e excessivamente alta, definidos por Deurenberg, P;<br />
Pieters, J. & Hautuast, J. (1990), podemos verificar que apenas no grupo feminino existem<br />
valores de %MG nos cortes excessivamente baixa e baixa (n=27), tal como acontecia nos<br />
valores criteriais do FITNESSGRAM, contudo o número total de raparigas abaixo da ZSAF<br />
foi superior (n=37). No grupo masculino observam-se valores mais elevados na %MG alta<br />
(n=31) e excessivamente alta (n=15). Comparando os valores destes dois cortes com os<br />
valores acima da ZSAF do FITNESSGRAM o número de rapazes é precisamente igual<br />
(n=46). Em ambos os géneros mais de metade da amostra encontra-se com uma classificação<br />
adequada (59% dos raparigas e 56% dos rapazes). Se juntarmos à classificação adequada a<br />
moderadamente alta os valores abrangem 73% das raparigas e 75% dos rapazes, percentagens<br />
essas muito próximas das da ZSAF do FITNESSGRAM.<br />
25<br />
Raparigas<br />
24,35<br />
Rapazes<br />
24,13<br />
23<br />
21<br />
19<br />
17<br />
15<br />
22,22<br />
21,53<br />
21,66<br />
19,92<br />
20,3<br />
18,8<br />
19,98<br />
16,83<br />
18,89<br />
16,84<br />
18,84 18,86<br />
17,76<br />
17,34<br />
16,56<br />
16,37<br />
16,85<br />
17,33<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
IMC %MG<br />
Gráfico 6- Comparação dos valores médios de IMC e %MG em função da idade e género.<br />
Apesar das unidades de medida serem diferentes, fizemos uma comparação dos valores<br />
médios de IMC e %MG e podemos verificar (Gráfico 6) que existe alguma discrepância<br />
nesses valores. Aos 6 anos de idade esses valores médios são próximos, mas com o aumentar<br />
da idade os valores vão-se afastando, com um nítido aumento da %MG.<br />
77
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
4.1.5- Perímetros braquial, abdominal e geminal<br />
Foram selecionadas para este estudo as medições dos perímetros (braquial, abdominal e<br />
geminal) permitindo assim, apresentar medidas de crescimento e caracterizar as dimensões<br />
dos membros superiores, tronco e membros inferiores.<br />
Tabela 12- Perímetros (braquial, abdominal e geminal), valores médios, desvio padrão, mínimos e máximos.<br />
Perímetros (mm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Braquial<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 18,14 17,76 19,05 18,54 20,78 19,40 20,14 20,91 22,04 21,29 19,94<br />
SD ±1,642 ±1,602 ±2,053 ±2,105 ±3,388 ±2,366 ±2,295 ±3,463 ±3,290 ±3,157 ±2,969<br />
Mínimo 16 15 16 16 16 16 16 16 17 16 15<br />
Máximo 22 21 24 26 30 25 27 30 28 30 30<br />
Abdominal<br />
Média 57,59 58,29 59,84 58,89 65,10 61,97 62,66 66,30 69,25 67,88 63,12<br />
SD ±5,957 ±5,452 ±6,586 ±5,579 ±9,476 ±7,552 ±6,195 ±9,255 ±10,633 ±9,729 ±8,760<br />
Mínimo 50 53 50 50 51 50 54 52 55 56 50<br />
Máximo 72 74 79 83 87 80 79 85 93 95 95<br />
Geminal<br />
Média 24,64 24,88 25,79 25,83 27,76 27,26 28,21 28,68 30,29 29,95 27,50<br />
SD ±2,381 ±2,342 ±2,418 ±2,214 ±3,707 ±2,994 ±2,455 ±3,324 ±3,355 ±3,268 ±3,401<br />
Mínimo 22 21 19 22 21 23 24 24 26 24 19<br />
Máximo 32 31 31 33 36 35 37 36 40 37 40<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Perímetros- Masculino e Feminino (cm)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Braquial ♂<br />
Abdominal ♂<br />
Geminal ♂<br />
Braquial ♀<br />
Abdominal ♀<br />
Geminal ♀<br />
Gráfico 7- Distribuição dos valores médios dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) por idade e género.<br />
Numa apreciação geral (Gráfico 7) verifica-se uma grande semelhança entre grupos de género<br />
relativamente aos valores médios dos perímetros, principalmente no braquial e geminal.<br />
78
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Relativamente ao perímetro braquial observa-se tal como na prega adiposa correspondente<br />
(prega tricipital) um ligeiro e normal aumento do valor médio em função da idade. Aos 6 anos<br />
o perímetro branquial dos rapazes e raparigas tem um valor médio de 18cm e aos 10 anos é de<br />
22cm para as raparigas e de 21cm para os rapazes. O aumento de 3cm nos rapazes e 4cm nas<br />
raparigas reflete o aumento da massa adiposa observada na avaliação da prega tricipital, pelo<br />
que aos 10 anos já se nota nas raparigas a influência do efeito do dimorfismo sexual<br />
induzindo o aumento do tecido adiposo nas raparigas, mas ainda não se faz sentir no braço o<br />
efeito do dimorfismo sexual dos rapazes representado pelo aumento da massa muscular,<br />
induzido pelo aumento de produção de testosterona. Os valores médios do perímetro<br />
abdominal variam entre 58cm aos 6 anos e 68 e 69cm aos 10 anos. Em 4 anos o perímetro<br />
abdominal aumentou em média 2,5cm ao ano, num total de 10cm. Como as pregas adiposas<br />
aumentaram apenas alguns milímetros, este aumento deve ser atribuído ao aumento da<br />
adiposidade interna, aumento do tamanho dos órgãos e aumento da massa muscular. No<br />
perímetro geminal também se observa uma grande proximidade nos valores médios dos<br />
grupos de género. Entre os 6 anos e os 10 anos verifica-se um aumento gradual que vai dos<br />
25cm aos 6 anos até aos 30cm aos 10 anos. Atendendo a que há alguma diferença entre<br />
tamanho médio das pregas geminal entre grupo de género nas idades 6-8 anos, em que as<br />
raparigas superam os rapazes em quase 20% no tamanho da prega, a igualdade entre<br />
perímetros pode significar que nestas idades ou a estrutura óssea ou a estrutura muscular, ou<br />
ambas, são mais volumosas no grupo masculino. Nos 9-10 anos há uma grande proximidade<br />
entre rapazes e raparigas tanto nas pregas como nos perímetros.<br />
Tabela 13- Valores percentílicos dos perímetros (braquial, abdominal e geminal).<br />
Perímetros (cm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Braquial<br />
10 16,00 15,80 16,90 16,00 17,00 16,60 18,00 17,00 18,00 18,00 17,00<br />
20 16,60 17,00 17,00 17,00 18,00 17,00 18,00 17,60 19,00 18,60 17,00<br />
30 17,00 17,00 18,00 17,00 18,00 18,00 19,00 18,00 19,50 19,00 18,00<br />
40 17,20 17,00 18,00 18,00 19,00 18,40 19,00 19,00 20,00 20,00 19,00<br />
50 18,00 17,00 18,50 18,00 20,00 19,00 20,00 20,00 21,50 21,00 19,00<br />
60 18,80 17,80 19,00 18,00 21,00 19,60 20,00 22,00 23,00 21,80 20,00<br />
70 19,00 18,60 20,00 19,00 22,40 20,20 21,00 23,60 24,00 23,00 21,00<br />
80 20,00 19,00 21,00 20,00 23,00 22,00 22,00 24,00 25,00 24,00 22,00<br />
90 20,00 21,00 22,10 21,30 25,00 22,80 23,00 26,00 27,50 26,00 24,00<br />
Abdominal<br />
10 50,30 53,00 53,00 53,40 54,20 53,60 57,00 55,60 57,00 58,00 54,00<br />
20 51,60 54,00 54,00 55,40 56,40 56,00 57,00 57,00 60,00 60,00 56,00<br />
30 53,80 55,00 55,00 56,00 58,60 58,00 59,00 60,00 60,50 61,00 58,00<br />
40 55,00 55,20 57,00 57,00 60,00 58,00 60,00 61,00 62,00 62,20 59,00<br />
50 57,50 57,00 58,00 58,00 64,00 59,00 62,00 65,00 67,00 65,50 60,00<br />
60 59,00 58,00 59,00 60,00 65,20 61,60 63,00 68,00 71,00 68,00 63,00<br />
70 60,00 60,00 63,60 61,00 70,80 66,00 64,00 70,60 76,50 72,00 66,00<br />
80 61,60 61,00 67,20 62,00 73,60 70,00 66,00 74,80 78,00 75,80 70,00<br />
90 67,50 68,40 70,00 64,00 80,00 75,00 75,00 83,00 84,50 80,70 76,00<br />
79
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Geminal<br />
10 22,00 21,80 23,90 23,70 23,00 23,00 26,00 25,00 26,50 26,00 24,00<br />
20 23,00 23,00 24,00 24,00 24,00 24,20 26,00 25,60 27,00 27,00 25,00<br />
30 23,00 24,00 24,70 24,00 25,60 25,00 27,00 26,00 28,00 28,00 25,00<br />
40 24,00 24,00 25,00 25,00 27,00 26,40 28,00 27,00 29,00 29,00 26,00<br />
50 24,00 24,00 25,00 25,50 27,00 27,00 28,00 28,00 30,00 30,00 27,00<br />
60 25,00 25,00 26,00 26,00 28,20 28,00 28,00 29,00 31,00 30,00 28,00<br />
70 25,00 26,00 26,00 27,00 29,40 28,20 29,00 30,00 32,00 31,00 29,00<br />
80 26,00 27,00 28,00 27,60 31,00 29,80 29,00 32,40 32,00 32,00 30,00<br />
90 28,40 27,80 30,00 29,00 33,80 31,00 32,00 34,00 35,00 35,70 32,00<br />
4.1.6- Comparação dos resultados das variáveis antropométricas com<br />
outros estudos<br />
De entre os vários estudos disponíveis com amostras comparáveis com as do nosso estudo,<br />
selecionámos os estudos de: Fragoso & Vieira (1991 e 2001); Pereira (2000); Freitas (2001);<br />
Maia & Lopes (2002) e Padez et al. (2004), que nos permitem situar a nossa amostra no<br />
contexto nacional.<br />
Tabela 14- Comparação dos valores médios da estatura, massa corporal e IMC em função da idade e género,<br />
com estudos nacionais de referência realizados a Norte e Sul do Continente e nos Arquipélagos dos Açores e da<br />
Madeira.<br />
Estatura<br />
Massa<br />
Corporal<br />
IMC<br />
Estatura(m) / Massa Corporal(kg) / IMC(Peso (kg) /Altura² (m))/Pregas (mm) Perímetros (cm)<br />
Idade 6 7 8 9 10<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Mira 1,180 1,188 1,215 1,224 1,288 1,298 1,315 1,350 1,405 1,422<br />
Norte1 1,192 1,199 1,255 1,249 1,297 1,310 1,366 1,362 - -<br />
Sul2 1,201 1,201 1,244 1,255 1,307 1,313 1,360 1,361 1,408 1,389<br />
Açores3 1,202 1,203 1,243 1,251 1,299 1,305 1,350 1,353 1,390 1,385<br />
Madeira4 - - - - 1,284 1,297 1,343 1,353 1,382 1,390<br />
Continente5 - - 1,249 1,260 1,294 1,299 1,347 1,353 - -<br />
Mira 23,2 23,2 25,7 25,5 31,7 29,4 30,8 34,6 39,8 38,5<br />
Norte 24,8 24,5 27,4 27,1 29,7 31,8 34,8 34,7 - -<br />
Sul 23,5 23,4 25,5 26,4 29,4 29,5 33,3 32,9 36,1 33,9<br />
Açores 25,0 24,8 27,1 27,5 30,1 30,8 34,5 34,1 36,8 36,0<br />
Madeira - - - - 27,2 27,9 30,7 31,2 33,0 33,5<br />
Continente - - 27,3 27,1 30,3 30,2 33,3 33,9 - -<br />
Mira 16,56 16,37 17,34 16,85 18,89 17,33 17,76 18,84 19,98 18,86<br />
Norte 17,45 17,04 17,40 17,37 17,66 18,53 18,65 18,71 - -<br />
Sul6 16,15 16,05 16,31 16,43 17,12 16,65 17,33 17,37 17,5 17,3<br />
Açores 17,30 16,99 17,40 17,52 17,80 18,05 18,80 18,46 18,9 18,6<br />
Madeira - - - - 16,40 16,50 16,90 16,90 17,20 17,20<br />
Continente - - 17,4 17,0 17,9 17,7 18,2 18,4 - -<br />
Mira 9,82 8,88 11,89 10,41 13,71 11,86 12,59 13,06 14,92 14,52<br />
Sul5 11,9 9,7 11,7 9,9 13,1 11,1 14,3 11,8 13,9 11,5<br />
Mira 6,32 5,41 7,26 5,76 9,15 6,49 8,07 8,96 11,46 10,38<br />
Sul5 - - - - 7,3 6,7 7,6 7,3 8,7 7,2<br />
Mira 18,14 17,76 19,05 18,54 20,78 19,40 20,14 20,91 22,04 21,29<br />
Sul5 19,6 18,8 20,0 19,7 21,0 20,7 22,2 21,5 22,4 21,7<br />
Mira 57,59 58,29 59,84 58,89 65,10 61,97 62,66 66,30 69,25 67,88<br />
Prega<br />
Tricipital<br />
Prega<br />
Subescapular<br />
Perímetro<br />
Braquial<br />
Perímetro<br />
Abdominal Sul5 59,9 58,4 61,3 60,7 64,7 63,3 68,3 66,0 68,7 66,0<br />
Perímetro Mira 24,64 24,88 25,79 25,83 27,76 27,26 28,21 28,68 30,29 29,95<br />
Geminal Sul5 22,6 25,5 23,7 26,6 25,9 28,1 26,4 29,1 27,9 29,3<br />
1- Pereira, A. (2000); 2- Fragoso, I. & Vieira, F. (2001); 3- Maia, J. & Lopes, V. (2002); 4- Freitas, D. (2001); 5 – Padez et al. (2004);<br />
6-Fragoso, I. & Vieira, F. (1991)<br />
80
Perímetros<br />
Pregas<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Comparando os valores médios do nosso estudo com os restantes, podemos verificar que<br />
relativamente à estatura, os valores médios das crianças da nossa amostra são ligeiramente<br />
inferiores nas idades mais baixas, contudo na faixa etária dos 10 anos em ambos os géneros, o<br />
valor médio de estatura consegue praticamente superar todos os outros estudos de referência.<br />
Também nos valores médios de massa corporal a situação é idêntica, os valores da nossa<br />
amostra aos 6 e 7 anos são inferiores em relação a todos os estudos, superando todos<br />
novamente aos 10 anos de idade. Em relação ao IMC os valores médios são os mais reduzidos<br />
na faixa etária dos 6-7 anos, sendo apenas superado pelo estudo efetuado no Sul. Como já<br />
deveria de se esperar, aos 10 anos de idade os valores são novamente os mais elevados. Estes<br />
valores podem-nos indicar que a amostra de estudo, aos 10 anos se encontra numa ligeira<br />
aceleração no processo de maturação, pois os valores médios são relativamente superiores,<br />
existindo um incremento significativo dos 9 para os 10 anos de idade. Esta observação<br />
particular é especialmente interessante sendo importante estudar as consequências deste facto<br />
e os fatores, genéticos ou ambientais que o determinam. Comparando os valores do perímetro<br />
branquial verifica-se que os valores médios da nossa amostra são inferiores aos do estudo de<br />
comparação. Aos 10 anos de idade em ambos os géneros, os valores médios da nossa amostra<br />
apresentam valores superiores em ambas as pregas e perímetros, com a exceção do perímetro<br />
branquial já referido anteriormente.<br />
4.1.7- Correlações entre as variáveis antropométricas<br />
Na Tabela 15 podemos observar a análise correlacional entre as diferentes variáveis<br />
antropométricas.<br />
Tabela 15- Distribuição dos valores de correlação (r de Pearson) entre estatura, massa corporal, pregas adiposas<br />
subcutâneas e perímetros, em função do género.<br />
♀<br />
Massa<br />
Pregas<br />
Perímetros<br />
♂<br />
Estatura<br />
corporal Tricipital Subescapular Geminal Braquial Abdominal Geminal<br />
Estatura 0,766 ** 0,434 ** 0,437 ** 0,392 ** 0,532 ** 0,559 ** 0,663 **<br />
Massa Corporal 0,823 ** 0,685 ** 0,794 ** 0,612 ** 0,759 ** 0,872 ** 0,847 **<br />
Tricipital 0,451 ** 0,717 ** 0,726 ** 0,710 ** 0,652 ** 0,713 ** 0,655 **<br />
Subescapular 0,489 ** 0,747 ** 0,774 ** 0,624 ** 0,683 ** 0,866 ** 0,659 **<br />
Geminal 0,479 ** 0,711 ** 0790 ** 0,712 ** 0,626 ** 0,681 ** 0,602 **<br />
Braquial 0,584 ** 0,874 ** 0,803 ** 0,782 ** 0,793 ** 0,802 ** 0,678 **<br />
Abdominal 0,604 ** 0,876 ** 0,765 ** 0,795 ** 0,772 ** 0,908 ** 0,778 **<br />
Geminal 0,715 ** 0,912 ** 0,741 ** 0,757 ** 0,762 ** 0,883 ** 0,874 **<br />
* (P ≤ 0,05) * * (P ≤ 0,01)<br />
81
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Analisando os resultados obtidos pela correlação de Pearson relativamente à estatura, massa<br />
corporal, pregas adiposas e perímetros, obtemos os seguintes resultados:<br />
Tanto nas raparigas como nos rapazes, as pregas adiposas e os perímetros tem uma maior<br />
correlação com a massa corporal do que com a estatura, sendo esta relação mais elevada<br />
relativamente aos perímetros.<br />
Nas raparigas, em relação à massa corporal, o perímetro abdominal parece ser a variável mais<br />
relacionada (0,872), já quanto às pregas adiposas, o estudo indica que é a prega subescapular<br />
que apresenta a correlação mais elevada (0,794). Quanto à estatura no grupo feminino, esta<br />
tem as correlações mais elevadas com a massa corporal. Com as pregas adiposas as<br />
correlações mais elevadas verificam-se com as pregas tricipital e subescapular. As correlações<br />
com os perímetros superam os resultados das correlações com as pregas, sendo a correlação<br />
mais elevada com o perímetro geminal. Nos rapazes, o perímetro geminal (0,912) e o<br />
abdominal (0,876) são aqueles que apresentam correlações mais elevadas relativamente à<br />
massa corporal. No que se refere às pregas, estas apontam para uma correlação mais elevada<br />
com a prega subescapular (0,747). Quanto à estatura, também tem as correlações mais<br />
elevadas com a massa corporal como nas raparigas. Estes resultados mostram existir poucas<br />
diferenças entre rapazes e raparigas quanto às variáveis que mais se correlacionam.<br />
82
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
4.2- Variáveis de aptidão física<br />
O desempenho físico-motor observado nos testes é importante para a condução do ensinoaprendizagem<br />
nas aulas de Educação Física. Assim, os valores que de seguida iremos<br />
apresentar são um importante instrumento de apoio para a análise e avaliação dos alunos na<br />
disciplina de Educação Física.<br />
4.2.1- Coordenação motora<br />
O teste escolhido põe à prova a capacidade de coordenação óculo-segmentar e dos membros<br />
superiores, necessário para o lançamento e receção de uma bola e a agilidade associada ao<br />
deslocamento e mudança de direção. Estas atividades estão presentes em jogos tradicionais<br />
praticados por meninas e meninos como por exemplo o “jogo do sete” ou a “bola à parede”.<br />
Tabela 16- Distribuição dos valores do teste de coordenação motora, em função da idade e género.<br />
Coordenação - Ria ( nº de transposições)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 3,77 5,71 5,68 8,76 8,66 12,54 11,07 14,09 11,54 16,17 10,31<br />
SD ±2,827 ±3,584 ±5,057 ±4,532 ±6,324 ±5,398 ±6,617 ±7,147 ±6,093 ±6,945 ±6,878<br />
Mínimo 1 2 1 2 1 4 2 2 3 3 1<br />
Máximo 11 14 25 23 22 25 29 32 31 33 33<br />
10 1,00 2,00 1,00 4,00 1,20 5,60 3,00 5,00 5,00 6,30 2,00<br />
20 1,00 3,00 1,00 5,00 3,00 7,00 4,00 7,60 6,00 11,60 4,00<br />
30 1,90 3,00 2,00 6,00 4,60 9,80 5,00 10,00 8,00 12,90 6,00<br />
40 2,00 3,20 3,60 7,00 5,00 11,00 10,00 12,00 9,00 14,00 7,00<br />
50 2,50 4,00 4,50 8,00 6,90 13,00 12,00 14,00 10,50 15,50 9,00<br />
60 4,00 6,00 6,40 9,00 10,00 14,00 13,00 16,00 11,00 17,00 11,00<br />
70 6,00 6,60 8,00 10,00 12,00 14,20 14,00 17,00 14,00 18,10 14,00<br />
80 7,00 10,00 8,20 11,00 13,60 16,80 16,00 18,00 17,00 22,00 16,00<br />
90 7,00 11,60 11,00 15,30 19,80 21,20 20,00 25,20 19,00 27,40 19,00<br />
Ao nível da coordenação motora os valores médios em ambos os géneros aumentam de uma<br />
forma progressiva. Os valores médios dos rapazes são superiores aos das raparigas (dentro da<br />
mesma faixa etária) verificando-se uma diferença entre 2 a 4 transposições em média. Pela<br />
supremacia dos rapazes, no número médio de transposições, o teste proposto demostra que<br />
nestas idades, existe um maior desenvolvimento da coordenação motora no género masculino.<br />
Tanto no grupo dos rapazes como no grupo das raparigas existe uma grande amplitude entre<br />
os valores máximos e mínimos, pelo que parece ser particularmente importante propor<br />
sessões de treino suplementar para as crianças com baixo resultado no teste de coordenação.<br />
83
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
4.2.2- Flexibilidade<br />
A avaliação da flexibilidade compreendeu a aplicação de 2 testes. A flexibilidade do tronco,<br />
(Teste do senta e alcança adaptado) e a flexibilidade dos membros inferiores (MI) (Teste de<br />
amplitude de afastamento dos MI). Na flexibilidade do tronco (Teste do senta e alcança -<br />
adaptado) foram realizadas duas medições (1.“encostado” - resultado obtido com as costas<br />
encostadas à parede; 2. “senta e alcança” - resultado obtido após a flexão do tronco),<br />
posteriormente fez-se a diferença entre os resultados obtidos nessas duas medições. A<br />
justificação para tal escolha, prendeu-se com a tentativa de descrever apenas a flexibilidade<br />
propriamente dita, minimizando desta forma as variáveis de crescimento morfológico<br />
intervenientes neste processo (crescimento dos membros e do tronco).<br />
Tabela 17- Distribuição dos valores alcançados no teste de senta e alcança adaptado, em função da idade e<br />
género.<br />
Senta e Alcança – Adaptado (cm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Encostado<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média -14,09 -13,88 -16,18 -15,72 -16,20 -16,80 -16,86 -17,49 -18,04 -18,36 -16,57<br />
SD ±2,741 ±1,495 ±3,187 ±3,384 ±3,393 ±2,644 ±4,086 ±2,881 ±3,381 ±4,107 ±3,481<br />
Mínimo -21 -17 -23 -25 -25 -23 -28 -24 -29 -29 -29<br />
Máximo -10 -11 -9 -10 -11 -13 -11 -11 -12 -11 -9<br />
Senta e Alcança<br />
Média 2,32 4,06 2,21 1,70 2,85 3,83 1,69 1,87 0,42 -0,12 1,98<br />
SD ±4,325 3,976 ±5,251 ±4,427 ±4,391 ±4,442 ±6,030 ±4,977 ±5,500 ±6,567 ±5,171<br />
Mínimo -5 -3 -9 -10 -11 -8 -13 -9 -13 -16 -16<br />
Máximo 10 12 11 12 11 12 12 11 9 11 12<br />
Diferença<br />
Média 16,41 17,94 18,39 17,41 19,05 20,63 18,55 19,36 17,96 18,00 18,53<br />
SD ±4,272 ±4,423 ±4,347 ±4,942 ±4,560 ±4,766 ±4,085 ±5,054 ±4,011 ±5,250 ±4,731<br />
Mínimo 8 12 8 8 8 7 9 10 12 3 3<br />
Máximo 25 25 30 29 32 29 27 33 28 28 33<br />
No teste de flexibilidade senta e alcança adaptado, ao analisarmos os resultados da diferença<br />
entre o valor encostado com o resultado obtido após a flexão do tronco, verificamos, ao<br />
contrário do que era de esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do<br />
que as raparigas. Estes apenas conseguem ser superados pelas raparigas aos 7 anos de idade.<br />
Na amostra estudada os dados mostram-nos que a partir dos 8 anos o nível de flexibilidade vai<br />
reduzindo, pois os valores médios vão diminuindo em ambos os géneros.<br />
84
Percentil<br />
Percentil<br />
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 18- Valor dos percentis no teste do senta e alcança adaptado, em função da idade e género.<br />
Senta e Alcança – Adaptado (cm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
Encostado<br />
10 -17,70 -16,20 -21,00 -20,60 -20,00 -21,40 -23,00 -21,00 -21,50 -24,70 -21,00<br />
20 -16,40 -15,00 -19,20 -19,00 -19,00 -18,80 -20,00 -20,00 -20,00 -22,00 -19,00<br />
30 -15,00 -15,00 -17,30 -16,00 -18,00 -18,00 -18,00 -19,00 -19,00 -20,00 -18,00<br />
40 -15,00 -14,00 -17,00 -16,00 -17,00 -17,00 -17,00 -18,00 -19,00 -18,00 -17,00<br />
50 -14,50 -14,00 -16,00 -15,00 -15,00 -16,00 -17,00 -17,00 -18,00 -17,00 -16,00<br />
60 -13,00 -13,00 -15,00 -14,00 -15,00 -15,00 -16,00 -17,00 -17,00 -17,00 -15,00<br />
70 -12,80 -13,00 -14,70 -14,00 -14,00 -15,00 -15,00 -16,40 -16,00 -16,00 -15,00<br />
80 -11,00 -13,00 -14,00 -13,00 -13,40 -15,00 -13,00 -15,00 -16,00 -15,00 -14,00<br />
90 -11,00 -11,80 -12,00 -12,00 -12,00 -14,00 -12,00 -12,80 -14,00 -14,00 -12,00<br />
Senta e Alcança<br />
10 -3,00 -,60 -6,10 -3,30 -3,00 -2,40 -8,00 -4,40 -6,50 -9,40 -5,00<br />
20 -2,40 ,00 -1,60 -3,00 -,60 1,00 -2,00 -2,00 -4,00 -7,00 -2,00<br />
30 -1,10 ,40 -,30 -1,80 ,60 2,00 ,00 -1,00 -2,00 -3,20 ,00<br />
40 1,20 4,00 1,60 1,00 2,00 3,00 1,00 ,00 -1,00 ,00 1,00<br />
50 3,00 4,00 3,00 2,00 4,00 5,00 2,00 1,00 ,00 1,00 2,00<br />
60 3,80 5,00 3,40 3,20 5,00 5,60 4,00 3,60 2,00 2,00 4,00<br />
70 5,00 6,00 6,00 4,00 6,00 6,00 5,00 5,00 4,00 3,00 5,00<br />
80 6,00 8,00 7,00 5,00 7,00 7,00 6,00 7,00 6,00 6,00 6,00<br />
90 9,40 9,60 9,10 6,30 7,80 10,00 8,00 9,00 8,50 8,00 8,00<br />
Diferença<br />
10 10,30 12,00 12,90 10,00 14,00 14,20 12,00 11,80 13,50 11,30 12,00<br />
20 11,60 13,00 14,80 13,40 15,40 16,20 16,00 16,00 15,00 13,00 15,00<br />
30 14,90 13,80 16,00 15,00 16,60 19,00 17,00 17,00 15,50 15,00 16,00<br />
40 16,00 17,00 17,00 16,00 18,00 20,00 18,00 18,00 17,00 17,20 17,00<br />
50 16,00 17,00 18,50 16,50 18,00 21,00 18,00 19,00 18,00 18,00 18,00<br />
60 17,80 20,00 20,00 18,20 20,00 23,00 19,00 20,80 19,00 18,80 20,00<br />
70 19,00 21,20 21,00 20,90 21,40 23,00 21,00 22,00 20,50 20,00 21,00<br />
80 19,80 22,40 22,00 21,00 22,60 25,00 23,00 22,80 21,00 23,40 22,00<br />
90 22,40 24,20 24,00 23,60 25,60 26,00 23,00 26,20 25,00 26,70 25,00<br />
Tabela 19- Distribuição dos valores de flexibilidade no teste de amplitude de afastamento dos MI, em função da<br />
idade e género.<br />
Flexibilidade – Amplitude de Afastamento dos MI (graus)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 127,82 120,59 127,26 114,43 124,05 118,83 125,41 115,30 123,71 119,19 120,93<br />
SD ±9,806 ±12,46 ±13,78 ±11,01 ±12,39 ±13,43 ±17,60 ±11,14 ±13,61 ±13,58 ±13,60<br />
Mínimo 112 99 100 94 100 89 101 89 96 88 88<br />
Máximo 154 138 180 146 147 146 180 136 150 140 180<br />
10 113,90 99,80 113,90 100,70 104,20 101,80 105,00 101,00 107,00 102,60 104,00<br />
20 121,60 106,80 119,40 104,40 113,40 106,40 112,00 105,60 111,00 107,20 109,00<br />
30 122,00 114,40 122,00 106,10 118,20 112,60 114,00 108,40 116,00 110,00 114,00<br />
40 123,20 117,20 123,60 111,60 121,80 115,40 115,00 110,20 119,00 117,40 118,00<br />
50 127,50 125,00 125,00 115,50 124,00 120,00 122,00 117,00 122,50 120,00 121,00<br />
60 128,80 125,00 128,00 117,00 128,20 121,60 126,00 120,00 126,00 123,80 124,00<br />
70 132,00 129,00 130,00 119,90 130,00 125,40 132,00 123,00 131,00 127,10 127,40<br />
80 136,60 133,40 135,20 122,00 133,20 131,60 137,00 125,40 135,00 132,00 132,00<br />
90 140,00 135,60 140,80 129,30 142,80 136,20 155,00 130,00 146,00 137,70 137,00<br />
85
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
22<br />
21<br />
20<br />
19<br />
18<br />
17<br />
16<br />
Flexibilidade Senta e Alcança (cm)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
130<br />
125<br />
120<br />
115<br />
110<br />
Afastamento dos MI (Graus)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Gráfico 8- Distribuição dos valores médios no teste do<br />
senta e alcança adaptado (diferença), por idade e<br />
género<br />
Gráfico 9- Distribuição dos valores médios no teste de<br />
amplitude de afastamento dos MI, por idade e género<br />
No teste de amplitude de afastamento dos MI, identifica-se uma grande supremacia feminina.<br />
Os valores médios, máximos e mínimos no sexo feminino são superiores ao do sexo<br />
masculino. Apesar da pouca expressividade observa-se nas raparigas uma tendência para a<br />
diminuição da amplitude de afastamento dos MI, entre os 6 e os 10 anos. No grupo feminino<br />
aos 6 anos verifica-se o resultado médio mais elevado (128º), aos 7 anos o resultado mantémse<br />
praticamente igual e decresce aos 8 anos cerca de 3º, decréscimo mais acentuado mas sem<br />
grande significado, tendo em conta que o desvio padrão é francamente superior a essa<br />
variação (±12º). Nos rapazes, os valores médios são inconstantes, verificando-se variações<br />
com o decorrer da idade.<br />
86
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
4.2.3- Força<br />
A avaliação da força inclui testes de força máxima (preensão manual), de força explosiva dos<br />
membros superiores (lançamento da bola de ténis), de força explosiva dos membros inferiores<br />
(salto horizontal sem corrida de impulsão) e força média resistente (flexões abdominais em<br />
30seg).<br />
Tabela 20- Distribuição dos valores do teste de força do membro superior, recorrendo à preensão manual e ao<br />
lançamento da bola de ténis, em função da idade e género.<br />
Força - Preensão Manual (kgf)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 10,50 11,94 10,05 11,61 13,00 13,43 13,76 16,36 16,42 17,14 13,59<br />
SD ±2,521 ±2,045 ±2,514 ±2,832 ±3,599 ±3,284 ±3,302 ±3,253 ±4,127 ±3,613 ±3,989<br />
Mínimo 7 8 5 7 5 5 4 10 11 11 4<br />
Máximo 15 17 16 19 21 19 19 24 26 25 26<br />
10 7,00 9,60 6,00 8,70 8,20 9,60 10,00 12,80 12,00 12,30 9,00<br />
20 8,00 10,00 8,00 10,00 10,00 11,00 12,00 13,60 13,00 13,60 10,00<br />
30 9,00 11,00 8,00 10,00 11,00 11,00 12,00 14,00 14,50 15,00 11,00<br />
40 10,00 11,20 9,00 10,00 11,80 12,00 13,00 15,00 15,00 16,00 12,00<br />
50 10,00 12,00 10,00 11,00 12,00 13,00 13,00 16,00 15,00 17,00 13,00<br />
60 11,00 12,00 10,40 12,00 13,00 14,60 14,00 17,00 16,00 18,00 14,00<br />
70 11,10 13,00 12,00 12,00 14,40 16,00 15,00 18,00 17,50 19,00 15,00<br />
80 13,00 13,40 12,00 14,00 16,60 17,00 18,00 20,00 19,00 20,00 17,00<br />
90 15,00 14,60 13,10 16,30 18,00 18,00 18,00 21,00 25,00 23,00 19,00<br />
Força - Lançamento da Bola de Ténis (m)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 6,295 9,094 7,534 12,591 8,856 14,454 11,324 15,551 11,950 18,602 12,185<br />
SD ±1,642 ±3,255 ±2,390 ±3,751 ±2,362 ±3,470 ±2,498 ±4,420 ±3,640 ±5,070 ±5,090<br />
Mínimo 3,2 3,9 3,1 6,9 3,8 7,7 5,8 6,2 4,4 9,1 3,1<br />
Máximo 9,2 15,7 12,8 24,8 14,0 24,4 16,4 25,7 19,6 28,0 28,0<br />
10 3,830 4,620 5,020 8,570 5,820 9,400 8,000 9,260 8,100 11,210 6,200<br />
20 5,000 5,320 5,800 10,040 7,000 12,020 8,800 11,380 8,900 13,240 7,800<br />
30 5,200 6,840 6,210 10,220 7,560 12,740 9,400 13,940 9,400 15,070 8,900<br />
40 5,560 8,400 6,620 11,280 7,960 13,100 10,700 15,020 10,600 17,260 10,100<br />
50 6,450 9,700 6,850 11,450 8,900 15,000 11,700 16,200 11,650 18,700 11,500<br />
60 6,860 9,800 7,480 12,320 9,620 15,640 12,200 17,200 12,600 20,800 12,520<br />
70 7,340 11,080 8,730 13,690 10,500 16,220 12,800 17,920 13,900 22,610 14,640<br />
80 7,740 12,140 9,740 15,440 11,060 17,200 13,300 18,440 14,500 23,380 16,460<br />
90 8,800 13,140 11,600 17,400 12,180 18,100 14,600 20,500 17,450 24,580 18,840<br />
87
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
20<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
Força- Preensão Manual (Kgf)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
Força- Lanç. bola ténis (m)<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Gráfico 10- Distribuição dos valores médios no teste<br />
de Preensão Manual, por idade e género<br />
Gráfico 11- Distribuição dos valores médios no teste<br />
do Lançamento da Bola de Ténis, por idade e género<br />
Na força máxima de preensão manual, no grupo masculino os resultados são praticamente<br />
iguais aos 6-7 anos, verificando-se mesmo uma ligeira diminuição aos 7 anos que é explicada<br />
pelo n mais elevado na subamostra. A média aos 6 e 7 anos foi de 12Kgf. Depois dos 7 anos<br />
observa-se um aumento progressivo que varia entre 1 Kgf/ano e 3Kgf/ano. Aos 8 anos a<br />
média é de 13 Kgf, aos 9 anos é 16 Kgf e aos 10 anos 17Kgf. Nos valores máximos e<br />
mínimos observaram-se crianças que aos 6 anos já atingiam o valor de força média atingida<br />
aos 10 anos.<br />
A diferença de prestação entre os dois sexos nesta prova foi sempre favorável aos rapazes,<br />
mantendo-se essa diferença estável, à exceção dos 9 anos de idade em que os valores médios<br />
diferem um pouco mais (2,6Kgf). É importante de referir que apesar dos valores médios<br />
serem superiores nos rapazes, a prestação com o valor mais elevado foi realizado por uma<br />
rapariga com 26kgf, aparentemente explicado pela prematuridade no salto pubertário<br />
feminino. O P50º apresenta apenas valores abaixo da média nos alunos com 6 anos de idade,<br />
mostrando que a partir dos 7 anos a maioria dos resultados foram executados abaixo do valor<br />
médio.<br />
Na avaliação da força explosiva do membro superior recorrendo ao lançamento da bola ténis,<br />
os alunos do género masculino são mais proficientes que os do género feminino, pois os<br />
valores médios foram sempre superiores bem como os valores mínimos e máximos. Este<br />
gesto é claramente mais adaptado ao género masculino. Em ambos os géneros os<br />
desempenhos foram sendo superiores à medida que a idade aumentava.<br />
88
Percentil<br />
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Tabela 21- Distribuição dos valores do teste de abdominais, em função da idade e género.<br />
Força – Abdominais 30seg ( nº de execuções)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 10,59 11,18 11,79 14,78 14,56 15,91 16,45 16,85 17,92 17,95 15,00<br />
SD ±5,270 ±3,909 ±4,691 ±4,988 ±4,572 ±4,104 ±5,692 ±5,345 ±5,890 ±4,968 ±5,527<br />
Mínimo 3 5 4 6 4 6 2 4 11 5 2<br />
Máximo 21 20 21 25 24 24 30 28 31 31 31<br />
10 3,30 6,60 5,00 9,00 7,40 9,60 9,00 9,80 11,50 11,00 8,00<br />
20 5,00 7,60 7,00 11,00 12,00 14,00 13,00 12,00 12,00 13,60 10,00<br />
30 6,90 9,00 9,00 12,00 13,00 14,00 14,00 14,00 14,00 15,00 12,00<br />
40 9,00 9,00 10,00 12,00 13,00 16,00 15,00 16,00 15,00 17,00 14,00<br />
50 11,00 10,00 12,00 14,00 15,00 17,00 16,00 17,00 16,00 18,50 15,00<br />
60 12,00 12,60 13,40 15,00 16,00 17,00 18,00 18,00 18,00 20,00 16,00<br />
70 13,10 14,00 14,30 16,90 17,00 18,00 20,00 20,00 20,50 20,10 18,00<br />
80 15,40 15,00 16,20 20,00 18,00 19,00 21,00 22,40 25,00 22,40 20,00<br />
90 18,70 16,00 18,20 23,00 20,00 20,40 23,00 23,20 28,00 23,00 23,00<br />
Na prova de força média, os rapazes realizaram, em média, um maior número de abdominais<br />
durante os 30seg, tendo essa diferença diminuído com a idade. Nas raparigas o desempenho<br />
foi melhorando progressivamente com o aumento da idade, tendo praticamente igualado os<br />
rapazes no número medio de execuções, aos 10 anos de idade.<br />
Tabela 22- Distribuição dos valores do salto horizontal sem corrida de impulsão, em função da idade e género.<br />
Força - Salto Horizontal sem corrida de impulsão (cm)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 97,50 109,06 95,89 109,15 105,05 120,74 116,21 121,38 112,92 129,29 112,61<br />
SD ±13,423 ±17,708 ±20,835 ±17,008 ±16,453 ±19,289 ±19,852 ±27,178 ±27,953 ±27,905 ±23,815<br />
Mínimo 71 76 45 77 73 93 80 54 52 43 43<br />
Máximo 121 141 148 143 140 168 150 175 165 180 180<br />
10 75,10 87,20 71,10 91,50 84,20 96,80 87,00 77,60 78,50 91,60 84,20<br />
20 83,00 92,60 79,80 96,00 88,80 103,20 98,00 97,60 94,00 108,20 93,40<br />
30 92,80 96,00 83,70 99,00 94,60 110,00 105,00 110,00 97,00 114,00 99,00<br />
40 95,20 101,20 88,00 101,00 100,80 113,80 111,00 112,40 98,00 124,40 105,00<br />
50 98,50 110,00 96,00 105,00 107,00 119,00 116,00 118,00 108,00 132,50 110,00<br />
60 103,60 116,60 105,80 109,20 110,00 124,60 120,00 129,40 117,00 136,60 115,20<br />
70 105,10 121,20 110,00 112,00 114,00 133,40 130,00 135,60 127,50 145,10 124,00<br />
80 108,20 127,60 112,40 126,80 118,80 143,00 131,00 146,40 144,00 150,40 133,00<br />
90 115,10 132,20 120,00 139,90 127,80 148,80 145,00 155,20 155,00 170,50 145,00<br />
Ao nível da força inferior a diferença de desempenho entre géneros foi sempre favorável aos<br />
rapazes. Também no caso dos rapazes a média de desempenho vai melhorando com os anos,<br />
não acontecendo o mesmo às raparigas, que diminui-o dos 6 para os 7 e dos 9 para os 10 anos.<br />
Nesta habilidade existe uma supremacia clara dos rapazes em relação às raparigas. Os rapazes<br />
apresentaram valores médios superiores a 12cm em relação às raparigas com exceção dos 9<br />
anos que é de apenas 5cm. Observando os valores percentílicos confirmamos que os rapazes<br />
89
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
mostram evoluir quase sempre a sua prestação, consoante vai aumentando a sua idade. Já no<br />
escalão feminino apenas aquelas que saltam (acima do P80º) continuam a melhorar os seus<br />
desempenhos ao longo da idade, enquanto as outras estabilizam ou até regridem.<br />
Força- Abdominais 30seg (nº Rep)<br />
Força- Salto Horizontal (cm)<br />
20<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
130<br />
120<br />
110<br />
100<br />
90<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Gráfico 12- Distribuição dos valores médios no teste<br />
de Abdominais em 30seg, por idade e género.<br />
Gráfico 13- Distribuição dos valores médios no teste<br />
do salto horizontal sem corrida de impulsão, por idade<br />
e género.<br />
4.2.4- Resistência<br />
O teste de resistência “Vaivém” é bastante utilizado para aferir a capacidade de resistência<br />
aeróbia associada ao sistema cardiovascular. Trata-se de um teste de esforço progressivo em<br />
que o ritmo de corrida de cada percurso de 20 metros é marcado por um sinal sonoro, ao qual<br />
devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Este teste, baseado no<br />
teste de Leger & Lamber (1982) permite calcular o VO2 máximo.<br />
Tabela 23- Distribuição dos valores na prova de resistência do vaivém, em função da idade e género.<br />
Resistência – Teste do Vaivém (nº de percursos)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 14,45 15,59 13,34 17,91 14,37 21,03 21,52 28,02 19,79 30,81 20,38<br />
SD ±5,612 ±6,520 ±5,910 ±9,184 ±5,995 ±10,753 ±9,074 ±15,624 ±9,441 ±16,110 ±12,152<br />
Mínimo 6 7 6 7 7 8 7 5 8 7 5<br />
Máximo 25 29 32 45 38 41 46 72 44 62 72<br />
10 6,30 7,80 6,00 9,70 7,00 9,00 8,00 10,00 9,50 10,60 8,00<br />
20 9,60 8,00 8,00 11,00 8,80 10,20 14,00 14,60 12,00 13,60 11,00<br />
30 10,90 12,00 9,70 13,00 11,00 12,80 18,00 19,80 14,00 19,00 12,60<br />
40 12,00 12,40 11,00 14,00 12,00 13,40 19,00 22,00 16,00 24,00 14,00<br />
50 13,50 15,00 12,00 15,50 13,00 19,00 20,00 24,00 16,50 28,00 17,00<br />
60 16,80 16,80 14,00 18,00 15,20 24,20 21,00 25,80 20,00 32,00 20,00<br />
70 17,10 19,60 15,00 20,00 16,00 28,00 24,00 32,80 21,00 44,00 22,40<br />
80 19,80 20,40 19,00 21,00 19,20 30,00 28,00 40,00 30,00 46,80 28,00<br />
90 23,40 27,40 22,10 35,50 21,00 39,40 32,00 54,20 36,00 55,40 39,00<br />
90
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Em termos gerais a capacidade de resistência (nº de percursos realizados) aumenta com a<br />
idade no grupo masculino, mas no grupo feminino apenas entre os 8 e os 9 anos se identifica<br />
um claro incremento, verificando-se uma diminuição pronunciada entre os 9 e os 10 anos. A<br />
prestação média das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença a tornar-se<br />
mais relevante com o aumento da idade. Observando os valores percentílicos percebemos que<br />
existe uma grande diferença entre os melhores e os piores desempenhos, aumentando à<br />
medida que as idades também aumentam. Ao Compararmos com os valores criteriais da<br />
bateria de testes do FITNESSGRAM, valores de referência indicados apenas para alunos com<br />
10 anos, concluímos que o valor médio se encontra dentro dos limites recomendados para a<br />
zona saudável da aptidão aeróbia (23-61 para rapazes; 15-41 para raparigas).<br />
Tabela 24- Distribuição dos valores de VO2Máx. a partir da prova de resistência do vaivém, em função da idade<br />
e género.<br />
VO2 Máximo (ml. Kg-1. min-1)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 50,273 50,524 47,650 48,774 46,037 47,729 46,334 47,772 43,938 46,717 47,457<br />
SD ±1,718 ±1,734 ±1,645 ±2,618 ±1,925 ±2,6995 ±2,598 ±3,867 ±2,625 ±4,249 ±3,232<br />
Mínimo 47,4 47,1 44,6 44,9 42,5 44,6 41,3 41,4 41,2 39,4 39,4<br />
Máximo 53,4 53,8 52,0 56,2 51,5 52,5 53,3 55,6 50,9 53,7 56,2<br />
10 47,500 48,780 45,480 46,700 43,240 44,880 43,000 43,180 41,400 41,160 43,400<br />
20 49,220 49,260 46,500 46,840 44,700 45,200 43,900 43,920 41,500 41,940 45,100<br />
30 49,400 49,340 46,870 47,000 45,100 45,300 45,200 45,340 41,700 43,980 45,600<br />
40 49,500 49,520 47,060 47,300 45,200 45,560 45,400 46,040 43,200 45,600 46,500<br />
50 49,600 49,700 47,400 48,200 45,700 47,200 46,100 47,600 43,550 45,900 47,300<br />
60 51,400 51,400 47,600 48,800 46,100 48,680 46,300 48,180 43,800 46,760 47,920<br />
70 51,500 51,620 47,800 49,190 47,340 49,700 47,500 49,300 44,300 50,400 49,200<br />
80 51,600 51,740 49,220 49,860 47,720 50,400 48,300 51,520 46,300 51,000 50,060<br />
90 52,860 53,480 49,910 53,160 48,200 51,980 48,600 54,480 48,500 52,970 51,700<br />
Resistência- Teste Vaivém (nº)<br />
VO 2 Máximo (ml. Kg-1. min-1)<br />
35<br />
52<br />
30<br />
50<br />
25<br />
48<br />
20<br />
46<br />
15<br />
44<br />
10<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
42<br />
6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Femininos<br />
Masculinos<br />
Gráfico 14- Distribuição dos valores médios no teste<br />
do vaivém, por idade e género<br />
Gráfico 15- Distribuição dos valores médios de VO 2<br />
Máx, por idade e género<br />
91
Percentil<br />
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
Relativamente ao VO2 máx, no escalão etário dos 6 aos 10 anos, verificámos na pesquisa<br />
efetuada sobre estudos da última década, existirem poucos dados relativos à avaliação do VO2<br />
máx. Uma solução adaptada para os vários escalões etários é a utilização do teste PACER da<br />
bateria FITNESSGRAM, que foi o realizado por nós. Fazendo uma análise dos valores<br />
médios, verifica-se que em ambos os grupos há uma tendência para diminuir o VO2 máx. com<br />
a idade. Comparando os valores médios entre género, podemos ver que os rapazes têm sempre<br />
valores superiores aos das raparigas, diferença essa que vai aumentando ligeiramente com a<br />
idade, acontecendo o mesmo no P50º e no valor máximo. Os valores médios de VO2 máx.<br />
para os alunos com 10 anos, encontram-se dentro da ZSAF, segundo os valores do<br />
FITNESSGRAM (2002).<br />
4.2.5- Velocidade<br />
A velocidade é inversamente proporcional ao tempo gasto para efetuar o percurso. Neste<br />
sentido a analise dos dados (tempo gasto) deve ser analisado em função da proporcionalidade<br />
descrita anteriormente.<br />
Tabela 25- Distribuição dos valores do teste de velocidade, em função da idade e género.<br />
Velocidade – 20m lançados (segundos)<br />
Idade 6 7 8 9 10 Total<br />
Sexo ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂<br />
n 22 17 38 46 41 35 29 47 24 42 341<br />
Média 4,675 4,494 4,663 4,275 4,373 4,270 3,949 3,941 3,887 3,711 4,192<br />
SD ±0,492 ±0,465 ±0,543 ±0,452 ±0,506 ±0,476 ±0,480 ±0,481 ±0,504 ±0,324 ±0,562<br />
Mínimo 4,12 3,75 3,61 3,39 3,06 3,33 2,90 3,05 3,11 3,16 2,90<br />
Máximo 5,98 5,75 5,93 5,08 5,40 5,07 5,34 4,98 5,13 4,35 5,98<br />
10 4,1860 3,9180 3,9410 3,5860 3,8060 3,5380 3,4000 3,4200 3,2700 3,2980 3,4720<br />
20 4,2300 4,1820 4,0880 3,8440 3,9360 3,8920 3,6000 3,4900 3,4100 3,4040 3,6840<br />
30 4,2780 4,2260 4,3910 4,0510 4,0480 3,9760 3,7500 3,6140 3,5000 3,4870 3,8600<br />
40 4,4620 4,3340 4,5320 4,1000 4,2460 4,0800 3,8400 3,7760 3,6400 3,6020 4,0200<br />
50 4,5250 4,4600 4,6150 4,3150 4,3400 4,3800 3,9000 3,8800 3,7650 3,6800 4,1600<br />
60 4,6540 4,4960 4,8140 4,4220 4,4720 4,5400 4,0200 4,0280 4,1500 3,7460 4,3220<br />
70 4,8930 4,6320 4,9930 4,5390 4,6640 4,6340 4,1600 4,1260 4,2200 3,8620 4,4800<br />
80 5,2160 4,7680 5,2300 4,6960 4,8420 4,7520 4,3500 4,3880 4,3200 4,0240 4,6800<br />
90 5,3380 5,2700 5,3410 4,8910 5,1260 4,8140 4,5200 4,7280 4,5250 4,2150 4,9740<br />
Em ambos os géneros a velocidade melhora à medida que a idade aumenta. Este aumento de<br />
velocidade é menos evidente dos 7 para os 8 anos masculinos e dos 6 para os 7 anos<br />
femininos. O género masculino é comparativamente ao género feminino mais rápido em todos<br />
os escalões etários, com principal incidência aos 7 anos de idade. O desvio padrão é na sua<br />
maioria maior para as raparigas face aos rapazes, o que poderá pressupor maior<br />
92
________________________________________________________Apresentação e Discussão dos Resultados<br />
heterogeneidade das velocidades obtidas pelas raparigas. Com exceção dos rapazes de 7 e 8<br />
anos, o P50º relativo ao tempo gasto para realizar os 20m, encontra-se abaixo das médias, isto<br />
indica que esta diferença entre médias e P50º se deve essencialmente a um maior desvio em<br />
relação à média por parte percentis mais elevados da amostra.<br />
93
_________________________________________________________________________________Conclusões<br />
Capitulo V – Conclusões<br />
5.1- Conclusões<br />
Após a apreciação dos resultados apresentados na nossa investigação ao nível<br />
antropométrico, podemos concluir que:<br />
Na estatura, dos 6 aos 10 anos não se observaram nos rapazes picos de crescimento, existindo<br />
sim uma certa regularidade no crescimento com um aumento médio de 4,8cm ao ano. Já<br />
quanto às raparigas parecem confirmar-se pequenas fases de maior crescimento (dos 7 para os<br />
8 e dos 9 para os 10 anos). Os rapazes em média são sempre mais altos do que as raparigas.<br />
Na massa corporal, observaram-se duas fases de maior aumento ponderal nas raparigas, um<br />
aos 8 anos e outro aos 10 anos, que poderão estar associadas às fases do crescimento em<br />
altura conhecidas como pico de crescimento pré-pubertário e início do salto pubertário. Nos<br />
rapazes o aumento médio da massa corporal, tal como na estatura apresentou alguma<br />
regularidade, tendo um aumento médio de 3,8Kg ao ano.<br />
Comparando os valores médios de estatura e massa corporal do presente estudo com os<br />
valores obtidos noutros estudos de referência, as crianças de Mira são ligeiramente mais<br />
baixas e mais leves nas idades dos 6-7 anos. Aos 8 e 9 anos os valores estão muito próximos<br />
dos outros estudos, não existindo diferenças consideráveis. Aos 10 anos de idade em ambos<br />
os géneros os valores médios da nossa amostra superam os valores de todos os estudos com os<br />
quais efetuámos comparações.<br />
Relativamente ao Índice de Massa Corporal (IMC) e segundo os pontos de corte da Zona<br />
Saudável de Aptidão Física (ZSAF) da bateria de testes FITNESSGRAM, os rapazes<br />
apresentam maiores percentagens na ZSAF, contudo aos 9 anos a percentagem de rapazes<br />
acima dessa zona é de 36% e aos 10 anos de 24%. Pelo contrário, as raparigas abaixo da<br />
ZSAF, apresentam em todas as faixas etárias percentagens acima dos 20%, (41% aos 6 anos,<br />
37% aos 7 anos, 24% aos 8 e 9 anos e 21% aos 10 anos).<br />
94
_________________________________________________________________________________Conclusões<br />
Considerando os pontos de corte de IMC de Cole et al. (2000), a nossa amostra apresentou<br />
uma taxa de obesidade de 11% para a totalidade da amostra. Nas raparigas a prevalência de<br />
obesidade foi de 14% e nos rapazes foi de 8%. Ao nível da prevalência de sobrepeso e<br />
obesidade, observaram-se valores mais elevados aos 9-10 anos, o que poderá estar associado<br />
ao processo normal de crescimento e maturação, como o tempo mínimo de velocidade de<br />
crescimento em altura e não tanto relacionado com processos de evolução para situações de<br />
obesidade patológica.<br />
Relativamente às pregas adiposas subcutâneas, estas parecem andar lado a lado, ou seja o<br />
aumento ou diminuição de uma é acompanhado pelas outras. Isto significa que nestas idades<br />
não há alterações no padrão da distribuição do tecido adiposo pelas diversas regiões corporais.<br />
Este facto é relevante porque a verificar-se a generalização do fenómeno poder-se-ia, de<br />
forma mais económica, calcular a %MG com base na medição de apenas uma prega adiposa<br />
subcutânea.<br />
Em relação aos valores médios da percentagem de massa gorda (%MG) calculados em função<br />
das pregas tricipital e geminal, estes são muito idênticos em ambos os géneros aos 6, 9 e 10<br />
anos, existindo nas raparigas um valor com superioridade marcada aos 7 e 8 anos. Analisando<br />
os resultados criteriais da %MG em função dos valores de corte da zona saudável do<br />
FITNESSGRAM, nos rapazes aos 6 anos, 6% estão acima da ZSAF aumentando<br />
consideravelmente com a idade (7 anos 10%, 8 anos 17%, anos 32%) até atingir 48% aos 10<br />
anos. Já no género feminino a situação é ao contrário, pois aos 6 anos 50% das meninas<br />
encontravam-se abaixo da ZSAF, aos 7 anos 29%, aos 8 anos 22%, aos 9 anos 19% e aos 10<br />
anos 9%, diminuindo a percentagem de meninas abaixo da ZSAF, aumentando a percentagem<br />
de meninas na ZSAF com o decorrer da idade.<br />
A comparação dos perímetros (braquial, abdominal e geminal) são semelhantes para ambos os<br />
géneros apresentando o seu crescimento (tal como as pregas adiposas) proporcionalidades<br />
idênticas entre eles em todas as idades estudas estudadas.<br />
Quanto às correlações, os perímetros estão mais corelacionados com a massa corporal do que<br />
com as pregas em ambos os géneros e o mesmo acontece em relação à estatura.<br />
95
_________________________________________________________________________________Conclusões<br />
Ao nível da Aptidão Física os resultados obtidos sugerem as seguintes conclusões:<br />
Ao nível da coordenação motora, os rapazes obtiveram um valor médio superior. Também se<br />
verificou que a evolução em função da idade é mais pronunciada no grupo masculino, pelo<br />
que a diferença entre géneros é maior aos 10 anos do que aos 6 anos.<br />
A flexibilidade no teste da amplitude de afastamento dos MI parece ser uma qualidade<br />
marcadamente feminina, pois os valores médios são bastante superiores ao dos rapazes. Tanto<br />
nos rapazes como nas raparigas há uma diminuição da capacidade entre os 6 e os 10 anos. No<br />
teste do senta e alcança adaptado, observámos nos resultados da diferença entre o valor<br />
encostado com o resultados obtidos após a flexão do tronco, ao contrário do que era de<br />
esperar, que os rapazes em média apresentam maior flexibilidade do que as raparigas, sendo<br />
apenas superados pelas raparigas aos 7 anos de idade<br />
Na componente força, nos 4 testes selecionados observou-se uma clara supremacia masculina.<br />
No lançamento da bola de ténis e no salto horizontal, tanto aos 6 anos como aos 10 anos, os<br />
valores médios observados nos rapazes superam largamente os observados nas raparigas. Já<br />
na força abdominal e na preensão manual, os valores médios observados estão mais próximos,<br />
contudo as raparigas nunca conseguiram superar os valores médios de desempenho dos<br />
rapazes, nestes testes de força.<br />
Na capacidade de resistência aeróbia, os rapazes apresentaram resultados médios superiores<br />
aos das raparigas. A prestação das raparigas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença<br />
a tornar-se mais relevante com o aumento da idade.<br />
Em relação à velocidade de corrida, na prova dos 20m lançados os rapazes foram em média<br />
mais rápidos do que as raparigas da mesma idade. Em ambos os géneros a velocidade<br />
melhorou com a idade.<br />
96
_________________________________________________________________________________Conclusões<br />
5.2- Considerações finais<br />
A realização deste trabalho teve como objetivo caracterizar a população escolar do 1.º CEB<br />
do concelho de Mira, relativamente às suas características antropométricas e de Aptidão<br />
Física. Os dados apresentados poderão apoiar as entidades competentes na análise da<br />
necessidade ou não de alterar ou reformular algumas políticas educativas concelhias.<br />
O tratamento estatístico permitiu identificar valores descritivos de tendência central, de<br />
dispersão e amplitude, como também os valores percentílicos (P10º, P20º, P30º, P40º, P50º,<br />
P60º, P70º, P80º e P90º), valores esses que poderão servir para a localização dos resultados de<br />
sujeitos que posteriormente venham a utilizar os mesmos testes, nomeadamente no contexto<br />
da Educação Física e no contexto desportivo.<br />
As aulas de Atividade Física e Desportiva (AFD) três vezes por semana, com a duração de 45<br />
minutos por aula, têm sido uma excelente opção, contudo não resolve na sua totalidade o<br />
problema de colocar as nossas crianças a praticarem desporto e a terem bons níveis de ApF.<br />
Perante isto, é importante não terminar com as Atividades de Enriquecimento Curricular e<br />
com as aulas de AFD no 1ºCEB, sugerindo-se um melhor enquadramento dos programas a<br />
implementar, um reforço de ampliação e melhoria dos espaços desportivos e um aumento dos<br />
materiais necessários para a prática desportiva nas escolas do 1ºCEB.<br />
Encaramos como sendo bastante importante, a realização de testes de ApF nas escolas do<br />
1ºCEB, no início e no final de cada ano letivo, para que se possa monitorizar a evolução dos<br />
níveis de ApF da população escolar do 1ºCEB e os efeitos do trabalho realizado no contexto<br />
da AFD.<br />
Por último, considerando que no futuro se possam realizar trabalhos de continuidade deste<br />
nosso estudo, achamos relevante sugerir que se realize o cruzamento dos resultados com<br />
dados relativos à maturação biológica e análise da atividade física habitual das crianças,<br />
identificando-se assim o papel de cada um destes fatores nos indicadores antropométricos e de<br />
aptidão física.<br />
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109
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
ANEXOS<br />
Anexo 1 – Pedido de autorização ao agrupamento<br />
Mira, 5 de Dezembro de 2011<br />
Exmo. Sr. Diretor<br />
do Agrupamento de Escolas de Mira<br />
Estudos sobre aspetos da vida e características da população infantil e juvenil como a aptidão<br />
física, o crescimento e a maturação, devem ser realizados com alguma regularidade e permitem aceder<br />
a informações importantes para a intervenção mais fundamentada de profissionais de Educação Física<br />
e Desporto, profissionais de saúde e em última instância revelam informações que interessam também<br />
aos decisores políticos que podem promover a atividade física e o desporto e a criação de<br />
infraestruturas apropriadas.<br />
Eu, José António <strong>Ribeiro</strong> <strong>Santo</strong> licenciado em Professores do Ensino Básico, Variante de<br />
Educação Física pela Escola Superior de Educação de Coimbra, e no âmbito do meu processo<br />
formativo no curso de mestrado em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Ciências da<br />
Educação), apresentei à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese de mestrado<br />
que se destina à caracterização da população infanto-juvenil do Concelho de Mira, mais concretamente<br />
os alunos do 1º CEB, relativamente à sua Condição Física, Crescimento, Maturação Biológica e<br />
Aptidão Física. Para tal, iremos aplicar testes antropométricos e testes de aptidão física.<br />
Nesse sentido vimos por este meio solicitar a V.ª autorização para realizarmos o trabalho<br />
prático do estudo com os alunos do 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Mira.<br />
Com o acordo dos respetivos professores o estudo decorrerá entre os meses de Fevereiro e Abril<br />
durante o tempo de aulas de Atividade Física e Desportiva. Em pequenos grupos os alunos autorizados<br />
e que se voluntariem para tal interromperão por cerca de 15/20 minutos as atividades das aulas e irão<br />
fazer alguns testes junto da equipa de avaliadores. Depois de terminados esses testes voltarão a<br />
integrar-se nas atividades da aula.<br />
Um pedido de autorização será também enviado aos encarregados de educação e só<br />
participarão no estudo os alunos que o façam de forma voluntária. Como as normas éticas associadas à<br />
investigação exigem, será escrupulosamente respeitada a confidencialidade dos dados pessoais<br />
recolhidos e os mesmos servirão exclusivamente para a realização o presente estudo.<br />
Com os melhores cumprimentos.<br />
Mestrando:<br />
Dr. José António <strong>Ribeiro</strong> <strong>Santo</strong><br />
Professor Orientador da Tese de Mestrado:<br />
Professor doutor Artur Manuel Anjos Martins<br />
110
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Anexo 2 – Pedido de autorização aos Encarregados de Educação<br />
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO<br />
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO<br />
Exmo. (a) Sr. (a) Encarregado(a) de Educação<br />
Estudos sobre características da população infantil e juvenil como a aptidão física, o<br />
crescimento e a maturação, devem ser realizados regionalmente com alguma regularidade.<br />
Permitem aceder a informações importantes para os pais, para a intervenção fundamentada de<br />
profissionais de Educação Física e Desporto, profissionais de saúde e em última instância este<br />
tipo de estudos são também importantes para os decisores políticos fundamentarem as suas<br />
decisões relativamente à promoção da atividade física e do desporto e investirem na criação<br />
de infraestruturas desportivas.<br />
No âmbito do mestrado que estamos a cursar em Educação Física no Ensinos Básico e<br />
Secundário, apresentámos à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro um projeto de tese<br />
de mestrado que se destina à caracterização do crescimento e aptidão física da população<br />
infanto-juvenil do Concelho de Mira. Para tal iremos aplicar testes antropométricos e testes de<br />
aptidão física.<br />
Assegura-se a confidencialidade dos resultados, podendo os Encarregados de Educação ter<br />
acesso aos resultados da avaliação do seu educando.<br />
Nesse sentido vimos por este meio solicitar autorização para incluirmos o vosso educando na<br />
amostra do estudo que está previsto decorrer durante o tempo de aulas de Atividade Física e<br />
Desportiva das AEC entre os meses de Fevereiro e Abril.<br />
Antes e durante a realização do estudo qualquer Encarregado de Educação poderá solicitar<br />
esclarecimentos adicionais sobre detalhes da pesquisa e revogar a autorização dada.<br />
Com os melhores cumprimentos.<br />
Mira, 16 de Dezembro de 2011<br />
O Mestrando<br />
_______________________________________<br />
(José António <strong>Ribeiro</strong> <strong>Santo</strong>)<br />
----------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />
Autorização do Encarregado de Educação ou Tutor<br />
Li e percebi a explicação que me foi dada relativamente ao estudo e autorizo o(a) meu<br />
(minha) educando(a) a participar no referido estudo.<br />
Escola EB1 ____________________________________ Ano de Escolaridade ___________<br />
Nome do aluno(a) _______________________________ Data Nascimento ____/____/_____<br />
Assinatura do Enc. de Educação ou Tutor _________________________________________<br />
Data_____/_____/_______<br />
111
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Anexo 3 – Protocolos de avaliação<br />
Protocolo de avaliação antropométrica<br />
Descrição:<br />
Estatura (Altura)<br />
Será feita a medição da distância do ponto superior da cabeça ao solo. O avaliado estará na posição ortostática:<br />
indivíduo em pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés unidos, procurando pôr em contacto o<br />
instrumento de medida com as superfícies posteriores dos calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e<br />
região occipital.<br />
A cabeça deve estar orientada segundo o plano de Frankfurt: a cabeça é posicionada de modo que a linha<br />
imaginária que liga a pálpebra inferior (orbitale) à parte mais alta do lóbulo da orelha (trago) esteja paralela em<br />
relação ao solo.<br />
O avaliado realizará a avaliação descalço e a medida será feita com o cursor em 90º em relação à escala.<br />
Avaliação:<br />
- O avaliador deve-se posicionar à direita do avaliado;<br />
- O registo da avaliação será efetuado no período da tarde.<br />
- Evitar que o avaliado se encolha quando o cursor tocar a sua cabeça.<br />
- A medida será registada em centímetros<br />
Descrição:<br />
Massa Corporal (Peso)<br />
O avaliado vai se posicionar em pé e ereto, com os pés afastados à largura dos ombros. Deve manter o olhar<br />
dirigido para a frente e fixo num ponto ao mesmo nível dos seus olhos. Terá de usar o mínimo de roupa<br />
possível.<br />
Será verificado o nivelamento do solo sobre o qual vai ser apoiada a balança. Esta será calibrada a cada 10<br />
pesagens e o registo do peso será feito no mesmo período do dia.<br />
Avaliação:<br />
A medida será registada em quilogramas, com aproximação a 0,1kg.<br />
112
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Descrição:<br />
Prega Adiposa Subcutânea Tricipital<br />
O que se pretende medir neste teste é a camada dupla de pele e a gordura subcutânea.<br />
A prega adiposa subcutânea tricipital é medida na parte posterior do braço direito, no ponto medial entre o<br />
cotovelo e o acrômio. Esta prega adiposa é vertical e deve estar firmemente agarrada entre o polegar e<br />
indicador, afastando-a do restante tecido corporal, sem provocar dor ao avaliado.<br />
Avaliação:<br />
O registo da medida será feito em milímetros.<br />
Descrição:<br />
Prega Adiposa Subcutânea Subescapular<br />
O avaliado estará de pé, posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo. Segura-se a prega adiposa mesmo<br />
abaixo do vértice inferior da omoplata. Esta prega assume uma orientação oblíqua e é medida na região<br />
posterior do tronco.<br />
Avaliação:<br />
O registo desta medida será feito em milímetros.<br />
Descrição:<br />
Prega Adiposa Subcutânea Geminal<br />
A prega adiposa subcutânea geminal é medida na parte interna da perna direita na zona de maior perímetro da<br />
mesma. O pé direito deve estar apoiado numa superfície elevada, para que o joelho fique em 90º de flexão.<br />
Agarra-se a Dobra Cutânea no sentido paralelo ao eixo longitudinal do corpo, destacando-a com o polegar<br />
apoiado no bordo medial da tíbia.<br />
É uma prega vertical, na qual os olhos do observador devem estar ao nível do local a medir e o adipómetro deve<br />
estar horizontal ao plano de referência do solo.<br />
Avaliação:<br />
O registo desta medida será feito em milímetros.<br />
113
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Descrição:<br />
Perímetro Braquial<br />
O aluno deverá ter o membro superior direito descontraído e ao longo do corpo.<br />
A mediada será efetuada na face posterior do braço direito, a meia distância da linha que une os pontos<br />
anatómicos designados de olecrâneo e acrómio, ao nível do local correspondente ao maior perímetro do braço<br />
em descontração.<br />
Avaliação:<br />
O registo será efetuado em centímetros.<br />
Descrição:<br />
Perímetro Abdominal<br />
O aluno estará na posição de pé, com os membros superiores ao longo do corpo. O avaliador coloca a fita num<br />
plano horizontal, passando por cima da cicatriz umbilical.<br />
A medida será efetuada após o final de uma ligeira expiração.<br />
Avaliação:<br />
O registo será efetuado em centímetros.<br />
Descrição:<br />
Perímetro Geminal<br />
A mediada será efetuada ao nível correspondente ao maior perímetro.<br />
Com o avaliado em posição ortostática, com a perna apoiada num banco e realizando um ângulo aproximado de<br />
90º entre a perna e a coxa. O avaliador coloca a fita no plano horizontal, no ponto de maior massa muscular.<br />
Avaliação:<br />
O registo será efetuado em centímetros.<br />
114
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Protocolo de avaliação da aptidão física<br />
Descrição:<br />
Coordenação (Ria)<br />
De acordo com o protocolo de Martins Carvalho (2007), o teste realiza-se num espaço retangular com<br />
aproximadamente 30 m2 (6x5) dividido a meio por duas linhas paralelas separadas por 1,5 m, o aluno de frente<br />
para a linha que se vai ultrapassar, bola agarrada por ambas as mãos. Ao sinal de começo lança-se a bola (de<br />
baixo para cima) de forma a que esta ultrapasse o espaço delimitado pelas linhas, e após lançar a bola, o aluno<br />
desloca-se rapidamente para o outro lado das linhas de forma a agarrar a bola antes de esta tocar o chão. Se a<br />
bola tocar o chão essa receção não é contada. Depois de agarrar a bola o aluno volta a lançá-la rapidamente em<br />
sentido contrário e o movimento processa-se de forma idêntica. Quando a bola não é apanhada na trajetória<br />
aérea, o aluno agarra nova bola dada por um colega e reinicia rapidamente o movimento. Se a bola for agarrada<br />
mas os pés estiverem a pisar a linha ou no espaço entre linhas (ria) a receção também não conta, devendo o<br />
aluno dirigir-se rapidamente para um dos lados da ria e reiniciar o movimento.<br />
A prova tem a duração de 30 segundos, e só contam o número de transposições efetuadas corretamente.<br />
Fazem-se duas tentativas intervaladas por um período mínimo de 2 minutos e máximo de 10 minutos e assumese<br />
o melhor resultado.<br />
Avaliação:<br />
Será feito o registo do número de transposições efetuadas corretamente.<br />
Descrição:<br />
Flexibilidade (Senta e Alcança - Adaptado)<br />
A prova de Flexibilidade (flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores e máxima extensão do tronco e<br />
membros superiores) “senta e alcança” (sit-and-reach) foi realizada de acordo com o protocolo de Martins<br />
Carvalho (2007) tendo uma adaptação em relação ao da Bateria de Testes do FITNESSGRAM (2002). A<br />
adaptação consiste em medir a diferença entre, a distância do ponto atingido pelo dedo médio com as duas mãos<br />
sobrepostas uma sobre a outra, mantendo o tronco na posição vertical e ombros e região dorsal em contacto com<br />
parede, e o ponto mais afastado (na régua desenhada na caixa) que se consegue atingir e manter durante 2<br />
segundos com o dedo médio (mãos em sobreposição), alcançado após flexão anterior do tronco.<br />
Numa primeira medição (encostado), o aluno deve descalçar-se e sentar-se no chão com a zona da bacia,<br />
ombros e cabeça encostados a uma parede. Colocar a planta dos pés contra a caixa, mantendo os joelhos em<br />
extensão. Deve estender completamente um dos membros inferiores, ficando a planta do pé em contacto com a<br />
extremidade da caixa e a parte posterior do joelho em contacto com o solo. Nesta posição o aluno irá esticar os<br />
braços à frente, com uma mão em cima da outra, sem desencostar o tronco e a cabeça da parede, tocando com a<br />
ponta dos dedos na fita métrica, sendo este o “ponto zero”. De seguida (segunda medição - senta e alcança) o<br />
aluno irá fletir uma das pernas colocando a planta do pé assente no solo e irá fletir o tronco, deslizando<br />
lentamente os braços para a frente, mantendo as mãos paralelas, no centro da caixa (as mãos devem ser<br />
colocadas uma sobre a outra). O avaliador irá ler o valor que a ponta mais avançada dos dedos alcança na fita<br />
métrica, tendo o avaliando de manter a posição de alongamento durante alguns segundos.<br />
115
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
O membro inferior que deverá estar estendido será sempre o direito, durante a flexão anterior do tronco é<br />
permitido o movimento do joelho fletido para o lado e só será realizado apenas um ensaio.<br />
Esta avaliação exigiu a utilização de uma caixa com 30 cm de lado, um colchão e uma régua.<br />
Antes de se efetuar esta avaliação os alunos realizam exercícios de aquecimento e alongamentos estáticos<br />
durante pelo menos 3 minutos.<br />
Avaliação:<br />
O resultado para cada uma das avaliações, regista-se em centímetros e será arredondado ao centímetro mais<br />
próximo. O valor final contabilizado é a diferença entre a medição obtida com o tronco encostado à parede e o<br />
valor obtido com a flexão anterior do tronco sobre os membros inferiores.<br />
Descrição:<br />
Flexibilidade (Amplitude de Afastamento dos Membros Inferiores)<br />
O teste de Flexibilidade (Amplitude de afastamento dos MI) o protocolo foi adaptado do teste de Afastamento<br />
lateral dos MI de Johnson e Nelson (1979) apud Fernandes Filho (1999) e de Lopéz (2002) tendo sido criado o<br />
nosso próprio protocolo.<br />
O aluno irá descalçar-se e adotar uma postura sentado no solo afastando o mais possível as duas pernas. A<br />
medição é realizada por um Goniómetro adaptado colocado entre os MI, colocando os braços do mesmo em<br />
ajustados à parte interna das pernas de forma a que toque nos côndilos internos e nos tornozelos. O ponto zero<br />
será no prolongamento do MI esquerdo e o prolongamento do MI direito e irá marcar o ângulo formado pela<br />
abertura dos dois membros. Os MI terão que estar em extensão máxima e pousados junto com os calcanhares no<br />
chão. A avaliação será efetuada no período da tarde e antes serão realizados exercícios de aquecimento e<br />
alongamentos estáticos durante pelo menos 3 minutos, para mobilizar os membros inferiores antes da prova. O<br />
avaliado na posição de sentado formará o maior ângulo possível entre os MI.<br />
Avaliação:<br />
Serão realizados dois ensaios seguidos, sendo apenas considerado o melhor. O valor é definido em graus.<br />
Descrição:<br />
Força (Preensão Manual)<br />
O aluno realizará o máximo de preensão possível no dinamómetro e para tal tem de adotar uma posição ereta,<br />
com a cabeça erguida, olhando em frente. O dinamómetro manual deve ser ajustado para que a segunda falange<br />
do dedo polegar esteja em ângulo reto; o antebraço deve estar posicionado em qualquer ângulo entre 90º e 180º<br />
em relação ao braço que deve estar em posição vertical; o pulso e o antebraço devem estar em leve pronação.<br />
O avaliado terá de exercer uma força máxima e breve, sendo a pressão realizada de forma contínua.<br />
Avaliação:<br />
A prova é realizada com a mão preferencial, sendo permitidos dois ensaios, com registo do melhor resultado,<br />
expresso em quilogramas força (Kgf), com uma casa decimal.<br />
116
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Descrição:<br />
Força (Lançamento da Bola de Ténis)<br />
O aluno terá de lançar a bola de ténis o mais longe possível.<br />
O lançamento é feito com a mão preferida, tipo “lançamento de dardo”, entre duas linhas paralelas marcadas no<br />
chão, distantes 2 metros entre si. É permitida uma corrida de balanço, dentro dos limites da zona de lançamento.<br />
O aluno deverá respeitar as zonas limitadas para a corrida de balanço.<br />
Avaliação:<br />
São realizados dois ensaios, sendo registada a melhor marca, expressa em metros.<br />
Descrição:<br />
Força (Abdominais 30seg)<br />
Em relação ao teste de força média foi o teste de abdominais em que o objetivo era realizar o maior número de<br />
abdominais num período de 30 segundos.<br />
O aluno teria de efetuar elevações e abaixamentos do tronco, partindo da posição de decúbito dorsal, os joelhos<br />
fletidos a 90º, com os membros superiores cruzados, ficando as mãos sobre o ombro contrário.<br />
Os pés, estarão ligeiramente afastados e deverão manter o contacto com o solo pela ajuda de um companheiro<br />
que lhe segura os tornozelos.<br />
Outro dos companheiros ajoelha-se atrás dele, colocando as mãos por baixo da cabeça deste e em contacto com<br />
o colchão, vigiando o cumprimento dos critérios de êxito e contabilizando o número de abdominais.<br />
Conta-se o número de ciclos completos (elevação e descida do tronco) que o executante realiza, sendo<br />
contabilizadas as vezes que os cotovelos tocam nos joelhos.<br />
Avaliação:<br />
Realiza-se apenas um ensaio, no qual será contabilizado o número de repetições realizadas corretamente num<br />
período de 30 segundos.<br />
Descrição:<br />
Força (Salto em Comprimento sem corrida de impulsão)<br />
Foi marcada no chão uma linha a partir da qual o aluno efetuava o salto o mais longe possível a pés juntos e<br />
sem corrida ou qualquer passo preparatório, fazendo apenas uso dos braços para ganhar balanço.<br />
A saída dos pés do solo deverá ser simétrica e sem estar a transpor a linha inicialmente traçada. Após cada salto,<br />
o ponto mais recuado de contacto com o solo é marcado e lido pelo observador com recurso a uma fita métrica<br />
colocada perpendicularmente à linha de salto.<br />
Avaliação:<br />
O aluno teve direito a realizar duas tentativas, tendo sido registada apenas a melhor marca em centímetros.<br />
117
____________________________________________________________________________________Anexos<br />
Descrição:<br />
Resistência (Teste do Vaivém – PACER)<br />
Seguindo o protocolo do FITNESSGRAM, no teste do vaivém, o percurso é delimitado por duas linhas<br />
distanciadas 20 metros uma da outra. O avaliado terá de cumprir o percurso em ambos os sentidos, adequando o<br />
seu ritmo de corrida ao sinal sonoro, de forma a encontrar-se numa das extremidades do percurso quando este<br />
soar. Os alunos colocam-se na linha de partida, correm pela área estipulada e devem transpor a linha oposta. Ao<br />
sinal sonoro devem inverter o sentido de corrida e correr até à outra extremidade. Se os alunos atingiram a linha<br />
antes do sinal sonoro, deverão esperar pelo mesmo para correr em sentido contrário.<br />
Um sinal sonoro indica o final do tempo de cada percurso e um triplo sinal sonoro no final de cada minuto<br />
indica o final de cada patamar de esforço, alertando ainda os alunos de que o ritmo vai acelerar e a velocidade<br />
de corrida terá de aumentar para percorrerem a distância de 20 metros em menos tempo. Trata-se de uma prova<br />
de patamares progressivos com a duração de 60 segundos (1 patamar = 1 minuto) o que obriga os executantes a<br />
aumentar a velocidade (+ 0,5 km/h. por patamar). A prova inicia-se a uma velocidade de 8,5 km/h. O teste<br />
termina com a desistência do participante, ou quando este não conseguir atingir a linha demarcada, 2 vezes<br />
consecutivas ou não consecutivas.<br />
Avaliação:<br />
É registado o número de percursos efetuados (um percurso corresponde a uma distância de 20 metros).<br />
Descrição:<br />
Velocidade de Corrida (20m lançados)<br />
O protocolo seguido foi o apresentado por Martins de Carvalho (2007) em que a uma distância de 25 metros<br />
relativamente à meta, o aluno começa a correr à máxima velocidade, tentando passar a meta o mais rápido<br />
possível. O tempo só começa a ser contabilizado, após passar a linha dos 5 metros e termina no momento em<br />
que passa a linha dos 25 metros. Será registado o tempo que demora a percorrer 20 metros de corrida.<br />
O avaliado deve percorrer a distância o mais rápido possível e não deve travar o movimento antes de passar a<br />
meta, nem travar bruscamente após atravessar a mesma.<br />
Avaliação:<br />
Regista-se o tempo de duas tentativas (mínimo 5 min. de intervalo) e seleciona-se o melhor registo. O tempo de<br />
duração da corrida é contabilizado em segundos.<br />
118
Ano de Escolaridade<br />
Data Nascimento<br />
Idade<br />
Sexo<br />
Estatura<br />
Peso<br />
Prega<br />
Tricipital<br />
Prega<br />
Subescapular<br />
Prega<br />
Geminal<br />
Perímetro<br />
Braquial<br />
Perímetro<br />
Abdominal<br />
Perímetro<br />
Geminal<br />
Coordenação (Ria)<br />
Flexibilidade<br />
- Encostado<br />
Flexibilidade<br />
(Senta e Alcança)<br />
Flexibilidade<br />
(Ângulo MI)<br />
Força<br />
(Dinamómetro)<br />
Força-<br />
Lançam. Bola de Ténis<br />
Força<br />
(Abdominais - 30 Seg)<br />
Força- Salto horizontal<br />
Resistência - Vaivém<br />
Velocidade<br />
(20 m lançados)<br />
Anexo 4 - Grelha de registo de dados<br />
Grelha de Registo de Dados<br />
Escola EB1 Turma Ano Prof. José <strong>Santo</strong><br />
Identificação Antropometria Aptidão Física<br />
Nomes<br />
119