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Mateus Elias dos Santos – matrícula 58664 - Jornalismo da UFV

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sensual. A personagem também é fotografa<strong>da</strong> usando orelhinhas de coelho de pelúcia. To<strong>dos</strong><br />

estes dispositivos jornalísticos, tanto texto como imagem, contribuem para alimentar o<br />

imaginário do público masculino do jornal, que aprecia conteú<strong>dos</strong> com certo grau de erotismo<br />

e sensuali<strong>da</strong>de feminina. Além disso, o emprego <strong>da</strong>s palavras “delícia”, “doçura” e “gostoso”<br />

pode sugerir que Valesca Popozu<strong>da</strong> também está pronta para ser “comi<strong>da</strong>”, tal como um fruto<br />

(<strong>da</strong>í a sua designação como a “mulher-fruto”) ou um ovo de chocolate.<br />

Na edição de 25 de abril (ver anexo na p. 55), Valesca Popozu<strong>da</strong> é o principal<br />

destaque <strong>da</strong> capa do jornal. A rainha do funk aparece em uma grande chama<strong>da</strong>, cujo texto diz:<br />

“Meia Hora leva Valesca à festa com troca de casais”. A imagem utiliza<strong>da</strong>, neste caso, é<br />

bastante sugestiva e interessante: Valesca aparece deita<strong>da</strong>, usando um vestido super curto, que<br />

deixa suas coxas e seus seios à mostra. Na foto, diversas mãos, de pessoas diferentes, tanto de<br />

homens quanto de mulheres, apalpam todo o corpo <strong>da</strong> personagem. Isto simboliza justamente<br />

o ambiente liberal <strong>da</strong> festa, em que ocorrem trocas de parceiros sexuais e onde várias pessoas<br />

têm acesso ao corpo <strong>da</strong>s outras. Novamente, o recurso do erotismo é utilizado pelo jornal,<br />

como forma de atrair o interesse do público masculino. Mais uma vez, também, o caráter de<br />

“mulher-fruto” <strong>da</strong> personagem é reforçado. Ao fotografar Valesca nesta posição e retratá-la<br />

neste contexto, pode-se interpretar que o jornal sugeriu que to<strong>dos</strong> querem passar a mão, pegar<br />

e “comer” a personagem, assim como acontece com uma fruta saborosa que desperta o desejo<br />

<strong>da</strong>s pessoas.<br />

A capa do dia 16 de maio (ver anexo na p. 61) é, sem dúvi<strong>da</strong>s, a que utiliza o apelo<br />

sexual de modo mais explícito. Valesca Popozu<strong>da</strong> aparece praticamente nua, vestindo<br />

somente pequenos lingeries nas partes íntimas, em pose extremamente sensual. Abaixo <strong>da</strong><br />

imagem, está uma fala <strong>da</strong> personagem: “Tudo que é proibido me excita”. Ao lado <strong>da</strong> foto, em<br />

letras menores, há outro texto: “Popozu<strong>da</strong> lança batidão para mulheres que têm atração por<br />

homens casa<strong>dos</strong>”. O conjunto de dispositivos jornalísticos confere alto teor de erotismo ao<br />

conteúdo, o que, novamente, torna-se fator de atração para os leitores masculinos.<br />

Claramente, neste caso, Valesca é mostra<strong>da</strong> como uma mulher devassa, com características de<br />

prostituta. Ao dizer que se excita com tudo o que é proibido, ela também pode ser encara<strong>da</strong><br />

como Eva (a personagem bíblica que comeu a maçã proibi<strong>da</strong> no paraíso e trouxe o pecado ao<br />

mundo). Relacionando as duas personagens que estão em foco nesta análise, pode-se afirmar<br />

que Valesca Popozu<strong>da</strong> foi retrata<strong>da</strong> de um modo exatamente oposto ao de Hebe.

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