Mateus Elias dos Santos â matrÃcula 58664 - Jornalismo da UFV
Mateus Elias dos Santos â matrÃcula 58664 - Jornalismo da UFV
Mateus Elias dos Santos â matrÃcula 58664 - Jornalismo da UFV
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
38<br />
sensual. A personagem também é fotografa<strong>da</strong> usando orelhinhas de coelho de pelúcia. To<strong>dos</strong><br />
estes dispositivos jornalísticos, tanto texto como imagem, contribuem para alimentar o<br />
imaginário do público masculino do jornal, que aprecia conteú<strong>dos</strong> com certo grau de erotismo<br />
e sensuali<strong>da</strong>de feminina. Além disso, o emprego <strong>da</strong>s palavras “delícia”, “doçura” e “gostoso”<br />
pode sugerir que Valesca Popozu<strong>da</strong> também está pronta para ser “comi<strong>da</strong>”, tal como um fruto<br />
(<strong>da</strong>í a sua designação como a “mulher-fruto”) ou um ovo de chocolate.<br />
Na edição de 25 de abril (ver anexo na p. 55), Valesca Popozu<strong>da</strong> é o principal<br />
destaque <strong>da</strong> capa do jornal. A rainha do funk aparece em uma grande chama<strong>da</strong>, cujo texto diz:<br />
“Meia Hora leva Valesca à festa com troca de casais”. A imagem utiliza<strong>da</strong>, neste caso, é<br />
bastante sugestiva e interessante: Valesca aparece deita<strong>da</strong>, usando um vestido super curto, que<br />
deixa suas coxas e seus seios à mostra. Na foto, diversas mãos, de pessoas diferentes, tanto de<br />
homens quanto de mulheres, apalpam todo o corpo <strong>da</strong> personagem. Isto simboliza justamente<br />
o ambiente liberal <strong>da</strong> festa, em que ocorrem trocas de parceiros sexuais e onde várias pessoas<br />
têm acesso ao corpo <strong>da</strong>s outras. Novamente, o recurso do erotismo é utilizado pelo jornal,<br />
como forma de atrair o interesse do público masculino. Mais uma vez, também, o caráter de<br />
“mulher-fruto” <strong>da</strong> personagem é reforçado. Ao fotografar Valesca nesta posição e retratá-la<br />
neste contexto, pode-se interpretar que o jornal sugeriu que to<strong>dos</strong> querem passar a mão, pegar<br />
e “comer” a personagem, assim como acontece com uma fruta saborosa que desperta o desejo<br />
<strong>da</strong>s pessoas.<br />
A capa do dia 16 de maio (ver anexo na p. 61) é, sem dúvi<strong>da</strong>s, a que utiliza o apelo<br />
sexual de modo mais explícito. Valesca Popozu<strong>da</strong> aparece praticamente nua, vestindo<br />
somente pequenos lingeries nas partes íntimas, em pose extremamente sensual. Abaixo <strong>da</strong><br />
imagem, está uma fala <strong>da</strong> personagem: “Tudo que é proibido me excita”. Ao lado <strong>da</strong> foto, em<br />
letras menores, há outro texto: “Popozu<strong>da</strong> lança batidão para mulheres que têm atração por<br />
homens casa<strong>dos</strong>”. O conjunto de dispositivos jornalísticos confere alto teor de erotismo ao<br />
conteúdo, o que, novamente, torna-se fator de atração para os leitores masculinos.<br />
Claramente, neste caso, Valesca é mostra<strong>da</strong> como uma mulher devassa, com características de<br />
prostituta. Ao dizer que se excita com tudo o que é proibido, ela também pode ser encara<strong>da</strong><br />
como Eva (a personagem bíblica que comeu a maçã proibi<strong>da</strong> no paraíso e trouxe o pecado ao<br />
mundo). Relacionando as duas personagens que estão em foco nesta análise, pode-se afirmar<br />
que Valesca Popozu<strong>da</strong> foi retrata<strong>da</strong> de um modo exatamente oposto ao de Hebe.