Propostas - Fiesp
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DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE<br />
São Paulo, 8 de novembro de 2010
DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE<br />
PRESIDENTE<br />
Paulo Skaf<br />
DEPARTAMENTO DE COMPETITIVIDADE E TECNOLOGIA - DECOMTEC<br />
Diretor Titular: José Ricardo Roriz Coelho<br />
Diretor Titular Adjunto: Pierangelo Rossetti<br />
DEPARTAMENTO DE PESQUISAS E ESTUDOS ECONÔMICOS - DEPECON<br />
Diretor Titular: Paulo Francini<br />
Diretores Titulares Adjuntos: Nilton Torres de Bastos<br />
Walter Sacca<br />
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR - DEREX<br />
Diretor Titular: Roberto Giannetti da Fonseca<br />
Diretores Titulares Adjuntos: Thomaz Marinho de Andrade Zanotto<br />
Eduardo de Paula Ribeiro<br />
José Augusto Corrêa<br />
Antonio Fernando Guimarães Bessa<br />
Mario Antonio Marconini<br />
Newton de Mello<br />
Ricardo Martins<br />
Maurice Costin<br />
DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA - DEINFRA<br />
Diretor Titular Adjunto - Logística e Telecomunicação: Carlos Antonio Cavalcanti<br />
Diretor Titular Adjunto - Logística: Pedro Francisco Moreira<br />
Diretor Titular Adjunto - Telecomunicação: Paulo Gomes Castelo Branco<br />
Diretor Titular – Energia: Carlos Antonio Cavalcanti<br />
Diretores Titulares Adjuntos – Energia: Carlos Frederico Hackerott<br />
Paulo Roberto Chimenti Auriemo<br />
DEPARTAMENTO SINDICAL - DESIN<br />
Diretor Titular Sindical: Roberto Della Manna<br />
Diretor Titular Adjunto Sindical: Pedro Nunes de Abreu<br />
Diretor Titular Negocial: Roberto Ferraiuolo<br />
Diretor Titular Adjunto Negocial: Antonio Carlos Fiola Silva<br />
Coordenador dos Conselhos Temáticos da FIESP<br />
Embaixador Sergio Amaral<br />
2
I REFORMA TRIBUTÁRIA<br />
1. Objetivos Gerais<br />
Uma reforma tributária no Brasil deve:<br />
• Simplificar e tornar mais transparente o sistema tributário, reduzindo o número de<br />
tributos e a burocracia;<br />
• Reduzir a carga tributária;<br />
• Promover a isonomia tributária e distribuir a carga fiscal de forma mais equitativa<br />
entre os setores da atividade econômica, entre as regiões e entre empresas que atuam<br />
num mesmo mercado.<br />
2. <strong>Propostas</strong> para melhoria do sistema tributário. São indicadas a seguir algumas<br />
medidas específicas, tanto em nível de Governo Federal, quanto Estadual, que<br />
introduziriam melhorias significativas no sistema tributário:<br />
2.1 Simplificação do Processo Tributário<br />
• Eliminação de qualquer tipo de cumulatividade de impostos seja horizontal ou vertical,<br />
e de alíquotas “por dentro”, definindo um conceito de valor líquido tributável para servir<br />
de base à tributação de qualquer bem ou serviço;<br />
• Unificação dos tributos incidentes sobre o valor adicionado em um único imposto em<br />
substituição a: ICMS, PIS/PASEP, IPI, COFINS e CIDE-Combustíveis;<br />
• Unificação dos tributos sobre a renda (CSLL E IRPJ);<br />
• Redefinição da partilha da arrecadação dos tributos sobre a Renda e do novo Imposto<br />
sobre o Valor Adicionado;<br />
• Harmonização das legislações tributárias dos Estados;<br />
2.2 Justiça Fiscal<br />
• Ampliação, de modo gradual, do prazo de recolhimento dos impostos e contribuições<br />
federais para 60 dias contados a partir do fato gerador. A implementação desta proposta<br />
pode ser feita mediante a ampliação do prazo de pagamento em 5 dias a cada mês, até<br />
se atingir os 60 dias, em aproximadamente um ano;<br />
• Efetiva implementação do direito de utilizar os créditos de ICMS, conforme já previsto<br />
na Lei Complementar 87/96 a partir de 1º de janeiro de 2011.<br />
2.3 Desonerações<br />
• Desoneração da folha de pagamento, eliminando o Salário-Educação e identificando<br />
formas alternativas para a contribuição patronal ao sistema de previdência e assistência<br />
social, como por exemplo, a tributação do valor adicionado;<br />
• Desoneração completa dos investimentos, isentando de tributos as máquinas e os<br />
equipamentos, bem como seus insumos, partes, peças e componentes.<br />
3
2.4 Transparência<br />
• Garantia do direito de a sociedade saber quanto paga de tributos em cada produto ou<br />
serviço que adquire.<br />
2.5 Isonomia<br />
• Mesmo antes de se concluir um acordo geral sobre a reforma tributária, seria possível<br />
promover a redução progressiva da alíquota interestadual do ICMS, até alcançar o nível<br />
de 4%, suficiente para custear a fiscalização e administração fazendária e para minimizar<br />
eventuais perdas de alguns Estados;<br />
• Tomar as medidas necessárias para proibir os incentivos dados por Estados às<br />
importações de produtos;<br />
• Criar mecanismos para coordenar a aplicação da substituição tributária em nível<br />
nacional, definindo os setores sujeitos a este mecanismo e definindo os critérios para<br />
aplicação do modelo de incidência. As regras devem ser de aplicação nacional para<br />
evitar a guerra fiscal.<br />
2.6 Créditos tributários<br />
Compensação plena, tanto de tributos federais, quanto estaduais, incidentes sobre<br />
a atividade exportadora, com a garantia de pagamento dos estoques de créditos já<br />
acumulados, em nível federal e estadual.<br />
A resolução da questão relativa à restituição dos créditos tributários das exportações<br />
passa pela redefinição das competências da União e dos Estados sobre o comércio<br />
exterior. Tendo em vista que o comércio internacional é um objetivo nacional, com<br />
impacto nas contas nacionais, a União deve assumir a responsabilidade pela restituição<br />
plena e imediata dos créditos de todos os tributos, incluindo o ICMS.<br />
• Estoque Federal<br />
- Apuração e homologação dos montantes de créditos tributários federais acumulados;<br />
- Pagamento do estoque de restituições devidas e acumuladas nas empresas com títulos<br />
indexados pela SELIC, em um prazo de até cinco anos. Esse prazo poderá até ser reduzido<br />
caso o estoque seja menor que 15% da arrecadação anual desses tributos.<br />
• Fluxo Federal<br />
Restituição dos créditos em até 90 dias do fato gerador:<br />
- Compensação de forma ágil e desburocratizada para o pagamento de qualquer tributo<br />
federal, inclusive o INSS incidente sobre folha de pagamento;<br />
- Repasse de créditos tributários entre empresas do mesmo grupo econômico ou<br />
coligadas;<br />
- Cessão do crédito tributário a terceiros.<br />
4
• Estoque Estadual<br />
- Apuração e homologação por parte das Fazendas Estaduais dos montantes de créditos<br />
de ICMS acumulados nas operações de exportação;<br />
- Pagamento do estoque acumulado em parcelas equivalentes a 3% da arrecadação<br />
efetiva anual de ICMS de cada Unidade da Federação;<br />
- Os estoques de créditos oriundos de operações interestaduais incentivadas (leia-se<br />
Guerra Fiscal) deverão ser objeto de acordos específicos entre cada Governo Estadual e<br />
exportadores;<br />
- Estados que possuem volume maior de crédito acumulado poderão contar com mais<br />
tempo para o pagamento. Cabe ressaltar que todos os créditos deverão ser reconhecidos<br />
pelos respectivos governos estaduais, de modo a permitir a emissão de títulos de igual<br />
valor, corrigidos pela SELIC e com vencimento em prazo tal que o pagamento anual seja<br />
equivalente a 3% da arrecadação do ICMS. Esses títulos terão aval do Tesouro Nacional,<br />
com contragarantias do Fundo de Participação Estadual.<br />
• Fluxo Estadual<br />
Permitir em até 90 dias do fato gerador:<br />
- Repasse de créditos de ICMS entre empresas do mesmo grupo econômico ou coligadas<br />
estabelecidas no mesmo Estado;<br />
- Cessão do crédito tributário a terceiros.<br />
5
II A QUESTÃO FISCAL E JUROS<br />
1. <strong>Propostas</strong> relativas aos Gastos do Setor Público<br />
A proposta concentra-se na contenção dos gastos correntes (despesas de custeio),<br />
com pessoal e encargos sociais. Para que isto seja viável é necessário obter ganhos de<br />
eficiência mediante uma reforma administrativa.<br />
2. Dívida pública<br />
Dadas às características da dívida pública no Brasil, podem ser adotadas medidas na<br />
sua gestão com impactos positivos na redução do seu montante, da taxa de juros e das<br />
despesas com juros. Entre tais medidas, estão:<br />
• Priorização dos títulos pré-fixados e daqueles vinculados a índices de preços, em<br />
substituição aos títulos atrelados à SELIC;<br />
• Extinção das Letras Financeiras do Tesouro (LFT´s).<br />
3. <strong>Propostas</strong> sobre Juros e Crédito<br />
I. Redução do juro básico da economia para nível internacional<br />
No curto prazo, o grande desafio da política monetária será conduzir a taxa SELIC de<br />
forma a manter as expectativas e o controle da inflação dentro da meta, sem comprometer<br />
o potencial de crescimento econômico do país.<br />
Construção de um cenário temporal de taxas de juros de longo prazo, com a contribuição<br />
de um esforço continuado de emissão de títulos públicos pré-fixados e de alongamento<br />
de seus prazos de vencimento.<br />
II. Redução dos recolhimentos compulsórios<br />
A redução dos recolhimentos compulsórios à vista e a prazo para padrões próximos aos<br />
internacionais contribuiria para a redução de custos do sistema bancário, estimulando<br />
a oferta de crédito e a diminuição dos spreads. Em particular, seria desejável eliminar<br />
o recolhimento compulsório para as recém-criadas Letras Financeiras com prazos mais<br />
longos (por exemplo, de 10 anos ou mais), de forma a estimular a utilização desse<br />
instrumento como fonte de financiamento de longo prazo.<br />
III. Continuação das reformas microeconômicas voltadas à redução das assimetrias de<br />
informação e dos riscos de seleção adversa no mercado de crédito, compreendendo,<br />
entre outras medidas:<br />
a. Ampliação da portabilidade das informações cadastrais, incluindo ratings de<br />
crédito atribuídos às operações de empréstimo e financiamento, de forma a<br />
reforçar o poder de barganha dos bons tomadores de crédito na negociação com<br />
os bancos e a estimular a concorrência entre instituições financeiras;<br />
6
. Divulgação ampla dos benefícios da portabilidade aos consumidores para<br />
conscientizá-los quanto à importância do acesso às informações cadastrais<br />
para a obtenção de condições mais favoráveis em operações de empréstimos e<br />
financiamentos;<br />
c. Aprovação do projeto do Cadastro Positivo, de forma a reduzir os juros cobrados<br />
de bons pagadores e aumentar o ônus da “inadimplência voluntária”. A experiência<br />
internacional mostra que a existência dessa fonte de informações tende a reduzir<br />
os custos envolvidos na concessão de crédito e, com isso, a aumentar o seu<br />
volume.<br />
IV. Tratamento tributário mais favorável para aplicações de longo prazo<br />
As regras de tributação das aplicações financeiras deveriam ser diferenciadas, de modo<br />
que os investimentos de longo prazo pagassem menos tributos que os de curto prazo.<br />
Um exemplo seria a isenção ou substancial redução da taxação de debêntures e demais<br />
títulos privados de prazos mais longos, estimulando o desenvolvimento do crédito de<br />
longo prazo e do mercado de capitais.<br />
V. Ampliação do papel do BNDES no mercado de capitais<br />
Além de participar de operações de oferta inicial de ações e do lançamento de debêntures,<br />
o BNDES poderia, por meio da BNDESPar, garantir demanda firme no lançamento de<br />
títulos de empresas. Essa atuação do Banco é importante não apenas pelo seu efeito<br />
direto sobre a demanda de títulos, como também para atestar a qualidade dos mesmos e<br />
atrair outros investidores ao mercado. A experiência acumulada pelo BNDES no mercado<br />
de capitais e o seu compromisso com a adoção de melhores práticas de governança<br />
pelas empresas são fatores adicionais de estímulo ao desenvolvimento do mercado.<br />
VI. Estímulo à atuação das instituições financeiras como “market makers”<br />
Outra medida complementar que poderia fortalecer o mercado de dívida privada é o<br />
incentivo para que as instituições financeiras contratadas para realizar emissões de<br />
debêntures garantam um mínimo de liquidez aos títulos no mercado secundário. Hoje,<br />
não há nenhuma obrigação para que elas atuem na criação de mercado para esses<br />
títulos.<br />
VII. Racionalização dos processos judiciais<br />
Implementação de leis já aprovadas pelo Congresso (Súmula Vinculante e Execução<br />
de Títulos Judiciais, por exemplo) e aprovação de um conjunto de propostas hoje em<br />
discussão no Congresso Nacional que têm por finalidade reduzir a insegurança jurídica<br />
dos credores.<br />
7
III INFRAESTRUTURA<br />
Introdução<br />
Para que o desenvolvimento econômico brasileiro seja sustentado é preciso retomar<br />
os investimentos nos diversos segmentos da infraestrutura para eliminar os gargalos<br />
existentes e reduzir o chamado “custo Brasil”. A participação do setor privado nesses<br />
investimentos será imprescindível, uma vez que os recursos do setor público são limitados<br />
e devem ser priorizados para as áreas sociais.<br />
Além de retomar os investimentos torna-se igualmente relevante a elaboração de<br />
políticas de médio prazo, que indiquem as prioridades de investimentos para os diversos<br />
setores da infraestrutura brasileira, apresentando objetivos e metas, de forma clara e<br />
transparente.<br />
Isso requer o aperfeiçoamento do atual ambiente normativo e institucional, bem como<br />
a consolidação de um processo de planejamento integrado que abranja os agentes<br />
públicos e privado envolvidos, inclusive os usuários.<br />
<strong>Propostas</strong><br />
1. Transportes<br />
Planejamento do setor: viabilizar a instituição de um órgão de estado que seja responsável<br />
por implantar um sistema de planejamento estratégico para o setor de transportes, que<br />
incentive a intermodalidade visando obter ganhos de eficiência e de produtividade na<br />
matriz de transportes nacional.<br />
Licenciamento Ambiental: Estabelecer regras claras para a definição das competências<br />
dos entes federados para o licenciamento ambiental. Reduzir os entraves ligados à<br />
demora no processo de licenciamento ambiental.<br />
1.1 Portos<br />
Acessos terrestres: solucionar os problemas dos acessos terrestres aos portos, ampliando<br />
a participação do modal ferroviário. Dar prioridade ao acesso terrestre ao porto de<br />
Santos, ainda excessivamente dependente do modal rodoviário, e que apresenta grande<br />
dificuldade na transposição da Região Metropolitana de São Paulo.<br />
Maior integração: promover a integração entre os órgãos públicos atuantes nos portos,<br />
tais como a Polícia Federal, Alfândega e Vigilância Sanitária de forma a conferir maior<br />
celeridade aos processos relacionados à movimentação de cargas.<br />
Ambiente regulatório propício aos investimentos privados: O subsetor portuário necessita<br />
de um ambiente regulatório estável e consistente, possibilitando segurança e dividendos<br />
8
adequados aos investidores no longo prazo. A confiabilidade do ambiente institucional é<br />
o ponto central para a participação do setor privado.<br />
Retomada dos investimentos públicos: É necessário retomar os investimentos públicos<br />
no setor, que são complementares aos investimentos privados.<br />
1.2 Rodovias<br />
Concessões rodoviárias: ampliar o programa de concessões rodoviárias, com base em<br />
modelos que priorizem a redução das tarifas de pedágios, tais como o de concessão não<br />
onerosa baseada na oferta da menor tarifa. Introduzir um novo critério de cobrança de<br />
pedágio, onde o valor seja determinado pela distância percorrida, com desconto para os<br />
usuários que utilizam a rodovia com maior frequência e nas horas de baixo movimento.<br />
Roubo de cargas: Implantar medidas para coibir essa prática criminosa, mediante leis<br />
mais severas e aumento da ação da Polícia Rodoviária.<br />
1.3 Ferrovias<br />
Ampliação da malha ferroviária: concluir as obras em andamento e realizar os novos<br />
investimentos em ferrovias programados no Plano Nacional de Logística de Transporte<br />
– PNLT.<br />
Revisão do modelo de concessões ferroviárias: estabelecer um novo programa de<br />
concessões focado no aumentando da eficiência e da competitividade, que permita a<br />
utilização/operacionalização de trechos ociosos por novos operadores e propicie uma<br />
maior participação da iniciativa privada na ampliação da malha ferroviária.<br />
Segurança, gargalos físicos e operacionais: resolver os problemas de convivência entre a<br />
ferrovia e as comunidades lindeiras, tais como, invasão da faixa de domínio e passagens<br />
em nível. Realizar de obras de contornos e travessias nas áreas urbanas, reduzindo riscos<br />
de acidentes e aumentando a velocidade dos trens.<br />
1.4 Hidrovias<br />
Investimentos: realizar os investimentos programados no Plano Nacional de Logística<br />
e Transporte (PNLT), no total R$ 15,7 bilhões, até 2023. Implantar novos modelos<br />
de parcerias público privada e de concessões, que permitam ao setor privado maior<br />
participação nos investimentos das hidrovias.<br />
Garantia da navegabilidade: criar legislação específica que estabeleça a inclusão de<br />
eclusas e de equipamento quando da construção de barragens, de forma a não gerar<br />
obstáculos para a navegação fluvial.<br />
Cabotagem: incentivar essa modalidade de transporte de cargas.<br />
9
1.5 Aeroportos<br />
Concessões aeroportuárias: promover a modernização e a ampliação dos aeroportos<br />
com uma maior participação da iniciativa privada nos investimentos em infraestrutura<br />
e na operação.<br />
1.6 Principais projetos no setor de transporte para o Estado de São Paulo<br />
• Duplicar a rodovia dos Tamoios (SP-99);<br />
• Realizar as obras de contorno de Caraguatatuba e São Sebastião e de acesso ao Porto<br />
de São Sebastião;<br />
• Construir o RODOANEL – trechos leste e norte;<br />
• Ampliar a Rodovia Euclides da Cunha: duplicação, construção de faixas adicionais e<br />
marginais;<br />
• Construir ponte de interligação dos municípios de Santos e Guarujá;<br />
• Ampliar os eixos rodoviários de acesso à Região Metropolitana de São Paulo;<br />
• Construir o Anel Ferroviário de São Paulo - trechos norte e sul;<br />
• Duplicar as linhas ferroviárias de acesso à baixada Santista;<br />
• Construir as obras para a segregação das linhas ferroviárias, eliminando os trechos de<br />
conflito entre o transporte de passageiros e o de carga;<br />
• Implantar o Trem de Alta Velocidade (TAV) entre o Rio de Janeiro, São Paulo e<br />
Campinas;<br />
• Ampliar a capacidade de navegação da Hidrovia Tietê-Paraná, dos atuais 5 milhões<br />
t/ano para 30 milhões t/ano;<br />
• Ampliar o Porto de São Sebastião;<br />
• Ampliar o terminal de cargas e de passageiros de Viracopos e de Guarulhos: construção<br />
da segunda pista de pousos e decolagens em Viracopos; construção do terceiro terminal<br />
e do pátio de estacionamento de aeronaves em Guarulhos;<br />
• Construir um novo aeroporto na RMSP.<br />
2. Energia<br />
2.1 Energia Elétrica<br />
Redução dos Encargos Setoriais e Tributos: A <strong>Fiesp</strong> propõe a não criação de novos<br />
encargos, bem como a não prorrogação daqueles cujos objetivos originais estão<br />
extintos. Propõe também, eliminar da tarifa de energia sobre custos não relacionados às<br />
atividades próprias do setor.<br />
Recomenda a desoneração tributária dos investimentos em infraestrutura de energia<br />
voltados para a ampliação da geração e expansão das linhas de transmissão e distribuição,<br />
como forma de aumentar a atratividade do setor e reduzir o preço da energia.<br />
Vencimento das concessões do setor elétrico: reverter os ativos à União para posterior<br />
licitação, na modalidade de menor tarifa, garantindo que os benefícios da exploração<br />
10
dos ativos amortizados sejam transferidos aos consumidores, na forma de redução de<br />
tarifa, consoante o modelo do setor elétrico definido em 2004.<br />
Aumento da Hidroeletricidade: dar prioridade ao aproveitamento da fonte hidráulica<br />
no desenvolvimento da matriz elétrica nacional, estimulando a construção de novas<br />
usinas hidroelétricas, preferencialmente com reservatórios. Promover o aperfeiçoamento<br />
institucional e normativo visando dar celeridade e racionalidade às etapas do<br />
licenciamento ambiental dos empreendimentos de energia.<br />
2.2 Energia Nuclear<br />
Promover um ajuste na legislação para permitir a participação da iniciativa privada<br />
na atividade de geração de energia nuclear, mantendo todo o ciclo do combustível<br />
(extração, armazenamento, enriquecimento, transporte e eliminação do lixo atômico)<br />
como atividade de Estado.<br />
O grande desafio para ampliar essa fonte de energia é implantar uma política de incentivos<br />
que viabilize econômica e tecnicamente os projetos de “retrofit”, que consistem na<br />
modernização das plantas existentes, principalmente com a troca das caldeiras de baixa<br />
pressão por outras mais eficientes.<br />
2.3 Petróleo e gás<br />
Operadora exclusiva: Propor mudanças nos Projetos de Lei que estabelecem o novo marco<br />
regulatório do setor, permitindo que outras empresas possam atuar nas atividades de<br />
produção e exploração de campos do Pré-sal. Não impor à Petrobras a obrigatoriedade<br />
de atuar como operadora exclusiva dos campos do Pré-sal.<br />
Conteúdo nacional: promover ações que possibilitem a indústria nacional atender a<br />
demanda de bens e serviços do setor de petróleo e gás, sobretudo no que diz respeito a<br />
formação de mão-de-obra especializada e a inovação tecnológica. Viabilizar a inserção das<br />
micro e pequenas indústrias no fornecimento de bens e serviços para o setor de P&G.<br />
Preço do gás natural: estabelecer uma política clara e transparente de formação de<br />
preço para o gás natural nacional enquanto houver, na prática, atuação monopolista da<br />
Petrobras. Guarnecer a ANP de instrumentos regulatórios adequados para garantir seu<br />
efetivo papel de entidade reguladora do setor de petróleo e gás.<br />
2.4 Bioenergia<br />
Mercado: adotar ações, programas e políticas públicas para a ampliação do uso do etanol<br />
nos mercados interno e externo. Investir no desenvolvimento tecnológico de produção e<br />
uso dos biocombustíveis (etanol e biodiesel).<br />
11
3. Telecomunicação<br />
Competitividade: acelerar a implantação dos regulamentos previstos pela agência, tais<br />
como a desagregação e compartilhamento de redes, revisão dos valores de exploração<br />
industrial de linha digital (EILD) e publicação do texto final do Plano Geral de Metas de<br />
Competição.<br />
Ações para Governo Eletrônico: promover a integração das ações e programas de<br />
modernização da administração pública municipal, estadual e federal, conhecidas como<br />
“Governo Eletrônico”, evoluindo gradativamente para o conceito de Cidades Digitais,<br />
fomentando adoção das ferramentas de comunicação e informática (TICs) para todos os<br />
serviços públicos, tais como saúde, educação, segurança, cultura, turismo arrecadação<br />
tributária, etc.<br />
4. Saneamento<br />
Universalização: Viabilizar os investimentos necessários para a universalização dos<br />
serviços de saneamento básico, principalmente os de esgotamento sanitário e de coleta<br />
e disposição final dos resíduos sólidos urbanos, cuja falta compromete a saúde pública<br />
e a qualidade de vida da população.<br />
Investimentos privados: promover os aperfeiçoamentos normativos e institucionais que<br />
possibilitem uma maior participação da iniciativa privada nos investimentos do setor.<br />
Regulamentação: Regulamentar a Lei nº 12.305/2010, viabilizando a implantação da<br />
Política Nacional de Resíduos Sólidos.<br />
5. Entidades reguladoras<br />
Aperfeiçoamento da agências reguladoras: garantir o fortalecimento técnico e a<br />
autonomia administrativa das agências reguladoras, assegurando a efetiva participação<br />
dos agentes do setor no processo de operacionalização das políticas e na elaboração do<br />
arcabouço normativo do setor. Adotar critérios de competência técnica para a escolha<br />
dos dirigentes e aprimorar continuamente o nível de profissionalização de seus quadros<br />
técnicos e gerenciais. Criar instrumentos que permitam dar ampla transparência e<br />
publicidade aos processos de decisão e de regulamentação.<br />
6. Participação dos consumidores<br />
Criar uma instância revisora de decisões das agências reguladoras, composta de<br />
forma paritária por representantes do poder concedente, das concessionárias e dos<br />
representantes de consumidoras, assegurando a participação efetiva dos usuários nos<br />
processos decisórios, garantindo a sua condução de forma justa e equilibrada.<br />
12
IV INFRAESTRUTURA<br />
E MEIO AMBIENTE<br />
A proteção ao meio ambiente e o processo de licenciamento são muitas vezes percebidos<br />
como adversários do desenvolvimento e um obstáculo para a realização das obras de<br />
infraestrutura. A melhor forma para resolver este problema, por vezes difícil, está em<br />
superar uma visão que vê o Estado como o principal protagonista das decisões, em favor<br />
que de uma transferência de parte da decisão e da responsabilidade para os agentes da<br />
sociedade e da economia. Em conformidade com esta visão, são formuladas as seguintes<br />
propostas.<br />
PROPOSTAS<br />
1. Definir procedimentos que atribuam maior responsabilidade na proteção ambiental<br />
ao empreendedor, mediante a definição de indicadores de desempenho ambiental e<br />
autoavaliação para o licenciamento;<br />
2. Implementar as regras e procedimentos, já previstos em lei, para a implantação do<br />
planejamento ambiental e setorial, de modo a viabilizar as políticas, planos e programas<br />
de governo que definam as diretrizes ao licenciamento ambiental;<br />
3. Estimular um maior diálogo entre os principais órgãos envolvidos no licenciamento<br />
ambiental, entre os quais o Ministério Público, órgãos ambientais, empresários e<br />
sociedade como um todo, para aumentar os níveis de confiança mútua.<br />
13
V MODERNIZAÇÃO<br />
DAS RELAÇÕES DE TRABALHO<br />
Novas tecnologias, modos de produzir e formas de comercializar os bens e serviços<br />
criaram Inúmeras novas formas de trabalhar. O emprego por prazo indeterminado<br />
continua sendo a principal relação no mundo do trabalho e assim seguirá por muito<br />
tempo. Entretanto, as novas formas estão se multiplicando. É o caso do trabalho em<br />
tempo parcial, por prazo determinado, por projeto, casual, terceirizado, intermitente, à<br />
distancia, por pessoa jurídica (PJ), entre outras. Essas formas não encontram amparo na<br />
CLT, o que deixa os trabalhadores desprotegidos e as empresas em situação de grande<br />
insegurança jurídica. A informalidade prospera nesse campo.<br />
O conceito orientador das relações do trabalho no Brasil se restringe ao emprego<br />
por prazo indeterminado. Toda vez que surge um impasse, os auditores, procuradores<br />
e magistrados tentam “encaixar” a nova forma de trabalhar na situação de vínculo<br />
empregatício convencional (por prazo indeterminado).<br />
A concepção dominante é a do garantismo legal. Segundo essa concepção, a proteção só<br />
pode ser garantida por lei. Quanto mais direitos são inseridos na lei, mais trabalhadores.<br />
Pouca atenção é dada à negociação e ao contrato como forma de proteger os trabalhadores<br />
e dar segurança às empresas.<br />
Impõe-se, por isto, a elaboração de um plano de saída para a camisa de força atual<br />
que impõe despesas de 102,43% do salário na contratação de empregados. Muitas<br />
dessas despesas sustentam políticas públicas importantes. A sua eliminação da folha de<br />
salários implica no encontro de outras fontes de recursos. Trata-se de uma tarefa difícil<br />
e que só terá êxito se for realizada gradualmente, com vigência futura e dentro de um<br />
novo contexto de mais negociação e menos legislação.<br />
Este movimento em direção à negociação é uma tarefa extremamente difícil por envolver<br />
conceitos filosóficos e ideológicos. Mas é necessário, no benefício do trabalhador e da<br />
empresa. É indispensável em face das novas condições de trabalho.<br />
14
<strong>Propostas</strong><br />
Inúmeras áreas exigem modernização das leis e dos procedimentos judiciais.<br />
Dentre elas estão:<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
5.<br />
6.<br />
7.<br />
8.<br />
9.<br />
criação de um Simples Trabalhista para empresas de pequeno porte;<br />
aperfeiçoamento do Programa do MEI (Micro Empreendedor Individual);<br />
aprovação dos contratos de formação para jovens recém-formados;<br />
modernização do seguro desemprego;<br />
terceirização;<br />
pessoas jurídicas;<br />
melhoria do seguro desemprego;<br />
plano de saída gradual do bolsa família;<br />
melhoria dos programas de formação profissional;<br />
10. melhoria do programa de aprendizes;<br />
11. melhoria do programa de estágio;<br />
12. mudanças na organização sindical;<br />
13.<br />
promoção do uso da conciliação, mediação e arbitragem na solução de impasses.<br />
15
Prioridades<br />
1) REVISÃO DA LEGISLAÇÃO E DO MODELO TRABALHISTA com foco prioritário nos<br />
seguintes aspectos:<br />
•<br />
•<br />
•<br />
mudanças na organização sindical;<br />
mudanças em contratos de trabalho;<br />
promoção do uso da conciliação, mediação e arbitragem na solução de impasses.<br />
2) DESONERAÇÃO DO SISTEMA TRABALHISTA<br />
•<br />
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criação de um Simples Trabalhista;<br />
aperfeiçoamento do programa do MEI ( Micro Empreendedor Individual);<br />
terceirização;<br />
aprovação dos contratos de formação para jovens recém-formados;<br />
modernização do seguro desemprego;<br />
novas formas de contratação exemplos: cooperativas, meio-ambiente (catadores de<br />
sucata), associações, artesão, PJs, etc.<br />
3) APERFEIÇOAMENTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FACE AS DEMANDAS DO SECULO XXI.<br />
16
VI CÂMBIO E COMÉRCIO EXTERIOR<br />
I Câmbio<br />
O Governo tem mais condições para conter a apreciação do real. Medidas adicionais<br />
devem ser consideradas:<br />
I. Atuação no mercado futuro: A importância do mercado futuro – hoje cinco vezes maior<br />
do que o mercado à vista – na formação da taxa de câmbio justifica uma atuação do<br />
Governo mediante:<br />
a. Compra de dólares pelo BC no mercado de câmbio futuro (Swap Cambial Reverso).<br />
Atualmente, o BC compra divisas no mercado à vista. A utilização do instrumento do<br />
Swap Reverso (o BC compra os dólares e as instituições financeiras compram contrato<br />
com remuneração SELIC) alteraria as expectativas do mercado em relação à formação<br />
da taxa, introduzindo um elemento de imprevisibilidade ao mercado futuro. Desta forma,<br />
muitos investidores que atualmente exercem pressão vendedora passariam a demandar<br />
dólares.<br />
b. Restrição para operações no mercado futuro com vencimento em 30 dias: As operações<br />
com vencimento máximo em 30 dias constituem aproximadamente 85% do volume<br />
total do mercado futuro de câmbio. Por incorrerem em menores riscos e obterem ganhos<br />
altos, estas operações de curto prazo são preferidas pelos investidores no mercado<br />
futuro, principalmente os que apenas especulam. O Governo Federal deve trabalhar,<br />
juntamente com a Bolsa de Mercadorias e Futuros, para criar restrições para operações<br />
de prazo reduzido e estimular as de prazo mais longo.<br />
II. Limitação de financiamento às importações. De forma geral, importadores contratam<br />
financiamentos para a compra de bens de consumo, postergando a liquidação cambial<br />
(saída de dólares da economia). Bens de capital, de tecnologia e bens intermediários<br />
devem continuar contar com prazos mais dilatados de financiamento; para os bens de<br />
consumo em geral é necessário reduzir os prazos para o envio de divisas ao exterior.<br />
III. Ampliação das linhas de financiamento às exportações em reais: Atualmente, 90%<br />
do crédito às exportações vêm de linhas captadas no exterior, que antecipam a oferta de<br />
dólares dentro do Brasil. A linhas internas de financiamento (em reais) podem atender<br />
à demanda de crédito para a exportação e precisam ser mais difundidas e ampliadas,<br />
seja pela melhora da gestão de risco por parte dos bancos públicos ou pelo incentivo<br />
ao mercado privado bancário para emprestar com custos semelhantes às linhas de ACC<br />
oriundas do exterior. Uma das possibilidades de funding para estimular o empréstimo<br />
dos bancos pode ser o depósito compulsório não remunerado.<br />
17
II Comércio Exterior<br />
Além das ações para impedir a maior apreciação do câmbio, o comércio exterior<br />
requer:<br />
I. Fortalecimento institucional: Atualmente, os órgãos competentes sobre o comércio<br />
exterior apresentam carências de estrutura e de institucionalidade. A necessidade de<br />
adequação destaca-se em duas áreas:<br />
a. Câmara de Comércio Exterior: A CAMEX tem por função assegurar a coordenação<br />
entre os órgãos e ministérios envolvidos com comércio exterior, assim como facilitar o<br />
diálogo entre o governo e o setor privado. Para poder desempenhar plenamente estas<br />
funções, precisa assegurar efetivamente um comando único sobre as decisões relativas<br />
à política de comércio exterior do País. Para tanto, seria conveniente que o Presidente da<br />
CAMEX, com a função de Ministro Coordenador das políticas de comércio exterior, fosse<br />
vinculado diretamente ao Presidente da República. O Presidente da CAMEX teria a função<br />
de coordenar a política decisória de comércio exterior em cooperação com os titulares do<br />
MRE, MDIC e MF, bem como com os representantes de todos os órgãos competentes em<br />
comércio exterior. Dentre suas funções, caberia ao Presidente da CAMEX, por exemplo, a<br />
prévia revisão e aprovação para a criação ou alteração das leis, regulamentos e normas<br />
editadas que afetem o comércio exterior e a discussão e aprovação prévia da estratégia<br />
de negociação comercial externa.<br />
b. Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (COANA) da RFB e Secretaria<br />
de Comércio Exterior (SECEX) do MDIC: As deficiências na estrutura dos órgãos<br />
intervenientes no combate às práticas desleais de comércio, em especial na COANA e<br />
na SECEX, prejudicam o desempenho comercial do País. Destacam-se a fragilidade dos<br />
mecanismos de defesa comercial e de fiscalização aduaneira contra a concorrência desleal<br />
e ilegal. Estima-se que 85% das mercadorias entram no País sem vistoria documental<br />
ou física (canal verde). A COANA e a SECEX devem contar com melhorias nos sistemas,<br />
equipamentos e pessoal de forma a assegurar o cumprimento pleno e rápido de suas<br />
funções. Ademais, deve ser considerada a retirada da COANA da subordinação à RFB.<br />
II. Facilitação de Comércio: Um grande número de normas e regulamentos referentes<br />
diversos órgãos da administração pública impactam diretamente as operações de<br />
comércio exterior. A complexidade na interpretação e implementação destas regras inibe<br />
a competitividade do setor exportador e estimula irregularidades nos procedimentos de<br />
importação. Segundo o relatório Doing Business do Banco Mundial, o Brasil é apenas<br />
o 100º país em termos de facilidade para o comércio exterior. O País deve levar em<br />
consideração as melhores práticas internacionais para a consolidação das normas<br />
de comércio exterior, com foco na redução dos procedimentos e na facilitação das<br />
operações.<br />
18
III. Estratégia de Negociação Comercial: O Brasil apresenta uma participação muito<br />
pequena em acordos internacionais ligados ao comércio. Enquanto países como o Chile<br />
e o México possuem 13 e 12 Acordos de Livre Comércio respectivamente, o Brasil possui<br />
apenas 3 (e outros 16 Acordos de Preferências Parciais, no âmbito da ALADI). O crescente<br />
número de acordos comerciais concluídos por nossos principais parceiros prejudica o<br />
acesso das exportações brasileiras a terceiros mercados. Por isto, o Brasil deve assumir<br />
uma posição agressiva para assegurar condições favoráveis de acesso a mercados para<br />
suas exportações, incluindo a conclusão de novos acordos comerciais e a exigência da<br />
correta aplicação das regras de comércio existentes.<br />
III Brasil – China<br />
Em 2009, o comércio entre Brasil e China atingiu o patamar de US$ 36,1 bilhões e,<br />
no mesmo ano, os chineses se tornaram o mais importante destino das exportações<br />
brasileiras, consolidando esta posição em 2010. Os investimentos chineses também se<br />
expandiram substancialmente, diversificaram-se e farão da China o primeiro investidor<br />
estrangeiro em 2010. Em pouco tempo, a China tornou-se um dos mais importantes<br />
parceiros econômicos do Brasil.<br />
O intercâmbio comercial, no entanto, tem sido amplamente desfavorável para a indústria<br />
nacional. Enquanto as compras brasileiras da China concentram-se em produtos<br />
manufaturados (98% da pauta importadora), 77% das vendas do Brasil ao país asiático<br />
concentram-se em três produtos básicos (minério de ferro, grãos de soja e petróleo). O<br />
resultado líquido para o setor industrial tem sido muito negativo, atingindo em 2009 um<br />
déficit de US$ 14,2 bilhões. Para 2010, a estimativa é que o déficit se eleve a US$ 24<br />
bilhões.<br />
Além de uma relação bilateral desequilibrada, um volume crescente de produtos<br />
brasileiros tem sido deslocado por produtos chineses em terceiros mercados. Estudo da<br />
FIESP mostra que, entre os anos de 2004 e 2009, os exportadores brasileiros perderam<br />
US$ 12,6 bilhões de exportação, como resultado da concorrência com produtos da China<br />
na União Europeia (US$ 6,2 bilhões), Estados Unidos (US$ 5,0 bilhões) e Argentina (US$<br />
1,4 bilhão).<br />
19
No mercado brasileiro, no mesmo período, produtos chineses substituíram bens nacionais<br />
num montante de US$ 14,4 bilhões nos mais variados setores da economia. Em muitos<br />
casos, as importações provenientes da China ampliaram fortemente sua participação em<br />
cadeias produtivas brasileiras, conforme demonstra a tabela a seguir:<br />
Participação das Importações da China no Consumo Aparente do Brasil - setores selecionados<br />
2001 2009<br />
Variação<br />
2001-2009<br />
Máquinas p/ escritório e equipamentos de informática 2,1% 22,8% 20,7 pp<br />
Material eletrônico e equips. de comunicação 1,3% 19,7% 18,4 pp<br />
Equips médico-hospitalares e instrumentos de precisão 1,6% 8,3% 6,6 pp<br />
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 1,7% 8,1% 6,4 pp<br />
Produtos têxteis 0,6% 6,1% 5,6 pp<br />
Calçados e couro 1,0% 6,5% 5,5 pp<br />
São várias as razões para a expansão das exportações de produtos manufaturados<br />
chineses para o Brasil. Na maioria dos casos, não se trata de uma menor produtividade<br />
da indústria brasileira no “chão da fábrica”, mas sim das inadequadas condições de<br />
competição da economia brasileira: juros substancialmente mais altos, carga tributária<br />
muito mais elevada, infraestrutura deficiente e câmbio apreciado.<br />
Estas condições desfavoráveis têm que ser revertidas, sob o risco de uma desindustrialização,<br />
já em curso, em crescentes setores da economia brasileira. Em relação à China, caberia<br />
ademais uma reavaliação do intercâmbio econômico, inclusive investimentos, com os<br />
seguintes objetivos:<br />
a. Maior entrosamento e coordenação entre os órgãos do Governo envolvidos neste<br />
intercâmbio;<br />
b. Maior articulação entre as medidas desenvolvidas pelos setores público e iniciativas<br />
privadas;<br />
c. Utilização técnica, e não influenciada por considerações políticas, dos instrumentos<br />
da defesa comercial, que são uma prática legítima do comércio internacional contra a<br />
concorrência desleal;<br />
d. Não reconhecimento da China como economia de mercado;<br />
e. Acompanhamento da nova fase de investimentos no Brasil, com vistas a direcioná-los<br />
para os setores prioritários para o desenvolvimento brasileiro;<br />
f. Atuação nos organismos internacionais contra as desvalorizações cambiais<br />
competitivas.<br />
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