21.05.2014 Views

“Futebol de prosa” e “futebol de poesia”: a “linguagem do ... - UFPR

“Futebol de prosa” e “futebol de poesia”: a “linguagem do ... - UFPR

“Futebol de prosa” e “futebol de poesia”: a “linguagem do ... - UFPR

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

8<br />

seja, às táticas na disposição <strong>do</strong>s “po<strong>de</strong>mas” <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma partida: “naturalmente, como<br />

qualquer língua, o futebol tem o seu momento puramente ‘instrumental’, rígida e<br />

abstratamente regula<strong>do</strong> pelo código, e o seu momento ‘expressivo’” (PASOLINI, 2005:4). 13<br />

No passo seguinte, Pasolini apresenta a língua como um código geral que conteria em<br />

si subcódigos, para, com isso, po<strong>de</strong>r estabelecer subcódigos em relação à “linguagem <strong>do</strong><br />

futebol”:<br />

[...] cada língua é articulada em várias sublínguas, e cada uma <strong>de</strong>stas<br />

possui, por sua vez, um subcódigo: os italianos médicos se<br />

compreen<strong>de</strong>m entre si – quan<strong>do</strong> falam o jargão especializa<strong>do</strong> – porque<br />

to<strong>do</strong>s eles conhecem o subcódigo da língua médica; os italianos teólogos<br />

se compreen<strong>de</strong>m entre si porque <strong>de</strong>têm o subcódigo <strong>do</strong> jargão teológico<br />

etc. etc.<br />

[...]<br />

Pois bem, com a língua <strong>do</strong> futebol também é possível fazer distinções<br />

<strong>de</strong>sse tipo: o futebol também possui subcódigos, na medida em que, <strong>de</strong><br />

puramente instrumental, se torna expressivo. (PASOLINI, 2005:4) 14<br />

De certo mo<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sublínguas e subcódigos, proposta por Pasolini, remonta<br />

àquela da Sociolinguística, em que os jargões especializa<strong>do</strong>s, por exemplo, seriam<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s “dialetos sociais”, assim como as linguagens marcadas por faixa etária, posição<br />

social, etc. (cf. PRETI, 1987:20-25) Esta visão lembra, aliás, a Semiótica segun<strong>do</strong> Umberto Eco,<br />

fundamentada na teoria <strong>do</strong>s códigos. Cabe lembrar que, para Eco, “um código tem sua base<br />

numa convenção cultural: semiótica é, portanto, o estu<strong>do</strong> sígnico da cultura” (NÖTH,<br />

1999:170). Do mesmo mo<strong>do</strong>, a “linguagem <strong>do</strong> futebol” segun<strong>do</strong> Pasolini parece se<br />

13<br />

“naturalmente, come ogni lingua, il calcio ha il suo momento puramente ‘strumentale’ rigidamente e<br />

astrattamente regolato dal codice, e il suo momento ‘espressivo’” (PASOLINI, 1999:2548).<br />

14<br />

“[...] Ogni lingua però, è articolata in varie sottolingue, di cui ognuna possie<strong>de</strong> un sottocodice: e allora gli<br />

italiani medici si compren<strong>do</strong>no fra loro – quan<strong>do</strong> parlano il loro gergo specializzato – perché ognuno di essi<br />

conosce il sottocodice <strong>de</strong>lla lingua medica; gli italiani teologi si compren<strong>do</strong>no fra loro perché possie<strong>do</strong>no il<br />

sottocodice <strong>de</strong>l gergo teologico, ecc. ecc.<br />

[...]<br />

Ebbene, anche per la lingua <strong>de</strong>l calcio si possono fare distinzioni <strong>de</strong>l genere: anche il calcio possie<strong>de</strong> <strong>de</strong>i<br />

sottocodici, dal momento in cui, da puramente strumentale, diventa spressivo.” (PASOLINI, 1999:2546-2548)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!