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Dezembro de 2009 - Vol 16 numero 3 - Sociedade Portuguesa de ...

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Rev Port Med Int <strong>2009</strong>; <strong>16</strong>(3)<br />

A exposição cirúrgica aumenta muito as<br />

perdas insensíveis?<br />

As perdas insensíveis do doente não<br />

queimado têm sido sobrestimadas. No adulto<br />

acordado elas estão estimadas em 0.5ml/kg/h.<br />

Durante a exposição intestinal máxima, pior<br />

cenário possível, as perdas insensíveis<br />

sobem, no máximo para o dobro (1ml/kg/h)<br />

ficando longe dos clássicos 10-12ml/kg/h .5<br />

Uma função renal pré-operatória normal<br />

compensa atempadamente a hipervolémia?<br />

A oligúria é característica da resposta normal<br />

ao stress cirúrgico. Não está <strong>de</strong>monstrado<br />

qualquer benefício em contrariar essa reacção<br />

através da estimulação do débito urinário 6 .<br />

Embora amplamente recomendado, não existe<br />

evidência que seja necessário manter o débito<br />

urinário acima <strong>de</strong> 0.5ml/kg/h.<br />

O débito urinário não é por isso um bom<br />

indicador do estado volémico do doente<br />

cirúrgico não <strong>de</strong>vendo servir <strong>de</strong> guia à<br />

reposição hídrica.<br />

Será a perda <strong>de</strong> líquido para o espaço<br />

intersticial inevitável? Qual a sua causa?<br />

Este fundamento da fluidoterapia clássica é <strong>de</strong><br />

todos o mais difícil <strong>de</strong> refutar ou corroborar.<br />

No entanto, um estudo animal realizado há<br />

mais <strong>de</strong> 20 anos, <strong>de</strong>u algumas pistas<br />

importantes.<br />

Chan et al 7 <strong>de</strong>monstrou em coelhos, que uma<br />

anastomose intestinal, por si só, era suficiente<br />

para aumentar significativamente o fluido<br />

intersticial. Quando à anastomose se<br />

acrescentou uma fluidoterapia agressiva, o<br />

e<strong>de</strong>ma intersticial duplicou.<br />

Estes dados têm sido corroborados por<br />

estudos posteriores i que têm <strong>de</strong>monstrado que<br />

tanto a estimulação cirúrgica como a<br />

fluidoterapia agressiva contribuem para a<br />

perda <strong>de</strong> líquido e proteínas para o 3º espaço<br />

por <strong>de</strong>struição da barreira vascular e<br />

consequentemente para o e<strong>de</strong>ma intersticial<br />

(fig1).<br />

A estimulação cirúrgica traduz-se em vários<br />

factores entre eles o stress mecânico, a lesão<br />

<strong>de</strong> isquémia-reperfusão, a libertação <strong>de</strong><br />

endotoxinas e <strong>de</strong> péptico natriurético auricular,<br />

todos eles responsáveis pela <strong>de</strong>struição da<br />

barreira vascular 9 .<br />

Fig. 1. Causas do e<strong>de</strong>ma intersticial<br />

A barreira vascular é constituída por<br />

proteoglicanos e glicosaminoglicanos que,<br />

juntamente com as células endoteliais têm um<br />

papel vital na permeabilida<strong>de</strong> vascular e na<br />

prevenção da a<strong>de</strong>são plaquetária e<br />

leucocitária 10 .<br />

Apenas 1/5 dos cristalói<strong>de</strong>s infundidos<br />

permanecem no espaço intra-vascular. Esta<br />

passagem <strong>de</strong> água e electrólitos para o<br />

espaço intersticial <strong>de</strong>signa-se por Shift tipo 1<br />

ou fisiológico e ocorre mesmo com a barreira<br />

vascular intacta. Po<strong>de</strong> no entanto, tornar-se<br />

patológico se forem infundidas gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cristalói<strong>de</strong>s i .<br />

Já a expansão volémica induzida pelos<br />

colói<strong>de</strong>s parece ser <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do contexto<br />

volémico do doente (fig2). Quando<br />

administrados em doentes hipovolémicos,<br />

po<strong>de</strong> ir além dos 100%. Caso sejam infundidos<br />

em doentes normovolémicos -bólus<br />

hipervolémico- a expansão volémica é <strong>de</strong><br />

apenas 40% 11,12 . Pensa-se que subjacente a<br />

este fenómeno esteja a <strong>de</strong>struição da barreira<br />

vascular – Shift tipo 2 ou patológico i .<br />

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