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Dezembro de 2009 - Vol 16 numero 3 - Sociedade Portuguesa de ...

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Rev Port Med Int <strong>2009</strong>; <strong>16</strong>(3)<br />

EDITORIAL<br />

EDITORIAL<br />

HEMODINÂMICA NO SÉCULO XXI: UM DESAFIO PARA A MEDICINA INTENSIVA<br />

Antero Fernan<strong>de</strong>s<br />

Celeste Dias, Paulo Costa, Silvina Barbosa<br />

A instabilida<strong>de</strong> hemodinâmica é frequente nos doentes críticos admitidos nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cuidados Intensivos e<br />

recentemente temos assistido a um número crescente <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> monitorização neste campo.<br />

A monitorização nunca é terapêutica e raramente é diagnóstica. Assim, todo o processo <strong>de</strong> monitorização<br />

hemodinâmica, simples ou complexo, tem <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer aos princípios <strong>de</strong> rigor na <strong>de</strong>tecção, controlo e<br />

interpretação dos sinais, para que a avaliação das variáveis fisiológicas seja fiável. Além disso, a manutenção<br />

dum sistema <strong>de</strong> monitorização só é eficaz se integrado num trabalho <strong>de</strong> equipa multiprofissional, realizado por<br />

enfermeiros e médicos à beira do leito.<br />

No doente crítico, é consensual que a informação preferencial da monitorização hemodinâmica <strong>de</strong>ve ser<br />

contínua e incluir parâmetros relacionados com a função cardíaca, como o débito cardíaco, a pressão <strong>de</strong><br />

enchimento ventricular esquerdo e a resistência vascular sistémica, <strong>de</strong> entre outros. Des<strong>de</strong> 1970, com o cateter<br />

<strong>de</strong> Swan-Ganz, que é possível o melhor conhecimento dos fenómenos fisiopatológicos envolvidos na disfunção<br />

cardíaca e no choque. Com o aperfeiçoamento da técnica são possíveis hoje a medida contínua do débito<br />

cardíaco e a avaliação da função do ventrículo direito.<br />

Contudo, a controvérsia gerada pelos reais riscos-benefícios do uso do mesmo e o advento <strong>de</strong> novos métodos<br />

<strong>de</strong> monitorização hemodinâmica menos invasivos tem estimulado ampla discussão na literatura sobre o lugar<br />

<strong>de</strong>sses diferentes métodos.<br />

Ainda que não possam ser consi<strong>de</strong>rados substitutos do método clássico invasivo, a bioimpedância torácica, o<br />

ecocardiograma, o Doppler transesofágico, a análise pletismográfica do pulso, a medida do CO2 expirado, <strong>de</strong><br />

entre outros, proporcionam excelente avaliação contínua da tendência do <strong>de</strong>sempenho cardíaco e po<strong>de</strong>m<br />

contribuir para a selecção dos doentes que po<strong>de</strong>rão ter benefício com a monitorização invasiva.<br />

O crescimento dos custos na área da saú<strong>de</strong> e o contínuo progresso tecnológico <strong>de</strong>ve constituir uma<br />

preocupação, em relação à qual não po<strong>de</strong>mos estar alheios, sendo colocada por vezes a dúvida da real eficácia<br />

<strong>de</strong>stes métodos em relação aos custos e resultados finais. Assim, a relação custo-efectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada sistema<br />

<strong>de</strong> monitorização tem <strong>de</strong> ser sempre pon<strong>de</strong>rada, <strong>de</strong>vendo as estratégias <strong>de</strong> monitorização mais invasivas<br />

fornecerem informações adicionais <strong>de</strong> importância suficiente que orientem modificações terapêuticas e<br />

compensem o incremento <strong>de</strong> risco que estas técnicas possam trazer ao doente. É reconhecido, no entanto, que<br />

o uso <strong>de</strong> certa forma extensivo, porém racional da monitorização hemodinâmica, se associa a importantes<br />

contribuições para o entendimento da fisiopatologia e para uma racionalização terapêutica em distúrbios<br />

hemodinâmicos observados no doente crítico.<br />

A tendência actual é <strong>de</strong>, o mais precocemente possível, avaliar a microcirculação, buscando a <strong>de</strong>tecção precoce<br />

do <strong>de</strong>sequilíbrio entre a oferta e o consumo <strong>de</strong> oxigénio, para po<strong>de</strong>rmos estratificar o risco com especial<br />

importância na <strong>de</strong>finição do prognóstico. Contudo, a panóplia <strong>de</strong> recursos hemodinâmicos invasivos,<br />

minimamente invasivos e não invasivos ao nosso dispor, não <strong>de</strong>ve subestimar o valor da semiologia clínica como<br />

a caracterização do pulso periférico, o preenchimento venoso e capilar, a frequência cardíaca, a pressão arterial,<br />

o nível <strong>de</strong> consciência, a diurese,.... Sabemos no entanto, que estes sinais não são suficientemente precoces <strong>de</strong><br />

forma a permitir uma resposta proactiva na abordagem do doente.<br />

O corpo editorial da RPMI enten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>dicar este número à monitorização hemodinâmica no doente crítico<br />

aliando artigos <strong>de</strong> revisão bibliográfica a artigos que evi<strong>de</strong>nciam experiência multiprofissional.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Vincent JL. End-points of resuscitation: arterial blood pressure, oxygen <strong>de</strong>livery, blood lactate, or …? Intensive<br />

Care Med 1996; 22: 3-5.<br />

2. Pinsky, et al. Assessment of indices of preload and volume responsiveness. Curr Opin Crit Care, 2005. 11(3):<br />

p. 235-9.<br />

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