revista portugesa de - Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos
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Rev Port Med Int 2009; Vol 16(2)<br />
ultrafiltração programada e controlar a produção<br />
<strong>de</strong> bicarbonato no dialisante. Esta técnica requer<br />
menos tempo <strong>de</strong> tratamento, <strong>de</strong>ixando espaço<br />
para os doentes realizarem exames, sem haver<br />
diminuição da dose diária <strong>de</strong> diálise. No entanto,<br />
requer uma ultrafiltração <strong>de</strong> volume elevada que<br />
frequentemente se associa à instabilida<strong>de</strong> dos<br />
doentes críticos, po<strong>de</strong>ndo ainda causar<br />
<strong>de</strong>sequilíbrios hidroelectroliticos importantes<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando e<strong>de</strong>ma cerebral e aumento da<br />
pressão intracraniana. [6] Assim, as técnicas<br />
dialíticas mais comummente utilizadas em<br />
cuidados intensivos são as <strong>de</strong>nominadas<br />
técnicas contínuas, em especial quando existe<br />
algum tipo <strong>de</strong> suporte circulatório com aminas . [7]<br />
Comparativamente às técnicas intermitentes, as<br />
contínuas têm melhor tolerância à ultrafiltração e<br />
uma menor taxa <strong>de</strong> ultrafiltração, sendo no<br />
entanto mais dispendiosas porque implicam o<br />
uso <strong>de</strong> máquinas, filtros, linhas, fluido <strong>de</strong><br />
reposição e dialisantes específicos. [8]<br />
A SLEDD (Slow Low Efficient Daily Dialysis) é<br />
uma técnica dialítica híbrida na qual se usa um<br />
monitor <strong>de</strong> diálise convencional com duração<br />
mais prolongada e com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sangue e dialisante inferior á diálise<br />
convencional. Nesta técnica preten<strong>de</strong>-se<br />
submeter o doente a uma diálise lenta <strong>de</strong> baixa<br />
eficácia entre 6 a 12 horas <strong>de</strong> duração com a<br />
intenção <strong>de</strong> substituir a exposição do doente a<br />
uma técnica contínua (durante 24 horas por dia).<br />
As técnicas dialíticas intermitentes híbridas<br />
encontram-se cada vez mais em uso nas<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cuidados intensivos e foram<br />
iniciadas em Julho <strong>de</strong> 1998 na Universida<strong>de</strong> do<br />
Arkansas (University of Arkansas forMedical<br />
Sciences, Little Rock, AR) utilizando um monitor<br />
<strong>de</strong> diálise convencional Fresenius 2008H em<br />
tratamentos dialíticos nocturnos com 12 horas <strong>de</strong><br />
duração. [9] Relativamente às técnicas dialíticas<br />
intermitentes convencionais, as principais<br />
diferenças resi<strong>de</strong>m na duração do tratamento<br />
(superior a seis horas), na velocida<strong>de</strong> da bomba<br />
<strong>de</strong> sangue (inferior ou igual a 200 ml/minuto) e<br />
na velocida<strong>de</strong> da bomba do dialisante (no limite<br />
inferior possível, <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> monitor<br />
disponível). Permitem minorar o impacto<br />
hemodinâmico e hidroelectrolitico, com bons<br />
resultados <strong>de</strong> filtração e remoção dos produtos<br />
do catabolismo mesmo nos doentes<br />
hemodinamicamente instáveis, sendo uma<br />
alternativa viável para quando não se po<strong>de</strong><br />
[10, 11]<br />
realizar a diálise convencional.<br />
No contexto <strong>de</strong> cuidados intensivos os doentes<br />
hemodinâmicamente instáveis são habitualmente<br />
submetidos a técnicas continuas como a<br />
hemodiafiltração venovenosa continua<br />
(HDFVVC) ou a hemofiltração venovenosa<br />
continua (HFVVC). Este tipo <strong>de</strong> técnicas tem<br />
também os seus inconvenientes, nomeadamente<br />
a exposição continua do sangue a um circuito<br />
extra-corporal e a uma solução <strong>de</strong> dialisante e<br />
reposição que estando á temperatura ambiente,<br />
provocam alterações na temperatura corporal e<br />
consequente alterações do débito cardíaco e<br />
perfusão tecidular. Estas técnicas têm elevados<br />
custos inerentes ao seu uso quando comparado<br />
a hemodiálise convencional. Segundo valores<br />
actuais obtidos no Hospital do S. João, o custo<br />
diário <strong>de</strong> uma técnica contínua é <strong>de</strong><br />
aproximadamente 320€, sendo o custo <strong>de</strong> uma<br />
técnica intermitente como a SLEDD entre 30-45€<br />
(<strong>de</strong> acordo com o tempo <strong>de</strong> duração), aos quais<br />
acresce cerca <strong>de</strong> 6€ para o clean-cart e soro<br />
fisiológico.<br />
De facto a SLEDD é no momento a técnica <strong>de</strong><br />
eleição na UCIPU, pela sua eficácia a um baixo<br />
custo e boa tolerância pelo doente crítico. Na<br />
nossa unida<strong>de</strong> um doente em IRA inicia técnica<br />
contínua nas primeiras 48 a 72h e mediante a<br />
sua evolução e estabilida<strong>de</strong> hemodinâmica,<br />
passa a SLEDD.<br />
As técnicas <strong>de</strong> substituição renal contínuas são<br />
assumidas integralmente pela equipa da UCIPU,<br />
enquanto que a SLEDD é assumida em parceria<br />
com a equipa do Serviço <strong>de</strong> Nefrologia que tem a<br />
seu encargo o início e término da técnica,<br />
ficando a cargo da equipa da UCIPU a<br />
manutenção e prevenção <strong>de</strong> complicações<br />
durante o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta. A diálise é assumida<br />
integralmente pela equipa <strong>de</strong> Nefrologia,<br />
permanecendo na unida<strong>de</strong> um enfermeiro da<br />
nefrologia durante 4h (tempo total <strong>de</strong> uma diálise<br />
convencional).<br />
No caso particular da SLEDD o enfermeiro <strong>de</strong><br />
nefrologia <strong>de</strong>sloca-se do seu serviço à unida<strong>de</strong><br />
para dar início à técnica. O enfermeiro da UCI<br />
fica com a responsabilida<strong>de</strong> da manutenção,<br />
estando atento aos alarmes e possíveis<br />
complicações que possam surgir durante as 8h<br />
em média <strong>de</strong> realização da técnica. Numa<br />
situação <strong>de</strong> complicação o enfermeiro da UCI,<br />
através <strong>de</strong> contacto telefónico, informa o colega<br />
da nefrologia da situação e este <strong>de</strong>sloca-se à<br />
unida<strong>de</strong> para resolução do problema. A<br />
complicação mais frequente é a oclusão das<br />
linhas e filtro, pelo que a eventual <strong>de</strong>mora na sua<br />
correcção acarreta prejuízos para o doente<br />
(perda do sangue extra-corporal equivalente a<br />
+/-250 ml) e stress para a equipa <strong>de</strong><br />
enfermagem.<br />
OBJECTIVOS<br />
Avaliar a opinião dos enfermeiros da UCI e da<br />
Nefrologia acerca da execução e vigilância da<br />
técnica <strong>de</strong> substituição renal intermitente<br />
SLEDD.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Aplicação <strong>de</strong> 82 questionários englobando toda a<br />
população <strong>de</strong> enfermeiros da UCIPU e da<br />
Nefrologia do HSJ para avaliação das seguintes<br />
questões:<br />
De quem é a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução da<br />
técnica?<br />
Quem <strong>de</strong>ve vigiar os alarmes e as<br />
intercorrências?<br />
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