ÉDIPO REI
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Desconheces que és o inimigo dos teus, dos que já estão debaixo da terra e dos<br />
que ainda vivem sobre ela. Um dia teu pai e tua mãe te hão de execrar ao<br />
mesmo tempo e te hão de expulsar desta cidade. Hoje vês, um dia serás cego.<br />
Onde se não ouvirão os teus gemidos? Em que lugares do Citero não ressoarão<br />
os teus lamentos, quando souberes das núpcias já realizadas e do porto fatal a<br />
que foste levado, depois de feliz navegação? Não vês as desgraças sem<br />
número que farão de ti um teu igual e o igual dos teus filhos. E agora insultanos<br />
quanto quiseres, a Creonte e a mim; de todos os mortais, nenhum sofrerá<br />
mais misérias do que tu.<br />
Édipo<br />
Quem poderá suportar tais palavras? Vai daqui, miserável! Sai deste<br />
palácio! E não voltes!<br />
Tirésias<br />
Não teria vindo se não me tivesses chamado.<br />
Édipo<br />
Não sabia que falarias como um louco; se o soubesse, não teria pedido<br />
que viesses ao meu palácio.<br />
Tirésias<br />
Pareço-te louco, mas tinham-me por avisado aqueles que te deram o ser.<br />
Édipo<br />
Espera! Quem são? Quais foram os mortais que me geraram?<br />
Tirésias<br />
Este dia de hoje te fará nascer e te fará morrer.<br />
Édipo<br />
Todas as tuas palavras são obscuras e incompreensíveis.<br />
Tirésias<br />
Não és tão hábil em compreender estas obscuridades?<br />
Édipo<br />
Censuras-me o que me fará ilustre.<br />
Tirésias<br />
Foi exatamente o que te perdeu.<br />
Édipo<br />
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