ÉDIPO REI
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Venha o que vier, quero conhecer a minha origem, por mais obscura que<br />
seja. É mulher, portanto orgulhosa, e tem talvez vergonha da vulgaridade de<br />
maus pais. Mas eu sou o filho ditoso do destino e não tenho medo de tal<br />
desonra. A sorte é minha mãe e o desenrolar dos meses de humilde me fez<br />
grande. Com tal princípio, que me importa agora o resto? Por que não hei de<br />
saber donde venho?<br />
O Coro<br />
Se bem adivinho e se prevejo segundo os meus desejos, juro pelo<br />
Olimpo, ó Citero, que entro de outra lua cheia te havemos de venerar como ao<br />
pai e criador e patrício de Édipo e te havemos de celebrar em coros por teres<br />
trazido a prosperidade aos nossos reis! Febo, que afastas o mal, oxalá se<br />
realize este meu desejo!<br />
Ó meu filho, que deusa te gerou, unindo-se a Pã, vagabundos pelos<br />
montes, ou a Lóxias, que adora os cumes arbonizados? Foi o rei e Cilene ou o<br />
deus Baco que te recebeu de alguma das Ninfas do Hélicon, companheiras de<br />
seus jogos?<br />
(Aparece um velho pastor, servo de Laio, a quem Jocasta mandara<br />
chamar.)<br />
Édipo<br />
Se eu posso, ó velho, reconhecer um homem com quem nunca vivi,<br />
parece-me ver naquele pastor de que estamos à espera há tanto tempo. A sua<br />
velhice lembra a idade desse homem e reconheço como meus servos aqueles<br />
que o trazem; mas tu, que já viste esse pastor, farás juízo mais seguro.<br />
O Coro<br />
Não tenhas dúvidas; é ele; bem o reconheço. Pertencia a Laio e era o<br />
pastor mais fiel que ele tinha.<br />
Édipo<br />
Responde tu primeiro, coríntio. É este o homem de que falaste?<br />
O Mensageiro<br />
É esse mesmo.<br />
Édipo<br />
Velho, olha bem para mim e responde ao que te perguntar. Eras o servo<br />
de Laio?<br />
O Servo<br />
Era seu escravo; não me comprou, nasci no palácio.<br />
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