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musicais germânicos e promoção a partir do Neue Zeitschrift für Musik<br />

(periódico fundado por Robert Schumann e promotor de ideais românticos<br />

para a música) foram determinantes para o desenvolvimento da sua<br />

carreira, Brahms encontra-se entre os seguidores dos modelos sinfónicos<br />

do início do Romantismo num período de crescente preponderância do<br />

paradigma musical wagneriano.<br />

O Concerto para Piano e Orquestra N.º 1, em Ré menor, op.15, foi<br />

composto num período em que a carreira de Brahms se centrava na sua<br />

faceta de pianista e professor em diversas localidades germânicas. Esse<br />

concerto é uma das primeiras composições para orquestra do compositor<br />

(apenas precedida pela Serenata N.º 1, op.11) e a primeira a ser estreada<br />

em concerto. O processo de criação deste concerto prolongou-se por<br />

vários anos (de 1854 a 1859) a partir da constante reformulação dos materiais<br />

musicais empregues. Uma parte desses materiais foi concebido na<br />

forma de um andamento de sonata para dois pianos, posteriormente<br />

orquestrado. A partir do início de 1855, o compositor decide reformular e<br />

ampliar a obra de forma a criar um concerto para piano em três andamentos.<br />

Paralelamente, o compositor estudava afincadamente técnicas<br />

musicais associadas ao passado renascentista e barroco. É igualmente<br />

interessante frisar que, neste período centrado na carreira de pianista,<br />

Brahms interpretava regularmente concertos de Mozart e Beethoven.<br />

Uma das obras que integravam o seu repertório era o Concerto para<br />

piano K.466, em Ré menor, de Mozart. Essa obra, cuja carga dramática<br />

aponta para uma valorização do pathos nos modelos do Sturm und Drang,<br />

pode ter influenciado o processo de composição do Concerto para Piano<br />

N.º 1 de Brahms. A tonalidade de Ré menor encontrava-se frequentemente<br />

associada à enfatização da tragédia em diversas obras musicais do<br />

Classicismo e do Romantismo e o Concerto para Piano N.º 1 de Brahms<br />

(no qual algumas secções valorizam esse elemento) é, por vezes, designado<br />

por Concerto Sturm und Drang. Contudo, o internamento e a morte de<br />

Schumann foram acontecimentos marcantes que mediaram esse período<br />

e vieram a condicionar o percurso produtivo do jovem compositor. Após a<br />

resolução de alguns assuntos associados a esses acontecimentos, Brahms<br />

concentrou-se nos estudos musicais e na composição, tendo estreado<br />

o seu primeiro concerto para piano em Hanôver e no Gewandhaus de<br />

Leipzig no final de Janeiro de 1859. Nessas apresentações, o compositor<br />

acumulou o papel de pianista.<br />

O Concerto para Piano N.º 1 enquadra-se no esquema tripartido<br />

codificado a partir do Classicismo, recorrendo às tipologias formais<br />

características para cada um dos andamentos (como as formas allegro<br />

de sonata ou rondó), conciliando os modelos formais sinfónicos do passado<br />

(especialmente patentes no terceiro andamento) com os conteúdos<br />

tonais, harmónicos e texturais dos romantismos de matriz germânica.<br />

A abordagem sinfónica empreendida pelo compositor a um género de<br />

tipologia concertante contribuiu para a expansão dos modelos do concerto<br />

virtuosístico do Romantismo a partir da integração do papel do<br />

piano nos contextos orquestrais. A intersecção dessas esferas pode ter<br />

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